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AGRUPAMENTO DE ESCOLAS DE SANTIAGO DO CACÉM

ESCOLA SECUNDÁRIA MANUEL DA FONSECA

Tensões éticas no mundo do desporto


Especialização Precoce, Violência e Corrupção

Autores: Anastasia Shigaeva nº2


Guilherme Direito nº4
Manuel Costa nº7
Rafaela Dias nº8
Disciplina: Educação Física
Professora: Liliana Moreira
Turma: 12º C/D
Data de realização: 26/02/2024
Ano letivo: 2023/2024
Índice
- Introdução: página 2
- O que é a especialização precoce?: página 3
- Consequências da especialização precoce: página 3
- Aspetos positivos e negativos da especialização precoce: página 4
- Abandono precoce e a sua relação a especialização precoce: página 5
- Drop Out e Burn Out: página 5
- Fatores que levam ao abandono precoce no desporto: página 5
- Medidas para a prevenção do abandono precoce: página 6
- Papel dos treinadores: página 6
- Corrupção Desportiva o que é?: página 7
- Tipos de corrupção: página 7
- Verdade Desportiva o que é?: página 8
- Quais os valores da verdade desportiva: página 9
- Fairplay o que é?: página 10
- O que é a violência: página 11
- Como se pode manifestar?: página 11
- Como acontece?: página 12
- Violência por parte dos treinadores: página 13
- Espírito desportivo: página 14
- Importância do Espírito Desportivo: página 14
- Objetivo do Espírito Desportivo: página 15
- Como se manifesta: página 15
- Conclusão: página 17
- Webgrafia: página 18

1
Introdução
A participação em atividades físicas desportivas é uma componente essencial na vida
dos indivíduos, contribuindo não apenas para a saúde física, mas também para o
desenvolvimento social, emocional e moral. Contudo, esta participação nem sempre é
guiada por princípios éticos sólidos, sendo muitas vezes influenciada por uma série de
interesses sociais, económicos, políticos e outros que podem distorcer os objetivos
originais do desporto. A iniciação desportiva muitas vezes prioriza os objetivos dos
treinadores em detrimento dos interesses das crianças, levando à especialização
precoce e, em casos extremos, ao abandono desportivo. Especialização precoce ocorre
quando uma criança se concentra intensamente numa modalidade desde cedo. Causas
incluem pressão dos pais e treinadores e desilusão com a modalidade. Este trabalho
explora essas questões.

A ética na participação nas atividades físicas desportivas é um tema de extrema


relevância, especialmente quando consideramos os diversos interesses em jogo.

Interesses Sociais:
- Aspecto Ético: A prática desportiva promove valores como fair play, trabalho
em equipa e respeito mútuo. Ética implica respeitar as regras e os oponentes.
- Perversão: Quando a competição se sobrepõe à ética, levando a
comportamentos antidesportivos como doping, violência ou manipulação de
resultados.

Interesses Económicos:
- Aspecto Ético: Investimentos em desporto podem beneficiar a comunidade,
proporcionando empregos e oportunidades de desenvolvimento.
- Perversão: Corrupção e ganância podem surgir, como subornos para influenciar
decisões, ou a exploração de atletas à procura de lucro.

Interesses Políticos:
- Aspecto Ético: O desporto pode ser uma ferramenta para promover a unidade
nacional e a cooperação internacional.
- Perversão: Politização excessiva do desporto, onde agendas políticas são
priorizadas sobre o bem-estar dos atletas ou a integridade da competição.

2
Desenvolvimento
Especialização precoce e exclusão ou abandono precoce

O que é a especialização precoce?


A especialização precoce ocorre quando um atleta é submetido a tarefas e
treinamentos específicos de uma modalidade esportiva numa idade muito jovem. Isso
inclui realizar treinos intensos e tarefas complexas para as quais não está fisicamente
ou emocionalmente preparado, sujeitando-o a uma pressão excessiva.
Este fenómeno desportivo é comum em momentos em que todos procuram melhorar,
tornando-se bastante frequente no desporto. Está diretamente relacionado com a
exigência elevada por parte do treinador na execução de exercícios para os quais o
corpo do atleta ainda não está pronto. Essas demandas colocam à prova a capacidade
física do atleta até ao limite, muitas vezes visando competir em eventos de alto nível
mais cedo do que o previsto. No entanto, muitas vezes são os próprios atletas que
aceleram o seu desenvolvimento para alcançar certas conquistas. Isso pode ter várias
consequências, tanto físicas como psicológicas. As modalidades onde este fenómeno é
observado com mais frequência são natação, ginástica, atletismo e futebol.

