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Departamento de Física
Mestrado em Risco de Desastre e Adaptação a Mudanças Climáticas
Módulo: Avaliação do Risco e Necessidades de Adaptação
Exercício III#:
Efeito da precipitação na Incidência da Malária em Moçambique
A malária é uma doença muito importante devido a sua distribuição global e constitui um
dos grandes desafios para o sector da saúde, sendo exacerbada pela sua sensibilidade aos
factores climáticos, tais como alterações na temperatura, humidade, precipitação e outras
condições climáticas têm impacto na sua transmissão, ciclo de vida e no desenvolvimento de
parasitas. Em Moçambique, cerca de 605 de internamentos são associados à incidência da
malária, e este fenómeno tem vindo a ser crítico durante a ocorrência dos desastres naturais
de forma recorrente no país. Portanto, este trabalho, teve como objectivo, avaliar o efeito dos
factores climáticos (caso específico da precipitação) na incidência da malária no país, e
especificamente, identificar os locais de maior incidência e estimar os casos de malária
previstos para o período sazonal Outubro Novembro Dezembro (OND-2021) e Janeiro
Fevereiro Março (JFM-2022) com vista a desenhar mecanismos de prevenção e mitigação da
doença. Neste contexto, foi determinada a relação existente entre a precipitação e malária,
utilizando dados de cada variável compreendido entre 2012 – 2019, obtendo um modelo de
regressão para cada província em cada tercil (OND e JFM). De seguida, foi determinada a
incidência da malária substituindo a precipitação esperada para os tercis (OND 2021 e JFM
2022). Resultados obtidos mostram uma relação positiva entre Malária e Precipitação nas
províncias de Niassa, Tete, Manica, Gaza, Sofala e Inhambane no período OND e Niassa,
Tete, Gaza, Cabo Delgado, Nampula, Inhambane, Zambézia e Maputo no período JFM.
Quanto à incidência da malária, as províncias de Zambézia e Nampula foram classificadas
como de alta incidência no período de OND 2021, enquanto que no período de JFM, a alta
incidência foi observada para além da Zambézia, em Nampula, Cabo Delgado e Niassa.
Maputo, Gaza e Tete, são as províncias que registaram em ambos períodos, baixa incidência
de malária.
Nehemias Lasse i
Índice
RESUMO ................................................................................................................................ i
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 1
Nehemias Lasse ii
2.6. Ocorrência da malária em Moçambique ................................................................ 16
6. CONCLUSÕES ............................................................................................................. 37
7. RECOMENDAÇÕES ................................................................................................... 38
Lista de Tabelas
Tabela 3.1. Dados demográficos das Províncias em estudo. ................................................ 28
Nehemias Lasse iv
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contextualização
Associado à alterações climáticas, baixo poder económico das populações, as quais cerca de
80% reside em zonas rurais, vários desastres tem impactado negativamente a segurança
alimentar assim como a saúde pública através da eclosão de doenças, tal como é o caso da
malária (PNCM, 2017; Siya et al., 2020).
A malária é uma doença muito importante devido a sua distribuição global e constitui um
dos grandes desafios para o sector da saúde, sendo exacerbada pela sua sensibilidade aos
factores climáticos, bem como à capacidade local do seu controle (Caminade et al., 2014).
Alterações na temperatura, humidade, precipitação e outras condições climáticas têm
impacto em factores importantes que determinam a transmissão da malária, como o ciclo de
vida do mosquito e o desenvolvimento de parasitas da malária no insecto (Moore, 2022).
Estes factores climáticos, geralmente são influenciados pelas actividades humanas tais como
o desmatamento, a queima de combustíveis fósseis, o uso intensivo de áreas agrícolas, a
poluição das águas, que consequentemente tendem a aumentar a temperatura global causando
Nehemias Lasse 1
a ocorrência dos desastres naturais e eclosão e distribuição de doenças transmitidas pelo
mosquito, como o caso da malária (Bryn & Hemsing, 2012; Zhou et al., 2015). Em altitudes
baixas, onde a malária já predomina, o aumento da temperatura, precipitação tende a reduzir
o ciclo de crescimento do parasita, aumentando as taxas de transmissão da doença. Por outro
lado, a ocorrência de secas associada a altas humidades, transformam os rios e águas
estagnadas em pontos de reprodução do mosquito, aumentando a taxa de reprodução e de
transmissão de doenças (Ryan et al., 2020). Sendo Moçambique um país que tende a registar
ocorrência recorrente dos eventos climáticos extremos tais como os ciclones, cheias e secas,
aliado ao fraco sistema de saneamento (Manjoro et al., 2020), caracteriza-se como um país
vulnerável à ocorrência de doenças transmitidas pelo mosquito, com registo de cerca de 10
milhões de casos de malária desde 2018 (Harp et al., 2021), doença esta responsável por
cerca de 60% de internamentos e 30% de óbitos no país (Colher, 2019). Neste contexto, o
presente trabalho visa a avaliar o efeito dos factores climáticos (caso específico da
precipitação) na incidência da malária no país, e especificamente, identificar os locais de
maior incidência e estimar os casos de malária previstos para o período sazonal Outubro
Novembro Dezembro (OND-2021) e Janeiro Fevereiro Março (JFM-2022) com vista a
desenhar mecanismos de prevenção e mitigação da doença.
