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1 INFORMAÇÕES GERAIS

1.1 Identificação e Localização do Empreendimento


O empreendimento está localizado no município de Mal. Deodoro, que por
sua vez, limita-se a norte com os municípios de Pilar, Cajueiro, Santa Luzia do Norte
e Satuba, a sul com Barra de São Miguel, a leste com o Oceano Atlântico e a oeste
com São Miguel dos Campos e Pilar. A sede do município tem uma altitude de
aproximadamente 31 m e coordenadas geográficas de 09°42’36,0’’ de latitude sul e
35°53’42,0’’ de longitude oeste.
O condomínio do tipo residencial será implantado no Povoado Ilha de Santa
Rita/Barra Nova, na Cidade de Marechal Deodoro/AL. A área em estudo é um
terreno plano cuja área total é 114.164,10m², localizado ás margens do Canal de
Dentro que ligas as Lagunas Mundaú e Manguaba, próximo ao Loteamento Recanto
da Ilha, distante cerca de 16,3km de Maceió.
O acesso, a partir de Maceió, é feito através da rodovia AL-101, sentido
Marechal Deodoro. Onde após percorrer cerca de 12,3km na AL-101 vira-se a direita
na Rua 06 de Janeiro até as coordenadas de Longitude 35°50'2,656"W e Latitude
9°43'27,833"S. ( e ).
Figura 1 - Croqui de acesso à área do empreendimento.

Fonte: Base de Dados IMA, SEMARH, CPRM e Google.

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Figura 2 - Localização do Empreendimento.

Fonte: CPRM, EMBRAPA, IMA, IBGE e GOOGLE.DIAGNÓSTICO AMBIENTAL

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1.2 Áreas de Influência para o Meio Físico.
De acordo com a Resolução do CONAMA 01/86 a área de influência consiste
no espaço geográfico onde incidirão impactos diretos e indiretos.
Área Diretamente Afetada (ADA), para o Meio Físico, é definida como a
própria área do empreendimento e de seus componentes.
Área de influência direta (AID) é a soma da ADA a uma faixa de terreno de
200m que circunda toda a ADA.
Área de Influência Indireta (AII) é delimitada uma faixa de 500m que
circunda a ADA.

Figura 3 - Áreas de Influência para o Meio Físico.

Fonte Imagem: GOOGLE.

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1.3 Meio Físico
1.3.1 Caracterização Geológica
O município de Marechal Deodoro encontra-se geologicamente inserido na
Bacia Sedimentar Sergipe Alagoas (Província Costeira) [reclassificada por Feijó
(1994) de Bacia Alagoas], representada pelos litótipos do Grupo Barreiras,
Formação Maceió, Formação Coqueiro Seco e Depósitos Flúvio-lagunares,
Depósitos Litorâneos e Depósitos Aluvionares. (Figura 4).
De modo geral a estrutura geológica no local do empreendimento mostra um
domínio absoluto de terrenos sedimentares, sendo dividido em duas unidades
litológicas, os Sedimentos Quaternários de Praia e Aluvião e os Sedimentos
Terciário da Formação Barreiras (Figura 4)
Destaca-se que no local do empreendimento ocorrem apenas litotipos dos
Depósitos Flúvio-lagunares (Figura 4).

1.3.1.1 O Grupo Barreiras (ENb),


O Grupo Barreiras ocorre em toda extensão da faixa costeira do território
alagoano capeando tanto as rochas do embasamento cristalino, quanto às
formações sedimentares da Bacia Sergipe-Alagoas. Mostra-se composto por
sedimentos terrígenos lateritizados com coloração variegada, formado por arenitos
inconsolidados com intercalações de siltito, argilito e níveis de caulinita. Possui
granulometria grossa a conglomerática com matriz argilosa. Os níveis
conglomeráticos são compostos essencialmente por grãos de quartzo e raramente
ocorre clastos de argila, possuindo estratificação cruzada, além das classificadas
como: tangencial, tabular e acanalada.

1.3.1.2 Formação Maceió (k1mac)


A Formação Maceió é formada por intercalações de arcóseo fino a grosso
cinza-claro e castanho, folhelho betuminoso castanho com intercalações de anidrita
e dolomita e camadas de halita informalmente denominadas de Evaporitos
Paripueira. Esta unidade era um membro da Formação Muribeca (Schaller, 1969),
mas foi promovida a formação por ser mapeada como unidade independente. Os
folhelhos betuminosos, com anidrita subordinada, ocorrentes na região de Maceió,
foram reunidos no Membro Tabuleiro do Martins. Na classificação de Feijó (1994)
esse membro foi incluído na Formação Maceió.
Os clásticos e evaporitos Maceió são o fruto da deposição em leques aluviais
sintectônicos, inicialmente continentais, mas caracterizando um ambiente marinho
do Mesoaptiano ao Eoalbiano (Falkenheim, 1984) (in Feijó, 1994). É bastante
extensiva na área, aparecendo em subsuperfície a profundidades bastante variáveis
entre 19 metros na sondagem. A espessura dessa unidade é muito variável entre
298,7 e 1503,0 metros, com uma média de 812 metros. Na porção sul, nos

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municípios de Barra de São Miguel e Marechal Deodoro, ocorre a profundidades
abaixo de 600 metros com espessura média de 341 metros

1.3.1.3 Formação Coqueiro Seco (K1cs),


A Formação Coqueiro Seco apresenta uma intercalação rítmica composta por
arenitos, folhelhos e siltitos. Os arenitos são compactos e maciços com coloração
amarela amarronzada e granulometria variando de média a grossa, localmente há
arenitos com matriz argilosa. Os folhelhos possuem uma coloração cinza
amarronzada, com estratificação plano-paralela e camadas convolutas contornando
o arenito, por vezes eles gradam para siltito cinza claro com laminação plano-
paralela.
De acordo com CPRM (2016), a Formação Coqueiro Seco é rica em fauna de
biválvios, gastrópodes e peixes. Esta formação apresenta uma sucessão de fases
transgressivas e regressivas, representadas pela alternância faciológica de arenitos
e folhelhos.

1.3.1.4 Depósitos Fluvio-lagunares (Q2fl),


As coberturas de idade quaternária se estendem por toda a área da sub-bacia
de Alagoas e são basicamente de origem aluvionar, ocorrendo também depósitos
coluvionares e eluvionares compostos por areias, conglomerados e argilas. Dantas
et al. (1985), mapeando a geologia do Estado de Alagoas classificou as coberturas
como: terraços marinhos constituídos por areias esbranquiçadas bem selecionadas,
os depósitos fluvio-lacustres ou de pântanos e manguezal compostos por
sedimentos não consolidados mal selecionados. Têm-se ainda as dunas móveis e
fixas, além dos sedimentos de praia e os recifes de corais.
Os Depósitos Quaternários têm sua maior ocorrência na faixa litorânea, nas
margens dos canais interlagunares e no vale dos rios dos remédios. São
caracterizados por sedimentos recentes de origem marinha, flúvio-marinha, flúvio-
lacustre, que foram submetidas às variações sofridas pelo nível do mar, durante as
transgressões e regressões marinhas, além de sedimentos eólicos, que
conjuntamente com os primeiros dão origem à forma atual da área
No local do empreendimento os sedimentos quaternários são representados
por terraços pleistocênico e holocênico que testemunham dois períodos de variação
do nível do mar. Os terraços pleistocênicos (6 a 8 m), mostram topo aplainado e
algumas lineações demarcando os alinhamentos dos antigos cordões litorâneos,
recortados por zonas alagadiças. Os terraços holocênicos em nível mais baixo, 5m,
testemunham a Última Transgressão, quando o nível marinho esteve entre 3 e 5 m
acima do atual.
Aluviões ocorrem associados aos leitos dos rios, normalmente em áreas com
larguras reduzidas. Inicia o seu desenvolvimento nos médios cursos, crescendo à
medida que se aproximam dos baixos cursos e, nas embocaduras, alcançam

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larguras consideráveis próximo à costa.Figura 4 - Geologia do Munício Marechal
Deodoro e do Empreendimento.

