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LEVANTAMENTO DE DADOS E DESCRIÇÃO DOS ASPECTOS FISIOGRÁFICOS DA ÁREA

DE ESTUDO

LOCALIZAÇÃO
Região leste da Ilha do Marajó, municípios de Santa Cruz do Arari, Soure, Salvaterra,
Cachoeira do Arari, Chaves, Ponta de pedras, Muaná, São Sebastião da Boa Vista e Curralinho
(figura 1).
Figura 1 -Área de estudo para levantamento dos dados

Integrada à ilha do Marajó, a área de estudo está dentro de um sistema estuarino


complexo, que é a baía de Marajó, resultante do encontro das grandes embocaduras do Pará e
do Tocantins, mas com influência do oceano Atlântico. Mais especificamente, a área de estudo
corresponde a costa leste da ilha do Marajó inclui 9 municípios: Chaves, Soure, Salvaterra,
Santa Cruz do Arari, Cachoeira do Arari, Muaná, Ponta de Pedras, São Sebastião da boa vista
e Curralinho. A Margem Leste da Ilha do Marajó apresenta um forte contraste morfológico
adquirido sob influência estrutural, o estuário Paracauari representa um divisor entre dois
blocos: (i) ao Norte, Soure é representada por uma topografia baixa, onde pode-se observar
uma extensa planície flúvio-estuarina e (ii) ao sul, Salvaterra é caracterizada por um alto
estrutural (FRANÇA, 2003).
Segundo os estudos da coletânea organizado por Dieter Muehe (ANO) intitulado de
Erosão e Progradação no litoral Brasileiro, subdividido em 16 volumes, cada volume destinado
a um estado localizado na costa brasileira (este trecho está sem contexto). No volume
correspondente ao litoral Paraense El-Robrini (ANO) foi o organizador (foi organizador de que
trabalho?), em seu estudo os pesquisadores (El-Robrini e quem?) dividiram a costa paraense
em 3 setores. O setor destinado a ilha do Marajó, que correspondeu ao 2º setor em que eles
caracterizam da seguinte forma: “O segundo setor mostra uma costa baixa ocupada por
extensas planícies de manguezais, recortadas por vales afogados, esculpidas na maior parte
em depósitos holocênicos (EL-ROBRINI,2012), (aqui está faltando colocar a os outros 2 setores
já que dividiram a costa paraense em 3 setores)
O relevo da Ilha do Marajó é constituído por duas unidades: (1) Planalto Rebaixado da
Amazônia, também chamado de Pediplano Pleistocênico e (2) a Planície Amazônica,
constituída por sedimentos quaternários e marca um relevo plano e baixo e abrange a maior
parte da Ilha (Barbosa et al., 1974; Bemerguy, 1981, apud França, 2003). Na borda estuarina
da ilha, este planalto produz falésias e é constituído pelos sedimentos do Grupo Barreiras e
Pós-Barreiras. (tu achas que seria interessante aqui eu inserir algumas fotos dessas unidades
como exemplo?)
Nas Ilhas do Marajó (a exemplo de Salvaterra) e do Mosqueiro (localizada na costa
oriental da ilha do Marajó), as planícies flúvio-marinhas são mais estreitas, encaixadas nos
sedimentos do grupo Barreiras e apresentam um certo controle estrutural (EL-ROBRINI, 2001;
FRANÇA, 2003), as praias estuarinas são curtas, geralmente apresentando falésias e com
larguras entre 6 e 13m (EL-ROBRINI, 2001)
1. GEOMORFOLOGIA:
Os fatores neotectônicos e as flutuações relativas do nível do mar, que atuaram em
escala regional durante o Cenozoico Superior, fizeram com que se desenvolvesse uma
morfologia estuarina na ilha de Marajó. Essa morfologia estuarina é atestada pela presença de
depósitos sedimentares, a maioria de grande espessura, de origem flúvio-marinha e marinha
(Rossetti et al., 2008). Além da estrutura sedimentar, os fatores mencionados acima produziram
diversidade nas formas de relevo em virtude da atuação de processos geomorfológicos
específicos. A combinação desses fatores justifica a gênese e a configuração da paisagem da
área de estudo (ARAÚJO, 2014).
Processos de agradação fluviais e marinhos se combinaram no preenchimento de fossa
tectônica na foz do rio Amazonas, resultando na construção da ilha de Marajó e arquipélago
vizinho. A atuação sub-atual de processos de acumulação lacustre e fluviolacustre conjuga-se a
processos destrutivos que aperfeiçoam o modelado da orla da marítima e as bordas dos canais
de drenagem.
Para uma análise Geomorfológica o IBGE em seu manual técnico determina uma
classificação dividida em 4 grandezas. A primeira grandeza, a maior de todas é denominada de
Domínios, seguido pelas Regiões, Unidades e os Modelados.
Os Domínios Morfoestruturais compreendem os maiores táxons na compartimentação do
relevo. Ocorrem em escala regional e organizam os fatos geomorfológicos segundo o
arcabouço geológico marcado pela natureza das rochas e pela tectônica que atua sobre elas
(IBGE,2009). A ilha do Marajó apresenta em sua extensão territorial dois domínios
morfoestruturais:
I. Depósito Sedimentares Quaternários: Esse domínio é constituído pelas áreas de
acumulação representadas pelas planícies e terraços de baixa declividade e,
eventualmente, depressões modeladas sobre depósitos de sedimentos horizontais
a sub-horizontais de ambientes fluviais, marinhos, fluviomarinhos, lagunares e/ou
eólicos, dispostos na zona costeira ou no interior do continente. (IBGE, 2009)
II. Bacias de coberturas sedimentares Fanerozóicas: São Planaltos e chapadas
desenvolvidos sobre rochas sedimentares horizontais a sub-horizontais,
eventualmente dobradas e/ou falhadas, em ambientes de sedimentação diversos,
dispostos nas margens continentais e/ou no interior do continente. (IBGE, 2009)
ESTÁ FALTANDO FALAR SOBRE A SEGUNDA GRANDEZA REGIÕES, PORQUE LÁ
EM CIMA VOCÊ DISSE QUE O IBGE CLASSIFICA 4 GRANDEZAS.
O terceiro nível taxonômico refere-se às Unidades Geomorfológicas. Elas são definidas
como um arranjo de formas altimétrica e fisionomicamente semelhantes em seus diversos tipos
de modelados. A geomorfogênese e a similitude de formas podem ser explicadas por fatores
paleoclimáticos e por condicionantes litológica e estrutural. Cada unidade geomorfológica
evidencia seus processos originários, formações superficiais e tipos de modelados
diferenciados dos demais. O comportamento da drenagem, seus padrões e anomalias são
tomados como referencial à medida que revelam as relações entre os ambientes climáticos
atuais ou passados e as condicionantes litológicas e tectônicas. Os conjuntos de formas de
relevo que compõem as unidades constituem compartimentos identificados como planícies,
depressões, tabuleiros, chapadas, patamares, planaltos e serras (IBGE, 2009).