Consequências da especialização precoce

A especialização precoce de um atleta pode causar diversos problemas, que se


dividem em quatro categorias: nível psicológico, físico, social e desportivo.

Nível Psicológico:

- Dificuldades cognitivas;
- Elevados níveis de stress e ansiedade;
- Frustração devido à falta de maturidade emocional para lidar com a pressão
competitiva;
- Desgaste emocional.

Nível Físico:

- Lesões frequentes;
- Problemas ósseos, musculares e articulares;
- Desgaste físico elevado.

3
Nível Social:

- Abandono escolar devido à pressão da carreira desportiva;


- Participação reduzida em atividades próprias da idade;
- Falta de experiências típicas da infância;
- Carência de competências sociais desenvolvidas na infância.

Nível Desportivo:

- Dificuldade em alcançar metas devido ao esgotamento precoce;


- Redução do tempo de participação em atividades desportivas de alto nível
devido ao abandono precoce

Aspetos positivos e negativos da especialização precoce


A especialização precoce possui tanto aspetos positivos quanto negativos. Por um
lado, em certas modalidades desportivas, é algo essencial para permitir que um atleta
atinja o seu pico de desempenho mais cedo, aproveitando melhor as oportunidades
competitivas ao longo da sua carreira. Com o envelhecimento, é natural que o
rendimento atlético diminua, tornando esses primeiros anos de especialização
importantes. Além disso, alguns autores defendem que a especialização precoce pode
beneficiar o desenvolvimento físico, emocional e intelectual da criança, além de
promover a autoconfiança e o comportamento social. No entanto, a especialização
precoce também pode trazer desafios significativos. O aumento da exigência e
complexidade do treino, desproporcional à idade ou ao desenvolvimento do atleta na
modalidade, pode levá-lo a enfrentar consequências negativas, como lesões, stress
emocional, isolamento social e falta de experiências típicas da infância

Especialização precoce na natação

4
Abandono precoce e a sua relação a especialização precoce
O abandono precoce ocorre quando um atleta deixa a modalidade que pratica fora do
tempo considerado adequado. Estudos demonstraram que a especialização precoce
está frequentemente associada a esse abandono precoce do desporto. Em tais
situações, o atleta pode optar por abandonar a modalidade específica e continuar a
praticar desporto noutra modalidade, ou pode desistir completamente do desporto e da
atividade desportiva.

Drop out e Burn out


Drop out - abandono de uma modalidade específica, isto é, o atleta permanece dentro
do mundo do desporto e da atividade física através de uma modalidade diferente. Este
tipo de abandono precoce diferencia-se em 3 classes:
- o drop out voluntário - decisão do próprio praticante em não dar continuidade à
sua participação desportiva;
- o drop out relutante - surge por fatores não controlados pelo atleta, tais como a
extinção do clube, a mudança da área de residência da família ou uma lesão:
- o drop out resistente - ocorre quando o jovem, desejando continuar a prática
desportiva, é excluído do grupo de atletas seleccionados para prosseguir a
formação desportiva.

Burn out - abandono completo do desporto e da atividade física por parte do atleta.
Tem como causas diretas uma elevada sobrecarga de stress, em que a exaustão é
resultado de demandas crônicas enfrentadas pelo atleta, a desvalorização desportiva e
o reduzido sentimento de realização do atleta. Para além disso, o burn out também está
normalmente associado a traumas não ultrapassados, ligados à modalidade praticada.

