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Beira
2013
Graça Etelvina Jamisse
Supervisor:
Beira
2013
Índice Pág.
Introdução ................................................................................................................................... 1
0.1 Justificação da escolha do tema ............................................................................................ 2
0.2. Problematização................................................................................................................... 2
0.3 Hipóteses .............................................................................................................................. 3
0.3.1. Hipótese principal ............................................................................................................. 3
0.3.2 Hipóteses secundárias ........................................................................................................ 3
0.4 Objectivos da pesquisa ......................................................................................................... 4
0.4.1 Objectivo geral .................................................................................................................. 4
0.4.2. Objectivos específicos ...................................................................................................... 4
0.5. Metodologias de pesquisa.................................................................................................... 4
0.5.1. Método de abordagem ...................................................................................................... 4
0.5.2. Métodos de procedimento ................................................................................................ 5
0.5.2.1. Método bibliográfico ..................................................................................................... 5
0.5.2.2. Método de observação directa ....................................................................................... 5
0.5.3. Técnicas de procedimento ................................................................................................ 5
0.5.3.1. Entrevista e Inquérito..................................................................................................... 5
CAPÍTULO I - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 7
1.1. Definição de Conceitos Chave ............................................................................................ 7
1.2. Importância dos recursos florestais ..................................................................................... 8
1.3. Estratégias de gestão dos recursos florestais ....................................................................... 8
1.3.3. Consequências da exploração dos recursos florestais .................................................... 12
CAPÍTULO II - CARACTERÍSTICAS FÍSICAS-GEOGRAFICAS E SÓCIO –
ECONÓMICOS DA LOCALIDADE DE MACIAMBOZA ................................................... 15
2.1. Enquadramento Geográfico ............................................................................................... 15
2.2. Aspectos Físicos - Naturais de Maciamboza ..................................................................... 16
2.2.1 Geomorfologia e Solos .................................................................................................... 16
2.2.2 Clima ............................................................................................................................... 16
2.2.3 Hidrografia ...................................................................................................................... 16
2.2.4 Floresta e Fauna ............................................................................................................... 16
2.3. Aspectos Socioeconómicos da Localidade de Maciamboza ............................................. 17
2.3.1. População ....................................................................................................................... 17
2.3.2. Actividades Económicas................................................................................................. 18
2.3.3. Infra-estruturas................................................................................................................ 20
2.4 Exploração dos Recursos florestal em Maciamboza .......................................................... 20
CAPÍTULO III – ESTRATÉGIAS DE ENVOLVIMENTO DA COMUNIDADE NA
GESTÃO DOS RECURSOS FLORESTAIS NA LOCALIDADE DE MACIAMBOZA ...... 24
3.1. Generalidades .................................................................................................................... 24
3.2. Análise do envolvimento das comunidades na gestão e conservação dos recursos
florestais em Maciamboza ........................................................................................................ 24
3.3 Estratégias de envolvimento das comunidades para gestão e conservação dos recursos
florestais ................................................................................................................................... 30
3.3.1. Reestruturação do Comité .............................................................................................. 30
3.3.2. Capacitação dos membros do Comité ............................................................................ 30
3.3.3. Estratégias no contexto de participação na tomada de decisões ..................................... 31
3.3.4. Estratégia de maneio Comunitário dos recursos florestais ............................................. 32
Conclusões ................................................................................................................................ 34
Sugestões .................................................................................................................................. 35
Bibliografia ............................................................................................................................... 36
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Mapa Página
Lista de Abreviaturas
Declaração de Honra
Declaro que esta monografia científica é resultado da minha investigação e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas no texto, nas notas, nos apêndices e na bibliografia final. Declaro ainda que, este
trabalho não foi apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau
académico.
Dedicatória
Dedico este trabalho especialmente à minha mãe Maria Delfina Francisco Mavambe e minha
avô Ozita Mavambe, que sempre estiveram presente nos meus estudos, que sempre dando-me
forças, energia e calor necessário para enfrentar as dificuldades da formação.
Dedico também ao meu namorado, as minhas irmas Ilca e Elisabeth, a minha prima Ângela
Zilda Jamisse, a toda familia Mavambe os que aqui não foram mencionados, pelo carinho e
força que me concederam ao longo do curso.
vi
Agradecimentos
Este trabalho é fruto de quatro anos e meio de muito estudo e dedicação. Durante esta jornada,
várias pessoas acompanharam e incentivaram esta iniciativa, sempre torcendo pelo seu
sucesso. Não poderia deixar de agradecer suas contribuições.
