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FEIÇÕES GEOMORFOLÓGICAS

ASSOCIADAS AO IMPACTO
28 aa 30
28 30 de
de Setembro
Setembro
de 2016
de 2016
NO ASTROBLEMA DOMO DE
Universidade do
Universidade do Minho
Minho
VARGEÃO-SC
Guimarães
Guimarães
PORTUGAL
Portugal
Diego Dal Pozzolo Dos Santos
UFSM/psdiego@hotmail.com.br
Organização:
Organização:
Bernardo Sayão Penna e Souza
UFSM/bernardosps@yahoo.com.br

IX SEMINÁRIO LATINO-AMERICANO E
COMITÊ LATINO-AMERICANO
COMITÊ LATINO-AMERICANO
DE
V SEMINÁRIO IBERO-AMERICANO DE
DE
GEOGRAFIA FÍSICA
GEOGRAFIA FÍSICA
GEOGRAFIA FÍSICA
Astroblemas
Barringer Meteor Crater, Arizona,
um dos astroblemas mais
Crateras formadas por impactos em
conhecidos.
hipervelocidade de pequenos corpos celestes
conhecidas como astroblemas (do grego
“Feridas dos Astros”) são elementos
dominantes na paisagem da superfície lunar
e marciana.
Entretanto de todas as 188 crateras de
impacto terrestres confirmadas apenas quatro
foram identificadas na Terra em estruturas
basalticas, similares as grandes planícies de
lava como as maria lunares  e as planitiae
marcianas : Logancha, nos derrames
permianos da Sibéria , o lago Lonar no
planalto de Deccan na Índia, o Domo de
Vargeão (SC) e as cratera de Vista Alegre
(PR), ambas na Bacia do Paraná, no Brasil.
  Fonte: French (1998)
Localização
Delimitada ao norte pelo
Rio Chapecozinho e ao
sul pela rodovia BR-282,
sendo ainda possível
identificar nas bordas da
cratera as cidades de
Vargeão a Sudeste,
Faxinal dos Guedes a
sudoeste, Barra Grande,
localizada a noroeste e
Coronel Passos Maia a
Nordeste

Figura 1- Mapa de localização do Astroblema


Domo de Vargeão
Fonte: Crosta (2005)
Domo de Vargeão
Trata-se de uma cratera
complexa, de 12,4 km de
diâmetro e 250m de
profundidade.

Idade 123 Milhões de Anos.

Embora atualmente apresente


clima úmido, no período da
formação do astroblema a
região possuia um clima seco,
o que aproxima de Marte atual.
-corpo impactor, French
(1998),
-tinha 610m e atingiu a
superfície terrestre com a
energia equivalente a 8,4x1019
J (2x104 MT), o mesmo
liberado em energia total
incluindo o fluxo térmico, pela
erupção do vulcão Tambora na
Fonte: University of Maryland Global Cover L
Indonésia em 1815.
Land Facility (GCLF)
Org : : Santos & Souza (2008)
Mapa Geológico

Fonte: Crósta,A.P et al (2005)


Situação Ambiental
Do ponto de vista da situação ambiental,
conforme Crósta  et al. (2005) na área central da
cratera concentra-se a atividade de extração de
areia para construção civil. Algumas destas
áreas foram exploradas por décadas
praticamente sem qualquer medida mitigadora
para a preservação dos afloramentos mais
significativos para fins de estudos científicos,
bem como atividades de geoturismo. Algumas
áreas, já abandonadas foram preenchidas por
água e estão sujeitas a desmoronamentos.

Areial Ghisolfi
Fonte: Crósta et
al(2005)
Material e Método
Os estudos de astroblemas requerem MDEs (modelos digitais de elevação) de
resolução refinada. Como base cartográfica para este trabalho foi utilizado o
MDE ASTER GDEM 2 (Global Digital Elevation Model Version 2) obtido pelo
sensor ASTER (Advanced Spaceborne Thermal Emission Radiometer)
instalado no Satélite Terra, Disponivel no website Earth Explorer no endereço
<http://earthexplorer.usgs.gov/> na resolução espacial de 30m/pixel, datum
WGS-84,fuso 22 S .

