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Ilustração feita pelo geógrafo Antonio Snider-Pellegrini, em 1858, ilustrando a justaposição das
margens africana e americana do Oceano Atlântico. https://pt.wikipedia.org/wiki/Deriva_continental
Portanto, vários pesquisadores e pensadores, desde o século XVI constataram
similaridades geométrica entre as costas dos continentes, especialmente o sul americano
e o africano e suspeitavam de que em algum momento do passado os continentes estariam
unidos em um único super-continente. No entanto, por muito tempo, as evidências eram
apenas geográficas e essa hipótese não tinha sustentação.
Posteriormente, trabalhos de outras áreas, como da paleontologia, começaram a
apresentar nova evidências. Como as apresentadas por Edward Suess, geólogo austríaco
do final do século XIX, e seus estudos com a Flora Glossopteris. Esse pesquisadora
percebeu semelhanças entre os fósseis de plantas do Permeano na Índia, Austrália, África
do Sul e América do Sul. Eram fósseis Glossopteris (do grego glossa que significa língua,
devido ao formato das folhas), gênero da extinta ordem Glossopteridales por muito tempo
considerado samambaias, atualemten incluídos entre as gimnospermas.
Essa camada estratigráfica contendo os fósseis de Glossopteris forma uma flora
única que ocorre em camadas de carvão logo acima dos depósitos glaciais nesses
continentes do sul. Portanto, na época do Permiano (cerca de 250 milhoes de anos), esses
continentes teriam um clima tropical, favorável ao estabelecimento de uma floresta
tropical suficientemente densa para originar uma camada de carvão perceptível no estrato
sedimentar.
Por isso, Suess propôs o nome de Gondwana para um supercontinente no sul do
planeta que unia todos esses continentes. Mais tarde, até na Antártida e em Madagáscar
se encontraram evidências desses fósseis.
Então, continentes hoje separados por vastos oceanos e de faixa climáticas de
latitude totalmente diferentes, no Permiano compartilharam a mesma faixa latitudinal,
mais próxima ao equador onde seria possível um clima tropical e o estabelecimento de
floresta tropical.
A flora Glossepteris é considerada um fóssil índice (se diz aos fósseis de seres que
viveram em um relativo curto período de tempo, considerando a coluna
cronoestratigráfica, e uma ampla distribuição geográfica) para as sequências gondwânicas
dos carvões permianos. Sobreviveram até o Triássico, período em que se extinguiram.
Podem se dividir em quatro grupos as evidências apontadas por Wegener que apoiam a
hipótese da Deriva Continental:
1. Evidências geomorfológicas: Combinação das áreas litorâneas;
2. Evidências Geológicas: aparência das sequencias da mesma rocha e cadeias de
montanhas da mesma idade em continentes agora separados;
3. Evidências paleoclimáticas: combinação dos depósitos glaciais e zonas
paleoclimáticas;
4. Evidências paleontológicas: semelhanças de muitas plantas e animais cujos
fósseis são encontrados hoje em continentes separados.
Em 1965, Sir Edward Bullard, geofísico inglês, mostrou que a melhor combinação
entre os continentes ocorre em uma profundidade de cerca de 2 mil metros. Outras
reconstruções têm confirmado um ajuste preciso entre os continentes quando reunidos
para formar a Pangéia.
Portanto, Wegener não tinha como apoiar essa evidência geomorfológica pois na
época não se havia realizado os mapeamentos batimétricos do fundo dos oceanos com
sonares que permitiu ver que o encaixe perfeito entre os continentes ocorre ao nível da
talude continental a cerca de 2.000 m de profundidade e não ao nível da plataforma,
menos profunda e sujeita aos processos de deposição de sedimentos vindos do continente
e de erosão resultante principalmente da quebra das ondas.
3. Evidências Paleoclimáticas
Durante a Era Paleozóica Superior (Carbonifero 350 M.a.), os maciços glaciais
cobriam grandes áreas continentais do hemisfério sul (Gondwana). Estrias (marcas dos
arranhões no leito das rochas) e acima das estrias são evidentes camadas de tilito
(sedimentos depositados pelas geleiras).
Na mesma época, fósseis e rochas sedimentares encontrados nos continentes do
hemisfério norte (Laurásia), não indicam glaciação. Os fósseis de plantas encontrados nas
camadas de carvão dessa época e nesses continentes indicam clima tropical.
Como poderíamos explicar a evidência de geleiras nos continentes do sul se,
atualmente, todos eles exceto a Antártida estão localizados próximos ao equador sobre
climas tropicais e subtropicais? Como explicar que o mapeamento das estrias indica que
as geleiras estavam de movimentando das atuais margens oceânicas para o interior dos
continentes? Os glaciares de movimentando em direção ao Himalaia? Como explicar
fósseis de plantas tropicais em continentes atualmente localizados em zonas temperadas?
Florestas tropicais na Antártida?
4. Evidências paleontológicas
Fósseis da flora Glossopteris são encontrados em depósitos de carvão do Permiano
em todos os continentes do Gondwana que hoje não compartilham da mesma faixa
climática e estão separados por vastos oceanos. No entanto, suas sementes eram muito
pesadas sendo impossível sua dispersão por vento ou flutuando. Como explicar?
O Mesossaurus foi um réptil de água doce, cujos fósseis são encontrados somente
em rochas do Permiano em certas regiões do Brasil e África do Sul. A fisiologia do animal
de água doce não suportaria nadar as longas distâncias que separam hoje esses continentes
através do oceano Atlântico até achar um ambiente de água doce. Como explicar?
O Lystrossaurus e o Cynognathus eram repteis de terra firme do período Triássico,
cujos fósseis são encontrados em todos os continentes do Gondwana. Não poderiam nadas
as longas distâncias através dos oceanos que separam hoje em dia esses continentes.
Como explicar?
Paleomagnetismo
O paleomagnetismo é o magnetismo rochoso remanescente que registra a direção e a
intensidade do pólo magnético da Terra, no momento da formação da rocha. Quando o
magma resfria na crosta, os minerais ferríferos e magnéticos (como a hematita e
magnetita) alinham-se com o campo magnético da Terra naquele momento, registrando a
sua direção e força.
Podemos considerar 3 nortes: (1) o norte da quadrícula que é a direção que se
encontra o norte considerando um sistema de coordenadas projetado, ou seja, quando se
considera o mapa projetado num plano; (2) o norte magnético, considerando a direção
apontada pela bússola e que é determinado pelo magnetismo da Terra e (3) o norte
verdadeiro ou geográfico que é a direção que leva em conta o eixo da Terra, ou seja, a
linha imaginária entre os polos norte e sul.