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Fisioterapia no Futebol

Como recuperar o craque

Equipe multidisciplinar de saúde precisa trabalhar em conjunto

A Fisioterapia Esportiva tem se diferenciado daquilo que se realiza atualmente na


fisioterapia convencional, tanto em assistência, como em estrutura. O uso intenso de
seus inúmeros recursos, envolvidos na recuperação, tornou-a imprescindível.

A Fisioterapia Esportiva aplicada ao futebol é de fundamental importância, tanto na


recuperação como na prevenção de atletas lesionados, fazendo parte da infra-estrutura
do futebol moderno, procurando a integração dos profissionais que compõem a
comissão técnica.

Sua principal função é reabilitar seguindo técnicas e métodos terapêuticos específicos,


restabelecendo a volta do atleta no menor espaço de tempo possível, sempre
protegendo a sua integridade física.

Trabalha em conjunto com a equipe médica multidisciplinar do clube, e com autonomia


plena, para avaliar; programar e executar a reabilitação do atleta.

Cabe ao médico realizar o exame clínico do atleta, diagnosticar e prescrever a conduta,


e ao fisioterapeuta programar e executar o protocolo de reabilitação, ajustando
diariamente ou semanalmente de acordo com a evolução da patologia.

A sua atuação não se restringe apenas na categoria principal, cabe também a função
de acompanhar o desenvolvimento dos atletas das categorias de base (Infantil, Juvenil
e Júnior), proporcionando um melhor prognóstico e corrigindo as possíveis deficiências
encontradas no sistema músculo-esquelético.

As lesões de maior incidência encontradas na prática do futebol, são as contusões,


lesões musculares, entorses articulares (joelho e tornozelo), tendinites e fraturas.
Geralmente são lesões de grau leve ou moderada, incapacitando os atletas na
participação de treinamentos diários. Quando isso acontece, é justamente a
Fisioterapia Esportiva que possibilita, além da terapia curativa, ministrar os exercícios
de manutenção do condicionamento físico do atleta, sem prejuízo funcional da
patologia.

Recomenda-se que a equipe multidisciplinar do departamento médico do clube sempre


trabalhe em conjunto, discutindo os casos, inclusive com os preparadores físicos, para
que a reabilitação tenha êxito total. A reabilitação deve convergir para um mesmo
objetivo, para que o atleta atinja o seu potencial máximo em curto período de tempo,
sempre protegendo a sua integridade física.

Assim quando houver a alta fisioterápica, ele (atleta) se sentirá seguro, e em


condições de voltar a exercer as suas atividades esportivas com bom desempenho.

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Avaliação fisioterápica

Avaliação usada para estabelecer uma diretriz que deve continuar durante todo o
processo de reabilitação.

Objetivos do tratamento

Normalmente é a tarefa mais difícil no processo de recuperação, pois requer uma


interpretação e decisão dos dados apresentados. O primeiro passo é estabelecer os
objetivos na fase aguda, progredindo até fase crônica, para que ao término do
protocolo de reabilitação, sejam alcançados os resultados esperados. O êxito e o
sucesso do protocolo estão intimamente relacionados com os objetivos traçados.

Tratamento fisioterápico

Durante esse processo, o fisioterapeuta esportivo monitoriza cuidadosamente os


recursos usados e pode modificar o tratamento de acordo com a evolução da patologia
do atleta. É importante conscientizar o paciente/atleta das aplicações e do porque dos
procedimentos fisioterápicos.

Trabalha-se também o perfil psicológico do atleta devolvendo-lhe a auto-estima e a


confiança, pois a dedicação do atleta é significativa na evolução da reabilitação,
sempre com a intenção de obter resultados mais rápidos e positivos.

Os recursos fisioterápicos usados durante esta fase são inúmeros: Crioterapia,


Hidroterapia, Eletroterapia, Laserterapia, Termoterapia, Mecanoterapia, Cinesioterapia,
Compressão Intermitente, Massoterapia etc.

Reavaliação e avaliação do plano de tratamento

Esta é a última etapa do protocolo de reabilitação. Julga-se a eficiência do resultado


obtido, a recuperação funcional e ainda se foram atingidos os objetivos traçados
anteriormente.