Fonte: CPRM, EMBRAPA, IBGE e IMA.Depósitos Aluvionares (Q2a) e Depósitos


Litorâneos(Q2l)

As coberturas de idade quaternária se estendem por toda a área da sub-bacia


de Alagoas e são basicamente de origem aluvionar, ocorrendo também depósitos
coluvionares e eluvionares compostos por areias, conglomerados e argilas. Dantas

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et al. (1985), mapeando a geologia do Estado de Alagoas classificou as coberturas
como: terraços marinhos constituídos por areias esbranquiçadas bem selecionadas,
os depósitos fluvio-lacustres ou de pântanos e manguezal compostos por
sedimentos não consolidados mal selecionados.
Na carta geológica do Brasil ao milionésimo (2004), essas coberturas foram
mapeadas como: Depósitos Litorâneos Recentes (Q2li), os quais são classificados
como areia com conchas marinhas, argila e silte ricos em matéria orgânica e dunas
de areias finas bem selecionadas; Depósito Fluvio-Lagunar (Q2fl) constituídos por
lamas arenosas e carbonosas; Depósitos de Pântanos e Mangues (Q2pm)
compostos de areia, silte, argila e matéria orgânica e Depósitos Litorâneos (Q2l)
constituído de areias finas de dunas móveis

1.3.1.5 Evolução Geológica no local do empreendimento


O entendimento da evolução geológica do local alvo deste estudo está
relacionado diretamente aos eventos desta natureza ocorridos no Complexo
Estuarino-Lagunar Mundaú- Manguaba – CELMM. A origem do CELMM está
relacionada à separação do continente americano e africano, que em seu processo
atingiu a área do cretáceo inferior, a cerca de 136 milhões de anos atrás,
condicionando assim, o primeiro pacote sedimentar, que evoluiu até os dias atuais
(COSTA e WANDERLEI, 1994).
Nesse intervalo de tempo geológico o ambiente do CELMM passou por fases
geologicamente diferentes, com sedimentação em vários ambientes, condicionados
para o golfo, até atingir a fase de mar aberto e finalmente, após a separação,
culmina com a sedimentação continental. Registros paleogeográficos de COSTA e
WANDERLEI (1994), apontam algumas sequências estratigráficas de quatro
ambientes diferentes, responsáveis pela sua formação: lagos, golfo do mar e
continente americano, sendo essa última a mais importante e responsável pela sua
configuração atual.
No decorrer do quaternário ocorreram transgressões e regressões marinhas,
responsáveis pela alteração do perfil de equilíbrio dos rios, intensificação da erosão,
ocorrendo o aprofundamento dos vales que é facilitando na área pelo tipo de rocha
dominante. Os períodos transgressivos acarretaram a invasão dos vales e
promovendo a evolução de ―rias e alargamento dos leitos. Estes fatos são
comprovados através de estudos realizados nas planícies costeiras da faixa central
do estado de Alagoas por (LIMA, 1990) apud (COSTA e WANDERLEI, 1994) que
identificaram três episódios transgressivos denominados por estes autores de
transgressão mais antiga, penúltima transgressão e última transgressões.
Na transgressão mais antiga o nível marinho esteve 20 a 30m acima do atual,
de acordo com (LIMA, 1990) apud (COSTA e WANDERLEI, 1994), o mar avançou
através dos paleovales do Mundaú e Paraíba do Meio, trabalhando lateralmente
suas encostas e alargando os vales. Esse fato fez ocorrer no litoral à ação abrasiva

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sobre as falésias, fizeram recuar a encosta e deixam estoques de sedimentos para
serem retrabalhados na regressão subsequente. A instalação de clima semiárido e
seus processos morfornegenéticos característicos: enxurradas e corridas de lama,
propiciaram a formação de legues aluviais no sopé das falésias, originando, a que
tudo indica os terraços colúvio-aluvionares e lagunares (COSTA e WANDERLEY,
1994).
Durante a penúltima transgressão, datada de 120.000 anos A.P., o nível do
mar subiu de 8 a 10m acima do nível atual. Nessa fase a distribuição dos leques
aluviais menores, o mar voltou a afogar os vales fluviais, alargados e escavados
durante a transgressão e regressão inferior (COSTA e WANDERLEY, 1994). A
última transgressão, datada de 120.000 anos A.P., alcançou 3 a 5m acima do atual,
provocando a submersão do litoral, com a formação de ―rias‖, ocasionando erosão
dos terraços deixados pela transgressão anterior (COSTA e WANDERLEY, 1994).
A regressão subsequente deixa na área como testemunho do nível
transgressivo relacionados:

 Os terraços marinhos de Coqueiro Seco,


 Vale do rio dos Remédios e
 Parte das ilhas Inter lagunares e os terraços lacustres ou lagunares
junto ao bairro de Taperaguá em Marechal Deodoro, Barra Nova e
Massagueira,
Nessa fase, tem início à formação da restinga de Maceió, flecha arenosa
presa à base do terraço de 8m, cujo término, ocorre na Santa Casa de Misericórdia
de Maceió, que desviou a foz do rio Mundaú para sudoeste formando um terraço
eustático alongado que fechou o estuário (LIMA, 1990).
Ao oposto do terraço eustático, aparecem duas pontas voltadas para
nordeste, uma próxima a ilha de Santa Rita e a outra a leste, estende-se formando
as acumulações originadas do porto do Francês-Massagueira, completando as
construções quaternárias. São testemunhos desta regressão os recifes encontrados
entre 26 a 29m de profundidade, constituídos da areia grosseira ricas em conchas
marinhas consolidadas (Lima, 1990). Aparecem em forma de bancos com
estratificação cruzadas, apresentando superfície tabular. Datações efetuadas pelo
método do C14, deram para essa formação, dados que variam de 7.470 a 230 e 920
mais ou menos 150 A.P. (BARBOSA, 1986 apud COSTA e WANDERLEY, 1994).
Esses recifes apresentam-se paralelamente a linha de costa em forma de barreiras
próximas a prainha. Na direção da praia do Francês ocorrem recifes frangeantes ao
longo da Praia, ambos no sentido nordeste-sudeste.
1.3.2 Caracterização Geomorfológica
A costa do Estado de Alagoas caracteriza-se por um caráter transgressivo
jovem, com grande desenvolvimento de estuários e manguezais, plataforma
continental estreita coberta por sedimentos carbonáticos e com grande
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desenvolvimento de recifes, além do desenvolvimento de campos de dunas restritos
ao extremo sul do litoral.
Geomorfologicamente o empreendimento está inserido em duas regiões
geomorfológicas: a Planície Litorânea e os Tabuleiros Costeiros (Figura 5). De
acordo com IMA, 2015, estas regiões estão subdivididas em treze unidades
geomorfológicas, as quais: Praia oceânica, Terraços marinhos e cristas praiais,
Terraços flúvio-marinhos lagunares, Terraços flúvio-marinhos lagunares e cordões
praiais, Alagadiços de maré/vasas flúvio-lagunares, Várzea flúvio-lagunar, Várzea
fluvial, Terraços colúvio-aluvionares, Rampas de Colúvio, Encostas de vale fluvial,
Encostas de estuário lagunar, Vales fluviais decapitados e reversos tabuliforme
aplainado, Falésias fósseis e reversos tabuliforme aplainado.
Figura 5 – Localização do empreendimento em relação às regiões geomorfológicas de
Alagoas.

