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CANFABULANDO AS BELEZAS DE MATO GROSSO DO SUL

CANFABULANDO AS BELEZAS DE
MATO GROSSO DO SUL

POSSIBILIDADES BRINCANTES COM BEBÊS (0 A 3 ANOS)

Organizadores
Erika Natacha Fernandes de Andrade
Fabiola Ponton Saadi Salomão
Yasmin Oliveira Cabral
Caroline Caceres
Diagramação: Marcelo A. S. Alves
Capa: Lucas Margoni
Imagem de Capa: Autores
Revisão: Marcos Messerschmidt

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bibliográficas são prerrogativas de cada autor. Da mesma
forma, o conteúdo de cada capítulo é de inteira e
exclusiva responsabilidade de seu respectivo autor.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


ANDRADE, Erika Natacha Fernandes de; SALOMÃO, Fabiola Ponton Saadi; CABRAL, Yasmin
Oliveira; CACERES, Caroline (Orgs.)

Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul: possibilidades brincantes com bebês (0 a 3 anos)
[recurso eletrônico] / Erika Natacha Fernandes de Andrade; Fabiola Ponton Saadi Salomão;
Yasmin Oliveira Cabral; Caroline Caceres (Orgs.) -- Porto Alegre, RS: Editora Fi, 2022.

73 p.

ISBN: 978-65-5917-665-6
DOI: 10.22350/9786559176656

Disponível em: http://www.editorafi.org

1. Atividades; 2. Música; 3. Mato Grosso do Sul; I. Título.

CDD: 370
Índices para catálogo sistemático:
1. Educação 370
SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO 9
Erika Natacha Fernandes de Andrade
Fabiola Ponton Saadi Salomão
Yasmin Oliveira Cabral
Caroline Caceres

1 15
ACALANTO DA ARARA. CANÇÃO DE NINAR PARA OS BEBÊS E PARA AS CRIANÇAS
PEQUENAS

2 19
CASA DE MADEIRA. BRINCADEIRA COM MÃOS, DEDOS E CÓCEGAS PARA DIVERTIR

3 23
VAMOS PASSEAR NO PANTANAL? BRINCADEIRA RITMADA, COM VOCALIZAÇÕES
EXPRESSIVAS E MOVIMENTOS

4 27
DONA ARIRANHA. BRINCADEIRA MUSICAL E COM MOVIMENTOS

5 32
TUCANO DANÇANDO CHAMAMÉ. BRINCADEIRA MUSICAL COM DANÇA E COM
TECIDOS

6 38
MOLONGO, O E.T. BRINCADEIRA MUSICAL PARA COMPOR

7 44
MEU BARCO MÁGICO. BRINCADEIRA MUSICAL E DE IMAGINAÇÃO
8 50
ROCK DO SKATE. CANTO, DANÇA E EXPRESSÃO CORPORAL COM OS PEQUENÍSSIMOS

REFERÊNCIAS 56
APÊNDICE 59
PARTITURAS
APRESENTAÇÃO
Erika Natacha Fernandes de Andrade
Fabiola Ponton Saadi Salomão
Yasmin Oliveira Cabral
Caroline Caceres

Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul, possibilidades


brincantes com bebês (0 a 3 anos) é uma produção desenvolvida no âm-
bito do Grupo de Pesquisa Discursos e Práticas Poéticas na Educação
(CNPq/UFMS), cujas investigações buscam, em uma linha, analisar os
discursos de artistas e de pensadores das ciências humanas no diálogo
com as problemáticas da educação, e, em outra vertente, discutem prá-
ticas pedagógicas com qualidades estéticas nas escolas e nos espaços de
educação social.
Em nossos estudos – Pare e Andrade (2019), Andrade e Santana
(2020), Andrade e Cunha (2020), Oliveira e Andrade (2020), Andrade,
Mercado e Ferreira (2020), Andrade e Coffacci (2022), Andrade, Aponte e
Cabral (2022), Carvalho e Andrade (2022), dentre outros – vimos defen-
dendo o papel do professor e do educador social na fabulação de olhares,
escutas, narrativas, ocupações, relações, corporeidades e movimentos
com poder de rasgar kairoticamente (subversiva e oportunamente) o es-
paço decoroso das instituições educacionais, provocando, assim,
intuições poéticas que inserem os sujeitos em problematizações, explo-
rações, imaginações e criações que alteram o status quo. Entendemos
que nos processos de problematização e de fabulação – que compõem
divinas loucuras –, há a possibilidade da participação dos profissionais
10 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

da educação em experiências com qualidades estéticas que, enfim, lhes


permitem viver a consumação: o sentimento de que o vivido vale a pena,
pois motiva encontros, ações, pensamentos e transformações genuínos
(ANDRADE; CUNHA, 2016; SILVA; CUNHA, 2021).
Em nossos estudos sobre a promoção de experiências com qualida-
des estéticas nos espaços educacionais, o desenvolvimento criativo das
pessoas na relação com a vida, em especial com o viver que garante aces-
sos a repertórios sensíveis e múltiplos, é um tema que nos tem chamado
especial atenção. A luta pelo desenvolvimento profissional de professo-
res/educadores sociais criativos, que desejam a transformação (em
detrimento do conservadorismo), que acreditam que, coletivamente, é
possível encontrar brechas nos sistemas, organizando fabulações e le-
vantes para a tessitura de novas formas de viver, de ensinar e de
aprender, de estar junto etc., implica – necessariamente – a partilha dos
bens culturais. Em outras palavras, é pela partilha dos sensíveis que nos
afastamos dos individualismos estéticos que ditam quem pode, ou não,
viver a percepção estética no concreto, ou, ainda, que ditam quais povos,
coletivos, linguagens ou formas de arte/manifestação cultural são, ou
não, válidos em termos de presença nas escolas, nas instituições, nas
ruas, na vida humana (DEWEY, 2010; RANCIÈRE, 2005).
Quando nos referimos, em específico, aos trabalhos pedagógicos
realizados com bebês e com os pequeníssimos (de 0 a 3 anos), seja nas
creches ou nos espaços extraescolares, a partilha do sensível é impartí-
vel da formação permanente em serviço dos profissionais, inclusive
para que dominem com consciência as especificidades que envolvem o
atendimento à mais tenra infância. São impensáveis ações pedagógicas
com os bebês e com as crianças pequenas que não envolvam os acalan-
tos, os brincos, as parlendas, os cantos, as cirandas, as danças, as
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 11

brincadeiras com expressões e movimentos, quer ritmadas e/ou canta-


das, as histórias dramatizadas e sonorizadas, as apreciações de imagens,
de materiais, de sons, as explorações com tintas, texturas, instrumen-
tos, objetos e universos sonoros, as vivências na natureza, os jogos e as
brincadeiras relacionados com as estéticas, poéticas e visualidades da
cidade, da região, do país, das manifestações dos povos tradicionais bra-
sileiros.
Nos envolvemos em pesquisas e na tessitura de Canfabulando as
belezas de Mato Grosso do Sul: possibilidades brincantes com bebês (0 a 3
anos) pensando, portanto, na partilha sensível e estética junto aos pro-
fissionais que atuam com bebês e com as crianças bem pequenas, no
desenvolvimento criativo dos professores e educadores sociais, e, igual-
mente, no papel potente da música e do movimento para a composição
de propostas pedagógicas com qualidades estéticas, incitando acolhi-
mentos por parte dos adultos, bem como explorações e negociações de
significados pelas crianças (e bebês). Algumas das questões que nos mo-
tivaram, inicialmente, foram: (i) os profissionais das creches e da
educação social conhecem o repertório de canções e de brincadeiras
musicais, expressivas e de movimento que mais envolvem, encantam,
desafiam e impulsionam os bem pequenos (e bebês) a conhecerem e a
criarem o mundo? Ou precisamos falar mais sobre esse repertório, di-
vulgando-o detida e amplamente? (ii) Além da partilha, e da
conservação, dos repertórios que historicamente vêm constituindo a
vida das/com as infâncias, podemos nos inspirar nesse patrimônio, atu-
alizando-o ou até mesmo criando novas canções e novas possibilidades
brincantes, nos valendo de estéticas e necessidades contemporâneas,
locais?
12 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