AQUI SE FOSSE POSSÍVEL ACHO QUE SERIA INTERESSANTE INSERIR UMA


FOTOGRAFIA DE CADA GRANDEZA PARA FICAR MAIS CLARA A COMPREEENSÃO.

No Marajó podemos destacar 4 unidades Geomorfológicas segundo IBGE (2008)


Quadro 1 - Domínios e Unidades Presentes Na Ilha Do Marajó

Domínios Unidades Descrição

I. Depósitos 151. Planície Amazônica São formas de relevo planas ou


Sedimentares suavemente onduladas, posicionadas a
incosolidados 380. Planície litorânea do Marajó baixa altitude, e em que processos de
sedimentação superam os de erosão.

I. Bacias de cobertura 356. Tabuleiros do Marajó. São formas de relevo de topo plano,
sedimentar elaboradas em rochas sedimentares, em
359. Tabuleiros Paraense (ESTE geral limitadas por escarpas; os tabuleiros
AQUI NÃO ESTÁ NO QUADRO apresentam altitudes relativamente baixas
ABAIXO)
FONTE: IBGE, 2002
ELABORADO: Pela autora

Tabela 1 - Distribuição das Unidades Geomorfológicas de cada Município da Área de Estudo


Unidades Geomorfológicas

Un Planície Planície Tabuleiros do Corpos d’água


Municípios
Litorânea Amazônica Marajó
Do Marajó
km² 2609.37 km² 0 0 413.92 km²
Cachoeira do Arari
% 86,31% 0 0 13,69%

km² 519.21 km² 0 220.25 km² 329.93 km²


Salvaterra
% 48,55 % 0 20.60% 30,85 %

km² 824.41 km² 1189.52 km² 1262.27 km² 423.84 km²


Muaná
% 22,28 % 32,15 % 34,12 % 1,46 %

km² 2677.28 km² 43.83 km² 181.21 km² 436.63 km²


Ponta de pedra
% 80,18 % 1,31 % 5,43 % 13,08 %

km² 0 703.02 km² 809.09 km² 129.74 km²


São Sebastião de
Boa Vista
% 0 42,82 % 49,28 % 7,90 %

km² 0 1836.00 km² 1424.60 km² 436.44 km²


Curralinho
% 0 49,66 % 38,53 % 11,81 %

km² 1047.57 km² 0 0 25.74 km²


Santa Cruz do Arari
% 97,60 % 0 0 2,40 %

km² 2798.99 km² 0 0 489,36 km²


Soure
% 85,12 % 0 0 14,88 %
FONTE: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora.

Ainda segundo a ordem taxonômica de identificação geomorfológica a quarta ordem de


grandeza corresponde aos Modelados. Abrange um padrão de formas de relevo que
apresentam definição geométrica similar em função de uma gênese comum e dos processos
morfogenéticos atuantes, resultando na recorrência dos materiais correlativos superficiais
(IBGE, 2009).
Na ilha do Marajó podemos observar a presença de 3 tipos de modelados: Acumulação,
Aplainamento e dissecação. Destacando a maior presença do modelado de Acumulação na
ilha. Predominam vastas extensões de terraços fluviomarinhos e lacustres, onde registram-se
marcas de paleodrenagem. Há terraços marinhos com indícios dos limites das antigas praias.
Planícies fluviais e fluviolacustres representam os setores de construção mais recentes, com
diques marginais. As planícies fluviomarinhas orlam trechos da costa leste, colonizadas por
manguezais. A bacia lacustre do Arari é circundada por planície com cordões arenosos
concêntricos assinalando oscilações da lâmina d'água do lago (IBGE,2020). Segue na tabela
abaixo os tipos de modelados existente no leste do Marajó.
Não seria interessante falar nem que seja rapidamente dos modelados de Aplainamento
e Dissecação?
Quadro 2 - Demonstrativo Dos Tipos de Modelados Presentes No Leste Do Marajó
Quadro Demonstrativo Dos Tipos de Modelados Presentes No Leste Do Marajó

TIPOS SIGLA NOME

Apf Planicie Fluvial

M Afm Planicie Fluviomarinha


O
D ACUMULAÇÃO Afl Planície Fluviolacustre
E
Atfl1 Terraço Fluviolacustre
L
A Atfm1 Terraço Fluviomarinho
D
O APLAINAMENTO Pri Pediplano Retocado Inumado
S
Dissecação homogênea de densidade muito
DISSECAÇÃO Dt11
grosseira e aprofundamento muito fraco
FONTE: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE.1. Elaborado pela autora

A sugestão é colocar esse quadro como anexo.

