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HISTÓRIA BREVE DA LUA- António Gedeão

AUTO EM 1 QUADRO

NARRA- Vou contar-vos uma istória


FIGURANTES DORA !ue es"ero !ue vos a#rade$
A istória não tem idade% <0
NARRADORA Vem de tem"os recuados
CAMPONÊS conservada na memória
SENHOR DO MUNDO dos nossos ante"assados$
 JERÓNIMO
AGAPITO Ainda eu era "e!uena&
ASTRÓNOMO mas recordo-me tão 'em( <5
RAPARIGA de estar com a mina mãe
em certa noite serena&
eu& aconce#ada a e)a&
e)a& aconce#ada a mim&
o)ando "e)a *ane)a =0
o +rmamento sem +m$
,o "roundo c.u estre)ado
su'ia o disco da /ua
como um 'a)ão "rateado
en!uanto um #ato& na rua& =5
miava de ra'o a)ado$

─  mãe2ina& tu *3 viste


a /ua como est3 su*a4
arece
arece !ue tem 6ma c7ru*a&
uma vaca& ou )3 o !ue .( >0
Gostava de a ver ao ".$
 A cena representa uma 1 E tu& mãe4
 paisagem campestre, De !ue te riste4
arborizada, à hora em que a
Natureza em eme erge
rge do sono  8 Das tuas su"osi9es$
su"osi9es$
noturno, permanecendo o céu 5 ,ão . c7ru*a nem . vaca& >5
aind
aindaa es
estr
trel
elad
ado.
o. Nes
esse
se cé
céu,
u, nem macaco nem macaca&
que deverá observar-se numa nem nada do !ue su"9es$
ampl
am pla
a supe
superf
rfíc
ície,
ie, a ua
ua está
está
ausente e apenas deverá :ontou então mina mãe&
apar
aparec
ecer
er no momen
momento to e!ato
e!ato 10 sem"re 'ondosa e ami#a&
em que o te!to o indica. a ta) istória muito anti#a 50
"uvem-se cantos de aves. !ue vou contar-vos
contar-vos tam'.m$
#uando a cena se inicia estará Di2 essa istória !ue outrora
 presente a Narradora, mulher  a su"er;cie da /ua
nova e insinuante, de face para 15 não era como . a#ora$
os espetadores.
$il%ncio. &' medida que a 55
Narradora fala vai-se
elev
elevan
ando
do no cé céu,
u, muit
muito
o
lent
lentam
amen
ente
te,, uma
uma enor
enorme
me
ua cheia, impecavelmente
branca, sem manchas.( ?0

Mostrava-se então "o)ida&


'ran!uina& macia e nua
como uma "rata estendida$
Assim era& at. !ue um dia&
"or mi)a#re ou "or ma#ia& ?5 &+ntra o Senhor do Mundo,
tudo num so"ro mudou$ e!uberante, sacudido e 115
A su"er;cie esma)tada dominador, o rosto quase
a"ar@ceu toda mancada invisível pela abundncia de
e assim& "7ra sem"re& +cou$ barbas e de cabelo. +ntra, de
Uma enorme manca escura H0 sandálias, com passos largos
re"resentava a +#ura e apressados, como quem 1<0
de uma umana criatura& tem muito que fazer. A
"ereitamente vis;ve) entrada do Senhor do
era um omem !ue )3 estava& Mundo é anunciada por um
meBia as "ernas& andava& H5 ribombar de troves, que
a'ria a 'oca& a)ava& logo amedronta o 1<5
!ue at. "ar7cia im"oss;ve)( Camponês , e durante a sua
 presena em cena ouve-se
C c)aro !ue isto . 6ma istória$ continuadamente um rumor 
E essa istória tam'.m di2 de trovoada.(
!uem oi o desine)i2 I0 SENHOR
!ue teve a su"rema #)ória DO &estacando ao encarar com o 1=0
de ser o "rimeiro na /ua$ MUNDO Camponês , e recuando num
 !ue sorte ma)adada(  pulo(
Mas a istória continua
at. 6star toda aca'ada$ I5 O !u4 Que ve*o4 Que . isto4
ois )3 vai$ &pausa de espanto(
Era uma ve2 Que . !ue tu a2es a!ui4
o "o're de um cam"ons CAMP. 1=5
&tremendo(
&$imultaneamente com as )ltimas enor( enor(
 palavras da Narradora entra o J0 SEN.
 pobre Camponês. *aminha &escarninho(
curvado ao peso de um molho de e)o visto
lenha, para e retoma o passo. não te arreceias de mi(
"uvem-se vozes alegres de aves, CAMP. 1>0
na alvorada, enquanto o céu J5 &na mesma(
continua a cintilar de estrelas. " enor(
 pobre Camponês  para a SEN.
descansar.( &irado(
,ão 3 c3 senores(
CAMPONÊS- mis.ria derradeira( A#ora te ce#a o medo4 1>5
Anda um "o're como eu 100 ,ão sa'es !ue não concedo
a ossar a vida inteira nem "iedade nem avores
"7ra não ter nada de seu( aos umanos "ecadores&
 triste da mina vida( e !ue mais tarde ou mais
 "esar do meu viver( cedo 150
 Tanta #ente 'em comida 105 "a#arão com suas dores4
e eu sem nada "7ra comer( CAMP. 7ra nin#u.m isto . se#redo$
Ando a a"anar #aravatos
"or essas serras a).m &sempre aterrorizado(
e só rece'o maus tratos enor( ó "or esta ve2(
sem carinos de nin#u.m$  Tende de mim com"aiBão( 155
110 ou um "o're cam"ons
Fui assim desde criana$ SEN. Que anda a #anar o seu
em cu)"a *3 nasci torto$ "ão(
A#ora& "erdida a es"7rana&
só me resta cair morto$ &sempre irado(
ara #anares o teu "ão 1?0
tens a semana conti#o$
,ão merece com"aiBão
!uem não res"eita o !ue
di#o$

