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Paulo Aguiar

GEOLOGIA

DINÂMICA DA LITOSFERA
MAGMATISMO
ROCHAS METAMÓRFICAS
NOÇÕES DE TECTÓNICA
ÍNDICE

DERIVA DOS CONTINENTES …………………………….………………………………..……………. 3


Evidências da Deriva continental
Mecanismo da deriva dos continentes

EXPANSÃO DOS FUNDOS OCEÂNICOS …….………………………………………………. 6

TECTÓNICA DAS PLACAS ……………………………….…………………………………………………. 8


Placas divergentes
Placas convergentes
Placas transformantes

ROCHAS MAGMÁTICAS …………………….……………………………………………….……………… 13


Magmas
Formação de magmas
Diferenciação magmática
Cristalização magmática
Diferenciação gravítica
Assimilação magmática
Mistura magmática
Vulcanismo
Tipos de erupções vulcânicas
Produtos expelidos pelos vulcões
Vulcanismo residual
Classificação das rochas magmáticas

ROCHAS METAMÓRFICAS …………………….……………………………………………….……………… 24


Factores de metamorfismo
Alguns exemplos de rochas metamórficas
Ciclo petrogenético
Utilização prática das rochas metamórficas

NOÇÕES DE TECTÓNICA …………………….……………………………………………….……………… 35


Movimentos tectónicos
Elementos geométricos de falhas
Classificação das falhas
Sistema de falhas
Dobras
Componentes das dobras
Classificação das dobras

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DERIVA DOS CONTINENTES

É uma teoria criada por Alfred Wegener em 1912, segunda a qual até ao início do
Jurássico, cerca de 180 M.a., as placas encontravam reunidas num único continente
denominado PANGEA, rodeado por um oceano irregular, chamado PANTALASSA. O
Téthis formava na época uma grande Baía que separava parcialmente a África do
Eurásia.

A existência da PANGEA terminou no final do Jurássico, quando mais ou menos ao


Norte do Equador, houve rompimento do continente, dividindo-se inicialmente em
dois, formando a LAURÁSIA e o GONDWANA. Da LAURÁSIA faziam parte a América do
Norte e a Eurásia. O continente de Gondwana era constituído pelo agrupamento da
América do Sul, África, Antártida, Austrália e Índia.

EVIDÊNCIAS DA DERIVA CONTINENTAL

Configuração geográfica

Há uma curiosa coincidência na configuração


geográfica, principalmente entre América e
África que demonstra que os continentes se
separavam.

Evidências geológicas

Nos continentes do Hemisfério Sul que


formavam o continente de Gondwana, são
notáveis os depósitos de tilitos, provenientes

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da Glaciação Permo-carbónica que atingiu a América do Sul, África, Austrália, Índia,
Madagáscar e Antártida, simultaneamente.

Evidências Paleontológicas

Têm a ver com as semelhanças encontradas nos fósseis que ocorrem nas rochas dos
continentes que formavam o continente GONDWANA, quando então os continentes se
separavam. Como exemplo, temos:
• Flora: Género Glossopteris e Gangamopteris
• Fauna: Répteis Mesosaurus, Lystrosaurus e Cynognathus.

O mesosaurus era um réptil semelhante ao crocodilo. Fósseis deste réptil foram


encontrados na América do Sul, Índia e em África.

Os outros fósseis como o Lystrosaurus que foi encontrado na Antártida e em África, e


o Cynognathus encontrado no Brasil e em África.

O Glossopteris é um fóssil vegetal, semelhante aos fetos. Fósseis desta planta foram
encontrados na Antártida, África, Austrália, América do Sul e Índia.

Evidências Paleoclimáticas

A ocorrência de grandes depósitos de carvões na Antártida mostra que esta região já


foi coberta por abundantes plantas antes de ser coberta pelos gelos. Noutras regiões
continentais, depósitos de sal, depósitos de areias dunares e recifes de corais
permitem a reconstituição do antigo clima.

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Nas largas regiões do Hemisfério sul são encontrados depósitos glaciares que
mostram que elas estavam cobertas de gelo (no Paleozóico).

No Hemisfério Norte surgem fósseis de plantas de um clima tropical.

Estas evidências só se explicam se admitirmos que os continentes são móveis porque


as regiões climáticas são condicionadas pela latitude.