Fonte: Base de Dados digital :IBGE, IMA,EMBRAPA e CPRM

1.3.2.1 Região Geomorfológica dos Tabuleiros Costeiros


Representados por Rampas de Colúvio, Falésias Fósseis, Vales e Encostas
de Vales Fluviais, Vales e Encostas de Estuário Lagunar.
Rampas de Colúvio - compreendida por uma faixa que se estende do sul da
cidade de Coqueiro Seco e a Fazenda São José. Esta unidade geomorfológica, de
idade terço-quaternária, tem sua origem, resultantes das acumulações: marinha,
fluvial e coluvial proveniente da deposição das encostas por gravidade, compostas
de material areno-argilosos transportados por gravidade a partir das Falésias
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Fósseis, Encostas de Vale Fluvial, Encostas de Estuário Lagunar, posicionadas
entre estes os Terraços Flúvio-Marinhos Lagunares e as Várzeas Flúvio-Lagunares
Falésias Fósseis/Reverso Tabuliforme Aplanados - Esta unidade
geomorfológica é constituída por depósitos areno-argilosos de cores variadas,
formando encostas íngremes voltadas para o mar e separadas destes por depósitos
quaternários, consequentes dos dois últimos períodos glaciais. Estão localizados,
entre as Rampas de Colúvio e os Topos dos Interflúvios Tabuliformes Aplanados.
Estende-se da proximidade do rio dos Remédios e do Guinzaga.
Encostas de Vale Fluvial/ Vales Fluviais Decapitados - As unidades
geomorfológicas supracitadas são constituídas por depósitos arenosos plio-
pleistôcenico, formados por declives acentuados nos flancos dos interflúvios
tabuliformes aplanados, resultantes da erosão fluvial, determinado pelas variações
do nível de base, a estrutura e a erosão diferencial. A ocorrência destas unidades
tem suas respectivas ocorrências margeando o vale do rio dos Remédios e na
retaguarda das Falésias Fósseis
Encostas de Estuário Lagunar - É formada por vertentes de vales fluviais,
com falhas de sub-superfície, voltadas para lagoas Mundaú e Manguaba,
constituídos por depósitos areno-argilosos.

1.3.2.2 Região Geomorfológica da Planície Litorânea


A unidade das planícies desenvolve-se no sopé das encostas, separando-as
do oceano e do corpo lagunar (Figura 6).
A planície flúvio-marinha localizada ao longo da área lagunar recebe
influência da água salgada, que durante a maré alta circula na laguna criando as
condições necessárias para o aparecimento dos mangues, ecossistema que está
presente nesta unidade, e que por sua importância ecológica foi transformada em
Área de Proteção Permanente - APP.
Os terraços fluviomarinhos, lagunares e cordões praiais têm de idade
Pleistocênica e sua origem está relacionada com a regressão subseqüente à
Penúltima Transgressão. São constituídos de areais bem selecionados. Formam
depósitos tabulares cujo topo atinge 8 a 10m acima do nível de preamar atual, com
presença de pequenos cordões litorâneos e pseudodunas.
Compreende por uma área plana resultante da combinação de processos de
acumulação fluvial e marinha sujeita ou não a inundações periódicas, podendo
comportar rios, canais, mangues, deltas, diques marginais, lagunas e terraços
arenosos, representados na área pelos alagadiços de entre maré/vasas flúvio-
lagunares, terraços flúvio-marinhos
É um ambiente onde predominam os processos erosivos sobre os processos
de alteração e de acréscimo de materiais superficiais. De modo geral, corresponde
áreas mais atingidas pelas atividades humanas e aquelas onde o relevo e o clima
são mais agressivos. Nestes ambientes são marcantes os graus de restrição

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inerentes ao solo, onde as características pedológicas mais restritivas ou fatores
limitantes são: a drenagem, a estrutura/textura do horizonte B (nos modelados de
acumulação) e a soma das bases trocáveis e a topografia (nos modelados de
dissecação).
É formada por Terraços Marinhos/Cristas Praiais (Holocênicos), Terraços
Marinhos/Cordões Praiais (Pleistocênicos), Terraços Flúvio-Lagunares, Terraços
Colúvio Aluvionares, Várzeas Fluviais e Várzeas Flúvio-Lagunares, Várzeas Flúvio
Lagunares Semiconfianças e os Alagadiços de Maré/Vasas Flúvio-Lagunares
Terraços Marinhos/Cristas Praiais: Compreendem uma faixa estreita de
sedimentos arenosos, bem selecionados de idade holocênica, constituídos por
cristas de progradação cujo topo não excede 5m de altitude. Esta unidade
geomorfológica ocorre paralelamente ao litoral e margeando do lado esquerdo do
povoado de Massagueira até a proximidade da foz do rio Sumaúma, bairro de
Taperaguá em Marechal Deodoro. São resultantes da acumulação marinha, flúvio-
marinha, provocados pela ação construtiva e destrutiva do mar, ocorrem numa faixa
arenosa paralela ao litoral, que formam a extremidade das Restingas de Maceió e do
Saco da Pedra.
Terraços Flúvio-Marinhos Lagunares: Esta unidade geomorfológica é
resultante da acumulação marinha, flúvio-marinha e fluvial, constituídos por
depósitos de sedimentos finos. Estão distribuídas preferencialmente na ilha de Santa
Rita e entre as margens dos canais interlagunares e as Rampas de Colúvio,
localizadas nos sopés das Falésias Fósseis. É nesta unidade em que está
inserido o empreendimento (Figura 6).
Terraços Flúvio-Marinhos/Cordões Praiais: A origem desta unidade
geomorfológica, de idade Pleistocênica, está relacionada com a regressão
subseqüente à Penúltima Transgressão. São constituídos de areais bem
selecionados. Na área em apreço, estende-se no sentido NE-SE até o trevo da
Polícia Rodoviária Estadual, próximo ao povoado do Francês, acesso à cidade de
Marechal Deodoro. Formam depósitos tabulares cujo topo atinge 8 a 10m acima do
nível de preamar atual, com presença de pequenos cordões litorâneos e
pseudodunas.
Terraços Colúvio-Aluvionares: Esta unidade geomorfológica é resultante da
acumulação fluvial e dos sedimentos transportados das encostas, constituídos por
depósitos de areia e seixos de tamanho diversos e argilas transportadas das
encostas. Ocorrem entre as várzeas fluviais e os sopés das encostas de vale fluvial,
principalmente nos rios dos Remédios e Giz.
Várzeas Fluviais: Esta unidade geomorfológica tem sua origem relacionada a
acumulação de sedimentos areno-argilosos transportados por cursos d’águas,
compreendido por terrenos planos, encontrados próximos às margens dos rios
Sumaúma, dos Remédios e Guizanga.

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Figura 6 – Unidades Geomorfológicas da APA-SR.

Fonte: Modificado de IMA,2015.


Várzeas Flúvio-Lagunares: Esta unidade geomorfológica tem sua origem e
constituição semelhante às Várzeas Fluviais. A sua distribuição ocorre
paralelamente a Laguna Manguaba (margem esquerda) e as Rampas de Colúvio da
Formação Barreiras, entre a ilha Auxiliadora (Porto Pequeno) e até o engenho
Galhofa no sentido sudeste e noroeste, ocorrendo ainda, nas proximidades da foz do
rio dos Remédios e na ilha da Jiboia.
Alagadiços de Marés/Vasas lúvio-Marinhas Lagunares: Esta unidade
geomorfológica é resultante da acumulação e dinâmica fluviais e marinhas,
constituídos por areias finas e sedimentos argilo-siltosos, ricos em matéria orgânica,
com vegetação de mangue. A unidade geomorfológica supracitada é encontrada na
foz do rio dos Remédios e principalmente nas ilhas entre os canais do Pontal da
Barra, Assembléia, Tomé e Cadoz. A maior ocorrência pode ser observada nas ilhas
do Perrechil e do Tomé, além de outras ilhas menores, podendo ser observados
ainda ao norte do sítio Jibóia (atual Laguna) e às margens de outras ilhas no
domínio do Canal de Dentro e Novo, como a do Frades, dos Bois e do Porto Grande.

