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Estudo da Distribuição dos

Campos de Dunas no Polo Sul


de Marte

Diego Dal Pozzolo Dos


Santos
Bernardo Sayão Penna e
Souza
Introdução
 Os Estudos de Geomorfologia, Geologia, e Climatologia
não se restringem ao planeta Terra, sendo
importante ferramenta de comparação e análise.
Conforme Mendonça (1997), p.41
 “A criação de novos espaços externos a Terra é uma
realidade derivada da odisseia humana em busca de
novas áreas é algo concernente à própria
capacidade intelectual do ser humano. Esta
conquista espacial e os seus reflexos sobre a sociedade
configura-se certamente um novo paradigma cientifico,
quase restrito na atualidade ao domínio das ciências
físicas e naturais, porém de forte conotação
geográfica.”
 Para Baker & Twindale (1991, p.90), a Geomorfologia é
mais intelectualmente estimulante e quando ocorre uma
intima associação entre o cientista e a paisagem. Esta
associação entre fatos e fenômenos é facilitada sem as
amarras como, paradigmas obsoletos, modismos ou
ideologias, sendo mais focada na descoberta de novos
fenômenos e no desenvolvimento de explicações,
aceitando mais facilmente paradigmas novos.
 Há também uma significativa valorização de estudos de
fenomenos raros e anômalos e nas condições
particulares que levaram a sua formação. Esses
pesquisadores foram considerados até a década de 1990
renegados (Maverick Geomorphologists), pois trabalhavam
fora das correntes principais de pensamento geográfico.
Tipos de Dunas
Barchanoid
Barchan Dome

Abbreviation: D
Abbreviation: Bd
Abbreviation: B
Row of connected crescents in plan view, 1 slipface
Circular or elliptical mound,
Crescent in plan view, 1 slipface (McKee, 1979) no slipfaces (McKee, 1979)
(McKee, 1979)

Linear Star Transverse

Abbreviation: S
Abbreviation: L Central peak with 3 or more arms, 3 or more slipfaces
Abbreviation: T 
Symmetrical ridge, 2 slilpfaces (McKee, 1979) (McKee, 1979) Asymmetrical ridge, 1 slipface
(McKee, 1979)
Sand Sheet

The following are some dune types that have not


yet been classified. This is typically due to lack of
suitably detailed images/ sobrepositon of types.
(U)
Abbreviation: SS
Sheetlike with broad, flat surface, no slipfaces
(McKee, 1979)
 Material e Método
 Para a elaboração deste trabalho foi empregada a Mars Global
Digital Dunes Database (MGD3) do USGS elaborada por
Hayward et al (2007), uma base de dados digital que torna
possível visualizar as dunas em um contexto
global/regional/local, Fornece uma ampla gama de fontes
cartográficas tanto raster (imagens) quanto vetoriais
(shapefiles).
 Os dados estão divididos em três blocos Polo Norte (NP-USGS
Mars Chart MC-1), Equatorial (EQ-USGS Mars Chart MC-2 a
MC-29),e Polo Sul (SP NP-USGS Mars Chart MC-30). No Polo
Norte as dunas que foram identificadas são parte de grandes
mares de areia dispostos ao redor da calota polar, ocupando
uma área de ~845.000 Km2 na faixa entre 75º a 80ºN.Por
sua vez a maior parte dos campos de dunas na região
Equatorial ~70.000km2 e no Polo Sul ~ 75.000Km2.
 Os dados do MGD3 estão disponíveis no website USGS <
http://pubs.usgs.gov/of/2012/1259 > na projeção Polar
Esterográfica.
 Neste trabalho foi feito um estudo das crateras preenchidas
por Dunas na região Promethei Terra
Interação entre Dunas e Topografia
Um outro tipo de duna bastante
raro e incomum descrito por
Hayward et (2014, p.40) as dunas
Bullseye, cujas cristas encontram-se
alinhadas paralelas a borda da
cratera da qual se encontram ,
formando uma série de anéis
concêntricos. Estas dunas não
possuem análogos terrestres, sendo
mais numerosas no hemisfério sul
marciano, entre as latitudes de 59ºS
e 80ºS.

Dunas Bullseye
Fonte: Fenton&Hayward (2010)
Interação entre Dunas e Topografia
De acordo com Fenton & Hayward
(2010)p.118, uma das possíveis
explicações para as dunas Bullseye é
de que suas bandas transversais
concêntricas foram criadas tanto por
ventos de drenagem (catabáticos),
que fluem radialmente ao redor das
paredes internas em direção ao
fundo da cratera, ou correntes de ar
ascendentes, também radiais devido
Interação do vento com a topografia
ao mesmo controle topográfico de
Fonte: Melosh (2011) mesoescala das paredes íngremes
do interior das crateras.
Distribuição Geográfica dos
Campos de Dunas no Polo Sul
(MC-30)
Discussão dos Resultados
 Foram identificados 74.919
km2 de dunas divididos em
746 campos de dunas
destes 425 ou 56,97% delas
encontram-se no interior de
crateras. Quanto as
longitudes, 97 ou 13% dos
campos de dunas estão
localizados entre 90ºE e
120ºE , na região conhecida
como Promethei Terra
Mapa Geológico
 mNh (middle Noachian highlands,
Terras altas do período noachiano
médio,com cerca de 3.96 bilhões de
anos) sendo fortemente craterizada, e
marcada localmente por densos vales,
grabens e cordilheiras alinhadas.
Composta por material indiferenciado
de impacto, vulcânico, fluvial e bacia,
com degradação moderada a forte.
Outros depósitos pertencem à unidade
 Apu (Amazonian polar undiferentiated
com cerca de 274 milhões de anos)
formadas por gelo de água com
pequenas quantidades de poeira
intermixada em intervalos. Sequências
locais de inferiores feitas de dunas
congeladas intercaladas em camadas de
gelo. Apresenta uma camada sazonal
de gelo de dióxido de carbono de cerca
de 300 m de espessura.
 AHI (Amazonian Hesperian Impact
unit)Crateras de impacto com a
presença de camadas de ejeta
multilobadas,algumas bastante
espessas “Crateras de Pedestal”
Fonte: Tanaka (2014)
Tipos de Dunas no Hemisfério Sul
\