MECANISMO DA DERIVA CONTINENTAL

Acredita-se que as placas poderiam ser transportadas por correntes de convecção do


manto.

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Correntes de convecção são correntes circulares de massas sólidas que surgem porque
as massas quentes do fundo do manto sobem para a litosfera, ao mesmo tempo que
as massas mais frias da parte superior descem.

EXPANSÃO DOS FUNDOS OCEÂNICOS

Teoria proposta inicialmente por Hess, sugere que na porção central das bacias
oceânicas, verificou-se que ocorrem grandes cordilheiras centradas no fundo e
alinhadas segundo as costas dos continentes. Estas cordilheiras encontram-se com
profundas fracturas em seu sentido longitudinal, permitindo que o material vulcânico
básico, proveniente da Astenosfera, suba, preenchendo-as. Este processo efusivo
repete-se periodicamente à medida que os continentes se afastam, fazendo com que
os assoalhos dos oceanos sofram contínua expansão por acréscimo do novo material.

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Desde os últimos 200 M.a. (quando se iniciou a separação entre América e África), este
processo realiza-se periodicamente, de modo que as rochas basálticas do fundo dos
oceanos têm idades crescentes, a partir do centro das cordilheiras mesoceânicas, em
direcção aos continentes, como revelam os dados radiométricos.

Outra evidência da expansão do fundo dos oceanos foi a constatação de que a


distribuição magnética das rochas muda bruscamente segundo faixas correspondentes
aos derrames individuais.

A velocidade de distanciamento dos continentes está estimada em 2ccm/ano (já foi de


6 cm/ano, há alguns M.a. atrás).

A expansão do assoalho oceânico leva consigo os continentes que pertencem a cada


placa móvel, produzindo a deriva. Como consequência disto enquanto duas placas se
afastam por acréscimo do assoalho, na outra margem de uma delas poderá processar-
se a colisão por aproximação com a placa adjacente.

Quando duas placas colidem, uma delas poderá mergulhar por baixo da outra até
penetrar na Astenosfera, onde será consumida. Este fenómeno chama-se subdução.

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TECTÓNICA DE PLACAS
A Teoria das Placas Tectónicas é um modelo da Terra no qual a frágil e quebradiça
litosfera flutua na quente e plástica astenosfera.

A tectónica de placas é o estudo do movimento das placas litosféricas e as


consequências desses movimentos.

A litosfera está dividida em sete grandes placas e outras mais pequenas, segundo o
estudo das dorsais oceânicas e da distribuição sísmica e vulcânica:

• Norte-Americana – compreende a América do Norte e a metade ocidental do


oceano Atlântico Norte, até à sua dorsal.

• Sul-Americana – compreende a América do Sul e a metade ocidental do oceano


Atlântico Sul, até à sua dorsal.

• Pacífica – é a única que é exclusivamente oceânica, compreendendo quase todo


o oceano Pacífico, entre a dorsal existente e o Pacífico oriental.

• Eurasiática – encontra-se com a placa norte-americana no meio do Atlântico. O


seu rebordo sul corresponde a uma falha que atravessa o Mediterrâneo e se
prolonga para leste através da Turquia e dos Himalaias.
• Africana - compreende o continente africano e uma grande extensão do fundo
oceâF1ico, limitado pela dorsal meso-atlântica.

• Indo-Australiana - compreende a Arábia, a Índia, a metade oriental do oceano


Índico e a Austrália.

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• Antárctica – ocupa o Pólo Sul com o continente Antárctico.

A este conjunto juntam-se seis placas mais pequenas e menos conhecidas: as de


Nazca, de Cocos, das Caraíbas, das Filipinas, e as placas Egeia e Arábica.
O limite entre as placas é uma falha que separa uma placa da outra.

As placas movem-se na superfície terrestre, cada uma com direcção diferente da sua
placa adjacente. Deslizam lentamente sobre a astenosfera a velocidades que não
ultrapassam 1 a 18 cm por ano.

Como as placas se deslocam em diferentes direcções, embatem e alteram os seus


limites.

Tectónica é o estudo da deformação, em larga escala, das estruturas da camada


exterior da Terra.

Quando duas placas se encontram, devido às forças geradas nos seus limites, ocorre a
formação de montanhas, erupções vulcânicas e sismos.