Em síntese a Fisioterapia Esportiva tem como objetivo proteger, aumentar, e


restaurar a capacidade funcional do atleta, para que possa desempenhar suas
"atividades funcionais esportivas normais", com o máximo de êxito

Fisioterapeuta pode prevenir lesões

E acelerar a recuperação dos atletas

O papel de um fisioterapeuta nos clubes de futebol está voltado para os aspectos


curativos dos atletas, ou seja, na recuperação daqueles que sofreram lesões durante
um jogo ou treinamento. Porém, o profissional desta área pode ter uma atuação ainda
mais abrangente, voltada à prevenção de contusões.

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Os avanços tecnológicos desenvolvidos nos aparelhos isocinéticos, por exemplo, já
permitem que sejam feitas avaliações prévias da temporada ou dos treinamentos com
o objetivo de detectar possíveis anomalias musculares localizadas. Essas avaliações,
integradas ao trabalho do fisiologista, contribuem para que se possa ter uma visão
geral das condições dos atletas.

Assim, se for o caso, o fisioterapeuta pode iniciar um trabalho para evitar os mais
variados tipos de contusões nas articulações ou na musculatura. Essas eventuais
deficiências são constatadas com muita precisão através de computadores.

Trabalho interdisciplinar

A função do fisioterapeuta na recuperação de um atleta requer acompanhamento diário


para que este possa retornar às atividades no menor tempo possível.
Simultaneamente, o fisioterapeuta deve manter contato com o fisiologista para que o
nível aeróbio e o condicionamento físico sejam preservados.

Por exemplo, se um jogador não puder movimentar as pernas, praticará exercícios


com os braços numa piscina, criando assim uma alternativa para manter o estímulo
cardíaco. Isso ajudará a acelerar o retorno do atleta aos gramados.

Caso o atleta em tratamento apresente algum problema psicológico devido ao seu


afastamento dos jogos e treinamentos ou por causa da solitária rotina dos trabalhos de
fisioterapia, um psicólogo também poderá colaborar nesse esforço coletivo de
reintegrar o jogador ao elenco. Para que este trabalho seja executado com perfeição, é
necessário que o chefe da área de saúde do departamento de futebol ou os dirigentes
do clube tenham consciência da importância de contar com uma equipe
interdisciplinar.

Como estruturar o setor de fisioterapia

E acelerar a recuperação dos atletas lesionados

Todos os grandes clubes de futebol do país possuem um setor de Fisioterapia. Cada


um, de acordo com sua realidade, monta a sua própria estrutura. Para que o
profissional desta área possa desempenhar sua tarefa da melhor maneira possível, o
ideal é que o clube tenha uma sala de fisioterapia com medicina física, equipada com
aparelhos de eletroterapia e termoterapia, utilizados nos procedimentos analgésicos e
anti-inflamatórios.

Os trabalhos com gelo, conhecidos como crioterapia, estão incluídos na termoterapia.


Na fototerapia, há a laserterapia, que tem sua função no futebol através do laser
infravermelho, empregado para o tratamento de lesões musculares.

Para a hidroterapia, o fisioterapeuta precisa possuir um aparelho turbilhão (destinado à


massagem quente ou fria) e uma piscina de exercícios de, no mínimo, 15 metros de
extensão por dois metros e meio de profundidade. A água, inclusive, desempenha

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papel importante para os atletas que não podem sofrer impactos, porque os exercícios
ocorrem sem que tenham contato com o piso.

Cinesioterapia

O carro-chefe da fisioterapia é a cinesioterapia, que engloba tudo que for relativo aos
movimentos. Equipamentos necessários: um dinamômetro isocinético
computadorizado (mensurador de força) da marca Cybex, por exemplo, e aparelhos de
musculação (exercitadores) para treinamento de propriocepção, que servem para um
atleta retomar as noções de equilíbrio.

Os clubes mais exigentes ou as clínicas de fisiologia e fisioterapia ainda poderão ter um


aparelho de bioimpedância (para avaliação da quantidade de gordura corporal),
pulsímetros (para avaliação da freqüência cardíaca durante exercícios ou corridas) e
um analisador de lactato, que mede a concentração de ácido lático (resultante da
degradação dos carboidratos) na musculatura dos jogadores depois de intensa
atividade.