Fatores que levam ao abandono precoce no desporto

- Falta de tempo;
- Falta de diversão;
- Capacidades individuais do atleta (dificuldades de aprendizagem, lesões, falta
de recursos para avançar);
- Indicadores de treino e competição;
- Orientação desportiva;
- Relação com o treinador;
- Condicionantes familiares e sociais;
- Especialização precoce;
- Cansaço do calendário competitivo;
- Dificuldade na conciliação desporto-estudos;
- Pressão implicada por ser um atleta.
Medidas para a prevenção do abandono precoce

5
● Proporcionar uma atividade física saudável;
● Privilegiar as aprendizagens das técnicas;
● Exercícios multifacetados;
● Prática divertida e estimulante;
● Orientar para uma motivação intrínseca;
● Auto-estima estimulada;
● Maior importância ao processo do que ao produto;
● As atitudes devem ser valorizadas e constantes (ensino);
● Valores associados à prática desportiva para uma continuidade a longo
prazo;
● Diversificar o treino;
● Definir os objetivos da prova e do treino;
● Criar um clima de confiança inter e intra equipa;
● Elaborar atividades paralelas e extra-desportivas ao calendário competitivo.

Criar um ambiente seguro e acolhedor para os jovens, onde estes se podem sentir em
“casa” e acompanhados é essencial para combater o abandono precoce. É necessário
que seja feito também um trabalho por parte das famílias dos jovens atletas, que estas
percebam que o importante é o bem estar físico e mental da criança e não os objetivos
que lhe foram traçados.

Papel dos treinadores


O papel dos treinadores é crucial nas questões abordadas, como na especialização
precoce e abandono precoce. Eles devem respeitar as etapas de formação dos atletas,
adaptando os treinos ao seu nível e respeitando os limites físicos, psicológicos e
cognitivos. No entanto, nem sempre a responsabilidade recai apenas sobre os
treinadores. Os pais, na procura de resultados, podem pressionar os filhos a treinar em
excesso, ultrapassando as suas capacidades. O próprio atleta também pode tentar
exceder-se, fugindo dos limites estabelecidos pelo treinador, ou ser excessivamente
exigente consigo mesmo.

Corrupção VS Verdade desportiva

6
Corrupção Desportiva o que é?

Corrupção desportiva refere-se a práticas corruptas que afetam o mundo do desporto.


Isso pode incluir manipulação de resultados, suborno, fraude, doping, apostas ilegais e
outras atividades ilícitas que comprometem a integridade e fair play nas competições
desportivas. A corrupção desportiva pode envolver jogadores, treinadores, árbitros,
dirigentes desportivos e outros indivíduos relacionados ao mundo desportivo.
Atualmente, há quem diga que o problema da corrupção nunca irá terminar, pois o
desporto envolve muito dinheiro e poder, mas poderá ser minimizado caso exista uma
regulamentação forte, uma formação ética e acima de tudo fairplay.

Tipos de Corrupção:

- Corrupção ao nível dos resultados desportivos- manifestando-se sob a forma de


suborno dos intervenientes diretos (árbitros, atletas, treinadores entre outros...)
- Corrupção extra competições- manifesta-se sob a forma de subornos aos
intervenientes indiretos do fenómeno desportivo (agente de jogadores, pessoas que
desempenham cargos em comissões que avaliam desempenhos).
- Corrupção ativa - quando alguém oferece suborno ou propina para alguém em troca
de algo.
- Corrupção passiva - quando alguém aceita o suborno.

Principais promotores de corrupção em Portugal?

7
Verdade Desportiva o que é?
Representa uma estrutura moral que define limites para o comportamento dos atletas,
a verdade desportiva tem como objetivo preservar um ambiente amistoso e civilizado
para os praticantes de desportos, independentemente de serem profissionais ou
amadores.
Importa referir que a verdade desportiva é essencial para a concorrência leal e para a
justiça nas diferentes modalidades, onde as atitudes são colocadas à prova pela
comunidade.
Fato é que a maioria dos atletas dedica a sua vida profissional à superação física e
técnica, visando atingir bons resultados para ganhar títulos e notoriedade. No entanto,
alguns indivíduos, na ânsia de alcançarem essa meta, acabam por ultrapassar os
limites impostos pela ética e deontologia, o que resulta em atitudes negativas ou
controversas, sejam elas derivadas de condutas irrefletidas ou assumidamente mal-
intencionadas.