Em contraste com o que acontece nos limites, as porções interiores das placas
litosféricas são zonas tectonicamente estáveis – cratões –, porque se encontram longe
das zonas onde elas interagem.

As placas podem deslocar-se relativamente às adjacentes de três maneiras possíveis


(20), sendo por isso designadas entre si por:
§ Placas divergentes – as placas deslocam-se afastando-se uma da outra.
§ Placas convergentes – as placas ç1eslocam-se na direcção uma da outra e
colidem.
§ Placas transformantes – as placas deslocam-se horizontalmente uma em
relação à outra.

20 Processos de deslocação das placas


A Placas divergentes
B Placas Convergentes
C Placas transformantes
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Cada placa pode ser simultaneamente divergente, convergente e transformante em
relação às placas que lhe são adjacentes.

Cada um destes tipos de deslocação implica diferentes características na zona de


afastamento ou de contacto.

PLACAS DIVERGENTES

O limite divergente das placas é também chamado centro de expansão ou rifte. Aí as


duas placas deslocam-se separando-se horizontalmente.
O magma ascende através da fractura que constitui o rifte e, arrefecendo, forma nova
crosta continental. Os riftes ocorrem na crosta oceânica e na crosta continental.

Placas divergentes na crosta oceânica – Rifte médio-oceânico

O rifte médio--oceânico situa-se nos limites divergentes das placas que se afastam
(21). O magma basáltico ascende e forma crosta oceânica -limites construtiva.

No rifte a nova litosfera apresenta temperatura elevada, acumulando-se nos dois lados
do rifte. Ocasionalmente, a crista montanhosa que se forma atinge a superfície do mar,
originando ilhas.

Placas divergentes na crosta continental - Rifte continental

Um continente também pode ser separado pela formação de placas divergentes.


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As depressões alongadas, denominadas rift valleys formam-se ao longo dos riftes
continentais, porque a crosta continental, à medida que as placas se afastam, é
fracturada e torna--se cada vez mais fina.

Tal como acontece nos riftes oceânicos, o magma ascende e forma-se nova crosta -
limites construtivos.

PLACAS CONVERGENTES

A convergência de placas ocorre quando duas placas se deslocam na direcção uma da


outra, acabando por colidir.

As colisões podem ocorrer entre:


§ uma placa oceânica e uma placa continental;
§ duas placas oceânicas;
§ duas placas continentais;
§ uma placa mista e uma placa continental.

Convergência entre uma placa oceânica e uma placa continental

A crosta oceânica é mais densa que a crosta continental. A diferença de densidade


determina os fenómenos que ocorrem na colisão.

Quando uma placa continental colide com uma placa oceânica, a placa oceânica, que é
mais densa, mergulha no manto por baixo da placa continental. Este processo
denomina-se subdução. A zona de subdução é longa e a velocidade com que mergulha
é idêntica à velocidade de formação da nova crosta a partir do rifte. Por este processo
é mantido o equilíbrio entre a formação da nova crosta e a destruição da litosfera mais
antiga – limite destrutivo.

Encontram-se placas em subdução na América do Sul e na costa norte-americana.

As actividades sísmicas e vulcânicas, assim como a formação de montanhas,


caracterizam estas regiões.

Convergência de duas placas oceânicas

A subdução também ocorre quando duas placas oceânicas colidem. Quando tal
acontece, a mais antiga, que é mais densa, mergulha no manto por baixo de placa lais
nova. Pode formar-se magma como na colisão de uma placa oceânica com uma
continental. Este magma pode originar vulcões submarinos que, quando atingem a

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superfície, podem dar origem arcos-ilhas ao longo da zona de subdução. As ilhas
Aleútes e muitas ilhas do Pacífico são arcos-ilhas.

Convergência de duas placas continentais

Quando duas placas continentais colidem, pode não ocorrer subdução, pois a crosta
continental é demasiado leve para mergulhar no manto. Nestas condições, da colisão
resultam enrugamentos que podem originar cadeias montanhosas na zona de colisão.

Os Himalaias, os Alpes e os Apalaches formaram-se em consequência de colisões


continentais.

Convergência de uma placa mista com uma placa continental

Quando uma placa mista, parte oceânica e parte continental, colide com uma placa
continental, a parte oceânica submerge sob a placa continental, até que ocorra a
subdução total da parte oceânica da placa. Em consequência as porções continentais
colidem, o que pressupõe o fim da subdução.