A Deus, que é a fonte de todo amor, que criou os céus e a terra e que nos permite gozar do
milagre da vida.
Á minha mãe, Maria Delfina Francisco Mavambe, que é a pessoa que mais amo nessa vida e
sei que posso contar com ela para tudo que der e vier! Você é muito especial e tê-la como mãe
é um presente de Deus.
Ao meu namorado, pelo amor incondicional, por estar do meu lado e por ter me ajudado
nesta fase tão importante da minha vida.
Vai a minha gratidão especial á minha avó Ózita Mavambe e minha família, sempre vibrando
com as novas conquistas, estiveram do meu lado durante os bons e os maus momentos da
minha vida e pelo apoio prestado ao longo da minha formação.
Ao dr. Pedro Herculano Arrone, meu Supervisor, profissional exemplar e de grande carácter
por todo interesse, incentivo e auxílio na orientação deste trabalho. Agradeço sua dedicação!
Enfim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para minha formação
académica, assim como todos meus docentes e colegas do curso de GAPDEC, pela orientação
e transmissão de conhecimentos durante o processo de ensino aprendizagem.
vii
Resumo
Introdução
A presente Monografia com o tema: Estratégia de Envolvimento das Comunidades na Gestão
dos Recursos Florestais na Localidade de Maciamboza, Distrito de Cheringoma. Surge como
um pressuposto para conclusão de curso de Licenciatura em Gestão Ambiental Planificação e
Desenvolvimento Comunitário (GAPDEC), ministrado na UP-Beira.
A autora procura neste trabalho avaliar o envolvimento das comunidades na gestão dos
recursos florestais e por conseguinte propor algumas estratégias conducentes ao envolvimento
participativo das comunidades na gestão e conservação dos mesmos recursos. Estes recursos
são muito importantes para as comunidades locais porque se servem deles para vários fins,
dos quais se destaca extracção de alimentos, combustíveis lenhosos, e material de construção.
Nesta perspectiva, observa-se uma exploração desenfreada dos recursos florestais, o que leva
consequentemente a várias implicações a nível local e a escala global, a degradação dos solos,
alteração do clima sazonal, contribuindo para o agravamento dos problemas ambientais
globais (Mudanças climáticas), o que interfere nas actividades de subsistência das
comunidades (agricultura).
Por outro lado, uma vez que as comunidades dependem em grande medida dos recursos
florestais, é pertinente que sejam elas as primeiras a conservar e gerir os seus recursos
comunitários. A elas deve-se perspectivar estratégias de seu envolvimento para sua gestão,
uma vez que se assiste a uma falta de consciência de sustentabilidade na sua exploração.
O trabalho compreende três capítulos, sendo que o capítulo um (1) faz a abordagem do campo
teórico do tema. O capítulo dois (2) descreve as acaracteristicas físico-geográficas e sócio –
económicas de Maciamboza; e o capítulo três (3) apresenta estratégias de envolvimento da
comunidade na gestão dos recursos florestais na localidade de Maciamboza.
2
0.2. Problematização
A localidade de Maciamboza constitui uma área com um potencial da biodiversidade. No
entanto, a área é rica em recursos florestais e faunísticos, tal facto torna esta área de estudo
como um espaço de afluência de exploradores florestais (sejam comunitários, licenciados e
clandestinos).
A localidade em estudo conta com um comité de gestão dos recursos naturais (em caso
particular dos florestais), que se presume ser um órgão que visa o envolvimento das
comunidades na gestão e conservação dos recursos florestais e desenvolve actividades de
conservação dos mesmos recursos.
0.3 Hipóteses
0.3.1. Hipótese principal
Se se valorizar e incentivar as estruturas locais comunitárias na implementação dos
conhecimentos tradicionais, pode contribuir no envolvimento das comunidades na
gestão e conservação dos recursos florestais.
Este serviu para efectuar uma avaliação específica no funcionamento das actividades de
exploração florestal em relação a gestão dos Recursos florestais da localidade de Maciamboza
e discutir as hipóteses formadas com intuito de obter um conhecimento particularizado das
acções de gestão na área de estudo.
A pesquisa bibliográfica orientou na consulta de diferentes obras, que serão fundamentos para
diversos conceitos tais como desenvolvimento comunitário, actividades de exploração de
recursos florestais em prol do desenvolvimento sustentável entre outros conceitos inerentes ao
tema de pesquisa.
