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BAADA D AMOR AO NTO • 2.' çã
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  Enviar a: EDITORIAL CAMINHO, SA


A. Alm Gago Coutinho    ISBOA
EC -Empresa de Comércio reiro
 Zona Indstal do Roligo, o1e 8
455 ESPARGO - Santa aria da Feira
D OR
O TO
ÜBRS DA AUT

Vntos do pocaipse PAULINA CHIZIAE


O Sétimo Juramento
Niketche _ Uma história de poiamia
Ba de mor ao Vnto BALA DE OR
AO VNTO


 edição

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Aos meus
À filho
memóaDomingo e MariaCiziane
de Feando Salomé
À Madalena Backtrom

BALADA DE AMOR AO VENTO


(2' edição)
Autor: Paulna Chzane
Deign gráco: José Serrão
lutração da capa Malangatana,
P  1995SA,pormenor recortado
© Editoral Camnho, Liboa  2003
Tragem: 1000 xemplre
Impreão e acaamento Tpografa Louanene '
Data de impressão: Mao de 2007
Depóito leg nQ 259 013/07
 SBN 978-97221-1557-5
w.edtorl-caminhop

Livr mpss m ppl f drd


d Spc, mg d 1nb
OR
Í! o ear
em que fabrco a vda..

Lit Vasconclos
1

Tenho
ded doudde do meuudde
eu ro Tenho Se, ddo
águ zueer
erde cn
bnçndo o eno do cmo de m core em hr
mon d mnguer, do cjuero e mre em
m Quem me der or o mg d mnh nfân
c ggr  árore cenenár como o gg e
comer fru ere n ecur e berdde d 
nce erde Eou enehecd e no  roxmção
do m d mnh jod m cd d que  o
eo quem como e ce no mê de Mr o 
do def como um roáro de recordçõe que já
nem ão recordçõe m m ênc que e ree
em no momeno em que fecho o oho rnondo 
brrer do emo
Fo em Mmbone, udo err redene n mr
gen do ro Se, que rend  mr  d e o homen
Fo or ee mor que me erd r enconrrme qu
ne M de c re ro de mér onde
 eo defecm em bde memo à  de od
 gene e  moc em em uo n fecdde d
err de romão
Tere eu mdo gum d?É erdde que o mor
exe? Nd e obre  erdde do mor m há um
co que me coneceu, dgoo Aquo  um e
éce de feço, méro, oucur, o é que 

PAULINA H!ZAN BALAA  AMOR A VNT

Tenho uma ha crecda que anda etuda embo nada mehor que uma feta para  dverão, exbção e
ra já tenha etudado muto Um da de-me que a terra peca de namorco Eu etava bonta com a mnha
é redond Por r é toda verde e á no fundo tem
 um bunha cor de mão, capun memo a condzer,
centro vermeho Como o meão Que a terra é a mãe enfetadnhcom coare de mrfim e mang Coo

da natureza e tudo uporta para parr a vda Co  que-me n rede para er pecd, e porque não? Já er
muher. O gope d vda a muher uporta no ên muherznh e tnh cumprdo com todo o rtu
co da terr Na amargur uave egreg um qudo r  muhere tared girvam par cá e para á no
te e vcoo como o meão Quem já vajou no mundo preparo do grande bnquete O aroma d cae ex
d muher? Quem and não  que vá Bt dr um ctv o ofcto fzendo crecer ro de va em toda
gope profundo, profundo que do centro vermeho  boca, deando o etômago, e até  gengva
expodrá um go memo gua  erupção de um vu dedentda já magnavm um naco de ce gord

cão.Ma que de trte me aom hoje etou pe nho, tenrnho
por um e em
goad oo empurrado
de guardente com tod
O homen dvma re
a
na em dero não me evem a ma Etou mpemen mão qu e a enquanto o outro preprvm ep
te recordndo recordndo Etou dper: um prte nda n ombra do cajuero
de mm cou no Sve, outr etá qu neta Maa O tambore ruram ao n do veho Mwo, er
uj e trte our para no ar agurdando urpre que guendo-e cântco e acamçõe A por da phota
a vd me reerv Par quê recordr o pado e o pre abru-e dexno ar cerca de vnte rpze com a
ente etá preente e o turo é uma eperança? Epe pecto pádo e doento provocado pe dur prov
ro ue me credtem, ma o pado é que fz o do rto de ncção
preente e o preente o futuro O pado peregue� O rpaze já toado homen pvm entre a
no e vve connoco cada preente Eu tenho um p como heró A vehota acamvam epahndo ore,
do, et htór que quero contr dnhero e grão d mho que  ganha e apre
Será um htór nterente? Tenho a minha dúv vam  debcr Eu ata o epectácuo marvhd
da po na não é nada de novo Há mua muhere quando decobr entre o rapaze um novo roto
quevvem am Deiro A vda revoveu o centro do meu  Quem erá? Rndau conhece aquee a?
mundo Meu oto choo é vcoo como o meão E  É o fiho do Rungo o que vve no coégo do
tou em expoão roa tão gua  erupção de um vucão padre
- !
Dparmeme a dúvd Er memo daquee
Tudo começ no d m bonto do mundo bee rapaz que o vehote favm ontem à note e eu
za crctertca do a da decobert do prmero amor curoa ouv tudo Se ee decobrrem que ecute vão
Todo o nim trajvame de rura a terr era de catgr-me  arga, po em coa de homen  mu
maado generoa Na de reazvae  feta de cr here não e podem meter Derm que ee  d
cuncão do menno já todo homen Joven do tnto e comportoue ndamente memo na prov
ugare ma remoto etavam preente po não há ma dce
2 3
PULIN HIZIN L  MR  VN

Aqula imam maavilhoum Msmo à pimia aoc a minha advsáia, nquanto sta, d olha
vista o mu coação vim stmcu Fiqui hipno tocista, limitavas apnas a mumua:
tizada, com os olhos psuindo os passos daqul  Wê, Saau, não val a pna tanta na Hoj
'
dsconhcido Uma voz quoum o ncanto é dia d fsta não stou paa uinhas nho um
 Sanau Rindau, qu zm aí sntadas suas  vstido novo qu não m aptc machuca
lhas? A malta incitavanos paa a luta, mas ao v qu o
Rtiui à ni um olha aocido, spondndo d spctáculo stava pdido pois a ni não s dszia,
maus modos todos s viaam conta mim odo o ando m odou
 É poiido ca sntada?  toçou.
 Wê, Saau choca ovos é paa alinha choca  Mas vocês ainda nã viam? A Saau é pau d
dia ia o ao daí, tnho um sdo paa ti caapau Nm cua no pito, nm cua no ao, é s

 Não
Vomita m sdo
lá ss lvanto stou a choca ovos d pata
dsapac tacaFiqui
d ucalipto,
zanadamulh é qu
Finalmnt osnão, wâ wâ
maotos wâ!
dixaamm
Já saia do qu s tatava. Não si qum convn m paz  pud à vontad contmpla o mu ídolo 
cu o Khlu d qu é um and macho, mas l qu ppaa planos d aodam Aqul Mwando int
namoisca toda a nt ni ajolhous suou o ssavam, sim snho
mu pscoço com as duas mãos, ncostou os láios aos Apoximim dl li com doçua  com muita
mus ouvidos  sdou. Giti m alto paa qu la indifnça spondia às minhas puntas. Fustadas
dsapacss dali. ni lvantou voo  pud finalmn as minhas tntativas, ssi a casa ntistcida.
t contmpla o mu ncanto mas só po pouco tm la pmia vz o sono stoum a vi. Minha mn
po Loo a sui um ando d apaias fzm salta t dliciavas com a imam qu acaava d dscoi
do chão aastandom até às tasias da casa. Aqul olha distant, pntant, aqula voz sna
 Saau hoj é o dia d aanja namoados m  osto sisudo! Bonito não a compaado com o Khlu
vz d sta ali a chocalha pohat à vista, ina ss zaaatio, namoadio smp ponto a po
ola paa as moscas psuim as tuas cuas, m voca qualqu scaamuça  smua toda a nt.
nina. Olha, u já aanji um namoado  qu janota, O Mwando é um apaz difnt, la m convsa
amia! m  tm cá umas manias! staia u apaixona
 Os mus paaéns ntão da? Rim  viim na stia Achava aça àquilo
  tu o qu spas? Aposto qu stavas a olha tudo pois nunca ants m tia acontcido Adomci
paa ss anhoso ilho do Runo omo s chama? soindo.
é o Mwando. ois diot mnina, stás a pd tm
po aqul stá a studa paa pad.
Fiqui iosa. A n a ao nconto dos mus pn Nos dias suints pocui Mwando. moscava
samntos  fiam a ma como s fia àqul todas as uas po ond pudss passa omci a i
jovm tão distinto oloqui as mãos nas ancas  vo paa a ija só paa vêlo.  poucas vzs qu o con
miti todo um palavado povocado, na intnção d sui nconta, lou comio smp com a msma in
4 5
PANA CAN BAA  A 

diferença. Preparei outro plano mais perfeito que pus Tenho medo O padre pode censurarme
logo em prática  Medo de quê O padre nada tem a ver com isso
Num belo domingo, vestime com todo o esmero, De resto á mos todos iniciados e os velhos não se
eniteime bem e parti para o ataque. Entrei na vão aborrecer.
com toda a solenidade senteime à ente para que Tu não sabes, Sarnau, mas o padre! ..
me visse bem, pois estava bonitinha só para ele. O pa  Descansa que ele não saberá de nada
dre dsse tanta coisa que não entendia. O coro apresen Emudecemos de repente As mãos encontraramse
tou uma canção bonita e de toda as vozes só ouvia o Veio o abraço tímido. Trocámos odores, trocámos ca-
Mwando Depois o padre disse ámen levanteime pron lores Dentro de nós loresceram os prados Os pássa-
ta para o combate Ou hoe, ou nunca, dizia de mim ros cantaram para nós, os canços dançaram para nós
para mim. o céu e a terra uniramse ao nosso abraço e empreen-
rio Arrastei o Mwando
Save. Falámos num passeio
de muitas até Ele
coisinhas às margens do
lava dos demos
letas. a primeira viagem celestial nas asas das borbo
seus planos do turo, pois queria ser padre, pregar o
Evangelho, baptizar, cristianizar. Adeus meus planos
meu tempo perdido ai de mim, o rapaz não quer nada
comigo só pensa em ser padre.
As águas corriam tranquilas, os peixinhos banha
vamse, os canaviais assobiavam embalando a minha
tristeza Sentia a cabeça transtornada e fiquei algum
tempo sem conseguir lar
 Senteste mal Saau
 Sim, um pouco maldisposta.
Dexei que ele me acarinhasse e, a pouco e pouco,
aproximeime dele, encostando a cabeça no seu ombro
sem que ele se apercebesse da manobra
 E tu, Saau, quais são os teus planos
um rapaz
Meus
queplanos
no meNenhuns
quer. Estou apaixonada por
 Não é possível. Mas qual é o homem capaz de
desprezar uma rapariga tão bela e tão boa
 E tu eras capz de gostar de mim, Mwando
És maravilhosa És a única pessoa na aldeia que
me trata com respeito Todas as moças desprezamme
por viver no colégio Eu gosto de ti, Saau.
 E porque não me dizias
6 7
2

O inólito
cutaram acontece
o egredo da na oretae etão
natureza Todoa o erema-
operar e
ravilha A corua cantam ao ol o gato preto miam
intenamente à lua cheia Toda eta voze uneme
no compao do vento, que epalha pelo mundo uma
menagem de paz O leõe e o vitelo acaalado,
rugem e mugem num coro de ateidade A hiena
e a cabra abraçame, perdoame, reconciliame a
ave vetem plumagen colorid a A erpente, unto ao
ninho fecha o olho, dicreta, não vá ela interromper
o beio do páaro que e amam, crecem e e mul-
tiplicam A era e a árvore avolumame num ver-
de ímpar, cobrindoe de ore Em todo o univero há
um momento de reeão, de paz e conateização
chegou a época do amor
Mwando etá embabacado com a decoberta do in
ólito do ugeriulhe
erpente mundo Como o Adão
a maçã quenolheParaío,
arrancoua voz da
brutal
mente a venda de todo mitério Sim, ecutou o lá-
bio de uma mulher pronunciando em uurro o eu
nome, depertandoo do ventre cundo da inocência
Mwando naceu Sente o coração a bater com rça
memo à maneira do primeiro amor
Pela primeira vez colocoue diante do epelho e
ete, cúmplice, confirmou a ua preença Não gotou
9
PA!A CHIZIAN BADA D A A T

lá muto d u prntção m pxonou plo  lomão  m volt  flr m rbntot
olho ngro dormnt unt nvjou  lgânc  fç
do glo  copoulh o port dmntrou lgum \  E í dvulgmo o grdo o vlhot  dpo
rnçõ n voz tondo onnt pxond En
t
qurmo vr
drtou o ombro cuvo o ndr cgo dcomp  Dprçm
do colocou um uvdd um rtmo pndo  Pocurou o rúgo do qurto  fchou Etv
ur um cmnhr ltvo obrno crctrítco do trntodo nt  u dvoção bld pl pxão
vncdor O vnco do clçõ pou  r bm d- Não congu gr à trm d rpnt  rnu
mrcdo  crpnh pntd ml vz o clc- rrtvo cd vz m pr o bmo M porqu
nhr gdo com pdrpom  buntdo com  qu Du não protg o u lho m dvoto 
ólo d coco comptm no brlho com  luz do ol dx rpnt plhd por todo o ldo porquê?
Et modfcçõ
compnho não qu
do colgo prm dprcbd
lh pvm todo oo «M u quo
r pdr urr pdr•
btn  dzcrtnzr
brnc ntr lágrm "u quro
bptzr m
movmnto compnhndoo com olhr troct l rtm pr o bmo pr  trv h como
qu blvm m todo o olho  bom tr o ldo dl  o pdr dcobrr  m-
 Wê Mwndo prc qu  o pnto tá  r do nh pxão xpulm do colgo n fcu do n
ovo trdcr tl como dão no Prío M como do
 Porquê? não não v contcr br ncontrr um cond
 Porqu  boc tá dbxo do nrz  o glo rjo nt jrdm do dn  nngum dcobrrá Ep
já ncu  crt ro qu  mldto rpz não dêm à língu Pno
 Não m ncomodm ouvrm? qu com l não hvrá problm po não cotmm
Mwndo toou lvo do grcjo do u com r dltor
pnho  por  rzão dcdu olr crndo À luz d vl o olho prdm no vzo cbn-
o u própro mundo o notcr ntv oznho do por convrgr obr o Ju Crto d bronz pn
no jrdm do colgo ub t o unvro conqutn- durdo n prd d cl Então xtv pdndo
doo  tod  trl cbm no cntro do u mun- prdão  comprnão do u dlm o Crto d m-
do Crrv  pálpbr pr onhr como o glo qu tl
cnt
próprdvoz
olhoMmo
fchdo borndo
m o colgcom dlíc  u
prgumno NãoFchou
Bíbl  podor
olhodo nhor o
ru contrfto nn 
rdculrzn-
drgndolh provocçõ do chou grç à u vd d há mn trá go
 Brvo Mwndo cn t cnt o glo cnt p r nt dfrnt Volh um nprção úbt
 glnh ccrjr pgou no ppl  no láp  comçou  crvr
 M o qu prtndm n nur? Vmo dgm?! "Tu olho têm o ncnto d um pom dvno
 Clm lhot  cobr dx mpr rto por Qu pn não br lr Ecrvrt  um ct ln-
ond p Todo nó rjmo ó o vlhot  qu d long Ddcrt tod  plvr qu o tu
 cgut  nd não dcon d nd ldo não congo pronuncr qundo o tu orro 
20 2
PUI CHIZI BAD D <  

tangula a meloda da mnha gaganta sceetea um nquanto o pade eea se ecmnaa, dos sees
poema de sumo de ananás e batatadoce com aoma de abaaamse no escuo Tudo tea passado despeceb
canho. Leatea nos meus esos a aguea no unes do se não sse a maldta cama de feo chando deses
do sonho tanspotados na concha do gassol. Samau, peadamente. Paecam as dobadas da anela angendo
audasteme a nasce, pos se não tesses comeado, nun- ao ento, o pade apoxmouse paa chála, e es que
ca tea a coagem de dze qualque cosa sobe o meu oue gemdos de mulhe Apuou mas o oudo e em
coaão Semeaste emm o peme das acácas. scuto paldeceu: aqueles gemdos eam seus conhecdos
a músca dos galos à dsnca. stou no absmo da sol-  Cetno Agoa sabeás o que é a a de um leão
dão, no gólgota a dstnca, o domngo está longe paa
"
O pade encheu o peto de a, esegou os punhos
Não acabou a ase, pos a pota abuse de epen- e atu paa a batalha. Abu a pota com um pontapé
te e o pade espetou. Mwando apanhou um alente e, as escuas, conseguu descob um ulto que se es-
susto
o seu emanuscto
comeou a teme. Nem tee tempo de oculta conda po baxohoe
 Salomão, da apanhete.
cama Toda a gente á me -
 Que se passa, meu apaz lou de t
O pade pegou no papel e leu em oz alta. Mwando Aemessou um soco oso conta o apaz, mas
molhaase de lágmas. este pedeuse no a. O Salomão, assustado, embu
 Com que então, hem á entend tudo, descansa lhouse num lenol, afnou a oz e, com o a mas no-
que amanhã austaemos contas. cente deste mundo, peguntou
 Que se passa, Senho Pade
O pade cou ana mas oso. Não pemta que
O pade pôsse de atalaa. Váas ezes oua mexe um apazola a quem clzaa, toasse dele. Pecptou
cos sobe o compotamento dos apazes, mas não se de- se no escuo conta o apaz quese esquaa e este mas
xaa domna pelas línguas de sepente, mas aquela cata, d
ágl pegou uma astea e o elho cau estondosmen
aquela cata! Haa de descob a edade. A coba de- te. O apaz gu como o ento no coaão da note
x asto po onde passa, o poo, não há mo sem go  Agoa, o Mwando!
Na hoa do slênco, abandonaa a cama contáel, O elho leantouse oso  ao quao deste que
enaa o oupão e o goo de lã e, em passos felnos, a doma um sono solto e deulhe uma soa tão gande
espeta
tas pelas os domtóos
anelas dos apazes
paa escuta, Pmeo daa
depos escondase nool
a- até Mwando
lhe doeem
e Salomão
os socos.am expulsos do colégo, mas
busto dante da entada, aguadando hoas a o. Andou a coznhea nem seque  epeendda e toda a gen
em buscas mutas seanas sem esultado Voltou à con te sabe poquê.
clusão de que a língua do ulgo não meeca confana
Rdculazouse pelo cto de te saccado o epouso
pecoso em esponagem egonhosa, expondose às co- Mwando não tee outo emédo senão confomase
entes de a que podeam ca uma dessas complcaões Faclmente se adaptou aos tabalhos dos apazes da sua
topcas que nem os melhoes médcos podem cua. dade. Todas as tades nos e ncontáamos no o dá 

