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TREINAMENTO DESPORTIVO E INICIAÇÃO

ESPORTIVA PARA CRIANÇAS COM IDADE


ESCOLAR: UMA REVISÃO NAS REVISÕES DE
LITERATURA

Narciso Souza Lago Junior

Este artigo tem por objetivo analisar como a literatura tem tratado os efeitos do
treinamento desportivo em crianças que estão em idade escolar. Por muito tempo
acreditou-se que o treinamento em crianças teria efeito precoce e que poderia afetar
negativamente o desenvolvimento fisiológico das mesmas em algumas modalidades
esportivas. Também era consenso que o treinamento desportivo com intuito de
rendimento no esporte seria prejudicial e menos prazeroso para a criança, causando
frustações futuramente. Para o presente estudo foram selecionados 16 artigos publicados
nos últimos cinco anos e presentes nas principais bases de dados da literatura científica:
Scielo e Google Acadêmico. A visão dos autores sobre o tema é consensual de que o
treinamento desportivo para crianças em idade escolar é benéfico desde que seja utilizada
uma abordagem pedagógica condizente com as fases de desenvolvimento das mesmas,
pois além de prepará-los para desafios futuros, o mesmo é capaz de melhorar indicativos
de saúde e manter o engajamento em esportes, por mais tempo, nas demais fases da vida.

Palavras-chave: Treinamento desportivo; Iniciação Esportiva; Crianças

INTRODUÇÃO

Segundo Guimarães (2022, p. 111) o treinamento desportivo serve para construir,


manter ou reduzir a capacidade física ao longo do tempo. Ter controle sobre o
desenvolvimento das capacidades físicas e direcioná-las a um melhoramento do gesto
esportivo é algo que o ser humano sempre buscou desde que foram criadas as competições
e desafios que exigem do corpo um aperfeiçoamento constante.
Em crianças, os efeitos do treinamento desportivo advêm após a iniciação
esportiva que compreende o período em que a criança é exposta de forma especifica e
planejada a uma ou mais modalidades esportivas (BAIRROS, 2020, Pag. 168, apud
RAMOS, 2008). É consenso que o tempo de exposição ao treinamento e a experiencia
adquirida no processo é capaz de dar algumas vantagens ao competidor. Nesta
perspectiva, a iniciação esportiva acontece por muitas vezes ainda na infância na busca
de um aproveitamento prolongado das capacidades físicas que é limitante à medida em
que ocorre o envelhecimento do corpo.
Para Guimarães (2022, p. 11) o exercício físico é mais um agente estressor na já
agitada vida das pessoas e que na busca pela excelência no movimento pode gerar
situações de estresse físico e mental indesejado devido a rotina de movimento repetitivos
presente na maioria das abordagens pedagógicas de treinamento para crianças, o que
causaria situações desconfortáveis para as mesmas ou até a aversão ao esporte
futuramente.
Lima et. Al. (2020, p. 3) aponta relevância de se estudar a ciência do treinamento
desportivo e a necessidade de aplicação dos princípios que permeiam o mesmo. Tais
princípios são aplicáveis e devem ser respeitados em todas as fases de desenvolvimento
do ser humano. Entretanto, questões de ordem psicológica e social devem ser também
associadas a esses princípios quando se leva em consideração o universo infantil.
O presente estudo busca identificar, por meio de uma revisão de dados, os efeitos
do treinamento desportivo em crianças com base no que a literatura tem tratado do tema
nos últimos 5 anos. Com o ápice das práticas esportivas e de treinamento na atualidade é
cada vez mais comum o contato precoce com competições esportivas que exigem
treinamento. Nesta perspectiva, conhecer os efeitos do treinamento desportivo pode
contribuir para um melhor direcionamento do mesmo para o público infantil.