Como referido, a verdade desportiva, diz-nos como se devem comportar todos aqueles
que estão envolvidos na prática desportiva, de forma a prevenir a(o):
● violência no desporto;
● dopagem;
● racismo;
● xenofobia;
● discriminação social.

Além de praticantes e treinadores, existem outros agentes desportivos que devem


apresentar boa conduta, tais como:
● Educadores e encarregados de educação;
● Árbitros, juízes e cronometristas;
● Profissionais da saúde (médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, massagistas etc.);
● Dirigentes e entidades desportivas;
● Espetadores e adeptos;
● Comunicação social (televisão, jornais, rádio);
● Estado.

Ou seja, é dever de todos os envolvidos nas práticas desportivas lutar pela manutenção
da verdade desportiva.

8
Quais os valores da verdade desportiva
Existem alguns valores que devem ser levados em consideração quando o assunto é
verdade desportiva. São eles:

● Verdade: Existe quando os agentes desportivos se comportam de forma


exemplar, sem jamais atuar em prol de alterações de resultados ou
desempenhos que não sejam eticamente validados. A utilização de doping ou a
corrupção de árbitros e juízes são exemplos de ações que deturpam a verdade
desportiva.

● Cooperação: Esta acontece quando todos os agentes desportivos trabalham em


conjunto para atingir objetivos comuns.

● Imparcialidade: Este é, indubitavelmente, um valor imprescindível para aqueles


que têm como missão julgar e avaliar o desempenho desportivo. Para isto, o
agente deve olhar para cada atleta da mesma forma, ou seja, livre de
preconceitos e sem intenção de obter quaisquer favores.

● Tolerância: Ser tolerante significa aceitar quem é diferente, sem tentar mudar
aquilo que cada um é.

● Determinação: Fundamental para que objetivos sejam atingidos.

● Respeito: Pelos outros, por nós próprios, pelas organizações, pelas regras e
pelos valores. Por isso diz-se que o respeito é primordial para que a verdade
desportiva seja preservada.

● Coragem: Para ultrapassar barreiras e obstáculos, assumir erros e sempre


primar para que a verdade desportiva não seja colocada à prova em prol de
interesses escusos, mesmo diante da possibilidade de se favorecer de maneira
inescrupulosa.

● Justiça: Esperar e exigir justiça para si e para os outros, tratando todos de forma
correta e imparcial.

● Ajuda: Estar disponível para ajudar quem precisa, mesmo que isso possa ir
contra os próprios interesses pessoais.

Todos os valores descritos estão intrinsecamente relacionados a um conceito muito


divulgado nos desportos, o Fair Play.

9
Fairplay o que é?
Em tradução direta do inglês a expressão Fair Play significa “jogo justo”, mas ficou
conhecida como “jogo limpo” no português, sendo também sinónimo de lealdade,
bom senso, igualdade, neutralidade e boa conduta.

O termo advém dos desportos tradicionais e fala sobre preservar a integridade de uma
partida e dos seus participantes, além de não ganhar vantagem de forma injusta. Por
representar um valor ético, não pode ser considerada uma prática obrigatória, no
entanto, é fortemente aconselhada por entidades desportivas e pela legislação
portuguesa.

A expressão Fair Play foi utilizada pela primeira vez nos desportos pelo barão Pierre
de Coubertin – um dos primeiros organizadores dos Jogos Olímpicos da Era Moderna
– em 1896, na cidade de Atenas, Grécia.

Coubertin empregou o conceito para associar o ideal olímpico aos valores da honra,
honestidade, lealdade e respeito entre os atletas e por si próprio, uma ideia advinda do
“cavalheirismo”, devidamente aplicada ao desporto.

O objetivo era estimular que os praticantes jogassem sem violência, de maneira justa,
sem prejudicar intencionalmente os seus adversários e, não menos importante, dentro
das regras da competição desportiva. Portanto, quando falamos sobre verdade
desportiva, é inevitável estabelecer relação com o Fair Play.