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1.3.2.3 Dinâmica do relevo
A dinâmica atual do relevo no local do empreendimento, conforme mapas
produzidos pelo projeto RADAMBRASIL, apresenta domínio de ambientes instáveis
representada pelos modelados de acumulação e dissecação.
Conforme já dito, o empreendimento está localizado dentro da APA-SR, que
por sua vez está sob domínio absoluto de ambientes instáveis. Estes são ambientes
onde predominam os processos erosivos sobre os processos de alteração e de
acréscimo de materiais superficiais. De modo geral, corresponde a áreas mais
atingidas pelas atividades humanas e aquelas onde o relevo e o clima são mais
agressivos. Nestes ambientes são marcantes os graus de restrição inerentes ao
solo, onde as características pedológicas mais restritivas ou fatores limitantes são: a
drenagem, a estrutura/textura do horizonte B (nos modelados de acumulação) e a
soma das bases trocáveis e a topografia (nos modelados de dissecação)
Especificamente o local do empreendimento está situado num ambiente com
tendência à instabilidade fraca a moderada (Figura 7).
Figura 7 - Mapa de avaliação e dinâmica do relevo - APA-SR, Alagoas (Brasil).

Fonte: Modificado de IMA,2015.

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A declividade é um fator morfométrico do relevo, representado pelo gradiente
topográfico e o comprimento do declive também exercem significante influência
sobre a erosão do solo. Como parâmetro influenciador tem-se a inclinação do
terreno, o comprimento e a forma do declive (convexa, côncava, retilínea, etc),
influenciando na velocidade do escoamento e no volume das massas de enxurradas
que descem pelas encostas por gravidade, interferindo assim, conforme as
propriedades e composição do solo, em grande erodibilidade ou não. Quanto mais
íngreme o terreno, maior energia cinética aos processos hídricos, removendo os
horizontes superficiais e desenvolvimento deformas erosivas (ravinas, voçorocas e
movimentos de massa).
As diferentes classes de declividade possuem limitações e adequações ao
manejo do solo, as declividades que mais influenciam na erosão do solo são aquelas
a partir de 5º de declividade. A classe mais propiciadora a processos erosivos
corresponde ao setor morfométrico de gradientes maiores que 25º (áreas
declivosas), abrangendo setores das altas e médias encostas de vales fluviais. A
declividade menor que 25º, correspondendo a uma morfometria de médio-fracos
gradientes, rampas de colúvios, posicionadas entre os terraços flúvio-lagunares e as
falésias fósseis (Figura 8).
Figura 8 - Declividades dominantes na APA-SR.

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Fonte: Modificado de IMA,2015.
As áreas que apresentam maiores risco à erosão do solo, correspondem aos
setores das encostas de vales fluviais e o reverso das falésias fósseis, cujos solos
foram e são usados intensivamente pela monocultura da cana-de-açúcar de forma
irracional. Apresentam diferentes níveis de instabilidade ambiental, dependendo do
grau de erodibilidade do solo.
Diante disso, observa-se que apesar de estar inserido em ambiente
classificado como geomorfologicamente instável este aspecto não afeta
negativamente o empreendimento, pois está situado em local onde a declividade é
baixa (<5°) o que atenua os efeitos da erosividade das intempéries.
1.3.3 Caracterização Pedológica
Os solos mais representativos no local do empreendimento têm sua
ocorrência relacionada às unidades geomorfológicas que integram as regiões da
Planície Litorânea e dos Tabuleiros Costeiros
No empreendimento e seu entorno ocorrem Argissolos Vermelho Amarelos +
Latossolo Vermelho Amarelos, Argissolos Vermelho Amarelos + Gleissolos
Melânicos + Luvissolos, Gleissolos Melânicos, Gleissolos Tiomórficos, Neossolos
Quartzarênicos + Espodossolos, Neossolos Quartzarênicos ().
Neste trabalho, serão detalhados apenas os solos que estão inseridos dentro
da ADA do empreendimento, sendo eles os Neossolos Quartzarênicos +
Espodossolos.

1.3.3.1 Neossolos Quartzarênicos


Neossolos Quartzarênicos (RQ) são solos minerais, derivados de
sedimentos arenoquartzosos do Grupo Barreiras do período do Terciário e
sedimentos marinhos do período do Holoceno. São essencialmente
arenoquartzosos, não hidromórficos ou hidromórficos sem contato lítico dentro de 50
cm de profundidade da superfície. Normalmente, são profundos a muito profundos,
com textura areia ou areia franca ao longo de pelo menos 150 cm de profundidade
ou até o contato lítico. São excessivamente drenados, com menos de 4% de
minerais primários facilmente intemperizáveis e pouco desenvolvidos devido à baixa
atuação dos processos pedogenéticos e pela resistência do material de origem ao
intemperismo. Possuem sequência de horizontes do tipo A, C1, C2, C3; C1/C2 e/ou
Cx, etc.; com o horizonte superficial A do tipo fraco ou moderado, com espessura
entre 5 a 35 cm, podendo ser mais espesso. O horizonte C possui cores variadas,
como bruno, bruno-claro, bruno-amarelado-claro nos matizes 10YR e 7,5YR; bruno-
avermelhado a brunoforte, nos matizes 7,5YR a 2,5YR. O horizonte A possui cores
mais tingidas pela matéria orgânica ou mais amareladas e avermelhadas devido à
presença de óxidos de ferro, com cores bruno-escuro a bruno-avermelhado e
vermelho-amarelado, nos matizes 10YR a 5YR.

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Possuem textura na classe areia ou areia franca até 150 cm de profundidade,
podendo ocorrer um horizonte com a textura areia franca ou franco-arenosa após
esta profundidade, com aspecto maciço poroso, pouco coeso, definido como
latossólico. São solos bastante lavados, dessaturado por bases, com baixa
fertilidade natural, baixa capacidade de retenção de água e baixa capacidade de
troca de cátions. Podem apresentar hidromorfismo devido a presença de lençol
freático elevado durante grande parte do ano, porém não chegam a apresentar
horizonte glei, por não atender os requisitos de cor, em decorrência dos baixos
teores de argila
Estes solos possuem como características favoráveis grande profundidade
efetiva, topografia aplanada e as boas condições climáticas regionais. Têm como
principais limitações a baixa fertilidade natural, a textura extremamente arenosa, e a
baixa a muito baixa capacidade de retenção de água e nutrientes, e no caso dos
hidromórficos, a presença do lençol freático próximo à superfície. Considerando-se o
relevo de ocorrência, o processo erosivo não é alto, porém, deve-se precaver devido
à textura ser essencialmente arenosa.
Figura 9 – Neossolo Quartzarênico na porção SE do empreendimento.

Foto: Autor

1.3.3.2 Espodossolos
Espodossolos São solos constituídos por material mineral, apresentando
horizonte B espódico imediatamente abaixo de horizonte E, A, ou horizonte hístico,
dentro de 200 cm da superfície do solo ou de 400 cm se a soma dos horizontes A+E
ou dos horizontes hístico (com menos de 40 cm) + E ultrapassar 200 cm de
profundidade. São solos, em geral, moderada a fortemente ácidos, normalmente
com saturação por bases baixa (distróficos), podendo ocorrer altos teores de

16
alumínio extraível. A textura é predominantemente arenosa, sendo menos
comumente textura média e raramente argilosa (tendente para média ou siltosa) no
horizonte B espódico. Esta classe de solo é definida pela presença de horizonte
diagnóstico B espódico em sequência a horizonte E (álbico ou não) ou horizonte A,
segundo critérios estabelecidos pelo SiBCS (Embrapa, 2006).
No campo, pode ser identificada pela cor do horizonte espódico, que varia
desde cinzenta, de tonalidade escura ou preta, até avermelhada ou amarelada, e
pela nítida diferenciação de horizontes. Variam de pouco profundos até muito
profundos. A drenagem é muito variável, havendo estreita relação entre
profundidade, grau de desenvolvimento, endurecimento ou cimentação do horizonte
diagnóstico (B espódico) e a drenagem do solo.
As principais limitações desta classe de solo estão relacionadas a sua textura
arenosa, presença de horizonte de impedimento e baixa fertilidade. A presença de
horizonte fragipã, duripã ou “ortstein” pode causar impedimento à penetração das
raízes e à infiltração de água. Considerando-se o relevo de ocorrência, o processo
erosivo não é alto, porém, deve-se precaver com a erosão devido à textura ser
essencialmente arenosa.
Figura 10 – Espodossolo próximo ao canal lagunar.