2. ASPECTOS GEOLÓGICOS:

A Ilha de Marajó está inserida na bacia sedimentar da foz do Rio Amazonas, denominada
de Bacia do Marajó, formada por quatro sub-bacias (Mexiana, Limoeiro, Cametá e Mocajuba),
com falhas normais NW e NNW e transcorrentes NE e ENE (Villegas, 1994).
A Bacia do Marajó é limitada a noroeste pelo Escudo das Guianas e a sudeste pelo
Escudo Central Brasileiro (Schaller et al., 1971). O Arco de Gurupá separa a Bacia do Marajó
da Bacia Paleozóica do Baixo Amazonas, enquanto o Arco Tocantins a separa da Bacia do
Maranhão. Sua estrutura tectônica é caracterizada por um sistema de grabens com falhas

1 Reúne bases temáticas de recursos naturais do território nacional, em quatro áreas temáticas: Geologia,
Geomorfologia, Pedologia e Vegetação. As bases de dados são compatíveis com a escala 1:250.000,
desenvolvidas no âmbito do Projeto SIVAM e do Mapeamento de Recursos Naturais a partir de 1998. As
metodologias e procedimentos realizados para a elaboração destas bases são herança e evolução de métodos
desenvolvidos ao longo do Projeto RADAM/RADAMBRASIL que realizou o levantamento de recursos naturais
brasileiros, não marinhos, publicados em escala 1:1.000.000, nas décadas de 1970 e 1980. Parte da base de
informações pontuais apresentadas também possuem origem no RADAM/RADAMBRASIL.
marginais escalonadas. A espessura total desta bacia atinge mais de 11.000 m (Costa et al.,
2002), com idade do Cretáceo até o recente sendo constituída pelas sequências pré-rifte,
sinrifte e pós-rifte (FRANÇA, 2010).

Figura 1 – Coluna estratigráfica da Bacia do Marajó

Fonte: França (2010), Modificado de Lima (1987); Costa et al. (2002).

Quanto ao perfil sedimentar a costa leste da ilha do Marajó apresenta sedimentos do


Holoceno de textura lamosa ou arenosa do período terciário e quaternário (FRANÇA, 2007). A
principal formação da área é a Formação Barreiras que se caracteriza por um conjunto
sedimentar de depósitos siliciclásticos (ROSSETTI, 2008 apud BATISTA, 2013). O Pós
Barreiras por sua vez, pertence ao Quaternário e é composto por argilas silicosas e areais
quartzosas, em seu período mais recente, do presente até 10000 AP, e por siltes, argilas,
areias finas e até grânulos e blocos de arenito em seu período que alcança até o Pleistoceno
(PINHEIRO, 1987). O domínio nordeste da Ilha de Marajó é constituído por depósitos
quaternários relacionados a última fase de deposição da sucessão Tucunaré-Pirarucu (VITAL,
1988; FRANÇA, 2010)
1. Cronoestratigrafia - Parte da Estratigrafia que trata da idade dos estratos e de suas
relações geocronológicas
2. Classificação cronoestratigráfica- Organização dos estratos em unidades baseadas na
idade ou no seu tempo de formação.
3. "Unidade cronoestratigráfica - Conjunto de estratos que constitui uma unidade por conter
as rochas formadas durante determinado intervalo de tempo geológico. Tal unidade
representa todas as rochas formadas durante determinado intervalo de tempo da história
da Terra. As unidades cronoestratigráficas estão limitadas por superfícies isócronas, a
categoria e a magnitude relativas das unidades na hierarquia cronoestratigráfica são
funções da duração do intervalo de tempo representado por suas rochas e da espessura
do conjunto de estratos que as formam (IBGE, 2009).
Podemos destacar que na região estudada as principais Unidades Cronoestratigráficas
se desenvolveram no quaternário na época que corresponde ao Holoceno e Pleistoceno,
somente o Grupo Barreira pertence ao período Terciário Neógeno na Época do Mioceno.

Quadro 3 – Unidades Litoestratigráficas presentes na área de estudo


UNIDADES CRONO LITOESTRATIGRÁFICAS

Eon Era Período Época Unidade

F C Q HOLOCENO Depósitos Aluvionares Holocênicos


A E U
N N A Terraços Holocênicos
E O T
R Z E Depósito de Pântanos e Mangues Holocênicos
O Ó R
Z I N Aluviões Fluviolacustre Holocênicos
Ó C Á
I A R PLEISTOCENO Cobertura Sedimentar do baixo Tocantins
C I
O O Cobertura Detrito-Laterítica Neo-Pleistocênica

Terraços Fluviomarinhos Pleistocênico

TERCIÁRIO PLIOCENO
NEÓGENO
MIOCENO Grupo Barreira
Na área de estudo, podemos perceber que as unidades mencionadas no quadro acima
estão dispostas de maneira peculiar, destacamos ao norte da área de estudo a presença dos
depósitos de pântanos e mangues do holoceno com destaque no município de Chaves, bem
como terraços fluviomarinhos pleistocênicos que também se evidencia no município de Soure.
Em Santa Cruz do Arari tem uma presença marcante de 92% de aluviões Fluviolacustre
Holocênico, assim como Cachoeira do Arari que tem 52% de sua extensão dessa mesma
unidade geológica. Os municípios localizados ao sul da área de estudo têm a maior presença
da cobertura sedimentar do baixo Tocantins. Na tabela e gráfico (CAMILA AQUI TU ACHAS
MELHOR COLOCAR TABELA OU GRÁFICO? SE FOREM GRÁFICOS EU ACHO QUE ESSES
GRÁFICOS ABAIXO PARA UMA TESE APRESENTAM UMA RESOLUÇÃO DE BAIXA
QUALIDADE, O QUE TU ACHAS?) abaixo podemos observar as distribuições das unidades por
município e assim entender um pouco melhor o seu arranjo espacial.
Figura 2 – Distribuição dos percentuais dos depósitos de sedimentos por município da área de estudo
Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