Para tal, compreende a observação directa, sobre as diferentes acções de conservação dos
recursos naturais, com objectivo de analisar o papel das comunidades em torno de
desenvolvimento sustentável ao nível na Localidade de Maciamboza.
Assim, segundo ARGOLA (2004, p.17), os recursos florestais são entendidos como sendo um
ecossistema no qual as árvores ocupam um lugar predominante. Classe de uso do solo que
identifica os terrenos dedicados à actividade florestal. A classe floresta inclui os seguintes
tipos de ocupação do solo: povoamentos florestais, áreas ardidas de povoamentos florestais,
áreas de corte raso e outras áreas arborizadas.
Do ponto de vista das citações acima descritas, pode-se entender que os recursos florestais são
constituídos por todos atributos valiosos da zona florestais que ocasionem trocas e possuam
valores agregados nos interesses humanos.
Segundo SELING (2002, p.23), “com a produção de madeira (produção de bens materiais), a
floresta produz bens imateriais, que são conceituados como benefícios indirectos”. Alguns
destes benefícios indirectos são: manutenção da fertilidade do solo e reciclagem de nutrientes,
protecção de bacias hidrográficas, redução da poluição do ar, regulações climáticas, fixações
de carbono e manutenção da biodiversidade.
Ainda de acordo com esta fonte supracitada, esta forma de gestão poderá ser feita na
qualidade de consulta individual, sociedade de consultoria ou consórcio de sociedades
dedicadas a estatutos ambientais.
9
Segundo SAKET (1994, p. 21), a gestão de recursos florestais, constituídos por igual o
envolvimento comunitário nos recursos florestais é feito pelo estabelecimento conselhos
locais de número de membros dos seguintes sectores:
Representantes das comunidades locais;
Pessoas singulares ou colectivas com actividades ligadas aos recursos florestais;
Associações ou organizações não-governamentais ligadas aos recursos florestais, ou
ao desenvolvimento comunitário local;
Ainda de acordo com COLCHESTER, (2000, p.248), o envolvimento das comunidades locais
na gestão dos recursos florestais contribui não só para a sua conservação mas também para a
protecção da fauna neles existentes. Em última análise, as comunidades beneficiam da
exploração sustentável dos seus recursos e assumem um papel privilegiado para ter apoio quer
do estado quer das ONG`s, o que poderá concorrer para a melhoria da qualidade de vida das
mesmas.
económicos e geográficos mais amplos, dentro dos quais ela tem uma função nas
características de exploração dos recursos florestais.
Desta teoria entende-se que, a utilização dos recursos florestais deve ser estritamente
sustentável, uma vez que pode estar a sustentabilidade da utilização da floresta nativa
ameaçada pelas queimadas, agricultura itinerante, corte de lenha e carvão e licenças simples,
observáveis nas florestas comunitárias.
Para AYCKING (1998), citado por MANJATE (1999), as experiências de envolvimento das
comunidades só se tornaram positivas, duma forma geral à medida que as comunidades se
interessarem e se sentirem empenhadas na gestão dos recursos naturais, quando existem
maiores benefícios directos. Porém, na maioria dos casos os benefícios não atingem as
comunidades, de forma directa; o que torna difícil a cooperação e sustentabilidade dos
recursos florestais.
Por outro lado, a falta de conhecimentos sobre o funcionamento e os processos que ocorrem
nos ecossistemas tropicais torna mais difícil a elaboração de modelos mais adequados para o
uso dos recursos florestais. Assim podem se sintetizar os factores de gestão dos recursos
florestais em:
Fraca difusão de legislação de Floresta e Fauna Bravia;
Fraca descentralização das responsabilidades do maneio florestal;
Insuficiência de conhecimento e educação ambiental;
Para além destes factores acima descritos, segundo ARGOLA (2004), em Moçambique os
factores de gestão de recursos florestais, de uma forma geral podem se sintetizar nos
seguintes:
Falta de iniciativas a nível das entidades administrativas locais e afins a gestão dos
recursos florestais no cometimento da educação sobre a importância dos recursos
florestais na vida das comunidades e para o ambiente;
11
Segundo SERRA (2008, p.363), a fraca disseminação da lei das Florestas e Fauna Bravia,
confirma a existência de lacunas no seio dos membros comunitários na gestão e conservação
dos recursos florestais; para a afirmação de atitudes e procedimentos legais durante a
realização das actividades. Esta situação constitui um factor de risco para o sucesso das
actividades de gestão.