O fisioterapeuta também precisa dispor de um consultório para avaliações onde possa


elaborar fichas, programar tratamentos, estatísticas, arquivos, registros da evolução
dos atletas etc.

É conveniente que o setor de Fisioterapia tenha à disposição uma variedade de


aparelhos, pois cada organismo responde melhor a determinado tipo de equipamento.
Outra vantagem é que o jogador é estimulado em sua recuperação sem perceber a
rotina de exercícios. Por isso, quanto maior forem as condições de trabalho que um
clube puder oferecer, melhor será o resultado obtido.

Planejamento do setor de Fisioterapia

Profissional da área interage com outros setores da Saúde

O planejamento do setor de Fisioterapia que apresentamos a seguir foi elaborado pela


equipe de profissionais do Sport Club Internacional de Porto Alegre, para o período
2000/2001:

Equipe principal: Fisioterapeutas César Abs da Cruz De Agosto, Estevão Luís Paes de
Mendes. Estagiários: Fábio Maciel, Antonio Dias, João Rosa e Felipe Machado.

Categorias de base: Fisioterapeutas Túlio Cezar Ramos de Menezes e Mauren Mansur


Moussale.

O que é Fisioterapia Esportiva?

Fisio = Função
Terapia = Tratamento

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Fisioterapia = Tratamento da função
Fisioterapia Esportiva = Tratamento da função em atletas

Informações adicionais

Quanto custa ao clube, tanto em resultados, como financeiramente, um atleta parado


por lesão?
Segundo Ekstrand, até 75% das lesões são evitadas com a supervisão do
fisioterapeuta. A Fisioterapia do Sport Club Internacional atende todos os atletas da
agremiação, tanto das categorias de base, quanto aos da equipe principal.

A atuação do fisioterapeuta esportivo no S.C. Internacional se dá através de uma


atividade inter e multidisciplinar com os demais profissionais, por meio de:

- Avaliações periódicas
- Planejamento
- Acompanhamento de treinos e jogos
- Recuperação clínica
- Sala de musculação
- Hidroterapia
- Cinesioterapia

O fisioterapeuta atua utilizando-se de avaliação específica para identificar e traçar a


conduta fisioterapeutica adequada a cada caso, através do emprego de métodos,
equipamentos e atuações exclusivas e próprias de sua área de atuação.

Parâmetro do trabalho realizado

1. Incidência de lesões no esporte


2. Mecanismos e Etiologias
3. Estabelecer métodos preventivos
4. Comparar com o primeiro passo
(Mechelen, Holanda, 1987)

O setor adotou como parâmetro de trabalho o esquema acima apresentado: os


profissionais fizeram um levantamento de lesões; identificaram quais eram e seus
fatores causais; trabalharam a prevenção e, após, observaram os resultados,
reiniciando o processo.

Principais lesões no futebol

Conforme levantamento realizado pelo setor de Fisioterapia do clube e a bibliografia


encontrada, as lesões que mais acometem os atletas de futebol são:

• Contusões
• Lesões músculo-tendíneas
• Entorses de tornozelo

A região anatômica mais atingida: membros inferiores. Os locais anatômicos mais


atingidos são: joelho, região inguinal (adutores) e tornozelo.

Conforme a posição tática dos atletas, foram encontradas:

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- Goleiros - cotovelo e joelho
- Zagueiros - joelho e coxa
- Laterais - região inguinal e pé
- Meio-campistas - joelho e tornozelo
- Atacantes - região inguinal e tornozelo
- Centroavantes - face e perna

Fisioterapeuta usa criatividade no trabalho

O fisioterapeuta Luiz Mauro Cosentino Lacerda, do Paulista de Jundiaí, em seus 10


anos de clube aprendeu que a criatividade e o bom senso são importantes para a
execução do seu trabalho e também para se evitar erros no tratamento ministrado aos
jogadores.

De acordo com Lacerda, "as lesões mais comuns no futebol são aquelas verificadas nos
membros inferiores (pernas), entorses de joelho, tornozelo e problemas musculares".
Para o tratamento dos casos mais agudos, Lacerda utiliza o ultrassom, a
eletroestimulação ou mesmo gelo - técnica conhecida como crioterapia.