1.3. Objectivos
Nehemias Lasse 2
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2021b, 2021a) a malária é uma doença
aguda e crónica causada por protozoários do gênero Plasmodium, compreendido por cinco
espécies causadoras da malária humana, das quais as espécies Plasmodium falciparum e
Plasmodium vivax, representam a maior ameaça pelo facto de ser mortais e mais prevalecente
na maioria dos países da África Subsaariana. Esta doença, é transmitida para o Homem
através da picada da fêmea do mosquito do género Anopheles.
De acordo com França et al. (2008); James (2000), após a picada pelo mosquito do género
Anopheles este injecta o parasita Plasmodium no sangue humano na forma de um parasita
denominado esporozoíta, o qual circula no sangue até chegar ao fígado onde invade as células
do fígado por cerca de 10 dias, sofrendo a transformação em milhares de novos parasitas
conhecidos como merozoitos, os quais recém-formados são liberados na corrente sanguínea,
invadindo os glóbulos vermelhos e depois se reproduzem. Alguns merozoitos entram em uma
célula sanguínea, cresce e se divide assexuadamente para formar até 20 novos merozoitos,
os quais saem da célula e invadem os glóbulos vermelhos vizinhos durante 48 horas.
Adicionalmente, a malária pode também ser adquirida através de contacto directo com o
sangue de uma pessoa infectada tal como o caso de transfusões sanguíneas ou transplante de
órgãos ou ainda pela partilha de seringas entre usuários de drogas injetáveis (WHO, 2021b).
O período de incubação da malária vai desde os 7 a 30 dias, dependendo da espécie do
Plasmodium (Figura 2.1) (CDC, 2022; Sleiman et al., 2020).
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Figura 2.1. Ciclo de vida do Plasmodium.
Fonte: (James, 2000).
De acordo com Arroz (2016) vários são os factores que contribuem para a ocorrência da
malária, desde as condições climáticas e ambientais, destacando-se a temperatura, padrões
de chuvas favoráveis, existência de locais propícios para a reprodução do vetor (locais com
charcos), situação socioeconómica das populações relacionadas com a pobreza, habitações
inapropriadas (feito com base no material local) e acesso limitado aos meios de prevenção à
doença.
2.2.1. Precipitação
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vegetais e animais na Terra, portanto, a sua alteração influencia bastante nas condições de
vida assim como na distribuição e proliferação dos agentes transmissores de doenças
(Mendonça, 2000).
Surtos de malária podem ocorrer como resultado de anomalias climáticas tais como períodos
prolongados de chuva ou ondas de calor, particularmente em regiões onde a transmissão da
malária é fortemente sazonal, entretanto, a relação entre as variáveis meteorológicas e a
malária não é linear, apesar de a água constituir o elemento necessário para formar mosquitos
criadouros, através do excesso de chuvas e inundações que condicionam a deposição de
larvas (Caminade et al., 2014; MacLeod et al., 2015; Morse et al., 2005).
Vários estudos têm sido conduzidos no mundo avaliando o efeito das alterações climáticas
na incidência da malária, neste contexto, Ankamah et al. (2018); Confalonieri (2008)
destacam a importância das variáveis climáticas na distribuição espacial da malária e a
prevalência do seu impacto.
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Estudo conduzido por Kifle et al. (2019), modelando a o efeito da precipitação sobre a
incidência de malária na Eritreia constatou que as mudanças nos padrões da precipitação
afectam a incidência da malária, e concluiu que a utilização de relatórios de casos de malária
de rotina e dados de precipitação, as incidências de malária podem ser previstas com precisão
aceitável.
2.2.2. Temperatura
Para que o mosquito se torne infecioso tem de viver tempo suficiente para que o parasita
complete a parte do ciclo que se desenvolve nele, um dos factores climáticos importantes
para tal é a temperatura (Tiu et al., 2021; Webber, 2005).
Estudo conduzido por Carrington et al. (2013); Zhao et al. (2014) apontam que além de
temperaturas, as flutuações diárias na temperatura podem afectar as características essenciais
de mosquitos e parasitas, determinando a intensidade de transmissão da malária, assim como
determinar o desenvolvimento do mosquito e a taxa da picada, mas também a velocidade de
desenvolvimento e sobrevivência de os parasitas dentro do mosquito, ou seja, quanto maior
for a temperatura, dada a maior sensibilidade do mosquito à temperaturas elevadas, menor
Nehemias Lasse 6
será o ciclo dos parasitas e consequentemente, aumentando desta forma a taxa de transmissão
da malária.