3. ASPECTOS PEDOLÓGICOS:

Dentre as diversas definições de solo, a que melhor se adapta ao levantamento


pedológico é a do Soil taxonomy: a basic system of soil classification for making and interpreting
soil surveys (1999, p. 9): Solo é a coletividade de indivíduos naturais, na superfície da terra,
eventualmente modificado ou mesmo construído pelo homem, contendo matéria orgânica viva e
servindo ou sendo capaz de servir à sustentação de plantas ao ar livre. No Marajó podemos
encontrar os seguintes tipos de solo.
Quadro 4- apresenta os tipos de solos presentes no leste do Marajó.
Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

3.1 Tipos de solos


3.1.1. Gleissolos:
3.1.1.1. Gleissolo Háplico: Solos Glei Pouco Húmico estão localizados em áreas de
várzeas normalmente com vegetação de vereda, campos higróficos ou hidrófilos, em relevo
plano que permite o acúmulo de água durante todo o ano ou na maior parte dele. Podem
ocorrer em cabeceiras de rios ou córregos e também ao longo deles, estando sujeitos a
inundações. O lençol freático quase sempre está próximo à superfície (FONTE).
Apresentam sérias limitações ao uso agrícola, principalmente, em relação à deficiência
de oxigênio (pelo excesso de água), à baixa fertilidade e ao impedimento à mecanização. Por
estarem em locais úmidos, conservadores de água, não se recomenda sua utilização para
atividades agrícolas, principalmente, nas áreas que ainda estão intactas e nas nascentes dos
cursos d’água. O ambiente onde se encontram os solos glei é muito importante do ponto de
vista conservação do recurso água, POIS..... , também é importante informar que a drenagem
dessas áreas pode comprometer o reservatório hídrico da região, particularmente, nas áreas
onde se utiliza irrigação de superfície. A manutenção das várzeas é de suma importância para a
perenização dos cursos d´água, em alguns casos, mormente em pequenas propriedades, onde
o uso do solo é bastante intensivo devido à escassez de área, é comum a utilização de várzeas,
em especial, para horticultura (EMBRAPA, ANO)
3.1.1.2. Gleissolo Tiomórfico: Solo de baixadas litorâneas com pH muito baixo, sob
influência de oscilações de maré, seu manejo é dificultado, pois exige grandes investimentos,
como calagem e drenagem. Se o risco de inundação for frequente ou muito frequente, o
aproveitamento agrícola do solo será mais dificultado, não se recomenda, portanto drenar (acho
que está faltando alguma palavrinha aqui) quando os solos apresentam caráter tiomórfico, isto
porque em condições naturais a acidez de pH em água normalmente está próxima a 7,0 e,
quando drenado, torna-se extremamente ácido (pH em água próximo de 3,5). Normalmente, as
áreas em que estes solos ocorrem não são apropriadas para uso agrícola, recomendando-se
aproveitá-los para preservação. Distribuem-se nas regiões costeiras e áreas de várzeas e
planícies aluvionais, mal ou muito mal drenadas (EMBRAPA, ___).
3.1.1.3. Gleissolo Sálico: Geralmente, ocorrem em relevo plano de várzea e
esporadicamente em terraços, associados aos mangues e baixos cursos de rios nordestinos,
por isso normalmente apresentam gleização. O solo fica descoberto nos locais onde a
concentração de sais é elevada. Praticamente, não apresenta potencialidades agrícolas. A
concentração de sais solúveis no solo é alta e a dessalinização é difícil e cara, sendo indicados
para preservação ambiental (EMBRAPA, ___).
3.1.2.Latossolos:
3.1.2.1. Latossolo Amarelo: Solos desenvolvidos de materiais argilosos ou areno-argilosos. A
cor amarelada é uniforme em profundidade. A textura mais comum é a argilosa ou muito
argilosa, apresentam boas condições físicas de retenção de umidade e boa permeabilidade,
sendo intensivamente utilizados para culturas de cana-de-açúcar e pastagens, e em menor
escala, para cultivo de mandioca, abacaxi, coco da baía e citros; e grandes áreas de
reflorestamento com eucalipto. Na Amazônia, são utilizados principalmente para pastagem
(EMBRAPA, ___).
3.1.3. Neossolos:
3.1.3.1. Neossolos Quartzarênico Órtico: Esta classe de solo ocorre em relevo plano ou suave
ondulado, apresenta textura arenosa ao longo do perfil. Solos de textura arenosa desprovida
de minerais alteráveis. Não apresentam restrição ao uso e manejo. Por serem profundos, não
existe limitação física para o desenvolvimento radicular em profundidade. Os teores de matéria
orgânica, fósforo e micronutrientes são muito baixos. A lixiviação de nitrato é intensa devido à
textura essencialmente arenosa (EMBRAPA, ___).
Solos mais apropriados para reflorestamento, sendo porém, nos estados de São Paulo, Ceará e
Bahia, utilizados para cultura de cana-de-açúcar. No nordeste, verificam-se grandes áreas
cultivadas com cajueiro (EMBRAPA, ___).

3.1.4. Plintossolos:
3.1.4.1. Plintossolo Háplico Distrófico: Os Plintossolos Háplicos ocorrem em áreas que possuem
escoamento lento de água (áreas deprimidas de relevo plano ou suave ondulado). Apresentam
grande concentração de plintita (concreções ferruginosas), quando distrófico apresenta baixa
fertilidade (EMBRAPA, ___).
Esses são os tipos de solos encontrados nos nove municípios que abrange a área de
estudo, deve-se levar em consideração que a complexa evolução recente das feições
morfológicas de Marajó tem reflexos na distribuição e natureza dos solos. Na faixa litorânea
norte ocorrem Areias Quartzosas, associadas a Areias Quartzosas Marinhas distróficas, e
Solonchak e Solos Indiscriminados de Mangues. No interior há extensos setores de Solos
Hidromórficos Indiscriminados e Solos Gey eutróficos e distróficos. No gráfico abaixo podemos
constatar a maior incidência de solo do tipo Gleissolo háplico, que compreende a 74% da área
de estudo.
Figura 3 - Tipos de solos na área de estudo