Para compensar a falta de alguns equipamentos no setor, Lacerda emprega a


cinesioterapia e ministra exercícios, alongamentos e fortalecimento. Em determinados
casos de problemas nas mãos o fisioterapeuta adota exercícios com elástico. O setor
de fisioterapia do clube possui equipamentos de ultrassom, eletroestimulação, laser e
ondas curtas.

Com relação ao conhecimento que o fisioterapeuta do futebol deve reunir, Luiz Lacerda
observa que "é importante ter curso de Traumatologia Desportiva, algo que equivale a
um curso de pós-graduação.

Versatilidade

Uma das características do trabalho de fisioterapia realizado no Brasil é a versatilidade,


fato que não ocorre no exterior. "Aqui no Brasil o trabalho é mais intenso, devido a
urgência em recuperar os atletas", observa o fisioterapeuta do Paulista.

O que mais dá satisfação a Lacerda são as recuperações de contusões mais delicadas,


como as de cruzado anterior do joelho, onde um atleta fica longo tempo inativo.
"Quando o atleta retorna, depois de passar entre seis a oito meses parado, é
gratificante. No Paulista, o atacante André Leonel ficou seis meses em tratamento e
logo no primeiro jogo após sua recuperação marcou dois gols", disse Lacerda.

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Luiz Mauro Lacerda acrescenta que nas categorias de base ainda há um cuidado
especial com a prevenção de lesões, que envolve trabalhos posturais, RPG e
musculação para o fortalecimento dos atletas.

Para os estudantes e profissionais da área, Lacerda recomenda o livro "Lesões nos


esportes", dos doutores Moisés Cohen e René Abdala (Editora Revinter, 2002), que
considera leitura obrigatória, pois enfoca práticas interdisciplinares entre médico,
fisioterapeuta, preparador físico e fisiologista.

Recuperação do LCA depende de fisioterapia

Inclusão dos movimentos deve ser planejada

A Medicina Esportiva vem ganhando cada vez mais precisão na reabilitação do


ligamento cruzado anterior (LCA) do joelho. O futebol é um esporte onde essas lesões
continuam a ocorrer por exigir mudanças bruscas de direção e constantes movimentos
de rotação do joelho.

E apesar do avanço científico, ainda há controvérsias em relação à necessidade de


cirurgia, que geralmente é recomendada em virtude de praticamente garantir a
estabilidade articular, sem o risco de artroses em função da lesão.

A fisioterapia, entretanto, é fundamental no pós-operatório. Por ser a área da saúde


que prioriza a funcionalidade do organismo e de seus movimentos, sua utilização
adequada poderá garantir a completa cura do paciente.

No caso da reconstrução do LCA, um tratamento fisioterápico bem-sucedido dura cerca


de seis meses até o retorno do atleta às atividades de contato. Alguns especialistas
conservadores consideram necessárias a realização de cinco etapas de tratamento,
para garantir a cicatrização do enxerto e balancear a capacidade de resistência do
joelho. Outros preferem escalonar um pouco cada fase, dividindo-as em de proteção
máxima, moderada e mínima, com monitoramento constante.

Recuperando a força

Mas o básico da recuperação está no treinamento de força, de forma planejada e


gradativa, segundo os profissionais Patrícia Parreira - especialista em Fisioterapia do
Aparelho Locomotor no Esporte e fisioterapeuta do Instituto Cohen -, Maurício Garcia -
fisioterapeuta consultor do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Unifesp-
EPM - e Maria Stella Peccin - mestra em Reabilitação da Unifesp-EPM.

Os primeiros procedimentos são a mobilização passiva da patela, alongamento ativo e


estimulação do quadríceps, com eletroestimulação até a quinta semana. O chamado
Straight Lê Raising (SLR) - flexão do quadril com extensão do joelho - e exercícios de
abdução também são realizados e crescem em intensidade proporcional à fase de
recuperação.