&mais irado( mas de mim nin#u.m se <0


,ão sa'es !ue o*e . domin#o4 esconde$ 5
:omo ta) não se tra'a)a4 Vais +car num s;tio onde
,ão sa'es !ue eu se me vin#o toda a #ente "ossa ver-te$
não 3 nin#u.m !ue te va)a4 1?5 ara sem"re na memória
teu eBem")o +car3$
CAMP. &patético( er3 essa a tua #)ória$ <1
 mis.ria sem uturo( &bravamente, apontando para a 0
 Triste2a do omem "o're( ua(
,unca "assa do "ão duro&  K3(
dos tra"os com !ue se co're$ 1H0 CAM.
A)e#ria . coisa vã &tremendo(
,ão 3 es"7ranas !ue   enor(
des"ontem$ SEN. <1
&mais forte( 5
em"re o dia de amanã K3(
vem i#ua) ao dia de ontem$ 1H5 CAM.
Meu senor& tende "iedade( &no má!imo do susto(
e o*e . domin#o e a!ui ando   enor(
não . "or mina ma)dade SEN.
!ue me o"ono ao vosso mando$ &de0nitivamente(
C tudo necessidade$ 1I0 K3(
,ecessidade& at. !uando4 <<
SEN. &*om o ribombo de um trov1o, a 0
&sempre irado( cena escurece quando o Senhor 
,ão teno nada com isso( do Mundo  pronuncia o )ltimo
ecaste4 Vais ter casti#o( 23á45. #uando a cena de novo se
 Teno tudo ao meu servio 1I5 ilumina, o Senhor do Mundo e
e nin#u.m 'rinca comi#o( o pobre Camponês
O casti#o !ue vais ter desapareceram, e a lua cheia, <<
ser3& "7ra ver#ona tua no local em que estava, 5
 patenteia agora as suas
&olha em redor como manchas, onde se evidencia, até
quem procura o que 1J0 foradamente, a 0gura do pobre
há de decidir. Camponês com o molho de
 Apontando para a ua( lenha às costas, em atitude de <=
caminhante. A Narradora, que 0
O)a "7ra a)i$  permaneceu no palco durante
toda a cena anterior, volta-se
CAMP.  para o p)blico e diz, apontando
&parvamente( NAR.  para a ua(
C a /ua$ <=
SEN. 1J5 E )3 est3 e)e& coitado( 5
&irado( E da)i nin#u.m o tira(
ois !ue . !ue avia de ser(4 O !ue va)e . !ue . mentira
&com dignidade( "or!ue oi tudo inventado$
Essa /ua !ue a).m vs &pausa(
ir3 ser tua morada$ Es"ero !ue tenam #ostado
CAMP. <00 da )etra e do desem"eno <>
&a/ito( da istória 'reve da /ua$ 0
enor( ó "or esta ve2( Mas a "ea continua$
ou um "o're cam"ons( Eu vou )3 dentro e *3 veno$
SEN. &sai(
 K3 sei$ ,ão di#as mais nada$
rocuravas esconder-te <>
5