Fonte: Autor.

17
Figura 11 – Mapa de Solos no local do empreendimento e seu entorno.

Fonte: Modificado de IMA,2015.Ensaio de permeabilidade do solo

A permeabilidade pode ser definida como sendo a propriedade que o solo


permite o escoamento da água através dele, sendo o grau de permeabilidade
expresso numericamente pelo coeficiente de permeabilidade (K). A permeabilidade
é uma das propriedades do solo com maior faixa de variação de valores e é função
de diversos fatores, dentre os quais podemos citar o índice de vazios, temperatura,
18
estrutura do solo, grau de saturação e estratificação do terreno. Como estes
parâmetros estão, geralmente relacionados, a modelagem e compreensão do
fenômeno complicam-se ainda mais.
Foram realizados 03(três) testes de infiltração a carga variável, utilizando-se o
método proposto pela ABGE – Associação Brasileira de Geologia de Engenharia
(1996), no qual a avaliação da infiltração da água num furo de dimensões
conhecidas é feita ao longo do tempo.
Figura 12 – Aspecto do poço perfurado no local de ensaio.

Foto: Mais Ambiental

19
Figura 13 – Profundidade do poço de ensaio.

Foto: Mais Ambiental


Figura 14 – Poço Saturado com água.

Foto: Mais Ambiental

20
Figura 15 – Material retirado dos poços.

Foto: Mais Ambiental


Figura 16 –Material retirado dos poços

Foto: Mais Ambiental

21
Figura 17 - Mapa ilustrando os locais onde foram realizados o ensaios de infiltração.

Fonte imagem: modificado de Google


1.3.3.2.1 Procedimentos do ensaio de campo
Os testes de infiltração a carga variável foram realizados em campo segundo
os procedimentos definidos pela ABGE (2013), descritos sucintamente abaixo:
 Posicionar o trado no local a ser realizado o ensaio. A perfuração
poderá ser auxiliada com a ferramenta “boca de lobo”, caso seja
necessário;
 Efetuar perfuração do solo, no domínio da zona vadosa – acima do
nível freático natural (ABGE, 1996 – ensaio de infiltração a carga
variável), mediante um furo de geometria cilíndrica (coeficiente “i” =5),
com 25 cm de profundidade e 11 cm de diâmetro. Após sua execução,
medir a profundidade e o diâmetro do furo, e anotar as respectivas
medidas na planilha. Caso as medidas apresentem-se diferentes,
considerá-las no ensaio, já que efetivamente reais – ex.: profundidade
de 30 cm (no máximo) e diâmetro de 12 cm (ou mais);
 Efetuar a descrição litológica e granulométrica do material perfurado,
ao longo dos 25 cm de profundidade do furo, com respectiva anotação
em planilha;
 Encher o furo com água, para a saturação do solo no entorno do furo,
até a formação de um “anel” de saturação. O nível d’água no furo deve
22
ser mantido à superfície do terreno, visando a saturação do solo, para
adequada execução do ensaio. Caso o solo apresente alta capacidade
de infiltração, com um consumo de água elevado, sem ocorrer a
saturação do terreno ao redor do furo, deverá ser continuada a
introdução de água no furo até se atingir adequado nível de saturação,
observando-se uma zona úmida (anel), molhada, no entorno do furo;
 Após verificada a saturação do solo, fixar na horizontal uma pequena
tala transversal ao furo, rígida, para referência de nível (nível zero,
inicial do ensaio, relativo ao tempo zero) com o enchimento do furo
com água.
 Encher o furo com água, acima do nível de referência (zero),
observando-se a infiltração e o consequente decréscimo do nível
d’água no furo – quando atingido o nível zero de referência (indicado
pela tala transversal ao furo), se inicia a contagem – tempo zero – com
o cronômetro, estabelecendo-se a contagem dos tempos consecutivos
das medições do decréscimo do nível de água no furo, com a régua
milimetrada;
 A contagem do tempo das medições de rebaixamento do nível d’água
no furo poderá ser efetuada a intervalos pré-determinados e
consecutivos de 30’’(segundos); 1’ (minuto); 1,5’; 2’; 2,5’; 3’; 3,5’; 4’; 5’;
6’; 7’; 8’; 10’; 12’; 14’; 16’; 18’; 20’; e 22’ (vinte e dois minutos) – período
do ensaio geralmente previsto; procedendo-se as respectivas
anotações em planilha, com o registro do decréscimo do nível d’água
no furo, a cada intervalo de tempo supra referido;
 O ensaio será dado por concluído após os 22’ transcorridos, ou quando
o furo secar totalmente;
 Caso a capacidade de infiltração do solo seja muito baixa, o ensaio
poderá ser prolongado, por exemplo, até 120 minutos;
 Anotar todos os resultados na planilha de ensaio
1.3.3.2.2 Método de Cálculo do Coeficiente de Permeabilidade
O cálculo para a determinação do coeficiente de permeabilidade é feito de
acordo com a seguinte equação (1) (ABGE, 2013):
Δh
∗1
Δt
k=
2h
i( + 1)
r
Onde:
K = coeficiente de permeabilidade (cm/s)
Δh/ Δt = Variação da altura medida em função do tempo (cm/s)
i = constante geométrica do cilindro (igual a 5)(adimensional)
r = raio do furo (cm)

23
h = altura do furo (cm)
Cada resultado obtido foi comparado com a tabela da Figura 18, proposta por
Mello e Teixeira (1967). Esta tabela traz a permeabilidade como uma estimativa da
ordem de grandeza, relacionada com a granulometria do material.
Figura 18 - Classificação granulométrica segundo o coeficiente de permeabilidade

Fonte: MELLO e TEIXEIRA, 1967.


1.3.3.2.3 Apresentação e discussão dos resultados
O material amostrado na execução de cada poço foi um solo arenoso, produto
do transporte de sedimentos em meio fluvio-lagunar. Os resultados obtidos com os
testes de permeabilidade apresentaram valores relativamente muito próximos entre
si (Tabela 1)
Tabela 1 - Resultados dos coeficientes de permeabilidade obtidos
Poço T1(s) T2(s) T3(s) T4(s) T5(s) T6(s) T média (s) K (ABGE)
EI-001 30 38 45 54 67 76 52 6,62E-03
EI-002 28 33 47 52 59 64 47 7,25E-03
EI-003 31 39 41 48 55 59 46 7,52E-03

Figura 19 - Gráfico de coeficiente de permeabilidade x poço.

Conforme classificação proposta por Mello e Teixeira (1967), os dados


mostram um material composto por material areno-siltoso. A variação deste intervalo
não ultrapassa a casa de 10-03 cm/s.

24
Esse movimento descendente rápido e em ambiente aeróbico dificulta a
biodegradação da matéria orgânica, eliminação de micro-organismos e atenuação
de substâncias químicas. Qualquer efluente infiltrará rapidamente, onde não será
degradado pela oxidação, filtragem natural e troca de íons antes de atingis o nível
d’água. O solo arenoso na zona insaturada é uma das condições menos favoráveis
para biodegradação e atenuação dos efeitos de contaminantes.
1.3.4 Recursos Hídricos:
O município de Marechal Deodoro é banhado em sua porção central pelos
Rios Grande e da Estiva, que alimentam a Lagoa Mundaú, desaguando em seguida
no Oceano Atlântico. No Extremo NE, o município é banhado pelo Rio dos
Remédios; a sul, pelo Rio Niquim e a leste, pelo Oceano Atlântico. O padrão de
drenagem predominante é o pinado, uma variação do dendrítico e com sentido
preferencial NE-SW.
Os cursos d`água mais importantes são aqueles cujo suas bacias estão
inseridas praticamente na APA-SR, como os rios dos Remédios e o riacho do Giz,
que marca parte do limite oeste da mesma.
O empreendimento está inserido na Região Hidrográfica do CELLM, Bacia do
Rio Remédio (Figura 20).
Figura 20 - Regiões Hidrográficas do empreendimento e seu entorno.