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Evolução do programa

Na obra Lesões no Esporte, os três profissionais colocam que, inicialmente, o programa


de fortalecimento deve usar exercícios isométricos (que contraem os músculos sem
mover a articulação) e de cadeia cinética fechada - exercícios de reforço muscular com
o pé apoiado - (CCF).

Se o quadro evoluir satisfatoriamente, exercícios submáximos de resistência são


adicionados, junto com uma reeducação proprioceptiva neuromuscular, ou seja uma
retomada da sensibilidade própria dos ossos, músculos, tendões e articulações
inerentes à estática e equilíbrio.

Posteriormente, o programa evolui para técnicas de cadeia cinética fechada funcional,


depois exercícios isométricos de resistência máxima e exercícios isocinéticos, feitos no
moderno aparelho KT-1000, até a plena recuperação. O exercício isocinético impõe
uma resistência ao movimento.

A hidroterapia é indicada a partir da segunda semana. Já na 15a, é iniciada a contração


excêntrica de quadríceps, movimento que faz com que o músculo se alongue durante a
contração. Neste ponto, já são incluídos trotes na esteira e os trabalhos com bicicleta e
Rotex são intensificados.

Trabalho fisioterápico em lesões musculares

Muitos problemas ocorrem devido à deficiência de flexibilidade muscular

A exemplo de outros esportes de contato, as lesões musculares são comuns no futebol.


Elas podem ocorrer em diferentes graus dos grupos musculares, sendo que os mais
comuns são os adutores da coxa, quadríceps femoral, isquiotibiais e tríceps sural.

Os atletas que são obrigados a disputar muitos jogos durante uma temporada, em
virtude do calendário inchado das competições, estão sujeitos a um número maior de
lesões. Uma dessas lesões é a pubialgia, que ocorre no osso do púbis.

A prevenção é a melhor maneira de intervenção fisioterápica nas lesões, por meio de


exercícios de alongamento analítico dos grupos musculares, do membro inferior e
alongamento em cadeia ou global. Depois, exercícios de potencialização e de
resistência muscular, com ênfase não apenas na isometria, mas na isotonia
concêntrica e, principalmente, excêntrica.

Finalmente, na etapa mais avançada, quando o atleta já estiver com boa flexibilidade,
resistência e potência muscular, a velocidade de contração deve ser priorizada, através
do estímulo dos reflexos miotáticos aplicados numa intervenção mais específica, em
que os grupos musculares são potencializados com resistência elástica, estimulando
movimentos utilizados no futebol (chute, aceleração, desaceleração, saltos etc.).

Abordagem imediata

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O fisioterapeuta precisa ter um diagnóstico médico exato, na abordagem imediata da
lesão muscular, para que seja determinado o tipo de lesão muscular. Se for
necessário, alguns exames complementares terão de ser providenciados, tais como
ressonância magnética nuclear e ultrassonografia. A abordagem imediata tem como
objetivo a diminuição da dor, do edema e do sangramento da região lesionada, bem
como controlar a inflamação e diminuir o espasmo muscular.

Os recursos existentes que um fisioterapeuta pode usar são a crioterapia (aplicando


compressas de gelo), TENS (no caso de dores espontâneas e na inibição do espasmo
muscular), fonoforese e iontoforese (que utiliza substâncias antiinflamatórias que
favorecem o processo de cicatrização do músculo).

Se a evolução for satisfatória, na segunda fase dos trabalhos fisioterápicos devem


começar os exercícios de alongamento muscular (nem sempre específicos para o grupo
lesionado). Se esse alongamento causar dor ou desconforto local, o melhor é realizar
alongamentos da cadeia muscular adjacentes, acima e abaixo de suas respectivas
fáscias, que termina por gerar um benefício indireto ao músculo lesionado.

Micromassagem

Outro recurso que pode ser adotado nesta etapa é a micromassagem transversa
profunda. O dr. Henrique Jatobá Barreto1, fisioterapeuta do Comitê Olímpico Brasileiro
e do Botafogo do Rio de Janeiro, explica que o objetivo deste recurso é "estimular e
orientar o posicionamento das fibras do tecido cicatricial. As compressas de gelo, por
sua vez, darão lugar por compressas de calor úmido (toalha úmida ou bolsas com água
quente), com objetivo de elevar o aporte sangüíneo e nutricional para a região. O
tempo e a freqüência das aplicações dependerão das dimensões e da localização da
lesão". Nos casos em que as lesões musculares ocorrerem em planos profundos,
recomenda-se o tratamento termoterápico, com aplicações de ondas curtas e
microondas.