22 23
PAULINA CHIZJANE

o marido dela porque dormi com a sua protegida Que- 3


ro pedirlhe a bênção do nosso amor
 És maravilhoso, Mwando, por isso amote, amo
te, amote, mil vezes amote "

Mwando ainda não ofereceu nada ã a protecto


ra, mas eu perdoo, ele ainda não arranjou diheiro, coi-
tado Ultimamente vemonos poucas vezes, ele diz andar
metido nos negócios do pai e vai muitas vezes à cidade
Diz que a mãe e as iãs são muito preguiçosas, e ele
muitas vezes tem de cozihar, lavar a roupa e rachar le-
nha, mas onde é que já se viu um homem cozinhar om c
mulheres em casa? Falta muitas vezes aos encontros e,
quando vem, tem pouco tempo Já não quer passear como
antigamente, mas eu perdoo, eu gosto dele, ele tem mui-
to trabaho em casa, pois as irmãs são muito preguiçosas
Mas parece que ele me evita  suas palavras soam a lso
e escondeme sempre os olhos quando justiica a ausên-
cia. Sinto que algo de anormal se passa, que tenta enga-
narme, mas não, enganar me é que não, nós amamonos,
ele prometeume e no é homem de meia palavraA, o
meu amor por ele cresce como as ondas do mar Meu
corpo chama por ele, miha alma grita por ele, meu so
nho é todo ele, encontroo em todo o lado, na verdura
dos campos, no mugir das vacas, no brilho do sol,no ser-
pentear dos peixes, no aroma das ores, no vo o das bor-
boletas, no beijo dos pombos, até mesmo nos odores das
bostas Oh, Mwando, tu vives em mim, eu vivo por ti,
Mwando, canta com o vento, aos qatro ventos, ganhas-
te um coração mundo, pois dentro de mim há um lugar
27
26
PAUNA CHZAN BAADA D AM A VN

ode só u habias Dero de m orescem os cam- ma, sei que vais car perurbada, mas compreedeme,
pos. Tudo em m  verde u sou a erra fril ode um  cora a miha voade.
dia laçase a semee. O sol, a uvem, o veo, udo vi-  Porque adas com aos rod eios e ão d izes
ram. A ua semee omouseverde, verde verdadeiro a loo o que se passa
próxima colheia eremos rura e mosraremos ao mu-  sá bem, eu dio Não vou parir para lado e-
do como  belo o osso amor. hum. Vou casarme brevemee com uma raparia que
os meus pais escolheram para mim.
 Mas isso ão  problema disse ere lárimas.
 Sarau, ão os vemos há dois meses, mas iso  u aceio ser a seuda mulher, ou erceira, como
 por causa do rabalho ieso que eho ido, ão quiseres. Se ivesses dez mulheres eu seria a dcima
descaso ada, sabes Já e disse que as mihas irmãs primeira. Mesmo que ivesses cem, eu seria a cesi-
da casa.
são preuiçosas
Fui rês evezes
eu eho
à cidade
que para
zer raar
odo odos
rabalho
eó- ma  primeira
Samau,Oo eu
quedesejo
eu quero
ão pode
esarseraorealizado
eu lado.Nu-
cios do velho, espero que me compreedas. ca serás miha mulher, em seuda, em erceira, em
 Assim maasme, eu morro de saudades. cesima primeira. u sou crisão e ão aceio a poli-
 u ambm ive muias saudades, mas o rabalho, amia.
eedes scua, meu amor, hoje  o dia da ossa des-  Oh, Mwado!
pedida. Vou parir para muio loe. Uma errível escuridão precipiouse dero de mim
 Para loe Ode Sumiramse as erahas e, do poço eorme que era o
 Não sei bem O velho e  que decidiu. Sei que meu íimo, broaram palavras ocas que a araa
me amas e que vais soer muio, mas eho um dever rasrmou em rios hisricos. Os caos dos meus
a cumprir. lábios sereado espuma abriram alas para escoar a
 Vais para a África do Sul Mas ão há problemas. dor melodiosa e fúebre, zedo coro ao coaxar das
u esperoe. Aora mais do que uca eho razões rãs Meu coração ribombava rovoadas, relmpaos
para e esperar dourados rasavam o cu do crebro, e a chuva dos
 Quais razões olhos precipiava re, preuciado o dilúvio do meu
 Vamos er um filho, Mwad o Há quarea dias ser. Todos os sohos de amor, um só isae ram
queão
É ieressae.
vejo a lua Acho boio ser pai mas há uma desruídos
odas de sal,
pela
celebrei
rça odabapismo
empesade.
de felMerulhada
Acudame em
meu
coisa que ão eedo. As raparias do eu clã só i- Deus. Semeei amor em erras sáras e o luar de mi-
cam rávidas quado querem. lho, produzi espihos.
 u quis, Mado . Desejo louc amee ese fi- Mwado recolheume um abraço do auráio
lho. diluvia ode me abadoara, aihoume o seu pei-
 Tu amasme, e isso i rae por vezes a razão. u o, coroadome com beijos sem sal, em calma Sarau,
aora vou parir para ão mais volar. O que será de i promeo ser bom pai, erá de mim udo o que quise
e da criaça Gosaria de e esclarecer bem o proble res, casar  que ão, compreede Saau,  o desejo
28 2
PAUNA CHZ!AN BAADA D A) A VtN

dos eus pais e de todos os deuntos Eu debatiae eu deixar o Mwando as coo podia eu dizer não à
co todas as rças uero aor, tenho e de aor oz do coração? Tudo para i é desespero o garga-
Mas ue diria ue este roance acabaria nu due- lhar das estrelas o piar dos ochos, o arulhar das
lo? A lança caiu be no centro do coração e o vene- ondas ao luar, a dança do go tudo e entristece
dor exibe a ara, triunante A sua voz vibraa 1de Gostaria de desaparecer da supercie da terra, er-
eoção, conseguiu reover u epecilho e estava gulhar nas águas proundas do Índico, arrastada pe-
livre para prosseguir o seu destino Não teria ele a sua las inhas ágoas Eu uero orrer, vou orrer,
razão? Cada u de nós segue o seu destino auele ue assi o aor e o ódio aais perturbarão o eu re-
há uito i traçado na pala da sua ão pouso.
 Adeus, Mwando. Que seas eliz , co auela e- Atirare ao ar? Nunca Subirei ao cio do ibon-
licidade ue sepre sonhei para i deiro e, uando a prieira corua cantar, atirareei ao
natureza
Regressei
perdiase
à tranuilidade
no eco dosdaeus
loresta
suspiros
e a canção
Cantei da
a chão,
e terra
rebentando
negra naoelodia
coco dodos
eugalos
cérebro
da alorada,
Seeareão
serei
elodia dos desesperados sobre as cinzas e os esco- regada de lágrias e genarei ntasa. Atirare do
bros dos eus sonhos a cobra espreitanos e ergue alto tabé não Prero andare nas águas paradas
cabeça pronta para o ataue. da lagoa e ser o pasto dos peixes o eu sangue irá er-
 Saau aba! entar as proundezas para ue as algas cresça ais
Arrancoue rapidaente do chão protegendoe be nutridas.
nu abraço enético Que e dera ser a estrela sonâbula e aguear
 Escapáos de orte certa O ue sign iica isto no iinito se destino e todas as noites de luar. Gos-
neste preciso oento? Os teus deuntos estão contra taria de ser u agalue acender e apagar despreo-
m, andara esta cobra para e aniuilar, o ue sig- cupada sobrevoando as copas negras dos caueiros.
niica isto? A passo trôpego egulhei na escuridão da palho-
 endita sea essa aba ue ueria leare ta e estendie eia orta, na esteira de palha.  aves
para o undo do alé onde iria repousar todas as da noite ebalara a inha angústia adoreci tristo-
ágoas, e tu arrancastee da porta do paraíso. nha, ergulhando e seguida nu sonho delicioso
 Saau sinto uito, eu aote eu Vie nua paisage de ales e ontanhas, de ár-
vento
Nãopara
deixei
o ininito.
acabar a ase e parti disparada coo o vores
lhasaestosas
largas. aue
paisage
se acasalava
de aor
co
etrepadeiras
ue todos de
os
seres se haronizava ao sabor da liberdade onde até
as raízes abandonava os cárceres de areia para balan-
O go crepitaa dançando a úsica do vento, ele- çar ao esco debaixo dos braços últiplos das iguei-
vando as labaredas até às alturas Todos os habitantes ras As águas dos vales serpenteava e sincroniso
do sol recolhera aos seus ninhos conrtáveis, eu co a suavidade das brisas enuanto os babus balan-
iuei sozinha e perdida, deixee chorar chorar. çava e contradança Mwando estava sentado ao eu
A Eni pressagiou este i e dissee tantas vezes para lado na rtilidade do tapete de rlva A aproxiação
30 3
PAUNA HZAN BAADA DE A VNT

do seu corpo adolescente levoume ao mundo das ilu- as ágas engoliramme, e só consegi erger o braço
sões incontestáveis, à maravilha do sonho e da fntasia. nm gesto de ades e desespero
Pronunciava o seu nome pela centésima vez quando ,
oi tdo. Do sono morfero qe me envolve, ovi
acordei brscamente. vozes distantes qe amentavam de volme erão vo-
 aa, estás a sonhar a lto, isso dá azar. zes das almas do otro mndo o dos espritos das
 Porqe interrompeste o me sonho? Era tão bo ágas? As vozes aproximavamse e oviaas com mais
nito, Rinda nitidez, mexi os braços e descobri qe não estava no
 O qê? lago e o me  corpo jazia por cima da esteira de palha.
 Não é nada contigo Dorme, qe te fz bem. Nm esrço tremendo descerrei as pálpebras e vime
no interior da palhota rodeada de mitos vltos dos
qais só consegi reconhecer a minha mãe A cran-
A manhã
alegres, ventonasce
escooamentada
e borboletasdecoloridas,
sol, com tão
pássaros
igal varrendo
deira, ajoelhada,
savemente
rejava
os omas
meespritos
corpo decom
ponta
a pelgem
a ponta,
a todas as otras desde os tempos do primeiro sol. macia do rabo de hiena
Igal a todas as otra s não, porqe era a última. O sol  Qe acontece? Onde esto?
era mais dorado, os campos pemadssmos, as ágas  aste agando e m pescador salvote, os bons
de m azl mpar e as borboletas mais garridas Tdo espritos protegemte, benditos sejam todos os dentos
era mais belo, porqe último. Minha joada termina- im, os dentos rejeitaramme, ainda não é chega-
va, a caminhada ra crta e salgada. da a minha hora, nnca mais serei ntasma.
ancei olhares de despedida a todas as coisas, t- Merglhei na melancolia dos dessperados vogando
do me inspirava para a partida e sspirei qero levar em ondas viscosas e amargas A centopeia entro-
aos habitantes das trevas a mais bela imagem do rei- me pelos olhos, i até ao coração, fez m nó na gar
no do sol. Dirlhesei qe abandonei o sol para ser ganta e sbi rapidamente para o cérebro. entia as sas
o sal, qe amo a vida mas prefiro as trevas, o sono e o cem patinhas a coçaremme todos os neos.
reposo.  aa, explsa o nó da centopeia, rebenta a an
Caminhei nas nvens, radiante, ondlante, até ã bei- gústia qe tens no peito, arna, rebenta o nó.
ra do lago Mais ma vez disse ades a todas as coisas. A crandeira tanto grito qe a sa voz acabo por
encravarseme no centro do coração As lágrimas de
Merglhei
ã volta dosnas
meságas
pésparadas qe giraram
e caminhei decidida.deOmansinho
lago s sesperadas da minha mãe zeramme voltar à razão,
bime até aos ombros, até aos maxilares, hesitei ns contagieime com elas e rompi nm choro convlsivo.
instantes e relecti ápido vo, qero morrer, qero ser O nó da centopeia qebro nma explosão violenta.
fantasma para atormentar esse Mwando em todas as enti movimentos estranhos no ventre e as coxas fica-
noites de la cheia. O lago sbime até às orelhas, ram empapadas de sange. O me corpo inerte vibro
ades tdo, ades Mambone ades Mwando, ades. com espasmos de dor, estava perdida, ningém podia
Avancei mais, e de repente senti o medo a scarme zer nada por mim. A cabeça em remoinho martelava
o peito, gritei, qis voltar atrás, ltei com viva rça mas dolorosamente todas as veias
32 33
PAUNA CHZAN

A gueira acesa espalhaa um fumo purificane que


espanaa os maus espírios A curandeira baeu os os-
4
sinhos lou com os deunos que aicinaram o meu
'

desino morrerei em erras disanes do ouro lado do
mar e nenhum dos presenes acompanhará o meu -
neral
Nada me conseguirá maar Nem as águas paradas
da lagoa nem as proundezas do Índico, nem o dese
o dos feiiceiros, meu Deus, nunca mais serei fnas
ma Eu queria ano ser nasma!

soreéSaau,
a ua, lha
minha
do meu
Saau,enre
queEmdesino
Mambone
é o eu
há que
mu-
lheres mais belas e rabalhadoras do que u orque é
que esa sore caiu sobre i
Muios rosos cobriam o meu Na palhoa circular oda
a mília me conchegaa As raízes, os roncos e odos
os ramos da grande gueira esaam reunidos Olhos
elhos e noos choraam, riam e olaam a chorar
 Saau, nossa Saau, u ais parir adeus! Já não
ouiremos a oz do eu pilão Não beberemos mais a
água na concha da ua mão Acabaramse para nós os
sorrisos, o eu cana algre e inocene, oh, cruel des-
ino o de uma mulher Ouras bocas beberão da ua n-
e Ouros olhos irão odiar o eu sorriso, Sarnau, em
bree parirás para a escraaura Chamareão pregui
çosa, esúpida, feiiceira, enquano o eu sangue pare
felicidade para eles, enquano o eu coração fermena
de miséria e soimeno
O mugir das acas aproximase e oiço de pero o
galope das suas paas Vozes alegres leanamse, as-
sobiam, aclamam, e um coro agradáel rompe Meu
coração esremece e a rça da emoção ence Rompi
em soluços Meus ios e aós omam os assenos e a aó
maea quebra o silêncio numa aclamação rasgada e,
em seguida, profere uma oração:
34 35
PAUNA IZAN BAAA  \ A VN

 Ah, mas qu az vt Eu vit as  Sim aito


Gostaia d bb da tua água  Agoa diz: o qu dvmos fz  om todas stas
Pousi o ot o hão  di d bb a oha d s osas
mihas mãos A vlha fiou maavilhada ois uXa Não sabia o qu diz Miha tia vio m mu au-
iguém lh da d bb assim No dia sguit as xílio, dizdom todas as alavas qu ti
oslhias da aiha am soliita os mus siços  Mu ai, miha mã, mus avós  todos os d-
a dido dsta, o qu ão a ovidad ois a ss tos Aitai sta ota, sta humilhação, qu é o ts-
o su hábito Fiqui om la uma smaa a aa- tmuho da miha aida ou agoa t a outa
lh as aas, a tça os ablos baos  a mas- fmília, mas fiam stas vaas qu m substitum Qu
saja as atulaçõs sas d umatiso Numa bla stas vaas lobolm mas almas, qu aumtm o ú-
mahã a vlhota uiu todas as suas oslhias aa mo da ossa mília, qu tagam sosas aa stla,
uma uião
ouvidos maga
a gad Todas aguadavam om olhos 
ova d modo
Mihaqu
avóua
asgavalt água, m
o silêio mmilho, m lum
uluguas -
 Já oti a mulh mais bla, mais bodosa quato as mihas mãs lavavam o osto om lágimas
 tabalhadoa, qu ão é fitiia É a Saau!  d moção  os homs maiam mudos Mu tio
Todos os olhos fiaam gos  as gagatas mudas voltou a fla Pgou o ao vmlho, toou o
d sato Eu tmia  tão do ão osgui z- aé o hão  diss:
m da susa Em qu é qu u agadava à vlha s-  Saudamost, Saau, mã d todo o baho dos
hoa Twalu Fost a imia ilha do vt da tua mã
E hgado o momto sumo Os oiais do i És tu a mã do Rugo, Rugo ai do Tiga Most
ta a alhota  tomam os asstos sitosam- om dsjo d as do baho do Tiga, tu to
t Lvato um ouo o véu  sitoos stm a gala mais quido Tiga mostou ao mudo a imia sot
dos atassados Rohço a miha uhada As od t aast, avó Saau, és a msma qu hoj
iaças atam lá a, as vaas mugm fuiosas, mo é lobolada No assado omaamt aas om uma
ioom aida mais Fazms umimtos  disu ia d fijão oj, asida, lobolamt om ta-
sos dihios tilitam Coloas a stia a abaça d tas vaas  dihio vmlho Avó Saau, is aqui o
aé  o ao vmlho xibms ças d vstuá- tu aé  o ao vmlho Abçoa a tua otgida:
io, ulsias,
stou à vdaolas,
Mu tio mu Dus
tossia aaisto é uma
alaa fia,
a voz u
 fla ablh
tos lhososdoamihos da omo
su vt fliidad: qu asçam
aotu mui-
o assado,
om solidad Miha mã tiam o véu dawuêêê 
 Saau, is os tus olhos o tu ço Nós sa- O lobolo stá fito A tia do mu maido tga
bmos qu vals mais do qu tudo O qu aqui stá ão outa abaça d aé  a bgala aos avós Coloa o
hga aa aga o amo qu tmos o ti Lá a s- haéu  o asao os ombos do aá A aulaa a
tão tita  sis vaas qu omo tu aida ão aiam itua da mamã,  outa as ostas, amaado um
Diz m voz alta aa todos ouvimos: aitas st mo- gaao d viho Miha uhada o sua vz ia-
mto t à gad mília dos Zuula? m as ulsias, os olas  as mihas ovas vstm
3 39
PAUNA C'!ZAN BALADA D AO AO VNTO

tas Meu to recolhe os dnheros Cantase e dançase que cada mundo tem a sua beleza Há os que consde
As vacas mugem cada vez mas alto ram belas as mulheres de pele clara Outros acham belas
as feções harmonosas e o camnhar elegante Anda há
 Conduz o gado ao novo curral! /
quem consdere belas aquelas que transportam enor-
A minha partda  combnada para a semana seguin mes abóboras no trasero. É como vos dgo, cada mun-
te. O padre Ferrera pronticouse a darnos um casamen- do tem a sua beleza No campo é mas belo o rosto
to crstão, a nós, que nem sequer fomos baptzados. queimado de sol São belas as pernas rtes e musculo-
Ofereceume um vestdo de nova magnífco sas, os calcanhares rachados que galgam qulómetros
Dgo rancamente que nunca tnha assstdo a uma para que em casa nunca lte água, nem mlho, nem
festa tão grandosa e logo em mnha honra. Mutos lume São mas belas as mãos calosas, os corpos que
olhos veram contemplarme: olhos snceros, lsos, n lutam ao lado do sol, do vento e da chuva para fazer

