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Prova Escrita de Biologia e Geologia n.

º 2 VERSÃO 1 5 dezembro 2023

10º Ano de Escolaridade Duração da Prova: 90 minutos

Prof.ª Maria Tomaz 6 Páginas


Registe de forma legível a versão da prova.
Utilize apenas caneta ou esferográfica de tinta azul ou preta.
Não é permitido o uso de corretor. Risque aquilo que pretende que não seja classificado.
Para cada resposta, indique o grupo e o item.
Apresente as suas respostas de forma legível.
Apresente apenas uma resposta para cada item.
As cotações dos itens encontram-se no final do enunciado da prova.
Nas respostas aos itens de escolha múltipla, selecione a opção correta.
Escreva, na folha de respostas, o grupo, o número do item e a letra que identifica a opção escolhida.
GRUPO I
Há mais de cinco décadas que se investigam os sedimentos dos fundos oceânicos, assim como os
microfósseis aí presentes. Recentemente, uma equipa internacional de investigadores recorreu a estes
vestígios para estudar os padrões do clima nos últimos 66 milhões de anos (Ma). Os cientistas reconstruíram
e analisaram as alterações climáticas globais examinando as evidências preservadas em isótopos de
oxigénio e de carbono (18O e 13C, respetivamente) obtendo informações relativas às paleotemperaturas dos
mares profundos, aos volumes globais de gelo e ao ciclo do carbono. Estes isótopos são armazenados em
conchas de microrganismos unicelulares dos fundos marinhos, os foraminíferos. Estas conchas são formadas
por precipitação de carbonato1, pelo que, ao incorporar este elemento, os foraminíferos criam uma
“impressão digital química” da água do mar. Assim, ficam registadas alterações nos ciclos do carbono e do
oxigénio, influenciados pela temperatura e nível do mar. A velocidade de deposição de material no fundo
marinho é de cerca de 1 centímetro/1000 anos, pelo que o clima global vai ficando gravado, de forma
lenta mas precisa, nas profundezas do oceano.
Estes estudos resultaram numa nova curva de referência climática (figura 1), a partir de 14 registos de
perfuração oceânica de 12 laboratórios internacionais e de arquivos do solo oceânico recolhido na Antártida
desde 1966.
Foram detetadas nas conchas pequenas variações na proporção de carbono, que estão diretamente
ligadas à biosfera e ao ciclo global do carbono: a emissão de CO2 para a atmosfera, por fenómenos naturais
como erupções vulcânicas, conduz ao aumento da dissolução deste gás no oceano.
1 2−
carbonato - substância mineral que apresenta na sua composição química o ião CO3 .

Figura 1- Variação do isótopo 18O registado em sedimentos marinhos desde há 65 Ma até ao presente.
Baseado em www.publico.pt (consultado em setembro de 2020), Westerhold, T. et al. (2020) An astronomically dated record of Earth’s climate
and its predictability over the last 66 million years, Science

Prova Biologia e Geologia n.º 1 / Pág. 1.


1. Identifique no gráfico da figura 1 as variáveis dependente e independente.

Nas questões de 1. a 3., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.


1. Na formação de sedimentos intervêm processos de:
(A) meteorização e erosão. (C) erosão e transporte.
(B) meteorização, erosão e transporte. (D) erosão, transporte e diagénese.

2. As rochas sedimentares que englobam restos de seres vivos, como conchas, e as rochas
formadas por clastos denominam-se, respetivamente,
(A) detríticas e biogénicas. (C) biogénicas e detríticas.
(B) quimiogénicas e detríticas. (D) detríticas e quimiogénicas.
3. A proporção entre isótopos instáveis e isótopos estáveis informa sobre a idade da estrutura
em que estes são encontrados. A datação baseada em radioisótopos …
(A) é uma técnica de datação relativa, que permite atribuir um valor numérico à idade da rocha ou
da estrutura a ser datada.
(B) apenas pode ser utilizada de forma segura na datação de rochas magmáticas e sedimentares.
(C) admite que o tempo de semivida de um par de isótopos é igual a metade do tempo de vida dos
isótopos-pai.
(D) é fiável pois a variação da proporção isótopos-pai/isótopos-filho não é afetada pela variação das
condições ambientais.
4. A restrição da utilização de dados relativos aos foraminíferos de dois
géneros (Cibicidoides e Nuttallides) teve como objetivo :
(A) permitir a comparação dos valores ao longo do tempo, eliminando potenciais diferenças
entre espécies na incorporação dos isótopos nas conchas.
(B) avaliar o clima nos últimos 1000 anos.
(C) determinar a origem (natural ou antropogénica) dos isótopos 18O e 13C.
(D) estimar o aquecimento global nos próximos 66 Ma.