&+ntram dois homens do <5 &batendo bem as sílabas( <J5


 povo,  Aap!"o e  #er$n!mo, 0 As-tró-no-mo . !ue se di2$
que logo se percebe virem a
discutir a respeito da ua.  JER. E isso !ue .4 ,ão "erce'o(
 #er$n!mo é ignorante6
 Aap!"o n1o é tanto.( AGA.  K3 oi dito$ ,ão ouviste4
<5 e não "erce'es& desiste&
 JER.  Tu .s teimoso& A#a"ito( 5 não aas "a"e) de #e'o$ =00
&apontando a ua(
Então não vs !ue . um omem4 AST. Mas vamos então )3 ver$
A+na) de !ue se trata4
AGA ois !ue "or 'urro me tomem
. mas nisso não acredito$ AGA. Este ca'ea de )ata
Querias tu !ue osse a)#u.m não 3 meio de "erce'er&
!ue a)i estivesse estam"ado( <? coitado& não com"reende& =05
 +)o da tua mãe( 0 !ue a manca !ue a).m se
Eu sou teimoso& est3 'em& estende
mas tu .s 'urro ca"ado$ &aponta para a lua(
Ou som'ra ou )3 o !ue se*a&
&+ntra o  As"r$nomo, 0gura ,ão "ode ser a +#ura =10
de sábio, bem disposto e <? De nenuma criatura&
divertido, velho, 5 De a)#um omem !ue )3 este*a$
despenteado e simpático. AST.
7ransporta um tripé e um 6t3 certo& e at. ca)a 'em
8culo comprido que, na !ue vos vou tirar as teimas$
altura pr8pria, instalará em Eu c3 não sou de to)eimas =15
cena.( mas& me)or do !ue eu& nin#u.m
<H conece o mundo ce)este&
AST. Ora vivam& meus senores( 0 vocs são omens de sorte(
Uma noite como esta desde o su) at. ao norte&
não . eita "7ra rancores$ desde )este at. oeste$
6t3 a ,ature2a em esta$ =<0
O ar2ino ceira a Lores$ &dispondo-se a montar o
&noutro tom( 8culo sobre o tripé para a
ar7ceu-me !ue discutiam <H observa1o da ua(
!ua)!uer coisa so're a /ua$ 5
Ora dai-me a!ui 6ma a*uda
 JER. C verdade$ "ara assentar o tri".$
 JER. =<5
AST. E !ue di2iam4 Essa coisa "7ra !ue .4
e ca)ar não se entendiam$ <I AST.
0  K3 vai "erce'er$ :a)uda(
AGA :ada um +cou na sua$  JER.
. &pegando no 8culo(
 Ta)ve2 "ossa ser "rest3ve) E este #rande canudo4
AST. com mina sa'edoria$ AST.
Dedico-me  astronomia$ e#ue ne)e com cuidado$
ou astrónomo& e not3ve)$ AGA. ==0
:oneo o c.u "onta a "onta  Tu não "odes 6star ca)ado4
e os astros todos sem conta Era 'om !ue osses mudo$
tão 'em como o meu nari2$ <I AST.
5 &perante o 8culo 9á montado no
&de boca aberta, a Agapito( tripé(
 JER. Que . isso de ser astrónimo4 Este tu'o tem 6mas )entes ==5
de eitios es"eciais$
,ão se*as "arvo& Kerónimo( ão vidros mas eBce)entes&
AGA <J
. 0