vejosos, trocstas, odosos,


ar: de arrogânca e trunf.e eu retrbuílhes o meu novo da natureza o mlagre de parr a felcdade e a rtuna
Não vos fle anda do meu mardo, o Ngula, o ho
mem mas desejado por todas as fêmeas do terrtóro.
Não o conheço muto bem, mas estou devdamente n
frmada sobre ele. É um búfalo enorme e rte como
exge a nobreza da sua raça Tem a pele bem negra,
testa e narz esbeltos dentes branquíssmos, o que lhe
cofere um aspecto de espéce rara. Tem um camnhar
dnâmco domnante, sedutor. É um excelente caçador,
o melhor atrador de arco e lecha. Não há quem meça
rças com ele Nas bangas e tabernas é o prmero a
entrar e o últmo a sar e, quando se embraga é a co
sa mas nsuportável deste mundo Dzem que é dodo
varrdo pelo sexo oposto, o que orgulha o re, seu pa.
O padre Ferrera tentou crstanzálo sem resultado. Fez
tudo re
turo para
serque ele estudasse,
analbeto, pos não algumas
e lá aprendeu fia bem cosas,
ao fu-
ao menos sabe ler uma carta.
Com certeza dvem estar a magnarme tão bonta
para ser esposa d fturo re, com uma daquelas bele
zas que pululam por esta Maalala de onde vos conto
esta hstóra Devem julgarme mulher de mãos suaves,
rosto clarnho, cabelo desfsado com vaselna e lábos
vermelhos borradíssmos de bâton. Dgovos, porém,
40 4
5

groVozes
do mlho
de plões
no úlmo
aamsspro;
o canar
é odos
gargalhar
pássaros;
do ées-o
ômago sadando a refeço qe se aproxma, aa,
o homem é o Des na erra, e mardo, e soerano,
e senhor, e  serás a sera oedene, escraa dócl,
sa me, sa ranha
Vacas camham, lesmas, para o sacrco as caras
rmnam a úlma era; galos e galnhas erram na sa
despedda ao sol, preparase o casameno do flho do
re, arna, o e homem é e senhor. e ele, roso,
agredr o e corpo, gra de úlo porqe e ama.
Lá ra do se ese de nasa; as enradas so
orladas com coroas de palmeras ganílas pendem
nas copas erdes dos cajeros As mlheres arrmam
as ranças, engomam os esdos e as caplanas, pre
param odos os oamenos, é a manh em qe se casa
o lho do re, esca, mlher, o homem é o e pro
ecor e o melhor homem é o mas desejado e ele ro
xer ma amane só para conersar, receeo com m
sorrso, prepara a cama para qe os dos drmam, aqe
ça a ága com qe se ro esmlar depos do repo-
so, o homem, arna, no  feo para ma só mlher.
Conselhos locos me fram os ímpanos e nerrom
pem os mes sonhos, arna, ama o e homem com
odo o coraço. A parr do momeno em qe e casas
43
PAINA CHIZIAN BAADA D AM_ A NT

peene a um ó e aé ao fm do eu da A au mo, a mamã eá e, e o papá eá ndfeene
de do homen, o eu capho, ão ma nofn omee eee, dançae Hoje é o da de aanja
vo que o efeo da onda no ma calmo Não lue namoado e oua Sanau deoem Mwando
b
mpoânca à amane que em; epea a onu  A mulhee exem-e e ecem na O homen en

na do eu enho, ela eão ua mã ma nova e chaam-e no álcool e delaam amo à mulhe do
oda e unão à vola do memo amo Saau, ama vznho, uando o dae da emauez A adúle
o eu homem om odo o oação a emeedam o mado em pedade, paa quando
Voze de plõe eenam o céu om a ua nalan o ol e econde ouaem um momeno de amo po
a Ma de quem ão ee lameno que neompem eda pela noncênca do paceo Nea noe
o meu onho, fendo-me o ímpano om cone haveá oa Nea noe dome com o meu mado
lho louo? Não compeendeam anda como ou  num lençol de eela O ol é meuÉ mnha oda a
ldade dee mundo
lz
ão É meu eeo homem
oçado; pode é ão
meu,deejado é meuvelha
calem a oca, ee lua
e
úpda
 mnha mãe, a, avó, fehaam-me há uma e O ol camnhava ápdo paa o leo anmado pelo 
mana nea palhoa ão quene e dzem que me pepaam mo do ataaque O tanãemaava anda ma a en
paa o maóno Falam do amo com o olho ema e já neada pelo álool, e a mulhee, aupada
cado, lam da vda om o coaçõe dlaceado, lam num cíulo, movam-e extaada, aendo palma, au
do homem pela chaa defeda no opo e na alma menando o delío om voze oufenha,decompaa
duane éculo, Saau, fecha a ua oa, eonde o eu da, e, no eno da oda, oua ana aneeavame
ofmeno quando o homem do com a a mã ma na dança, auenandoe da vda e do mundo A alea
nova memo na ta peença, feha o olho e não ho já ulapaava o aue quando a mnha a odenou uma
e poque o homem não  feo paa uma ó mulhe paua
A aenção de odo  concenada num upo de
mulhee ajada de apulana vemelho-eampada
omo eou ela, veda de anco omo é on e lua anca que cohchavam num cano em eo
o o meu mado, ajado de peo e anel no meu de conpação A fea a muda de cenáo O upo
lha omo o ol omo é emoconane ea me delou paa nó, o novo, numa macha muada,
dedo om que o povo no aúda, e que empe pen
loda eo enaado, com a mão eplea de peene
e que ea apena dedcada ao anjo Hoje ou a lua, como panela de ao, ceo de palha, ela e pa
ou a anha, o mundo neo uva-e ao meu pé o de madea e anta oua oa que no ofeecam
O pade Feea fez uma lnda ênção O meu ado om palava canhoa de paaén, que enham
anou o lvo com uma anea de ouo e eu apena muo flho, eá lnda, felcdade, e oua palava
maque o nal do meu dedo ona Na muldão de aene, explodam culun
Nunca v ee povo ão enfeado om odo o o uane enudecedoe, onane, emoconaneA ve
o a ada lcdade Meu mão eão afeí lha a, aaando-e em pao já ao, depoou no
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BALADA DE OR AO VENTO
PAULINA CH!Z!ANE

meus pés um pesado pilão, solando um suspio can mene As minhas mães ampaavamme enquano fa
sado Fez uma pausa paa eoma o fôlego inspia- ziam a minha enega aos novos donos
se e egue a voz No novo la, os Zucula ecebeamme iunalmen
 Sanau, o la é um pil ão e a mulh e o cee 'L e com baucadas que esfacelavam o a, a senenciada
Como o milho seás amassada ituada, ouada, pa meeu a cabeça na foca Seni em mim a nega pain
aze a felicidade da família Como o ilho supora do paa a escavaua; a pisioneia caminhando paa
udo, pois esse é o peço da ua hona o cadaalso Olhei paa odos os lados ã procua de au-
Os olhos da velha humedeceamse num pano sua- xílio e enconei osos desonhecidos, soidenes
ve, deixando anspaece no geso e no movimeno Descobi amparo nos olhinhos da Rindau, minha doce
amaguas disanes Os casamenos êm sempe ese imãzinha a única esemunha da minha desgaça
cenáio oa ise oa alege Mas poquê a tiseza? Não Mas onde esá o meu pai? Onde esá a minha mãe?
Ah o meu pai, minha mãe, deixeios além e esou a
seáChegou
o casameno um aconecimeno
o momeno feliz?
deadeio Os Zucula esão  soe sozinha nos caminhos disanes
pora e vêm buscame paa sempe. As minhas mães
e madinhas levamme novamene paa o ineio da
palhoa Queem dame o úlimo adeus
 Mãe, exageas dema siado em odas as uas ai
udes Po que choas, mãe? Há aqui algum funeal? Po
que é que odas êm os olhos ão ises? Vamos,
alegaivos poque hoje é dia de fesa, hoje caseime
com o uo ei desa ea
 Sanau sangue do meu sangue nem odas as
lágimas são isezas, nem odos os soisos são alegias.
Os eus anepassados emiam de do, mas canavam
belas canções quando paiam para a escavaua Os
moos vesemse de gala quando vão a enea Os vi
vos semeiam jadins nos úmulos al como hoje e

ofeecemos
minham paaoes Os condenados
o cadalso, soiem
mas choam quandosão
quando ca-
liberados. Saau, minha Sanau paes agoa paa a
escavaura
É momeno de espedida Todas as vozes unemse
numa só eguendo a canção de adeus ão bonia, ão
suave que provocava em mim um umulo inexplicá-
vel Meu pai ompeu em lágimas meu Deus, nunca
vi o meu pai a choa, conagieime e choei pedida
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46
6

Raio luinoo invad o curo do u quarto.


Entr, ntr, raio d ol Traga cor  algria do
aanhcr ao u ninho d aor.  ol obdcia
palhando a claridad ai  ai Lá ra a anhã é
bla intoo. A av navga  onda clt nu
voo d prança. É bonito acordar dpoi d o ol na-
cr Pno  lvantar a para qu Dcrro o
olho Eprguiço Contplo o corpo ngro  r-
luznt do u arido, tão fort coo u búfalo
dorindo rno coo u ano, roncando ai alto
qu u caião Bedford, tão orto d ono coo u
vrdadiro cadávr. Et u búlo t ai rça qu
u lão, io coniro u Lógico; ao aloço dvora
u boi  rga co c litro d aguardnt
Eta vida d obrana dá prazr novo. Pla
anhã prcorro o ar vrd do capo na tranqui
lidad do podr otntando obr a gnt a vaidad
d tr triunfado obr toda a ulhr da inha
tribo.
Não  cano d aprciar o u rquintado quar-
to d núpcia na pnubra da anhã.  olho incré-
dulo dlicia co o conrto  toda a rlíquia.
Eta caa d quatro copartinto ond vivo a
ai bonita d Mabon dpoi da caa do colono,
i contruída xcluivant para nla ridir o hr
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PAUNA HZAN BALADA D Q A VNT

deiro e a sua primeira esposa Foi mobilizado um ee É deste meu ventre que naserá o homem que depois
tivo de vinte homens para se ouparem da sua ons do meu marido irá dirigir os destinos deste povo
trução Outros tantos ram enarregados da deoração, Continuei devaneando, espreguiçando Fehei no
e não há dúvida de que esses homens utilizaram o m vamente os olhos e vestime de sonhos Voei até aos
ximo do seu bom gosto para o arrano desta asa Ma pássaros, até às nuvens, até ao sol Fiz uma desida verti
daram vir de ourenço Marques este mobiliário de ginosa, mnhas asas de sebo derretiam ao sol Pousei nas
madeira esulpida, que se diz ter ustado era de trinta nuvens e voei om elas Mergulhei num bando de pássa
vaas, quase o preço do meu lobolo Gosto de poisar ros e, do alto, observei a aldeiareal onde o meu orpo
os pés neste hão , todo oberto de peles de leo- ansado repousava, esta pequena idade que passaria a
pardo, que o meu marido oleionou em todas as suas ser minha depois da morte do rei Vi outros pássaros
açadas a esvoaçarem na savana que orla a pequena idade de
gra Tenho
vesteme
umderoupeiro
apulanas
inveável
vermelhas,
a minha
luxuosíssimas,
primeira so palharepousam
onde Ao lado da grande do
os orpos gueira erguese
rei e sua rainhaoOutros
paláio
blusas bordadas om os de ouro, olares de marim, dois palaiozinhos, mesmo ao lado do paláio maior,
ouro e obre, oisas que ela oleionou durante lar- pertenem às duas rainhas de segunda lasse As ou-
go tempo, só para presentear a primeira nora, a utura tras habitações, dispostas em írulo, em nada se distin
rainha Cada vez que reebo visitas tenho de usar um guindo das vulgares, pertenem às doze rainhas, da
trae novo, dirente tereira à últma ategoria É idadezinha bela, vista do
Foi há duas semanas que o asamento se realizou , alto Mas idade não É antes uma enorme poilga om
mas a esta ontinua ada vez mais brava Quase todos dezasseis ompartimentos onde ada mea pare as suas
os dias, gente de todos os reinos hega em proissão, riasÉ uma enorme polga, sm senhor, onde o povo vai
ada um om mais oerendas que o outro, numa espé- despear a ração para que o varraso engordee segre&>ue
ie de ompetição que mais paree um ato de subor mais sémen para eundar as suas qunze poras reluzen-
no ao rei ou ao herdeiro Servemse grandes banquetes tes de gordura, de óio, de lxo que os seus braços oio-
que sempre terminam num bailado à volta da gueira sos não onseguem limpar Não exagero, não minhas
e gente requebrandose ao som do tantã, aumentando quinze sogras são mais gordas que as poras e mais pre-
o delírio om vozes ébrias guiçosas do que elas, essas poras inúteis a quem o vul
masNuna
agora sonhei
só pensoserem
a primeira
ser rainha
esposa
Cada do
vezherdeiro,
que me go onsidera
Da minha árore
sobrenaturais
vi o rei a ser alamado por uma gran-
aproximo da velha, exitome, e deseo ardentemente de população de porquinhos negros, tronos nus, abe
que a sua morte se< breve para herdar os grandes bra los desgrenhados, rostos remelosos e sorrisos alegres,
eletes de ouro qu el usa nos braços e nos ps enquantoa terra edia ao peso do monstruoso varraso,
O poder é omo o vinho No prinípio onunde, engolndoo pouo a pouo até deixarem de se ver os
transtoa, quase que amarga; pouo depois agrada, e, abelos rtos
no m, embriaga Eisme aqui, inalmente, senhora dos As minhas asas derretiam, voei poisando no teto
destinos desta terra Serei rainha sem dúvida alguma do paláio prinipal Todos os poros se espantaram
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PAULNA CHZIAN BALADA D AMOR AO VENTO

No calo da savana, duas mambas batemse pela posse como engua, e ml pcos me bejaam os pés, mas não
de um padal A eras já mobundas soem das sepen- lhes lgue mponca, queo a mnha lenha, queo o
teadas velozes das mambas. Os galagalas, centopeas, ou
,
meu petóleo eu sou úlha, eu acendome queo esse
xinós e glos abancaam na copa da anoneia tistonha homem que é meu, eu gosto dele a vale.
de has enodlhadas em caacol, paase potegeemdo
sol, e assstem ao espectáculo dvetdos, enquanto os
xricos zem a abtagem Uma das mambas ca em com- Abr  com volênca a porta do meu quar to Meu
bate a outa engole o padal já morto e zapa. Deus acodeme! Caí de olhos apavorada duas gotas de
Os espectadoes aplaudem. Rencase o coo dos água r asgaram vertcalmente o meu rosto enquanto os
glos e pássaos, o sol j á e stá amaelo . As mulhees lábos tentavam dssmular um sorrso rçado Sarnau
eacendem as gueas paa pepaa o mlho e a man- nem todos os sorrsos são alegras nem todas as lágr-
mas são trstezas M
doca Recomeça
smpátco. a ngalanga
Os mennos dos plões,
egessam ao jogoonteomp-
sol já está mulher mesmo na mnha eu mardo
cama está ao lado
sorrem, deam
suspr outr
en-a
do, os bebês chupam os mamlos, mansnhos os aos voltos nas mnhas capulanas novas, meu Deus eu sou
de sol já são nofensvos e a mnha soga anda me fla cadáver eu gelo, abrete terra engoleme num só tr a
de fetços. go Saau, o teu homem é o teu senhor. Quando ele
Já se que todas são fetceas menos ela Todas são dormr com a tua rmã mas nova mesmo debaxo do
más, voam  note, executam danças de ntasmas na narz fecha o s olhos e a alma, por que o homem não
sua palhota, comem os coações dos seus mennos e é  feto para uma mulher. Os caprchos de um homem
po sso que o mas novo acoda sempe com gpe, to são mas nofensvos que os efetos das ondas no mar
das as suas cuandeas são testemunhas dsso, já apa calmo.
nhaam essas fetceas váas vezes, essas cuandeas Camnhe vencda para a guera e aquec a água
é que lhe salvam a vda para o banho deles. Voe até aos cômoros vestdos de
O sol está vemelho, ebola e joga s esconddas cardos e líros que o anotecer esconda sub o socalco
com os mbondeos no nteo da savana, ah, as mu- passo a passo tão pesada como quem camnha para o
lhees são mesmo bsblhoteas, ntgustas, o sol já cadalso Mnhas lágrimas cando em catadupas rma-
domu, a mnha soga anda me fla de fetços. ram um enome lago onde os pexes veelhopérolas
dançavam ao rtmo dos meus
Megulho
dedos a mão no ma
pesca cadumes de aea Asecos
de amnhos taapednhas,
dos meus parada para a s margens do riosoluços
Save. camhando em
lhnhas peddas bolnhos de aea meu Deus eu sou  Saau!
úlha, eu ísc meu mado é palha de coco o meu A voz paeca v das pofundezas da tea e até as-
mado é lenha de sândalo é petóleo paa eu acende sustou os mochos e coujas com o seu bomba É o
paa juntos ademos, juntos explodmos com o bom- meu mado que me chama Regesse voando colo
ba do nosso amo. Abandone a mnha soga anda a queme de joelhos peante o meu sobeano, baxe os
ala do fetço. Quebe a coente que me mpeda olhos como manda a tadção e dsse:
a coda com o peso do meu copo, navegando nele  Dga pa.
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PAUNA CHZ

mães da nossa ea Tu és o meu mundo, minha o,


ebuçado do meu coação
7
eixei cai duas goas de fel bem amagas e salgagi-
nhas Meu maido acaiciavame ã moda dos bús
diziame coisas no ouvido e o seu hálio fedia a álcool,
enoavame, aepiavame, malaando o meu copinho
ágil Explodi iosa e choei de amagua
 Sanau, paeces se uma mac hamba dicil Já z
empo que semeio em i e não veo esulado Com a
oua i ão difeene Basou uma semeneia e ge-
minou logo
 Casámonos
pouco empo h á pouco emp o, Nguila , muio acaHásoliáia
muio que
um homem
a luz adomecea
soe, desespeado,
no silênciocom
Na ba-
de-
Não enho lá muia paciência Não esou paa la- seo iesisível de abaça a moe Mesmo acocoado
va sem colhe na gueia sene no copo aepios de io, sem o ca-
lo da mulhe nem o choo agadável de uma ciança
a divei os ímpanos
Não imaginam o paaíso em que vivi quando decla- A aiva dominavalhe o se Buscava e ebuscava a
ei a minha gavidez Meu maido oamenavame de azão pela qual ele, homem ovem e bempaecido, in-
mil caícias, ofeecendome mil soisos Eu punha- eligene, educado, bom maido, meigo, cainhoso, ex-
me cada dia mais bonia com os vesidos que a ainha celene amane, podia se abandonado po uma mulhe,
me ofeecia Enfeiavame com missangas, coenes e pefeindo ocálo po ouo muio mais velho que,
bincos de ouo, e oda eu eluzia Não havia no mun- além de e quao mulees, possui uma ninhada de
do mulhe mais feliz do que eu quinze filhos Talvez pelo co de esse homem possui
A felicidade, como a o, abese deleiosa paa mais dinheio
agada ao sol No zénie escalda, moendo na semicla- Veiolhe a imagem do menino, seu único lho, pi-
idade vespeal Como o giassol, a licidade dua ape- meia alegia pimeia soe, cua vida se apagaa num
sopo como uma vela de sebo, quando inha apenas
nas um sol dois anios
Mwando choava lágimas de sangue, pois sabia que
não volaia a eave o seu esouo Sumbi, a mulhe que
o abandonaa, é de uma beleza indesciível, agessi-
va Ao vêla, qualque homem páa e suspia embasba-
cad, numa eacção quase esponânea, endendo
homenagem  peição em movimeno As mulhees,
po sua vez, seniam naquela pesença um caso de in
5 59
PAUNA HZANE BAADA DE  A ENT