Nossos posicionamentos foram afirmativos para as duas situações:


devemos partilhar o patrimônio existente e podemos construir outras
possibilidades musicais, visuais, dançantes, dramáticas e poéticas, ins-
pirando-nos na tradição cultural. Desse modo, no movimento de
aprofundar a nossa relação com o patrimônio de canções e de brinca-
deiras cantadas e/ou ritmadas pensadas para as/com as infâncias, e
também de querer viver a criação, nasceu o objetivo do trabalho de pes-
quisa que culminou no presente e-book. Nossa finalidade foi a criação
de canções inéditas e capazes de ensejar experiências musicais acolhe-
doras e brincantes com crianças de 0 a 3 anos, e que também trouxessem
em seus temas, em suas letras e estéticas, as belezas e as singularidades
de Mato Grosso do Sul.
No período de um ano vivemos a pesquisa, a música, as visualida-
des e a criação intensamente! As canções, brincadeiras e vídeos que
trazemos aqui cumprem a função de apresentar os nossos percursos –
e produtos – criativos, e, principalmente, aquecer os desejos dos pro-
fessores e dos educadores sociais de quererem conhecer, apropriar e
criar sonoridades, músicas, gestuais, expressões e movimentos; são ins-
pirações a partir das quais pesquisas podem ser aventadas, projetos e
propostas podem ser construídos, coletiva e autoralmente. Se nunca
pensamos nessa produção como material didático a ser aplicado, tam-
pouco projetamos os vídeos, aqui compartilhados, como meros produtos
a serem vistos pelas crianças (aliás, rejeitamos completamente quais-
quer propostas com os pequeníssimos de 0 a 3 que não envolvam suas
explorações, participações e criações). Entendemos que, na medida em
que professores e/ou educadores sociais se interessarem pelo trabalho
com alguma canção e ou história compartilhada nesse e-book, devido às
sonoridades, aos incentivos brincantes, às poesias que trazem marcas
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 13

de Mato Grosso do Sul etc., haverá, sempre, mudanças, alterações, au-


toria dos profissionais e das crianças.
Precisamos ressaltar, ainda, que Canfabulando as belezas de Mato
Grosso do Sul: possibilidades brincantes com bebês (0 a 3 anos) é o resultado
de uma produção coletiva abarcando as criacionices de uma pedagoga e
professora universitária (Erika Natacha Fernandes de Andrade), de uma
musicista e professora de música (Fabiola Ponton), de uma psicóloga e
artista audiovisual (Yasmin Oliveira Cabral), e de uma graduanda em
Pedagogia, bolsista no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
Tecnológica e de Inovação – PIBITI, ligado à Universidade Federal de
Mato Grosso do Sul (Caroline Caceres). A equipe multidisciplinar de tra-
balho não parou por aí; contamos, ainda, com a participação de
escritores e contadores de história (Delma Rosa dos Santos Bezerra, Me-
lina Melgar e Raphael Ferreira Rodrigues), que construíram textos
literários passíveis de serem vinculados às canções e às possibilidades
brincantes, ampliando o meio de problematização, de significação e de
construção de sentidos. Outras participações, nas criações das canções
e brincadeiras musicais, dizem respeito a um grupo de professoras da
educação infantil pública de Corumbá/MS e a um grupo de crianças que,
em 2019, estavam no pré-encantado da Escola Municipal CAIC Pe. Er-
nesto Sassida, de Corumbá/MS.
Cada capítulo que compõe o e-book é iniciado com teorizações e ex-
plicações das temáticas que fundamentaram as escolhas estéticas,
poéticas, literárias e expressivas das canções e das brincadeiras. Na se-
quência, cada capítulo traz uma poesia ou história, a letra da canção (ou
do texto ritmado), incluindo a notação musical em cifras (quando for o
caso) e, por fim, o link para acesso ao vídeo da canção que dá suporte à(s)
14 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

brincadeira(s) sugerida(s). O e-book ainda inclui, como apêndice, as par-


tituras das músicas criadas.
Canfabular se tornou, para nós, o ato de cantar e fabular (ou vice-
versa) e, também, de confabular ficções, mundos inexistentes, que acre-
ditamos serem passíveis de elaboração em meio às forças coletivas.
Imbuídas, portanto, de ideais que continuamente nos impulsionam a
tramar cenários novos e múltiplos, agradecemos a todos os participan-
tes desta produção, e desejamos aos leitores, especialmente aos
professores e educadores sociais, muita inspiração, muita canfabulação
e criação junto aos bebês e às crianças pequenas, reconhecidamente os
principais protagonistas do trabalho educacional.

Mato Grosso do Sul, primavera de 2022.


1
ACALANTO DA ARARA.
CANÇÃO DE NINAR PARA OS BEBÊS
E PARA AS CRIANÇAS PEQUENAS

Conforme Silva (2016, p. 115), “o repertório da música tradicional


da infância é subdividido em grupos, que se classificam de acordo com
a movimentação, ação, desafio e objeto brinquedo utilizado”. Os acalan-
tos, ou canções de ninar, compõem “o primeiro grupo do repertório da
música tradicional da infância”, abarcando formas musicais cantadas,
com “melodias simples” e “andamentos lentos”, podendo contar, tam-
bém, com “onomatopeias e repetições de vogais” que “favorecem a
monotonia, que leva ao sono” (SILVA, 2016, p. 115).
Embora vários acalantos presentes na cultura brasileira façam alu-
são tanto a seres encantados da noite – os quais quer-se afastados para
não atrapalharem o sono dos pequenos – quanto às durezas das rotinas
dos trabalhos, convidando as crianças a dormirem rapidamente para
que seus cuidadores (as mães, especialmente) possam descansar, Ve-
nâncio (2014) afirma que as canções de ninar, de modo geral, buscam o
desenvolvimento de momentos de afetividade, dos sentimentos de pro-
teção, carinho e bondade. No caso dos bebês, por não estabelecerem,
ainda, uma ligação direta com os conteúdos das palavras, as letras
com realidades difíceis e figuras misteriosas não causam medo; e,
dessa forma, é plausível inferir que o efeito de embalo e de amparo do
acalanto advém, principalmente, do som de duração lenta, da
16 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

expressividade musical, da energia emocional de quem canta, da relação


próxima que é estabelecida com a criança (VENÂNCIO, 2014).
As canções dos acalantos são parte da tradição oral, e, desse modo,
os versos das poesias podem ser reinventados ou atualizados sempre
que se canta, inclusive levando-se em consideração o contexto histó-
rico, social e cultural, que é dinâmico e transformável. Desse modo, na
relação dos sujeitos – crianças e adultos – com a tradição oral, isto é,
com a tradição popular que é passada de geração em geração pela orali-
dade, possibilita-se tanto a conservação do patrimônio cultural quanto
a sua atualização.
“Acalanto da arara” é uma canção de ninar que foi construída na
forma musical binária, com a primeira parte composta em tonalidade
Maior, incitando percepções mais vivazes e alegres, e com uma segunda
parte em tonalidade menor, almejando a ideia de serenidade, pausa,
descanso. Atuando nos berçários, o professor/educador social pode can-
tar com o bebê em seu colo, priorizando um momento de relação
individualizada e direta da criança com o adulto, com vínculos afetivos
fortalecidos, facilitando – e acompanhando – a entrada da criança na
vigília, no sono. Com grupos de crianças um pouco maiores, “Acalanto
da arara” é uma canção que pode ser experienciada coletivamente, fa-
cultando a apreciação e a percepção das diferenças das duas partes da
canção, convidando os pequenos a uma mudança de ritmo nos momen-
tos de agitação, de choro, de incômodos, vislumbrando estados de mais
relaxamento.
Tal como ocorre em “Tucano dançando chamamé” (apresentada
mais à frente), o “Acalanto da arara” tem como referência temática a ave
arara, que traz fascínio para as crianças pequenas, e que é bastante pre-
sente em Mato Grosso do Sul, especialmente na região pantaneira,
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 17

sendo representada em monumentos públicos de diversos municípios.


