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Júri:
Presidente
Doutor Fernando Paulo Oliveira Gomes
Vogais
Doutor Jorge Manuel Castanheira Infante
Doutor Pedro Miguel Sousa Fatela
I
Resumo
Neste sentido, este trabalho foi dividido em 4 partes fundamentais, sendo elas:
Revisão da Literatura; Área 1 - Organização e Gestão do Processo de Treino e
Competição; Área 2 - Projeto de Inovação e Área 3 - Relação com a Comunidade.
Por fim, na Área 3, Relação com a Comunidade, foi realizada uma formação que
abordava o tema de observação e análise de jogo em contexto de futebol de formação e
no contexto de futebol profissional.
II
Abstract
This report concerns the internship of the Master’s Degree in Sports Training at
Faculdade de Motricidade Humana. This final work, besides wanting to approach some
of the fundamental themes of the training area – specifically in the organization and
preparation of a sport season in Football – also aims to show the actual work done in the
Clube Desportivo da Cova da Piedade SAD U19 team, in the 2018/2019 season.
In Area 2, the Innovation Project seeks to structure and organize a strength training
process, emcompassing all levels within the club, and its objective was to develop the
athlete in the long term.
III
Índice Geral
1. Introdução ................................................................................................................ 9
1.1. Caracterização do Clube ................................................................................ 10
1.2. Estrutura Organizacional................................................................................ 12
1.3. Caracterização geral das condições de trabalho ............................................. 13
1.3.1. Caracterização da Equipa Técnica .......................................................... 14
1.3.2. Caracterização do Plantel ........................................................................ 15
1.3.3. Caracterização da Competição ................................................................ 17
1.4. Análise SWOT ............................................................................................... 18
1.5. Objetivos ........................................................................................................ 19
1.5.1. Objetivos Gerais...................................................................................... 19
1.5.2. Objetivos Específicos.............................................................................. 19
2. Revisão da Literatura ........................................................................................... 21
2.1. A natureza do jogo .......................................................................................... 21
2.2. Planeamento .................................................................................................... 22
2.2.1. Planeamento Conceptual ............................................................................... 24
2.2.1.1. Modelo de Jogo ................................................................................. 24
2.2.1.2. Periodização ...................................................................................... 28
2.2.2. Planeamento Tático e Estratégico ................................................................. 34
2.2.2.1. Observação e Análise do Jogo .......................................................... 34
2.2.2.2. Monitorização da Carga de Treino.................................................... 36
2.2.2.2.1. Perceção Subjetiva de Esforço (PSE) ..................................... 37
2.2.2.3. Treino de Força ................................................................................. 38
2.2.2.3.1. Descrição das Formas de Manifestação de Força ................... 39
2.2.2.3.2. Descrição dos Métodos de Treino da Força ............................ 42
2.2.2.3.3. Periodização do Treino de Força ............................................ 47
2.2.2.3.4. Treinabilidade na Criança e no Jovem .................................... 48
2.2.2.4. Treino Sensoriomotor ....................................................................... 50
3. Área 1 - Organização e Gestão do Processo de Treino e Competição .............. 52
3.1. Modelo de Jogo .............................................................................................. 52
3.2. Microciclo Padrão .......................................................................................... 56
3.3. Observação e Análise de Jogo ....................................................................... 57
3.4. Monitorização da Carga ................................................................................. 58
3.5. Treino Complementar .................................................................................... 61
3.5.1. Treino de Força ............................................................................................. 61
IV
3.5.1.1. Avaliações ......................................................................................... 63
3.5.2. Treino de Prevenção de Lesões ..................................................................... 65
4. Área 2 - Projeto de Inovação ................................................................................ 67
4.1. Introdução ...................................................................................................... 67
4.2. Estrutura e Recomendações ........................................................................... 70
4.3. Recursos ......................................................................................................... 79
4.4. Organização ................................................................................................... 79
4.5. Balanço do projeto de inovação ..................................................................... 82
5. Área 3 - Relação com a comunidade – “Observação e Análise do Treino” ..... 83
5.1. Introdução ...................................................................................................... 83
5.2. Descrição do evento ....................................................................................... 83
5.3. Divulgação ..................................................................................................... 86
5.4. Balanço do evento .......................................................................................... 88
6. Reflexão Final ........................................................................................................... 90
Bibliografia ..................................................................................................................... 93
Anexos .......................................................................................................................... 101
V
Índice de Figuras
VI
Índice Tabelas
VII
Abreviaturas
GR – Guarda-Redes
DL – Defesa Lateral
DC – Defesa Central
MD – Médio Defensivo
MC – Médio Centro
EXT – Extremo
TF – Treino de Força
VIII
1. Introdução
Seja qual for o estágio, ao ser realizado no final de determinado ciclo de estudos,
tem como objetivo a aplicação prática, em contexto real, de todos os conhecimentos
adquiridos durante o mesmo, que irão servir de base para o nosso futuro enquanto
profissionais na área do Treino. Neste caso em específico, foram fulcrais para a minha
intervenção prática disciplinas como Metodologia do Treino Específica – Futebol, Treino
e Avaliação das Qualidades Físicas, Treino do Jovem Atleta, Periodização e Carga de
Treino e Medicina do Treino. Importa também referir que o estágio profissional
possibilita uma familiarização e eventual integração no mercado de trabalho, devido ao
facto de possibilitar uma transição mais facilitada entre o papel de aluno e o papel de
treinador.
Este relatório encontra-se dividido em 3 grandes áreas, precedidas por uma revisão
da literatura que suportou a minha intervenção enquanto estagiário e terminando com uma
reflexão final, na qual são comparados os objetivos propostos inicialmente com aqueles
que de facto consegui realizar. As três áreas referidas anteriormente são: Área 1,
Organização e Gestão do Processo de Treino e Competição; Área 2, Projeto de Inovação
e Área 3, Relação com a Comunidade. A Área 1 aborda todas as tarefas por mim
realizadas ao longo desta época desportiva, desde a participação na elaboração do modelo
de jogo, periodização e observação e análise de jogo, com consequências diretas na
operacionalização no processo de treino. Aborda ainda as funções pelas quais era
9
responsável, como o treino de força, treino de prevenção de lesões e monitorização da
carga de treino. A Área 2, refere-se à conceção de um projeto inovador, nomeadamente à
elaboração de um modelo a longo prazo do desenvolvimento da capacidade física Força,
ao longo de todas os escalões de formação. Por último, a Área 3, diz respeito à realização
de um evento formativo para treinadores, tendo como tema a observação e análise de jogo
no futebol de formação e no futebol profissional.
10
Relativamente ao clube, o presidente é o Sr. Paulo Veiga e todos os restantes
escalões de formação, desde o futebol 7, passando pelo futebol 9 e ainda as equipas de
sub-15 e sub-17 são geridos pelo mesmo.
Fonte: https://www.cdcovapiedade.pt/
11
1.2. Estrutura Organizacional
12
Figura 3 - Estrutura Organizacional do Departamento Médico da SAD
13
coordenação, 10 bidões de água e, para além das duas balizas regulamentares de futebol
de 11, tínhamos 4 balizas amovíveis de futebol 7.
A equipa técnica para a época 2018/2019 foi constituída por quatro treinadores,
sendo um deles o treinador principal, dois treinadores adjuntos e um treinador de guarda-
redes (tabela 1). Para além destes, ainda faziam parte do staff técnico um fisioterapeuta -
Daniel Alves - e um diretor de equipa – Eugénio Cardoso.