Nos poucos dias que ela se dignou a zer alguma Quando os celeiros da família se esvaziaram, ela
coisa, o marido estava sempre ao seu lado audando começou a receber presentes dos seus admirado
na cozinha na lavagem da roupa, demonstrando assi
, res
a rça do seu amor. O amor ao luxo levavam-na algumas vezes a tomar
J
As línguas do povo começaram a actuar, o caso nao atitudes condenáveis e o marido, apanhando-a em a
era vulgar Onde á se viu um homem colar-se como um grante, em vão tentava assumir o seu papel de homem
piolho nas capulanas da mulher, cozinhar para ela, la ondido digno e honrado. Quando ele a repreendia,
var para ela? As gentes conspiraram, pois o casal seria ela chorava de mansinho pedindo mil desculpas Quan
capaz de contaminar a aldeia com aquele modo de vida. do a úria o impelia  agressão sica, ela clamava por
Afastavam-se do mal impedindo as esposas e os ilhos piedade pois era tão doentia faquinha sensível En
de se aproximarem daquela mulher para não serem quanto ele soia, a mulher oferecia sorrisinhos boni
contaminados portratavam
res por sua vez aquele génio do com
a Sumbi feitiço. As mulhe
desdém que atos,
mãodominando-o completamente Quem pode levantar
contra um ano?
mais não era senão cobiça dos seus dotes naturais e Está enfeitiçado, está engarrafado dizia o povo.
outras porque viam os seus maridos completamente Comeram-lhe o coração e fizeram dle um cesto de rou
perdidos pelos encantos dessa mulher A estes burburi pa sua pois homem assim nunca se viu em lado
nhos, Mwando reagia com arrogância porque não via nenhum Os comentários ravam os tímpanos dos con
mal nenhum em agradar a mulher que era sua Sumbi selheiros da aldeia, que consideraram o caso como uma
por sua vez, desafiava o mundo com sorrisos e gestos aonta directa  sua autoridade ofensa  moral públi
sensuais, como se alguém lhe tivesse segredado que o ca e eles guardiões das leis da tribo das ilustres tradi
seu sorrir dominava o mundo ções legadas pelos antepassados moderadores da
A vida do casal deteriorarase com o passar dos conduta da comunidade sentiram-se na obrigação de
dias A Sumbi, ao saberse adorada e protegida não intevir. Homem que se deixa dominar por uma mulher,
tardou a trnar-se tirana As manifestações carinho não merece a dignidade de ser chamado homem e muito
sas do marido passaram a obrigações situação que menos ser considerado lho de Mambone Não se com
piorou com a chegada da gravidez. Fazia dos sogros pra uma mulher para trazer preuízos  mília antes pelo
e cunhados seus oguetes Passou a exigir capulanas contrário, o lobolo é uma troca de rendimentos Mulher
novas e panos
dos pelos brilhantes,
mercadores daqueles
indianos em que
trocaeram trazi
de cereais. lobolada
os tem Deve
pais deste a obrigação de trabalar
pair lhos, para o marido
de preferência varões e
Mwando chegou ao cúmulo de esvaziar completa para engrandecer o noe da mília. Se o rendimento
mente os celeiros da família, para satisfazer os capri não alcança o deseável nada há a zer senão devolver
chos da esposa, ilha do senhor de terras, a quem a mulher  sua srcem, recolher as vacas e recomeçar o
nunca faltaram capulanas garridas e colares de luxo negócio com outra mília Mulher preguiçosa não pode
para dar mais graça quele corpo talhado pelos deu ser tolerada muito menos a libetina
ses da arte, não ia ela regressar ao lar paterno por Os conselheiros destacaram indivíduos velhos e
sentirse privada do luxo em que sempre vivera novos para abordagens individuais ao casal Mwando
62 63
PAA HIZIA BAADA  AM A 

dmonsrou uma aiud posiiva aos onshos, prom prsns oram usar aspos qu savam ora da
ndo sr mais viri  másuo mudando d aiuds. qusão m disussão Conordava m siênio om
S por um ado onordava om os onshos, por aguns aspos não dixando d s inrrogar sor
Óas
ouro ado inrigava-s po fo d riras pss a finaidad daqua runião daqua anarronada
s inromrm dmasiado nos sus promas. u Eou pois saia da xisênia d asos mais gravs qu o
para si próprio mudar o urso dos aonimnos, á d, mas qu nuna ram omnados Ruou aé aos
snia qu ra um rinqudo nas mãos da sposa  não mpos d adosêia rordando qu os rapazs da
só, mas amém oda a omunidad o raava om hos sua idad h ddiaram grand dsprzo amuando
iidad os amigos asavam-s Nas osas zomavam a oiça d não rm sido sohidos para rquna
d , d n, raavam-no omo um oo um sr vr rm o oégio da missão Não saria  a sr víima
dadiramn hado. da msma maquinação? Es pnsamno ausou-h

do Gasava horas
na mhor infindas
rma ruminando
d aordar a rama,
a qusão  pôrpnsan
pono umromou
só ro mor. D orpo
a anção prsn
quando  spírio
o vho ausn,
io ou, numa
ina qua dsgraça mas quando s aproximava da, inguagm amiga miga  arna.
snias agrdido pas radiaçõs d um sorriso má  Mwando, omo nsinar- os sgrdos da via
gio, dsmanando oumuo qu frvihava no ínimo omo mosrar- os aminhos s >uros, s fhas os ohos
Havia quaqur oisa d msrioso naqu roso naqu  os ouvidos aos amnos dos nossos oraçõs? No u
a voz, qu h rouava a sua rça d homm , aso ar smias a prguiça, a vaidad  a insoênia. Cami
urioso quano mais soia mais dso snia d su nhas d ohos fhados no aminho d urigas as fri
mr-s aos nanos da Não onsguia imaginar o das sangrnas dprssa virão. Qum ar uma ova
vazio da sua vidas um dia a vida ossparass. Era ds aaa aindo na
modo qu os onsos do povo não ogravam fio. Nouros momnos, Mwando ria ouvado aqua
O onsho da adia aaou por runir-s, ooan oquênia, mas ragiu om agrssividad, aprovian
do o Mwando no ano dos réus, qu não sava dn do a oasião para dizr agumas vrdads, vingando
ro das normas Os aniãos virams origados a omar -s das paavras inuriosas qu h ram ddiadas
s prodimno om as nos prosos da omu Srá om orguho qu ohri os spinhos por
nidad qu, m anaisados, não passavam d uma mim smados Surprndm apnas o o d os

vingança
onsguiuonra o arunado
arraar só para si aou dsaorunado
maraviha quo
pa qua mus nsors
minha não
Por vor, rm uma
oupm-s dosondua mhor qu a
vossos promas.
dos suspiravam. O grosso dos insigadors do aso ram  Por Mwando, para quê ano orguho m pos
os msmos qu faziam or  a Sumi, aiiando-a suir a sadoria do éu s o éu não  prn? Esás
om ofras qu não s dignariam ondr s sposas a rir- da dnição faha do roodio ans d aravs
gíimas sar o rio. S ssa muhr não prsa, porqu não  s
As vozs rovans  arrogans dos vhos z paras da?
rams ouvir Criiaram ondnaram, aonsharam Esas paavras ram profridas po indivíduo qu
om ano furor qu xdia o dsáv Aguns dos Mwando ronhia omo um dos prndns da mu
64 6
PAUNA HZAN BAADA D OR A VN

lhe Louco de fuo, mais convencido de que aquele com poeza não z felicidade, aumou as coisas dela
enconto não ea de auda, mas sim de inúia e desti e patiu.
ção, egueu-se uscamente e, de mãos megulhaas 
nos olsos, aandonou a gentalha e as suas oquices.
Quem são eles paa aviltá-lo? Que entendem ees da A gueia estava quase consumida. Mwando aviva-a
vida e do amo? Vivem nos aismos da cegueia, ado colocando mais amos secos. Estende-se emrulhado na
ando as tevas, os motos e os feiticeios. Campone manta de algodão, pocuando o sono lietado que
ses sem históia, vieam ao mundo apenas paacultiva, se ecusava a vi. As vozes da madugada á essuscita
epoduzi-se e moe Como podem humilhá-lo, a ele, vam a tea ia quando nalmente conseguiu adome
civilizado, eudito, cistianizado? ce
O pai, envegonhado das atitudes do ilho, vocife Adomecido soltava gitos desespeados, o copo
oulego
o toentes de palavas
se esfumou azedas,velhos
Os outos só paando quando
caam petii soia viações
memos enéticas, esticando
enchacando e encolhendo
suo a manta os
cinzenta. Fan
cados Semelhante atitude ea intoleável soetudo tasmas e monstos petuavam o seu epouso Sonhava
num apaz daquela idade. Estava enfeitiçado, não ha com o menino alege e saudável no seu egaço, e a
via dúvida alguma Homem que teima em vive com Sumi esvoaçando pelos aes, levada aastada pelos
uma só mulhe, ainda po cima peguiçosa, não é dig seus caelos de seda, aloiçando no a como uma o
no de se chamado homem. O galo que não consegue oleta de asas lagas. Apaeceu-lhe um monsto medo
gala todas as rangas é eliminado, não pesta. nho que o peseguiu, deu um gito e despetou Limpou
 Acalma-te, homem diziam os outos ao pai do o suo da testa com a palma da mão. Mais uma vez,
Mwando.  Acalma-te. Não te esqueças de que a cul pocuou a mulhe e o ilho e encontou o vazio. Não
pa está tamém do teu lado Fizeste má sementeia dei tinha mais dúvidas Estava vencido e ainado.
xando um lho teu apende coisas estanhas  nossa Da gueia estava apenas a cinza, a solidão e o
tadição. De esto tudo leva a indica que o apaz é ví io. Aiu a pota da aaca, deu uns passos paa
tima de um feitiço rte, teível! o pátio, expeimentando uma sensação de alívio e paz
Nesse mesmo dia, o ovem casal aandonou a aldeia inteio, eanimado pela coente ia da madugada.
natal, fixando-se muito longe dali, do outo lado do Sentia-se leve, gelado, e vazio como um cadáve. Já não
io.
Longe da protecção da ia os polemas tomaram sentialhe
mais amo nem ódio
petuando ViviaAuma
a alma. paz paz de mote,
é a morte, nada
a vida é
-se ainda mais gaves Os anos que viveam depois do a luta. Pedeu a luta, edeu a vida Po momentos
nascimento da ciança am infeais. Quando o lho sentiu saudades dos tempos de ansiedade, quando
moeu, os pais da mulhe inventaam uma históia qual pecoia caminhos totuosos  pocua de nada. Já ti
que de feitiços, aando que os dentos não aençoa nha alcançado tudo, estava moto. Tinha saudades dos
vam aquela união, azão pela qual levaam consigo o tempos da vida.
pimeio lho, pimeira sote Aquilo ea petexto, toda a Voltou  penuma da arraca e adomeceu tanqui
gente saia, Sumi á tiha arranado um maido ico, amo lamente, despetando quando o sol atingia o pico do
66 67
PAULINA CHZE

sionados sem razão e aé os mones sorem das violen 8


as boeadas do veno
Regressou ao silêncio da casa para procurar o c9n
oro da alma e do corpo Colocou-se dejoelhos o
erindo a prece de ressurreição para o seu próprio
cadáver Pegou na Bíblia, sublinhou alguns versículos,
e leuos em voz ala, quaseaos grios Tinha necessi
dade de escuar a sua própria voz penerando na alma
Derramou lágrimas liberadoras, reanimou-se, ressusci
ou-se Descobriu que o ser humano em vári as mors
em vida, possuindo ambém poderes de auoressurre i
ção Ergueuse coniane, pegou na enxada, mergulhan emNosalgia,
senido Asolidão,
angúsiariseza
omouAcona
vida para mimmundo
do meu já não
do no gueiro de gene em movimeno Já senia em
si um homem novo, auo-ressusciado Sino me, remexo os nacos de carne na panela de
barro, mas não os como Sino io, aproximo-me da
gueira, mas não me aqueço mais do que rês insan
es Senome ao sol, volo a senir io e reoo para a
gueira As minhas gémeas dispuam a posse de uma
laranja amarelinha, griam, enervam-me, dou-lhes violen
os abefes como se ivessem ulpa c de odos os peca
dos do mundo Griam ainda mais, e ponho cada uma
no seu mamilo para se calarem mais depressa Esas
criauras já complearam dois anos e o pai delas nunca
mais me ocou desde os see meses de gravidez Com o
é que uma mulher jove pode aguenar-se, alimenan
do-se somene com arroz, milho e mandioca? Ain al
porque é que as mulheres procuram os homens? Já é

alura de zer
aconecer ourodono
se o meu ilho,não
masme
como é que
dá as isso pode
semenes?
Enrego as crianças à macaiaia,vou à palhoa e bebo
um pouco de aguardene Não, já não agueno Tudo
nesa casa me deixa louca Arraso o corpo emagreci
do pela angúsia aé ao rio Mergulho os pés nas águas
escas, ah, mas como me reanima esa água Esendo
a capulana, deiome, o murmúrio das águas acalena
-me e navego serena nas águas verdeazuis O sol aque
71
70
PAULINA CHIZ!ANE BALADA DE AMOR AO VENTO

de orte Mas quem teria morrido? O som repetia-se de homem amado, sem ilho nem protector e para cúmu
nstante a instante lo o rei não lhe legara um palmo de terra como heran
Vinde vinde e chorai porque hoje esamos na9r ça, da mesma rma como o seu ventre nunca lhe dera
ndade a alegria de um ilho Num pranto silencioso a rainha
 principal fungava divertida com o arrebatamento paté
Vinde vinde e cantai porque o pai entrou no reino
de além" tico da Mayi num misto de júbilo e piedade.
O eco das batucadas correu por toda a aldeia. Os Lá ora a aldeia real apinhava de gente vinda de
que estavam na sacha abandonaram a enxada; as mu todas as direcções para chorar e prestar a última ho
lheres suspenderam a cozinha; os meninos largaram o menagem ao lho amado do povo Os gritos das car
jogo. Pelos carreiros as pessoas cruzavam-see interro pideiras tornavam o ambiente mais solene os seus
gavamse: Mas quem morreu? Só pode ser o rei O rei? arrebatamentos tão peritos contagiando mesmo aque

Não não no
apareceu é possível Mas dos
cruzamento é possível sim os
caminhos O pangolim
homens les Com
cuja presença
a morte doerarei
simples
vão-securiosidade
os privilégios de uns e
tentaram apanhá-lo mas este desapareceu misteriosa os vores de outros Reacendem-se vinganças e dívi
mente É verdade. Não não é verdade Os reis não mor das antigas. Haverá ajustes de contas Não era sem ra
rem assim como qualquer um zão que os grandes do reino em poses solenes estavam
A mensagem repetiase Os espíritos incrédulos não serenos absortos, distantes sem uma lágrima nos olhos
tiveram outroremédio senão renderse à evidência  Caí Não era pela morte do chefe não Estavam a contas
r de borc lminados Suspros de angústia escapa com a sua consciência revolvendo o passado os ac
ram de muitas gargantas uma desgraça nunca vem só o tos praticados pois não é em nome do rei que se come
rei nunca morre só As mulheres de cranças ao colo tem violações torturas prisões roubos e vinganças
escancaravam as bocas rasgavam as roupas mostrando pessoais? O sustentáculo caiu e os grandes homens
o seu nu a sua humilhação e submssão ao sol aos deu óros encontravamse à mercê dos seus inimigos. Che
ses e aos defuntos detodas as fmílas clamando po gou o momento crucial temido por uns e desejado por
socorro pedndo perdão para os seus rebentos que não outros. Os voritos do sucessor em gestos patéticos
conhecem as maldades deste mundo que anda não be gritavam mais alto que as carpideiras numa represen
beram a sura do feitiçoda devassidão e da imundície tação perfeita camuando o júbilo pois tinha chega
do a sua oportunidade. Entre lágrimas recenseavam as
comA quinze
noite cai O defunto
capulanas dasjazia na cama
quinze ral rodeado
esposas atapetada bonitas mulheres que iriam submeter; as pessoas de que
pelos miliares e servidores mais devotos No compar se iriam vingar os prestgios de que iriam desfrutar os
timento ao lado as catorze viúvas movidas pelo sen roubos e as ofertas que iriam exigir
timento de dor caíram sobre a pobre Mayi  esposa mais A noite ainda era criança quando soaram três batu
querida do flecido ei proferindo as mais incríveis cadas rtes calando todas as vozes Tudo ficou em si
injúrias acusando-a de ter enfeitiçado o soberno Para lêncio só se ouvindo o rugir de leões famintos no
as catorze viúvas aquele momento simbolizava o fim da interior da selva À volta da grande gueira iniciaram
humilhação e para a Mayi o princpio dela sem o -se as batucadas solenes que mergulharam todos os cor