A canção de ninar acompanha a poesia “No encanto das araras”, cujo
texto dialoga com a letra do acalanto; ao recitar poesias, o profes-
sor/educador social pode ampliar o acesso das crianças a falas que têm
musicalidade, ritmo, métrica e rima, além de possibilitarem outros
acessos visuais, explorações e manipulações no decorrer das contações
e das declamações.

NO ENCANTO DAS ARARAS


Autora: Caroline Caceres

Ara, ara, ara.


Veja como são lindas essas araras.
Azul, vermelho, amarelo e verde.

Ora, ora, ora.


Colorindo a aurora.
Bailando e dançando: veja como são raras!

Bica, bica, bica, as sementes das palmeiras.


Com seus fortes bicos arredondados.
Que lindo de ver!

Voa, voa, voa.


Está voando bem alto.
Na planície e no planalto.
Tem brincadeira e muito mais, até chegar a hora de descansar.
18 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

ACALANTO DA ARARA
Música e letra: Fabiola Ponton

Introdução: D Em A7 D

Parte 1

D Em
Arara, arara voando bem alto

A7 D
Que lindas suas asas colorindo o céu
BIS
D Em
Vermelho, azul, amarelo e verde

A A7 D
Bailando, dançando que lindo de ver

Parte 2

Bm F#m
Voou, voou, voou e agora tem que descansar
BIS
G A A7
Vem amiga, amanhã você brinca mais

Repetir a parte 1

*****

 LINK PARA ACESSAR A CANÇÃO DE NINAR “ACALANTO DA ARARA”


https://youtu.be/jL5ZphrmZrQ
2
CASA DE MADEIRA.
BRINCADEIRA COM MÃOS,
DEDOS E CÓCEGAS PARA DIVERTIR

“A casa de madeira de Tico e Titoca” é uma brincadeira musical


inspirada nos brincos e nas brincadeirinhas que contam histórias. Se-
gundo Silva (2012, p. 147), os brincos são “tão singelos” quanto os
acalantos, “com ritmos e melodias muito simples”, trazendo muitas ve-
zes “movimento de vaivém, numa continuidade do embalar o menino
agora acordado, querendo brincar”.

Os brincos, brincadeiras para entreter e divertir as crianças pequenas, cor-


respondem ao segundo momento da música tradicional da infância. São
sempre feitos por um ou mais adultos. A eles se relacionam os gestos de
balançar, esconder, fazer cócegas, ajudar nos primeiros passos, equilibrar a
criança na palma da mão, sacudi-la e tocá-la de maneira delicada. (SILVA,
2016, p. 116)

Nas brincadeirinhas, por sua vez, “imagina-se que as mãos contam


uma história, dando expressão à voz e aos dedinhos, que dialogam”
(LOUREIRO; TATIT, 2015, p. 67). Os gestos e os toques/entrelaces nos de-
dos, nas mãos, expressam o que a letra da canção diz, com um uso vocal
bem articulado, com ritmo das frases e métrica que dão brilho à histó-
ria, para que as crianças possam vivenciar a fantasia e a imaginação
(LOUREIRO; TATIT, 2015).
“A casa de madeira de Tico e Titoca” traz dos brincos a inspiração
do toque, da brincadeira próxima com o adulto, das cócegas, do embalo
20 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

brincado; das brincadeirinhas traz a relação com o corpo, especialmente


com as mãos, dedos e face, que são corporeidades mais imediatas e
muito exploradas no início da primeira infância, viabilizando o desen-
volvimento do olhar, da escuta, da expressão e do divertimento.
O tema da brincadeira musical, voltado para a casa de madeira, faz
referência à arquitetura de moradias características de Mato Grosso do
Sul, especialmente se nossas andanças se derem pelo interior, seja na
cidade, nas áreas rurais ou nas regiões ribeirinhas. Em suma, como he-
rança das habitações dos povos das águas, dos povos indígenas, das
comunidades localizadas em territórios mais frios sul do Brasil etc., te-
mos paisagens (mesmo em áreas centrais dos municípios) que contam
com a beleza simples, genuína e lúdica das casas de madeira, que ora
constituem-se puramente da madeira, ora integram-se com o concreto
e com outros materiais.
No vídeo de “A casa de madeira de Tico e Titoca” optamos por tra-
zer, além da canção, uma possibilidade de gestuais e de toques, que são
simbólicos e ilustrativos, mas, ao mesmo tempo, buscam romper com
representações mais usuais (ou tradicionais) do texto e das palavras; as-
sim, sugerindo brincadeiras com as mãos, com os toques nos dedos, com
o entrelaçar de dedos, com a batida na palma da mão, sempre com muita
expressividade e rítmica, a brincadeira é finalizada com dedos que pas-
seiam pelo braço da criança, provocando cócegas e, quiçá, o riso.
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 21

A CASA DE MADEIRA DE TICO E TITOCA


Música e letra: Erika Natacha e Caroline Caceres

Introdução: A E A A
A
Com quantas madeiras
E A BIS
Faço a minha casa?

Bm
Olha o Tico e olha a Titoca
E
Que vão martelar
Bm
E as paredes
E
Irão encaixar

A
Toc, toc, toc
E A
Quem será?
A BIS
Tuc, tuc, tuc
E A
Olha lá!

Estão batendo na porta?


Mas, a casa está pronta?
Sim!

Bm
Entram os amigos,
E
22 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

Na casa de madeira
Bm
Fazem uma festa,
E
Com brincadeira

A
Toc, toc, toc
E A
Quem será?
A BIS
Tuc, tuc, tuc
E A
Olha lá!

*****

 LINK PARA ACESSAR A BRINCADEIRA MUSICAL “A CASA DE MADEIRA DE TICO


E TITOCA”
https://youtu.be/qTd_Ac6SaHQ
3
VAMOS PASSEAR NO PANTANAL?
BRINCADEIRA RITMADA, COM
VOCALIZAÇÕES EXPRESSIVAS E
MOVIMENTOS

“Vamos passear no pantanal?” é uma brincadeira musical ritmada,


sem melodia, que tem “como elemento principal a palavra recitada”
(SILVA, 2016, p. 31). Envolvendo a voz proferida com ritmo, “Vamos pas-
sear no Pantanal?” é, também, uma brincadeira com movimentos
específicos, os quais são sugeridos pelo texto, com percussão corporal,
e com a criação de gestuais e de sons vocais expressivos; ainda, é uma
brincadeira de texto cumulativo em que nomes de animais são repetidos
e acrescentados a cada estrofe.

Nas brincadeiras ritmadas, movimento e desafio são palavras de ordem e o


corpo traduz a capacidade da criança de experimentar, inventar, arriscar e
se expressar livremente. Da mesma forma que desafia o corpo, na expecta-
tiva de atingir seus limites, o faz com as palavras, que se tornam
verdadeiros brinquedos. A riqueza da língua materna, a musicalidade da voz
falada, a rima, a métrica e a poesia, a criatividade e a inventividade das cri-
anças, somadas a uma infinidade de movimentos corporais, compõem a
diversidade rítmica do repertório. (SILVA, 2016, p. 81)