Crateras em Promethei Terra


Fonte: USGS
Elaborado por:Santos, D. Dal. P
 A Cratera 1169-722 código derivado de sua Longitude e Latitude, diâmetro 106,65
Km e 8.933,99 Km2 de área. Possui um campo do tipo (U) 4.683,75 Km2, o maior
campo de dunas identificado nesta base de dados e que ocupa 52,42% do total da área
do assoalho da cratera.Conhecida como cratera Burrowghs
 Na Cratera 1163-691 código derivado de sua Longitude e Latitude diâmetro 42,02 Km
e 1.464,6 Km2 de área. Possui um campo do tipo (SS) 296,19 Km2, o campo de dunas
identificado nesta base de dados e que ocupa 20,22% do total da área do assoalho da
cratera.
 Na Cratera 1117-699 código derivado de sua Longitude e Latitude, diâmetro 30,54
Km e 770,25 Km2 de área. Possui um campo dos tipos (SS,Bullseye) 91,74 Km2, o
campo de dunas identificado nesta base de dados e que ocupa 11,91% do total da área
do assoalho da cratera.
 Na Cratera 1179-688 código derivado de sua Longitude e Latitude, diâmetro 32,12
Km e 869,58 Km2 de área. Possui um campo dos tipos (Bullseye,Bd,T) 288,95 Km2, o
campo de dunas identificado nesta base de dados e que ocupa 33,23% do total da área
do assoalho da cratera.
 Na Cratera 1099-684 código derivado de sua Longitude e Latitude, diâmetro 24,95
Km e 508,34 Km2 de área. Possui um campo dos tipos (Bullseye,SS) 112,55 Km2, o
campo de dunas identificado nesta base de dados e que ocupa 22,95% do total da área
do assoalho da cratera.
Considerações Finais

 Podemos considerar as atividades eólicas como um link direto entre a atmosfera e a


litosfera e a identificação de formas de relevo eólicas fornecendo pistas para os
processos eólicos e vice-versa.
 As dunas são exemplos de sistemas emergentes na qual a continua aplicação de
regras simples levam à origem de formas complexas. Em geral as dunas marcianas
tendem a serem maiores que as suas contrapartes terrestres devido à atmosfera
menos densa que permite uma dinâmica de saltitação muito maior. Embora lento, o
movimento é constante, pois com exceção das dunas instaladas em crateras de
impacto, a maior parte da areia ainda não encontrou seu local de deposição.
 Muitas dunas permanecem não classificadas , apesar do uso de imagens de alta
resolução ,exigindo técnicas mais sofisticadas de análise que simples classificação
visual
 Promethei Terra torna-se uma área de interesse por sua localização sobre terrenos
altos e antigos do polo sul marciano, apresentando o maior campo de dunas
identificado bem como um grau de variedade de tipos de dunas, inclusive
concentrando as raras dunas Bullseye.
 A base de dados digitais MGD3 torna possível uma serie de estudos relacionando
processos eólicos e a sua interação com o relevo e a geologia em escala global ,
regional e local, permitindo avaliar os processos que moldaram a superfície de
Marte.
Bibliografia

 Baker, V.R and Twidale ,C R. The Reenchantment of geomorphology.


Geomorphology 4 , (1991),73-100p,
 Fenton,L.K& Hayward,R.K Southern high latitude dune fields on Mars:
Morphology, aeolian inactivity, and climate change Geomorphology 121
(2010) 98–121
 Greeley,R. Planetary Landscapes.2ªed. New York: Chapman &
Hall,1993,286p
 Hayward.R.K et al .Mars digital dune database—Progress and application
[abs], in Lunar and Planetary Science Conference, XXXVIII (2007): Lunar and
Planetary Institute, abstract no. 1360.
 Melosh, H. J. , Planetary Surface Processes, Cambridge Univ. Press,
Cambridge, 2011, 416 p
 Mendonça, F. A conquista de Marte e a expansão da análise
geográfica(notas para um debate) Rae’Ga, v.1Curitiba:UFPR(1997).
 Tanaka,K.L et al Geologic map of Mars: U.S. Geological Survey Scientific
Investigations Map I-3292, scale 1:20,000,000, pamphlet 43 p Disponível em
<https://pubs.usgs.gov/sim/3292/ > Acessado em 14/05/2017
Muito Obrigado!

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