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

(CAMILA AQUI O QUE TU ACHAS DESSE GRÁFICO, ACHAS QUE A RESOLUÇÃO ESTÁ
BOA?)
Outro solo que tem destaque na região é o Plintossolo háplico que corresponde a 18%.
O solo do tipo Glei tiomórfico e sálico correspondem a 3% cada da área total e o latossolo
amarelo e neossolo quartzarênico 1% cada. Nas tabelas abaixo podemos perceber a
distribuição de cada tipo de solo por município (CAMILA, EU ACHO QUE AQUI FALTOU
APARECER OS MUNICÍPIOS).
Figura 4 - Distribuição de tipos de solos em chaves

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

No município de Chaves a presença mais marcante é do Gleissolo háplico,


correspondendo a 61,33% do seu território, tendo a presença na parte litorânea do gleissolo
sálico e tiomórfico, o restante do território é composta de corpos d'água 30,09%.
Figura 5 - Distribuição de tipos de solos em soure

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

No município de Soure na sua faixa litorânea temos a presença do Gleissolo tiomórfico,


ao norte o Gleissolo sálico que corresponde a 18,13% da extensão do município. No Sul do
município na margem esquerda do rio Paracauari temos a presença de uma pequena área de
latossolo amarelo que corresponde a 0,82% da área total de Soure e também é nessa área que
se localiza o plintossolo háplico que corresponde 23,79% dos solos presente no município, Na
região central e oeste do município fica localizado o Gleissolo háplico.
Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

No município de Salvaterra é onde se concentra a maior incidência de latossolo amarelo,


corresponde a 17,86% da área do município, o plintossolo háplico corresponde a 36,82% e o
gleissolo háplico 12,29%. O gleissolo tiomórfico corresponde a 2,18% sendo localizado numa
estreita faixa litorânea.

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora
Em cachoeira do Arari o solo que se destaca é o Plintossolo háplico, que se localiza na região
próxima à costa litorânea, já o gleissolo háplico se localiza na parte mais do interior do
município próximo ao lago do Arari. Esse município também conta com uma pequena área de
latossolo amarelo e gleissolo tiomórfico que está localizado próximo a sua fronteira com o
município de Salvaterra.

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

No município de Santa Cruz do Arari, Gleissolo háplico é absoluto sendo o único tipo de solo
presente em toda sua extensão correspondendo a 97,60% tendo apenas uma pequena parte
que corresponde aos corpos d'água que fica localizado no famoso lago do Arari.
FONTE: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

Em Ponta de Pedra tem-se a presença de dois tipos de solo, o gleissolo háplico, que
corresponde a 60,44% da extensão municipal e o plintossolo háplico que constitui 26,48 do total
do município.

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

No município de Muaná também temos a presença de dois tipos de solo, Gleissolo


Háplico com a abrangência de 60,60% da área total e plintossolo háplico que corresponde a
27,95% dos solos do município, vale ressaltar que o município tem 11,46% do território
composto por corpos d'água.

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

O município de São Sebastião da Boa Vista tem em seu território a incidência de 88,90%
de Gleissolo háplico e algumas manchas de Plintossolo Háplico que corresponde a 3,20% ,
com 7,90% de corpos d'água.
Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora
O Município de Curralinho também tem predominância de gleissolo háplico que
corresponde a 83,51% da área total, com algumas manchas de plintossolo háplico que incide
sobre 4,66% do território municipal, deve-se levar em consideração uma pequena área de
latossolo amarelo que totaliza 0,02% da área de Curralinho bem como 11,81% do seu território
composto de corpos d'água.
Dessa forma podemos perceber, que o Gleissolo háplico tem maior abrangência na
maioria dos municípios que compõe o leste do Marajó com exceção de Salvaterra e Cachoeira
do Arari que têm, em ambos, o Plintossolo háplico como solo de maior incidência. A partir dos
resultados exploratórios disponíveis, pode-se afirmar que os grandes grupos de solo da região
guardam estreita relação com ambientes naturais distintos, constituindo padrões associativos
entre componentes físicos e bióticos da região.
LEVANTAMENTO DE DADOS HUMANOS:

A) Formação histórica e territorial da área de estudo.