"o)idos e trans"arentes  JER. E 3 )3 uvas aos cacos


como );m"idos cristais$ e nos 'uracos 3 eras4
&referindo-se a cada um dos
respetivos e!tremos do =>0 AST. ,ão$ ,a /ua não 3 vida&
8culo( nem ")antas nem animais$ =I5
A )u2 vem "or este )ado& &declamando(
e . "or a!ui !ue se es"reita& C como 'arca "erdida&
"or esta a'ertura estreita$ deso)ada e adormecida
E v-se tudo aumentado$ nos es"aos siderais$
 JER. =>5 &voltando ao mesmo tom( =J0
&aparte, a Agapito( ,ão tem 3#ua nem tem ar$
 Tu não tens medo& A#a"ito4
Acas !ue isto não dis"ara4 AGA Então o !ue . !ue e)a tem4
AGA .
.  Tem ver#ona nessa cara(  Tem rocas$
AST.
 JER. arece-me isto es!uisito$ E tem )uar$
=50  JER.
AST. &espreitando pelo 8culo( sso . da )u2 !ue )e vem =J5
:3 est3 e)a( :3 est3 e)a( AST. do o) !uando 'ate ne)a&
A /ua dos meus amores( como se a )u2 incidisse&
Venam v-)a& meus 'atesse e se reLetisse
senores& =55 nos vidros de uma *ane)a$
E di#am se não . 'e)a$ Essa )u2 !ue o o) )e d3 >00
&a 3er8nimo( !uando 'ate nas montanas
Ora es"reite "or a!ui$ e nas crateras tamanas
 JER. orma essas som'ras
&espreitando, com grande estranas
espanto( =?0 !ue nós notamos de c3$ >05
Ni$$ii$$iiii( :om as ormas !ue
A#arrem-me senão caio( a"resentam
:omeo a sentir-me aLito$ não admira !ue as tomem
Es"reita a!ui& A#a"ito$ como sendo ormas de
e não me acodem& desmaio( omem&
AGA =?5 AGA mas são coisas !ue inventam$ >10
. &espreitando( .
O( Mas isto va)e a "ena Ouves& Kerónimo4 E então4
ver-se com todo o va#ar$ Quem . !ue tina ra2ão4
Di2 )3 com sinceridade$
AST.  Tem muito !ue a"reciar  JER.
!ue a /ua não . "e!uena$ &abanando a cabea e >15
=H0 torcendo o nariz(
 JER. &a Agapito( Essa coisa das montanas
E o ta) omem !ue )3 6stava4 mais me "arecem "atranas
do !ue a)as de verdade$
AGA Vem c3 tu$ V )3 se o vs$ AST.
. &despindo o casaco( ><0
&espreitando( Então aamos de conta
 JER. ó ve*o covas  'rava$ =H5 !ue o casaco . a montana$
A)i . !ue eu não andava Da)i vem o o) !ue a 'ana$
!ue at. entortava os ".s(
&Acende-se um pro9etor 
ois essa o"inião sua que dará no ch1o as ><5
AST. . mais certa do !ue "ensa sombras do casaco e
"or!ue a su"er;cie imensa =I0 das pessoas. "
do astro camado /ua  As"r$nomo suspende o
. toda aos a)tos e 'aiBos casaco pela gola(
com montanas e crateras$

e eu "e#o-)e a!ui na "onta$ Foram  /ua& vieram&


&para 3er8nimo( e de es"anto emudeceram
6t3 vendo as som'ras no a umanidade inteira$ >H0
cão4 >=
V a mina e v a sua4 0 &+ntra a Rapar!a das
A; tem as mancas da /ua$ %ases. :este um tra9o
erce'eu a eB")icaão4 comprido, amplo e liso,
AGA com a frente branca e
. Pem #ostava eu de sa'er as costas pretas, de tal >H5
as coisas !ue o senor sa'e( modo que vista de
frente se v% toda
AST.  Todo o tem"o . de a"render >= branca6 de costas toda
desde a ora do nascer 5  preta6 de per0l, metade
at. !ue a vida se aca'e$ branca e metade preta.( >I0

 JER. 6tar3 tudo muito certo RAP. Descu)"em a intervenão$


mas eu não vou s "rimeiras$ :a)ou "assar "or a!ui
e mesmo sem !u7rer ouvi
AGA em"re oste muito es"erto$ toda a vossa discussão$
. >>
,ão est3 "ensando decerto 0 AST. Fa)3vamos so're a /ua$ >I5
AST. !ue eu este*a a di2er asneiras$
RAP. Eu sei& eu sei$ E o senor
ois se at. *3 me disseram a)ava como um doutor
 JER. !ue 3 tem"o os *ornais muito se#uro da sua$
a)aram into-me ceia de sorte
nuns tais omens !ue e a"roveito a ocasião >J0
estiveram >> "7ra )e "r uma !uestão&
na /ua& oram& vieram& 5 no caso !ue não se im"orte$
e se "or )3 não +caram
oi só "or!ue não !uiseram$ AST. oder ensinar a)#u.m
AST. @ra mim . sem"re uma esta$
E voc não acredita4
 JER. RAP. ois então a!ui a tem$ >J5
&rindo( A mina dvida . esta$
A( A( A( Que #rande +ta( >5 ,unca "erce'i "or!u
AST. 0 nem sem"re a /ua se v
ois então +!ue sa'endo co7a orma !ue deve ter$
!ue oi mesmo como disse$ não sei onde e)a se esconda 500
 JER. "ara s ve2es ser redonda
&rindo( e outras ve2es não ser$
A( A( A( Mas !ue to)ice(
,ão acredito nem vendo$  JER. Ande )3& ande$ Res"onda$
AGA >5
. Mas !ue teimosia a tua( 5 AGA.  Tam'.m me interessa sa'er$

