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Fonte:www.porelsonaraujo.blogspot.com.br
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De uma forma geral, praticamente todos os autores, antes de introduzirem
suas propostas metodológicas, realizam uma rápida abordagem dos dois
princípios metodológicos que tangeram a história dos Jogos Esportivos
Coletivos: o analítico (que previa a fragmentação dos gestos técnicos e o ensino
a partir da aplicação de sequências pedagógicas que visavam a aprendizagem
dessas técnicas), e o global (o qual preconizava o ensino por meio de jogos, para
que, por meio deles, o indivíduo aprendesse não só as técnicas mas também a
tática inerente ao jogo). Entretanto, alguns autores trouxeram importantes
inovações neste conceito de ensino dos Jogos Esportivos Coletivos, dentre eles:
Bayer (1992), quem além de trazer o conceito dos princípios operacionais discute
a necessidade de considerar as atividades lúdicas, seja na figura de jogos
infantis tradicionais, ou jogos pré-desportivos ou ainda o próprio esporte, contudo
com regras reduzidas e simplificadas, permitindo ao professor o aumento
gradual das dificuldades e da complexidade das regras (ensino das regras de
ação); Greco (1998), quem coloca a importância da redução do jogo para a
compreensão técnico-tática do mesmo, levando o aluno a descobrir o como fazer
e o que fazer por meio de situações problema (método situacional); Garganta
(1995), que por criticar o modelo tecnicista de ensino dos esportes coletivos
sugere uma nova proposta de seu processo pedagógico a qual leva em
consideração os níveis de relação entre aluno, bola, equipe e adversários, nos
quais o jogo sempre se fará presente na tentativa de levar os alunos do jogo
anárquico ao jogo elaborado por meio dos jogos condicionados e sua forma
dirigida; Daólio (2002), que baseado na teoria de Bayer (1994), propõe um
modelo pendular o qual tem em sua base os princípios operacionais e em sua
extremidade as técnicas usuais de cada modalidade, passando pelas regras de
ação, e assim mostra que a boa cognição dos princípios de um jogo coletivo leva
à compreensão tática do mesmo e à criação de técnicas próprias para lidar com
a imprevisibilidade do jogo, que, quando somadas às técnicas tradicionais da
modalidade, terminam por ampliar largamente a possibilidade e capacidade de
atuação desse indivíduo em meio à tática individual e coletiva; Graça e Mesquita
(2002), que trazem definições sobre novas metodologias como o Teaching
Games for Understand (TGfU), cujo modelo prevê a adaptação do jogo pelo
professor, tanto em suas regras quanto em sua duração (tempo de partida),
assim como outros aspectos, a fim de que a atenção seja canalizada para a
compreensão tática do mesmo e a criação de formas de atuação; e o Sport
Games (SE), que foi criado para ser aplicado no contexto da educação física
escolar, e não prevê o ensino através dos jogos, mas aposta na democratização
e humanização do esporte por meio de três eixos fundamentais ao visar formar
a pessoa desportivamente competente, culta e entusiasta.
Esses novos métodos, destacados dentre outros que podem ser
encontrados na literatura, convergem para uma melhor compreensão de
aspectos inerentes à prática pedagógica do processo de ensino, vivência e
aprendizagem de uma modalidade coletiva, e podemos notar uma constante
preocupação com a compreensão que o indivíduo tem do processo como um
todo, e não mais apenas de suas vertentes técnicas. Assim, podemos sinalizar
para uma contribuição, do processo de iniciação esportiva, para a formação
integral do indivíduo, como será feito a seguir.
3.1 Pedagogia do Esporte e a formação integral do indivíduo
Fonte:www.md.intaead.com.br
A partir desta lógica, a formação humana deve se ater aos aspectos de:
solidariedade, respeito, disciplina, etc. e se contrapor a um mundo individualista,
consumista e reprodutivista que atende dentre eles a mídia, por exemplo.