10
Violência dos espectadores e dos atletas vs. Espírito Desportivo

O que é a Violência?
A violência é um comportamento que pode resultar em danos para outra pessoa, ser
vivo ou objeto, invadindo a autonomia, integridade física, psicológica e até mesmo a
vida de outro. É caracterizada pelo uso excessivo da força, ultrapassando os limites do
necessário ou esperado.

No contexto desportivo, a violência é mais comum do que gostaríamos de admitir.


Não apenas a violência entre jogadores dentro de uma equipa, mas também
direcionada a treinadores, espetadores e até mesmo pessoas que, aparentemente, estão
inconscientes em todo o cenário desportivo.

Como se pode Manifestar?


-Desordem devido à falta de bilhetes - Um grupo de espetadores tenta entrar de
forma violenta numa instalação desportiva.

-Desordem devido à derrota - Ocorre quando os fãs de uma equipa derrotada


consideram a derrota como uma injustiça. A violência pode atingir níveis alarmantes,
com multidões chegando a confrontar a polícia à procura do "culpado" pela derrota.

-Desordem durante os tempos de lazer - Refere-se a atos violentos ocorridos


em festas, celebrações, cerimónias ou em qualquer ocasião especial, quando o respeito
é perdido.

11
Como acontece?
Há várias razões pelo qual as pessoas se tornam violentas, no entanto, no caso do
desporto, estas podem ser divididas em duas teorias:

-Teorias Monocausais
Estas teorias sugerem que um único motivo pode desencadear um comportamento
violento. Uma delas é a teoria baseada em emoção e instinto, que argumenta que a
frustração pode levar à violência, tanto verbal quanto física. Essa frustração pode
surgir de diversas situações que não estão necessariamente ligadas ao desporto em si.
Existe também a teoria que se concentra na aprendizagem de comportamentos
agressivos.

-Teorias Multicausais
Consideram que o ato de violência é causado por uma série de situações anteriores e
que todas essas situações têm algo que despoleta violência.

Muitas teorias sobre a violência concentram-se na violência em grupo, pois quando,


em grupo, as pessoas tendem a adotar os comportamentos dos outros, então quando
um indivíduo inicia uma situação violenta, os demais frequentemente seguem-no.
Além disso, um grupo é percebido como mais poderoso do que uma única pessoa, o
que pode diminuir o medo de consequências quando o ato é realizado em conjunto.
Às vezes, esse comportamento é estimulado por agentes desportivos, como dirigentes
ou a imprensa desportiva, que ao comentarem uma situação específica durante um
jogo podem deixar alguns torcedores ou jogadores frustrados.

12
Exemplos:

- A tragédia de Heysel
A tragédia de Heysel ocorreu em 29 de Maio de 1985, durante a final da Taça dos
Campeões Europeus entre o Liverpool, da Inglaterra, e a Juventus, da Itália. Os
distúrbios começaram fora do estádio, com trocas de provocações entre ingleses e
italianos. Uma joalheria foi roubada e teve um prejuízo de 150 mil euros.
Contrariando o planeado pela polícia, os adeptos das duas equipas estavam no mesmo
lado do estádio, separados apenas por uma pequena barreira e alguns polícias. Cerca
de meia hora depois, os britânicos iniciaram o primeiro "ataque" e os distúrbios
cresceram rapidamente.
As grades que dividiam as bancadas não resistiram à pressão humana, resultando na
tragédia. Muitos espetadores italianos foram esmagados pelos adeptos ingleses, que
usaram barras de ferro para agredir os rivais. Com o pânico, o muro cedeu, arrastando
mais algumas dezenas de pessoas. O saldo final foi de 38 mortos e um número
desconhecido de feridos. Os adeptos ingleses foram considerados responsáveis pelo
incidente, levando à proibição das equipas britânicas de participarem em competições
europeias por cinco anos.

- Violência em Alcochete (15 Maio 2018)


Um grupo de 40 a 50 adeptos invadiu o centro de treinos do Sporting, em Alcochete, e
brutalmente agrediu os atletas e membros da equipa técnica. No mesmo dia, vários
jogadores dirigiram-se ao posto da GNR para apresentar queixa das agressões
sofridas.