Não podendo nenhum dos blocos submergir debaixo do outro, o choque origina a
interpenetração das duas massas continentais – obdução.

Os bordos oceânicos com subdução e obdução são os de maior actividade sísmica.

PLACAS TRANSFORMANTES

Se duas placas deslizam horizontalmente uma em relação à outra (20C), denominam-


se placas transformantes. A falha de Saint Andrea é uma falha transformante das duas
maiores placas litosféricas, a norte-americana e a pacífica.

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ROCHAS MAGMÁTICAS

Magmas
Um magma é uma mistura complexa de
materiais, de composição essencialmente
silicatada, que se encontra total ou parcialmente
no estudo de fusão e encerra uma componente
gasosa (vapor de água, dióxido de carbono,
óxidos de enxofre, ácido sulfídrico, metano,
amoníaco, entre outros).

Não obstante a grande diversidade de rochas


magmáticas, os magmas que as originam
resumem-se fundamentalmente a dois tipos:
• Magma granítico, hipersilicioso (teor de
SiO2 70% com cerca de 10-15% de
água), muito viscoso e que cristaliza
praticamente na sua totalidade no interior
da crosta terrestre.
• Magma basáltico, hipossilicioso (teor de SiO2 50% contendo apenas 1 a 2% de
água), fluído, oriundo do manto superior e que atravessa a crosta com muita
facilidade; por esta razão, 95% das rochas lávicas são basaltos.

O quadro seguinte traduz as principais diferenças.

Formação de Magmas

Numerosos factores controlam o ponto de fusão das rochas e consequentemente a


formação dos magmas. O calor, a pressão, o teor de água e o ponto de fusão parcial
dos minerais das rochas combinados determinam o ponto a que cada rocha funde,
contribuindo para a formação do magma.
Uma vez formado o magma, este começa a ascender, porque tem menor densidade
que as rochas circundantes.

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Na sua ascensão duas alterações ocorrem simultaneamente: (1) arrefece a medida que
se aproxima da superfície e (2) a pressão diminui porque o peso o peso das rochas
suprajacents é menor.

O arrefecimento e a diminuição da pressão têm efeitos opostos na ascensão do


magma. O arrefecimento tende a solidificar o magma, enquanto que a diminuição da
pressão tende a mente-lo líquido.

Como é do conhecimento geral, a diminuição da pressão pode levar à fusão de uma


rocha que se encontre a altas temperaturas, porque aquela tem que se expandir para
iniciar o processo de fusão. Pela mesma razão, a diminuição da pressão leva à
diminuição da temperatura à qual o magma solidifica.

No tocante ao teor de água (3), se o magma ascendente não contiver água, o efeito da
diminuição da pressão, sobrepõe-se ao efeito do arrefecimento. O magma mantém-se
líquido e ascende até à superfície, originando-se uma erupção.

Deste modo, o magma basáltico, pobre em água, flui com facilidade à superfície
originando vulcanismo. Pelo contrário, o magma granítico não se comporta desta
maneira, porque contém 10 a 15% de água que baixa a temperatura a que o magma
solidifica. Assim, se o magma granítico seco solidifica a 700 ºC, o mesmo magma com
10% de água mantém-se líquido a 600 ºC, aproximadamente. Deste modo, os magmas
graníticos solidificam frequentemente no interior da crosta, dada a dificuldade em
fluir.

Diferenciação Magmática

Os petrólogos admitem que os magmas, à medida que evoluem, dão origem a fracções
magmáticas cuja composição difere significativamente do magma inicial. Deste modo,
podem resultar do mesmo magma rochas diferentes.

Os principais mecanismos relacionados com a evolução do magma são: a cristalização


fraccionada, a diferenciação gravítica, a assimilação magmática e a mistura de
magmas.

Cristalização Magmática

A cristalização fraccionada é um dos principais processos da diferenciação magmática.

Durante o arrefecimento do magma, os minerais, que são essencialmente silicatos, não


cristalizam todos ao mesmo tempo. Formam-se principalmente os minerais de ponto
de fusão mais elevado e depois os restantes.

