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O mobilismo geológico

As placas tectónicas e os seus


movimentos
Até ao início do séc. XX, a maioria dos cientistas estava convencida
de que a posição que os continentes e os oceanos ocupavam era a
que sempre ocuparam ao longo de toda a história da Terra.
A teoria das pontes continentais procurava explicar a existência
de espécies semelhantes em locais muito afastados.
Teoria da Deriva Continental

Wegener (1880 – 1930),


físico e meteorologista
alemão

Em 1915, Wegener revolucionou a Geologia ao afirmar que …

… os continentes existentes atualmente resultaram da divisão de um


supercontinente inicial – a Pangeia.
Os fragmentos continentais resultantes da divisão da Pangeia
teriam deslizado até às posições atuais.
Há cerca de 230 M.a. existiria
um supercontinente – Pangeia,
rodeado por um único oceano
– Pantalassa.

Há cerca de 180 M.a., ter-se-á


fragmentado em dois grandes
continentes:
• Laurásia (América do Norte,
Europa e Ásia)
e
• Gondwana (América do Sul,
África, Austrália, Índia e
Antárctida).

Formou-se entre eles o mar de


Tétis.
Evidências que apoiam a Teoria da Deriva Continental

 Argumentos morfológicos

 Argumentos paleontológicos

 Argumentos paleoclimáticos

 Argumentos litológicos
 Argumentos morfológicos

• Os continentes encaixam
entre si como num puzzle
(sendo mais evidente entre
as costas oeste de África e
este da América do Sul).
 Argumentos paleontológicos
Fósseis da mesma espécie foram encontrados em locais que distam
milhares de Km e que estão atualmente separados por oceanos…

• É pouco provável que estes seres vivos pudessem ter percorrido tão
grandes distâncias!

• Um oceano é um obstáculo intransponível para as espécies terrestres


e de água doce!
 Argumentos paleoclimáticos

• Uma zona climática específica → meios sedimentares específicos →


→ materiais geológicos particulares.

• Diferentes tipos de rochas ↔ determinados ambientes e zonas


climáticas.

Ex:
 pântanos equatoriais – podem acumular-se restos de plantas e
sedimentos finos → carvões;
 sedimentos e estrias glaciares → altas latitudes e baixas
temperaturas.
Que clima terá existido na Noruega
no período em que se formaram os
carvões?

 Se na atualidade se encontram
jazigos carboníferos, podemos
supor que no passado existiu um
clima tropical na Noruega.
Sedimentos glaciares, que só se formam a altas latitudes e baixas
temperaturas, bem como sulcos e estrias provocados na superfície de
rochas por movimento de massas glaciares, foram encontrados em zonas
como a África do Sul e a América do Sul …

… Estes continentes já estiveram próximo do pólo sul.


A recolha de elementos indicadores das condições climáticas
permitiram a Wegener reconstituir climas antigos e verificar
que, no passado, grandes extensões da Terra possuíam climas
muito diferentes dos atuais.

Assim, Wegener admitiu que, na transição do Carbonífero


para o Pérmico (era Paleozoica), o continente Gondwana
esteve sujeito a uma forte glaciação enquanto a Laurásia
Wegener na Gronelândia estaria sob os efeitos de um clima tropical ou desértico.
 Argumentos litológicos

• A aproximação dos continentes no mapa permitiu a Wegener verificar


uma continuidade geológica em lados opostos do Atlântico.

 As cadeias montanhosas dos


continentes, atualmente
separados pelo Atlântico,
alinham-se geograficamente,
revelando a mesma litologia,
a mesma idade e o mesmo
tipo de deformação.
 A sequência estratigráfica revela litologias semelhantes nos continentes
que constituíam o Gondwana.
Segundo Wegener, as massas continentais, pouco densas, flutuariam
sobre as massas oceânicas mais densas (modelo dos icebergs na água).

Mas, qual o mecanismo capaz de gerar “força” suficiente


para deslocar as gigantescas massas continentais?
Wegener considerava que essas forças resultavam:

da rotação da Terra
Uma Teoria rejeitada ...

Os geofísicos contra-argumentaram considerando que estas


propriedades físicas da Terra não permitiam explicar o movimento de
enormes massas rochosas sólidas sobre os fundos oceânicos.

Os argumentos de Wegener não eram suficientemente convincentes,


nem suportados por dados físicos e cálculos matemáticos da época.

Wegener foi fortemente criticado e a sua hipótese não foi aceite.


O desenvolvimento da Oceanografia ...

www.ceoe.udel.edu

 O estudo da morfologia dos fundos oceânicos permitiu descobrir


novas cadeias montanhosas submersas que constituem importantes
alinhamentos por todo o globo, como por ex. a dorsal médio-oceânica
presente no Oceano Atlântico.
 Através de submarinos (A) ou de sonares (B) é possível
estudar a morfologia dos fundos oceânicos.

O sonar emite ondas sonoras que se propagam através da água até ao fundo
marinho, onde se refletem, voltando em sentido contrário.
No navio, um computador calcula o tempo que o som demora a realizar este
trajeto, mostrando a profundidade e o relevo do fundo.
Cartografia dos fundos oceânicos

 Existência de cadeias montanhosas contínuas – dorsais médio-oceânicas (cristas)


 Depressões profundas – fossas oceânicas
 O geólogo Harry Hess constatou que as montanhas
de um dos lados do rifte eram um perfeito espelho
das que existiam do outro lado.

Harry Hess (1906-1969) geólogo e professor


universitário, foi oficial da marinha norte-
americana na 2ª guerra mundial.

Rifte ...
Fissura por onde ocorre a emissão de elevados volumes de magma. No geral,
os riftes localizam-se nas dorsais médio-oceânicas.
“A ascensão de magma do interior da Terra ao longo
do rifte forma crusta oceânica a qual se expande a
partir da dorsal médio-oceânica em direção às fossas
oceânicas, onde é destruída.”
Harry Hess
 Harry Hess defendia a expansão da crusta oceânica ao nível dos
riftes e a sua destruição nas fossas oceânicas.
Comprovação científica da expansão dos fundos oceânicos
Espessura dos sedimentos
Atividade sísmica
Atividade vulcânica
Nasce uma nova teoria ...

• a constatação da existência de dorsais médio-oceânicas;

• a hipótese da expansão dos fundos oceânicos, segundo a qual a crusta


oceânica é formada nas zonas de rifte e reciclada nas zonas de
subducção (fossas);

• a diminuta idade das rochas da crusta oceânica, quando comparadas


com as da crusta continental;

• a descoberta de que a camada de sedimentos que se acumulava sobre o


fundo do oceano Pacífico era muito mais fina do que o esperado
(considerando que esse oceano se teria formado há cerca de 4000 M.a.),
tornando-se mais espessa à medida que aumenta a distância ao rifte;

• a grande incidência de atividade sísmica e vulcânica em determinados


locais.
 Robert Palmer e Donald Mackenzie,
revisitaram as ideias de Wegener e
combinaram-nas com as de Hess, de
modo a formular uma nova teoria, a
Teoria da Tectónica de Placas.

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