Este facto justifica-se pelo facto de a legislação é que dita toda a forma de actuação e funções
na gestão dos Recursos Naturais, ainda que se admita a utilização de normas e práticas
costumeiras1 na gestão.
1
Lei de Terras, Artigo 24, no 1, alínea a
12
De acordo com a FAO (1995, p. 72), o estudo da gestão local de florestas é indispensável para
a manutenção de qualquer projecto de sustentabilidade de florestas comunitárias. O
conhecimento tradicional do uso e gestão dos recursos florestais varia de lugar para lugar,
havendo necessidades de estudar o sistema de gestão destes recursos.
A falta de incitativas de inclusão das comunidades, transgride a lei LFFB 2, que, diz no
processo da atribuição de concessão florestal ou de licença simples a administração local deve
consultar as comunidades locais abrangidas.
Ainda de acordo com estes autores, o desflorestamento que surge da exploração dos recursos
florestais, tem contribuído para privar o mundo de inúmeras espécies, destruindo o capital de
biodiversidade, e perdendo espécies com potenciais usos na medicina, agricultura e indústria.
2
arts. 18º n.º 1 e), 17º n.o 2 (Lei 10/99 de Floresta e Fauna Bravia)
13
Segundo BORGES (1999, p. 43), a destruição das árvores, não só remove estes “absorventes
de carbono”, mas por adição, a queima e decomposição das árvores, liberta ainda mais
dióxido de carbono para a atmosfera, bem como metano, outro dos gases principais, que
contribuem para o efeito de estufa.
A exploração dos recursos florestais envolve uma mudança drástica nos microclimas. Por
exemplo, se os arbustos e árvores são cortados, o sol do meio-dia incidirá directamente no
solo até agora com sombra; o solo tornar-se-á mais quente e seco, os organismos que vivem
no solo deslocam-se para evitar as condições mais severas.
De acordo com SILVA (1989), todas estas mudanças micro climáticas também trazem
mudanças ecológicas. O ecossistema está a ser alterado, na maioria dos casos, adversamente.
A partir dai, estes processos resultam não só, numa perda de produtividade biológica, mas
também, na degradação dos microclimas de superfície. Fenómenos tais como o aquecimento
global e o efeito de estufa, que têm a sua origem na desflorestação e desertificação, entre
muitas outras causas, são mais sérios, globais em alcance, e portanto, potencialmente mais
ameaçadores.
Para CUNHA E ALMEIDA (2002, 21), A erosão do solo tornou-se uma questão importante,
pois causa a lixiviação dos nutrientes, a possibilidade de desastres naturais durante períodos
de chuva intensa, ou até desertificação
1.3.3.2. Socioeconómicos
Segundo SILVA (1989, 47), a manipulação e exploração dos recursos florestais feitas de
forma cuidadosa de acordo com as limitações impostas pelos elementos do meio biofísico
(vegetação, solo e clima), pode fornecer ganhos, tais como bens e serviços à sociedade de
forma sustentável.
Interessa aqui referir que a exploração dos recursos florestais de ponto de vista de natureza
socioeconómica dita algumas consequências para a vida das comunidades de que dela
dependem.
2.2.2 Clima
As características climáticas desta área de estudo são baseadas nas condições e características
geográficas do distrito de Cheringoma. Baseada na classificação climática de Koppen,
segundo MUCHANGOS (1999, p.26), ocorrem na área de estudo, dois tipos de clima: O
clima do tipo “ tropical chuvoso de savana” , e do tipo “tropical temperado húmido ”,
observando – se em ambos os casos duas estacões: a chuvosa e a seca. A temperatura média
anual é de 24,2ºC.
2.2.3 Hidrografia
Segundo MAE (2005, p.5), a área de estudo é servida por duas principais bacias hidrográficas,
representadas pelos rios Punguè a Sul e, Zambeze a Norte. No entanto, a rede hidrográfica é
influenciada pelos rios anteriormente mencionados e pela manifestação de pequenos rios
locais, riachos e pântanos.
Fonte: SDAE
60.8% (correspondente a 3. 058 habitantes), abaixo dos 19 anos de idade, em termos sexuais a
população maioritária são mulheres com cerca de 2800.
No que diz respeito á pesca, segundo MAE (2005, p.41) esta actividade é uma das actividades
secundárias das comunidades locais. As condições para o desenvolvimento da pesca são
muito reduzidas, esta verifica-se ao longo do rio. Os dados disponíveis, segundo o chefe dos
serviços e actividades económicas, apontam para produção de mercado, em que o nível de
produção de vendas varia de 10% a 40%. Os animais domésticos mais importantes para o
consumo familiar são as galinhas e os cabritos.