Fonte: SEMARH, IMA, IBGE, CPRM e NASA.

25
1.3.4.1 Água superficiais
O CELMM é composto pelas Mundaú e Manguaba, as quais estão localizadas
no litoral médio do Estado de Alagoas. Essas lagoas foram constituídas pelo
barramento da foz dos rios Mundaú e Paraíba, por deposição dos sedimentos
marinhos e o consequente afogamento de seus leitos.
A formação das respectivas lagoas está relacionada pela deposição de
sedimentos areno-quartzosos no estuário dos respectivos rios Mundaú e Paraíba do
meio, ocorridos, aproximadamente entre 3000 A.P. e 5.100 A.P., durante a última
transgressão marinha e a ação dos ventos oriundos de nordeste, leste e sudeste,
responsáveis pela formação das restingas de Maceió e do Saco da Pedra (LIMA,
1990).
A lagoa Mundaú tem cerca de 27 Km² e constitui o baixo curso da bacia
hidrográfica do rio Mundaú, que drena uma área de 4.126 Km² e percorre 30
municípios, tendo 08 sedes municipais ribeirinhas.
Figura 21 - Localização do empreendimento em relação ao CELMM.

Fonte: Base de Dados IMA, IBGE e CPRM.


A lagoa Manguaba, por sua vez, tem aproximadamente 42 Km² e constitui a
região estuarina dos rios Paraíba do Meio e Sumaúma. O primeiro apresenta uma
bacia hidrográfica de 3.330 Km² e percorre 20 municípios, tendo 13 sedes
municipais ribeirinhas, enquanto que o Sumaúma drena uma enquanto que o

26
Sumaúma drena uma área 406 Km² e percorre 06 municípios, tendo 01 sede
municipal ribeirinha.
As águas destas lagoas encontram-se numa zona de canais com 12 Km²,
perfazendo um total de 81 Km².
O Rio dos Remédios possui extensão aproximada de 10 km, tem suas
cabeceiras a quase 60m de altitude a pouco mais de 500m dos afloramentos
cretáceos do vale do rio Satuba. Apresenta um curso ligeiramente reto com
afluentes quase perpendiculares, com padrão de drenagem dendrítica e deságua no
canal de Dentro que interliga as lagoas Mundaú e Manguaba. O riacho do Giz
apresenta características semelhantes a do rio dos Remédios, mas de extensão
menor, com extensão que não ultrapassa 5 km, suas cabeceiras localizam-se a 80
m na área dos tabuleiros.

1.3.4.2 Dinâmica das águas superficiais


A caracterização fisiográfica área de estudo foi realizada a partir de dados
extraídos do Modelo Digital de Terreno (MDE) do local. O MDE foi construído
através da interpolação da nuvem de pontos obtidas a partir do aerolevantamento
realizado por um drone Phantom 4 advanced. Os pontos cotados foram obtidos por
meio de fotogrametria realizada em ambiente computacional na nuvem. O resultado
da interpolação gerou um MDE com resolução espacial de 1 metro,
De posse do MDE, este foi inserido dentro do software QGIS 2.18, e utilizou-
se um conjunto de ferramentas denominado SAGA (2.3.32) onde foram executados
os algoritmos os “Terra Analysis – Hydrology e Terra Analysis Channels”. O primeiro
passo foi eliminar do MDE as zonas com erros e posteriormente a identificação das
feições de análise.
Figura 22 - Etapas para delimitação de bacias hidrográficas a partir de dados topográficos.

Fonte : modificado de Dias et al. (2004).

27
A metodologia utilizada nesse processo subdividiu-se em quatro etapas,
sendo: preenchimento de depressões (“fill sinks”), direção de fluxo (“flow direction”),
fluxo acumulado (“flow accumulation”) e delimitação de bacias (“Watershed”)
conforme realizado por DIAS et al. (2004).
A região área de estudo possui duas sub-bacias (SB01, SB02) cujas áreas de
drenagem possuem 7,3ha e 2,95ha respectivamente. Essas sub-bacias ocupam
mais de 90% da área de estudo.
Nas bacias identificadas a rede de drenagem é bem definida no sentido
longitudinal da bacia, com exutório localizado no Canal de Dentro do CELMM. As
duas sub-bacias são bastante planas, o que resulta em acumulação de água ao
longo da rede de drenagem, onde a transferência do escoamento de regiões mais
elevadas para regiões menos elevadas se faz após o preenchimento de água das
depressões do terreno.
Os principais canais de drenagem das sub-bacias SB01, SB02 têm
comprimentos aproximados de 473m e 279m respectivamente. Nas duas sub-bacias
a direção do escoamento superficial é para sudoeste em direção ao canal de dentro
do CELMM.
Figura 23 –Delimitação digital das sub-bacias SB01 e SB02 e das respectivas redes de
drenagem.

Fonte: Autor.

28
1.3.4.2.1 Análise Morfométrica das Bacias
A partir da delimitação digital das bacias hidrográficas e das redes de
drenagem é possível determinar as características morfométricas inerentes à região
estudada. Esses dados são importantes para compreender melhor os aspectos da
dinâmica hídrica superficial das áreas de estudo.
Área de Drenagem e Perímetro
São dados que fornecem informações para avaliar a irregularidade que a
forma da bacia apresenta. A área de drenagem e perímetro da principal de cada
sub-bacia dentro área de estudo são apresentadas abaixo.
Tabela 2 – Área e Perímetros das sub-bacias analisadas.

Sub-bacia Área (m²) Área (km²) Perímetro (m)

SB01 86872 0,08687 1443


SB02 29514 0,02952 926

Coeficiente de Compacidade (kc) e Fator de Forma (F)


Os coeficientes de compacidade e o fator de forma atributos morfométricos
utilizados para indicar a susceptibilidade da bacia à ocorrência de enchentes. Uma
bacia hidrografia será tanto mais suscetível a enchentes quanto mais próximo de 1
for o coeficiente de compacidade e quanto menor o valor do fator de forma.
O Coeficiente de Compacidade é a relação entre o perímetro da bacia (P) e
a circunferência de um círculo de área igual à da bacia (A), dado pela equação:
0,28∗P
Kc=
√A
Em que:
Kc – coeficiente de compacidade
P – Perímetro da bacia, m
A – Área de drenagem, m²

O fator de forma (F) relaciona a forma da bacia com a de um retângulo,


correspondendo à razão entre a largura média e o comprimento axial da bacia
A
F= 2
L
Em que:
F – Fator de forma
A – Área de drenagem, m²
L – Comprimento do eixo da bacia, m

29
Tabela 3 - Valores de comprimento, largura média , Coeficiente de compacidade e fator de
forma para as bacias da área de estudo.

Comprimento Largura média


Bacia F Kc
(m) (m)

SB01 404 210 0,45 1,50


SB02 241 158 0,51 1,51

Os valore de Kc são iguais ou superiores a 1,5 o que indica que a bacia não
está sujeita a grandes enchentes
O valor próximo de zero para F confirma que a bacia não está sujeita a
enchentes.
Densidade de Drenagem
A densidade de drenagem (Dd) indica o nível de desenvolvimento do sistema
de drenagem de uma bacia hidrográfica, fornecendo uma indicação da sua
eficiência. O cálculo de Dd é expresso pela relação entre o somatório do
comprimento total dos canais com a área da bacia de drenagem. De acordo com
Villela & Mattos (1975), esse índice pode variar de 0,5 km/km² em bacias com
drenagem pobre a 3,5 km/km² ou mais em bacias bem drenadas
Dd = ¿
A
Em que:
Dd – densidade de drenagem, km.km²
Lt – comprimento total de todos os canais, km
A – Área de drenagem, km²

Tabela 4 - Valores de Comprimento total dos canais e área das bacias e Densidade de
drenagem.