DESENVOLVIMENTO

Atualmente o treinamento desportivo é uma área do conhecimento científico


consolidada e bem definida. Nesta perspectiva, a ciência por trás do treinamento
desportivo é baseada em princípios, ou seja, em conhecimentos que norteiam qualquer
um que se atenha a aplicar um treinamento em qualquer modalidade esportiva para
qualquer indivíduo.
Treinamento desportivo é um processo de ações complexas que tem como
características: conteúdos, objetivos, métodos, organização e realização. Tudo isso, com
intuito de aperfeiçoamento do atleta para o desporto (LIMA et. Al., 2020, p. 2). Nesta
perspectiva, o treinamento é dotado de princípios que levam em conta aspectos físicos,
sociais e psicológicos que estão intrinsecamente relacionados uns aos outros e devem ser
levados em consideração para minimizar riscos de lesões e aumentar a longevidade do
atleta no esporte.
Princípios já conhecidos na ciência e validados pela mesma, como da
individualidade biológica e especificidade, da adaptação e sobrecarga, continuidade /
reversibilidade e interdependência, servem de base para aplicação do treinamento de
forma segura, porém, para uma criança é necessária uma atenção maior às questões de
ordem psicológica e social que devem sobressair na metodologia empregada no
treinamento para esta fase da vida.
Flores et. Al. (2019, p. 50-51) defende que uma criança exposta ao treinamento
que vislumbre o rendimento é consideravelmente prejudicial à saúde, pois o treinamento
excessivo sobrecarrega o corpo que está em desenvolvimento físico, o que causa
impactos, força suas articulações, pode causar lesões para toda a vida. Nesta perspectiva,
qualquer tipo de treinamento considerado excessivo, ou seja, que não leva em conta os
princípios da interdependência volume x intensidade é prejudicial à saúde de qualquer
indivíduo.
Ainda Flores et. Al. (2019, p.51) afirma que o adolescente em pleno
desenvolvimento da personalidade pode frustra-se com o insucesso nos esportes e
abandoná-lo antes mesmo de chegar a fase adulta, tendo como consequência o
sedentarismo e a desmotivação. Nesta perspectiva, vale ressaltar que o treinamento
desportivo é uma ferramenta para elevar as capacidades físicas do indivíduo para um
determinado gesto esportivo.
As frustrações dos jovens muitas vezes advêm da expectativa conjunta criada por
pessoas do seu ciclo familiar e escolar que muitas vezes ignoram princípios como da
individualidade biológica e da especificidade e buscam o alto rendimento sem observar a
real capacidade do indivíduo em evoluir naquele esporte, sendo que o jovem poderia ser
melhor aproveitado em outro.
Corroborando isto, Lima et Al. (2020, p. 8) afirma que além de reconhecer os
princípios do treinamento deve-se tomar cuidado para não pular etapas e trabalhar com
exageros do treinamento precoce para jovens. Essas etapas, dizem respeito ao próprio
desenvolvimento natural do indivíduo, ressaltando fatores biofisiológicos e psicossociais.
Os estudos que apontam o problema na iniciação esportiva e consequentemente
ao treinamento desportivo são hegemônicos em alertar para a precocidade no esporte e a
tendência ao rendimento a partir das primeiras publicações do Coletivo de Autores em
sua obra Metodologia do Ensino da Educação Física.
O problema da iniciação esportiva precoce e a necessidade de se atentar ao
rendimento na idade escolar apareceu nas diversas publicações do meio científico a partir
do momento em que se gerou um novo entendimento sobre a cultura corporal de
movimento na escola. Ou seja, após as primeiras publicações do livro Metodologia do
Ensino da Educação Física, assinado por um Coletivo de autores e editado Cortez, tendo
sua primeira edição em 1992.