14
Tabela 1 - Constituição da Equipa Técnica
Nome Função
Ricardo Silva Treinador Principal
André Vieira Treinador Adjunto
Ricardo Freitas Treinador Adjunto
André Rocha Treinador de Guarda-Redes
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Juscilino Fernandes DC/MD Estoril Praia 183 73
Alex Petrice DL/DC Fortuna Sittard 185 79
Rodrigo Conceição DL Cova da Piedade 173 66
André Lopes DL Cova da Piedade 179 63
Vasco Gonçalves DL Belenenses 178 65
Francisco Varela MD Cova da Piedade 179 71
João Vivas MD Alcochetense 168 65
Bernardo Legatheux MD/MC Cova da Piedade 184 74
Shi Yu MC - 182 75
Rivaldo Martins MC Cova da Piedade 176 69
Jorge Lino MC Alcochetense 169 66
André Pires MC Sacavenense 177 68
Diogo Palma MC Barreirense 166 59
Rafael Basílio MC Tabuense 174 76
David Semedo EXT Chaves 181 71
Daniel Araújo EXT Pescadores 175 70
Gonçalo Viriato EXT Cova da Piedade 184 74
Manuel Grade EXT Casa Pia 180 72
Vitor Wang EXT Cova da Piedade 177 69
Bruno Tavares EXT Belenenses 172 66
Tiago Nascimento PL Pinhalnovense 176 68
Bruno Pinheiro PL Cova da Piedade 184 74
Gonçalo Santos PL Marítimo 179 76
GR – Guarda-Redes
DL – Defesa Lateral
DC – Defesa Central
MD – Médio Defensivo
MC – Médio Centro
EXT – Extremo
PL – Ponta de Lança
16
1.3.3. Caracterização da Competição
Clubes Localização
Académica Coimbra
Alcanenense Alcanena
Alverca Alverca do Ribatejo
Belenenses Belém
Benfica Seixal
Cova da Piedade Almada
Estoril Praia Estoril
Marítimo Funchal
Sporting Alcochete
Tondela Tondela
União de Leiria Leiria
Vitória Setúbal
17
1.4. Análise SWOT
No que diz respeito às suas forças, é de destacar o elevado poder financeiro por
parte da SAD proprietária do Cova da Piedade que se repercute em boas remunerações
financeiras tanto para técnicos como para os atletas, aumentando a motivação de todos.
O facto de haver a possibilidade de treinar em campo inteiro, em todas as sessões de
treino, é sem dúvida um aspeto essencial na nossa preparação. Outro fator a ter em conta
prende-se com a representatividade e importância que este clube tem na região onde se
localiza, tendo a possibilidade de trazer até si atletas e profissionais de qualidade,
refletindo-se nos bons resultados desportivos e na participação em competições de
destaque. Por último, mas não menos importante, de realçar a juventude, a ambição, e o
nível de formação dos elementos da equipa técnica, todos com percursos de formação
académica na área.
18
No que concerne às oportunidades, destaco relevância e a competitividade da
1ªdivisão do Campeonato Nacional de Juniores A que permite competir com as melhores
equipas/clubes a nível nacional e, consequentemente, obrigar todos a dar o máximo e a
sermos melhor a cada dia. Um outro fator a ter em conta é o número reduzido de
elementos da equipa técnica, fazendo com que cada um saia sobrecarregado.
Do ponto de vista das ameaças, há que ter em conta a exigência que a competição
em que estamos inseridos nos impõe e, simultaneamente, a obrigatoriedade de um
desempenho mínimo em termos de resultados, bem como em termos exibicionais. A
pouca importância dada ao processo de formação por parte da administração da SAD,
assim como a imposição no que toca à utilização de determinados jogadores por parte da
mesma, são ameaças ao trabalho de qualquer treinador de um escalão de formação.
1.5. Objetivos
19
Efetuar a análise de jogo do adversário e da própria equipa;
Realizar avaliações relativas ao desenvolvimento do processo de treino;
Desenvolver as qualidades físicas dos atletas;
Aplicar estratégias de prevenção de lesão;
Monitorizar a carga de treino;
Executar um projeto de inovação na entidade acolhedora;
Promover um momento de formação para membros do clube.
Preparar e desenvolver os atletas nas mais variadas valências com vista à sua
integração futura nas equipas seniores do clube;
Assegurar a manutenção na 1ª divisão do Campeonato Nacional de Juniores A.
20
2. Revisão da Literatura
21
2.2. Planeamento
Assim, após uma análise detalhada dos atletas, do clube e do contexto, onde ambos
estão inseridos, cabe ao treinador e restante equipa técnica definir objetivos e selecionar
meios e métodos para os alcançar (Castelo et al., 2000; Garganta, 1991; A. Gomes, 2004).
Garganta e colegas (2013) defendem que é de fundamental importância um conhecimento
profundo sobre o nível de desempenho dos atletas com vista a uma definição de objetivos
claros e concretizáveis.
22
Em suma, o planeamento, após analisar, definir e organizar as operações
necessárias ao desenvolvimento da equipa, permite estabelecer uma direção, assegurando
a relação entre a preparação da mesma e o respetivo contexto competitivo onde está
inserida. Desta forma, permite reduzir a imprevisibilidade e aleatoriedade, aumentar a
segurança e o controlo do processo de treino por parte da equipa técnica, sabendo
precisamente em que ponto a equipa se encontra e para onde necessita de ir (Castelo et
al., 2000; Garganta 1991).
23
dos objetivos estabelecidos. Assim, é solicitado aos atletas que resolvam eficazmente
problemas que surjam no decorrer do jogo, utilizando para tal soluções técnicas, táticas,
físicas e psicológicas. No mesmo sentido, também ao treinador é exigido que se vá
ajustando a si e à sua equipa em relação às situações decorrentes da competição, antes,
durante, ao intervalo e no final da mesma.
Planeamento
Conceptual
Planeamento Planeamento
Estratégico Tático
Figura 4 - Diferentes tipos de planeamento em contexto competitivo (adaptado de Castelo et al., 2000)
24
quando aplicados, traduzem-se numa forma específica de jogar, provocando uma
padronização de comportamentos e, consequentemente, a criação de um identidade
(Teoldo, Guilherme, & Garganta, 2020; Gonçalves, 2009).
25
princípios que regulam a sua atividade enquanto equipa, proporcionando uma identidade
à mesma. De acordo com Frade (em Borges, 2015) e Gonçalves (2009), o modelo de jogo
deve então orientar todo o processo de treino, garantindo coerência e eficácia ao mesmo,
orientando, de forma planeada e sistemática, comportamentos. Para tal, os conteúdos
abordados, com consequente representação em exercícios de treino, devem apresentar um
grande grau de correspondência com o modelo preconizado de modo a que jogadores e
equipa percebam, ao mesmo tempo, o que fazer nas variadas fases e momentos de jogo
(Frade, em Borges, 2015; Gonçalves, 2009; Tamarit, 2013).
Transição
Ataque-
Defesa
Ataque Defesa
Transição
Defesa-
Ataque
Processo Ofensivo
26
ataque, culminando em golo (Castelo 1996; Quina, 2001). Segundo estes autores, a fase
ofensiva encontra-se dividida em três etapas:
Processo Defensivo
27
incapacidade de recuperar a bola, durante este recuo, deve-se ir impedindo os
adversários de progredirem confortavelmente no campo através de uma pressão
constante que os obrigue a jogar para trás, para o lado ou eventualmente a perder
a bola. Para tal é necessário que a equipa que se encontra em organização
defensiva aja como um todo, organizando-se e coordenando-se no tempo e no
espaço.
3) Defesa propriamente dita – caracteriza-se por ser a fase mais evidente do processo
defensivo, ou seja, pela ocupação do dispositivo defensivo definido pela equipa e
termina na recuperação da posse.
Transições
Para além das fases do jogo referidas anteriormente, no jogo de futebol verificam-
se dois momentos que representam precisamente os instantes de transição entre ambas. A
transição defesa-ataque caracteriza-se pelos comportamentos tidos pelos jogadores e pela
equipa imediatamente após a recuperação da bola. Pelo contrário, a transição ataque-
defesa corresponde aos comportamentos que uma equipa adota nos instantes após a perda
da bola, preparando-se imediatamente para defender e recuperar a posse da mesma
(Garganta, 2013).
2.2.1.2. Periodização
29
Macrociclo 1º Macrociclo (6 meses) 2ª Macrociclo (6 meses)
Mês 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Nos desportos coletivos, como é o caso do futebol, tem-se percebido que este
género de periodização, que tem sobretudo a componente física como orientadora do
processo, e no qual se procura atingir um pico de forma, não se adequada à realidade atual
da modalidade. Assim, deve-se procurar estabilizar as capacidades físicas dos atletas, para
que os mesmos, ao longo de toda a época, se possam exibir perto do seu rendimento
máximo (Garganta 1991; J. Gomes, 2004; Krasilshchikov, 2010). Ao contrário das
modalidades individuais, o período preparatório é bastante reduzido, pelo que não se torna
possível uma diminuição gradual do volume concomitante com o aumento da intensidade.