Comprimento
Densidade de
Bacia AREA km² Total canais
drenagem km.km²
(km)
SB01 0,09 4,54 52,31
SB02 0,03 1,53 51,80

Analisando os dados acima observa-se que as sub-bacias são bem drenadas.


Isso é verificado em campo, uma vez que no local do empreendimento predominam
os solos de textura arenosa.

Declividade média da bacia


A declividade do terreno consiste entre variação de altitude entre dois pontos
do terreno e a distância horizontal que os separa.
Conforme pode ser observado na Figura 24, as classes de relevo na área do
empreendimento variam de 0% a 20%, ou seja, de acordo com a classificação de

30
EMBRAPA (1979) está desde um relevo plano até um relevo ondulado. Essas
classes de relevo indicam que o local possui baixo potencial de erosão.
Figura 24 - Classes de Relevo dentro das Sub-bacias SB01 e SB02.

Fonte: Autor

1.3.4.3 Águas Subterrâneas


A área do município em estudo está inserida no Domínio Hidrogeológico
Intersticial, composto por rochas de idade Tércio-quaternária, constituída pelos
sedimentos de cobertura do Grupo Barreiras, e aluviões e sedimentos arenosos,
siltosos e argilosos de idade Quaternária (Figura 25).
O Grupo Barreiras, de idade Neocenozóica, é composto por areias quartzosas
intercaladas de argilas e siltes de cores variadas e com bolsões ou mesmo camadas
de seixos rolados em diversos níveis apresentando, ocasionalmente, blocos de
canga ferruginosa. Variações laterais e verticais de fácies ocorrem muito
irregularmente, sendo constante, na maioria dos perfis, um horizonte basal
constituído por arenito conglomerático ou mesmo conglomerado.

31
Figura 25 - Localização do empreendimento em relação ao domínios hidrogeológicos de
Alagoas

Fonte: CPRM, IBGE, SEMARH, ANA e NASA.


O Sistema Formação Barreiras compreende os depósitos fluviais e
fluviomarinhos da planície litorânea, integrando os sistemas de drenagens e áreas
alagadas, como as várzeas/terraços flúvio-lagunares localizadas as margens das
lagunas, canais e riachos Inter lagunares e rios. Dois tipos de aquífero estão
associados a esse sistema: Depósitos fluviais e Sedimentos Pleistocênicos
Depósitos fluviais - compreende os depósitos fluviais e fluviomarinhos da
planície litorânea, integrando os sistemas de drenagens e áreas alagadas que
ocorrem na região. São sedimentos predominantemente arenosos, de granulação
fina a média com intercalações de níveis silte-argilosos, orgânicos e cascalhosos
subordinados, esses sedimentos são em geral mal selecionados, com espessura
variável. Trata-se de um aquífero de baixa produtividade em função da pouca
espessura, chegando a no máximo 5 m, além de conter um alto teor de matéria
orgânica, o que confere às águas uma cor escura e odor forte, englobando, por
vezes, zonas de mangues e água salobra.
Sedimentos Pleistocênicos - encontra-se associado aos sedimentos
Pleistocênicos encontrados em grandes extensões, soterrados pelos depósitos
Holocênicos, constituindo um aquífero confinado a semi-confinado, relacionado a
areias brancas, finas a médias, com alguns níveis cascalhosos e leitos siltico-

32
argilosos. Nesse sistema a água é doce e de boa qualidade, com vazões bastante
satisfatórias. De acordo com IMA (2015), os poços cadastrados nesse aquífero
mostram um nível estático médio de 2 a 3 m e nível dinâmico entre 10 e 20 m, com
uma profundidade média de 90 m e vazão média de 30 m³/h. As características
hidrogeológicas deste aquífero, associada à proximidade com o oceano, permitem
inferir a probabilidade de intrusão de cunha salina. A recarga é feita naturalmente
por infiltração das águas pluviais e pelas águas dos rios que funcionam
principalmente como alimentadores nos períodos chuvosos e como zonas de
descarga natural nos períodos de estiagem. A direção predominante do fluxo é de
oeste para leste, acompanhando o caimento das camadas sedimentares, que se
inclinam em direção ao oceano. As excelentes características de permoporosidade
permitem um escoamento rápido por infiltração direta para a rede de drenagem,
constituindo-se na principal forma de descarga desse sistema.

Toda a região apresenta um intenso potencial de alagamento, sendo tal


situação dependente das chuvas sobre a área. Contribuindo para tal aptidão, o
lençol freático nessa área situa-se praticamente aflorante, o que não permite uma
infiltração acentuada das águas precipitadas, acentuando a retenção superficial.
Considerando as características do empreendimento, especial atenção deve
ser dada às condições potenciais de alagamento, que nos períodos de cheia
atingem praticamente todos os interstícios entre os cordões arenosos, que oscilam
entre 0,3 e 2 metros de altitude.

1.3.4.4 Fluxo Subterrâneo


Por se tratar de um local situado sobrejacente à sedimentos recentes e
próximo aos canais lagunares, o fluxo subterrâneo é controlado pelas marés.
Dessa forma, para melhor demonstrar a situação do fluxo subterrâneo local
foram utilizados s dados de estudos realizados pelo Geólogo Ricardo Queiroz, o
qual perfurou, a trado, poços de monitoramento com cerca de 2m de profundidade e
os revestiu com tubos de PVC ranhurado.
Os dados foram transportados para o software Surfer e foram interpolados
pelo método de Ponderação do Inverso da Distância (IDW).
Tabela 5 - Níveis potenciométricos dos poços de monitoramentos mento de acordo com a
maré.

NPT- Maré NPT - Maré


POÇO UTM - E UTM - N
Baixa Alta

PM-22 188924 8923598 1,08 1,42


PM-23 189087 8923950 1,59 1,59
PM-24 189206 8923825 1,42 1,42
Fonte: Ricardo José Queiroz dos Santos.

33
Os dados mostram que apenas o poço localizado mais próximo ao canal
lagunar sofre maior influência das marés. Assim, na maré baixa a direção principal
do fluxo é para a direção SW e na maré alta a direção é SE.
Figura 26 – Fluxo subterrâneo na área de estudo

Fonte: Modificado de Ricardo José Queiroz dos Santos.

34
1.3.4.5 Vulnerabilidade da Água Subterrânea
A vulnerabilidade é uma propriedade intrínseca do sistema de água
subterrânea que depende da sua sensibilidade aos impactos naturais e/ou
antrópicos. Neste contexto, a vulnerabilidade intrínseca ou natural é função das
características do aquífero, solo e material geológico.
Para Foster (1987) o risco à contaminação é “o perigo de perda da qualidade
da água armazenada em um aquífero, pela existência real ou potencial de
substâncias contaminantes em seu entorno”.
1.3.4.5.1 Metodologia de avaliação GOD e GODS
A metodologia GOD (Grau de confinamento da água subterrânea, Ocorrência
de estratos de cobertura e Distância até o lençol freático) de avaliação da
vulnerabilidade do aquífero foi desenvolvida por Foster (1987) e Foster & Hirata
(1988) para a Organização Mundial de Saúde, para atender as necessidades de
países em desenvolvimento por não necessitar de grandes quantidades de
informações em relação ao método DRASTIC.
Foster (1987) e Foster& Hirata (1988) tomando como base estas
considerações, caracterizam a vulnerabilidade do aquífero à contaminação através
do índice de vulnerabilidade GOD de acordo com os parâmetros do
Tabela 6 - Parâmetros de caraterização para o método GOD.