Tais autores apontam para uma necessidade de se trabalhar a cultura corporal de
movimento a partir de uma nova perspectiva menos tecnicista e normativa. Desta forma,
os autores tomam como base a corrente de pensamento para a educação que se destacava
à época: A Pedagogia Histórico-Crítica. Sobre esta, Faria & Lenardão (2014, p. 8) afirma
que a mesma “é elaborada com o intuito de buscar a superação das teorias existentes,
propondo uma práxis no interior da escola, visto que até então não existiam alternativas
para os educadores que buscavam uma atuação crítica”.
Na educação física ou para a cultura corporal de movimento o coletivo de autores
aborda a necessidade de se tratar o ensino do esporte para além do rendimento e aponta
outras dimensões que precisam ser observadas no fenômeno esportivo, abrindo assim um
entendimento sobre o que se deve priorizar no esporte e no treinamento para crianças no
espaço escolar.
“Nessa perspectiva o Esporte, enquanto tema da cultura corporal, é
tratado pedagogicamente na Escola de forma crítico-superadora,
evidenciando-os e o sentido e o significado dos valores que inculca e as
normas que o regulamentam dentro de nosso contexto sócio-histórico.
Esta forma de organizar o conhecimento não desconsidera a
necessidade do domínio dos elementos técnicos e táticos, todavia não
os coloca como exclusivos e únicos conteúdos da aprendizagem
(COLETIVO DE AUTORES, 1992. p. 28).
O Coletivo de Autores alerta para aspectos como o entendimento da criança sobre
o que se é feito no esporte que é diferente do entendimento do treinador sobre o mesmo
fenômeno. Ou seja, [...] “para o aluno, o que ele deve fazer para jogar — como driblar,
correr, passar e fintar — é apenas um meio para atingir algo para si mesmo, como por
exemplo: prazer, auto estima etc. O seu sentido pessoal do jogo tem relação com a
realidade de sua própria vida, com suas motivações” (COELTIVO DE AUTORES, 1992,
p. 42).
Nesta perspectiva, um dos efeitos do treinamento desportivo quando não se leva
em conta aspectos emocionais da criança – como prazer e auto estima – é o desinteresse
e a desmotivação pelo esporte e posteriormente o abandono da prática como tem alertado
Flores em seu estudo de revisão, em que afirma, “brincar é direito de toda criança,
portanto a mecanização ou a imposição das regras oficiais esportivas durante a prática
infantil pode acabar com o divertimento e prazer da atividade” (FLORES, et. Al., 2019.
p.52).
Numa outra esfera do treinamento desportivo para crianças está o entendimento
do treinador sobre o processo. Para o mesmo, “[...] driblar, correr, passar, fintar etc.
devem ser executados sem erros. Isso justifica sua ênfase no treinamento dessas técnicas.
Ele dá ao jogo um sentido quase de um trabalho a ser executado com perfeição em todas
as suas partes para obter o sucesso ou prêmio” (COLETIVO DE AUTORES, 1992, p.
42).
O trabalho do Coletivo de autores tendo como base a corrente de pensamento
histórico-crítica, abriu possibilidades de se entender o esporte como elemento para além
do rendimento e da necessidade de se estudar novas formas de apreciá-lo. Anos depois, o
esporte passou a ser direito de todos e dever do estado fomentá-lo (BRASIL, 1998). O
que deu ao mesmo uma identidade de instrumento educativo e capaz de transformar a
vida dos jovens na medida em que há um envolvimento com o mesmo.
Para compor este estudo de revisão optou-se por selecionar 6 artigos dos mais
recentes – a partir de 2019 – que tratam sobre o tema esportivização precoce e treinamento
desportivo, também se optou por trabalhos que, assim como este, utilizaram a revisão de
literatura como método de análise. Os mesmos estão dispostos no Quadro 1.