A partir deste foram elaborados mapas de declividade e orientação de vertentes


e as áreas medidas através das ferramentas ROI (Regions of Interest) e Density
Slice. Como parâmetros morfométricos específicos para os astroblemas foram
adotados os critérios definidos por Vijayan et al (2013), declividade interna do
astroblema e o Índice de circularidade como a assinatura da borda da cratera.
Parâmetros Morfométricos
No que tange a declividade neste estudo foi considerada toda a área interna da
cratera de impacto ao invés de um único perfil topográfico. A declividade foi
medida em graus nas classes de: 0 - 2º, 2 - 5º, 5 - 15º, 15 - 25º, 25 - 35º, >35º . A
análise visual das formas de relevo de forte inclinação (vertentes), mais instáveis
e áreas mais aplainadas (topos e fundos), mais estáveis.

Quanto à orientação de vertentes (Aspect) pode ser considerado como a “direção


da inclinação”, nas orientações sugeridas por Gaida et al (2014) Norte (0 - 22,5º),
(337,5º - 360º), Nordeste (22,5º - 67,5º), Leste (67,5º - 112,5º), Sudeste (112,5º -
157,5º), Sul (157,5º - 202,5º), Sudoeste (202,5º - 247,5º), Oeste (247,5º - 292,5º)
e Noroeste (292,5º - 337,5º).

O índice de circularidade, conforme Ronca & Salisbury (1966) é um conceito


relacionado ao quanto uma figura bidimensional desvia de um círculo. A
circularidade está relacionada com o formato geral da figura. Por exemplo, o
Índice de Circularidade de um hexágono regular é 0,83, enquanto uma elipse
alongada com um de seus eixos com o dobro do comprimento do outro possui de
circularidade de 0,5. Em uma figura perfeitamente circular o índice é de 1.

CI =4πA/P2
Onde: P=perímetro da cratera; A=área da cratera.
Resultados e Dicussões
Circularidade
A cratera Domo de Vargeão
possui uma área total de
115,89 Km2 e 38,84 Km de
perímetro. Conforme a
fórmula do índice de
circularidade obtém o valor
de 0,96, o que indica um
valor de circularidade alto,
acima de 0,88.

Sendo assim apesar de


erodida, sua forma original
permanesce preservada.  

Fonte: USGS Earth Explorer


Org : : Santos & Souza (2016
Mapa de Declividade

Quanto ao mapa de
declividades, Figura 3 , a maior
parte do fundo da cratera, cerca
de 63,77% ou 73,9 Km2
apresenta uma declividade
média a forte (5º- 15º) estando
sujeita a processos erosivos,
por movimentos de massa,
escorregamentos, e a formação
de ravinas.
Quanto à topografia, podemos
caracterizar a região como de
colinas baixas e amplas
acompanhando as linhas de
falhas. No sector sul da cratera
percebemos um padrão em H,
formado pelas linhas de falha
intercalados pelas redes de
drenagem e atividades
agrícolas. As declividades mais
altas estão localizadas no
Fonte: USGS Earth Explorer sector oeste da cratera.
Org : : Santos & Souza (2016
Orientação de Vertentes

A orientação de vertentes traz a


direção regional do mergulho
das camadas e afloramentos, o
que nos ajuda a compreender a
simetria e o contexto da
estrutura, como podemos ver
no mapa da Figura 5.
Predominam as direções Norte
(N) com 13,8 % (19,83 Km2) e
Noroeste (NW) representando
11,23% (16,14Km2). Este
alinhamento sugere uma
possivel direção do impacto,
porém para a real definição da
direção do impacto exige o uso
de técnicas mais apuradas ,
envolvendo estudos in situ de
materiais como cones de
fragmentação.

Fonte: USGS Earth Explorer


Org : : Santos & Souza (2016
Vista Panorâmica Na vista panorâmica do
sector centro-oeste da
cratera de impacto,
Figura - 4 podemos
perceber que embora a
atividade agrícola seja
intensa, as matas ciliares
apresentam-se bem
preservadas e ocupando
as áreas dos antigos
areiais, demonstrando
recuperação.

Vista panorâmica do interior da cratera


Fonte:Google Earth
Considerações Finais
Resultados obtidos a partir da análise da circularidade, declividades e
orientação de vertentes nota-se que a presença de drenagens não alterou a
circularidade, assim embora erodida, sua forma original permanece preservada,
com as maiores alterações ocorrendo no sector central, próxima ao pico central
alongado no sentido NW-SE da cratera.