 JER. ó se os "useram na /ua  JER. &aparte, para Agapito( 505


com dois coices de *umento$ 6tou a ver !ue esta seresma
&rindo(  *u)#a !ue a /ua . a mesma&
A( A( A( Que at. re'ento( mas são v3rias& "ois não são4

AST. e não !uer acreditar >? AGA. Ai& Kerónimo& Kerónimo(


isso a#ora . )3 consi#o 0 ,ão nasceste "ara Sastrónimo$ 510
mas !ue . certo o !ue )e di#o :a)a a 'oca& "arva)ão$
"osso *urar e *urar$
A not;cia !ue )e deram
C de todo verdadeira$

>?
5

AST. &para a ;apariga( AST. Da!ue)es v3rios as"etos


e não erro& )3 na sua& !ue nos são a"resentados
o !ue a menina "retende 3 !uatro casos concretos
. conse#uir ver se entende 515 !ue tm nomes com")etos 550
as !uatro ases da /ua$ e 'astante a"ro"riados$
,ão . isso4 Em cada um se acentua
a situaão !ue )e ca'e$
RAP.   EBatamente( :amam-se as ases da /ua
e isso não )e der maada$ como toda a #ente sa'e$ 555

AST. ,ão me maa mesmo nada$ 5<0 &apontando para a Rapar!a


Fico at. muito contente$  para que lhe responda(
&pigarreia e comea o
discurso( As ases são
Deve )em'rar-se da esco)a
!ue a /ua . 6ma #rande 'o)a& 5<5 RAP. /ua ceia$
como os astros todos são&
e !ue andam  vo)ta da Terra$
,ão se atrasa nem em"erra$
:um"re a sua o'ri#aão$
 JER.
&a Agapito( 5=0
arece-me isto mentira$
AST.
E a).m disso tam'.m #ira
como se osse um "ião$
e a /ua não se movesse& AST. &apontando para Agapito( 5?0
se estivesse a)i "arada& 5=5 e#ue-se
&aponta para a ua(
!ua)!uer orma !ue tivesse AGA. Quarto min#uante$
não se mudaria em nada
!uando a )u2 do o) )e
desse$ 5>0
Assim& o as"eto !ue tem
nas v3rias ocasi9es
de"ende das "osi9es
de)a& do o)& e tam'.m
da Terra& evidentemente$
RAP. Fi2-me entender4 5>5

  :ertamente$
:om"reendi muito 'em$ AST. E de"ois4$$$
&aponta para #er$n!mo (

 JER. &encolhendo-se( 5?5


,ão ao ideia$
C me)or "assar adiante$

AST. &apontando de novo para a


Rapar!a (
De"ois 5H0

RAP. C a )ua nova$

AST. E a#ora& +na)mente AST &pega na m1o da


&aponta para #er$n!mo ( . Rapar!a e condu-la
até ao fundo da cena( ?10
 JER. 6cusa de me "r  "rova$
Ora co)o!ue-se a!ui
AST. &apontando para Aap!"o ( 5H5 vo)tada "ara este )ado$
E de"ois
&0ca voltada para a
AGA Quarto crescente$ direita do p)blico(
.
O A#a"ito "9e-se a)i$ ?15

&aponta-lhe a boca da
cena onde Aap!"o 0ca
colocado de costas para
o p)blico, distanciado
da Rapar!a , e ?<0
agachando-se, se for 
 preciso, para n1o a
encobrir da vista dos
&satisfeito( espetadores. *ontinua,
AST. A!ui estão as !uatro ases$ acenando para ?<5
Ora a"rendam& meus ra"a2es& 5I0  #er$n!mo (
e a menina i#ua)mente(
O ami#o a!ui& "er+)ado&
&<urante toda esta )ltima
conversa, e sempre na &dirigindo-se para a
altura pr8pria, a lua cheia Rapar!a (
que se via no céu passa a 5I5
quarto minguante, depois e vo)tado "ara si$
desaparece quando se fala
RAP.→
em lua←JER.
nova, e por 0m
 passa a quarto crescente.