Resultados similares foram obtidos por Blanford et al. (2013); Lambrechts et al. (2011) que
apontam a influência da temperatura diária associada à temperatura média no
desenvolvimento do mosquito assim como no parasitoide responsável pela transmissão da
malária.
2.2.3. Altitude
Historicamente, muitas partes das terras altas eram consideradas muito frias para suportar a
transmissão da malária. Entretanto, actualmente existe um consenso de que a malária é um
problema crescente nas terras altas principalmente no continente africano (Bødker et al.,
2003; Morelle, 2014).
Estudo conduzido por Bødker et al. (2003) mostrou que nas terras altas da Tanzânia, as baixas
temperaturas impediram o desenvolvimento de parasitas nos mosquitos durante as chuvas da
estação fria e, portanto, a transmissão da malária foi limitada à estação quente e seca, com
uma densidade de vetores baixas.
De acordo com Bishop & Litch (2000); Siya et al. (2020), a transmissão da malária não ocorre
em altitudes acima de 2.000 a 2.500 m (dependente da latitude), e em temperaturas abaixo
de 16°C ou acima de 33°C. Em grandes altitudes, isso se deve à interrupção do ciclo sexual
do parasita da malária no mosquito, devido às baixas temperaturas ambientes. No entanto,
muitas áreas de alta altitude do mundo estão localizadas em regiões tropicais e semitropicais,
1
Define-se altitude como sendo a altura de um certo ponto tendo como referência o nível do mar.
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gerando o potencial para exposição à malária durante a passagem de moradores e visitantes
das zonas de altitude. Para além da passagem de visitantes e moradores, o uso de terra e a
ocorrência das precipitações, desempenharam o maior papel nas tendências da malária (Siya
et al., 2020).
Adicionalmente, a humidade relativa constitui um dos factores climáticos que tem sofrido
alterações devido aos efeitos das alterações climáticas, as quais afectam directamente a
transmissão da malária, alterando o alcance geográfico do vetor e aumentando as taxas
reprodutivas e de picada e reduzindo o período de incubação do Plasmodium (Kotepui &
Kotepui, 2018; Tiu et al., 2021).
Regiões que sofrem das monções, geralmente apresentam temperaturas elevadas associadas
à alta humidade relativa durante todo o ano, condições estas considerada propícias para a
reprodução do vetor da malária – mosquito Anopheles (Kotepui & Kotepui, 2018). Estes
autores, avaliando a influência de variáveis climáticas (temperatura, precipitação e humidade
relativa) na Tailândia, um país tropical, constataram uma correlação positiva entre todos os
factores isoladamente com a incidência da malária.
Resultados similares, foram obtidos por Mohammadkhani et al. (2019); Tiu et al. (2021),
avaliando a relação entre os factores climáticos com a incidência da malária, observaram uma
relação negativa entre a precipitação e humidade relativa abaixo de 60% com a incidência da
malária, porém, acima disto, os autores verificaram uma relação positiva. E ainda, resultados
obtidos por Santos-Vega et al. (2022), indicam que a humidade relativa é um factor crítico
na disseminação da malária principalmente nas regiões urbanas para além da transmissão de
outras epidemias pelos mosquitos.
Além dos factores climáticos e ambientais, a malária também é influenciada por factores
relacionados com o hospedeiro, desde os socioeconômicos na comunidade, mudanças no uso
da terra, intervenções de saúde pública, mudanças na habitação, migração humana,
conhecimento, atitudes e práticas comunitárias em relação à malária (Tiu et al., 2021).
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2.3. Efeito dos factores socioeconómicos na incidência da malária
No estudo conduzido por Schwartz et al. (2001), aponta que a maior taxa de mortalidade
causada pela malária em regiões endêmicas é observada entre as crianças, provavelmente
devido à sua falta de imunidade. Por outro lado, adultos nativos em países onde a malária é
endêmica podem ser portadores subclínicos de malária devido a uma imunidade natural
adquirida durante a infância.
Resultados similares foram observados por Coulibaly et al. (2021), que reportam um declínio
de incidência da malária no continente Africano em crianças de idade superior a 5 anos,
enquanto por outro lado, verifica-se aumento de casos de malária em crianças de idade abaixo
de 5 anos. Entretanto, no Quénia, Khagayi et al. (2019) aponta evidências de que a malária
em crianças entre 5 e 14 anos e adultos em termos de mortalidade é maior do que se pensava
anteriormente, e, as taxas de mortalidade diminuíram em crianças abaixo de 5 anos e pessoas
com idade ≥ 15 anos, mas permaneceram estáveis em crianças de 5 a 14 anos.
adicionalmente, crianças mais velhas e adultos funcionam como reservatórios de transmissão
devido aos altos níveis de infecções assintomáticas. No Gana, as taxas de hospitalização por
malária permanecem altas particularmente entre crianças pequenas (abaixo de 5 anos)
(Mpimbaza et al., 2020).