O universo temático de “Vamos passear no Pantanal?” faz referên-


cia a animais que são símbolos do bioma pantaneiro: jacaré, onça-
pintada, arara, tuiuiú, pintado e sucuri. No decorrer da brincadeira ou-
tros animais podem ser incluídos, inclusive sugeridos pelo grupo de
24 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

crianças, que terão seus repertórios ampliados na medida em que ouvi-


rem histórias, apreciarem imagens e sonoridades relativas à fauna e à
flora do pantanal.
Em termos organizacionais, “Vamos passear no Pantanal?” foi con-
cebida para ser vivida no grupo, no coletivo, de modo que a ação
dinâmica do brinquedo incite os pequenos a querer gestuar, imitar (os
adultos ou os seus pares), explorar o corpo, os sons, os movimentos, e,
principalmente, a querer criar ações genuínas. Referimo-nos a uma
brincadeira que pode mediar o encontro radical do professor/educador
social com a criança, permitindo ao profissional adentrar “o universo
das coisas e dos movimentos que o(a)s pequeno(a)s observam, exploram
e criam, balizados muitas vezes por interesses emocionais e/ou corpo-
rais”, que transgridem “as lógicas adultocêntricas e representacionais”
(RODRIGUES; ANDRADE; SOUZA, 2022, p. 244).
Seguindo os pressupostos teóricos de Brito (2019), consideramos
que a proposta de “Pantanal” pode ser ampliada, possibilitando às cri-
anças – aos bebês e aos bem pequenos – brincadeiras que busquem a
exploração de instrumentos e objetos sonoros, o envolvimento em ex-
periências de caracterizar animais, inclusive as ações dos bichos, por
meio de expressões rítmicas, ideias melódicas e invenção de sonorida-
des múltiplas (o jacaré que nada lentamente; a arara que voa bem rápido
para se abrigar da chuva; a conversa da onça com a sucuri etc.). Busca-
se a brincadeira sensório-motora, a ação fortuita, em que é possível ex-
plorar, manipular e descobrir o mundo sonoro circundante, levando,
paulatinamente, as crianças ao desenvolvimento do interesse pela re-
presentação corporal do que se ouve ou canta, e até mesmo ao gesto
intencional em que a criança produz um movimento para produzir um
evento sonoro desejado (DELALANDE, 2019).
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 25

VAMOS PASSEAR NO PANTANAL?


Letra: Erika Natacha

Ana foi passear ***


No Pantanal *** no Pantanal ***
E ela viu um jacaré (Clec Clec Clec)
E ela viu uma onça (Ruowwwwww)

João foi passear ***


No Pantanal *** no Pantanal ***
E ele viu um jacaré (clec clec clec)
Uma onça (Ruowwwwww)
E ele viu um Tuiuiú (Flaaappp flaaaaaapppp flaaappp)
E ele viu uma sucuri (szszszszszszszsz)

As crianças foram passear ***


No Pantanal *** no Pantanal ***
E elas viram um jacaré (clec clec clec)
Uma onça (Ruowwwwww)
Um Tuiuiú (Flaaappp flaaaaaapppp flaaappp)
Uma sucuri (szszszszszszszsz)
E elas viram uma arara (Graaaa Graaaa Graaa)
E elas viram um peixe Pintado (pshhhh pshhh)

Nós fomos passear *** ***


No Pantanal *** no Pantanal ***
E nós vimos a bicharada
O Jacaré (clec clec clec)
A onça (Ruowwwwww)
O Tuiuiú (Flaaappp flaaaaaapppp flaaappp)
A sucuri (szszszszszszszsz)
A Arara (Graaaa Graaaa Graaa)
O peixe Pintado (pshhhh pshhh)
26 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

E agora para terminar


Um VIVA para a Bicharada... VIVA
Mais uma vez... VIVA

*****

 LINK PARA ACESSAR A BRINCADEIRA MUSICAL “VAMOS PASSEAR NO


PANTANAL?”
https://youtu.be/epmiRzgBU1M
4
DONA ARIRANHA.
BRINCADEIRA MUSICAL E
COM MOVIMENTOS

“Dona Ariranha” é uma brincadeira musical de autoria de profes-


soras da educação infantil, atuantes na rede pública do município de
Corumbá-MS. A composição foi realizada no âmbito do curso de exten-
são “Movimento e Música na Educação”, cujos encontros formativos
ocorreram na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Campus do
Pantanal (UFMS-CPAN). Partimos do pressuposto de que o trabalho com
diferentes linguagens compõe a especificidade do professor da educa-
ção infantil, e que as brincadeiras da cultura da infância envolvem,
quando não silentes, o movimento e a música. Os encontros formativos
da referida ação de extensão envolveram leituras e discussões, experi-
ências estéticas com repertórios musicais, corporais e expressivos, e
criações de brincadeiras musicais em pequenos grupos.
Para compor “Dona Ariranha”, as professoras se inspiraram na ari-
ranha, animal bastante presente no rio Paraguai e em seus afluentes,
constituintes das regiões alagadas do pantanal sul-mato-grossense.
“Dona Ariranha” remete a uma brincadeira musical cantada, com mo-
vimentos específicos sugeridos pelo texto, contando, também, com uma
canção divertida e de fácil memorização, que incita a vontade dos pe-
quenos de cantar e/ou de vivenciar a oralidade. Quanto à organização
no espaço, “Dona Ariranha” pode ser desenvolvida em roda, de modo
que as crianças participam da ciranda na medida em que as ações
28 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

sugeridas pela canção são criadas e desenvolvidas, podendo também ser


realizada no grupo, para que os pequenos se movimentem livremente
no espaço enquanto criam seus gestuais expressivos.
No que tange aos seus objetivos, a brincadeira com “Dona Arira-
nha” pretende contribuir para o desenvolvimento sensível, rítmico,
auditivo e oral das crianças pequenas, propiciar o movimento corporal
por meio da música e facultar o brincar com a música e com o movi-
mento. A despeito de indicar ações que fazem parte do modo de vida da
ariranha – andar, nadar, mergulhar, rolar, barulhar, descansar –, o
texto da canção é aberto, e, assim, o grupo de crianças pode investigar
outros hábitos do animal, criando possibilidades para a expansão da
canção.
“Rolé da dona Ariranha” é uma história para acompanhar a brin-
cadeira musical “Dona Ariranha”; a autora, Melina Melgar, constrói um
texto que brinca com um vocabulário específico da região pantaneira,
trazendo outros animais que habitam o estado de Mato Grosso do Sul,
estando, alguns deles, em risco de extinção. Conforme Ponso (2011), con-
cebe-se que a música e literatura são áreas do conhecimento
importantes de serem mobilizadas e intercambiadas junto ao brincar,
em prol de ações pedagógicas interdisciplinares – isto é, sem barreiras
e isolamentos entre as áreas do saber –, e que não desmerecem a rele-
vância de uma canção, de uma música, de uma obra literária enquanto
produção artística em si; pelo contrário, compreende-se que é em meio
a essa intersecção que as crianças apropriam e criam cultura, a exemplo
dos processos vividos pelos próprios artistas que desenvolvem suas es-
téticas e suas poéticas no diálogo plural, envolvendo diferentes
manifestações da arte.
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 29

ROLÉ DA DONA ARIRANHA


Autora: Melina Melgar

Como todos os dias, dona Ariranha acordou bem animada ao som das araras!
Colocou uma saia laranjada e foi se encontrar com a Onça Pintada.
Foi contente andando, encontrou seu Jacaré, e acabou se atrasando.
Talvez o café com a Onça vai ficar para outro dia, tendo em vista que a conversa
ali só se estendia.
Seu Jacaré fez um convite: passear no corixo e fazer um delicioso piquenique!
No meio do caminho, encontraram a dona Capivara, que já estava há dias pela
estrada, e queria dar uma nadada.
Então, dona Ariranha e seu Jacaré resolveram mudar de planos; decidiram chamar
para nadar, o Tucano.
Um pouco mais adiante, encontraram o senhor Tamanduá resmungando, porque
o calor estava aumentando.
Dona Ariranha, seu Jacaré, dona Capivara e o Tucano chamaram o senhor Taman-
duá para também nadar, e só assim ele parou de reclamar.
E todos foram buscar os amigos que faltavam.
Dona Ariranha nem imaginava, mas dona Onça estava muito chateada.
Também pudera, quem é que se atrasa?
Dona Onça já estava ficando com aquela cara de brava!
O Tucano que estava em cima do acuri, viu dona Onça, e ficou preocupado.
Saiu voando e contou para Dona Ariranha o que tinha observado.
Dona Ariranha e os outros animais sabiam que: onde há diálogo, guerra não se faz!
Decidiram ir conversar com dona Onça e selar a paz!
Conversaram e colocaram tudo em pratos limpos!
E através do diálogo, o que aconteceu entre dona Ariranha e dona Onça ficou re-
solvido.
Depois do acontecido, pra comemorar, um banho no rio era merecido!
Ao chegar no rio Paraguai, dona Ariranha só queria saber de nadar, mergulhar e
rolar.
Seus amigos, com ela não paravam de brincar.
Dona Ariranha não parava um segundo de barulhar. E dizia bem alto, que dos seus
amigos ela não irá se separar!
30 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

Depois de um dia divertido como esse, ao retornar para sua casa, dona Ariranha
só pensava em uma coisa, descansar para um novo dia começar!