Na sociedade brasileira o contexto histórico, social e cultural do processo
de escolarização tem sua gênese na forma estatal que reproduz o modelo
burguês, excludente que dificulta várias formas de desenvolvimento integral do
ser humano nas escolas públicas brasileiras.
Ao passar por várias dificuldades desde as políticas sociais, as questões
de infraestrutura das instituições até ao processo de ensino-aprendizagem, a
educação continua em crise. São fatores que devem ser analisados para
entender as causas do fracasso escolar, a política educacional, as verbas
destinadas e desviadas (da e para a educação), a elaboração do projeto
pedagógico, os salários dos professores, a desigualdade social dos alunos, etc.
Todos esses aspectos corroboram para a barbárie na educação, mas como
desbarbarizar?
Conforme Gadotti (2000, p.8) reitera a perspectiva da educação
contestadora, superadora dos limites impostos pelo Estado e pelo mercado,
portanto, uma educação muito mais voltada para a transformação social do que
para a transmissão cultural.
Os problemas sociais como: discrepância na distribuição de renda,
desigualdades sociais, altos índice de analfabetismo, fome, péssimo
funcionamento do sistema único de saúde, violência, desajuste dos princípios
familiares, corrupção, desvio de verbas, etc. contribuem para alienação e
retardamento na vida escolar da maioria dos jovens brasileiros que desistem de
estudar e passam a trabalhar para a subsistência da família.
A intenção de romper, todavia não pôde ser efetiva, dado o quadro mais
amplo de contradições vivenciadas. Isso foi possível visualizar já nos meados da
década de 1990 com o estrangulamento e confinamento do discurso crítico da
área.
Nesse formato o esporte não foi concebido com base na totalidade e na
dialética.
Apenas sua crítica não poderia fazer com que houvesse avanços. Ao
observar a realidade do esporte educacional e a necessidade de construir,
estruturar, elaborar e reelaborar os conhecimentos curriculares para planejar as
aulas de Educação Física, voltamos ao ponto de onde parte a crítica, procurando
situar um crítica propositiva e renovada.
É exatamente pelo fato do esporte ser conteúdo de destaque nas aulas
de educação física que suas possibilidades como conhecimento escolar se
ampliam (cf. SADI, 2005, p.33).
No debate sobre o esporte é importante relacionar o mundo do trabalho,
com as seguintes questões: o amadorismo e o profissionalismo dos atletas, a
exploração do corpo, o treinamento e o desempenho esportivo, o dinheiro, a
carreira profissional e o conceito de saúde. Como prática de tempo livre, o
esporte moderno teve, até a década de 1970, o amadorismo como um de seus
principais pilares.
Dentre desse contexto o Esporte como conhecimento curricular na
instituição escolar, como um elemento essencial nas aulas de Educação Física,
dentro do processo sócio-histórico, oportunizou várias pesquisas científicas e
desenvolveu uma gama de conhecimentos que podem ser selecionados,
organizados, categorizados, sistematizados e aplicados na prática pedagógica.
Segundo Caparroz (2001, p.33) se quisermos discutir o esporte como
conteúdo da Educação Física escolar, é necessário, antes de tudo, ter claro que
estaremos discutindo também a Educação Física como componente curricular.
Na área da Educação Física o esporte possui um trato de tendências
críticas e não críticas, com uma vasta literatura acadêmica, mas pouco
sistematizada nas sequências lógicas de ensino e desenvolvimento de
aprendizagem.
Fonte:www.universoef.com.br
Fonte:www.peteducacaofisica.ufms.br
6 PEDAGOGIA DO ESPORTE
Fonte:www.site.guaranisport.com.br
Fonte: www.site.guaranisport.com.br
Fonte: www.site.guaranisport.com.br
Fonte:www.educandopeloesporte.blogspot.com.br
Essa marca deixada pelo ensinar, segundo o autor, não deve ser ruim
nem “marca de propriedade”, e sim uma forma de intervir em vidas humanas,
mas pelo convite e não pela invasão.