Quanto ao género, existem muitos factores que podem contribuir para as diferenças nas
medidas de malária entre mulheres e homens, desde as diferenças sociais, culturais e
comportamentais que influenciam no risco de exposição a mosquitos, percepção de doença,
comportamento de busca de saúde e práticas de gerenciamento de casos (Finda et al., 2019).
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idade fértil. Portanto, os factores contribuintes incluíram visitas mais frequentes a essas
instalações independentemente da malária e um maior risco relatado de procurar atendimento
nessas instalações para doenças febris (Okiring et al., 2022).
No mesmo âmbito, avaliando a diferença da incidência da malária por género, Briggs et al.
(2020), não observou diferença entre homens e mulheres na incidência da malária, entretanto,
constatou que as mulheres eliminam infecções assintomáticas de malária em um ritmo mais
rápido do que os homens. Entretanto, no Quénia, Ng’ong’a et al. (2011), constatou uma
correlação positiva entre a incidência da malária com o género, onde níveis mais altos de
parasiternia foi observada em homens do que em mulheres que vivem nas mesmas áreas
evidenciando que os homens são mais vulneráveis à infecção por malária do que as mulheres.
As mulheres grávidas geralmente são vulneráveis à infecção pela malária porque as hemácias
infectadas com o parasita podem se sequestrar na placenta e, assim, causar efeitos fetais
adversos. Se os medicamentos anti maláricos não atingirem níveis terapêuticos na placenta,
os parasitas ali sequestrados podem ser liberados intermitentemente no sangue periférico e
causar infecção materna recorrente (Wylie et al., 2022). Quando uma mulher estiver grávida,
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os mecanismos fisiológicos são alterados e ela se torna mais susceptível à infecções. A
malária ataca as mulheres grávidas como se ela tivesse pouca imunidade (Webber, 2005).
Adicionalmente, a revisão de estudo feita por Shankar (2000), indicam que a nutrição é um
factor chave na modulação da morbidade e mortalidade da malária. Deficiências em vários
micronutrientes específicos (vitamina A e zinco) também tendem a exacerbar a incidência da
malária. Diferentes nutrientes, como vitamina A, Zinco e Ferro, modificam selectivamente
diferentes aspectos da imunidade e patologia da malária. Portanto, a malária afecta
principalmente as comunidades carentes e com problemas de desnutrição devido a debilidade
do seu sistema imunológico. Embora as crianças sejam geralmente as mais vulneráveis, a
doença pode ser agravada naquelas que estão desnutridas (Sakwe et al., 2019; Shankar,
2000).
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2.3.3. Ambiente social
O ciclo de transmissão da malária que o mosquito segue até o hospedeiro, ocorre dentro de
um ambiente que determina a sua incidência e severidade da infecção. Este ambiente pode
ser físico assim como social (Webber, 2005).
Um estudo conduzido por de Sousa Pinto et al. (2021) em Moçambique, constatou que
factores socioeconómicos e culturais influenciam a ampla adopção de medidas preventivas
de controle da malária, tais como o reconhecimento precoce da doença, a busca de cuidados
médicos, dormir sob mosquiteiros tratados com insecticida e fazer tratamento preventivo
intermitente para mulheres grávidas. Adicionalmente, resultados mostram que os
voluntários/ativistas/professores desempenharam um papel importante na divulgação de
mensagens de prevenção da malária, e consequentemente, os beneficiários possuem mais
conhecimento da transmissão da malária, identificação de sinais e sintomas, e adopção de
medidas preventivas e onde obter tratamento.
Resultados obtidos por Singh et al. (2014), em um estudo conduzido no Norte da Nigéria
apontam que a posse do conhecimento sobre as medidas preventivas não necessariamente se
traduz em melhoria das práticas de prevenção, portanto, há necessidade de programas
educacionais direccionados para aumentar os esforços das comunidades no desenvolvimento
de atitudes e práticas desejáveis em relação ao controle da malária. Resultado similar foi
observado por Mwanje (2013) em Uganda, onde a maioria da população do estudo possuía o
conhecimento sobre a prevenção da malária porém, não seguia boas práticas.
Entretanto, estudo conduzido no mesmo país por Ojong et al. (2013), avaliando a relação
entre o conhecimento das medidas preventivas pelas mulheres grávidas e as respectivas
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práticas, constatou-se uma correlação positiva, mostrando que a maioria das mulheres tinha
bom conhecimento de prevenção da malária e boas práticas de estratégias de prevenção. Este
resultado, mostra que as mulheres grávidas possuem mais conhecimento e engajam-se na
prevenção contra a malária.
Vários estudos apontam que o aumento do nível de escolaridade assim como a integração de
medidas de mitigação da incidência da malária nos diferentes níveis de ensino constitua uma
estratégia de redução da ocorrência da malária (Webber, 2005). Neste contexto, Bambo et al.