Sabe-se que a história da ocupação humana na Ilha do Marajó não é recente e iniciou
muito antes da chegada dos europeus ao continente americano. Segundo o arqueólogo
Eduardo Neves (2008), é no Marajó que se encontram alguns dos vestígios mais antigos de
crescimento populacional na Amazônia no período pré-colonial. A chamada fase Marajoara,
como se referem os estudiosos ao conjunto de artefatos cerâmicos de extremo apelo estético
com suas cores e diferentes padrões de decoração encontrada nos sítios arqueológicos
localizados no Marajó, apresentam diferentes datações que chegam até aproximadamente
1000 anos atrás, indicando a antiguidade da ocupação humana naquele território.
Também, Schaan (2009), através de suas pesquisas com artefatos e tesos do Marajó,
afirmou que a ilha inclusive teria sido intensamente habitada durante os séculos VI e XIII por
sociedades complexas, organizadas em chefias regionais denominadas cacicados. A paisagem
do Marajó, portanto tem uma herança cultural antiga que se somou aos aspectos naturais.
A partir do processo do contato com os colonizadores, no século XVI, houve uma
mudança radical no padrão de ocupação humana do arquipélago do Marajó, visto que a
população indígena originalmente habitante da fozes e cabeceiras de alguns rios foi
parcialmente exterminada e pressionada a se deslocar para localidades externas à Ilha, mais à
montante do rio Amazonas.
No período colonial (1700), a ocupação do Marajó foi marcada pela presença da Igreja
Católica, principalmente pelas chamadas Missões Jesuíticas que instalaram diversos núcleos e
povoadas para fins de catequização e domínio do território, inicialmente com o apoio dos
portugueses. Hoje grande parte dessas missões constituem-se em cidades inclusive com
nomes homônimos à cidades portuguesas, como ocorre em outras regiões do estado do Pará.
O Relatório do Projeto Desenvolvimento Sustentável e Gestão Estratégica dos Territórios
Rurais no Pará (UFPA, 2012) fez uma síntese do histórico de formação dos Municípios do
Marajó, da qual podemos resgatar a história da formação dos municípios da região do Lago
Arari. Estudos históricos indicam justamente, que presença das missões religiosas foi
fundamental para o desenvolvimento de núcleos de povoamento no Marajó, bem como para a
tradição da atividade da pecuária, que perdura até hoje. O município de Cachoeira do Arari, por
exemplo, foi uma localidade importante no processo de colonização com a chegada dos
jesuítas a partir de 1700, onde instalaram-se grandes fazendas de gado pertencentes a famílias
abastadas da província do Grão Pará e à Igreja.
Quanto à formação econômica, desde o período colonial, assim como no restante dessa
região da Foz do Amazonas, as principais atividades estão baseadas principalmente
primeiramente no extrativismo (nas áreas de floresta) e na pecuária bovina e bubalina (nas
áreas de campos naturais da ilha do Marajó). Além da pecuária, atualmente a produção de
derivados do leite de búfalo (queijo do Marajó) e a venda de produtos semi-processados
(madeira, açaí, palmito, borracha) (PDI, 2006) é o que tem de fato integrado esta região ao
mercado mundial como frente de exploração mercantil.
A economia do Marajó esteve baseada na exploração de vários produtos naturais,
principalmente da coleta da borracha, da Castanha-do-Pará, do timbó, da madeira e da pesca.
A agricultura é pouco expressiva, estando mais voltada para o consumo da população local, isto
é agricultura de subsistência. Um traço marcante da economia do Marajó é a pecuária. Os
religiosos, conforme dito, foram os maiores proprietários de fazendas e reses de gado,
conforme destaca a tese de Oliveira Júnior (1991) sobre a história da produção de alimentos e
a fome na Amazônia. O autor ainda chama atenção para o fato de que, mesmo no século XVIII
e até ainda no XIX, após a abolição, as fazendas de criação de gados e búfalos ainda
utilizavam mão de obra escrava e indígena. A resistência à escravidão mediante fugas deu
origem à formação dos quilombos e mocambos nas várias regiões do arquipélago.
A dependência em relação às atividades extrativistas e de comercialização de gado
bovino por meio do transporte fluvial influenciou na organização espacial da população da ilha
caracterizada por vilas e cidades localizados geralmente nas margens das fozes dos rios e
confluências com igarapés. Tais povoados raramente contavam com mais de 200 habitantes
que se dispersavam durante a safra da borracha. Segundo Oliveira Junior (1991), no decorrer
dessa atividade foram estabelecidas relações sociais de produção e de comercialização através
do sistema de aviamento, durante o período de valorização econômica da borracha (1830-
1912) e que se mantém até hoje.
Até o momento a exportação de produtos primários ainda é o carro-chefe da economia
marajoara com a extração de palmito de açaí (Euterpe oleracea Mart.) e madeira. Houve
também a criação de Projetos de Assentamento Extrativista (PAE) e RESEX como a RESEX de
Soure (MENEZES et al, 2008)

B) Perfil populacional dos municípios estudados


Em 2007, a pesquisa governamental que resultou na criação de um Plano de
Desenvolvimento Territorial Sustentável do Arquipélago do Marajó indicava que a população
total dos dezesseis (16) municípios do arquipélago somava 380.555 habitantes. Estes dados
estão de acordo com o Censo Demográfico de 2000, indicam que naquele momento a
população do Marajó equivalia a cerca de 6,15% da população paraense e a 1,80% do
contingente populacional da Amazônia Legal (BRASIL, 2007).
Uma análise mais recente da população dessa região precisa se basear na estimativa
feita em 2019 pelo IBGE, uma vez que não houve censo em 2020. Esta projeção populacional
indica que a população do Marajó já alcançou aproximadamente 540 mil habitantes.
Considerando o quantitativo da unidade da federação paraense de 8 milhões de habitantes
(8.602.865), calcula-se que, atualmente, cerca de 5% da população paraense mora nas ilhas
marajoaras.
De acordo com a regionalização do IBGE (1989), o Marajó é considerado uma
mesorregião e está subdividido em três microrregiões geográficas: Portel, Furos de Breves e
Arari. No caso especificamente deste estudo, os municípios abarcados encontram-se na porção
leste dessas microrregiões e o total de habitantes da área estudada está estimado em 215.540
mil pessoas conforme tabela xx abaixo.
Tabela 02- População residente estimada e Densidade demográfica
 População residente Densidade demográfica
Municípios da área de estudo
estimada 1 (2019) 3
(hab/km²)
Cachoeira do Arari (PA) 23767 6,59 hab/km²
Curralinho (PA) 34448 7,89 hab/km²
Muaná (PA) 40349 9,08 hab/km²
Ponta de Pedras (PA) 31082 7,73 hab/km²
Salvaterra (PA) 23752 19,42 hab/km²
Santa Cruz do Arari (PA) 10128 7,57 hab/km²
São Sebastião da Boa Vista (PA) 26640 14,03 hab/km²
Soure (PA) 25374 6,54 hab/km²
Total 215540
Fonte: IBGE - Estimativas de População
Disponível em : https://sidra.ibge.gov.br/pesquisa/estimapop/tabelas
1. População estimada: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de População e Indicadores Sociais, Estimativas da
população residente com data de referência 1o de julho de 2019 . 2. População no último censo: IBGE, Censo Demográfico
2010. Densidade demográfica: IBGE, Censo Demográfico 2010, Área territorial brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2011

Quanto ao sexo, a população dos municípios é distribuída de forma isonômica, sendo


composta por ligeira maioria (pouco mais de 50%) de homens em cada município, conforme
tabela xx. Por outro lado, no quesito da estrutura etária, a população caracteriza-se como
extremamente jovem conforme pode ser visto no gráfico da pirâmide etária de Salvaterra (figura
xx) o qual apresenta base muito larga, com a grande maioria da população dos municípios com
faixa etária entre 10 e 24 anos, quantidade que vai diminuindo na faixa etária de 24 a 64 anos,
justamente a idade adulta e de maior autonomia financeira. As pirâmides dos 8 municípios se
aproximam em seu formato e se assemelham a esta de Salvaterra.