O que se verifica é que no período preparatório, devido à inexistência de competições, há
um maior número de treinos e com maior duração. No entanto, assim que se iniciam as
mesmas, esses números veem-se reduzidos e, consequentemente, o volume diminui
enquanto a intensidade sobe ligeiramente e se mantém ao longo da época (Oaks & Garcia,
2013). Como consequência também do diminuto período preparatório, vê-se abdicada da
preparação geral em prol da preparação específica, pelo que a preparação geral fica muitas
vezes ao cuidado dos atletas. Por sua vez, o período competitivo é bastante extenso, com
quadros competitivos alargados e verifica-se a necessidade de um elevado rendimento
durante toda a época, pelo que parece não fazer sentido procurar atingir-se um pico de
forma (Garganta 1991; J. Gomes, 2004). Por ser um jogo coletivo, no qual as interações
entre atletas da mesma equipa são fundamentais para a performance, deve ser a tática o
fator balizador do processo de treino, que se repercute no modelo de jogo adotado pela
equipa e nos princípios que lhe dão corpo (Frade, em Borges, 2015; Garganta et al., 2013;
Gonçalves, 2009; Tamarit, 2013). A divisão dos fatores técnico, físico, tático e
psicológico, preconizada pelos modelos mais tradicionais, parece não fazer sentido nos
dias de hoje, especialmente em modalidades como o futebol em que o jogo deve ser
entendido como um todo (Frade, em Borges, 2015; J. Gomes, 2004; Oliveira, em Silva,
30
2008). Segundo Borges e colegas (2014), J. Gomes (2004) e Oaks e Garcia (2013) os
comportamentos táticos, baseados em princípios de jogo, é que devem ser definidos,
planeados e periodizados ao longo do tempo, sendo que as restantes componentes devem
ser subjugadas a ele e não alvo de maximização em separado.
Atualmente, alguns autores defendem a ideia de que apesar de ser possível utilizar
a época competitiva como a estrutura temporal na qual se definem e distribuem
conteúdos, a maneira mais adequada para planear e periodizar o seu modelo de jogo é
através do padrão de treinos semanal, ou seja, do microciclo (J. Gomes, 2004; Frade, em
Borges, 2015) A escolha desta estrutura temporal deve-se ao facto de maioritariamente
os momentos competitivos decorrerem com uma semana de intervalo, pelo que é possível
rapidamente ajustar o processo de acordo com as indicações retiradas dos treinos e dos
jogos, nomeadamente da evolução da equipa e dos praticantes, com o intuito de aplicar
esses ajustes no jogo seguinte. Neste sentido, através da constante avaliação do estado da
própria equipa bem como do adversário seguinte, definem-se objetivos para o microciclo
semanal (Borges et al., 2014; Frade, em Borges, 2015; J. Gomes, 2004; Oliveira, em
Silva, 2008).
Observando o microciclo exposto abaixo (figura 7), com jogo a cada domingo, é
possível concluir que alguns autores e treinadores (Oliveira, em Silva, 2008; Tojo, s.d)
sugerem que o dia imediatamente após (+1) seja de folga para todo o plantel. No dia
seguinte (+2) pode haver uma divisão da equipa em dois grupos: um grupo com os atletas
que jogaram grande parte do tempo no último jogo e o grupo que não foi utilizado. O
primeiro deverá, de acordo com os autores, ser alvo de um trabalho de recuperação, sendo
31
o mais recomendado esforços similares aos do jogo, no entanto, com intensidade,
duração, densidade e complexidade muito baixas. O grupo dos atletas não utilizados
devem realizar um trabalho misto que envolva esforços predominantemente em regime
de força e de resistência. Este mesmo dia pode ser aproveitado para exercitar, nas
condições anteriormente descritas para cada um dos grupos, situações que não tenham
corrido de forma ideal no jogo ou outras que se perspetivem para o próximo. Quarta-feira
(-4), visto que os atletas podem ainda não estar totalmente recuperados do jogo,
aconselham-se exercícios de complexidade média, potenciando relações por setores ou
entre setores – setorial e intersectorial, respetivamente - e num regime
predominantemente de força, o que implica número de jogadores, duração e espaços
reduzidos, que por sua vez provoquem muitas mudanças de direção, saltos, travagens,
remates e acelerações, entre outras. Quinta-feira (-3) é o dia predileto para trabalhar
situações mais próximas das que ocorrem em competição, devido ao facto de ser o dia
mais distante do jogo anterior bem como do próximo. Neste sentido, utilizam-se grandes
números de jogadores, um tempo em atividade extenso e em espaço amplo, permitindo
aos mesmos efetuar longos deslocamentos. Sexta-feira (-2) é um dia já próximo do jogo
pelo que não é aconselhável grande desgaste nem físico nem psicológico. Neste sentido,
podem ser exploradas situações com relações numéricas desequilibradas ou mesmo sem
oposição, em regime de velocidade, com tempos de exercitação curtos, expondo os atletas
a ações de elevada velocidade de contração, decisão e execução. Sábado (-1), sendo o
último treino antes da competição, prevê-se um treino muito ligeiro que permita aos
atletas tanto recuperarem da semana de trabalho como fazerem uma pré-ativação para o
momento que se avizinha, através de exercícios com uma densidade, duração e
complexidade mínimas. Os autores são da opinião que este dia pode ser, em grande parte,
dedicado a esquemas táticos, com uma elevada componente estratégica. (Oliveira, em
Silva, 2008; Tojo, s.d).
32
2ªFeira 3ªFeira 4ªFeira 5ªFeira 6ªFeira Sábado Domingo
+1 +2 -4 -3 -2 -1
Recuperação
(Grupo mais
Recuperação
utilizado) Força Resistência Jogo
Folga Velocidade +
Força/Resistência (Tensão) (Duração)
Estratégia
(Grupo menos
utilizado)
33
2ªFeira 3ªFeira 4ªFeira 5ªFeira 6ªFeira Sábado Domingo
+1 -1 +1 -2 -1
Segundo Costa, Garganta, Greco, e Mesquita (2010) e Costa e colegas (2009) tem-
se recorrido frequentemente - entre outros métodos - à análise notacional – ou quantitativa
– e à análise qualitativa, com o objetivo de recolher e registar os indicadores do
desempenho mais relevantes para a prestação no treino e na competição. A análise
notacional diz respeito à quantificação do número, tipo e frequência de ações técnicas e
motoras realizadas por um jogador ao longo de todo o jogo (Garganta, 2001). Este autor
é da opinião de que se tem valorizado em demasia este tipo de análise que ignora a
34
complexidade característica do jogo, ou seja, os condicionalismos táticos que precedem
a ação técnica, não proporcionando informação relevante para o processo de treino.
Garganta (2001;2007) defende que uma boa estratégia a ser utilizada por
treinadores e analistas seria analisar o jogo com base na identificação de regularidades
reveladas pelas equipas e, simultaneamente, demonstrá-los através de dados objetivos
proporcionados pela análise notacional. Um estudo de Silva, Castelo, e Santos (2011)
mostrou que alguns treinadores da primeira liga portuguesa de futebol, utilizam uma
análise mista, dado que durante a observação direta (in loco) dão primazia à análise
notacional e, posteriormente, durante a observação da gravação do jogo, utilizam uma
abordagem puramente qualitativa. Segundo os treinadores inquiridos, efetuada a análise,
toda a informação deverá ser compilada num relatório com uma estrutura já padronizada
e do conhecimento de todos.
A análise de jogo pode ter como foco principal um futuro adversário assim como
a própria equipa (Silva et al., 2011). Neste trabalho, alguns treinadores referem que a
análise da própria equipa tem especial importância na consolidação do seu modelo de
jogo, através do ajuste do processo de treino face ao observado em competição assim
35
como na obtenção de um feedback mais adequado e específico. Relativamente à
observação e análise do adversário, esta é muito importante no sentido de definir
estratégias para o superar, através da criação de exercícios de treino com base nas
informações daí extraídas.
Análise de
Planificação
jogo
Performance Treino
Sabendo que a carga de treino reflete o produto entre intensidade e volume de uma
sessão (Coutts et al., 2010), o método PSE-sessão caracteriza-se pela multiplicação do
valor atribuído pelos atletas (de o a 10) pelo valor da duração, em minutos, da unidade de
treino, sendo o resultado expresso em unidades arbitrárias de carga (ua) (Coutts & Aoki,
2009; Coutts et al., 2010; Foster, Welsh, Schrager, & Snyder, 1995; Foster et al., 2001;
Impellizzeri, Rampinini, Coutts, Sassi, & Marcora, 2004). A solicitação da atribuição de
valores por parte dos atletas deve ser feita no mínimo 30 minutos após o término da sessão
de treino, com vista a garantir que essa classificação reflete a totalidade do mesmo e não
apenas o último exercício. Foster e colegas (2001) sugerem que os resultados sejam
apresentados num formato gráfico permitindo ao treinador ter a noção de como o processo
de planeamento é experienciado pelos atletas.