(2017); Ribeiro & Rooke (2010), afirmam que a educação comunitária constitui um recurso
muito importante na prevenção de doenças, pois facilita a adopção de práticas de saneamento
e reduzindo desta forma as fontes de reprodução dos vetores da malária.
De acordo com Webber (2005), a falta de recursos está associada à pobreza, e esta, está
relacionada à falta de recursos para fazer face à incidência da malária e outras doenças. Em
um estudo conduzido por em Uganda por Tusting et al. (2016) constatou evidências de que
a associação entre posição socioeconómica e infecção por malária foi explicada em parte pelo
tipo de casa e segurança alimentar prevalecente.
A malária e a pobreza estão intimamente ligadas, tanto como causa assim como consequência
da pobreza. Em países e comunidade pobres, o seu tratamento é muito difícil, pois enfrentam
um ciclo vicioso de pobreza e problemas de saúde (Red Cross, 2007).
De acordo Gallup & Sachs (2001), quaisquer outras doenças graves predominantemente
encontradas em países pobres são claramente uma consequência directa da pobreza, causada
pela ineficiência do sistema de drenagem, saneamento, água potável insegura e falta de
higiene ou habitação precária. A malária, porém, não segue esse padrão; sua gravidade e a
dificuldade de controlá-la são determinadas principalmente pelo clima e pela ecologia, o
comportamento pessoal, como o uso de redes mosquiteiras, e o nível geral de
desenvolvimento, especialmente a urbanização, também afectam a prevalência da malária,
mas não são os principais determinantes.
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2.4. Ciclo de vida do mosquito Anopheles
Durante o seu ciclo de vida, o mosquito passa por quatro fases de desenvolvimento: ovo,
larva, pupa e adulto. Na passagem de larva a pupa e de pupa a adulto, o mosquito sofre
metamorfoses (Figura 1) (Williams & Pinto, 2012).
De acordo com Williams & Pinto (2012), descreve-se o ciclo de vida do mosquito Anopheles
abaixo:
Fase da larva:
A larva tem uma cabeça bem desenvolvida, apresentando escovas bucais que são usadas para
se alimentar. A larva alimenta-se de micro-organismos e de matéria orgânica existente na
água onde que se criam. Estas, passam por quatro estádios de desenvolvimento, designados
por instares e denotados como L1, L2, L3 e L4 até se transformarem, por metamorfose, em
pupa. Nesta etapa, a temperatura da água influencia o tempo necessário ao desenvolvimento
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larvar, que é mais curto em águas mais quentes. Dependendo da espécie do mosquito, o
desenvolvimento da larva até à fase de pupa pode durar cerca de 5 a 10 dias, em condições
de temperatura tropicais.
Fase de pupa:
A pupa tem a forma de uma vírgula e mantem-se à superfície da água. A pupa não se alimenta,
mas é móvel e responde a estímulos. Esta é uma fase de repouso ou inactividade, durante a
qual ocorre uma grande transformação do organismo do mosquito (metamorfose), que leva
à passagem do meio aquático para o meio terrestre. A fase de pupa dura cerca de 2 a 3 dias.
Fase adulta:
Em geral, o adulto emerge da pupa ao anoitecer, de seguida, o mosquito adulto repousa por
um curto período de tempo, a fim de endurecer seu corpo. Pouco tempo após a emergência,
os mosquitos acasalam. Os machos formam grandes enxames, geralmente ao anoitecer, e as
fêmeas voam para os enxames para acasalar. Tanto os mosquitos machos como as fêmeas
alimentam-se de néctares vegetais para obter energia.
Após o acasalamento, as fêmeas procuram uma refeição de sangue para desenvolver os seus
ovos. Para algumas espécies uma refeição sanguínea é suficiente para o desenvolvimento dos
ovos. Em outras espécies, são necessárias duas alimentações, pelo menos para o
desenvolvimento da primeira postura de ovos. O período de tempo entre o ovo e o adulto
pode variar entre 7 dias, a 31ºC, e 20 dias a uma temperatura de 20ºC.
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Os mosquitos Anopheles não costumam reproduzir-se em águas muito movimentadas, como
em algumas ribeiras ou rios, já que as larvas não estão adaptadas para suportar a ondulação.
Mas os criadouros larvares podem ser tão diversos como pântanos, campos de arroz, poças,
charcos, sapais, valas de drenagem, canais de irrigação, buracos de árvores, recipientes de
armazenamento de água e latas vazias (Tadei et al., 1988).
Em África, o nível de endemicidade da malária varia de país para país e, por vezes, de região
para região, dentro do mesmo país. Alguns dos factores responsáveis pelas variações na
endemicidade incluem: condições climáticas (Temperatura, Altitude, Pluviosidade),
condições socioeconómicas, presença de vectores eficazes, fraca cobertura da rede sanitária
e de medidas de prevenção (Mabunda et al., 2009; PNCM, 2017).