74 75
AULA CHZAE ALADA DE AMR A E

pos na dança fúnr, dança dos oros, aopanhan Os hons rndra honag  prfição da
do a aa do ri na sua viag ao rino daé naurza A rovoada anunia a huva, o granizo anun
Canara os priiros gaos, o éu ornava-s a- ia frura na ohia d rais, os poos anunia
ro.  vno io soprou nas opas das árors anun a paz, a noi anunia o dia Toda a gn prognosi
iando a psad Os auqus siniara O nvo ou a or do ri, a naurza nviou aos hons
ri, u arido, pronuniou rvs paavras  prsou nsagns aarans,  odos aguardava a ds
urano dian do dfuno Nos sus ohos aia graça, pois as oruas anara ao io da noi, os
dos adivinhava-so rgozio , na voz, ua viriidad gaos iara nos os das pahoas, as oupiras aan
inédia, o fiho hrdiro spr fsa a or do pai. donara os surrânos, as oroas ngras voara
Arius o ova ond o ri i ooado d óoras. pos apos, as aas ruzara os ainhos  os
Quando o orpo poisou no fundo, a huva oçou urros, arriando os orhõs, zurrara s parar

a air,
huva iudinha. Quando s ançou a úia pá d aria
aiu  aadupas rando aonsag
vidn, iiço no ar.
do Houv uaQuando
pangoi nsag
s ais
apa
Todos os rosos forsra d agria, Zuua é o r, é porqu vai hovr  orrr o ri. Tudo isso
ri d odos os ris, os dfunos andara a huva para aonu.
aopanhá-o ao undo dos oros, para purifiar a Os ais novos onava as nsagns da nau
rra ngrida po uo, é grand o nosso ri, a huva rza, as os vhos aninha a ngua narrada
saudou o novo ri, havrá fiidad  rura Os a nr os dns
ors virara ais ao nvovndo odos os prsn  S o ri orru é porqu hgou o ono.
s na dança uiar d odos os anpassados.  Os ris não dvia orrr assi, avô.
E oda a dinasia nuna houv funra ais su  Coo quaqur u, s grina no vnr das
i, sunhava os ais vhos. A huva aiu, uhrs.
ançoou a rra, havrá farura, Zuua fi u gran  Não dvia sr assi.
d ri - Ó gn nova. Coo dizr-vos a vrdad? O dia
Do u ano, pariipava no fsiva, aravihada orr para nasr ouro dia Todos orros Cada
Finan sria haada sposa do ri Brvn dia qu passa aproxiao-nos do i A vida é assi
iria usar os ras rais Era para i u grand  Mas oo é possív?
ono
A naurza é voraz, aina-s d arn frsa. hons
 os Ignorans!
nãoEu só ano
oria ua oisa
ão do, o Anigan-
anasspo
O ri não orru d vho n d don, ainda rans sas ainda por orir ê- ssa piada d rapé.
pirava saúd quando os dfunos vira usá-o  ri nuna orr só O inisro prinipa do ri
O su orpo rpousava na rra ohada   rv no nfrou-s na noi do vório  spua-s por
sria paso dos vrs, sria frno, iria aduar a r aí qu fi para fugir da sua própria onsiênia,  ua
ra, para qu o iho rsça Assi aaa a vida, assi das sposas, dsgososa, u fgo na pahoa,or
orru o snhor dos rriórios, dono dos apos, do rndo ainada o os rês ihos O hf do xéri
gado  das sns o aé s nfrou Na sa noi do vório, a
76 77
PAUA CHZAE BADA DE AMR A VET

crapulosa May dpos d tanta humlhação apro vva acrdto qu as cosas não sram assm Ela ama
vtou a confusão para roubar part do tsouro ral va-m  dfnda-m Agora snto-m tão só Ela tv
tntando fugr ao abrgo a not  f comda port
ua mort rpntna quas gualà do su dnto r.
lõs mas os anmas não lh tocaram os sos as ta- Fo no otavo da da mort do mardo qu la s
tuagns  o coração  nm dxaram um arranhãoAo aproxmou da fgura para fr as ofrndas. Apar
rosto qu confrm s d stava bonto  srno cu a msma cobra qu lançou línguas d go lvan
como smpr ra m vda. do consgo a vda da ranha. Ela morru d olhos 
Os das sgunts foram anda mas sangrntos d olhos  ntrrada com ua ca ncravada na
Os súbdtos mas dvotos do antgo r rvndcaram palma da mão drta ua moda d ouro  grãos d
as antgas posçõs  ram slncados para smpr. mapra na outra pos s outra cosa fss não hav
Duas das vúvas ram calcnadas com os sus lhos ra pa para todos os sus dscndnts. Ralaram os
porOhdsputarm
amargas orcordaçõs.
podr Qu soldão qu trs msmos
guém rtuas únbrs
consgu  houv
xplcar como outras
o caso dosmorts
cnco qu nn
ovns
ta a vda para mm á não tm sntdo. A angústa da msma dad crcuncsados  msma época qu apa
habta o mu mundo mas st marulhar as ondas rcrammortos no ro. E claro qu u não v ssas cobras
acalnta-m anma-m rssuscta-m a manhã stá d qu s fla pos quando s dram sts acont
vstda d amor os pxs amam-s os caranguos cmntos u stava gravmnt dont uma donça d
amam-s as moscas amam-s até os caracós s amam ftço provocada pla Phat a sposa mas qurda do
só u é qu amo m sonhos rbolando soltára no lto mu mardo Essa mulhr dara tudo para m vr mor
vao nstas nots fras d unho nquanto o mu ta mas prd o su rco tmpo os nhamussoros á va
mardo s sga sobr ml tatuagns not aqu no tcnarama mnha sort Eu morrr m trras dstants
t al smana aqu smana acolá. O mas doloroso é qu do outro lado do mar.
há ua mulhr qu tm a caa aqucda cada not pos Rbolo no chão dsprocupada. As cranças stão
o mardo vagua por todo o lado trmnando a not ntrgus à acaaa  só s lmbram d mamar quan
lá ond dorm até ao nascr do sol. Todas as outras do stou prsnt. O trabalho das achambas não é
rcbm as sobras mas comgo anda é bm por. Pas comgo tnho mutas srvas qu s ncarrgam dsso
sam á dos anos qu u spro amnha v mas l não Fcho mas os olhos dltando-m com as carícas
vm.
para Sou a mlhor
agradar cohra
 quando chgacada da ço prova
o mo-da o máxmo
a m do sol.
v Sntopscador.
saum os passos Escuto
d alguém
umaqu
vo s aproxma
qu tal
m saúda
nha comda  d logo qu não tm sal não tm gosto  quando abro os olhos vo um homm aolhado n
Quando chga a no  rclamo d qu é porqu não clnando o tronco numa rvrênca
to baho Vou a banho  volto nvnta qu a caa  Saúdo-a ranha mã d todo o povo d Ma
tm chro d urna do bbé. Quando argumnto vo bon.
mta-m um dscurso dgradant qu não ouso rptr.  Ahêêê obrgado bom da
Ah maldta vda d polgama qum m dra sr solt Num salto colocom sntada. Aqula vo lmnou
ra ou voltar a sr crança. Sa mnha ranhastvss -m o íntmo.
7 79
AULA CHZAE BALADA DE AMR A ET

 Mwando!  Pedoa-me Sanau


 Sou eu me  Esquece o que passou
 Mas que supesa to agadável Quando é que Mwando despediuse Voltei a estende-me de cos
p
1
chegaste? Soube que constuíste o teu la do outo lao tas A chegada daquele homem veio tanstoa mais
do io a minha cabeça á tanstoada. Mas que coisa agadá
 Cheguei mesmo ontem me vel volta a vê-lo Já no é o mesmo taz no osto aque
 Oh Mwando mas que maneias de me tata. la máscaa de sofimento coitado O meu coaço
 Agoa sou o seu sevo quase que paou quando o vi e sinto po ele uma atac
defeên
Ri-me divetida.É inteessante se atada com ço nova Penso que sempe oamei mas agoa é ta
cia po um homem com quem já se domiu  mesma de de mais. Que vontade loucade aasta-me aos seus
esteia. Examinei de alto a baxo aquele se pobemente pés Que deseo adente de ouvi de novo aquela voz
vestido
-me aspecto
e hoe altatado
acontece eÉsenti
o contáio. dó.despezível
um se Ontem hulhou
mas dos tempos
estou com mede infncia.
de amoDeixei-o
que há pati assim eu
anos espeo pelaque
mi
a sua pesença é ameaçadoa snto que ainda gosto des nha noite que viá num dia que nem posso peve e
te homem. só po caidade. Tenho me tive o po na minha boca
 Vieste a Mambone em boa hoa Mwando. To e nem o povei. Tenho sede tive na mo a fnte e no
dos os homens valentes esto a se ecutados paa o bebi Tive um momento de felicidade aqui poque
exécito. Os melhoes gueeios acompanhaam o ei no o vivi? Que tiste é se gente. Gostaia de se um
na sua mote. Além disso estamos em guea os po animal se live paa ama livesem leis nem tadições.
cos dos Ndaus apoveitaam o momento de luto paa Num impulso laguei numa coida deseneada
ouba gado e machambas como uma cadela enaivecida no encalço dele. Entei
 So más as notíias que me dá. com violência no inteio da sua palhota eele assustou
 Esta noite teei o paze de inma o meu ma- -se
ido da tua chegada paa entaes no exécito. Vas gos  Saau estás louca poque vieste?
ta muito de esta comele é um bom gueeio só que  Cala-te Mwando cala-te.
po vezes é cuel Despimo-nos com a velocidade de uma pessoa su
 Isso no po vo Vim aqui paa epousa Na peendida pela diaeia Abaçámonos com a velocida
vida passei
maio que asmuitos
doestomentos. A desgaça que passei é
que te causei. de de uma emegência.
comunho Nossas almas
sublime moemos acasalaamse
e enascemos. numa
Os pássa
 Quantos lhos tens agoa? os cantaam paa nóso céu e a tea uniam-se ao nos
 Nenhum. Tie um quemoeu e dois meses de- so abaço e entoámos em sudna uma doce canço de
pois disso a minha mulhe tocoume po outo ho amo.
mem Veo que és feliz no teu matimónio e estou  Saau amote amo-te amo-te mil vezes amo-te.
satisfeito po isso  Soi tanto espeei tanto mas agoa é tade de
Sou feliz muito feliz mesmo Também voltaás mais
a casa e deseo que tenhas a mesma sote  Agadeço a alegia que acabas de me dao pa-
0 1
PAULJNA CH!Z!ANE

ze deste momento ímpa Guadaei esta elíquia até 9


ao fim dos meus dias
 De vez em quando podeíamos enconta-nos !ª
cavena dos fntasmas Ali ninguém nos incomodayá
pois as pessoas têm medo dos feitiços que dizem ha
ve. Já lá estivemos váias vezes, lembas-te?
 Saau, pensa na tua posi ção
 Tens azão, adeus.

Mwando é a coisa mais bela que Deus colocou no


meu caminho Só o seu olha seenou as tempestades
que me envolviam O seu abaço destruiu o go de an
siedade que me consumia havia anos. A sua voz é doce,
penetante, o seu pescoço é vedua polida, assuas ca
rícias envolvem-me como um manto suave, tão suave
como a plumagem dos pintos ecémnascidos Eu não
esisto, estou pedida. Este eenconto é, com certeza,
o penúncio de uma tagédia, sinto-o.
Contam os avós que, duante o peíodo de ocupa
ção dos Ngunis, o povo deslocava-se de um lado paa
o outo gindo dos invasoes, os alimentos esassea
vam muito, os cadávees eam tantos que alguns não
tiveam ouro emédio senão come cae humana paa
sobevive Todos os que comeam cae de gente i
caam loucos e nunca mais deixaam de comê-la. Mes
mo depois de teminada a guera continuaam canibais,
comendo as esposas, os filhos e até os vizinhos. Pobe
de mim, povei a cae de um homem, bebi a sua das
suas palavas, estou embiagada e não posso mais vi
ve sem esta gota de água. Meu coação, minha alma e
todo o meu se dizemme que sim.O meu deve diz
-me que não. Eu sofo, eu tenho um dilema, gosto do
meu maido, adoo as minhas ilhas, mas amo louca
mente outo homem A, detesto esse maido que me

83
82
PAULINA CHIZIANE
BALADA DE QR AO VENTO

despreza, odeo as mnhas gémeas nocentes que me ausente, vejo-o todos os das, desejo-o todos os das,
mpedem o camnho da felcdade, não suporto mas mas ele vra-me as costas, torura-me, conscênca, anda
estes braceletes de ouro que me prendem ndssoluvel- me acusas? Entregue-me de corpo e alma a outro ho
,.
mente a um homem que não dz nada ao meu coraçã p mem, eu amoo, ele ama-me, amamo-nos, eu quero
Saau, escutaa voz da conscência Se esse tal Mwan vver, ele é o meu sol, meu pão, meu paraíso, ah, ter
do te ama de verdade porque é que antes te abandonou? rível dlema!
Agora que estás casada e bem casada é que esse amor
renasce? Desculpa, Saau, mas esse amor para mm é
duvdoso O re não te ama, sso é verdade, adora a Phat, Mwando já não quer verme e tem razão. Quem toca
toda a gente sabe, deves entender, são cosas que acon na mulher do re é pundo de morte. Que saudades
tecem, mas tens um nome, um título, e a honra mas ala tenho da cavea dos ntasmas E se desse um salto
que uma mulher pode ter neste mundo Tens rtuna mas
não tens amor. O ser humano não pode ter udo aos seus até Camnho
lá? Dexe-me r revver,
nsegura. Dou sonhar, recordar.
um passo, outro passo e
pés. Amor e rtuna nunca se casam Emparelhamse olho para as quatro drecções; nnguém me vê. Aban
apenas nos contos de fantasas. dono o carrero embrenhando-me na vegetação verde
Não me reconheço. Jure perante deuses e deun -orvalhada Camnho com cudado gndo do contacto
tos que nunca cometera adultéro Mas que mal há das urtgas. Pso pedra aqu, pedra al, para não deixar
nsso? Todas as mulheres do meu mardo fazem o mes marcas na area, despstando o desejo de quem quser
mo. Petscam  grande com os ndunas, pensam que eu descobrr o destno das mnhas pegadas. Estou próx
não se? Pobreznhas, eu entendo, o problema delas é ma da cavea, meus ouvdos escutam o choro das ár
gual ao meu A stuação é que nos obrga a cometer vores em agona chacnadas pelo golpe de catanas.
adultéro. Mas cometo adultéro, eu? Não me nsultes, Assustome, tremo, o que será? Parece ser alguém cor
conscênca, por vornão me insultes. Acaso não conhe tando lenha. Mas quem? Um louco com certeza. Fan
ces o meu soimento, o meu dlema? Não és tu a com tasmas não são, porque só aparecem nas notes de lua
panhera das notes as de soldão e dos desamores de chea. Talvez sejam mesmo fantasmas, quem sabe?
que sou vítma? Nada sabes da mnha angústa e anse A curosdade empurrame para o pergo, dou mas uns
dade eterna por uma note de amor que nunca chega? passos para a ente e descubro.A, meu adorável n
O Ngula ama a Phat, e todas nós deixámos de exstr
Eu sou um oamento e nada mas Consênca, não tasma!
 Saau, porque veste?
conheces o meu dlema? Anda contnuas a chamar-me  O mesmo pergnto eu.
adúltera? As adúlteras procuram o prazer e eu procuro Saau!
a vda. Cometem adultéro aquelas que têm mardos e Mergulhamos na tenebrosa escurdão da caverna
eu tenho apenas um símbolo. Não sou vúva, não tve que nos cedeu a protecção das suas paredes. Descobr
nenhum aboro nem flho morto, não estou na mnha mos confrto no soalho agreste. Revvemos os velhos
fase da lua, não tenho no sexo nenhuma doença ver tempos. Falámos do passado e do presente. Mwando
gonhosa, o meu mardo não é mpotente e nem está contou-me todas as suas desgraças e eu, na ânsa da vin-
84
85
PAULINA CHIZINE

as, da 10
ança lei-lhe da minha importância, das riquez
" '

prosperidade, assumindo o papel de uma sobera 


ra os prazeres de
na
un ;
1
caprichosa, libertina, que procu
be
amante pobre somente para variar Desempenhei 9
Iden
o papel, mas muito depressa a máscara caiu.
ve
tificámo-nos nas amarguras e no sofimento. Envol
monos num abraço louco , frios o, choran do como
duas criancinhas desprotegidas a quem a guerra acaba.
de arrebatar os pais com as teríveis lanças da morte
 Eu quero viver por ti, morrer por ti Nada nes
o
te mundo me impedirá de te amar. Nem o rei, nem
mundo, nem todo o exército de Mambone. Adoro-te, Vinde
vinde, todos
vinde os vivos
todos! e defuntos
No meu em meuaauxílio
ventre germinou semen �
Mwando.
te do amor proibido, não sei o que será de mim. Deu
 Resignate, Saau Nada podemos zer.
ses e defuntos, acudamme
 Mwando, levame para muito longe , para o céu,
fim Estou mergulhada na lagoa de pranto constuída pe
para a lorest a, para o mar. Quero ir contigo até ao
las gotas dos meus olhos Tenho a alma toturada, só
do mundo.
penso em partir para muito longe, deixar tudo e todos
 Sim, levar-teei no meu barco para as ilhas, para
nós Este amor dáme alegria e beleza; dá-me nostalgia e tris
as nuvens, onde o vento, o sol e a lua serão para teza. Estou ornamentada de lores, de sol e de luar Es
dois. Levar-te-ei, Sarnau.
tou coroada de pranto e de espinh os da árvore da
traição O meu marido de nada desconia. Dorme ao
meu lado como rei, como anjo, como menino senhor
do mundo, embalado pela minha voz suave, envolvi
do por este manto de perdia com que cubro o cora
ção. Finalmente deu-me a noite de amor há anos
desejada, sinto um grande alívio, passei momentos de

terror,
meu pois como
marido nuncaéme
queeceu
iria justiicar a gravidez
a semente? sesim,
Agora, o
o caso está camuado A coisa estava quase a ser des
coberta mas consegui esconder as náuseas, vómtos, ape
tites Numa corda louca procurei a minha curande para
que ela preparasse um feitço rte, seguro, atraindo o
marido para a mnha cama. Fiz preces a todos os defun
tos, dei oferendasà minha denta protectora e o mila
gre aconteceu Meu marido aproximou-se de mim
86 87
PAULA CHZAE

 Até quando eu irei suportar isto? Vivo por ti, mor 11


ro por ti, e de ti recebo apenas pedaços de carinho que
sobram dos prazeres do teu marido Não, Sarnau, já e
tou cansado, temos de pôr pontofinal a isto tudo Pr 
ciso de pensar em r, não posso viver indeinidamente
num ninho alheio. Saau, quero-te só para mim. Se
também me queres, partiremos em breve para muito
longe daqui, onde iremos construir o nosso lar cheio
de amor
 No estado em que me encontro é impossível
aguarda que a criança venha aosol

 Levaremos o menino
O meu marido queansiosamente
aguarda crescerá no nosso lar.
o nasci  Kenguelekezêêê!.
Braços ..
negros ergum-se no ar, mergulhando os
mento desta criança, Mwando, a questão complica-se dedos enleirados no prateado leitoso que embacia o
 Esse homem sem vergonha; abusame porque é céu, partindo do coração da lua.
rei. Tem a mulher que eu amo e ainda por cima quer  Kenguelekezê!.  Eis aqui o herdeiro da coroa!
roubarme o filho? Ouve, Sarnau, já não aguento. O menino negro  negro não, de prata sim, por
 A tua angústia é também a minha eu irei conti que a lua cheia pintava o rosto angélico, cobrindoo
go, mas é preciso esperar.É importante, porém, que o com o seu manto de prata  cumpria o ritual da lua
menino nasça na tua ausência. Pode ser que algo de de nova que se realizava na lua cheia por tratar-se do fi
sagradável aconteça Corremos riscos, Mwando. Agora lho herdeiro.
procura desaparecer Quando tudo estiver calmo, nes  Kenguelekezê! Eis aqui uma vida nova! Majesto
sa altura fugiremos sa lua: recebe esta riatura, esta gota de água que veio
ao mundo para ser feliz. Dálhe a bênção. Poupaa das
diarreias, doenças nerosas, ataques, quando nasceres,
quando encheres e quando morreres, kengueleke
zêêê!..
O menino
erguidos nu tremia Fechou
dasmadrinhas. de io,os
suspenso nos braços
olhos, esegou-os,
espeeou, e lançou um jacto de urina molhando a ca
beça de uma delas, soltando gritos de protesto
Com o menino erguido no ar, as madrinhas dançavam
à volta d gueira sagrada. A seguir administra
ram mos
e drogas purificantes para agentar feitiços e maus-olha
dos. Prepararmlhe vacnas e amuletos, colares de pele
de leão para ter a coragem e a audácia doei rda selva
90 91
PAUNA CHIZANE BALADA E AMOR AO VENTO