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Bowen considerou a existência de duas séries de minerais: a série descontínua e a
série contínua. A sequência descontínua refere-se aos minerais ferromagnesianos; a
olivina é o primeiro mineral a cristalizar, seguindo-se a piroxena, depois a anfíbola e
finalmente a biotite. A sequência contínua, a das plagioclases, tem início na anortite
(plagioclase cálcica), passando às calco-sódicas, depois às sódico-cálcicas e
terminando na albite (plagioclase sódica).

No final formam-se feldspatos potássicos, a moscovite e o quartzo que não pertencem


a nenhuma daquelas séries.

Os cristais inicialmente formados ficam normalmente em desequilíbrio físico-químico


com o magma residual e tendem a ser reabsorvidos transformando-se noutros, de
forma atingir-se o equilíbrio entre a composição do magma e os minerais formados.
Outras vezes, os minerais formados são protegidos da reacção por uma crosta
envolvente, criada pelos descendentes da sus série (a piroxena envolve a olivina, a
anfíbola protege a piroxena, …).

A ordem de cristalização descrita é típica de um magma básico. Porém, se o magma


for mais rico em sílica, em vez da olivina forma-se a piroxena, seguindo-se a ordem
normal de cristalização.

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ACTIVIDADE VULCÂNICA (ERUPTIVO)

Uma erupção vulcânica é caracterizada, geralmente, pela emissão de materiais no


estado de fusão, a lava, pela emissão de gases e muitas vezes pela expulsão de
materiais sólidos de dimensões variadas. Existem erupções em que a lava é
pulverizada devido a grandes explosões, sendo expulsa sob a forma de pequenos
fragmentos por vezes incandescentes. Os materiais sólidos projectados durante uma
erupção vulcânica designam-se, de um modo geral, por piroclastos.

A lava resulta do magma oriundo de zonas profundas, que se movimenta através da


crosta.

A constituição do magma é complexa, sendo formado por


uma mistura de silicatos fundidos, por cristais em
suspensão e por diversos gases dissolvidos na mistura
fundida. Designam-se por substâncias voláteis as
substâncias químicas que se mantêm no estado líquido ou
gasoso a temperaturas muito mais baixas do que as do
ponto de solidificação dos silicatos.

Durante a ascensão e derrame, o magma vai-se


desgaseificando, com libertação de uma grande variedade
dessas substâncias.

O magma pode acumular-se e preencher espaços no interior da crosta, formando


grandes reservatórios, as câmaras magmáticas ou então pequenos depósitos, as
bolsadas magmáticas. Estes reservatórios são rodeados por rochas da crosta, que
constituem as rochas encaixantes, sobre as quais o magma exerce uma pressão.

Quando há um aumento de pressão na câmara magmática, o magma é forçado a subir


através das fendas existentes na crosta.

Há vulcões em que se forma uma conduta tabular, chamada chaminé, por onde
ascendem os materiais até à superfície da Terra.

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A cumulação dos materiais expelidos origina uma estrutura cónica, designada por
cone principal. A parte superior da chaminé termina muitas vezes numa depressão
afunilada no topo do cone vulcânico, chamada cratera, por onde os materiais são
ejectados. As crateras têm dimensões inferiores a 1,5 km. Os vulcões com estas
estruturas designam-se por vulcões do tipo central [19].

Por vezes acontece que na parte superior de muitos vulcões se formam depressões de
dimensões muito grandes, superiores a 1,5 km, designadas por caldeiras.

As caldeiras têm uma forma grosseiramente circular, paredes íngremes e geralmente


alguns quilómetros de diâmetro. As caldeiras de colapso formam-se devido ao
afundimento da parte central do vulcão, após fortes erupções, em que grande
quantidade de magma e de piroclastos é rapidamente expelida, ficando um vazio na
câmara magmática. A existência de fracturas circulares e o peso das camadas
superiores provocam o colapso do tecto da câmara, o que ocasiona o seu afundimento.
Há, no entanto, caldeiras devidas, somente, ás grandes explosões.

TIPOS DE ERUPÇÕES VULCÂNICAS

Algumas erupções são predominantemente explosivas, com predomínio de produtos


sólidos, enquanto que noutras dominam os aspectos efusivos, com emissão de
escoadas lávicas. Em muitos casos ocorrem erupções mistas, em que alternam fases
explosivas com fases efusivas.