Não existe nenhuma instituição bancária a operar na localidade, nem um sistema formal de
créditos a nível do distrito que pertença a localidade, para os operadores locais desenvolverem
iniciativas locais de rendimento. Sendo que as possibilidades de acesso e incentivo de créditos
derivam de práticas do sector informal e de boa vontade de singulares.
20
2.3.3. Infra-estruturas
A área de estudo não possui infra-estruturas com características convencionais, as estradas ou
vias de acesso são de terra abatida e em algumas épocas ficam intransitáveis. Conforme ilustra
a figura 2. Existem sete (7) escolas do ensino Primário, sendo uma (1) EPC, três (3) Postos de
saúde sendo um (1) construído pela empresa de exploração madeireira Levas Flores, no
âmbito da responsabilidade social. O abastecimento de água é efectuado com base na abertura
de poços, são no total 310poços, existem na localidade três (3) fontes de água.
Existem quatro (4) Moageiras sendo uma (1) comprada pela empresa de exploração
madeireira Levas Flores, no âmbito da responsabilidade social. Existem também nove (9)
mercearias de comercialização informal de produtos básicos, as casas são de construção com
recursos a material local, excepto sete (7) casas que têm uma cobertura de zinco.
A exploração florestal pode ser entendida como sendo “o conjunto de medidas e operações
ligadas à extracção dos recursos florestais para satisfação das necessidades humanas,
designadamente o corte ou derrube, transporte, serragem do material lenhoso, extracção,
utilização, secagem, incluindo fabrico de carvão, bem como a actividade de processamento
de madeira, quaisquer outras que a evolução técnica venha a indicar como tais,
independentemente da sua finalidade” (Lei N°10/99, Artigo 1, N° 5).
De acordo com as formas de exploração dos recursos florestais existentes no país, na área de
Maciamboza, existem dois tipos de exploração florestal: exploração floresta formal e informal
A exploração formal compreende a extracção da madeira m formas de toros para propósitos
industriais.
Nesta perspectiva na área de estudo, existem seis (6) empresas de exploração madeireira, a
saber: Levas Flor; Companhia Madeireira de Moçambique (CMM), Lof Construções (LOF),
Madeiras preciosas de Moçambique (MPM), Indústrias Marfer (IM), e EDN, com licenças
simples de exploração dos recursos florestais. Destas empresas somente duas é que possuem
instalações locais de tratamento da madeira - serrações (são elas a Levas Flor e CMM), onde
se encontra uma parte integrante da comunidade local a trabalhar.
Importa referir que este recurso de grande importância ecológica e económica, ao nível da
localidade em estudo é explorado em primeiro lugar para produção de material de construção
de casas e de infra-estruturas de suporte de governação local.
O material de construção é adquirido por grande número da população sem consentimento das
autoridades locais. Das observações efectuadas no local de estudo é visível a utilização de
estacas que possuem uma variedade de diâmetros e espécies cortadas para tal, estas são
misturadas com maticada de areia (solo), que é feita de material local (pau, argila, areia,
capim, etc.). Conforme ilustra as figura abaixo.
Por outro lado, a floresta é extraída pelas comunidades para aquisição de combustível lenhoso
para a confecção de alimentos dentro das comunidades. O uso intenso dos produtos florestais
como combustível lenhoso é devido as restrições económicas e falta de outras alternativas
para confeccionar alimentos aquecer iluminar e afugentar animais bravios.
Exploração da floresta para fins de combustível decorre da seguinte forma: i) Abate da árvore;
ii) e ii) Secagem da lenha.
Abate - As árvores são abatidas sem nenhuma regra. As árvores são escolhidas
principalmente segundo a facilidade de abate (topografia) tamanho e existência de
muitos ramos tendo em conta que a população usa machados e catanas para derrubar a
árvore.
3.1. Generalidades
Neste subcapítulo, faz-se uma abordagem das práticas e formas de exploração dos recursos
florestais, que constituem factores de observância de estratégias de gestão dos recursos
florestais na Localidade de Maciamboza. Isto é, práticas que urgem a gestão comunitária dos
recursos florestais.
Assim, de acordo com MICOA (2005, p.24) a falta da sensibilização da comunidade local
constitui um dos factores no fracasso a protecção e conservação (gestão) dos recursos naturais
e, consequentemente fraca gestão sustentável dos recursos florestais.