37
entre os valores de PSE atribuídos, a acumulação de lactato sanguíneo e a frequência
cardíaca pico, confirmando a validade na utilização deste método para avaliar a
intensidade dos exercícios nesta modalidade (Coutts, Rampinini, Marcora, Castagna , &
Impellizeri, 2009; Foster, 2001).
Em suma, a PSE pode ser utilizada como um método simples, não invasivo, nada
dispendioso e confiável de monitorizar a carga de treino em futebol, contribuindo para a
monitorização da relação entre dose e resposta e, consequentemente, para a melhoria do
desempenho de atletas. (Coutts & Aoki, 2009).
Índice Descritor
0 Descanso
1 Muito, Muito Fácil
2 Fácil
3 Moderado
4 Um Pouco Difícil
5 Difícil
6 .
7 Muito Forte
8 .
9 .
10 Máximo
38
fibra muscular, consubstanciando-se na produção de força pelos músculos esqueléticos
(Haff & Triplett, 2015; Correia, Mil-Homens, & Mendonça, 2015a, 2015b).
Alguns dos benefícios deste tipo de treino são: aumento da força, potência e
resistência muscular; aumento da capacidade cardiorespiratória e da resistência a lesões;
melhoria da composição corporal, do perfil lipídico, das skills motoras e da performance,
bem como da saúde mental e saúde óssea (Bangsbo, 2006; Faigenbaum, 2007;
Faigenbaum et al., 2009; Fleck & Kraemer, 2017; Pinto & Ughini, 2017).
39
compreensão e correta seleção dos métodos de desenvolvimento de cada uma (Mil-
Homens, 2015).
Força Máxima
A força máxima diz respeito ao valor mais elevado de força que o sistema
neuromuscular é capaz de exercer contra uma resistência (Bompa & Carrera, 2005; Mil-
Homens 2015; Weineck, 2005). Esta é a componente base que influencia todas as outras
formas de manifestação de força devido ao facto de ser a mais influenciada pela massa
muscular (Mil-Homens, 2015). Como afirma Weineck (2005), a sua capacidade de
expressão depende de fatores musculares - área de secção transversal do músculo – e de
fatores neurais - coordenação intermuscular e intramuscular.
40
predição de 1 RM (Beachle & Groves, 1992). Este procura predizer o valor de 1 RM a
partir do número de repetições realizadas com uma carga submáxima, tendo por base o
princípio de que existe uma relação inversa entre a carga e o volume (Mil-Homens et al,
2017). Beachle e Groves (1992) criaram uma tabela (tabela 5) na qual determinado
número de repetições corresponde a um coeficiente, sendo posteriormente multiplicado
esse coeficiente pelo valor de carga movimentado pelo sujeito.
Força Rápida
41
Esta forma de manifestação de força requer a solicitação de fatores neurais e
mecânicos, podendo-se subdividir em duas componentes: taxa de produção de força
(TPF) e potência. A (TPF) é definida pelo valor de força produzido por unidade de tempo
- muitas vezes sem ter ocorrido movimento - e mede-se através do declive da curva força-
tempo (Mil-Homens, 2015). Já a potência representa o produto entre a força produzida e
a velocidade, num determinado período de tempo, refletindo-se em trabalho mecânico
(Bompa & Carrera, 2005; Mil-Homens, 2015).
Força Reativa
Força Resistente
42
força. Nas figuras 11 e 12 encontram-se, de uma forma resumida, os métodos de treino
para cada uma dessas formas e as respetivas adaptações.
Intensidades
submáximas, Hipertrofia Aumento da
volumes elevados e Muscular Força Máxima
intervalos reduzidos
Intensidades Neural
máximas, volumes (Recrutamento Aumento da Taxa
reduzidos, intervalos e Frequência de
Ativação das de Produção de
longos e elevada
Unidades Força
velocidade de
contração Motoras)
Intensidades
submáximas, volumes Aumento da
Otimização da
e intervalos médios e Potência
Força-Velocidade
elevada velocidade de Muscular
contração
Intensidades mais
submáximas, ainda Aumento da
maior volume e Bioenergéticos Força de
intervalos ainda mais Resistência
curtos
Figura 11 - Estímulo de treino, principais mecanismos reguladores e respetivas adaptações em ações isométricas e
concêntricas (adaptado de Mil-Homens, Valamatos, & Tavares, 2015)
43
Estímulo Mecanismo Adaptação
Neural (Recrutamento e
Frequência de Ativação
Intensidades das Unidades Motoras Aumento da
máximas, reduzido Pré-ativação Capacidade de
volume e intervalos Regulação do Stifness produção de força
longos em CMAE
Reflexos medulares
Elasticidade
Figura 12 - Estímulo de treino, principais mecanismos reguladores e respetivas adaptações em ações de CMAE (adaptado
de Mil-Homens et al., 2015)
Força Máxima
44
Força Rápida
45
Força
Velocidade
Força Reativa
Força Resistente
46
da intensidade da carga a variar entre os 20 e os 60% de 1RM. Devido ao facto de o
volume ter de ser relativamente elevado, são aconselhadas por volta de 30 repetições
realizadas de forma lenta, ao longo de 3 a 6 séries e com intervalos curtos de repouso
entre elas (30 a 60 segundos). Este método de treino deverá ser realizado 2 a 3 vezes por
semana ao longo de 4 semanas (Mil-Homens et al., 2015).
Relativamente aos modelos de periodização não linear, estes fazem sentido serem
utilizados em modalidades cujos momentos competitivos são mais densos e prolongados.
A utilização de períodos alargados de tempo que visem apenas o desenvolvimento de uma
das formas de manifestação de força pode não ser a estratégia mais eficaz devido ao facto
de algumas delas não terem transferência para a modalidade em causa e, assim sendo, não
contribuírem para a melhoria do rendimento desportivo (Tavares & Mil-Homens, 2017).
Neste sentido, foi criado o modelo de periodização ondulatório e o modelo de
47
periodização flexível (Kraemer & Fleck, 2007; Tavares & Mil-Homens, 2017). Estes
permitem, mais do que desenvolver determinada forma de manifestação de força, mantê-
las estáveis e evitar quebras durante todo o período competitivo. De uma forma breve, o
modelo de periodização ondulatória caracteriza-se por uma flutuação, ao longo do
microciclo, do volume e da intensidade dos exercícios executados, refletindo-se na
exercitação de diferentes formas de manifestação da força. O modelo de periodização
flexível, tenta diariamente, antes do início da sessão de treino, avaliar o estado de
prontidão do atleta, utilizando para tal questionários e avaliações de força máxima ou
potência. Se o atleta apresentar resultados positivos, realiza a unidade de treino
caracterizada por uma maior intensidade e se, pelo contrário, apresentar resultados
insatisfatórios é direcionado para exercícios que solicitem uma componente mais neural
(Kraemer & Fleck, 2007; Tavares & Mil-Homens, 2017).
Desde o seu nascimento até atingir a idade adulta, a criança e o jovem veem em si
as mais diversas alterações resultado do seu crescimento e maturação, que vão desde o
peso, à altura, à massa óssea, à massa gorda, à massa muscular, ao sistema nervoso e até
hormonal (Wilmore, Costill, & Kenney, 2008). Todas estas mudanças ocorrem em fases
e idades específicas do desenvolvimento do ser humano, os chamados “períodos
sensíveis”. Período sensível diz respeito a um período de desenvolvimento da criança
durante a qual está mais sensível a aprendizagens de determinadas competências e
habilidades motoras, sendo que estes decorrem ao longo da infância e da adolescência
fruto das características associadas a cada idade (Viru et al., 1999). A infância
compreende o tempo entre o primeiro aniversário e o início da adolescência e encontra-
48
se dividida em idade pré-escolar e idade escolar. Por sua vez, a adolescência é comum ser
enquadrada entre o início da puberdade (aparecimento das características sexuais
secundárias) e o final da mesma (Wilmore et al., 2008). Segundo o mesmo autor é durante
esta última que se verificam as maiores alterações, nomeadamente um aumento
exponencial da altura, da massa muscular e do peso, sendo a altura a primeira destas
variáveis a aumentar consideravelmente, seguida do peso e massa muscular. O aumento
exponencial destas características antropométricas deve-se ao início do pico de
velocidade em altura (Peak Height Velocity – PHV), um marco notório no
desenvolvimento do jovem e com repercussões a nível do treino (Balyi & Hamilton, 2004;
Lloyd & Oliver, 2012). De acordo com estes autores, o PHV é fundamental na
determinação da idade biológica, permitindo portanto, prescrever treino, adequadamente
e individualmente. Por ser um momento de referência no que toca à treinabilidade dos
sistemas energéticos e do sistema nervoso central e, tendo em conta a diferença de cerca
de 2 anos que vão desde o início do PHV na mulher e no homem, é a partir desta idade
que o treino necessita de ser diferenciado entre géneros (Balyi & Hamilton, 2004).