As rajadas frias da noite, as labaredas arco-íris , as lertada,  menn erraa cm uma zarra de " atar-
sombras, as árvores prateadas o choro do menino, rã elh kenguelekezêêê!
as vozes embriagadas dos homens lá do outro lado, p Seu mart, deste-ns tant traalh cm a ta ca
cantar dos grilos e o silêncio dos pássaros testemunh\ eça de melã srram as parteras;  men é el, tem
ram a saudação do menino à lua cheia, altiva, apaixo- a cara da mãe  menn é alente, tem a rça d pa,
nada  menn é re grta cm um leã n nterr da 
O lorescimento dos sorrisos contrastava com os tor- resta,  menn é clarnh cm a Phat, pudera a Samau
ments passads há um mês O sl já ultrapassaa  e a Phat deam-se pr causa ds cúmes da últma, e é
zénte quand a crança deu snas de nascer. O par mesm pr ss que  eé tem a cr da pel dela
d escândal apderu-se de mm que nersa, a Olhe tmdamente para a crança parecedssma
ta, cmeçu a ltar-me  ar senta dres terres e gr cmg Tem a cr clara d Mwand, seu erdader
taa cm luca crrend de um lad para  utr tã pa Aquele
rer crp que prmeta
era caractest1ca cmum ads
rldade de um
meus ds guer
mards
luca cm uma galnha pedera
 Comeu ovo, comeu ovo  diziam as minhas so Anda em que tda a gente acredta que a cr clara é
gras  comeu ovo é por isso que se comorta como causada pelas desaenças que te cm a Phat, quan
uma galinha que quer pôr comeu ovo! d cuaa a crança n entre, ps é assm mesm
As dores eram terríveis a voz morria e sentia a vida  entre da mulher é um mund que encerra s msté
a fugir. As parteiras lutavam sem sucesso. Puseram-me rs mas tenerss deste mund.
o pilão na cabeça para ajudar a criança a descer e nada. Cnta-se que aqu em Mamne há muts ans,
Como último recurso colocaram o pilão no estômago um hmem se enrcu numa manguera quand a
e nada. Todos transpiravam. Vieram os nhamussoros, mulher estaa gráda Deps d uneral, a mulher
fizeram-se as adivinhas e apanhouse o nó do proble angustada sentu-se dante da árre durante muts
ma: Phati. A feiticeira é a Phati que fi imediatamente das e mutas ntes cntempland-a, até que um da
amarrada e espancada até sangrar e nada. Phati se a  seu entre rmpeu, e de lá sau uma cratura cm
Sarnau morrer saberás o que é a fria de um leão. Le crp de gente, caeça de manga, mas manga erdade
vanta o feitiço que fizeste, não se mata uma rainha as- ra, amarela, e tnha cm cael lhas de manguera
sim Phati gritava e chorava lágrimas de morte. Na Tamém ue cass de mulheres que ds seus entres
minha agonia restavam forças para me compadecer nasceram cras, lagartxas, pexes
umaemulher
até s
quededeps
aes
dela pois é inocente, se a criança não sai é porque é trz O cas mas recente  de
flha de adultério. Rogouse a todos os muzimos e nada. de ne meses de espeança, n lugar de um lh sau
Na mpotência 'dos deuses, no silêncio das almas em lhe uma aca de arr cm um  de galnha lá den
suplício, no coraão rio da noite um violento choro tr, e em ez de sangue, eram fejões O meu cas nã
rmpeu é nédt  meu lh tem a cr da mulher que detest
Kenguelekezêêê! . cantaram os galos Kengueleke O meu lh é realmente nt e  meu mard nã
zêêê!, brilhou a lua kenguelekezêêê!, as vozes mori se cntém de tant rgulh Este menn é de uma r
bundas reanimaramse no silêncio da noite a Phati i msura que rá transtar td  mundde Mamne
92 93
PAULA HZAE lALADA DE AR A V

rare-e desa escravaura da polgama, e serás uma Aqu chamam-e ranha, mas ranha de quê? Tens uma
só mulher para um só homem, vvere em , vverás em lsa tuna porque nada do que dzes er e pertence,
mm, num corpo só, numa alma só, numa exsênca não ens amor, nem felcdade, nem vda Vem, Saau,
únca num mundo únco, numa vda únca. '
que a felcdade espera-nos do ouro lado do mar

N ssos corpos agavamse na agona dos bosq es Mwando lava como um possesso de olhos perd
ncendados No nauágo nolerável do prazer, nos dos no céu azul Sua voz peneravame pelas chagas
sos braços debaam-se  procura de uma ábua de sal aberas e corra no meu sangue para cma e para ba
vação, e chorávamos, e grávamos, mas as lágrmas xo suas palavras eram um poe de mel doce, doce.
perdamse no encano do cano Mnha cabeça grava em «hula-hoop" meus olhos en
Lá das aluras os habanes do cu em voo rasane xergavam ml cores ao mesmo empo Levane-me va
desceram aos pares, razendo-nos cada bco uma or clane e vole a car; as árvores, o céu, o sol e eu,
d laranera,
nal saudando
em homenagem ao respeosamene o duelo
Adão e Eva de odos org
os seres. grávamos
ma. ã vola
Venceume das árvores,
a cae, venceumedo osol e de mm
coração, sou mes
ape
O duelo era de more e ressurreção. De nós resaram nas a escrava do senmeno que é mas rte do que
apenas os corpos derrubados, a cnza e o pó. eu. He-de par com o meu amor, dexar udo e odos,
Éramos dos pombnhos molados em sacrfíco Era mas não, não pare Não posso dexar os meus rês
mos o veno abalando o unverso, nós éramos udo, o flhos. Não, paro, não, não paro Paro, não paro.
prncípo e o fm. Não éramos nada.Éramos um macho O amor é udo na vda; o amor é a felcdade eea; o
e uma fêmea no prncípo do mundo. Ou no m do flho é udo na vda; o flho é a felcdade em cada
mundo. momeno Tenho o amor de um e flhos do ouro. Se
Renascemos do pó num sonho únco, numa real com uma lança na mão me puserem a escolherqual dos
dade únca. Meu corpo esava malraado, os cabelos dos deve morrer, enre o homem que amo e o pa
amarnhados, o roso laureado de carícas, os olhos dos meus flhos, qual dos dos maara prmero?
embacados de ovalho doce, e a felcdade conqusa A búla, a leoa, a pomba e a avesuz escolheram a
da era ão vasa, ão suave como profunda. felcdade dos seus lhnhos e eu? Ah, em prmero lu
 Mwando, leva-me aé ao céu, aé ao do mun gar esá a felcdade dos meus nocenes, mas eu esou
do louca, pro-ve a carne de um homem, chupe o uano
 vesr-ee
belas Vem; rajar-ee come oamenare-e
de renda ores verdaderas,com
ores
pul dosmas
so seusvver
ossos,
sembeb
esaa go
sura
a dedas suaserrível
água, palavras, nãoDe
dlema pos

sera de mssangas, de ouro e colares d marfm nos sesperada revolvo o céu, a floresa e a erra negra
pés calçaree lores de crsal. Levar-ee para a cdade revolvo a alma, o coração e as enranhas; qual o cam
onde a vda é ma bela e cvlzada. Al não há polga nho a segur? Conscênca, dá-me um conselho, uma só
ma, cada homem só em uma mulher as pessoas v palavra ua, e eu segure os eus passos A conscên
vem em nnhos de amor e não em curras mensos as ca não me responde, eu morro, errível dlema!
mílas são mas pequenas e undas Vamos para a c  Parremos na semana próxma quando a lua se
dade, Sarnau, em Mambone nunca conhecerás o sol. esconder.
96 97
AUINA CHZIANE AADA DE AR A VEN

 Mas antes deixa-me pensa um pouco mais um  Tu não viste nada não ouviste nada, e nem vais
pouco mais ze coisa nenhuma Os meus baceletes não usaás '
 Vem, Sarnau, a felicidade espera-nos do outro
/•
nem com a minha mote.
lado do ma  Vai descansada mas hoe não domiás bem

A oesta ea um ma vestido de loes. Já sentia os  Saau, veo-te cada dia mais distante O teu osto
sapatos de cistal a aconchega os meus pés o lha iadia uma felicidade estanha e sinto que não ui eu
das endas oçando o copo e as capulanas de seda quem te vestiu dessa alegia. A beleza que ostentas
mais luxuosas do que as que tenho a escoega nas Saau, não fui eu que te dei.
minhas ancas. Veio-me a iagem dos meus ilhos não,  Não compeendo nada do que me dizes meu
não patiei,
ido acabemos
á deixou de existicom estascoação,
no meu loucuas.mas
O meu ma
não pa maido
 Compeendes sim. Andas a engana-me Esta
tiei Esta é a minha tea e o meu mundo. Aqui nasci, manhã estiveste com um homem na zona das caveas
aqui os meus ilhos e todos os meus antepassados tam O que pocuavas po lá?
bém nasceam, adeus, Mwando, não patiei. Isso não é vedade. Eu sei quem inventou toda
Caminho aceleada, animada pela supema decisão, essa históia. Bem sabes que a Phati me odeia e daia
deixando paa tás o velho mundo com os seus sonhos tudo paa me ve mota.
e ilusões.  Não sei qual das duas mente. A vedade é que
 Saau tenho a lança á afiada. Quem fee o ogulho do ei é
Apanhei um choque. Phati estava escondida num punido de mote. Amanhã ao nasce do sol, convoca
abusto e espiava-nos. Estou pedida. Bevemente todo ei todos os ndunas e a Phati bebeão wanga. O san
o mundo sabeá de tudo, venham todos os defuntos em gue da taição oaá sobe a minha lança. Sanau
meu auxílio. andas a engana-me. Quem é o homem com quem
 Sanau, não sabia que também és feiticeia. domes?
 Poquê?  Senho poupa-me deste lagelo. És o meu único
 Ninguém peneta nesta loesta e sai com vida, homem meu maido meu senho. Deste-me a hona
sobe todas as mulhees da nossa tibo. A Phati odeia
combem
tão excepção dos que que
acompanhada têm nem
o génio dopela
deste feitiço
minhaEstavas
pe -me sabes muito bem.
sença, não é vedade?  Nos olhos dela não encontei sombas de men-
 E que tens tu a ve com isso? tia, e na tua voz não enconto o som da vedade. Sou
 Amiguinha i e ouvi tudo Chegou o momento um búlo feido de mote, um cão ousou fei o ou-

da vingança. Seão meus os baceletes que te enfeitam. lho do rei. Sarnau a desgraça aproxima-se, e a nossa
A vitóia está do meu lado Sanau.A minha vingança sepaação seá etena. Se me tais, amanhã moeás na
seá maio que todos os tomentos que me fizeste pas ponta da minha lança A Phati é a mulhe que mais amo
sa nesta vida mas nunca a pedoaei po esta feida que
9 99
PAULINA CHIZIAE ALADA DE AR A EN

e ausou Porque e ontou todas estas oisas? Por  Mwando é ua eergênia reúne tudo o que
que e feriu assi deste odo? Tu e a Phati orre é teu e partaos se deora
rão adeus inha rainha adeus Phati. Sou u hoe
' Ele saiu da palhota o ua pequena trouxa e de
orto neste oento e devo defender o u orgu ãos dadas orreos no esuro e direção ao rio
lho. Saau dáe a aguardente quero beber para�al  E o enino?
ar a dor; dá-e a surua quero fuar para esqueer  Fiou é terrível desobriuse tudo a Phati es-
esqueer e orrer. piavanos e aanhã espera-nos a orte.
Fui busar a aguardente e a surua. Quando regres Entráos no baro e navegáos rápido o a ve
sei Nguila envolveue nu abraço tão violento e loidade da tepestade e tudo ia fando para trás:a
horou oo nuna iaginei que u hoe pu inha terra o eu rio o eu vento os eus ilhos
desse horar. Desobri que ele e aava de verdade Adeus tudo o que i eu adeus eus filhos adeus
o aas
bé suadeaneira polígaa de
arrependento aar Chorei
e desejei orrerta
naque
le oento.
Meu Deus aanhã bebereos wanga areos
tontas e direos todas as nossas vergonhas. Todo o
undo saberá que o herdeiro é ilho do adultério. Se
rei orta Mwando será orto o eu ilho será oro
e a Phati tabé. Tenho de fzer algua oisa. Tenho
de salvar a via do eu lho inoente.
Pensava e tudo e e nada. Tenho de azer algu
a oisa as o quê? Só e resta u ainho. Fugir.
Si ugir para sepre. Não levo o enino senão o
Nguila enviará u exérito inteiro no nosso enalço.
Dura e paz eu lho inhas ilhas. Sei que u
dia e perdoarão. É por aor ao eu enino que ujo
da inha onsiênia. Ainda be. O Nguila está a dor

ir
er dousol.
sono de surua e não despertará antes do nas
Rapidaente tiro os braeletes de ouro esolho al
guas roupas eno o esto de andioa e saio or
rendo ao abrigo da noite. Olho para todos os ados e
desubro u vulto: Phati! Arreesso ontra ela u
rao seo que lhe rebenta o queixo e ontinuo gin
do. Chego a asa do Mwando e aordo-o oviolên
ia.
 1
13

Um jacto
encam de aea stgame
a makwaela os olhos
dos entos. as palmeas
As águas do ma e
o uacão unemse num abaço exageado esbacejan
do espeneando enodlhandose e ondas de amo
que derubam bacos de pescadoes nteompendo os
bejos dos pexes o namoo das gaoupas e o epou
so das algas como se todos estes não tessem o de
to de abaça beja e ama.
Fecho a janelnha da mnha baaca de canço sen
tome na estea e ezo: Muzmos potege o meu amo
que está no alto ma ã pocua do meu sustento. Mas
hoje não econheço o ma No da da nossa uga esta
a tão sossegado ah quando me lembo daquele da
Chegados ao o megulhámos os pés nas águas as
saltámos paa o baco lagámo-lo e num zás a coen
te aastounos ao meo do o Mwando emaa áp
do
Sul. entámos
Vencíamosnoaoceano e naegámos
dstânca apdamente;emeudecção
choaaao
lágmas de pata que s conundam com as águas do
oceano. Cadumes ntasmas e casas de golnhos co
tejaam o baco e Mwando emaa mas e mas Senta
tanto ódo da Phat Po causa dos cúmes dela estaa
eu no meo do ma ugndo da mnha pópa somba
mas também  bom assm pos douta manea nunca
me decda a patr paa a elcdade sem
. O eceo
103
AUINA CHIZIANE AAA E AMR A VENT

o ódio, o amor, o arrependimento e a alegria até ago amanhã beberás da minha sura, beberei da tua sura, até
ra continuam a revolver o meu íntimo Ao raiar do sol me embriagar, e te embriagares, nos embriagarmos e
desembarcámos em Bazaruto, Mwando vendeu o baro juntos enlouquecermos, e vivermos, e morrermos, para
ao primeiro pescador e entrámos noutro que nos c renascermos em novos mundos, novos mares e novos
duziu até Vilanculos horizontes Dorme, dorme, meu anjinho
Aqui estamos nesta barraca de caniço tão pequena
que só dá para dois Mwando é pescador num barco
de indianos e trabalha bem. Ele é que z todas as com
pras, traz-me tudo para casa, uma vez que nem posso
sair para não ser descoberta Nunca imaginei que na
vida houvesse homens tão meigos, carinhosos e amo
rosos como o Mwando. Mas ele não volta! Terá sido
engolido pelas águas?
Meu Deus, protegei-o, mas que vida tão linda, tão
dierente da poligamia É maravilhoso ter um homem
que é marido, amor, amante, irmão, amigo, pai e mãe.
A separação dos meus ilhos torturame, mas tenho um
homem que é todo o meu consolo. O único problema
será devolver as trinta e seis vacas do meu lobolo, mas
o Mwando já vai tratar disso Mas ele não volta, meu
Deus, muzimos, protegei-o! Ah, ele vem aí, corro a
abraçálo, recebo-o com um sorriso belo; alivio-o do
peso do cesto conduzo-o ao nosso ninho, despojo-o
da roupa molhada, e massajo o corpo fio com água
quente Sirvo-lhe comida quentinha, meu amor, traba
lhaste bem? Ele oerece-me um sorriso, sim trabalhei
bem. O mar está violento, está io, pescaram alguma
coisa? O rosto
quíssimos, de rasga-se mostrando-me
colher suspensa os lábios,
entre os dentes sim,
brana
pesca fi boa, mas a comida é mais saborosa, está quen
tinha e gostosa, mas preiro outro calor e outro gosto,
larga a colher e rocura novo paladar na escura do
meu sorriso que o embala.
Mwando, exausto, adormece sorrindo Dorme, dor
me meu menino que amanhã beberemos outra abaça
de mel mais doce e mais gostosa Sonha, sonha, que
14 105
14