Assim, esta realidade não é diferente de que se verifica na localidade de Maciamboza, em que
existem extensas áreas florestais e a densidade populacional é baixa, que se agudiza com fraca
observação de benefícios com a exploração dos recursos florestais pelas concessionárias e
exploradores de licença simples, não existe um sistema rigoroso de exploração sustentável.
Segundo ALBANO (2001, p.12), esta situação quando há uma ampla distribuição de recursos
na floresta, as práticas gerais das comunidades consistem de uma casual recolha de produtos
25
florestais. Estes recursos são considerados de fácil acesso. Importa aqui realçar que, este
acesso livre não significa falta de práticas de gestão local, mas sim falta de regras rigorosas de
uso.
Do gráfico 1 pode-se observar que a extracção de lenha constitui umas das formas de usos e
aproveitamento dos recursos florestais na localidade de Maciamboza mais dominante, uma
vez que as cifras estatísticas das pessoas inqueridas são de cerca de 99% confirmaram este
facto. Esta percentagem permite ver que a população de Maciamboza possui um carácter
rural, em que a fonte de energia é a lenha, que tem a utilidade de confeccionar alimentos,
servir de lareira e afugentarem animais ferozes.
Contrariamente a elevada taxa de abate de árvores para produção de carvão que se regista em
grande parte das áreas florestais em Moçambique, em geral e, em particular na Província de
Sofala, na localidade de Maciamboza esta prática é quase inexistente, encontrando-se um
número insignificante da população a praticá-la.
Esta tendência deve-se em grande medida as actividades dos órgãos comunitários de gestão e
conservação de recursos florestais, associados ao processo de nomadismo da população local.
A lenha é obtida por formas de abate de árvores frescas, o que contribui para devastação de
áreas florestais se olharmos para o índice da população inquirida que extrai a lenha.
26
A extracção de madeira e estacas é uma forma de usos dos recursos florestais dominante no
seio das comunidades locais ou rurais, uma vez que estes são dependentes dos recursos
florestais para construção e manutenção das habitações. No entanto a maioria da população
inquirida extrai a madeira e estacas de diferentes espécies florestais.
Segundo SEMO (2004, p.22), apesar dos diferentes usos e aproveitamento de recursos
florestais de que as comunidades se relacionam no seu dia-a-dia na sobrevivência das suas
famílias, o aproveitamento; é efectuado na base de exploração controlada dos recursos
florestais é efectuada tradicionalmente pelas comunidades, em forma de regras e
regulamentos locais que governam a propriedade e acesso aos recursos.
Na localidade de Maciamboza, as regras de gestão dos recursos florestais, são sob forma de
tabus usados para a gestão sustentável dos recursos florestais. Algumas destas regras inibem o
corte de determinadas espécies arbóreas (árvores) e de certos frutos na floresta. E grande parte
da população local herdou a terra dos seus ancestrais, sendo que os outros obtiveram através
da compra, e concessão pelos líderes locais.
Em Maciamboza os tabus não têm uma grande significância na gestão e conservação dos
recursos florestais, uma vez que existem dois tipos de aquisição de terra, na qual uma parte
herdou dos seus ancestrais e outros restantes obtiveram através da compra, e de pedidos
dirigidos aos líderes locais.
O Gráfico 2, apresenta dados que ilustram as regras locais de gestão dos recursos florestais na
localidade de Maciamboza.
27
Do gráfico 2, pode-se observar que segundo os inqueridos a exploração dos recursos florestais
é somente para o consumo da comunidade. No entanto em Maciamboza, as regras que tem
contribuído na gestão e conservação dos recursos florestais são o apelo sobre a não realização
das queimadas descontroladas e a proibição do acesso nas áreas de conservação
principalmente em locais sagrados (cemitérios, e locais de cerimónias), como demonstra
o gráfico acima.
Segundo SEMO (2004, p.34), nas comunidades locais a preservação dos recursos naturais, a
sua manutenção desde os tempos passados deve-se grosso modo a existência de normas
tradicionais locais, o que vem se manifestando ainda que em pequena escala em algumas
regras locais reconhecidas e implementadas pela comunidade local para conservação dos
recursos florestais.
Apesar das práticas e proibições da comunidade no que diz respeitos a degradação dos
recursos florestais, importa salientar que o grau de envolvimento da comunidade na
conservação dos recursos florestais na localidade de Maciamboza é relativamente baixo.