Violência por parte dos treinadores:


O estudo dos comportamentos agressivos, especialmente a emoção da raiva, tem
despertado um crescente interesse na pesquisa internacional em desportos. Em
modalidades de contato, o contexto desportivo muitas vezes contém regras que
legitimam comportamentos agressivos e por vezes violentos entre participantes e
adversários. Em competições desportivas, é comum associar esses comportamentos à
ansiedade e à raiva, que são frequentemente experienciadas sob a pressão e a
intensidade do momento
Além disso, atitudes agressivas são frequentemente promovidas e até mesmo
ensinadas, sendo também encorajadas e valorizadas por treinadores, dirigentes,
adeptos e até pelos próprios familiares dos atletas mais jovens.

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Espírito Desportivo
O conceito de Espírito Desportivo é desafiador de definir de forma precisa. No
entanto, podemos reconhecer algumas dimensões fundamentais: lealdade,
honestidade, respeito pelas regras, consideração pelos outros e por si mesmo, e
igualdade de oportunidades.

Para alguns, o Espírito Desportivo significa mostrar respeito pelo adversário mesmo
em caso de vitória; para outros, envolve não recorrer a meios desleais para alcançar o
sucesso. Muitos consideram que um jogador ou treinador que não aceita as faltas
atribuídas à sua equipa demonstra uma falta de espírito desportivo.

No que consiste?
• cumprir todas as regras do desporto em causa;
• respeitar o árbitro ou júri e não contestar as suas decisões;
• demonstrar a vontade de ganhar, mas reconhecendo a derrota com dignidade;
• reconhecer a vitória modestamente, sem inferiorizar o adversário;
• reconhecer o bom desempenho ou as boas estratégias do adversário;
• competir com igualdade e conseguir a vitória apenas com esforço e habilidade;
• recusar o uso da batota e da violência ou outras práticas desonestas para conseguir a
vitória;
• dar a mostrar o lado positivo de um erro, encorajando os jogadores após uma
derrota; esforçar-se ao máximo em cada partida;
• demonstrar desportivismo para com os outros, independentemente de serem da
mesma equipa ou adversários;
• gratificar-se com o esforço e com a tentativa, não apenas com ganhar ou perder.

Importância do Espírito Desportivo:


Dado que um dos propósitos do desporto é educar para a cidadania e promover a
integração entre pessoas, comunidades locais e outras nações, o Espírito Desportivo é
fundamental. Para alcançar esses objetivos, é essencial ter um esforço competitivo
combinado com respeito por todos os envolvidos, o que
favorece a integração. Logo no mundo do esporte é
importante que todos possam colher os benefícios da prática
esportiva, desde que sigam as regras estabelecidas.

14
Objetivo do Espírito Desportivo:
O principal objetivo do Fair-play ou Espírito Desportivo é que todos os atletas ou
praticantes de modalidades se esforcem durante os jogos, cumprindo as regras e
mantendo uma conduta alinhada com os padrões éticos, sociais e morais.

Como se manifesta o Espírito Desportivo:

-Respeito pelas Regras:


O Espírito Desportivo começa pelo respeito integral e constante das regras que regem
as diferentes modalidades desportivas. Tais atitudes prejudicam essas atividades e não
contribuem para o que deve prevalecer nelas: o domínio das técnicas, portanto, parece
essencial retomar a prática do desporto de acordo com o espírito das regras.

-Respeito pelo árbitro e aceitação das suas decisões:


Os juízes e árbitros também desempenham um papel crucial na manutenção e
promoção do Espírito Desportivo. Eles devem possuir um profundo conhecimento de
todas as regras da modalidade em questão e aplicá-las com imparcialidade e isenção.
Além disso, é fundamental que sejam coerentes, objetivos e educados ao sinalizar uma
falta.

No entanto, diante da rapidez e da crescente complexidade dos movimentos


desportivos, juízes e árbitros têm cada vez menos tempo para avaliar as situações de
jogo ou os comportamentos dos atletas. Seria benéfico que todos os praticantes
desportivos passassem pela experiência da arbitragem e após um período de
aprendizagem poderiam compreender melhor os desafios enfrentados pelos árbitros
nas competições desportivas.