Outras providências poderão ser tomadas na seqüência, como os exercícios ativos, que
deverão começar com contrações isométricas, durante seis segundos. Posteriormente,
podem ser aplicados exercícios de contração isotônica excêntrica e, depois,
concêntrica.

A massoterapia é um recurso que também pode ser adotado, pois além de aquecer os
músculos antes da cinesioterapia, funciona como um relaxante muscular depois de um
trabalho ativo mais forte e ainda estimula a drenagem de catabólitos resultantes do
trabalho muscular ativo resistido.

Musculação

Na etapa seguinte deverão ser intensificados os exercícios de alongamento muscular e


ativos resistidos, desde que o atleta não sinta qualquer tipo de dor. Para tanto, o atleta
utilizará a bicicleta ergométrica por um tempo maior e com resistência inicialmente
baixa, que será alterada progressivamente, de acordo com a evolução do quadro. A
liberação para esta etapa deve ser feita em conjunto com o preparador físico da
equipe, pois visa o aprimoramento do condicionamento físico do atleta.

Na última etapa do trabalho de recuperação (realizada no gramado), de acordo com o


professor Barreto, "o atleta estará apto a iniciar o trabalho de reeducação
proprioceptiva que visa, por meio de exercícios básicos e específicos, aumentar a

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velocidade de contração do músculo a estímulos rápidos que provocam resposta
imediata dos fusos musculares e órgãos tendinosos de Golgi e proprioceptores
articulares".

Neste trabalho, que deve ser realizado com muita cautela, o atleta deverá realizar os
mais variados tipos de testes que exigirão os movimentos que um jogador realiza num
jogo de futebol (arranque, desaceleração, mudança rápida de direção, giro em torno
do próprio eixo, saltos, chutes etc.

Reabilitação em entorses de tornozelo

Intervenção fisioterápica é determinada em conjunto com o médico

O trabalho fisioterápico aplicado em atletas contundidos é realizado após o diagnóstico


médico (ortopédico), para que o jogador seja examinado e, posteriormente,
determinados os objetivos que se pretende alcançar com o tratamento e quais os
recursos mais apropriados que deverão ser utilizados no tratamento (eletro, termo,
foto e cinesioterapia).

O que determina qual o recurso será empregado em cada etapa do protocolo de


tratamento, é a resposta que o atleta manifesta ao trabalho realizado, depois de ser
avaliado. Este procedimento deve acontecer com freqüência, para que através da
evolução do quadro, o atleta possa mudar de fase.

O fisioterapeuta, em conjunto com o médico, determina o tipo de abordagem imediata


que o atleta lesionado precisa receber, depois de realizado o diagnóstico e a
classificação do entorse.

Para o dr. Henrique Jatobá Barreto, fisioterapeuta do Comitê Olímpico Brasileiro e do


Botafogo do Rio de Janeiro, nos casos de entorse moderada ou grave, "a fisioterapia
deverá atuar imediatamente com aplicação de compressas de gelo moído envolvendo
toda a região com compressão e elevação do membro. Esse procedimento pode ser
repetido a cada hora e meia, por um período de aplicação de 30 minutos (...)"1.

Quando a entorse for leve (não houver edema, dor e impedimento da função), ainda
de acordo com o dr. Barreto, "a abordagem fisioterápica será diferente, com a
confecção de uma ligadura funcional, também conhecida como athletic taping (...). O
aspecto final é de uma bota de esparadrapo que permite mobilidade seletiva, leveza e
resistência" (...).

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A abordagem ambulatorial é uma segunda forma de atuação da fisioterapia, com a
realização de tratamento diário. O atleta já deverá estar liberado pelo médico, nesta
fase, para começar a cinesioterapia. Nesta fase da reabilitação, o trabalho ambulatorial
possui os seguintes objetivos, segundo o dr. Henrique Jatobá Barreto:

• Redução do edema
• Diminuição da dor
• Melhoria da amplitude de movimento do tornozelo e do pé
• Melhoria da potência e da flexibilidade da musculatura intrínseca do pé
• Melhoria da resposta proprioceptiva

Neste período de recuperação a hidroterapia também torna-se um recurso muito


importante, por vários aspectos.