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mesoendémicas e hiperendémicas e a sua transmissão ocorre ao longo do ano, com picos
durante e depois das estações chuvosas, entre Dezembro e Abril (INS et al., 2019).
Para garantir a análise e tomada de decisão sobre alguma acção em tempo útil, o Ministério
da Saúde possui o Boletim Epidemiológico Semanal (BES), que é uma ferramenta do sistema
de informação para a vigilância epidemiológica em Moçambique, direccionada para as
principais doenças infecciosas que constituem problema de saúde pública no País, utilizado
em todas as unidades sanitárias do País, onde os dados produzidos são agregados ao nível
distrital, provincial e nacional (Arroz, 2016).
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Os objectivos do PEM 2017-2022 são baseados nas seis áreas temáticas nomeadamente: (i)
Fortalecer as competências de gestão do programa e nível central, provincial e distrital, de
modo a alcançar os objectivos do plano estratégico; (ii) Disponibilizar pelo menos, 85% de
cobertura da população com, no mínimo, uma intervenção de controlo vectorial em todos os
distritos do país; (iii) Testar 100% dos casos suspeitos de malária e tratar 100% dos casos
confirmados de malária ao nível das unidades sanitárias e a nível comunitário, de acordo com
as directrizes nacionais; (iv) Implementar uma abordagem efectiva de comunicação para
mudanças social e comportamento para assegurar que, pelo menos, 70% das pessoas
procuram cuidados de saúde apropriados e atempados, e que, pelo menos 85% da população
utiliza um método de protecção adequada; (v) Acelerar os esforços para a eliminação da
malária, através da implementação de intervenções epidemiologicamente adequadas e (vi)
Reforçar o sistema de vigilância de modo a que 100% das unidades sanitárias e distritos
notifiquem dados completos, atempados e de qualidade (INS et al., 2019).
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3. DESCRIÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
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O país é dividido em três regiões topográficas através do rio Zambeze e do rio Save. A região
norte localizada a norte do rio Zambeze, compreende a linha costeira estreita que vai entre
as colinas e o litoral, até as montanhas do Niassa, Namúli e o planalto dos Macondes
(Manjoro et al., 2020).
A região centro, situada entre o rio Zambeze e o rio Save e a região sul situada a sul do rio
Save vai do relevo montanhoso no interior (com as plataformas de Mashonaland e as
montanhas de Lebombo) às terras baixas no litoral. O país é atravessado por nove rios
principais sendo o mais importante o rio Zambeze onde se situa a barragem hidroeléctrica de
Cahora Bassa (PNCM, 2017; Waterhouse, 2009).
É um país banhado pelo Oceano índico que passa entre a ilha do Madagáscar e a porção
sudeste do continente africano (Paloschi, 2016).
O país possui um clima tropical a subtropical, com distribuição de chuva seguindo o gradiente
Norte-Sul, com maior precipitação ao longo da zona costeira, e média anual entre 430 e 1847
mm (Figura 3.2).
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Figura 3.2. Distribuição da precipitação média anual em Moçambique.
Fonte: O Autor.
O país apresenta temperaturas mais quentes (entre 25 a 27ºC no verão e 20 a 23ºC no inverno)
ao longo da zona costeira relativamente ao continente que apresenta temperaturas mais frias.
As temperaturas médias na região sul são 24 a 26°C no verão e 20 a 22°C no inverno (Figura
3.3) (World Bank, 2022).
Nehemias Lasse 21
Figura 3.3. Temperatura média anual em Moçambique.
Fonte: O Autor.
Nehemias Lasse 22
começa a decrescer até Junho, mês que atinge a temperatura mínima, voltando a aumentar a
partir de Agosto (Figura 3.4).
30 250
25
200
Precipitação (mm)
Temperatura (ºC)
20
150
15
100
10
50
5
0 0
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Nehemias Lasse 23
Figura 3.5. Descrição do declive de Moçambique.
Fonte: O autor.
Nehemias Lasse 24
de pastoreio); Savana (interior da zona Sul e Tete); Pradaria (planícies da zona sul, facilmente
alagáveis) e Mangais (na zona costeira, principalmente nos estuários das águas salgadas)
(Figura 3.6) (MICOA, 2005).
Nehemias Lasse 25
3.5. Recursos hídricos
Moçambique possui treze (13) bacias hidrográficas principais, sendo de Sul a Norte, as bacias
dos rios Maputo, Umbelúzi, Incomáti, Limpopo, Save, Búzi, Púnguè, Zambeze, Licungo,
Ligonha, Lúrio, Messalo e Rovuma. O país, encontra-se à jusante de cerca de nove (9) das
quinze (15) bacias hidrográficas internacionais da região da SADC (Figura 3.7) (ENGRH,
2007).
Nehemias Lasse 26
Portanto, é considerado um país vulnerável à ocorrência de eventos climáticos extremos
(secas, ciclones e cheias), destacando-se as secas de 1981-1984; 1991-1992; 1994-1995,
2016-2017 e as cheias de 1977-1978; 1985, 1988, 2000, 2001 e mais recentemente as cheias
de 2013 e os ciclones que vêm assolando as zonas centro e Norte do País (ENGRH, 2007;
INGD, 2017; Manjoro et al., 2020).