50
articulação tibiotársica e do joelho -, na prevenção de quedas de idosos e na melhoria da
performance motora e desportiva.
51
3. Área 1 - Organização e Gestão do Processo de Treino e Competição
Para além do sistema tático, que no fundo é um mapa de referência que nos mostra
a disposição dos jogadores em campo, os comportamentos da equipa eram orientados
segundo alguns princípios em que se baseava o nosso modelo de jogo. Este foi definido
e adotado face às circunstâncias encontradas: clube e condições oferecidas, características
dos jogadores que compunham o plantel, contexto competitivo em nos encontrávamos
inseridos e da conceção de jogo por parte da equipa técnica. Ofensivamente pretendíamos
processos simples e seguros, com chegada rápida a zonas de finalização através da
utilização dos corredores laterais. Defensivamente procurávamos sobretudo que o
adversário não tivesse condições para pensar o jogo, refletindo-se numa reação rápida à
perda da bola bem como numa pressão a todo o campo.
52
Figura 14 - Sistema tático principal
Organização Ofensiva
1º – Construção do processo ofensivo: no início do processo ofensivo era sempre dada
prioridade a uma construção com bola através da circulação da mesma pela linha
defensiva, com vista a que os jogadores que se encontram à sua frente criem espaços no
bloco adversário. Os defesas centrais (DC) bem abertos, com a ajuda do médio defensivo
(MD) procuravam sair a jogar desde trás, avançando no terreno e aproximando-se do
bloco defensivo adversário. Ultrapassado o primeiro 1/3 do campo, o objetivo era claro:
chegar com bola aos corredores laterais. Assim que um defesa lateral (DL) tivesse a bola
53
efetuavam-se permutas de posição entre o extremo (EX) e o médio interior (MI) do
respetivo corredor.
Transição Defensiva
Pressão imediata do(s) jogador(es) que se encontra(m) mais perto da bola sob o
portador da mesma. Os restantes aproximam e eliminam possibilidade de passe atrás desta
primeira linha de pressão. O objetivo era que o adversário não aproveitasse uma eventual
desorganização verificada na nossa equipa e não tivesse condições para tirar partido do
espaço nas nossas costas.
Organização Defensiva
54
possível. O MD era o responsável máximo por assegurar equilíbrios em todas as partes
do campo, aproximando-se de um corredor caso a bola lá estivesse ou à entrada da área
se fosse aí que a mesma se encontrava. O DL do lado oposto ao corredor em que se
encontrava a bola fechava por dentro, fazendo uma linha de três juntamente com os dois
DC. Em situação de cruzamento procurava-se que ficasse um jogador numa primeira
cobertura, que em princípio seria o MI.
3º - Defesa propriamente dita: procurávamos, sempre que possível, realizar uma pressão
alta, condicionando o adversário desde trás para que o mesmo não pudesse iniciar o
processo ofensivo de forma confortável e controlada, ou pelo menos não nas melhores
condições. Frequentemente traduzia-se num jogo direto por parte do adversário ou em
perdas de bola perto da sua baliza. Nos casos em que este tipo de estratégia não estava a
resultar ou simplesmente não o pretendíamos fazer, baixávamos ligeiramente o bloco e
direcionávamos o adversário para os corredores laterais para posteriormente pressionar e
obrigar a errar. Já na nossa área, em reação a situações de cruzamento, formávamos um
triângulo, com o DC do lado da bola a fechar o primeiro poste – em cima da pequena área
e perpendicular com o mesmo -, com o outro DC na marca de penalti e com o DL do lado
oposto a fechar o segundo poste - em cima da pequena área e perpendicular com este.
Transição Ofensiva
Nos instantes após recuperar a posse de bola a equipa tinha como objetivo retirar
a bola, em boas condições, dessa zona repleta de jogadores e em que o espaço para jogar
e pensar era pouco. Neste sentido procurava-se imediatamente o extremo do lado oposto
que daria largura total, colocando a bola nele com o intuito de desequilibrar a equipa
adversária e acelerar em direção à baliza contrária.
55
3.2. Microciclo Padrão
56
Microciclo Semanal - Sub-19
Treino de
Treino de Força Treino de Força Prevenção de
(15h45-16h30) (15h45-16h30) Lesões
(15h45-16h30) Jogo
Folga Folga
No início de cada microciclo, antes da elaboração do mesmo, era feita uma análise
ao adversário que iriamos defrontar. Esta análise era realizada por mim e pelo outro
treinador adjunto, pelo que eu estava responsável pela análise das duas fases e dos dois
momentos do jogo (i.e., organização ofensiva, organização defensiva e transições) e o
treinador Ricardo Freitas responsável pela análise dos esquemas táticos e respetiva
operacionalização dos mesmos no processo de treino. Inicialmente, devido ao número
reduzido de jogos que tínhamos disponíveis de cada adversário, era analisado o jogo mais
recente a que tínhamos acesso. Com o decorrer da época desportiva e com o aumento do
57
número de jogos disponíveis, selecionávamos, como alvo de análise, jogos não realizados
há muito tempo e em condições semelhantes àquelas que iriamos defrontar (e.g.,
casa/fora, adversário superior/inferior e características coletivas do mesmo).
A análise por mim realizada, e que tinha como foco o processo ofensivo e
defensivo assim como as transições ataque-defesa e defesa-ataque, era composta por 4
passos: i) ver o jogo na sua totalidade; ii) anotar o tempo exato de todos os lances
representativos de cada etapa de cada fase, bem como de cada momento de jogo; iii) rever
todos os lances anotados e agrupá-los por comportamentos padrão, relativos a cada etapa
de cada fase e a cada momento de jogo; por último, selecionar os vídeos (três no máximo)
mais representativos de cada comportamento analisado. Utilizando os vídeos
selecionados era realizada por mim, na reunião semanal da equipa técnica, uma
apresentação informal sobre o adversário, com os seus comportamentos padrão,
características coletivas e individuais, bem como os seus pontos fortes e pontos fracos.
Com esta informação eram selecionados e definidos conteúdos e estratégias a treinar ao
longo do microciclo. Era ainda elaborada pelo outro treinador adjunto uma apresentação
powerpoint e realizada uma apresentação formal ao plantel, no segundo treino da semana
(o primeiro com uma nuance tático-estratégica), liderada pelo treinador principal.
Relativamente à análise da própria equipa, esta era apenas realizada nos momentos
de paragem competitiva, visto ser nessas alturas que possuíamos mais tempo para a
respetiva análise, apresentação e discussão com os atletas. Aqui eram analisados os jogos
realizados mais recentemente com o objetivo de analisar e melhorar a congruência entre
o processo de treino e o processo de competição, ou seja, de verificar se o modelo de jogo
estava a ser adquirido e praticado por parte da equipa. Além de espetos coletivos também
eram naturalmente alvo de observação ações técnico-táticas individuais. Posteriormente
era elaborada uma apresentação powerpoint para os jogadores, a qual era composta por
vídeos de ações nas quais os mesmos não tinham realizado o pretendido pela equipa
técnica e, em contraste, um vídeo da mesma situação mas mais perto do idealizado.
Ao longo de toda a época desportiva foi monitorizada a carga a que os atletas eram
sujeitos em cada sessão de treino, utilizando para tal o método da PSE-sessão. No final
de cada treino era enviado por whatsapp um questionário, com a escala de Borg
58
modificada, a que cada um individualmente deveria responder no tempo limite de 2h.
Após obter a resposta de todos, os valores eram colocados numa tabela em excel e,
posteriormente convertidos em gráficos para uma análise mais facilitada.
Esta monitorização tinha (ou poderia ter) vários objetivos, alguns a nível coletivo
e outros em termos individuais. Em termos coletivos é de destacar a relevância desta
tarefa no que toca ao controlo da intensidade ao longo do microciclo, garantindo que o
maior estímulo ocorria longe de competição e, gradualmente, ia diminuindo à medida que
nos aproximávamos desta (figura 17), permitindo um ajuste, caso necessário, da(s)
sessão(ões) de treino seguinte. Permitia ainda concluir sobre o impacto que a mesma
unidade de treino tinha sobre os jogadores de diferentes posições em campo (figura 18).