-Respeito pelo adversário:


Toda modalidade desportiva competitiva envolve a presença de um adversário.
É fundamental respeitar essas pessoas ou equipas, pois a sua presença é crucial para
avaliar as nossas habilidades e verdadeiro valor. Os adversários são parceiros
essenciais para a prática desportiva.

Respeitar o adversário significa permitir que eles mostrem as suas qualidades dentro
das regras do jogo, sem comportamentos desleais. Devemos lhes dar o mesmo respeito
que desejamos receber. Manter o interesse por novas competições com os adversários
permite-nos avaliar o progresso e quem é o melhor. Isso não deve ser uma procura
pela vitória a todo custo, usando meios ilegítimos ou obscuros.

15
- O Desejo de Igualdade:
O desejo por igualdade manifesta-se para que qualquer competição desportiva seja
significativa, é crucial que os adversários em confronto tenham condições iguais.

Essas regras são estabelecidas com um propósito específico: proporcionar igualdade


de oportunidades a todos os competidores em cada competição. O desejo por
igualdade é tão forte que um verdadeiro desportista não procura obter vantagem às
custas da desvantagem do seu adversário.
Os elementos do Espírito Desportivo referem-se às atitudes ou comportamentos em
relação aos outros, a questão da dignidade diz respeito à conduta própria dos
participantes numa competição desportiva. Isso requer uma autocrítica constante e
solicita ao atleta que controle as suas próprias emoções.
Por exemplo, um jogador de futebol que chuta a bola após o árbitro apitar revela uma
falta de controlo por parte desse praticante desportivo.
Logo, manter a dignidade, mesmo após ser derrotado numa competição desportiva,
também é um forte indicativo de Espírito Desportivo! Tanto os atletas quanto os
treinadores têm muito a ganhar ao se comportarem com dignidade em todas as
circunstâncias. Somente assim podem conquistar o respeito de todos.

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Conclusão
Embora o desporto seja fundamental para o desenvolvimento físico, técnico,
educacional e social das crianças e adolescentes, a pressão pela especialização precoce
pode ter consequências negativas. A imposição de uma especialização precoce, muitas
vezes impulsionada por treinadores e pais na procura de sucesso desportivo, pode
levar ao abandono das atividades físicas devido à falta de interesse genuíno por parte
das crianças. Assim, é essencial promover uma abordagem mais abrangente e centrada
no desenvolvimento individual, garantindo que as crianças tenham a oportunidade de
explorar uma variedade de atividades desportivas e desenvolver uma paixão
sustentável pelo desporto ao longo da vida.

"O desporto tem o poder de mudar o mundo. Ele tem o poder de inspirar. Ele tem o poder de
unir as pessoas de uma maneira que poucas coisas têm." - Nelson Mandela

17
Webgrafia
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● https://pt.slideshare.net/danicarvcosta/especializao-precoce-educao-fisica
● https://www.studocu.com/pt/document/ensino-medio-portugal/linguas-e-
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● https://prezi.com/lqqmfswzgprm/a-violencia-dos-espectadores-e-dos-atletas-vs-
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● https://view.genial.ly/6418e627e32440001138a576/presentation-violencia-dos-
espectadores-e-dos-atletas-vs-espirito-desportivo
● https://www.studocu.com/pt/document/universidade-dos-acores/lingua-
portuguesa-ii/a-corrupcao-vs-verdade-desportiva/28984477
● https://www.studocu.com/pt/document/escola-secundaria-d-pedro-v/educacao-
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● https://www.efdeportes.com/efd144/o-abandono-precoce-na-natacao.htm
● https://eco.sapo.pt/2022/05/06/gestores-apontam-politicos-como-principais-foc
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● https://trabalhador.pt/etica-e-deontologia/
● https://www.publico.pt/2021/08/26/desporto/noticia/incidentes-desporto-
subiram-36-epoca-publico-bancadas-1975328
● https://www.apcvd.gov.pt/wp-content/uploads/2020/12/RELATORIO-DE-
ANALISE-DA-VIOLENCIA-associada-ao-DESPORTO-RAViD..pdf

18

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