DONA ARIRANHA
Música e letra: Professoras da educação infantil de Corumbá-MS

Introdução: A E A E A

A E
Dona Ariranha saiu para passear
A
Preste atenção que agora vai... Andar.

A E
Dona Ariranha saiu para passear
A
Preste atenção que agora vai... Nadar.

A E
Dona Ariranha saiu para passear
A
Preste atenção que agora vai... Mergulhar.

A E
Dona Ariranha saiu para passear
A
Preste atenção que agora vai... Rolar.

A E
Dona Ariranha saiu para passear
A
Preste atenção que agora vai... Barulhar.
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 31

A E
Dona Ariranha saiu para passear
A
Preste atenção que agora vai... Descansar.

*****

 LINK PARA ACESSAR A BRINCADEIRA MUSICAL “DONA ARIRANHA”


https://youtu.be/HwIVNcEYTU8
5
TUCANO DANÇANDO CHAMAMÉ.
BRINCADEIRA MUSICAL COM
DANÇA E COM TECIDOS

Vários municípios de Mato Grosso do Sul contam com monumen-


tos que demarcam a entrada nos espaços urbanos da cidade. O tucano, a
arara e o tuiuiú são animais constantemente representados nesses mo-
numentos. A canção “Tucano dançando chamamé” traz como
referências temáticas os monumentos públicos de municípios de Mato
Grosso do Sul, o tucano enquanto ave típica do pantanal, e o chamamé
como ritmo musical que paz parte da cultura sul-mato-grossense.
Com “Tucano dançando chamamé” sugere-se uma brincadeira mu-
sical em que as crianças dançam com tecidos coloridos (um material não
estruturado), explorando e criando gestos, movimentos, bailados e ex-
pressões, fabulando um contexto recheado de cor e maleabilidade.
Delalande (2019) explica que o movimento é imprescindível para que
o brinquedo/o jogo musical aconteça, pois, além de as sonoridades
também serem movimentos, o ato de gestuar aguça a sensorialidade
das crianças, a vontade dos pequenos de perceber e de controlar va-
riações (com o corpo, com a expressão facial, com instrumentos e
objetos sonoros), e de querer alcançar um resultado individual e/ou co-
letivo.
Dessa forma, em “Tucano dançando chamamé”, a criação do movi-
mento corporal é priorizada e concebida como uma linguagem, em que
o gesto é um signo, expressando sentidos pessoais, ou significados
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 33

acordados coletivamente; o corpo, por sua vez, é compreendido como o


suporte de uma linguagem, manifestando aspectos da cultura em que o
sujeito está inserido (EHRENBERG, 2014). No encontro entre a música e
a dança, propicia-se mobilizações corporais significativas em que as cri-
anças são colocadas frente a novos desafios; ao ter um objeto nas mãos
– para tocar ou para gestuar –, a criança toma posse do corpo, do movi-
mento e do som; a criança escuta com as mãos, dança com a voz,
sonoriza com o corpo e movimenta-se distinguindo nuances musicais.
Experiências com a canção “Tucano dançando o chamamé” podem
ser vinculadas à vivência literária propiciada por “Os sons do meu quin-
tal”, de Delma Bezerra, cujo texto aborda, de maneira delicada, as
relações entre natureza, exploração sonora e imaginação. A história “Os
sons de meu quintal” pode ser contada com sonorizações, de modo que
o professor/educador social faz uso de instrumentos, objetos sonoros,
sons corporais, elementos naturais, objetos do cotidiano etc. para criar
efeitos sonoros: marcar personagens, simbolizar ações, contextos, sen-
timentos e eventos diversos. As histórias sonorizadas, ou as histórias
com música (quando um conto/uma narrativa incorpora uma canção em
sua estrutura), compõem, conforme Silva (2016), um grupo significativo
do repertório musical da cultura da infância.

OS SONS DO MEU QUINTAL!


Autora: Delma Rosa dos Santos Bezerra

Era uma vez um menino curioso e de ouvido atento. Ele estava


sempre prestando atenção nos sons e nos barulhos à sua volta.
Sempre quando escutava algum som diferente, perguntava:
- O que isso, mamãe?
34 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

A mãe respondia:
- Deve ser o vizinho mexendo no quintal!
O menino dizia bem baixinho:
- Não é, não é! Mas eu vou descobrir o que é!
E corria para perguntar para o irmão:
- O que é isso?
O irmão, que estava ocupado brincando, respondia:
- Eu não ouvi nada, mas deve ser o barulho da televisão!
O menino dizia bem baixinho:
- Não é, não é! Mas eu vou descobrir!
E corria para perguntar para o pai:
- O que é isso, papai?
Imaginando que o pai inventaria qualquer resposta só para que fi-
casse quieto, como fez a mamãe e o irmão, o menino curioso, antes que
o pai falasse que era não sei lá o que, já se preparou para dizer bem alto:
- Não é, não é! Mas eu vou descobrir!
Mas, para a surpresa do menino curioso, o pai, que era músico e tam-
bém gostava de brincar com sons e de cantar músicas, ao invés de dar
uma resposta rápida e sem graça para que o menino curioso ficasse qui-
eto, fez um convite bem inusitado para a criança.
O pai disse:
- Vamos até o quintal descobrir de onde vêm esses sons?
O menino, apesar de não estar esperando o convite, aceitou-o ra-
pidamente.
Lá, no quintal, pai e filho começaram a perceber que, na verdade, o
que o menino pensava ser barulho, era o canto de vários pássaros que
se aconchegavam nas árvores, no final do dia.
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 35

Percebendo isso, o pai propôs uma brincadeira, que se tornou a


brincadeira favorita do menino curioso dali em diante. A brincadeira
era produzir com a boca os sons das aves para que outra pessoa desco-
brisse de qual pássaro era aquele canto.
O menino foi o primeiro a produzir o som. O som que ele emitiu foi:
- Reco-reco! Reco-reco!
O Pai nem precisou pensar muito e respondeu:
- É o grasnar da arara!
O menino não acreditou que o pai acertou de primeira e já emitiu
outro som assim:
- Piu piu piu! Piu Piu Piu!
O Pai respondeu:
- É o chalrear do periquito!
O menino estava impressionado com o pai porque ele estava acer-
tando todos os sons.
Foi, então, que o pai propôs de inverter a brincadeira, agora, era o
menino que tinha de adivinhar os sons.
O pai fez este som:
- Tri tri tri! Tri tri tri!
O menino curioso parou, pensou, mas não conseguiu saber qual ave
emitia aquele som.
Então, ele pediu uma dica.
O pai disse:
- Esta ave, geralmente, tem plumagem preta e branca.
O menino curioso respondeu:
- Mas aí fica difícil porque muitos pássaros têm plumagem preta e
branca!
- Dê-me outra dica. O menino disse.
36 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

O pai pensou, pensou e resolveu dar outra dica, mas como ele era
músico, resolveu dar a pista cantando uma canção que ele inventou na
hora com um ritmo muito conhecido na região onde moram.
A música que o pai cantou foi “Tucano dançando o Chamamé”, de
Érika Natacha e Fabíola Ponton:
Tuturu tucano, tuturu tucano
Bate, bate as asas e os pés
Tuturu tucano, tuturu tucano
Dança, dança, dança o chamamé

Roda, roda, roda, Roda bem ligeiro


Bica, bica, bica lá no mamoeiro
Pula, pula, brinca lá no oco, oco
Voa, voa, baila um bailado louco

Tuturu tucano, tuturu tucano


Bate, bate as asas e os pés
Tuturu tucano, tuturu tucano
Dança, dança, dança o chamamé

Tuturu Tucano
Tuturu Tucano

No final da música, depois de se divertirem muito dançando e can-


tando, o pai perguntou:
- E aí, que som é este? De qual pássaro é esse canto?
O menino respondeu dançando e cantando:
- Tu-tu-ru Tu-ca-no! Tu- tu-ru Tu-ca-no!
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 37