Segundo Foster (2006) o cálculo para o índice GOD é obtido através do


produto entre os índices dos parâmetros mostrados na Figura 27.
Foster (2006) enfatiza a importância de utilizar o índice que representa a
litologia predominante ou limitante, em termos de permeabilidade, quando se há
uma sequência variável de depósitos para definir a ocorrência de estratos de
cobertura.

35
Figura 27 -Sistema GOD para avaliação da vulnerabilidade do aquífero à contaminação.

Inicialmente o índice de vulnerabilidade à contaminação GOD não incluiu um


estudo de solos, sendo que, grande parte dos processos atenuadores e/ou que
causam a eliminação de contaminantes abaixo da superfície, ocorre com maior
potencial na zona biologicamente ativa do solo, pois é nesta região que se
encontram os maiores teores de matéria orgânica, minerais argilosos e pela
presença de grande atividade bacteriológica (FOSTER, 2006).
Como um quarto passo para tentar diminuir a pontuação geral de
determinadas áreas definidas como de alta vulnerabilidade hidrogeológica, o
Departamento de Engenharia e Ambiental da Pontifícia Universidade do Chile
sugeriu uma modificação e introdução de uma nova componente S relativo à
capacidade da cobertura de solo de atenuação dos contaminantes. Esta nova
metodologia ficou conhecida como GODS e que, sua nova componente, era
caracterizada de acordo com a textura do solo, variando de muito fina (argilas) a
muito grossa (cascalhos) e espessuras maiores que 0,5 metros (FOSTER et al.,
2006).
De uma maneira ampla, Foster et al. (2006) validam a inclusão de uma
componente S (Solo) no método GOD, mesmo esta não sendo aplicável em áreas
cujo perfil de solo, por ventura, tenha sido removido ou alterado, principalmente em
áreas urbanas. Outro fator negativo para a utilização desta nova componente seria
se, o contaminante, fosse aplicado diretamente abaixo da base do solo.
36
Figura 28 -Caracterização da componente S de acordo com sua textura.

Os valores índices obtidos para os métodos GOD ou GODS estão dentro de


uma faixa que varia de 0 a 1, podendo classificar o aquífero entre uma
vulnerabilidade insignificante (0 – 0,1) até uma vulnerabilidade extrema à
contaminação (0,7 – 1) de acordo com a Figura 28.
Tabela 7 - Definição prática das classes de vulnerabilidade do aquífero

1.3.4.5.2 Definição dos parâmetros GODS


A determinação da avaliação da vulnerabilidade natural de aquífero para o
modelo GOD, leva em consideração os parâmetros: grau de confinamento hidráulico
da água subterrânea, litologia e espessura da zona vadosa e parâmetro solo
O grau de confinamento (G) foi definido a partir das consultas bibliográficas
ao banco de dados SIAGAS (CPRM) e mapa geológico (Figura 4).
A ocorrência de estratos de cobertura (O) leva em conta o tipo de litologia
aquífero, portanto, sua determinação consistiu na interpretação do mapa geológico e
na descrição do perfis litológicos dos ensaios de infiltração realizadas no local do
empreendimento.
A distância até o lençol freático (D) foi determinada a partir das visitas em
campo realizadas bem como a consulta a bibliografia existente para o local do
empreendimento.

37
A Determinação do tipo de cobertura do solo (S) foi determinada a partir
do mapas de solos local () e da interpretação do material retirado dos locais onde
foram realizados os ensaios de infiltração.
Tabela 8 – Índice de importância dos parâmetros GODS.

  G O D S Vulnerabilidade do aquífero
(índice GODS)
Máxim
1 0,9 0,9 1 0,81
o
Mínimo 0,6 0,7 0,9 0,9 0,35
Média 0,8 0,8 0,9 1 0,56

A integração dos parâmetros pela metodologia GODS gerou índices de


vulnerabilidade variando de 0,35 a 0,0,81 com um índice médio de 0,56 (Tabela 8).
Estes índices então entre o intervalo de Alta e Extrema vulnerabilidade.
1.3.4.5.3 Considerações acerca da vulnerabilidade
Quanto ao grau de vulnerabilidade dos aquíferos, no caso específico da
região da APA-SR, os dois sistemas aquíferos existentes possuem condicionantes
hidrogeológicos que facilitam a incorporação de poluentes.
A região costeira apresenta um intenso potencial de alagamento, sendo esta
situação dependente das chuvas sobre a área e agravado pela presença do lençol
freático raso não permitindo assim a infiltração acentuada das águas precipitadas.
No sistema associado ao aquífero da Planície Costeira as características
mineralógicas e texturais dos sedimentos permitem uma elevada permeabilidade e
transmissividade, o que torna esse sistema bastante susceptível à contaminação.
Esses fatores associados à pequena profundidade do lençol freático, permite que
qualquer elemento potencialmente poluidor, lançado em superfície, infiltre-se
rapidamente contaminando-o.
Observa-se que na planície costeira este é bastante utilizada através de
poços tubulares com profundidade média do nível estático em torno de 4,46 m,
sendo estes muito suscetíveis à poluição, por ser superficial e possuir horizontes
bastante permeáveis
Dessa forma, devido à vulnerabilidade dos mananciais subterrâneos a
solução para os efluentes líquidos gerados pelo empreendimento deverá ser estação
de tratamento, uma vez que o solo não possui capacidade de depuração para
lançamento direto por fossa séptica e sumidouro.
Considerações acerca do Meio físico
Ao longo deste estudo objetivou-se apresentar as características do meio
físico e as implicações do empreendimento neste componente.
Ficou constatado que o local pretendido à instalação do empreendimento e
seu entorno está antropizado. Que sua localização está adequada quanto à

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geologia, pedologia, geomorfologia e hidrogeologia, cujos detalhes dos favoráveis
seguem nos parágrafos subsequentes.
Quanto a geologia, observa-se que o empreendimento está localizado na
unidade dos Depósitos Fluvio-lagunares e não foram observadas estruturas
geológicas de subsuperfície que seja deletérias ao empreendimento.
Quanto à pedologia, observa-se que ocorrem no local do empreendimento
ocorrem Neossolos Quartzarênicos associados aos Espodossolos. Estes solos
possuem como características favoráveis grande profundidade efetiva, topografia
aplanada e as boas condições climáticas regionais. Têm como principais limitações
a baixa fertilidade natural, a textura extremamente arenosa, e a baixa a muito baixa
capacidade de retenção de água e nutrientes, e no caso dos hidromórficos, a
presença do lençol freático próximo à superfície. As principais limitações desta
classe de solo estão relacionadas a sua textura arenosa, presença de horizonte de
impedimento e baixa fertilidade. Considerando-se o relevo de ocorrência, o processo
erosivo não é alto, porém, deve-se precaver à erosão devido à textura ser
essencialmente arenosa
Quanto à geomorfologia, observa-se que apesar de estar inserido em
ambiente classificado como geomorfologicamente instável o empreendimento possui
viabilidade ambiental, pois está situado em local onde a declividade é baixa (<5°) o
que atenua os efeitos da erosividade das intempéries.
Quanto ao escoamento superficial, a análise morfológica das redes de
drenagem mostrou que a área não corre risco de enchente quanto ao seu fluxo
superficial e não sofre com altas taxas de erosão dada a declividade das sub-bacias
identificadas.
Quanto aos mananciais subterrâneos, devido à sua vulnerabilidade, a solução
para os efluentes líquidos gerados pelo empreendimento deverá ser estação de
tratamento, uma vez que o solo não possui capacidade de depuração para
lançamento direto por fossa séptica e sumidouro.
Considerando as características do empreendimento, especial atenção deve
ser dada às condições potenciais de alagamento, que nos períodos de cheia
atingem praticamente todos os interstícios entre os cordões arenosos, que oscilam
entre 0,3 e 2 metros de altitude. Dessa forma, deverão ser adotadas medidas a fim
de disciplinar a o escoamento das águas pluviais.

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