Quadro 1. Identificação dos artigos selecionados para a análise


AUTOR / ANO TÌTULO REVISTA ANO
NASCIMENTO Treinamento com pesos para crianças e Sociedade 2020
adolescentes e a especialização precoce científica
BAIRROS & Estratégias metodológicas utilizadas na Revista da Saúde 2020
ANTUNES iniciação esportiva por um profissional da AJES,
de educação física
GUIZZARDI, et. Al. Atividades Curriculares Desportivas: Lecturas: 2021
iniciação esportiva no ambiente escolar Educación Física
y deportes
SANTOS, et. Al. A influência da instituição esportiva na Acadêmica 2021
educação física escolar: uma revisão de Periódicos
literatura
GOMES, et. Al. Treinamento esportivo para crianças Nativa 2022
NASCIMENTO & Especialização esportiva precoce e suas Corpo 2023
FERNANDES consequências negativas: uma revisão consciência
sistemática

GUIZZARDI, et. Al. (2021) conclui que é necessário atentar para as armadilhas
que o esporte de rendimento pode oferecer, como a exclusão dos menos habilidosos, ao
consumo de produtos esportivos de forma alienada ou somente o ensino da técnica.
Segundo o autor é importante ter uma melhor compreensão do papel do esporte.
“os professores devem compreender o papel do esporte não apenas na
execução técnica de movimentos, mas em questões importantes como
fatores emocionais, culturais, sociais, ou seja, o desenvolvimento
humano do indivíduo como um todo, bem como permitir a integração
entre alunos” (GUIZZARDI, et. Al., 2021, p. 204).
Nesta perspectiva, o autor demonstra estar alinhado com as ideias pedagógicas crítico
superadoras e alerta para a ideia do treinamento como ferramenta complementar e não
definitiva na iniciação esportiva.
Corroborando com o estudo anterior, SANTOS, et. Al. (2020) relata que as
reflexões e a prática sobre o esporte devem levar ao entendimento a vasta perspectiva
histórico - crítica, onde a busca dos gestos esportivos performáticos não sejam o essencial
na ação educativa. Pois, um elemento tão rico em significados, não deveria ser colocado
em um plano tão reduzido. Nesta perspectiva, o autor demonstra uma preocupação com
o modelo de iniciação esportiva e de treinamento em que o gesto motor é supervalorizado
em detrimento de outros quando se trata de uma ação educativa.
O mesmo defende que o esporte deve ser apresentado numa perspectiva
educacional em sua totalidade, uma vez que, “precisamos desenvolver os conteúdos – da
educação física - numa perspectiva educacional para a formação crítica do indivíduo,
como agente transformador do meio, e não apenas, um ser passivo, neutro, desprovido de
criticidade, incapaz de transformar o meio do qual está inserido”.
Em um estudo que em que os autores confrontam as percepções do profissional
de educação física com sua pesquisa bibliográfica de revisão, BAIRROS & ANTUNES
(2020, p. 21) relata que foi possível observar uma proximidade entre as ideias repassadas
pelo profissional entrevistado e as ideias apresentadas através da pesquisa bibliográfica
realizada. Nesta perspectiva,
“ficou claro que a iniciação esportiva deve ser tratada como um período
de formação da mentalidade crítica, do caráter e do desenvolvimento de
variados tipos de movimentos da criança ou adolescente, a fim de evitar
a especialização esportiva precoce e possíveis lesões que afetem o
amadurecimento do mesmo” (BAIRROS & ANTUNES, 2020, p. 21).
Para concluir o autor reforça a importância do papel dos pais no processo de
iniciação esportiva, uma vez que, fica evidente a importância dos pais durante esse
processo de desenvolvimento da criança que podem contribuir de forma positiva ou
negativa.
Em um estudo recente, NASCIMENTO & FERNANDES (2023) chama a atenção
para o problema da iniciação esportiva em crianças e aponta que existem malefícios
relacionados aos métodos empregados neste processo.
“A especialização esportiva precoce causa inúmeras
consequências negativas em crianças que são submetidas a esse tipo de
treinamento. Treinos excessivos, falta de variedades de métodos de
ensino-treino, vivência de apenas um esporte e busca exagerada pela
vitória são características da Especialização Esportiva Precoce e estão
presentes na vida de várias crianças que praticam esportes”
(NASCIMENTO & FERNANDES, 2023, p. 152).
O mesmo autor defende que esses malefícios estão relacionados com as
metodologias empregadas ao ensinar os esportes para as crianças e não à prática das
modalidades em si, pois como foi apresentado, o esporte bem orientado proporciona
diversos benefícios para esses indivíduos.
Para concluir o estudo, o autor aponta a necessidade de se levar em conta fatores
relacionados ao desenvolvimento da criança corroborando com os demais autores que
compartilham ideias da pedagogia crítico superadora e utilizam o esporte como
ferramenta educativa e não apenas um fim em si mesmo.