TUCANO DANÇANDO CHAMAMÉ


Música e letra: Erika Natacha e Fabíola Ponton

Introdução: C G7 C

Parte 1
C
Tuturu tucano, tuturu tucano
G7
Bate, bate as asas e os pés BIS

Tuturu tucano, tuturu tucano


C G7 (C7)
Dança, dança, dança o chamamé

Parte 2
F C
Roda, roda, roda, Roda bem ligeiro
G
Bica, bica, bica lá no mamoeiro
F C
Pula, pula, brinca lá no oco, oco
G G7
Voa, voa, baila um bailado louco

Repetir a parte 1
C
Tuturu Tucano, Tuturu Tucano

*****

 LINK PARA ACESSAR O VÍDEO-CANÇÃO DE “TUCANO DANÇANDO O CHAMAMÉ”


https://youtu.be/pH7Y5nQ0oc4
6
MOLONGO, O E.T.
BRINCADEIRA MUSICAL PARA COMPOR

“Molongo, o E.T” é uma canção e uma brincadeira musical que


nasce da pesquisa de mestrado Vivências e formação estética na pré-es-
cola, de Maria Franciane Bezerra de Oliveira, defendida no Programa de
Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal de Mato Grosso
do Sul, Campus do Pantanal (PPGE UFMS-CPAN). O objetivo da pesquisa
foi compreender fundamentos com potencial para delinear a qualidade
estética das vivências educativas e propulsionar a formação estética das
crianças pré-escolares. O processo metodológico da pesquisa levou em
conta a imprescindibilidade de considerar e refletir as vozes e os olhares
das crianças. Desse modo, com inspiração nas metodologias de pesquisa
com crianças, a investigação contou com a organização de atividades
especiais para que as crianças de cinco anos falassem sobre o que há de
bom, legal e encantador no dia-a-dia da escola, bem como o que eles
gostam de fazer e, de ter, na pré-escola. Tais atividades foram: (1) his-
tórias para completar, (2) fotografias tiradas pelas crianças e (3)
brincadeira musical para compor (OLIVEIRA, 2021).
Na pesquisa, a terceira proposta de conversa com as crianças do
pré-encantado, da Escola Municipal CAIC Pe. Ernesto Sassida, de Co-
rumbá/MS, foi, portanto, incentivada por uma brincadeira musical.
Aninha e Dudu, dois personagens representados por bonecos de pano
grandes visitaram as crianças do pré-encantado e falaram sobre o
amigo Molongo, um extraterrestre, diferente, que acabou de chegar ao
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 39

Planeta Terra. Por meio de uma canção abordando a chegada do perso-


nagem Molongo, as crianças foram incentivadas a cantar, a dançar, a
criar e a completar a letra da canção, indicando o que é bom e legal e
que, então, Molongo irá gostar de fazer com os adultos e com as crianças
aqui, no Planeta Terra (OLIVEIRA, 2021).
Na roda de música vivida junto ao pré-encantado, apresentaram-
se imensas possibilidades para as crianças expressarem seus gostos e
preferências, não só relacionados à escola, mas à vida em geral. Na pes-
quisa, sobre o que Molongo faria de bom na Terra, as crianças citaram:
brincar, correr, cantar, estudar, ler um livro, comer um bolo de choco-
late, brincar de esconde-esconde, dançar, ouvir Patati-Patatá, brincar
de pique alto, jogar bola e fotografar. No entanto, uma criança do pré-
encantado apresenta para Molongo uma vivência que exprime o que de
melhor podemos fazer na Terra: amar! A menina de cinco anos mostra
que o amor – fazer as coisas com amor, acolher o outro com amor, re-
lacionar-se com amor etc. – é uma vivência imprescindível nas escolas
de educação infantil, e mesmo no mundo, tocando cada um/a particu-
larmente, provocando emoções e ligações que culminam na construção
de mais saberes e de novos afetos (OLIVEIRA, 2021).
“Molongo, o E.T” é, em suma, uma canção e uma brincadeira musi-
cal de autoria da pesquisadora e mestre em educação Maria Franciane
Bezerra de Oliveira e das crianças que, em 2019, estavam no pré-encan-
tado da Escola Municipal CAIC Pe. Ernesto Sassida, de Corumbá/MS. A
brincadeira musical para compor “Molongo, o E.T” incentiva as crianças
– inclusive as bem pequenas, com até 3 anos, que iniciam na fala – a
imaginarem como poderia ser a sua continuação; podemos dizer que é
uma brincadeira que incita o movimento, a conversa, a criação, a ex-
pressão e a vivência do sentimento de autoria.
40 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

No vídeo “Molongo, o E.T”, preferimos gravar a canção com os


acréscimos – ou melhor, com a composição final – das crianças do pré-
encantado; todavia, nossa principal intenção é compartilhar com pro-
fissionais da educação – professores e educadores sociais – a ideia de
brincadeiras musicais que convidem as crianças a manterem-se ativas,
a relacionarem-se com o universo musical e sonoro, apropriando-o
como linguagem que lhes permitem criar as suas próprias expressões.
No trabalho junto aos pequenos, as conversas (que envolvem pala-
vras, corpo, expressões, gestos), as histórias, as brincadeiras etc., são
bases fundantes para a criação – lembrando que o ser humano não cria
a partir do nada. Por isso, compartilhamos, também, a possibilidade de
uma contação de história antes da brincadeira musical para compor; a
ideia é que as crianças partilhem experiências lúdicas e dialógicas,
abundantes em trocas, de modo que se sintam confortáveis para criar
na roda em que a brincadeira musical é desenvolvida. Na história “Um
domingo com Molongo”, Caroline Caceres faz uma apresentação do
novo amigo extraterrestre, convidando o/as pequeno/as a conversarem
e imaginarem coletivamente sobre as brincadeiras, gostosuras, sape-
quices e invencionices que Molongo poderá vivenciar no Planeta Terra;
a história é elaborada em meio a um diálogo íntimo com o que fora pro-
posto pelas crianças do pré-encantado.

UM DOMINGO COM MOLONGO


Autora: Caroline Cáceres

Todos os finais de semana, Aninha vai ao parque público, constru-


ído em uma praça que fica próxima à sua casa. Mas, nesse último
domingo, a brincadeira no parque foi bem especial.
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 41

Aninha encontrou Dudu, seu colega de escola, e a Gabriela, uma


amiga que reside na aldeia Guarani-Kaiowá e passa alguns finais de se-
mana na cidade; ela também encontrou a Carol, que chegou recentemente
do Haiti e o Paulo, nascido no Brasil, mas cuja família veio de Angola.
Quanta animação! Quanta brincadeira! Quanto movimento!
Os amigos desenham com gravetos no chão de areia, soltam pipas
e colorem o céu, balançam, soltam suas risadas e gargalhadas.
Às vezes surgem discussões, mas nada que pare a brincadeira ou
atrapalhe as parcerias. Sempre tem corrida de pega-pega, e, ainda, es-
calada nos brinquedos do parque com direito a jogo de imaginação.
- Quem será o pirata?
- Eu vou defender o castelo!
- Meu escudo é invisível!
Mas... Por que nesse domingo a brincadeira de Aninha e das crian-
ças no parque foi particularmente especial?
Aninha levou seu amigo imaginário... Aliás, nem tão imaginário
mais, pois foi pela menina arquitetado e costurado.
- Quem é ele?
Aninha contou. Ela contou com tanta empolgação que até drama-
tizou.
- Este é o Molongo, meu amigo de um planeta distante, localizado
bem para lá das curvas da imaginação. Meio estrela, meio coração, Mo-
longo é pura emoção. Tem azul, tem lilás e também tem o verde do mar.
Suas antenas lhe permitem comunicar. E tem mais! Sua forma, tão linda
de irregular, guarda o som da criação, um tilintar que nos dá vontade de
cantar.
Molongo cativou e a narrativa de Aninha fascinou. Meninas e me-
ninos se puseram a conversar com Molongo, a desbravar seus mistérios.
42 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

As crianças se interessaram pela vida de Molongo, lá pelas bandas do


planeta longínquo, e decidiram apresentar para o amigo Extraterrestre
o que aqui, na Terra, ele irá gostar de fazer.
Brincar. Correr. Estudar. Cantar. Dançar. Comer bolo de chocolate.
Ler um livro. Divertir-se no pique-alto. Jogar bola. Encontrar o Patati e
o Patatá. Se aventurar no esconde-esconde. Fotografar.
O que mais Molongo gostará de fazer no Planeta Terra?
Foram muitas as ideias e as sugestões das crianças para a diversão
de Molongo no planeta Terra. E os pitacos não pararam por aí. O melhor
ainda estava por vir. Para tudo ser radical e legal, para qualquer brinca-
deira e poesia funcionar, as crianças disseram, ao final, que Molongo
também iria gostar de AMAR.