Dentro da mesma posição, era ainda possível perceber a relação existente entre os
jogadores (figura 19). Por fim, em termos individuais, no que toca à gestão da carga, este
método deu-nos a perceber se havia atletas com valores muito díspares comparativamente
aos restantes jogadores, seja os da mesma posição ou todos os outros. Para tal foi definido
um limite de duas unidades (do valor da escala atribuído) em relação à média geral, pelo
que estaria sob observação atenta um atleta que apresentasse essa diferença ao longo de
várias unidades de treino ou microciclos, com o intuito de perceber se se poderia tratar de
uma situação de sobretreino ou, pelo contrário, de um estímulo deficitário.
59
o mais exigente. Pelo contrário, o jogador que representa a barra a vermelho esteve
sempre entre os atletas da sua posição que apresentou valores superiores.
400 376
350
300 277
250
200
162 154,8
150
100
50
0
19 (2ª) 20 (3ª) 22 (5ª) 23 (6º)
600
500
400
300
200
100
0
19 (2ª) 20 (3ª) 22 (5ª) 23 (6º)
60
600
500
400
300
200
100
0
19 (2ª) 20 (3ª) 22 (5ª) 23 (6º)
Francisco Varela João Vivas António Legatheaux André Pires Rafael Basílio Jorge Lino
No que toca ao modelo de periodização utilizado ao longo da época este não foi
sempre o mesmo. Na primeira fase da competição – até fevereiro -, por não ser uma fase
decisiva para os objetivos da equipa, foi utilizada uma periodização linear, com o objetivo
de colmatar as maiores limitações dos atletas, nomeadamente a falta de familiarização
61
com o TF, que se refletia no baixo nível de execução técnica dos exercícios assim como
nos baixos níveis de força apresentados.
62
3.5.1.1. Avaliações
63
Assim, é possível observar que em todos os atletas presentes nas tabelas, se verificaram
aumentos na força máxima em ambos os exercícios. Um dos fatores que pode ter
influenciado positivamente os resultados é o facto de os mesmos não terem um historial
de TF realizado de forma mais sistemática e organizada. Neste sentido, a familiarização
com este tipo de treino, no geral, e com as melhorias verificadas em termos de execução
técnica dos exercícios, em particular, pode ter contribuído bastante para os ganhos
verificados. Pelo contrário, os dois atletas que em ambos os exercícios apresentaram
menores ganhos em comparação com os colegas foram os que apresentaram valores
bastante superiores aos mesmos no primeiro momento de avaliação, refletindo alguma da
sua experiência no TF.
1 RM predito (kg)
Nome Posição
1º momento 2º momento %
Filipe Neves GR 76,2 110 44,4
Lisandro Tipote DL 108 139,7 29,4
Tiago Oliveira DC 90,4 120 32,8
Shi Yu MC 77 117,7 51,9
Rafael Basílio MC 81,2 149,6 84,2
Vitor Wang EXT 76,2 113 48,2
Manuel Grade EXT 74,9 124,3 66
Gonçalo Santos PL 85,6 132 54,2
64
3.5.2. Treino de Prevenção de Lesões
65
Prevenção de lesões
Parte introdutória
1 Mobilidade/flexibilidade 5'
Parte fundamental
66
4. Área 2 - Projeto de Inovação
4.1. Introdução
Cotê (1999), Balyi e Hamilton (2004) e Lloyd e Oliver (2012) confrontados com
o aumento das exigências competitivas e com a necessidade de desenvolverem, desde a
iniciação da prática desportiva, os seus atletas, criaram os seus próprios modelos de
67
desenvolvimento a longo prazo. Estes tinham como objetivo fundamental aumentar o
reportório motor dos atletas e torna-los mais disponíveis para, no futuro, serem capazes
de lidarem com as exigências impostas pela modalidade de especialização.
O modelo “Youth Physical Development”, criado por Lloyd e Oliver (2012), para
além de utilizar a idade cronológica dos atletas como balizador do processo de
desenvolvimento, procura utilizar o estado maturacional dos mesmos, mais
especificamente o pico de velocidade em altura (Peak Height Velocity – PHV). Neste
sentido, este modelo, que engloba várias componentes físicas, prevê que todas possam
ser desenvolvidas ao longo de todo o desenvolvimento do atleta – especialmente a força
-, tendo, naturalmente, determinados momentos em que a evolução de cada uma delas é
mais acentuada. Assim, o mesmo é decomposto em três grandes fases: o período pré-
pubertário – com grandes adaptações neurais ao treino -, o período pubertário e o pós-
pubertário – com adaptações tanto neurais como musculares. O período pré-pubertário,
subdividido em primeira infância e segunda infância, deve inicialmente, visar o
desenvolvimento das habilidades motoras fundamentais bem como a capacidade de
produzir força. Seguidamente, ao longo da segunda infância, o desenvolvimento das
habilidades motoras fundamentais deve ir dando lugar ao desenvolvimento de
competências específicas de cada modalidade e, simultaneamente, ser introduzido o
68
trabalho de qualidades físicas como potência, velocidade, agilidade, resistência e
condicionamento metabólico (ligeiro). Segundo estes autores, durante e após o período
pubertário, o trabalho das skills específicas de cada modalidade ganha maior relevo,
mantendo-se o desenvolvimento das capacidades físicas citadas anteriormente e deve ser
introduzido algum trabalho de hipertrofia. No período pós-pubertário, a velocidade e a
agilidade (maioritariamente de ênfase neural) diminuem a sua importância e, pelo
contrário, veem aumentado o seu relevo o trabalho de hipertrofia, resistência e
condicionamento metabólico, à medida que o desenvolvimento da potência se deve
manter constante.
69
Assim, de acordo com a realidade apresentada anteriormente referente ao nível de
exigência do futebol atual, adicionando a opinião de Tavares e Mil-Homens (2017) - de
que grande parte dos atletas portuguesas de modalidades coletivas apresenta sobretudo
lacunas na capacidade de produzir grandes valores de força - e, perante a realidade
vivenciada por mim ao longo do período de estágio no escalão de sub-19, acredito que
seja fundamental começar desde o futebol de formação a familiarizar os atletas com um
trabalho complementar de força. Segundo Bangsbo e colegas (2006) o treino de força
permite aumentar a potência durante movimentos explosivos, diminuir a probabilidade
de ocorrência de lesões através da proteção e estabilização de articulações, diminuir a
reincidência das mesmas e recuperar mais rapidamente os valores de força pós-lesão.
70
De acordo com Balyi e Hamilton (2004) na fase “FUNdamental” do seu modelo,
devem ser desenvolvidas as habilidades motoras fundamentais (e.g., correr, saltar, lançar)
de uma forma simples, divertida e com especial ênfase na execução técnica. Tendo em
conta a rápida evolução do sistema neuromuscular característica destas idades, Lloyd e
Oliver (2012) são da opinião de que devem ser desenvolvidas capacidades físicas como
a força e a potência. Os exercícios devem ser realizados apenas com o peso do corpo
sendo, progressivamente, adicionado algum peso extra e o volume de treino deve ser
baixo, não excedendo as 2 séries (Wilmore et al., 2008). Behm e colegas (2008) e
Faigenbaum (2007) sugerem que se devam optar por exercícios multiarticulares, que
envolvem a coordenação de vários grupos musculares, realizados a uma velocidade
controlada. Behm e colegas (2008) e Faigenbaum e colegas (2009) referem que a
realização de 8 a 12 exercícios, de uma a duas vezes e com uma intensidade a variar entre
30 e 60% de uma repetição máxima, seja adequado para iniciar o treino de força.
Dos 12 aos 16 anos – “Treinar para Treinar” - deve ser enfatizado o trabalho de
força, potência, hipertrofia e condicionamento metabólico, especialmente após o PHV
(Lloyd & Oliver, 2012; Balyi & Hamilton, 2004). Entre os 12 e os 18 meses após o PHV
encontra-se a janela de oportunidade para o desenvolvimento da força e da hipertrofia
muscular, devido às influências maturacionais a que os adolescentes estão sujeitos (Balyi
& Hamilton, 2004). No que se refere ao treino da força reativa, Lloyd e colegas (2011)
são da opinião que a carga excêntrica aplicada pode ser de moderada a alta, e um número
de contactos do solo deve ser cerca de 60 a 80, por sessão, de acordo com a intensidade
71
(Mil-Homens et al., 2015). Com o objetivo de desenvolver um “suporte” para o
incremento de força e de massa muscular observado, Faigenbaum e colegas (2009)
sugerem que se tenham precauções nomeadamente no que toca ao equilíbrio muscular
que envolve as articulações bem como ao reforço do core. O volume de treino deve
aumentar nesta fase (i.e., 2 a 3 séries) bem como a intensidade do mesmo (Faigenbaum,
Lloyd, MacDonald, & Myer, 2015). De acordo com Faigenbaum (2007) a frequência de
2 a 3 sessões semanais, em dias não consecutivos, permite a recuperação adequada e o
aumento desejado da performance.
