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A iniciação prematura das crianças ao esporte de ‘’alto rendimento’’ pode trazer malefícios e
isto pode ser facilmente observado através do grande número de competições desportivas,
envolvendo crianças e adolescentes de diversas faixas etárias, quer a nível escolar, quer a nível
de federações ou clubes. A exacerbação da importância do rendimento, neste caso atlético,
tem contribuído para que, cada vez mais e com maior frequência, crianças e adolescentes
deixem de aproveitar os aspectos lúdico e saudável de uma prática desportiva regular
descompromissada, considerada por muitos como desperdício de tempo, e se voltem para
uma atividade que lhes traga algum retorno, como medalhas, reconhecimento, status etc.
E é essa necessidade de obtenção de retorno que faz com que as necessidades e limitações
dos jovens atletas sejam ignoradas, ante um trabalho planejado e sistemático de
desenvolvimento de suas melhores qualidades físicas e técnicas, favorecendo a especialização
esportiva precoce.
A especialização gestual e tática prematuras, há indícios de que parte dos pais e treinadores
cobrando desempenho atlético/resultados das crianças na participação em competições,
ressaltando que a participação de jovens sul-americanos em equipes menores de futebol é
estressante, pois significa enfrentar exigências de ser titular da equipe, ter que atuar bem
durante o período que integram a categoria e ter de vencer o campeonato. A especialização
esportiva precoce culmina, quase sempre, com o abandono prematuro da prática esportiva,
fenômeno conhecido como burnout ou esgotamento por exemplo, verificaram que a
intensidade nos treinamentos, a pressão dos pais para obter bons resultados e a cobrança
excessiva do técnico, entre outros fatores, constituem-se em possíveis motivos intervenientes
no abandono do futsal entre adolescentes.
Se, por um lado, o treinamento especializado precoce permite bons resultados na infância e
adolescência por outro lado reduziria as chances de se alcançar resultados na maturidade.
Reporta que jovens submetidos àquele tendem a não atingir, no alto rendimento, o
desempenho prognosticado; que o tempo de atividade esportiva nesse âmbito se torna menor
e que muitos, em função das exigências, sequer chegam a essa fase. Segundo essa linha de
raciocínio, o treinamento especializado precoce prejudicaria o rendimento futuro do
esportista.
Quando a criança atinge seus 10 anos de idade libertar-se da sua fase anárquica, pautada na
aglomeração dos jogadores em torno da bola, penetrando o nível descentrado, quando os
jogadores ocupam o espaço de forma mais racional.
Os dados do presente estudo podem contribuir para confrontar o mito sustentado por parte
dos pais de crianças praticantes dessa modalidade e dos treinadores de categorias menores,
de que apenas o início precoce no treino e em competições muito exigentes pode preparar
suficientemente bem os iniciantes e lhes garantir o acesso ao alto rendimento. Na prática,
constatou-se que a maior parte dos atletas investigados não participou das primeiras
categorias (sub07 e sub09) e não competiu em âmbito federado antes dos 12 anos de idade
Uma vez que uma criança tenha atendidas as suas necessidades básicas de alimentação e
saúde, a atividade física regular constitui-se em importante aliado ao seu desenvolvimento e
crescimento. A atividade física provoca o rompimento do equilíbrio orgânico interno,
denominado homeostase, forçando-o a adaptar-se e produzindo, com isso, modificações,
perceptíveis ou não.
A prática da atividade física tem representado o maior e melhor meio de formação de crianças
e adolescentes, ressalvados os abusos que interferem nos processos de seu crescimento e
desenvolvimento em geral, por se constituírem em organismos que estão em transformação,
necessitam do movimento proporcionado pela atividade física ou pelo esporte, desde que
respeitadas suas características individuais.
A movimentação constante que envolve a prática de uma atividade física, ou desportiva, atua
diretamente sobre os sistemas muscular e esquelético. Sendo assim, há sempre que se
considerar a possibilidade de lesões, de maior ou menor gravidade, em decorrência de
choques ou traumatismos, essa mesma movimentação provoca o desenvolvimento dos grupos
musculares envolvidos na atividade praticada, podendo dar origem a desarmonias anatômicas
simétricas
Uma vez que o crescimento ósseo é maior antes da puberdade, após o que se segue o
crescimento muscular, devem ser evitadas atividades, ou exercícios, que possam causar
traumatismos que originarão micro hemorragias, com degeneração parcial do núcleo
epifisário, ou seja o osso, iniciando o processo de uma futura osteocondropatia; atividades ou
exercícios que provoquem o aumento de volume e tonicidade musculares, para não causar um
aumento na pressão sobre as cartilagens epifisárias e, com isso, causar obstáculos ao
alongamento normal dos ossos.