28
Somados os dados referentes os afirmações dos inqueridos que dizem não existir o
envolvimento comunitário, os que dizem existir baixo grau de envolvimento comunitário,
assim como os que afirmaram não ter conhecimento de tal situação, pode-se dizer que o
envolvimento das comunidades na gestão e conservação dos recursos florestais é
relativamente baixo.
resultado do fraco conhecimento sobre as regras ou leis que visam a conservação dos recursos
naturais, em particular florestais.
Procurando estabelecer uma ligação dos factos e das respostas que tem se manifestado pelos
resultados dos gráficos acima apresentados, a pesquisa procurou saber dos factores que
poderão estar por detrás do fraco envolvimento das comunidades na gestão e conservação dos
recursos florestais.
Deste modo segundo tomando como base o autor acima torna-se necessário em Maciamboza
que sejam adoptadas estratégias para o envolvimento da comunidade na gestão dos recursos
florestais. Neste âmbito importa salientar que as estratégias que são apresentadas no ponto a
seguir do presente trabalho, poderão contribuir na sustentabilidade dos recursos florestais.
30
Neste âmbito, para adopção das estratégias tomou-se em conta o modelo conservacionista. Na
qual o modelo preconiza a exploração sustentável dos recursos, pelas comunidades em áreas
com potencialidades da biodiversidade, como é o caso de Maciamboza. As estratégias passam
necessariamente pela melhoria das actividades do comité de gestão dos recursos naturais
potenciação de práticas sobre educação para conservação dos recursos florestais e
envolvimento das comunidades através da educação ambiental.
O comité deverá estar capacitado para gerir todos os recursos naturais disponíveis na sua área
comunitária, conquanto o ambiente funciona como um sistema unitário, onde a exploração de
um dado recurso afecta o funcionamento dos restantes.
O Plano de Maneio Florestal deve indicar a tendência que conduza a redução da exploração
florestal descontrolada como sendo o objectivo principal das actividades de maneio florestal.
Segundo BOND et al (2006) o plano de maneio indica as actividades que deverão ser levadas
a cabo pela OBC (organização com base comunitário) para alcançar o seu mandato na gestão
de recursos naturais dentro da área da comunidade.
O autor afirma que: “ o processo pelo qual o plano de maneio compilado é muito importante,
o uso de métodos participativos através do qual representantes das comunidades e outros
actores que podem contribuir para o processo de planificação, cria uma série acessível de
informação e de ideias para o uso do nível local” (BOND et. al, 2006, p. 25).
33
Segundo ZOLHO (2004, p. 31) todas as áreas de protecção devem ter um plano de maneio, e
estas trazem consigo algumas características:
1. Devem conter uma visão e objectivos mensuráveis para orientar a gestão da área. A
visão e os objectivos formam um quadro geral para a determinação das acções a
tomar, quando devem ser tomadas, os recursos necessários para a sua implementação.
2. É um instrumento vital para a identificação das necessidades de maneio, estabelecer
prioridades e organização das acções futuras.
3. Devem ser suficientemente rígido para orientar e suficientemente flexível para
permitir modificações necessárias á medida que se for ganhando mais informações
sobre a área e os seus recursos.
Conclusões
Para tal, uma vez que as comunidades dependem dos recursos florestais, é pertinente que
sejam elas as primeiras a conservar e gerir os seus recursos comunitários. A elas deve-se
perspectivar estratégias de seu envolvimento para gestão dos recursos florestais, uma vez o
que se assiste é a falta de uma consciência de sustentabilidade da exploração dos recursos
florestais.
Assim, conclui-se sob ponto de vista das informações obtidas nesta pesquisa que, urge a
implementação de acções que potenciem a participação e envolvimento das comunidades de
forma efectiva na gestão e conservação dos recursos florestais em Maciamboza. As estratégias
tidas como sendo capazes de desencadear uma co-gestão, passam pela sensibilização das
comunidades sobre a importância da gestão e conservação dos recursos florestais através da
educação ambiental, implementação de plano de maneio comunitário orientado para a criação
de benefícios para as comunidades.
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Sugestões
A presente pesquisa pretende lograr o envolvimento das comunidades da localidade de
Maciamboza na gestão e conservação dos seus próprios recursos naturais. As conclusões a
que nos remete a pesquisa induzem a considerar as seguintes sugestões:
Às comunidades locais:
Bibliografia
Documentos oficiais
……………………..REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Constituição da República,
Imprensa Nacional, Maputo, 2004;
A. Identificação
Local____________________________________________
Regulado______________________
Data ______/__________/________
Nome ___________________________________________
1. Quais as principais instituições formais e informais que CGC usa na gestão dos recursos
Florestais? Como faz a sua aplicação na comunidade?