Na última fase da prática desportiva, “Treinar para Ganhar”, o atleta já deverá ter
desenvolvido todas as suas capacidades, tendo agora em vista a maximização da
performance no seu todo (Balyi & Hamilton, 2004). Nesta fase o condicionamento
metabólico vê a sua importância aumentada, ao contrário da hipertrofia, enquanto a
potenciação da força máxima e da potência se mantem estável (Lloyd & Oliver, 2012).
Após a descrição de cada uma das fases, é importante referir que existem algumas
recomendações na estruturação de um treino de força que são transversais a todas as
faixas etárias: o aquecimento deve ter uma duração de 5 a 10 minutos e incluir exercícios
dinâmicos, ao contrário do retorno à calma que deve ser composto por exercícios de
alongamentos estáticos, também a variar de 5 a 10 minutos (Behm et al., 2008;
Faigenbaum, 2007, 2009; Pinto & Ughini, 2017); podem e devem ser utilizadas máquinas
de musculação (adaptadas ao tamanho corporal), pesos livres, fitas elásticas, bolas
72
medicinais e bolas suíças (Balyi & Hamilton, 2004; Pinto & Ughini, 2017); os exercícios
multiarticulares, visto serem mais desafiadores a nível motor, devem preceder os
exercícios monoarticulares (Behm, 2008; Faigenbaum, 2007, 2009; Pinto & Ughini,
2017); caso sejam incluídos exercícios pliométricos, recomenda-se a iniciação por
exercícios a dois pés - menos intensos -, progredindo para exercícios a um pé - mais
intensos (Pinto & Ughini, 2017); no caso de aprendizagem de um movimento/exercício,
deve ser feito no início do treino de modo a evitar a sua realização sob fadiga (Faigenbaum
et al., 2009). Para além disso, há alguns aspetos a ter em conta na prescrição de um
programa de treino de força, mesmo para o mesmo grupo etário, tais como: a diferença
inter-individual no processo de maturação, o estado/experiência de treino, a execução
técnica dos exercícios e a tolerância ao stress (Behm, Faigenbaum, Falk, & Klentrou,
2008; Faigenbaum et al., 2009; Lloyd & Oliver, 2012).
73
Tabela 7 - Recomendações metodológicas - FUNdamental
74
Tabela 8 - Recomendações metodológicas - Aprender a Treinar
75
Tabela 9 - Recomendações metodológicas - Treinar para Treinar
76
Tabela 10 - Recomendações metodológicas - Treinar para Competir
77
Tabela 11 - Recomendações metodológicas - Treinar para Ganhar
78
4.3. Recursos
4.4. Organização
79
metodologia a utilizar, tanto no planeamento como na operacionalização das unidades de
treino; iii) definição dos métodos de avaliação dos atletas; iv) avaliação dos atletas, em
três momentos da época distintos; v) aplicação da metodologia de treino de acordo com
as avaliações realizadas; vi) reuniões intermédias, entre as avaliações, com o intuito de
esclarecer/otimizar a intervenção junto dos atletas e vii) relatórios individuais finais. De
forma estruturar estes objetivos no decorrer da época seguinte, sendo de fácil
compreensão para todos os intervenientes, foi criado um cronograma, tal como ilustra a
figura 21.
80
Época 2019/2020
Meses Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dezembro Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho
Semanas 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4 1 2 3 4
Objetivos
Explicação da
fundamentação e
objetivos do projeto
Explicação da
metodologia a utilizar
Inicio da época
desportiva
Aplicação da
metodologia
Reuniões intermédias
Relatórios finais
81
4.5. Balanço do projeto de inovação
82
5. Área 3 - Relação com a comunidade – “Observação e Análise do Jogo”
5.1. Introdução
Como oradores convidados tivemos Marco Matos e Mauro Saraiva. Numa breve
apresentação dos mesmos, Marco Matos, apresenta uma vasta experiência na análise do
jogo no futebol de formação. Para além de funções de analista de algumas das equipas
dos escalões de formação do Clube Desportivo da Cova da Piedade é também o
responsável pelo Departamento de Scouting do mesmo. Por sua vez, Mauro Saraiva é
atualmente analista dos escalões de formação do C.F. “Os Belenenses”, treinador da
equipa de sub-16 e orador em várias formações, inclusivamente internacionais, como é o
caso das realizadas na Qatar Stars League.
A formação foi dividida em duas partes: uma parte teórica e uma parte prática.
Durante a manhã, foram realizadas duas preleções no salão nobre do clube, sendo que
ambas tinham como foco a observação e análise de jogo, tanto do adversário como da
83
própria equipa, com a diferença de uma se referir ao futebol de formação – Marco Matos
- e outra ao futebol profissional – Mauro Saraiva. Relativamente ao futebol de formação,
a apresentação do orador Marco Matos abordou inicialmente aspetos mais estruturais,
como a importância desta área no futebol de formação, a realidade de um analista nestas
faixas etárias, as características de cada uma delas e as dificuldades vivenciadas pelos
mesmos. Posteriormente, a sua apresentação focou-se em aspetos mais relacionados com
o trabalho prático de um analista, nomeadamente no que respeita aos meios e métodos de
observação, à interação entre o analista e a equipa técnica, e à aplicação prática das
informações retiradas das observações, terminando com um exemplo claro de um
relatório elaborado por si. Por sua vez, Mauro Saraiva abordou o mesmo tema mas na
vertente de futebol profissional. A apresentação deste orador iniciou-se com uma breve
demonstração do que é um departamento de análise no futebol profissional,
nomeadamente no que se refere às ferramentas utilizadas, aos meios, ao métodos e aos
recursos necessários. Seguidamente debruçou-se num esmiuçamento detalhado de uma
figura representativa do processo de análise de jogo e sua aplicação prática, composta
por: observação – desafios e critérios encontrados; análise – fases de jogo e aspetos alvos
de análise; interpretação – informações relevantes e como devem ser transmitidas às
equipas técnicas e aos atletas; planeamento – implicações práticas das informações
retiradas; treino – microciclo de trabalho de um departamento de análise de jogo; por
último, o jogo e, novamente, observação.
Na parte da tarde, foi apresentada aos formandos uma ficha de observação criada
por um dos alunos estagiários (anexo IV), com a qual deveriam analisar o jogo Cova da
Piedade SAD vs Leixões, relativo à jornada número 30 da Ledman Liga Pro, a decorrer
nessa tarde no Estádio José Martins Vieira. Antes do início da partida, os formandos
foram separados em dois grupos, tendo cada um objetivos diferentes: um dos grupos
simulava ser a equipa técnica do Cova da Piedade SAD, cujo objetivo era analisar a sua
própria equipa; por outro lado o outro grupo simulava ser a equipa técnica de um futuro
adversário do Cova da Piedade SAD. No final, criámos uma discussão, na qual o grupo
que simulava ser a equipa técnica do Cova da Piedade SAD, apresentou determinadas
fases/momentos do jogo em que detetaram comportamentos menos positivos e
propuseram alguns exercícios com vista à sua melhoria durante o processo de treino. Por
sua vez, o grupo que simulava ser a equipa técnica de um futuro adversário apresentou
exercícios que tentavam explorar lacunas observadas da equipa do Cova da Piedade SAD.
84
No final da atividade de grupo, foi entregue a cada participante uma ficha com
vista à obtenção de uma avaliação quantitativa e qualitativa do evento. Esta ficha
avaliativa centrou-se sobretudo numa avaliação de aspetos de organização, de qualidade
e de aplicabilidade dos conteúdos abordados, utilizando para tal uma escala de 1 até 5,
sendo 1 o valor mínimo e 5 o valor máximo (anexo v).
Após o término da formação, foi enviado via e-mail, para todos os participantes,
as apresentações dos dois oradores, a ficha de observação utilizada na análise do jogo,
bem como um certificado de participação (figura 23).