Para GOMES, et. Al. (2022) na metodologia empregada no treinamento para o


esporte existe uma necessidade de conhecer a fase de desenvolvimento da criança bem
como trabalhar com atividades que façam estimular o interesse dos alunos, como também
social e afetivo.
“a prática dos esportes beneficia o praticante de forma física, social e
cultural contribuindo para uma vida saudável e melhor qualidade de
vida, como também favorece intelectualmente, exigindo que a pessoa,
de modo especial a criança, tenha capacidade de raciocinar
estrategicamente e agir rapidamente em situações de jogo [...]. Portanto,
o esporte com crianças deve ser direcionado à ludicidade, a fim de ser
prazeroso e proporcionar a integração de todos, respeitando o ritmo e
limite de cada um, não se prender às regras das práticas esportivas
institucionalizas voltadas para adultos. (GOMES, et. Al., 2022, p. 48-
49).
Nesta perspectiva, o autor reafirma a importância de se observar os princípios do
treinamento físico e a necessidade de se atentar aos direitos da criança, uma vez que, toda
criança tem direito ao aprendizado através do lúdico.
Em um estudo conduzido por NASCIMENTO (2020) em que o autor analisa
estudos que tratam sobre o treinamento de força para crianças, o autor afirma que há que
se considerar, no entanto, que tanto crianças quanto adolescentes estão em período de
crescimento e de desenvolvimento, de forma que qualquer erro ou dano pode ter uma
consequência grave que dure a vida toda.
“Por isso o treinamento com crianças deve ser tratado com extremo
cuidado e importância, respeitando-se alguns parâmetros que parecem
ser consenso entre os especialistas, tais como: Priorizar a preparação
multilateral sobre a preparação especializada nas fases iniciais do treino
desportivo e de menor exigência física, respeitando o “princípio da
universalidade”; Adequar o treino à idade biológica do jovem,
desconsiderando a idade cronológica; Assegurar a prevalência da
capacitação técnica sobre o incremento da capacidade funcional,
superestimando Priorizar atividades motoras e coordenativas que
favorecem o aumento de velocidade e da amplitude e mobilidade
articulares; Assegurar um ritmo mais lento no acréscimo de carga,
respeitando a recuperação, onde ocorre reposição dos metabólitos e
biossíntese para o crescimento e desenvolvimento; Variar os exercícios
e as condições em que eles são realizados; Motivar os jovens através do
uso de métodos de treino mais atraentes, valorizando os jogos
coletivos” (NASCIMENTO, 2020, p. 354).
Nesta perspectiva, para se evitar possíveis danos e a fuga de uma vida mais ativa
fisicamente no futuro o autor recomenda que além de levar em conta os princípios do
treinamento físico para a criança é necessária uma maior atenção ao fator motivacional
que começa com a valorização dos aspectos psicológicos envolvidos na prática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto este estudo de revisão que teve como base outros trabalhos de
revisão sobre o tema abordado considera que o treinamento desportivo e seus princípios
são evidentemente conhecidos e apreciados pelos profissionais, porém há algumas
controvérsias quando se trata da aplicabilidade para o público infantojuvenil. A maioria
dos estudos conferem uma necessidade de se levar em conta aspectos psicológicos
relacionados à aprendizagem das crianças.
Também fica evidente que muitos destes autores, dentro dos estudos apresentados,
tomam como base teorias de aprendizagem da educação que se baseiam em fases de
desenvolvimento humano para aplicação do conteúdo. Nesta perspectiva, o conteúdo
esporte aparece com uma problemática referente ao momento certo de ser direcionado à
criança e quais as consequências disto.
O que fica evidente é que há um consenso sobre a necessidade de se prezar pela
motivação da criança, que para os autores deve se distanciar da mera repetição do gesto
esportivo no treinamento, priorizando modelos que utilizem a ludicidade e assim
contribuindo para o desenvolvimento psicossocial da criança.
Há que se considerar que após a abordagem crítico-superadora na educação física
tomar forma, houve um contraponto ao modelo de treinamento há época e que ainda é
criticado e depreciado nos estudos mais recentes. Nesta perspectiva, nota-se uma aparente
resistência à mudanças de paradigma no que diz respeito à iniciação esportiva.
Faz se necessário estudos posteriores sobre o tema para entender como ocorre o
processo de iniciação esportiva atualmente e verificar como este processo tem sido
executado em termos de treinamento, atualmente.
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