Nehemias Lasse 27
3.6. Demografia de Moçambique
Província Habitantes
Manica 1945994
Nampula 5758920
Niassa 1810794
Sofala 2259248
Tete 2648941
Zambézia 5164732
Fonte: (INE, 2019).
Nehemias Lasse 28
4. MATERIAL E MÉTODOS
Após a obtenção dos modelos, extraiu-se a precipitação esperada para os períodos de OND
2021 e JFM 2022 mediante os seguintes procedimentos:
Nehemias Lasse 29
(v) Criou-se um shapefile de pontos e fez-se a digitalização de 10 pontos
correspondentes a cada Província e a devida extracção da precipitação existente
no Raster proveniente do FitTool;
(vi) A precipitação esperada, foi exportada para o Excel, e valor de OND e JFM foi
colocado no modelo de regressão da província e tercil correspondentes,
calculando desta forma os casos de malária esperados para cada província em
cada tercil.
(vii) Após o cálculo dos casos de malária para cada província no EXCEL, estes
resultados foram importados para o ArcGIS, onde foi criada uma coluna para a
inclusão de casos de malária de cada tercil (Malária OND2021 e Malária
JFM2022) no shapefile de pontos anteriormente criado.
(viii) Interpolou-se com base no IDW os casos de malária para cada tercil, e classificou-
se a incidência de malária em cada província baseando no limiar endêmico.
O limiar endémico foi determinado através do método de quartis que consistiu na construção
do canal endêmico da malária para o período 2012 – 2019. Neste caso, os dados do BES,
foram agregados por meses e construído um gráfico que permitiu estabelecer o padrão ou
tendência da malária ao longo do tempo e por fim definir o limiar de epidemia. Os dados
referentes a casos de malária foram convertidos em taxas, usando a população do País como
denominador de acordo com o ano em causa e expressas por 100.000 habitantes. Calculou-
se o 1º, 2º e o 3º quartil, tendo gerado as seguintes zonas: zona de sucesso (abaixo do quartil
1); zona de segurança (entre quartil 1 e 2); zona de perigo/alerta (entre quartil 2 e 3); e zona
epidêmica (acima do quartil 3).
O método C-Sum foi usado para controlo do método dos quartis. Para o cálculo do limiar
para um determinado mês, somou-se o mês anterior e o posterior ao mês em causa, e o
resultado foi dividido por 15. Por exemplo: para calcular o limiar de fevereiro, somou-se os
dados de janeiro, fevereiro e março e dividiu-se o resultado por 15. O resultado é um gráfico
com linha contínua (linha C-Sum) que determina o limiar da epidemia. Valores acima da
linha C-Sum são considerados epidêmicos.
Nehemias Lasse 30
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Da análise feita, observou-se para o período de 2012 – 2019 entre os meses de JFM uma
variação positiva para as províncias de Niassa, Tete, Manica, Gaza, Sofala e Inhambane e
para as demais (Cabo Delgado, Nampula, Zambézia e Maputo), observou-se uma variação
negativa com o aumento da precipitação. Ademais, para os meses de OND, observou-se uma
variação positiva nas províncias de Niassa, Tete, Gaza, Cabo Delgado, Nampula, Inhambane,
Zambézia e Maputo e as demais (Manica e Sofala) apresentaram uma variação negativa dos
casos de malária com o aumento da precipitação (Tabela 5.1).
Tabela 5.1. Modelos de regressão entre casos de malária e precipitação entre o período 2012 – 2019.
JFM OND
Província
Equação R2 Equação R2
Niassa y = 79x + 104637 R² = 0.0398 y = 151x + 54454 0.1465
Tete y = 223x + 4311.5 R² = 0.3552 y = 46x + 32060 0.0384
Manica y = 166x + 55609 R² = 0.468 y = -2.1727x + 73029 0.0002
Gaza y = 112x + 71614 R² = 0.0889 y = 141x + 38878 0.2736
Cabo Delgado y = -163x + 261542 R² = 0.0752 y = 51x + 76571 0.0327
Nampula y = -200x + 455029 R² = 0.0482 y = 127x + 218739 0.0104
Sofala y = 166x + 45546 R² = 0.4142 y = -183x + 149634 0.1357
Inhambane y = 147x + 97885 R² = 0.3822 y = 118x + 71302 0.4139
Zambezia y = -211x + 450262 R² = 0.0892 y = 666x + 25311 0.1825
Maputo y = -233x + 111764 R² = 0.1813 y = 51x + 12122 0.2051
Fonte: O Autor.
Este resultado, pode ser explicado pelas condições de saneamento deficitárias observadas
nestas regiões assim como a deficiência dos sistemas de saúde nestas regiões para fazer face
à ocorrência da malária (INS et al., 2019; Sequeira, 2017).