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As características da lava determinam diferentes tipos de erupção.

Erupções explosivas – as lavas são muito viscosas, flúem com dificuldade e impedem a
libertação dos gases. Ocorrem, por isso, violentas explosões.

Nas erupções explosivas a lava, extremamente viscosa, não chega, por vezes, a
derramar, constituindo estruturas arredondadas, chamadas domas ou cúpulas, dentro
da própria cratera. Noutras situações a lava solidifica mesmo dentro da chaminé
vulcânica, formando agulhas vulcânicas que podem, mais tarde, ficar a descoberto
devido à erosão do cone. Nas erupções deste tipo as explosões fortíssimas,
provocadas pelos gases comprimidos, sucedem-se, rebentando e provocando o
desmoronamento de parte do cone vulcânico e pulverizando a lava que, projectada sob
a forma de fragmentos de pequenas dimensões, constitui, juntamente com os gases
que expandem, nuvens e penachos da coluna eruptiva.

Nas erupções explosivas os


cones são essencialmente
formados pela acumulação
de piroclastos.

Erupções efusivas – o magma


é fluído, a libertação de
gases é fácil e a erupção é
calma, com derramamento
de lava abundante a
altíssima temperatura.

Em erupções do tipo efusivo,


a lava desliza rapidamente,
espalhando-se por grandes
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distâncias. Se os terrenos forem planos, a lava pode cobrir grandes áreas, constituindo
os mantos de lava. Se houver declive acentuado, pode formar autênticos “rios” de lava,
denominados correntes de lava [23].

Os vulcões predominantemente efusivos, quando formam cones, são baixos, pois a


lava espalha-se por grandes superfícies. O vulcanismo dos fundos oceânicos é do tipo
efusivo.

Erupções mistas – assumem aspectos intermédios entre os descritos, observando-se


fases explosivas que alternam com fases efusivas, com predomínio de uma ou de
outra, conforme os casos.

Nas erupções intermédias formam-se cones mistos, em que alternam camadas de lava
com camadas de piroclastos.

Tradicionalmente podem ser considerados alguns tipos de erupções subaéreas que são
característicos de vulcões conhecidos. No entanto, em muitos casos, um mesmo vulcão
pode manifestar-se de diferentes modos durante uma erupção. Por analogia com
essas erupções-tipo, é necessário classificar as erupções de outros vulcões.

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CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DAS ROCHAS MAGMÁTICAS

Modo de jazida

Consoante a profundidade a que o magma solidifica classificam-se as rochas em:

Representação esquemática dos


principais tipos de estruturas
intrusivas e extrusivas

Rochas Plutónicas ou Intrusivas


Resultam do arrefecimento e cristalização lenta do magma em profundidade, sendo o
arrefecimento lento, os minerais que se vão formar apresentam dimensões
consideráveis, sendo facilmente visíveis à vista desarmada. Um exemplo deste tipo de
rochas, são os granitos.

Existem também como referimos, rochas magmáticas que se formam a profundidades


intermédias em estruturas filonianas como os diques e as soleiras ou filões camada.

Rochas Vulcânicas ou Extrusivas


Quando a consolidação do magma é feito à superfície ou muito perto dela, as rochas
designam-se vulcânicas. Estas rochas resultam do arrefecimento muito rápido do
magma, visto a temperatura à superfície ser bastante inferior à temperatura a que se
encontrava o magma, assim, os minerais não tem tempo suficiente para se desenvolver
e por esta razão vão apresentar dimensões muito reduzidas por vezes até
microscópicas. Os basaltos são as rochas vulcânicas mais comuns.

Textura das Rochas Magmáticas

Como se acabou de ver, as rochas magmáticas intrusivas ou plutónicas são aquelas


que solidificam lentamente no interior da crosta, portanto os minerais têm mais tempo
para se formarem e diz-se que estas rochas têm textura holocristalina, granular ou
fanerítica, em que todos os minerais seus constituintes são visíveis a olho nu. Esta
pode ser de grão fino, designando-se por textura aplítica, quando todos os cristais

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são de grande dimensões têm textura pegmatitíca. Certas rochas têm cristais grandes,
que sobressaem na massa granular da rocha, diz-se que têm textura porfiróide.