As os
todos depessões atmosfé
homens do asAgos
ma Em egalam om ados
to o vento é te,
o ma é bavo, teneboso As gandes nusões maít
mas, a ação dos pequenos baos, a pesa atesanal
do amaão e os aphosos passeos em jangadas e
anoas essam no mês de Agosto, em homenagem ã
a dos ventos
Os leões do ma etoam po algum mpo te  na
d tea. Apovetam o tempo lutando onta o vento, e
onstndo os tetos e as paedes que são babaamente
aebatadas pela fúa das oentes. Os mas atuna
dos egessam à tadonal atvdade de lava a tea
O sol, dsputando o pode om o vento e as nuvens,
não ea tão volento, o que pemta peoe lagas
dstânas a qualque momento do da em toda a ex
tensão da savana Mwando vagabundeava, paando
aqu, onvesando al, ajudando aolá e, numa ação
de esponagem, busava e ebusava, das boas 
queas, todos os dtos e se espalhavam na tea so
be o élebe esândalo da ga da anha das teas de
Mambone Reolhea já um númeo onsdeável de bs
blhotes, ada uma mas fntásta do que a outa
Numa espée de ebelão, o povo soldazava-se om
o apto da anha, laueando esseheóo desonhe
do om ntástos louvoes omo se o onheessem
107
ULIN CHINE BLD E (  VENT

e fossem seus partidários. Mwando participaa nos Naquela manhã convulsia agabundeou debaxo
comentários como se de facto estiesse alheio ao caso do sol ameno em todos os cantos da aldeiaà procura
Esteherói não iia em armoa comprópria
a cos de algo que deendae os seus mistérios As carícias
ciência, fugindo da aproxmação de cada arbusto9ca a da mulher, os alimentos ingeridos não lhe transmitiam
sombra pois o medo acompanhaao em cada passo sabor nem calor Estaam simplesmente insípidos.
O sono é a dádia mais sublime dos seres racionais Ao cair da tarde procurou acompanhia dos homens
já que é quando se dorme que se restabelece a ponte despreocupados e felizes. Talez aproximandose de
entre os deuses e os homens No sono os defuntos les, recebesse um pouco da tranquilidade que pos
isitamnosexpressam os seus desejos eontades, pre suíam Procurou a sedação da sura para afastar os
inemnos do perigo, prognosticando o amanhã, quer tormentos que lhe acompanhaam a cada paso
seja ele doce ou penoso. Em casa da Maria haia uma banga onde a sura luía
Nanum
guear última noite macabro
cenário osdefuntosquelearam
não eraMwando
mais do quea a aos borbotões
olta do garrafãoOsdehomens acocorados
sura que ocupaa umreuniamse
lugar de 
o aticínio dos próximos dias de amargura Sonhara importância no meio do círculo, enquanto o canecão
estar acorrentado por homens inisíeis, arrastando o de barro percorria a rodada. moedas de prata, ganhas
seu corpo pela terra argilosa, soendo arranhões de nos biscates para os momentos de lazer enchiam as
raminhos de árores pedrinhas e tantos outros obec conchas almofadadas das mãos da gorda Maria que
tos pontiagudos esparsos pelo chão O suplício era distribuía sorrisos pois o negócio coia mesmo a conten
acompanhado por um cortejo de mulheres ntasmas to. O ambiente era acompanhado por uma algazarra de
cuos rostos estaam endados por capulanas. O sur homens embriagandose, petiscando namoriscando as
gimento repentino de um homem empunhando uma mulheres que ali apareciam para zer companhia à
zagaia em posição de morte fêlo aordar em sobres clientela da casa Mwando participaa no rebuliço, reu
salto e, com os olhos ainda turos de sono procurou nido em confaternização com os outros leões do mar
os seus captores no interior da barraca silenciosa, ou Apesar da semiembriaguez, Mwando estaa atento
indo apenas o uído dos seus moimentos e o ronro a todos os moimentos não fosse ser esfaqueado a
nar angélico da mulher que dormia ao seu lado qualquer momento tendo consciência do perigo que
Maus sonhos me perseguem Graes acontecimen pairaa sobre a sua ida. A chegada de três orasteiros
É
tos decorrem
erdade. em Mambone
Não esperou pensou.dopreciso
pela laagem rosto, osaber
casoaera colossais
ciam de passadas
guerreiros largas
pela sua e seguras
arrogância, poisque
nãomais pare
possuíam
de urgência. Remexeu os bolsos do casaco e de lá ti a humildade dos pescadores atemorizouo. A luz escas
rou uma moeda de prata abriu a portinha da barraca sa do quarto crescente audou a identicar o rosto de
e em passos rápidos galgou furioso o chão negro ao Nhambi seu irmão de circuncisão, que pertencia  core
encontro da casa do adiinho. Escutou o oráculo que do rei de Mambone. Foi percorrido por um grande ar
lhe contou uma história de ntasia que nada tinha a repio, o sexto sentido á lhe ndicaa a razão da presença
er com as suas preocupações. Largou a moeda aban dos três homens Discretamente astouse do grupo,
donando o adiinho sem um olhar de despedida. procurando o abrigo da sombra densa no pátio da casa
1 19
PAUINA CHIIANE BALADA DE AM A VENT

Nhai ra seu grande aigo nos tepos da in ros do reino de ter enfeitiçado a rainha para ocupar
fncia Fora parceios nos ritos de iniciaço e juntos o lugar desta, depois do aandono do lar Por essa
souera ajudar-se utuaente vencendo as dificu) esa rao foi condenada à orte e enterrada nu
dades ais incríveis Juntara os seus sangues na ci lugar secreto, longe do acesso da aília Do Mwando?
cunc1sao, toando-se deste odo ais iros do que Ne sequer se ala. Que é ele para igurar na lista
os nascidos do eso ventre A ascenso de Nhai das preocupações reais? Alguas pessoas tentara
para cargo de privilégio deulhe satisço as uito levantar a questo do seu desapareciento na noite
depressa copreendeu que tinha perdido o elhor do sinistro. A justificaço i a seguinte: é u renega
aigo da sua vida As origações do poder interdita do Esteve e Maone ao serviço dos Ndaus para a
va-no de conviver co as antigas aiades. Era u recolha de inorações, oi descoerto e perseguido,
hoe iportante, sepre ocupado Valeria a pena as afortunadaente conseguiu ugir às os da jus

tentar uaeste
pos? Seria conversa
iro aiga invocando
capa de ajudálo os velhos
a sair te
do seu tiça. Quanto
corria aos pais
o perigo dele e deportados
de sere outros fiiares
para odirectos
xialo. 
dilea? Nhai é u o hoe conheçoo. Talve No decurso do relato, Mwando arregalava os olhos
e diga algua coisa, vou tentar, pensou arrependidos arrepiados chocados Ficara to petri
evatou-se, deu alguns passos e, pensando elhor, cado que até o cérero perdeu o oviento. argou
recuou E e possível que ele tivesse udadoO po u suspiro de angústia lando e vo aixa.
der transora. Casos há e que os pais renega os  Fui deasiado longe co a inha ousadia. Sou
filhos, as esposas trae os aridos os iros ignora o principal culpado de tantas desgraças gente orta,
-se persegue-se atase para ganhar u quinho perseguições, convulsões. Se souesses coo estou
do poder. arrependido.
Enquanto Mwando editava a sorte quis que  rependido? É nojento!
Nhai acasalado co ua das ulherinhas da casa , Nhai e ua carantonha de nojo, visível no
procurasse a protecço da esa sora para ugir dos rendilhado de lu tecido pelo luar na copa da goiaei
olhos indiscretos dos eerricantes. Este por ilagre, ra, lançando u jacto de saliva  sinal áxio de
descoriu o aigo. Deu-lhe ua paladinha nos o despreo  que deseocou na areia entre as per
ros falando-lhe a eia vo. nas acocoradas do seu intelocutor
 O arependiento nas ulheres é tolerável as
 Aguarda-e
conversa iportantealipara
na outra sora.aguardas
ti Enquanto enho ua
vou nos hoens condenáel Porque julgas que Deus deu
ocupar os eus copanheiros co ulheres e álcool. inteligência aos seres huanos?É para pensar antes de
As palavras de hai nua vo ora suave ora agir e no agir e depois pensar, coo ae as ulhe
dura rápida ou pausada parecia vir dos pesadelos da res e as crianças É nojento. Eu costuo voitar no
noite anterior. Nada lhe diia de novo, serindo ape rosto dos arrependidos.
nas para conirar os seus receios.  A rao está do teu lado Nhai, eu ais que
O rei anda aalado agro e doente A sua espo iro O erro já está eito. O que devo fer para sair
sa ais querida fora acusada por todos os curandei desta situaço? Estou desesperado
0 
PALINA HZIANE

loso Por alguns instantes as paleiras interropera


a ança para recoeçá-la aina ais elegante ais ge 15
nial Os carangueos apavoraos corria e toas�s
irecções espistano os seus captores. Os oens
 . , l
continuava absortos ningué e va ngue e
ligava e eu soia soina. O sol a an oi ais
aigo espalano a ina iage nas águas e re
buliço ostano be transparente a esgraça que era
o eu aro
e ruo cainei pela praia acabano por tran
quiliare enteie na branca areia o ar eixan
o a ente vaguear recuano até aos tepos a
inncia Quano tina oe anos sori ua esgraça. A sirene o navio uivou quebrano o silêncio sub
erso nas águas escuras a baía o spírito anto
Na travessia o rio ave o barco e que navegávaos Hoens e uleres ovens e robustos entrava no
esequilibouse no teporal virouse e ui salva por
navio vencios cabisbaos co olos verelos e
u esconecio que e arastou até à arge Quan
tanto corar eio ortos e tanto se arrastar enxota
o á estava e terra olei para o rio assassino e tuo os pelos seus caçaores enquanto o cicote silvava
tina esaparecio. No avia sinais o barco ne as no ar labeno as costas esapaas que se abria
pessoas Foi assi que peri as inas uas es ais
e cagas sangrentas
novas e três iroinos querios ise e novo
A canço saíales a ala toturaa nu aeus à
perante u nauágio os eus ilos eus pais ai
via à tea natal às esposas aos los à brisa o ar
gos e aília tuo icou sepultao o outro lao o
às paleias aos pássaos e àquele sol que os conr
ar e sou a única sobrevivente Coo tanto soo tan tara.
to as teno que esquecer esquecer ais ua ve  passos lentos escia ao poro se lu coo
teno que esquecer.
que vai a enterrar no estreito coval a sua últia
Mas porquê tanta esgraça s para i porquê? oraa.
Mano: ulguei que aavas e aastee; talve u
As gentes que passava pelo porto eparano co
ia talve u instante ou eso nunca. Foste para
i u sono u ventino que sopra ua nuve ao últia
cenáriolágria
acabroeparava u inuto
oenage eaano
aos eportaos
ensa que escone o brilo as estrelas que no se As uleres ora agitava as os e gesto e aeus
apalpa És via angstia pesaelo e algo ais q�e a ora esegava os olos turos co a ponta a capu
ina prpria via s a vo que soa nas trevas es o lana lançano grtos istéricos inúteis insignicantes.
vento que se pere no orionte; és a nuve negra que
No longe ali na banca areia o ar crianças e
ve co as tepestaes Mano tu és nuve nu tanga e e tronco nu por u instante suspenera a
ve nuve
brincaeira regressano espreocupaos à bola e ta
pos inierentes ao cenário que se les apresentava à
114
1 15
PAULINA CHIZANE
BALADA D R AO VENTO

vista Tinham assistido àquela cena vezes sem conta e os condenados entoaram a canção de despedida à vida
já não lhes azia dierença clamando pelos muzimos no ndo da terra e do mar
A sirene apitou de novo Pretos de mãos duras k '
fzendo coro à sinonia da valsa do diabo
vantaram a âncora. O colono gritou uma série de be9-
teiras O navio zarpou redemoinhando as águas turvas Adeus, adeus, meus irmãos.
A melodia cessa. No poro erguem-se gritos de pro Talvez nos encontremos no céu
testo das gargantas dos condenados clamando por
Deus condenando a Deus, clamando pelos seus deun Um vagalhão enorme atacou uriosamente o barco
tos, injuriando os dentos à medida que o navio avan e as vozes suspenderamse no ar, atentas à úria tene
çava nas águas doÍndico brosa do mar Por instantes as águas serenaram e as
Muito depressa compreenderam a inutilidade dos vozes reanimaramse devagarinho
seus gritoseum
pre. Pairou protestos
silêncio Sabiamse
de morte perdidos
Em todas para sem
as mentes Adeus, adeus
, meus irmãos
reinava o desespero e o terror Iam a caminho de An Peço a Deus que me ajude
gola, terra de degredo da cana do cacau e do caé Em terras desconhecidas vou morrer
Alguns deles eram condenados por crimes graves; ou
tros por caprichos sem ndamento e mais outros sim Os dias passavam lentamente, o barco
plesmente porque eram negros ganhava dis
tância , os condenados aastavam-se
cada vez mais da
O navio vogava nas águas sem im. O mar tornou terra que os parira: uns dormem, outro
s sonham e di
-se bravo, o io brincava nos corpos seminus e os ne vagam. As mentes são povoadas de pesad
gros já apertados no pequeno espaço aconchegavam-se elos Outras
vozes quebram o silêncio.
ainda mais à procura de calor Lá fra escutava-se a mú  Não sei porque é que ui preso. Passa
sica do vento O navio ensaiou passos da dança e com va na mi
nha fente uma senora branca. Eu parei
toda a ria entrou na valsa fenética da tempestade, para dar-lhe
caminho. O marido que vinha atrás
azendo par às tenebrosas ondas que ora o enlaçavam esboeteou-me
acusando-me de estar a apreciar a sua
mulher Fui le�
pelas ancas ora o enroilhavam completamente num vado para a esquadra, espancado e
condenado à de
abraço macabro poração e aqui estou a caminho do
degredo.
Os negros
ca tinham entraram
viajado em Os
no mar pânico, alguns
corpos, deles nune
já torturados brandA conversa generaliza-se na noite,
o Via-se um pedaço de lua pelos o mar tornava-se
caquécticos pela escassez de alimentos enaqueceram respiradouros
Devia ser romântico contemplar o refex
o da lua e das
ainda mais com os vómitos desmesurados provocados estrelas nas águas escuras Depois
de tanto silêncio,
pela úria do mar Mwando abriu o seu coração e, de lágrim
as nos olhos
O vento acelerava a música e no interior do barco, contou o seu episódio.
pessoas e coisas eram atiradas de um lado para o ou  Foi por causa de uma mulher Ente
tro acompanhando os passos da enética dança Julga ndi-me com
ela. Era evidente que se tratava de uma mulh
ram chegado o im do mundo. Em vozes belas e suaves er da vida,
pois recebia mais homens além de mim
Ela tratava-me
116
117
PAULINA CHZANE

assisir
curiosos aguardavam a chegada do navio, para
os colo 16
ao desembarque dos condenados Já em erra,
rados.
nos cumprimenaram-se com abraços exag 
Os condenados, alinhados numa longa fila, cam)
vivos  As
nharam para os calabouços mais moros que_
que se
mulheres, de cabeça baixa, pediam ao chao
e a hum
abrisse a seus pés, para engolir a vergonha
e as per-
lhação de se exibirem em público com as saias
da
nas empapadas de sangue mênstruo. Foi-lhes conced
a de repou so, resabelecimeno e , mas ar
uma seman
am cum
de conduzidos aos acampamenos onde deveri
À ram
l ados os campos
pr r a pena de trabalho
destin deorçado
tabaco , s mulheres
taref ligeira  s
apena Era ainda
colhidos para madrugada
a desronca quando os condenados
alcançaram es
o seu poso. Re
para os ca-
na aparência Os homens ram enviados ceberam o maerial de rabalho, escuaram as normas
ortes para a destro nca e abert ura de que saíam aos grios das garganas dos capaazes pre
naviais e os mais
novos campos. os e caminharam para a zona de desronca com ges
os moros e silenciosos  erra naal perderase na
disância e os olhos arregalavam-se na descoberta de
novas paisagens. Desorienados, exalaram o sol que
parecia nascer do Sul com arrebóis de glória, espalhan
do uma luz escassa que perurava o ramalhado enso
da floresa inviolada.  conversa morreralhes na gar
gana e os corpos remiam com arrepiosde meo. Uns
suspiravam, ouros choravam e rezavam.  loresa era
ão bela e ão medonha que pareciam residir nela os
anepassados de odos os deuses. Era um paraíso
verde. s canções dos pássaros eram de paz e os sil

vos dasde
canção serpenes
embalar de
dosjúbilo
deusesO da
piofloresa,
dos mochos era a
a elicidade
era verdadeira, eea. Os macacos bailavam nas lianas
suspensas nas copas das árvores, e as água s corriam
serenas rmando riachos musicais com a presença das
rãs.
briram uma clareira denro da maa e monaram
o primeiro acampameno, o sol já esava no o hrizone
A noie caiu, assombrada. Os condenados não inham
120 121
17

Em Angola há um pedaço de erra adubado de san


gue. Por baixo de cada sombra reside o corpo de um
preo anónimo, conrmam os mais velhos. Nos úlimos
anos nasceram novas roças cujas planas são cruzes
oscas pinadas de branco em erra fertilizada de cae
humana. A me, a doença e a orura eram os vivei
ros dessas planas As febres esranhas que nem o i
iceiro angolano conseguia curar, aé aos brancos
dizimavam. As cobras, por seu lado, defendiamse dos
invasores com aaques inlíveis.
O sol ulrapassara o meio-dia. Na açucareira, os con
denados e conraados canavam a música do coração,
acompanhando o rodopiar do engenho de açúcar e o
colono, saisfeio, balançava a mene sobre o ouro que
esava a ser ransrmado pelas mãos negras. Escuava
com delícia essa música que o veno espalhava, zen
do dançar os braços do canavial. A canção é a alma do
negro Quando soe, cana, quando ri, cana, quando
rabalha, cana Aé parece que a canção desperta no
ndo do ser a rça secular de odos os anepassados
A5 vozes canam, o canavial balança, amáquina gira
De repene ouve-se um grio e o rabalho pára. Um
homem deixou o braço ser arrasado pelas roldanas,
puxando-o para a máquina, e  .. crás! A cabeça esmiga
lhou-se como um coco

125
PAULA CZIA.E BLAD DE AR A VET

 Parem!  gritou o colono  Dois de vocês en lho ue os veddeos pdes ue po í dv
carregamse do homem Outros limpam a máquina, rá A  de Mwdo oeu po tods s sls e o
pido, tempo é dinheiro!  povo ão tdou  peldá-lo de pde Moçue
A lua já brincava no céu sem nuvens, quando 9s Gete ds ldes dsttes vh pouá-lo. ógo: os
homens rudes de chapéu de palha e calcanhares de ma pdes de vedde ov dheo ue o povo ão
tope regressaram ao dormitório Veio a reeição de uba th. Mwdo  sss e jetoss e só ov
que comeram com apetite mesmo ao lado do morto. lgus oeds Muto depess os oloos eohe
Depois veio a cachaça. Era todos os dias assim m cada e ele o hoe de ue pesv o pdo
noite eram presenteados com um cadáver vitimado por ds evolts s oçs o  dout do soeto
uma cobra, uma máquina, ebre, ou pelo calor exces  te e eopes o éu De-lhe u esttu
sivo das torradeiras de caé to deete e s depedete th gs e
 Depressa, Damião, vai chamar o padre Moçam exe
s e ds os.
oupdo Tlhv
 o pte dopouo
tepos
osh
tus d
bique e o curandeiro Januário .
A cachaça rodava enquanto aguardavam a chegada Igej.
dos dirigentes espirituais, velando pelo morto sem uma As oçes otu
lágrima nos olhos, contando histórias da terra, da tra  Bedto sej Deus
vessia dos mares e das lutas de resistência Bedto sej  os hoes epet e oo
Mwando, o padre Moçambique, chegou trajando a Todos se e séos As eçs vov N
sua batina de pano cru, chapéu de palha e pés descal gué pestv teção às plvs do pde ue l
ços, levando a Bíblia na mão esquerda. Logo a seguir e sepe s ess Cd u pesv e s to
chegou também o angolano Januário. Todos se ergue dos  ss. A pot geu do-se E
ram, tiraram os chapéus curvando-se numa vénia, em o oloo.
saudação aos seus dirigentes.  O estej à vtde Etee esse est o
O padre Moçambique iniciou as orações que repe te. Pel hã ueo todos o tlho e o -de
t e oo se teão lg eteddo? Voês são u ç de
 Deus abençoe esta alma Que durma em paz eteos do do. Etee o peto ode usee
 Áe Veo  ve do eteo golo Queou os seus
Mwando leu as orações num latim tão pereito que pepdos ue ehe  s deDeu
uo eeIvo
nem o melhor pároco, dando mais solenidade ao acto ou os deutos tgos e eetes. volts s
Apesar do trabalho orçado, encontrou elicidade no volts o dáve uvou gtou o do dos otos
degredo. Finalmente conseguira satiszer a ambição de O oto  evolvdo  su t e levdo  ete
usar batina branca, baptizar, cristianizar. Fazia issas  o lu  oç dos uxos ue e o etéo
aos domingos e algumas vezes tivera que celebrar casa- dos odedos
mentos As suas habiliades eclesiásticas fram aperei O opo deseu o ovl esteto e se geoet
çoadas nas roças onde as mortes eram muito feqentes s çes ophv-o  lu susttuí o sol
Ele preparava os funerais com muita dignidade e me Beese dedo e oo
26 27
18