Nehemias Lasse 31
5.2. Precipitação esperada no período OND 2021 e JFM 2022
Para Moçambique, no período de OND2021, era prevista uma precipitação entre 101 a 600
mm, sendo o maior intervalo, observado entre 401 e 600 mm na província da Zambézia. A
probabilidade de ocorrência desta precipitação, era acima de 80% nas Províncias de Maputo,
Gaza e Cabo Delgado (Figura 5.1).
Fonte: O Autor.
Entretanto, no período entre JFM 2022, esperava-se a ocorrência de uma precipitação entre
101 e 1000 mm, sendo a província da Zambézia com a maior precipitação esperada seguida
pelas províncias de Cabo Delgado, Nampula e Niassa. A probabilidade da ocorrência deste
evento, era acima de 90% nas regiões Norte e Centro do país com excepção de Tete (Figura
5.2).
Nehemias Lasse 32
5.3. Casos de Malária esperados em Moçambique
Nehemias Lasse 33
Para o período de Janeiro-Fevereiro-Março (JFM) de 2022, observou-se maiores casos de
malária nas províncias da Zambézia, Nampula, um pouco de Cabo Delgado e Niassa, com
incidência classificada como alta, para as primeiras duas províncias e moderadamente alta
para as duas províncias. A província com baixa incidência da malária destaca-se Tete,
Maputo e Gaza (Figura 5.4).
Nehemias Lasse 34
Estes resultados, são similares aos obtidos pelo INS et al. (2019) assim como pelo PNCM,
(2017) e Arroz (2016), onde as províncias de Zambézia , Cabo Delgado e Nampula
apresentaram maiores casos de Malária, principalmente no período compreendido entre
Outubro e Abril, tendo associado o resultado ao período chuvoso assim como às condições
socioeconómicas das regiões, onde maior parte da população não possui condições para fazer
face à ocorrência de doenças (Sequeira, 2017). À semelhança dos estudos referidos,
resultados deste estudo, podem ser explicados pela precipitação observada nas regiões
supracitadas, assim como à relação positiva obtida nessas províncias com a precipitação,
sendo que a precipitação, de acordo com Caminade et al. (2014); Mohammadkhani et al.
(2019); Webber (2005) a precipitação desempenha um papel muito importante na reprodução
dos mosquitos devido a existência de charcos e águas paradas em resíduos.
A baixa ocorrência da malária nas províncias de Gaza e Tete, podem estar associados à altas
temperaturas destas regiões, facto que faz com que o mosquito não se desenvolva pois
temperaturas acima de 33ºC não possibilita a reprodução do mosquito (Ankamah et al., 2018;
Blanford et al., 2013; Confalonieri, 2008).
490
420
350
Mmalária (x 1000)
280
210
JFM 2022
140
OND 2021
70
0
Zambezia
Tete
Gaza
Sofala
Niassa
Cabo Delgado
Manica
Nampula
Inhambane
Maputo
Figura 5.5. Casos de malaria observados nos períodos OND 2021 e JFM 2022 em Moçambique.
Fonte: O Autor.
Nehemias Lasse 35
Na Província de Maputo, o baixo número de casos de malária, pode estar associado à
capacidade de resposta das populações à doença assim como ao acesso a diversos serviços
da saúde (INS et al., 2019).
Nehemias Lasse 36
6. CONCLUSÕES
Para o período de 2012 – 2019 entre os meses de JFM uma variação positiva para as
províncias de Niassa, Tete, Manica, Gaza, Sofala e Inhambane e para as demais (Cabo
Delgado, Nampula, Zambézia e Maputo), observou-se uma variação negativa com o
aumento da precipitação. Para os meses de OND, observou-se uma variação positiva
nas províncias de Niassa, Tete, Gaza, Cabo Delgado, Nampula, Inhambane,
Zambézia e Maputo e as demais (Manica e Sofala) apresentaram uma variação
negativa dos casos de malária com o aumento da precipitação;
Quanto à incidência da malária, no período entre Outubro-Novembro-Dezembro
(OND) de 2021, através do modelo de regressão de cada província, observou-se maior
casos de malária relacionada com a precipitação na província da Zambézia, seguida
pela província de Nampula, classificadas como províncias com incidência
moderadamente alta e alta, respectivamente. As províncias com incidência de malária
baixa são as de Maputo, Manica, Sofala e uma parte de Tete;
Para o período de Janeiro-Fevereiro-Março (JFM) de 2022, observou-se maiores
casos de malária nas províncias da Zambézia, Nampula, um pouco de Cabo Delgado
e Niassa, com incidência classificada como alta, para as primeiras duas províncias e
moderadamente alta para as duas províncias. A província com baixa incidência da
malária destaca-se Tete, Maputo e Gaza.
Nehemias Lasse 37
7. RECOMENDAÇÕES
Nehemias Lasse 38
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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