IDEB – Anos
Taxa de escolarização
finais do ensino
Municípios da área de estudo de 6 a 14 anos de idade
fundamental (Rede
[2010]
pública) [2017]
Cachoeira do Arari (PA) 92,2 % 3,2
2,8
Curralinho (PA) 93,8 
Muaná (PA) 92,6  4,1  
Ponta de Pedras (PA) 91,3  3,4  
Salvaterra (PA) 97,9 3,7  
Santa Cruz do Arari (PA) 92,8  2,9  
São Sebastião da Boa Vista (PA) 93,7  3,7  
Soure (PA) 97,6  3,3  

Segundo o levantamento de dados, os munícipios do recorte do estudo têm alta taxa de


escolarização, o que significa que as matrículas escolares estão sendo cumpridas,
principalmente no que se refere aos estudantes estão no ensino fundamental. Porém, de
acordo com os valores do IDEB, que é o principal indicador da qualidade do ensino básico no
Brasil, o aprendizado ao final desse período não pode ser considerado significativo, tendo em
vista os baixos valores médios verificados a partir da aplicação dessa avaliação (entre 2,8 e 4).
Esse perfil dos municípios do leste do Marajó não destoam em grande medida do quadro
desanimador da educação básica no restante do estado do Pará, é o que aponta o estudo
Censo da Educação Básica do estado do Pará realizado em 2019 (INEP,MEC; 2020).
Desse modo, esta relação de profundo desnível entre a população adulta e
economicamente ativa e a população mais jovem indica alto índice de dependência econômica
dessa população, visto que os mais jovens dependem materialmente da população mais velha.
Considerando o baixo nível de oferta de emprego nessas localidades, o resultado desta
combinação é de uma população economicamente mais pobre e dependente dos serviços e
benefícios disponibilizado pelo poder público.
Tabela 03 - População residente por sexo (Ano – 2010)

Município Sexo
Homens Mulheres
Cachoeira do Arari (PA) 51,58 48,42
Curralinho (PA) 52,75 47,25
Muaná (PA) 52,35 47,65
Ponta de Pedras (PA) 51,46 48,54
Salvaterra (PA) 50,99 49,01
Santa Cruz do Arari (PA) 50,79 49,21
São Sebastião da Boa Vista (PA) 51,66 48,34
Soure (PA) 49,88 50,12
Fonte: IBGE - Censo Demográfico

Figura 05 - Pirâmide etária de Salvaterra, que exemplifica o perfil populacional dos municípios da área de estudo

FONTE: IBGE. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pa/salvaterra/panorama

Em termos de perfil socioeconômico de uma populaçãp, os dados relacionados à


questão do saneamento básico como a existência de banheiros, o número de banheiros por
tipo do domicílio, a forma de abastecimento de água, o destino do lixo e a existência de energia
elétrica tem sido tomados pelo IBGE como indicativos para avaliar as condições ambientais e
suas implicações diretas com a saúde e a qualidade desses aglomerados populacionais (IBGE,
2008).
No que se refere ao recorte do estudo, pode-se perceber dois perfis de municípios:
aqueles com maior área urbana como Soure, Salvaterra, Santa Cruz do Arari e Ponta de
Pedras apresentam um alto percentual de oferta do serviço de abastecimento de água (água
encanada) em torno de 70%, dado considerado positivo. Por outro lado, os municípios com
menor população e menor área urbanizada apresenta baixo percentual de água encanada,
cerca de 20% apenas de oferta de rede de abastecimento para a população. Os dados do
levantamento revelam ainda que, além da oferta de água pela rede geral de abastecimento, a
principal fonte de água para essas pessoas é a via construção de poços nos domicílios ou
mesmo captação diretamente das nascentes, rios, açude, lago ou igarapé. Tais formas
implicam no consumo de água sem tratamento e na maior probabilidade de contaminação da
população por doenças infecto contagiosas e transmissíveis pela própria água não potável.

C) Uso e cobertura do solo.


A pesquisadora Ana Paula Dutra Aguiar argumenta em Modelagem de mudança do uso do solo
na Amazônia que os conceitos de Cobertura do Solo e Uso do Solo são similares, podendo se
confundir em alguns casos, mas não equivalentes. Com apud em Turner et alii (1994, citado por
Brassoulis, 1999), Cobertura do Solo compreende a caracterização do estado físico, químico e
biológico da superfície terrestre, por exemplo, floresta, gramínea, água, ou área construída; já
Uso do Solo se refere aos propósitos humanos associados àquela cobertura, por exemplo,
pecuária, recreação, conservação, área residencial, etc.

O monitoramento dos recursos naturais e dos seus múltiplos usos pela sociedade faz com
que o Sensoriamento Remoto e as técnicas ligadas a ele sejam de grande importância para
pesquisas que visam gerar levantamentos de uso e cobertura da terra, por exemplo. Nesse caso, o
mapeamento do uso e cobertura da terra, sustentado através de técnicas de processamento digital
de imagem e de geoprocessamento, dão o suporte necessário à tomada de decisões, sejam elas
de caráter social, econômico e/ou ambiental (ASNER et al., 2002). Os usos de dados de
Sensoriamento Remoto obtidos de múltiplas datas contribuem para pesquisas de detecção de
mudanças (JENSEN, 2009), pois tais dados podem identificar o tipo e a distribuição de mudanças
ocorridas na paisagem, já que fornecem informações sobre processos (FLORENZANO, 2002).