Deve-se respeitar o limite biológico individual e de intensidade das pressões a serem aplicadas
sobre as epífises, sob pena de, ao invés de estimular o crescimento. O crescimento muscular
que, por sua vez, costuma ocorrer após a puberdade, não é acompanhado pelo sistema
nervoso; daí o fato de se verificar uma descoordenação muscular, típica desta fase, traduzida
por imprecisão e lentidão de movimentos, que se tornam dirigidos e mais fatigantes. Esta e
outras alterações a que é submetido o jovem nesta fase, denotam a importância de se evitar
um trabalho físico intenso, até em consideração à instabilidade emocional por que passa nesta
etapa, o que acarretaria um dispêndio de energia, grande consumo e desgaste da estrutura
proteica, que poderia contribuir para influenciar negativamente seu desenvolvimento
Constata-se que as modalidades que exigem alto grau de automatização e perfeição em seus
movimentos são aquelas que apresentam maior incidência de problemas ósseos, articulares,
musculares e cardíacos. Isto decorre do alto número de repetições de gestos técnicos
necessários à prática desportiva em questão, da similitude dos gestos, e do impacto
decorrente de sua execução.
Mas os riscos não se limitam apenas à esfera ósteo-articular. Uma vez que a prática desportiva
competitiva implica em treinamentos físicos e técnicos relativos a cada modalidade, nem
sempre o respeito aos limites e necessidades fisiológicas da criança tem sido observado. Tais
treinamentos, frequentemente, tendem a enfatizar o trabalho anaeróbico lático, responsável
pela hipertrofia precoce da musculatura cardíaca na criança. Esta hipertrofia costuma ser
responsável por limitar o potencial físico máximo da criança, além de predispô-la a uma futura
hipertensão arterial
As apófises são locais de inserção dos tendões/músculos no osso em crescimento e que, nos
jovens atletas, formam um centro de ossificação secundária, constituído por fibrocartilagem. O
desfasamento entre o desenvolvimento do sistema esquelético e de sistema músculo
tendinoso, associado à relativa fragilidade destas inserções e ao constante impacto de forças
de tração, fazem das apófises um local comum de lesão.
Os exemplos mais comummente observados deste tipo de lesões são a Doença de Osgood-
Schlatter, a Doença de Sinding-Larsen-Johansson e Doença de Sever.
Fraturas de stress: As fraturas de stress representam uma fração importante das lesões de
sobrecarga entre os jovens atletas de elite. O sexo feminino é especialmente afetado, muito
pelos efeitos hormonais abordados anteriormente e que predispõem as atletas a estes danos.
Apesar do vasto leque de regiões anatómicas afetadas, a maior parte das fraturas de stress
surgem nos membros inferiores, particularmente na tíbia, tarsos e metatarsos.
Clinicamente manifestam-se por dor agravada pela atividade física e que pode persistir
durante o repouso, dor à palpação e edema. Alguns testes podem ser realizados para obter o
diagnóstico, mas a imagiologia tem um papel fundamental no mesmo. O diagnóstico precoce é
importante para o sucesso do tratamento. Habitualmente este é feito de modo conservador
com repouso e analgesia, sendo o regresso à atividade feito de uma forma progressiva. Há
especial atenção na adolescência devido ao sistema esquelético ainda imaturo, o que pode
resultar em alterações estruturais e progressão para fraturas completas.
Nos casos refratários ao tratamento conservador deve procurar-se uma abordagem cirúrgica.
Overtraining e Burnout
O burnout surge como o uma situação de resposta ao stress crónico. Define-se como uma
síndrome psicológica caracterizada pela exaustão emocional e física dos atletas, desvalorização
desportiva e sensação de não-realização. Há uma perda de motivação para a prática de uma
atividade outrora entusiasmante, e uma sensação de pressão e perda de controlo emocional,
resultantes de uma incapacidade de resposta, principalmente, às exigências mentais do
desporto de alta competição. (113) Algumas características pessoais são fatores que
contribuem para a maior incidência desta condição, entre elas a ansiedade e baixa autoestima,
o perfeccionismo ou a necessidade de agradar a outros.