TPA

O trabalho de proteção articular (TPA) ocorrerá a partir do momento em que o atleta


estiver sem dores, edemas e com a amplitude de movimento completa e com boa
flexibilidade, resistência e potência muscular. O TPA estimula a velocidade de
contração muscular com objetivo de estabilizar dinamicamente a articulação
(reeducação proprioceptiva).

O TPA pode ser dividido em duas etapas: simples e específica. O TPA simples estimula
o controle motor do atleta de forma rápida, tentando desequilibrá-lo, sem que ele
esteja usando calçados, para estimular a sua esterocepção, fazendo uso da visão. O
TPA específico, por sua vez, é executado dentro de campo, com exercícios que
retratem as situações de jogo e os fundamentos do futebol, envolvendo movimentos
de lateralidade, pivô, aceleração, desaceleração, saltos, chutes e cabeceios.

Fisioterapia na pós-reconstrução de LCA

Preocupação é com a rápida imobilização do joelho

Para este tipo de lesão, as informações que o fisioterapeuta recebe do médico são
muito importantes, pois com isso saberá possíveis associações geradas, o tipo de
procedimento e a técnica empregada na reconstrução ligamentar.

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No pós-operatório da reconstrução do LCA (ligamento cruzado anterior) a grande
preocupação é com a rapidez em imobilizar o joelho, de forma a neutralizar os efeitos
nocivos da imobização (hipotrofia muscular, aderência de partes moles, ulcerações
cartilaginosas etc.).

A abordagem fisioterápica inicial é manter o joelho operado em temparatura baixa


constante, mesmo com o brace, com o objetivo de analgesia e controle do quadro
inflamatório. Assim que o cirurgião autorize, a mobilização passiva precoce deverá ser
enfatizada por recursos como CPM (máquina de movimento passivo contínuo),
mobilização passiva e ativa.

24 horas por dia

Essas três formas de mobilização devem ser realizadas em conjunto. Caso seja
possível, a COM deverá ser utilizada 24 horas por dia, para que seja reduzido o edema,
o derrame intra-articular, evitar aderências de tecido cicatricial e outros aspectos.

O dr. Henrique Jatobá1, professor e coordenador do Departamento de Anatomia do


Instituto Brasileiro de Medicina de Reabilitação e fisioterapeuta do Comitê Olímpico
Brasileiro e do Botafogo do Rio de Janeiro, explica que:

"A mobilização passiva feita pelo fisioterapeuta deve ter por meta o ganho de
amplitude de extensão do joelho, mais até do que a flexão, a qual não poderá exceder
a patela nos sentido craniocaudal e lateromedial, alongar os retináculos patelares e
massagear, por micromassagem transversa profunda, as aderências cicatriciais
utilizando creme, loção cremosa ou gel deslizante".

Recomendações

• Na moblização passiva da femorotibial, associar movimentos de rotação interna


e externa tibial aos movimentos de flexão extensão, respectivamente.
• A mobilização ativa deve ser estimulada a cada um hora de trabalho com a
COM.

Tratamento de lesões isoladas do LCP

Método conservador é o mais indicado

O melhor tratamento em lesões isoladas do LCP (ligamento cruzado posterior) é o


conservador, exceto nos casos de avulsões ósseas.

Nos estudos realizados de vários casos, este tipo de ação demonstrou ser o mais
indicado, visto que a maioria dos pacientes conseguiu recuperar sua capacidade
funcional das atividades que a prática esportiva exige.

O tratamento cirúrgico é recomendado nos casos de lesões combinadas do LCP com


estruturas póstero-laterais ou póstero-mediais, especialmente com avulsão óssea.

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Nos casos de atletas que são portadores de lesões crônicas, com queixas freqüentes de
dor e instabilidade, é indicado o tratamento cirúrgico, inclusive para jogadores que
apresentem sinais degenerativos precoces.

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