Já o saudoso mestre Paulo Freire (1996), destaca algumas
responsabilidades, obrigações e princípios, quando aponta certas exigências do
ensinar:
• ensinar exige rigorosidade metódica;
• ensinar exige pesquisa;
• ensinar exige respeito aos saberes do educando;
• ensinar exige criticidade;
• ensinar exige estética e ética;
• ensinar exige corporeificação das palavras pelo exemplo;
• ensinar exige risco, aceitação do novo e rejeição a qualquer forma de
discriminação;
• ensinar exige reflexão crítica sobre a prática;
• ensinar exige respeito à autonomia do ser do educando;
• ensinar exige bom senso;
• ensinar exige reconhecimento e a assunção da identidade cultural;
• ensinar exige a convicção de que a mudança é possível.
Portanto, ao ensinarmos, em nosso caso particular esportes, devemos
entender essa ação impregnada por todos esses princípios e condutas
pedagógicas, pois, sob a ótica do conceito ensinar não existe diferença entre o
ensinar futebol (esportes) e ensinar português (ou qualquer outro conhecimento).
Ensinar não é, e nunca será, tarefa simples e desprovida de
responsabilidades.
Ao ensinar tem-se o compromisso com o formar. Formar o cidadão que,
para se superar e ser sujeito histórico no mundo, necessita desenvolver sua
criticidade, sua autonomia, sua liberdade de expressão, sua capacidade de
reflexão. Sintetizando, sua cidadania. Assim sendo, aluno/sujeito/cidadão não
será mais aquele que simplesmente se adapta ao mundo, mas o que se insere,
deixando a sua marca na história.
O objetivo primário da educação é, evidentemente, revelar a um filho de
homem a sua qualidade de homem, ensiná-lo a participar na construção da
humanitude e, para tal, incitá-lo a tornar-se o seu próprio criador, a sair de si
mesmo para poder ser sujeito que escolhe o seu percurso e não um objeto que
assiste submisso à sua própria produção. (Jacquard, 1989, p. 167).
Nos pensamentos de Albert Jacquard (1989), entendemos que o ensinar
é o fator decisivo para a construção da humanitude, e ao homem não cabe
adquirir os atributos acumulados pela transmissão passiva, pois a natureza do
ser humano o faz não ser apenas um produto dela.
A aula deve permitir a troca, a interação, sujeito-meio-esporte. Nas
palavras de Paulo Freire: “... o respeito devido à dignidade do educando não me
permite subestimar, pior ainda, zombar do saber que ele traz consigo para a
escola” (Freire, 1996, p. 71).
O educando em meio a sua complexa totalidade, inserido em um
paradigma emergente (o qual visa superar o paradigma mecanicista), deve ser
instigado a aprender esportes, por meio de uma pedagogia desafiante, que
possibilite uma busca desenfreada pelo superar-se, devendo trazer
consequências imediatas para sua vida.
Continuando nessa linha de reflexão, para Manuel Sérgio (1985, p. 5), o
professor que ensina esportes deve sempre estar ciente de seu papel, na
renovação e na transformação, pois:
... o desporto há de ser uma atividade instauradora e promotora de
valores. Na prática desportiva, o Homem tem de aprender a ser mais Homem.
Carregar o aluno apenas de conhecimentos técnicos, sem uma
correspondente reflexão, é uma forma de ensino bancário, depositário, como
dizia Paulo Freire (1996), só que aplicado no esporte, pois estamos apenas
capacitando, treinando o educando no desempenho de destrezas motoras, sem
permitir-lhe o desenvolvimento e a assunção de uma capacidade crítica sobre o
conteúdo ensinado.
Tendo o aluno como centro do processo, percebemos que ele se
transforma assimilando conhecimentos, transformando o seu tempo.
O educando é, ao mesmo tempo, impregnado e impregnante de uma
época.
Emprestando as palavras de Paulo Freire (1996):
É por isso que transformar a experiência educativa em puro treinamento
técnico é amesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício
educativo: o seu caráter formador. Se se respeita a natureza do ser humano, o
ensino dos conteúdos não pode dar-se alheio à formação moral do educando.