Horas 19 ABRIL
85
Figura 23 - Certificado de participação
5.3. Divulgação
86
Figura 24 - Poster do evento
87
5.4. Balanço do evento
A atividade da tarde também correu como previsto, sendo a discussão entre grupos
pós-jogo um dos pontos fortes da formação. O facto de dois grupos analisarem a mesma
equipa, mas com perspetivas e finalidades diferentes, levou a uma discussão riquíssima,
mais do que aquilo que tinha sido idealizado inicialmente.
Em suma, o evento decorreu como planeado, foi benéfico e rico para participantes,
organizadores e oradores, tendo o questionário final obtido respostas bastante positivas
por parte dos participantes, como é possível ver na tabela 13.
1 2 3 4 5
Qualidade dos
conteúdos 0 0 19% 41% 40%
Aplicabilidade
dos conteúdos 0 0 4% 61% 35%
Qualidade das
apresentações 0 0 9% 44% 47%
Organização
0 0 0 35% 65%
Espaço
0 0 0 13% 87%
Uma das maiores dificuldades sentidas prendeu-se com a escolha do dia para a
realização do evento e consequente adesão. Com o aproximar do término da época
88
desportiva, não sobravam muitas oportunidades para a realização do mesmo num dia em
que a equipa sénior jogasse em casa e que, simultaneamente, os organizadores não
tivessem compromissos com a sua equipa. Desta forma, o dia 19 de abril coincidiu com
um feriado e com a altura das férias da páscoa, dia esse em que existiram muitos torneios
nos quais muitas equipas do clube – e respetivos treinadores – participaram, não podendo
comparecer no evento. Neste sentido, num próximo evento seria importante planeá-lo
com maior antecedência com vista ao aumento da sua divulgação e do número de
participantes. Para além disso, seria importante em termos formativos e como forma de
atrair mais treinadores, procurar obter parcerias com entidades que creditem a formação,
como o Instituto Português do Desporto e da Juventude ou como a Associação Nacional
de Treinadores de Futebol.
89
6. Reflexão Final
90
os processos de planeamento, periodização, de modelação do jogo e do treino e,
sobretudo, operacionaliza-los, fez-me pensar, discutir e crescer bastante na maneira como
olho para o jogo e para o futebol. Não existe uma forma correta de trabalhar, não existe
uma solução concreta. Existe sim um processo que se vai aprimorando ao longo do tempo,
sempre adaptado às pessoas que o compõem e ao contexto em que se insere, sendo a
maior ou menor capacidade de o fazer que vai ditar o sucesso do projeto.
91
e não permitiam que o processo continuado da equipa de sub-19 se realizasse. Em relação
aos nossos próprios atletas, foram poucos os que participavam nestas sessões de forma
assídua e frequente, seja devido à falta de transporte ou a horários escolares que não
permitiam a conciliação das duas atividades. Relativamente a outra das funções, de
monitorização da carga de treino, foram raras as vezes em que os resultados recolhidos
tiveram aplicação prática no processo de treino por vontade do treinador principal.
Concluindo, foi um ano e uma experiência única que aconselho e voltaria a repetir.
Foi fundamental aplicar todos os conhecimentos adquiridos até então e testá-los na
prática. Permitiu-me aplicar, avaliar, refletir e voltar a aplicar procedimentos no sentido
de aperfeiçoar de dia para dia e me tornar um profissional mais competente. As
dificuldades vivenciadas no que toca à estrutura, organização e direção do clube, assim
como às vividas dentro da própria equipa técnica, foram sempres vistas como
oportunidades de evolução e sem estas o resultado final não teria sido tão satisfatório.
Importa referir que os objetivos definidos inicialmente foram cumpridos, com exceção da
permanência da equipa de sub-19 no Campeonato Nacional de Juniores A. Em oposição,
a época desportiva terminou com um convite para a integrar interinamente a equipa
técnica de sub-23 no último mês de competição deste escalão, considerando um prémio
pela minha entrega e dedicação enquanto treinador estagiário.
92
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100
Anexos
Abril Maio
Ondulatório
Adaptação (+++ reps; --- carga) Taxa de produção de força (-- reps; ++ carga)
Hipertrofia I (++ reps; -- carga) Potência (- reps; - carga)
Hipertrofia II (+ reps; - carga) Ondulatório (Hipertrofia, TPF, potência, força reativa)
Hipertrofia III (- reps; + carga) Periodo de transição entre estímulos
101
II) 1º momento de avaliação da força máxima
Agachamento Supino
Nome Posição
Repetições Coeficiente Carga (kg) 1 RM (Predito) Repetições Coeficiente Carga (kg) 1 RM (Predito)
Filipe Neves GR 8 1,27 60 76,2 6 1,2 40 48
Bruno Santos GR 3 1,1 60 66 3 1.1 40 40
Tiago Simões GR 5 1,16 80 92,8 4 1,13 60 67,8
Pedro Marques DL 4 1,13 70 79,1 6 1,2 40 48
Lisandro Tipote DL 6 1,2 90 108 8 1,27 70 88,9
Daniel Couraceiro DL 4 1,13 60 67,8 7 1,23 40 49,2
Tiago Oliveira DC 4 1,13 80 90,4 8 1,27 60 76,2
Ricardo Figueiredo DC 2 1,07 70 74,9 6 1,2 50 60
Rodrigo Conceição DL 5 1,16 60 69,6 5 1.16 40 40
André Lopes DL 7 1,23 50 61,5 2 1.07 40 40
Vasco Gonçalves DL 8 1,27 50 63,5 4 1,13 40 45,2
Francisco Varela MD 3 1,1 70 77 8 1,27 50 63,5
João Vivas MD 7 1,23 50 61,5 6 1,2 40 48
Bernardo Legatheux MD/MC 5 1,16 70 81,2 6 1,2 40 48
Shi Yu MC 3 1,1 70 77 2 1,07 50 56,4
Rivaldo Martins MC 4 1,13 70 79,1 4 1,13 50 53,5
Jorge Lino MC 7 1,23 50 61,5 5 1.16 40 40
André Pires MC 6 1,2 60 72 4 1,13 40 45,2
Diogo Palma MC 7 1,23 50 61,5 3 1,1 40 44
Rafael Basílio MC 5 1,16 70 81,2 7 1,23 50 61,5
Daniel Araújo EXT 2 1,07 70 74,9 5 1.16 50 50
Gonçalo Viriato EXT 8 1,27 60 76,2 6 1,2 40 48
Manuel Grade EXT 2 1,07 70 74,9 8 1,27 40 50,8
Vitor Wang EXT 8 1,27 60 76,2 6 1,2 40 48
Bruno Tavares EXT 7 1,23 60 73,8 4 1,13 50 56,5
Tiago Nascimento PL 8 1,27 60 76,2 8 1,27 40 50,8
Bruno Pinheiro PL 9 1,32 60 79,2 6 1,2 40 48
Gonçalo Santos PL 2 1,07 80 85,6 6 1,2 50 60
102
III) 2º momento de avaliação da força máxima
Agachamento Supino
Nome Posição
Repetições Coeficiente Carga (kg) 1 RM (Predito) Repeições Coeficiente Carga (kg) 1 RM (Predito)
Filipe Neves GR 3 1,1 90 110 2 1,07 70 74,9
Lisandro Tipote DD 8 1,27 110 139,7 5 1,16 90 104,4
Tiago Oliveira DC 6 1,2 100 120 4 1,13 80 90,4
Alex Petrice DL/DC 9 1,32 110 145,2 7 1,27 90 114,3
Tiago Simões DC 5 1,16 100 116 3 1,1 70 77
Shi Yu MC 2 1,07 100 117,7 4 1,13 70 79,1
Rafael Basílio MC 10 1,36 110 149,6 3 1,1 80 88
Vitor Wang EXT 4 1,13 100 113 5 1,16 70 81,2
Manuel Grade EXT 4 1,13 110 124,3 4 1,13 70 79,1
Gonçalo Santos PL 6 1,2 110 132 2 1,07 90 96,3
103
IV) Ficha de observação utilizada no evento
Últimos 5 Resultados
EQUIPA CASA
EQUIPA FORA
Últimos 5 Resultados
EQUIPA 1
EQUIPA 2
Substituições
Lesões
Expulsões
104
105
106
107
108
V) Ficha de avaliação do evento
Nome:_________________________________________________________________
Avaliação
1 2 3 4 5
Qualidade dos
conteúdos
Aplicabilidade
dos conteúdos
Qualidade das
apresentações
Organização
Espaço
Comentários:
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
109