MOLONGO, O E.T.
Música e letra: Maria Franciane Bezerra de Oliveira e Crianças da Turma Pré Encan-
tado (2019), da Escola Municipal CAIC Pe. Ernesto Sassida, Corumbá-MS.
Arranjo: André Henrique Teixeira B. de Oliveira

Introdução:
G#m F# G#m
La, la, laa, la, la, la. La, la, laa, la, la, la. La, la, laa, la, la, la. La, la laaaa

G#m
Pongo, Molongo, Pongo
G#m
Pongo, Molongo, Pongo
G#m
Molongo quer saber o que, no planeta é bom?

F#
Agora adultos e crianças vão dizer,
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 43

G#m
O que Molongo vai gostar de fazer?

G#m
Logo entre nesta roda!
G#m
Logo entre nesta roda!
F# G#m
E diga já, o que Molongo Pongo vai gostar?

G#m
O que Molongo vai gostar de fazer?
G#m
O que Molongo vai gostar de dizer?
F#
O que Molongo vai gostar...
G#m
Diz aí [o nome da criança 1 / aguardar a criação da criança].
G#m
Diz aí [o nome da criança 2 / aguardar a criação da criança]. REPETIR
G#m
Diz aí [o nome da criança 3/ aguardar a criação da criança].
G#m
Molongo vai gostar de [o que a criança 1 disser].
G#m
Molongo vai gostar de [o que a criança 2 disser].
F# G#m
Molongo vai gostar de [o que a criança 3 disser]

*****

 LINK PARA ACESSAR A CANÇÃO “MOLONGO, O E.T.”


https://youtu.be/DAw2JJ8PPaU
7
MEU BARCO MÁGICO
BRINCADEIRA MUSICAL E
DE IMAGINAÇÃO

Conforme Silva (2012), os acalantos, ou canções de ninar, são re-


pertórios que propiciam o primeiro contato da criança com a música
criada, cultural e historicamente, para a infância, atendendo às neces-
sidades dos bebês, ou dos pequeníssimos, de acalanto, de embalo, de
ajuda no momento da travessia do sono. Ainda na primeira infância,
as crianças passam a se interessar pelos brincos, realizados pelos pais,
família extensa, ou educadores, “com a finalidade de distrair ou diver-
tir os pequenos”, à exemplo de “bambalalão, pinhém-pinhém,
cavalinho, serra-serra, cadeirinha de fom-fom, durin-durin” (SILVA,
2012, p. 147).
As crianças “crescem mais um pouco e é hora das histórias. Histó-
rias de bichos, de príncipes e princesas, de fadas e bruxas; de
encantamento, de exemplo, de adivinhação; contadas e cantadas”
(SILVA, 2012, p. 148). A brincadeira musical “Meu barco mágico” se ins-
pira nos repertórios musicais que encorajam as crianças a se
envolverem em brincadeiras com objetos – por exemplo, com cones fle-
xíveis (ou outros materiais) –, com movimentos, os quais podem ser
sugeridos pelo texto da canção, e, igualmente, em histórias, faz-de-
conta, imaginação e adivinhação.
“Meu barco mágico” é, então, uma brincadeira musical que envolve
o canto, a criação de gestos, a vivência da fantasia e o encantamento,
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 45

pois lida-se com um objeto não estruturado que representa um barco, e,


também, com uma ideia de barco que se transforma em outras coisas. A
canção traz sugestões para a transformação fantástica do barco, convi-
dando as crianças para poetizarem outras possibilidades, ao mesmo
tempo em que as incita a criarem as suas danças. O tema do barco faz
referência a um meio de locomoção importante nas regiões ribeirinhas
e pantaneiras, bem como em outras regiões de Mato Grosso do Sul, com
uma geografia cortada por rios abundantes.
A criação de “Meu barco mágico” – tendo sempre em consideração
a importância de oferecermos mais oportunidades para as crianças pe-
quenas conhecerem os materiais e os meios que disponibilizarão para
brincar, criar, inventar e fazer de conta – acompanha uma história, “In-
venteira”, que é composta por várias adivinhas, cujas respostas se
referem às possibilidades de transformação do barco mencionado na
canção; a sugestão é a de criar um contexto de contação de história bem
brincante, já com a manipulação de um material (a exemplo dos cones
flexíveis), inclusive para que as crianças já se sintam à vontade para ela-
borar movimento, explorar o objeto, fazer de conta que o material que
manipulam é uma outra coisa, falar da imaginação, do que escutam, do
que veem, ou do que sentem.

INVENTEIRA
Autora: Erika Natacha Fernandes de Andrade

O que é, o que é?
Se move na água e dentro dele eu passeio
Os pescadores o utilizam sem receio
E espera-se que de alegria volte sempre cheio.
[Barco].
46 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

O que é, o que é?
Não é pássaro, mas voa bem alto.
Faz curvas no céu, mas não é peralto.
Dentro dele, eu fico bem acima do planalto.
[Avião].

O que é, o que é?
Nós o usamos para cantar.
Seu volume é regulado e não é preciso gritar.
Junto da música, a sua função é encantar.
[Microfone].

O que é, o que é?
Pode ser pequeno ou grande.
Na cabeça, equilibrado se garante
Para que eu vá avante.
[Chapéu].

O que é, o que é?
Com ele, eu posso ligar lá do Pantanal.
Para dar um alô, um bom dia ou até para falar algo nada convencional.
Por exemplo, falar das minhas brincadeiras malucas para todo pessoal.
[Telefone].

O que é, o que é?
Pode ser frio ou quentinho.
Com sua água, limpa nosso corpo com carinho.
Debaixo dele, o banho pode ser barulhento ou quietinho.
[Chuveiro].

O que é, o que é?
Nada, nada e nada lá no rio.
Lá na curva, onde as águas se encontram, sempre faz um desvio.
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 47

Sou livre, vivo na natureza e, por isso, me acham arredio.


[Peixe].

O que é, o que é?
Nos braços podemos acalantar.
Com ela, também podemos brincar.
De faz-de-conta e de amar.
[Boneca].

O que é, o que é?
É um instrumento musical.
Tem seis cordas e faz um som bem legal.
Com ele eu faço um som bem original.
[Violão].

O que é, o que é?
Eu uso para aquecer a minha mão.
E a minha mão fica linda, como a de um artesão.
O frio por ela, não passa não.
[Luva].

MEU BARCO MÁGICO


Música e letra: Erika Natacha
Introdução: C Dm G C

Dm G
O que ele é?
C
O que ele faz? Parte 1
F G Am
Meu barco mágico que vira tudo mais...
F G C
Meu barco mágico, o que você vai virar?
48 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

F
Um avião, que legal, um avião
G7
Pra lá, pra cá
G6 C
Mas, que legal, um avião

F
Um microfone, que legal, um microfone
G7
Pra lá, pra cá
G6 C
Mas, que legal, um microfone

F
Um chapéu, que legal, um chapéu
G7
Pra lá, pra cá
G6 C
Mas, que legal, um chapéu

Parte 1

Um peixe, que legal, um peixe...


Uma chuveiro, que legal, um chuveiro...
Uma boneca, que legal, uma boneca...

Parte 1

Uma luva, que legal, uma luva...


Um telefone, que legal, um telefone...
Um violão, que legal, um violão...