3. Quais as estruturas de poder responsáveis pelo acesso e controlo dos recursos florestais?
4. O CGC faz a fiscalização dos usos dos recursos florestais? Se sim como faz?
6. Haverá personalidades locais que deveriam fazer parte do CGC mas que não fazem? Se
sim, quais e por quê?
7. Qual a relação entre o CGC e as entidades (organizações) que participam ma sua formação
(há algum apoio)?
9. Quais são os principais usos dos recursos florestais? Feitos por quem?
10. Quais os principais tipos de uso dos recursos florestais localmente interditos (uso não
sustentável)? Porquê? Geralmente quem faz esse tipo de uso?
11. Quais os problemas ambientais decorrentes do uso dos recursos florestais/ esses
problemas estão a nível aceitável ou são extremamente preocupantes?
Muito Obrigada!
Inquérito Submetido a Comunidade
A. Identificação
Local____________________________________________
Regulado______________________
Data ______/__________/________
Nome ___________________________________________
Posição na Família
Lenha______________________________________________________________________
Estacas_____________________________________________________________________
Carvão_____________________________________________________________________
Madeira____________________________________________________________________
Outros Produtos_____________________________________________________________
___________________________________________________________________________
______
4. Existem algumas espécies que não devem ser exploradas? Sim ( ) Não ( ) Não sabe ( )
5. Existem áreas onde a exploração e acesso aos recursos florestais é proibido? Sim ( ) Não (
) Não sabe ( ) Se sim sabe os porquês?
_______________________________________________
1. A exploração dos recursos florestais é feita para consumo próprio, não tem finalidade
comercial; ( )
2. É proibido o corte de arvores de frutas silvestres ( )
3. Ë proibido o corte de arvores de espécies de valor económico para lenha ou carvão ( )
4. A exploração dos recursos florestais é somente feita pelos residentes ( )
5. É proibido o acesso a áreas determinadas de reflorestamento ou protecção e
conservação ( )
8. Para além destas regras conhece outras? Sim ( ) Não ( ). Se sim quais?
______________________
___________________________________________________________________________
13. Existe uma punição para as pessoas que não seguem as formalidades locais e
administrativas da exploração dos recursos florestais? Sim ( ) Não ( ). Se sim qual tem sido
a punição?
14. Quem faz o seguimento da gestão e controle da exploração dos recursos florestais?
15. Qual tem sido o vosso papel para conservar e proteger os recursos florestais?
________________
17. Quais são os benefícios que a população tem dos operadores madeireiros nesta
comunidade?
Muito Obrigada!
Roteiro de Entrevista aos Informantes Chaves da Comunidade
A. Identificação
Local ________________________
Regulado______________________
Nome _________________________________________________
Categoria:
1. Quais são os recursos florestais que são explorados nesta região ou comunidade?
5. Existe áreas onde a exploração é proibida ou controlada? Se sim Porque e quem o Faz?
6. Existem regras locais comunitárias que controla ou permitem a conservação dos recursos
florestais?
7. Existem recursos florestais que são proibidos de serem explorados? Se sim quais e porque?
8. Existe um controlo por parte dos lideres locais e da estrutura administrativa em relação as
formas de exploração dos recursos florestais?
13. Quais são as acções desenvolvidas pela comunidade, lideres locais e organizações na
exploração dos recursos florestais?
18. A comunidade adere aos planos e programas de gestão dos recursos florestais (maneio)
das organizações e exploradores existentes? Se não Porquê?
19.Quais são os benefícios que a população tem dos operadores madeireiros nesta
comunidade?
Muito Obrigada!
Guião de observação.
Tabela 1: Idade
Válido Anos Frequência Percentagem (%) Acumulada
21-30 28 32 32
31-40 37 43 75
mais de 40 22 25 100
Total 87 100
Tabela 3: sexo
Válido Sexo Frequência Percentagem (%) Acumulada
Masculino 72 83 83
Feminino 15 17 100
Total 87 100
Tabela 4: Área de Actividade
Válido Actividades Frequência Percentagem (%) Acumulada
Camponês 80 91 91
Negociante 4 6 97
Estudante 0 0 97
Outros 3 3 100
Total 87 100