Educar é substantivamente formar.
E formar, como já mencionamos, é muito mais que capacitar um aluno
com gestos técnicos. Pois, assim fazendo, estaremos reproduzindo uma
sociedade, ou melhor, um esporte, sem transformá-lo, sem permitir que novos
esportistas o ressignifiquem, permitindo que venham a reconfigurá-lo no futuro.
Portanto, pedagogicamente pensando, o que ensinar do esporte?
O que deve ser ensinado é, além do aprendizado do jogo em si e de seus
fundamentos dentro do seu contexto, a aquisição de condutas motoras
(ampliando-se o repertório de possibilidades de respostas para os jogos), e o
entendimento do esporte como um fator cultural (por conseqüência, humano),
estimulando sentimento de solidariedade, cooperação, autonomia e criatividade.
Valores éticos, sociais e morais também devem ser ensinados, para que se
possa fazer do educando um agente transformador do seu tempo, preocupado
com uma cidadania que lhe permita viver consciente e mais autonomamente
possível em qualquer que seja o caminho do esporte escolhido por ele a seguir:
o esporte como profissão ou como lazer.
Para quem ensinar esportes?
No interior da escola o esporte deve ser ensinado a todos. Todos os
alunos dentro de uma sala de aula têm o direito de aprender e com igualdades
de condições. Mas será que no esporte é assim que comumente acontece?
Como conteúdo cultural o mesmo deve ser disponibilizado de forma que
todos possam ter acesso sem descriminação de gênero, cor.
Um número significativo de profissionais que se envolvem com o esporte
infantil e juvenil, e muitos desses ainda se dizem professores, acreditam ser
difícil pensar que o esporte escolar possa ter outras características, outros
objetivos, além de revelar talentos nacionais. Para esses é mais fácil, e com
melhores resultados, “ensinar” na escola só os mais talentosos, os mais altos,
os mais fortes...
Contudo, não é mais suportável esse discurso, não cabe mais aos
profissionais de Educação Física, professores comprometidos, reproduzir esse
pensamento, pois mais importante que revelarmos recordistas infantis é
possibilitar o acesso criando condições a todos os alunos de desenvolverem uma
cultura esportiva.
Inserido nesse processo, nada impede o craque de se desenvolver e os
outros de se beneficiarem dos proveitos que o esporte traz. Contudo os dois
devem sair do processo de ensino, conscientes de suas respectivas ações, em
seus respectivos contextos.
Logo, por que ensinar esportes na escola?
Adquirir uma cultura esportiva é hábito que se carrega para toda a vida.
Portanto, se ensinado e aprendendo bem, esse aprendiz só colherá
satisfação e proveito de sua prática esportiva, tanto se ele se tornar um
especialista, como um praticante amador do esporte, ou mesmo um espectador,
tendo a possibilidade de assumir uma posição autônoma e crítica diante do
fenômeno esportivo.
Fonte:www.aspinnews.com.br
Fonte:www.praticasdesucessoemeducacaofisica.blogspot.com.br
Fonte:www.cnsd.com.br
13 O ESPORTE ADAPTADO
Fonte:www.osdm.org.br
Fonte:www.gestaoescolar.org.br
A respeito do que foi dito, Bento (2004, p. 49) afirma que os valores do
jogo não são apenas ensinados para terem "valimento no esporte, mas sim e
essencialmente para vigorarem na vida, para lhe traçarem rumos, alargarem os
horizontes e acrescentarem metas e meios de alcançá-las". Em outras palavras,
podemos dizer que tais valores tomam a direção da concretização dos princípios
que devem reger a educação de nossas crianças e jovens.
Segundo Juchem (2006), proporcionar a estas crianças e adolescentes
um ambiente (escolar ou "clubístico") em que os contatos e os valores afetivos
e sociais sejam oportunizados é de suma importância, podendo assim auxiliar
na diminuição da pressão por resultados e pela competição exacerbada.
15 REFERENCIAS