Parte 1
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 49

*****

 LINK PARA ACESSAR O VÍDEO-CANÇÃO “MEU BARCO MÁGICO”


https://youtu.be/coZRLlDbP6Q
8
ROCK DO SKATE.
CANTO, DANÇA E EXPRESSÃO
CORPORAL COM OS PEQUENÍSSIMOS

No campo da educação e das investigações sobre desenvolvimento


humano parece haver um reconhecimento dos laços profundos que
unem o corpo e o movimento à formação do indivíduo. Os processos de
subjetivação ocorrem nas interações com o meio, cujo acesso ocorre
pela mediação dos mais experientes e pelo uso dos instrumentos e sig-
nos culturais. O corpo é reconhecido como o primeiro, mais natural e
concreto patrimônio que o ser humano possui; por meio do seu corpo,
cujos movimentos são organizados de tal e tal maneira devido à influên-
cia do ambiente, a criança apropria os valores, normas e costumes
sociais do meio cultural, em um “processo de inCORPOração” (DAOLIO,
1995, p. 39).
A qualidade corpórea de um coletivo, e de seus indivíduos, diz res-
peito, portanto, a formas de utilizar o corpo e a expressões que não são
universais, mas constituídas na relação com as condições sociais, histó-
ricas, políticas e ideológicas que compõem a cultura. Desde o início da
vida, independentemente da escola, o ser humano participa de uma
educação corporal, haja vista que as tradições corporais, os valores e
conceitos sobre o corpo, ou as percepções – e gostos – acerca do que é
belo e adequado em termos de ação, dizem respeito a apropriações cul-
turais, que compõem a corporeidade das pessoas e suas representações
mentais acerca do movimento (DAOLIO, 1995).
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 51

As manifestações da linguagem corporal são sistematizadas, cria-


das, coordenadas, organizadas, e até hierarquizadas, na relação com
uma cultura corporal, cujos discursos, crenças e práticas dialogam com
os valores da cultura mais ampla. A cultura corporal compõe os proces-
sos de subjetivação na medida em que a ação significativa entre pessoas
– a operação interpsicológica – é transformada em um processo intra-
pessoal – em uma operação intrapsicológica, que por sua vez também
será transformada em meio às explorações e ligações imaginárias que o
sujeito tece. De todo modo, pode-se dizer que as capacidades dos indi-
víduos, no que tange à linguagem do corpo e do movimento, estão
relacionadas com suas participações em atividades sociais que oportu-
nizam mais ou menos apreensões das produções humanas; também se
relacionam com as oportunidades que as pessoas têm para entender as
funções sociais, razões de ser e desenvolvimentos históricos das práti-
cas corporais (NEIRA; NUNES, 2006; EHRENBERG, 2014).
A dança, “em coerência com uma educação não opressora”, identi-
fica o corpo, o movimento, a expressividade, e mesmo o gosto, como
materiais e processos que estão em constante construção e reinvenção
(FALKEMBACH, 2012, p. 60). Além de nossos cinco sentidos, contamos
com o sentido “cinestésico”, que não se relaciona com “um órgão espe-
cífico responsável por sua percepção (como os olhos, ou o ouvido), mas
cuja percepção está espalhada por todo o nosso corpo, por todas as nos-
sas articulações” (FALKEMBACH, 2012, p. 63). Vivendo a dança,
desenvolvemos essa capacidade cinestésica de sentir o corpo, e, ainda,
de ler, de significar e de atribuir sentidos ao corpo que gestua, usa o
espaço e expressa.
52 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

Em vez de articular palavras, a dança trabalha com a articulação da mate-


rialidade do corpo. É a articulação das partes do corpo, mas também das
qualidades de peso, tempo, espaço e fluxo do movimento. Quando Laban diz
que a dança é a linguagem do mundo do silêncio, ele não quer dizer que é
inaudível, mas que é a linguagem daquilo que não conseguimos dizer com a
articulação das palavras. A dança, como toda arte, tenta expressar aquilo
que não conseguimos dizer. E sabemos que é muito difícil expressar o que
sentimos. Por vezes impossível. (FALKEMBACH, 2012, p. 63)

“Rock do skate” é uma canção elaborada a partir das estéticas e das


poéticas do grafite e do esporte (ou da arte do movimento) do skate. Na
capital e em cidades do interior de Mato Grosso do Sul, há praças em
que crianças, adolescentes e jovens vivem a cultura do skate, criando
movimentos que parecem danças; o público também se envolve, obser-
vando, admirando, torcendo, gritando, vocalizando e até criando
expressões gestuais e corporais que comunicam liberdade, apreensão,
comemoração etc. Para compor a canção utilizamos o ritmo do rock, que
também dialoga com os estilos e modos de vida urbanos, além de ser
bastante dançável e animado.
Sugerimos que a canção “Rock do skate” seja vivida mediante o
canto, e, igualmente, para promover a exploração do corpo, do sentido
da cinestesia, da criação de danças. Quais movimentos temos no es-
porte/na arte do skate? Joelhos dobrados, braços arqueados e corpo que
equilibra enquanto balança; pé em cima do skate e outro pé/perna que
toca o chão, impulsionando o movimento; corpo que ondula quando se
desce a rampa com o skate; pulos e giros variados... E, por falar em giro,
como nosso corpo pode expressar o giro que está presente nas rodinhas
do skate? Mediante o corpo que roda no espaço; pelas mãos que tecem
desenhos circulares no ar; mediante as cirandas que se formam quando
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 53

entrelaçamos nossas mãos às dos colegas... Enfim, são múltiplas as pos-


sibilidades de exploração da canção e do universo do skate pelo corpo e
pelo momento dançante.
A poesia “Magia do skate”, de autoria de Raphael Ferreira Rodri-
gues, é uma sugestão de texto a ser recitado e apreciado, já utilizando o
corpo como recurso, tecendo uma passagem delicada para as danças que
serão criadas em “Rock do skate”. Dançando no coletivo, as crianças cri-
arão repertórios corporais e visuais, ampliando gostos, percepções e
significações, desenvolvendo confiança em suas possibilidades expres-
sivas.

A MAGIA DO SKATE
Autor: Raphael Ferreira Rodrigues

Gira acelerada,
igual crescer.
Olhe, que beleza,
o amor da criança
explorando o viver.
(Descobrir-se)

O sol esquentou a pista.


acelerou mais ainda.
Sentindo essa brisa,
percorreu toda a pista
em cima do skate

Tudo ficou diferente.


Isso deu pra ver.
No sorriso pequeno.
que acelera e cresce,
contente.
54 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

ROCK DO SKATE
Música e letra: Fabiola Ponton
Introdução: Cm (4x)

Cm
Este é o rock do skate vem cantar
Este é o rock do skate vem cantar
Este é o rock do skate vem cantar
G7
Este é o rock do skate vem cantar

C F
Vamos lá na praça do skate
BIS
G7 C
Movimentar o seu corpo no skate

G7 C
As rodinhas não vão parar
BIS
G7 C
E você não vai descansar

Cm
Este é o rock do skate vem cantar
Este é o rock do skate vem cantar
Este é o rock do skate vem cantar
Este é o rock do skate vem cantar
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 55

*****

 LINK PARA ACESSAR O VÍDEO-CANÇÃO “ROCK DO SKATE”


https://youtu.be/OlMC7ItqdoUN
REFERÊNCIAS

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58 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

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de educação da criança. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de Brasília.
Faculdade de Educação, Programa de Pós-Graduação em Educação. Brasília, 2014.
APÊNDICE
PARTITURAS
60 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

ACALANTO DA ARARA
Transcrição de Fabíola Ponton
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 61
62 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

A CASA DE MADEIRA DE TICO E TITOCA


Transcrição de Fabíola Ponton
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 63

DONA ARIRANHA
Transcrição de Fabíola Ponton
64 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

TUCANO DANÇANDO CHAMAMÉ


Transcrição de Fabíola Ponton
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 65
66 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul

MOLONGO, O E.T.
Transcrição de Fabíola Ponton
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 67
68 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 69

MEU BARCO MÁGICO


Transcrição de Fabíola Ponton
70 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 71

ROCK DO SKATE
Transcrição de Fabíola Ponton
72 • Canfabulando as belezas de Mato Grosso do Sul
Erika N. F. de Andrade; Fabiola P. S. Salomão; Yasmin O. Cabral; Caroline Caceres • 73
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