Este trabalho atualiza e expande estudos anteriores relativos ao Domo de


Vargeão sendo esta uma área extremamente interessante, tanto como análogo
planetário, bem como no contexto geológico e geomorfológico da Bacia do
Paraná. As alterações encontradas não são intensas como o esperado, porém
são significativas considerando a idade do astroblema. Futuros estudos podem
incluir a definição precisa da direção do impacto, bem como a avaliação do
potencial geoturístico do Astroblema Domo de Vargeão, o que exigirá estudos
in situ .
Referências
Crósta et al. (2005). Astroblema Domo de Vargeão, SC Registro de Impacto Meteorítico sobre Rochas
Vulcânicas da Bacia do Paraná. Sítios Geológicos e Paleontológicos do Brasil. [Online] Disponível em:
http://sigep.cprm.gov.br/sitio114/sitio114.pdf . [Acedido em 30 de abril de 2016]

Fernandez,  O.V.Q. et al (2013). Caracterização morfométrica de drenagem associada à cratera de impacto de


Vista Alegre, município de Coronel Vivida, sudoeste do Paraná. Revista Brasileira de Geografia Física.
[Online] 6(2), 157-169.Disponível em: www.ufpe.br/rbgfe. [Acedido em 30 de abril de 2016]

French, B. (1998). Traces of Catastrophe: A handbook. A Handbook of Shock-Metamorphic Effects in


Terrestrial Meteorite Impact Structures Houston: Lunar and Planetary Institute.

Gaida,W et al (2014) Avaliação da topografia do Parque Estadual do Turvo, RS, utilizando o modelo digital de
elevação ASTER GDEM Versão 2 / Evaluation of the topography of the Parque Estadual do Turvo, RS, using
the digital elevation model ASTER-GDEM version 2.0 XXV Congresso Brasileiro de Cartografia.[Online]
Disponível em: http://www.cartografia.org.br/cbc/trabalhos/4/398/CT04-55_1402676841.pdf. [Acedido em: 30
maio 2016]

Komatsu, G. et al (2014). Drainage systems of Lonar Lake,India:Hydrology and crater degradation. Planetary
and Space Sciences. [Online] 95, 45-55.Disponível em: http://www.elsevier.com/locate/pss . [Acedido em 30
de abril de 2016]

Planetary and Space Sciences Centre (PASSC) . Earth Impact Database [Online] Disponível em:
http://www.passc.net/EarthImpactDatabase/index.html. [Acedido em 30 de abril de 2016]
Referências
Ronca, L.B & Salisbury,J.W. (1966). Lunar History as suggested by circularity index of lunar crater. Icarus.
[Online] 5(8), 130-138. Disponível em: http://www.elsevier.com/locate/icarus . [Acedido em 30 de abril de 2016]

Santos, D.Dal.P & Souza, B.S.P.e (2008). Estudo comparativo de crateras de impacto (astroblemas) na Terra
e Marte através de Sensoriamento Remoto. Anais do V Seminário Latino-Americano de Geografia Física.
Revista Geografia Ensino & Pesquisa. [Online] 12(1), 3816-3831. Disponível em:
http://w3.ufsm.br/vslagf/eixo4.pdf . [Acedido em 30 de abril de 2016]

Sugita, S & Schultz, P.H. (2005). Interaction between impact vapor clouds and early martian atmosphere. Role
of volatiles and Atmospheres on Martian Impact Craters. [Online] Disponível em:
http://www.lpi.usra.edu/meetings/volatiles2005/pdf/3054.pdf. [Acedido em 30 de abril de 2016]

Vijayan, S. et al (2013).Topographical analysis of lunar impact craters using SELENE images. Advances in
Space Research. [Online] 52, 1221-1236. Disponível em: http://www.elsevier.com/locate/asr . [Acedido em 30
de abril de 2016]

Yokoyama, E.et al (2015). Hydrothermal alteration in basalts from Vargeão impact structure, south Brazil and
implications for recognition of impact-induced hydrothermalism on Mars. Icarus. [Online] 252, 347-
365.Disponível em: http://www.elsevier.com/locate/icarus . [Acedido em 30 de abril de 2016]

 
i t o
Mu o
ri g a d
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28 a 30 de Setembro

O
de 2016

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Guimarães
Portugal

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