5. Tendo em conta a velocidade de deposição de sedimentos no fundo oceânico


(A) é previsível que esta aumente com o aumento da temperatura do oceano.
(B) serão necessários 100 000 anos para a formação de uma camada de sedimentos com 1 metro
de espessura.
(C) é possível determinar com exatidão as variações nas correntes mais profundas desde o
Mesozoico.
(D) os cientistas conseguiram determinar a idade da Terra.

6. Justifique a afirmação: “A deposição de sedimentos nos fundos marinhos pode enquadrar-se


numa perspetiva uniformitarista”.

2
GRUPO II
Um estudo publicado recentemente conclui que estratos geológicos presentes na Tasmânia
(Austrália) são semelhantes a estratos presentes no Grand Canyon (EUA), estando atualmente
separados cerca de 13 000 km.
Os estratos estudados têm entre 1250 a 1100 M.a. e formaram-se no Proterozoico, quando
todas as massas continentais estavam unidas, formando o supercontinente Rodínia (fig. 2A). Para
além da idade, a sequência estratigráfica e a composição das rochas também são semelhantes
entre a Tasmânia e o Grand Canyon (fig. 2B).
O estudo publicado obriga a repensar a paleogeografia da Rodínia entre 1250 a 1100 M.a. atrás
e implica uma deriva de cerca de 4000 km do continente australiano e antártico relativamente à
Laurentia. Esta correspondia à massa continental que inclui a atual Gronelândia e América do
Norte e onde se localiza o Grand Canyon. A junção das massas continentais ficou completa há
cerca de 900 M.a.
Tasmânia Grand Canyon
B
A

Figura 2.
Após a formação da Rodínia, seguiu-se uma nova fragmentação, que ocorreu entre 825 e 550
M.a. atrás. Durante esta fragmentação, a Terra entrou num período glaciar e ficou quase
totalmente coberta por gelo. Os investigadores suspeitam que a atividade vulcânica impediu a
Terra de entrar numa idade do gelo permanente.
Baseado em https://bit.ly/2QLvuJw (consult. nov. 2018); Mulder et al. (2018). Rodinian devil in disguise:
Correlation of 1.25–1.10 Ga strata between Tasmania and Grand Canyon. Geology. 46(11): 991-994.

Nas questões de 1. a 8., selecione a opção que completa corretamente as afirmações.


1. De acordo com os dados da figura 2A,
(A) a Austrália ocupava, há 1100 M.a. a posição atual, no hemisfério sul do globo terrestre.
(B) é expectável encontrar uma continuidade litológica entre algumas rochas da América do
Norte e da Antártida.
(C) a deriva continental defendida por Wegener para a Pangeia não está correta.
(D) é possível concluir que as massas continentais não sofreram deriva nos últimos 1000 M.a.
2. A datação relativa dos estratos da figura 2B
(A) pode ser realizada com base na sobreposição dos estratos.
(B) pode ser obtida por datações radiométricas.
(C) não pode ser efetuada recorrendo a fósseis, caso estes estejam presentes.
(D) permite obter uma idade numérica, expressa em milhões de anos.
3
3. Os quartzitos da Formação de Jacob, na Tasmânia, são rochas que resultaram da
(A) atividade vulcânica, com emissão de lava rica em sílica.
(B) meteorização de um arenito, semelhante ao da Formação Shinumo (Grand Canyon).
(C) solidificação de magmas oriundos da crusta oceânica.
(D) recristalização no estado sólido de rochas preexistentes ricas em quartzo.
4. No processo de fragmentação da Rodínia iniciado há 825 M.a., instalaram-se ___ nas regiões
continentais, que deram origem a ___.
(A) riftes … cadeias montanhosas
(B) riftes … bacias oceânicas
(C) zonas de subducção … cadeias montanhosas
(D) zonas de subducção … bacias oceânicas
5. As zonas de subducção correspondem a limites tectónicos do tipo ___, em que ocorre ___ de
placa litosférica.
(A) divergente … construção. (C) convergente … construção.
(B) divergente … destruição. (D) convergente … destruição.

6. Na datação absoluta dos estratos da figura 2B, é de esperar, do topo para a base da sequência
estratigráfica,
(A) uma manutenção da relação isótopo-pai/isótopo-filho.
(B) uma diminuição do tempo de semivida dos isótopos instáveis.
(C) um aumento do tempo de semivida dos isótopos instáveis.
(D) uma diminuição da relação isótopo-pai/isótopo-filho.

7. A atividade vulcânica durante a fragmentação da Rodínia impediu que a Terra se transformasse


de forma permanente numa “bola de gelo”, pois
(A) as poeiras finas libertadas reduziram a passagem de radiação solar.
(B) o dióxido de carbono libertado pelos vulcões aumentou o efeito de estufa.
(C) as poeiras finas libertadas aumentaram a passagem de radiação solar.
(D) o dióxido de carbono libertado pelos vulcões diminuiu o efeito de estufa.

8. A construção da escala do tempo geológico está dependente


(A) apenas da ocorrência de factos biológicos.
(B) exclusivamente da descoberta de extinções em massa.
(C) apenas da ocorrência de factos geológicos.
(D) da ocorrência de fenómenos biológicos e geológicos.