Como dados secundários disponíveis temos somente o Mapbiomas, uma vez que o INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) em seu projeto de classificação de uso e cobertura do
solo Chamado de Terra Class não mapeia áreas que não são consideradas floresta. O leste da
Ilha do Marajó incide em área que o PRODES 2 não realiza mapeamento, o que eles chamam de
Não Floresta (Figura 1), como podemos verificar na figura abaixo.
Figura 6 - Mapa da classificação de imagens pelo projeto TerraClass

Em relação aos dados do portal do IBGE Mapbiomas, podemos perceber que apresenta
limitação a realidade complexa que temos no Marajó. O projeto indica a predominância de campos
de natureza (Figura xx) que se trata apenas de dados relativos a cobertura, não explicitando o uso,
haja vista que sabemos que os campos de natureza do Marajó são utilizados para o plantio de
arroz, pecuária, agricultura familiar, pesca.

2 O projeto PRODES realiza o monitoramento por satélite do desmatamento por corte raso na Amazônia Legal e produz,
desde 1988, as taxas anuais de desmatamento na região, que são usadas pelo governo brasileiro para o
estabelecimento de políticas públicas.
Deve-se pensar numa metodologia que consiga demonstrar a complexidade que o uso e
cobertura do solo na área de estudo demanda. Com técnicas apropriadas de sensoriamento
remoto associado a trabalho de campo.

AMIGA FICOU MUITO LEGAL O TEXTO DA BETÂNIA, AGRADECE A ELA VIU? O


SEU MATERIAL TAMBÉM ESTÁ LEGAL, FIZ CORREÇÕES DE VIRGULAS, PARÁGRAFOS
MUITO CURTOS E TAMBÉM DE ALGUMAS COESÃO E COERÊNCIA, MAS POUCA COISA.
SÓ UM DETALHE NO DA BETÂNIA, SERÁ QUE SERIA POSSÍVEL INSERIR
ESCOLARIDADE OU EDUCAÇÃO, ESSE ASPECTO EU NÃO VI NO CORPO DO TEXTO
DELA.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

ARAÚJO, Daniele. L. Unidades De Paisagem Da Porção Meridional Do Município De Soure,


Ilha Do Marajó-pa. Belém: Universidade Federal do Pará. Programa de Mestrado em Geografia
(PPGeo). (Dissertação de Mestrado)

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canal do Quiriri, baía de Marajó e rio Pará- PA. Trabalho de Conclusão de Curso (graduação
em oceanografia) 70p.

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Presidência da República. Casa Civil. Grupo Executivo Interministerial. Grupo executivo do
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planície costeira de Soure (margem leste da ilha de Marajó-PA), no trecho compreendido entre
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http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/solos_tropicais/arvore/CONT000gn230xhn02wx5o
k0liq1mqzb2w2h2.html
3.

ANEXOS
ANEXO A

Tabela com Unidades Crono Lito-estratigráficas por municípios da área de estudo.

UNIDADES Chaves Soure Stª Cruz Cachoeira Salvaterra Ponta Muaná São Curralinh
do Arari do Arari de Sebastiã o
Pedra o da boa
vista

Barreira 0 0 0 0 0,5 0,5 0 0 0

Depósitos
Aluvionares 1 0,5 0 0,5 0 1 5 7 15
Holocênicos

Terraços
3 4 5 7 7 1,5 1 0 0
Holocênicos

Depósito de
Pântanos e
50 2,5 0 2,5 3,5 0 0 0 0
Mangues
Holocênicos

Aluviões
Fluviolacustre 8 16 92 52 15 20 4 0 0
Holocênicos

Cobertura
Sedimentar do 8 7 0 20 24 22 63 93 80
baixo Tocantins

Cobertura
detrito-laterítica
0 20 0 0 49 27 15 0 5
Neo-
Pleistocênica

Terraços
Fluviomarinhos 40 50 3 18 0 28 12 0 0
Pleistocênico

TOTAL % 100 100 100 100 100 100 100 100 100

Fonte: Banco de Dados de Informações Ambientais (BDiA) do IBGE. Elaborado pela autora

ANEXO B

DESCRIÇÃO DO MODELADO DE ACUMULAÇÃO SEGUNDO O MANUAL TÉCNICO DO IBGE,


2009
Área plana resultante de acumulação fluvial sujeita a inundações
Planicie Fluvial
periódicas, correspondendo às várzeas atuais. Ocorre nos vales com
Apf
preenchimento aluvial.

Área plana resultante da combinação de processos de acumulação fluvial


Planicie Fluviomarinha e marinha, sujeita a inundações periódicas, podendo comportar canais
Apfm fluviais, manguezais, cordões arenosos e deltas. Ocorre nas baixadas
litorâneas, próximo às embocaduras fluviais.

Área plana resultante da combinação de processos de acumulação fluvial


e lacustre, podendo comportar canais anastomosados, paleomeandros
Planície Fluviolacustre
(oxbow lakes) e diques marginais. Ocorre em setores sob o efeito de
Apfl
processos combinados de acumulação fluvial e lacustre, sujeitos a
inundações periódicas com barramentos, formando os lagos.

Acumulação fluviolacustre de forma plana, levemente inclinada,


apresentando ruptura de declive em relação à bacia do lago e às planícies
Terraço Fluviolacustre fluviolacustres mais recentes situadas em nível inferior, entalhada devido
Atfl às variações de nível da lâmina de água provocadas por mudanças de
condições de escoamento ou perda por evaporação e consequente
retomada de erosão.

Acumulação fluviomarinha de forma plana, levemente inclinada,


apresentando ruptura de declive em relação ao canal fluvial e à planície,
Terraço Fluviomarinho entalhada em consequência.de variação do nível marinho, por processos
Atfm erosivos ou, ainda, por neotectônica. Ocorre nas baixadas litorâneas
pleistocênicas e holocênicas, em níveis diferentes do atual nível médio do
mar.

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