 Cbol
t qu u douboit
blbolbo or i boi
A lu doird orr o qutro vto o u i
tidd qu rot u di ldt. Mulhr
o bbé  ot to  bç rgdo
o dt o u d ull dão volt rido
ldo ordo  g d roduto xoto
o rdo d Mll od gho o u ão. G
to vdio  lbrio  b  ão 
xotd l vdd ir d ix. Aêoâââ !. .  "
grit  rig brigd  obr d urri
r.
Et hã d idd o ruído d rro
grito d áqui  d ho  todo t buliço d
o  origuiro trtor-. Priro 
hã uv d ih tr o  lodi lgr do
áro lvtdo voo  gto d bêção à trr
o du  o ho. Priro o hr do
o obo d ovlho hihdo  águ
i do u Sv h qudo rordo  ih trr
lá or dtro lgo  qubr  o orção é orodo
o iho d ii.
M quto ut
 Cio udo or tbé  l vrdi
h trih
133
PAULA HZAE BALADA DE AM A VE

Reolho as oeas Minha ene regressa ao er ças esranhas e aa ia qe passava a siuaçãopiora
ao enharao e loo e saliva e lala e oo va No ereiro ês á não horava não oia e o
res preaos one ganho a via veneno leges oração aia aa ve enos Passei noies e lágrias
 o go a via apagavase e e não inha inheiro para
enxgano as lágrias esgoano as úlas rçasnos
grios e aração aos opraores opre aé  ir ao hospial. Na essas noies pari esesperaa
anana enina onia. para asa e a raneira e esa aie prona
A via não e orre al Já lá vão os epos e ene Expliqeilhe o qe se passava. A velha enro
qe vivi e iséria e ore as hoe exise e i e ação raanose e onveniênia o panos e re
e earaa a realiae e o sonho Mas para qê lqias sagraas. Enro e ranse e aos grios invo
reorar isso agora Passara á easseis anos qe o o os esprios o pai e a ãe Eso os horálos
Mwano e aanono e alve á enha orrio. e issee inha ilha há  esprio aligno qe e
To
eirosi para qe
fiera oeleaoregressasse.
se alaneOsenano
elhores ran
proir persege
iae. Deqe esá aposao
oeno e esrur
é ese lho aanhã oa
serãoa os
ao
feli
o ilagre o regresso e naa. Areio qe i o ros. Vais enerrálos  por  o as as prprias
ora os as esprios qe é o sange a Phai qe ãos. É preiso resolver o prolea Mas qe solção
laava por vingança. Toos os raneiros fra pergnei e. Faça  sariio a oferena para
nnies e afrar qe os es esprios e os o qe ese esprio não ais e persiga. Tene reorar
Mwano esão e pé e gerra lá no no a erra e oas as pessoas a a alia á faleias o al
e por essa raão resara sepre a nossa nião. g os es onvivenes á leios qal eles e
O Mwano era  hoe aesoso as inha aqela qeria al.
orina e isério qe nna onsegi esvenar. Não  É a Phai é a Phai a qina esposa o e
qero ais saer ele as garo oes reorações ario qe i ora reeneene.
o epo os sonhos. A velha reo no epo Falo o os oros
 Mãe á veni oas as aêioas rane epos inerináveis e a riança apagavase
Poiso os olhos no rosinho onio a inha lha a aa ve ais Qano volo a si issee qe a
haPhai e orpnho elegane e sorriso e sol. Qan riança evia er o noe esse esprio aligno pois
o Mwano e aanonoá esa rara se hospeava o qe se passava na realiae é qe esse eno não
no eMarqes
renço venre Nessa alra nesa
fxanoe sa erise
Vilanlos para
Malala Lo
Prero agenava
o a via
pelos ales qenas profuneas
asara e via.porqe soa i
epregeieoo riaa na asa e oerianes A solção não e agrao naa as e esava
inianos Doria no araé e arvão one aé ipoene não poia resar o sariio pois raava
oria os ães. Foi nesse aiene qe a riança nas se a via a inha lha. Aanei a aeça e geso
e saável as raqia. Deilhe o noe e Chivie e onornia. Enão a velha pego na riança e er
para arar a angúsia qe e orrava. genoa pelos ares proferi a pree a ressrreição
A riança vive e nos prieiros ias as qan  Aora Phai sai o úlo para o reino o sol
o hego ao segno ês i aoeia por oen ais lpia e ais inoene qe oos os anos Qe
134 13
19

Uaat
dnsas ajada
uva sopa adota
vai ga lstasagando nuvns
ávos vstis
ão d u vd novo Rolo os us avs 
aino ápido  dição ao u abigo As nu
vns dsaba  ppitas gossas naando tudo
As águas satisitas o tanquilas plas las d t
a nga ando lodçais as qu udança tão 
pntina O éu asgas  violntos laõs  toda
a xtnsão da abóbada Sinto o io da aia ola
da  odo a ina ta  dias d tpoal o
gitos  todas as gagantas saudando o dus das u
vas splandos  todos os ostos soisos d s
pança
Caino él O o ugindo da uva dá
passos  lso  duba; o sto dsquilibas
ai spalando o toat nas águas onspuadas

qupaga
Mu sno sta puío
po st é toda a ina tuna T
O o ua o tno apana o toat nquan
to ponunia o pdido d pdão nua vo qu 
pau ailia. Olo paa l d sgula a
lba algué qu não si qu O o ntga
 o sto boo uiosa s digna a ola
paa o su osto  apsso o passo A uva ai o
aio intnsidad O o sgua o baço
139
AULINA CHIZIANE BALAA E R A 

 Sarnau! só para dos. oneeu u lagre a huva parou, os


ssusee, olhe e reonheo M� ando, é ele larões apagarase, as asas surase, as pessoas
eso, as que arrga enore ele e. E ele eso, desapareera, e o undo só éraos nós os dos
o eu aor perddo. Sene ransoada, enlouque Mwando, u és o eu sol, eu pão, eu paraí
da, o deseo de orrer e vverÉ ele eso, nã so e eu queroe as do que nuna, queroe, quero
há dúvda que é o hoe da nha desgraça, valha e, queroe
e Deus!  Ve, Sarnau, preso de lare
 huva a furosa o roar dos rovões nen  S, eu re ongo, as anes d que e aas
sase arese novos larões o odo o oração ne que sea por u só nuo.
 Sarnau! Já não a edas e  e ens raão, Sarnau Eu
 Mwando! aoe por udo o que há de as sagrado nese un
eperoue
o o eso osorrso
o esode alor de ourora,
ourora, sorru
ururoue do Só
eu aordepos
 ode errare pela
úno vda é que
verdadero que desor
lunouque
a eso
oo ururava as ondas do ro Save. urdão da nha vda. Ve, Saau
s águas orre ranqulas sore o leo negro do  Já esou velha, Mwando .
Save eando as peas dos anços os pássaros a  Para  anda não envelheese És anda u
e as asas, os aus aolea, os galagalas so aueroo e or al oo naquela arde e que e
e e dese dos onderos, e eu esou aqu o de o prero eo
u nó que e esrangula, sorendo de urpresa loua, Ire ongo, as anes pagae.
de angúsa nfnda, audae, eu Deus, não aguen Pagare o quê Já não e aas
o, vou orrer!  oe s, as anes pagae Pagae, Mwan
 Saau, passe a vda a prourare. Copreend

do, pagae
que é possível vver se  Inrível, prosuísee, Saau, os hoens fe
 Não podes vver se  E se não vesse nas rae pua.
do  E u o que ese de  asee oo nun
 Mas nasese, nasese, Saau! gora que e en a se aou ua ulher. Rapasee as não pagase
onre não e dexare aasFu louo e aandonar o eu resgae.  nha vrgndade onsusea e ne
·
e, Sen
perdoae Sarnau
o seu af aendendoe pelo pesoço, o agradeese
reese os eà nha defuna
esudos, o rapéproeora, não lhe ofe
e o pano verelho, as
eso hálo que onhe há anos anos passados, udo aee porque e aava, agora aaouse, Mwan
o eso sorrso, a esa vo e o eso olhar sereno do, pagae, eu odeoe.
Só a saudade era as loua, as ardene, nsuporável! s águas do Save orre ranqulas Fora elas que
 Eu queroe, Sarnau lavara o sangue da nha noêna.  águas do Save
Já não e araçava, os nossos orpos esava se são eseunhas da louura que ve por ese hoe
parados a ua dsâna onsderável, as senalhe o s algas, os pexes, os anços, as ervas, os lagaros, as
oar rápdo do oração ransndo ua ensage áores e o éu aul, udo vra Mas as águas do ro,
40 41
PAULINA ZANE ALAA E  A EN

não As que me viram já correram e talvez se encon ovo oaa l no hospal pos esava odo pode
trem no fundo do mar As algas e os peixes também de poaa Repaa e nas nhas oas: nhas e
não As algas ram comidas pelos peixes, os pexes f-  las auagens onundese o as aes de ua
ram para os estômagos das pessoas e estas já deecaram 1 doena oplada que apanhe po a Coo vvo eu
por aí. Os caniços e as ervas já morreram, os pássaros e agoa? Vendo no eado vendendo aé o oa
lagartos deram a vida a outros pássaros e lagartos e os ão as lgas e udo o que nha de as sagado j
que agora existem são os tetranetos ou trinetos das vend paa soevve
minhas testemunhas, ai de mim, do meu passado já Não hoes Saau que ass vou hoa a
nada resta senão este rdo e esta angústia que trans é Vaos onae odo o eu soeno que não
porto. Mas resta alguma coisa, sim. As árvores e o céu  as pequeno do que o eu Eu aé so u
azul. Não estou assim tão perdida. o. Depos da nossa sepaaão lguee a ua ulhe
Mwandoegos
anha aasae o oodo
valanes seu o
ao
eufe
opoeus pés
ee que ea
nal e ulhe
au Dssee que nãou
de u spao. eadepoado
asada quando af
paa An
de desejo de ao de angúsa oda eu espondo no gola e s vole no ês passado. Consu oda a nha
uulo do s nha ala ga e alo que não pa vda a plana ana e aé e e ada plana h ua
gae queo o eu peo o eu esgae a nha lga que deae po . u se a úna elda
hona. No eu se avase a aalha oal do s e de e odo o deuso da nha ajea. Não enho
do não e não se que sa venedo ne ulhe ne lhos Saau.
Os úsulos do Mwando deuae os seus  ens flhos s que nasea dese eu ven
aos alaae aanhae despee o seu e. Quando pase nuava a pequena Pha que va
vene a soe o eu desendose oo u alão agoa oplea qune anos. E Maone fou o
nho que se esvaa. Bejoue na oa a Mwando Zuula que agoa é u hoe e f ooado e o
h quano epo não sena o sal da ua oa a doena do pa. enho as u lho o João e o pa
Sussuo agonada eus los anudos ove desse pedeuse pelo undo a As nhas géeas
se a vo oa os seus aodes e a ala elaa. asaase l e Maone.
 Mwando pagae pagae pagae!  É eso vedade o que e des Saau? e
 Saau nha Saau os hoens eae pua. nho dos lhos eu?
 u
ee eseundo
do eu as do que odos ue
e aísee. os ouos. Rapas
sonha jun  ão vedade
Coo oo que
 possvel eu esa aqu sdo
eu enha ao eu
ãolado.
uel?
e dnheo paa opa as na e ses vaas do eu Coo é que onsegus soevve de ano soeno
loolo e devolve ao· Ngula eu peo ado. nha Saau? O eu flho es e ãos alheas e f
 Poe queda u ulpado de odo o eu sof ooado eda nha ea. O eu lh o é o alege
eno. el enquano eu o vedadeo pa vvo na ao 
 Deae dee Peo undos u usada e séa de odos os epos.
ausada eu seo ea quna de a dnho  Ignoa udo esquee udo e olhe os espnhos
Apanhe doenas vegonhosas olha j não enho u que as uas ãos seeaa
42 43
AUNA CHIZIANE BAAD D   

 Sarnau prdoa st rsolido qu o ri concdut o prdão  no tu


Mwando chorava u chorava stvaos nt a lugar icou a tua irã Rindau
rnt ando o trgico alano d ua xistêcia i  Si o prola st rsolvido o u arido
srvl. casous co a inha irã  são tão lis coo nun
 Sarnau d ua opotunidad para rparar ca iagini qu pudss acontcr.
todos os us rros D u pouco d licidad nos  Saau t pidad d i Dus du j 0
anos qu ainda  rsta para vivr castigo rcido Plos nossos lhos iplorot pr
 Eu t dari tudo as ants paga quro o dão Saau
pro da inha honra.  Tu st para i vida angústia psadlo Can
 Pagari Quanto custa? Qual é o pro da tua ti para ti aladas d aor ao vnto Eras para i0
honra? ar  u o tu sal Nunca ncontri os tus olhos nos
 Vint
O quê? quato casantos.
Não coprndo. ontos
ão O udpro
alião No aiso
é para não ncontri a tua
ti inacssvl?
.
 Coprnds si O u valor suiu uito t !
nho o pro d vint  quatro casantos agora  Quero dizerte adeus No peito guardarei apenas
 Continuas a sa rincalhona d h tantos as cinzas do nosso amor
anos passados. Lvantim Sntim Alguma coisa qu não si
 Não rinco não Ess é o u vrdadiro pr o que é prendiame ali. Num mpulso inexplicável ergui-
o o pro da inha honra. O u loolo i co me de novo e larguei a correr nos labirintos sinuosos
trinta  sis vacas novas  virgns Co as vacas do da Malala À distância ouvia passos em perse<uição f
. b
u loolo os us dois irãos casara sis ulh osa e uma voz chamando por mim mas disse não e
rs Os irãos das inhas sis cunhadas usara o dsaparci na scuridão
so gado para casar as suas sposas  por aí
adiant Só as vacas do u loolo ira outros
vint  quatro loolos Tirast do lar aandonas
t tiv qu lutar soinha para dolvr as trinta 
sis vacas pois s não o iss todas sria rcolhi

das  cada
divórcios. i oaília o qu
ipossívl signiicarsolvr
 consgui vint  oquatro
pro
la Ainda  qurs? Paga quro o pro da
inha honra
 Saau prdoa
 J conhcs o pro do tu prdão.
 O qu  xigs é ipossívl sou u ho
isrvl O pouco dinhiro qu tiv gastio na via
g d rgrsso Acaas d dir qu o prola
144
20

Mrgulh na scurdo da pa co a nha ala


 gurra Escond o rosto às cranças sulando ua
darra  dor d caça qu no tnha. Enrol a ca
ça na anta d algodo aando os soluços Snta
 vncda, torturada, as cranças convrsava 
ra, as ccatrs antgas ora rvolvdas, sangra,
do, o go do aor conso coo há d
asss anos passados, ao loucant ss ho
qu transrou a nha vda nua vrdadra ds
graça.
A chuva ca lodosa sor o tlhado d nco o
vnto assoa tocando os acords das árvors, das
palhotas, dos canços  tudo gra, dança, alança ao rt
o do vndaval. Entr a úsca da tpstad scuto
rês pancadas na porta do quntal Snto nu pulo
Aguardoos
pnd scuto, as atdas
sorrsos; rpts as cranças sus
ntrolhaonos.
 Phat, va arr a pora, a a stá dont, dga
à pssoa para voltar aanh
Phat  arr a porta do quntal  ua gura a
jstosa rguus nos sus olhos u ho!
 Qu é o snhor? A a stá dont
 Sou o tu pa.
 Mu pa?
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PAULINA CHZIANE
BADA DE \0R VENTO

Os lábios da rapariga abriram-se em ovo para logo Os meninos recolheram ao quarto trajando nos ros
a seguir alargar os olhos enormes, rasgados soltar uma tos um sorriso novo e as cabecitas laureadas de anta
exclamação e gritar: sias Mwando sentou-se na borda da minha cama de
 Jão, é o papá! palha Estávamos ente a frente para uma nova bata
O João correu ao encontro deles Três vultos exer lha
gavam-se no escuro Seis olhos brilhavam como faróis  Saau, as crianças precisam de um pai
de gatos na noite de chuva Os três sentiam a mesma E eu preciso de um homem, e deste homem que
hesitação; aproximaram-se; abraçaram-se Caminharam está aqui ao meu lado Venceu-me Atacou-me com a
em passos lentos fazendo uma breve paragem na en arma que extermina todas as fêmeas do mundo Colo
trada da barraca A chuva caa intensamente banhan cou-se ao lado dos ilhos, fez a guerra e venceu Vive
do os três vultos rá comigo Tenho casa, tenho negócio tenho dinheiro
 Entrem!
O homem curvou solenemente o seu tronco alto Hei-dedealimentá-lo
posto Não terra
trabalho nesta será fcil paravencida,
Embora ele arranjar
aindaum
me
como quem se nclina numa reverência, entrou pela resta o orgulho, mas orgulho de quê? O orgulho cega
porta baixa da barraca de duas divisões Sentou-se -me e destróime, preciso de ser feliz, estou vencida e
 É o meu pai, mamã? perdida
 Sim, minha filha, é o teu pai O vento sopra lá ra
 Ainal onde esteve todo este tempo papá A chuva cai em catadupas
O candeeiro a petróleo banhava o escuro com a sua As águas serpenteiam nas ruelas sinuosas
luz amarelinha iluminando os rostos que se procura Todos os animais recolheram aos abrigos e nada
vam, se descobriam que se identificavam Os olhos de resta Há apenas o silêncio, o io e os soluços Enenta
Mwando devoravam a pequena Phati, o seu sorriso, os mo-nos no silêncio diludo na eteidade As lágrimas
seus gestos o gesticular dos seus lábios, enquanto jorraram novamente
os olhos dos meninos se alargavam de alegria e de emo  Saau!
ção Embrulhei-me de novo na manta e desta vez os Enterrei o passado Puxei o candeeiro, soprei, apa
soluços ram mais audíveis, mas ninguém lhes ligou gou-se Mergulhámos na escuridão da paz no silêncio
importância As crianças bombardeavam o homem es da paz, no esquecimento de toda as coisas, naquela
tranho com perguntas loucas
 Papá, fica connosco! ausência
A solidão que encerra
desfez-se. O todas
vento as maravilhas
espalha do em
melodia mundo
todo
 Sim, João, ficarei se a tua mãe quiser o universo Continua a chover lá ra
 A mãe quer Fica connosco, papá!
Faz-se um siêncio e morte. Seis olhos convergiram
sobre os meus, aguardando a resposta que os lábios se
recusavam a pronunciar
 Meninos, vamos dormir, já é tarde e faz frio.
Amanhã teremos que acordar cedo
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