9. Ordene os seguintes acontecimentos, que no ciclo das rochas, podem conduzir à formação de
uma rocha plutónica a partir de uma rocha vulcânica:
A. Cristalização de minerais a partir de material em fusão.
B. Recristalização de minerais, associada ao aumento de pressão litostática.
C. Deposição de sedimentos, Formando estratos horizontais.
D. Alteração da rocha devido à atuação dos agentes de geodinâmica externa.
E. Fusão da rocha em ambiente de aumento de pressão e de temperatura.

10. Na reconstituição da Rodínia e da Pangeia, o supercontinente que se formou há cerca de 300


M.a., não foram usados dados relativos a rochas do fundo oceânico por ausência destas.
Relacione este facto com as características das rochas do fundo oceânico e com a tectónica de
placas.
4
11. Sabe-se muito pouco sobre o Pré câmbrico, que corresponde aos primeiros 4000 Ma da história
da Terra. Pelo contrário, há muita informação sobre as eras Paleozóica, Mesozóica e Cenozóica.
Apresente explicações usando argumentos distintos.

GRUPO III
O golfo da Califórnia, cujo contexto tectónico está
representado na figura 3, fica localizado no México. A
população local designa o golfo por “Mar de Cortez”.
Na região, a sua morfologia revela tratar-se de uma grande
cadeia montanhosa subaquática, associada a uma zona de
rifte, chamada East Pacific Rise. A East Pacific Rise estende-
se desde o México até próximo da Antártica. Nestas regiões
podem ainda ser observadas diversas e longas falhas
transformantes, associadas aos limites tectónicos com um
sentido de movimento relativo lateral entre duas placas
litosféricas, a Placa Norte-Americana e a Placa do Pacífico.
Baseado em https://www.mbari.org/the-geologic-setting-of-the-gulf-of-california/
(consultado em 20 de outubro de 2019)

Figura 3. Localização geográfica do golfo da Califórnia.


Nos itens de 1. a 6., selecione a letra da opção correta.
1. A placa ___ move-se para ___.
(A) do Pacífico ... noroeste, devido a forças tectónicas distensivas
(B) do Pacífico ... noroeste, devido a forças tectónicas compressivas
(C) Norte-Americana ... noroeste, devido a forças tectónicas distensivas
(D) Norte-Americana ... sudeste, devido a forças tectónicas compressivas
2. À medida que nos afastamos da crista médio-oceânica, a litosfera é:
(A) mais quente e recente do que a que se encontra no rifte.
(B) mais quente e antiga do que a que se encontra no rifte.
(C) mais fria e recente do que a que se encontra no rifte.
(D) mais fria e antiga do que a que se encontra no rifte.
3. No golfo da Califórnia ocorre:
(A) ascensão de magma no rifte, havendo a destruição da litosfera.
(B) subducção da placa mais densa, havendo a destruição da litosfera.
(C) manutenção da litosfera nos limites conservativos.
(D) movimento transformante, devido à destruição da litosfera.

4. Nos limites convergentes, a placa oceânica mergulha sob a placa continental, uma vez que é
constituída essencialmente por:
(A) granito, e por isso é menos densa. (C) basalto, e por isso é menos densa.
(B) granito, e por isso é mais densa. (D) basalto, e por isso é mais densa.

5. Nos limites das placas que apresentaram um movimento divergente verificam-se fenómenos de:
(A) espessamento crustal e subducção. (C) conservação da litosfera.
(B) estiramento crustal e construção de litosfera. (D) orogenia e estiramento crustal.

6. Na Terra, alguma da energia necessária para a atividade geológica externa provém:


(A) da radioatividade. (C) da atividade vulcânica.
(B) do efeito das marés. (D) da contração gravitacional.

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7. Ao contrário das cadeias montanhosas subaquáticas, as cadeias montanhosas continentais não
são consequência da ascensão magmática nos riftes.
Explique, tendo em conta o contexto tectónico, a formação das cadeias montanhosas continentais.

8. Associe a atividade vulcânica aos limites tectónicos.

9. Um ciclo oceânico completo implica o processo de abertura e fecho de um oceano, com a


consequente formação de uma cadeia orogénica.
Ordene a sequência cronológica de acontecimentos associados a este ciclo, numa relação de
causa-efeito.
A. Início do alargamento de um oceano primitivo.
B. Estiramento de crosta continental.
C. Início de subducção de crosta oceânica, geralmente mais antiga e mais densa.
D. Formação de cadeias montanhosas de colisão.
E. Ocorrência de vulcanismo em margens continentais.

Item
Grupo
Cotação (em pontos)
1. 2. 3. 4. 5. 6.
I
7 7 7 7 7 10 45
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9 10 11
II
7 7 7 7 7 7 7 7 7 10 10 83
1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9.
III
7 7 7 7 7 7 10 12 8 72
Total 200

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