 As imagens aparecem no 5J0
céu à medida que v1o
AGA.
sendo proferidas as
respetivas designaes.
 Ap8s o )ltimo verso volta ?=0
a aparecer no céu a lua 5J5 &dirigindo-se a cada um
cheia conforme estava  por sua vez(
antes de se falar nas
fases.( A menina a2 de /ua&
a Terra . o A#a"ito&
AST. &noutro tom, falando para a e o Kerónimo atua ?=5
Rapar!a ( ?00 como o o)& o mais 'onito$
ó a#ora . !ue re"aro
no tra*o !ue tem vestido$ &afastando-se do
con9unto e iniciando a
RAP. C 'onito e . 'om tecido& e!posi1o que vai
e at. não oi nada caro$ seguir-se(

AST. Fica-)e mesmo  eião$ ois vena o o)& sem ?>0


?05 demora$
RAP. E rea)a o tom da "e)e$
&um pro9etor, como se viesse
AST. ois eu vou servir-me de)e de  #er$n!mo, ilumina a
"ara )es dar 6ma )ião$ frente da Rapar!a 

Eis a /ua i)uminada$ RAP. &falando para o As"r$nomo (


Uma dvida me resta$ ?I5
&apro!ima-se do Quando ve*o só metade&
intevalo entre a ?>5 !ue "ode ser esta
Rapar!a e  #er$n!mo
e coloca-se &aponta para o céu onde está
e!atamente nesse  (
intervalo
ou esta&
e a terra estivesse a#ora ?50 ?J0
neste es"ao co)ocada &muda a imagem para (
ver;amos )ua ceia&
redondina como um !uei*o& eu teno di+cu)dade
do mesmo modo !ue a ve*o em "erce'er de re"ente
se essa metade 'ri)ante
&aponta para a ua do ?55 !uer di2er !uarto min#uante ?J5
cenário( ou di2er !uarto crescente$
 JER. e
neste c.u !ue nos rodeia$ AGA. sso& isso& di#a )3$
,ós tam'.m !u7remos sa'er$
&vem até 9unto de AST.
 Aap!"o ( ois vou res"onder-vos *3
e *amais se ão de es!uecer$ H00
Mas se a Terra est3 da!ui ??0 e a )ua "arece um D
 *3 isso não . verdade$
:o7o o) co)ocado a)i& &pro9eta-se a imagem (
!uem o)ar da!ui "7r7a; 
6stava 'em di2er Sdecresce&
&aponta para a
Rapar!a que durante ??5 &acentua bem a primeira
a cena se mantém sílaba de 2decresce5(
sempre com o corpo H05
de per0l, voltada para e !uando "arece um :
 #er$n!mo
&pro9eta-se a imagem (
só v da /ua metade$
?H0 devia di2er !ue Scresce$
&a ua do cenário
 passa a metade ( &acentua bem o c inicial(
 JER.
 Tudo +ca 6sc)arecido Que coisa tão curiosa(
o)ando "7r7o seu vestido$ AGA. H10
erce'eram4 Aco isso eBtraordin3rio(
?H5 AST.
&s8 a partir desde C eBatamente o contr3rio
momento os "or!ue a /ua . mentirosa$
0gurantes se retiram e tem a orma de um D
das posies em que
RAP. estavam( &aparece a imagem (
H15
AGA Muito certo$ ?I0 isso !uer di2er !ue cresce&
. e !uando "arece um :
&a #er$n!mo (
Quero crer !ue te convenas$ &aparece a imagem (
 JER.
,unca tina desco'erto si#ni+ca !ue decresce$
a ra2ão destas dierenas$

RAP., &em dic1o cantada em


AGA. coro( H<0
,e
 JER. Ai !ue #iro !ue isto .(
Que coisa tão #raciosa
de trocar o : co7o D(
:omo a /ua . mentirosa(
Ai !ue #iro !ue isto .( H<5
Vamos todos dar ao ".
"or!ue a /ua . mentirosa(

&*antam e danam
todos repetindo os
)ltimos tr%s versos, H=0
enquanto a luz  
esmorece até se apagar 
de lado. +ntretanto
 poderá surgir no céu
uma lua caricatural, H=5
com olhos, nariz e boca,
 piscando o olho.(

FIM

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