Tipo de Texturas

TEXTURA GRANULAR
Os minerais apresentam sensivelmente
as mesmas dimensões

TEXTURA PORFIRÓIDE
No seio de uma massa mais fina ocorrem
cristais bem desenvolvidos

TEXTURA PEGMATÍTICA
Os minerais da rocha apresentam-se em
cristais de grandes dimensões

TEXTURA APLÍTICA
Os minerais apresentam-se em pequenos
grãos quase invisíveis à vista desarmada

As rochas magmáticas extrusivas ou vulcânicas são as que têm um arrefecimento


rápido à superfície, e por isso, os minerais são de pequenas dimensões e não se
distinguem à vista desarmada, diz-se que têm textura afanítica, em que só ao
microscópio petrográfico se podem observar os seus constituintes, ou textura vítrea
em que não há individualização dos seus minerais nem mesmo quando observados ao
microscópio, como por exemplo, os vidros vulcânicos, (obsidiana).

Existem rochas que se formam em profundidades intermédias ou à superfície nas


quais se observam cristais mais desenvolvidos, fenocristais, dispersos numa matriz
com textura afanítica. Diz-se que estas rochas apresentam textura porfírica.

Minerais das Rochas Magmáticas

Os minerais mais comuns nas rochas magmáticas são: quartzo, feldspatos e


plagioclases, feldspatóides (nefelina, leucite), micas (moscovite, biotite), piroxenas,
anfíbolas e olivina. Estes podem ser em cada caso essenciais, ou seja, são os que
caracterizam a rocha que os contém, ou podem ser minerais acessórios, que existindo
numa rocha não afectam as características da mesma.

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Quadro classificativo das principais rochas magmáticas em função dos minerais
presentes:

Rochas
Magmáticas Principais Minerais

Feldspato
PLUTÓNICAS Feldspato
Quartzo Calco- Moscovite Biotite Anfíbola Piroxena Olivina
VULCÂNICAS potássico
sódico

GRANITO
RIÓLITO

SIENITO
TRAQUITO

DIORITO
ANDESITO

GABRO
BASALTO

minerais abundantes (essenciais)


minerais pouco abundantes (acessórios)
minerais raros (acessórios)

Cor das Rochas Magmáticas

Para a classificação das rochas magmáticas, faz-se a distinção entre minerais mais
claros, denominados de félsicos (quartzo, feldspatos) e minerais mais escuros,
designados de máficos (biotite, piroxenas, anfíbolas e olivinas).

As proporções relativas entre estes dois tipos de minerais, permitem classificar as


rochas em:

Rochas Leucocratas De cor clara, ricas em minerais félsicos e portanto, pobres em


máficos.
Ex. Granito, Riólito, Sienito, Traquito.

Rochas De cor intermédia, com proporções aproximadas dos dois tipos


Mesocratas de minerais.

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Ex. Diorito, Andesito.

Rochas De cor escura, ricas em minerais máficos.


Melanocratas Ex. Gabro, Dolerito, Basalto.

Para a classificação em amostra de mão utilizam-se quadros como o da figura


seguinte:

Principais
minerais

Textura

Composição química

Corresponde à percentagem de óxidos dos elementos que fazem parte dos minerais
das rochas. Assim, as rochas com uma percentagem superior a 65% de sílica (SiO2) são
designadas por ácidas; por intermédias, se têm entre 65 e 52% de SiO2; por básicas,
quando o teor de sílica é baixo (52 a 45%); por ultrabásicas quando têm uma
percentagem de sílica inferior a 45%.

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ROCHAS METAMÓRFICAS

Conceito de Metamorfismo

O metamorfismo corresponde, pois, a um conjunto de processos que operam no


interior da crosta terrestre, conduzindo a modificações químicas, estruturais e
texturais das rochas preexistentes (sedimentares, magmáticas ou metamórficas).
Salienta-se, no entanto que as transformações metamórficas ocorrem essencialmente
em meio sólido.

Como pôde verificar, quer a temperatura quer a pressão têm um papel preponderante
na génese das rochas metamórficas. Além destes factores, intervêm outros não menos
importantes como os fluidos de circulação e o tempo de actuação destes agentes
sobre as rochas.

Vejamos, então, algumas particularidades destes factores.

A Temperatura ou o calor é:
¬ proveniente de intrusões magmáticas;
¬ resultante da desintegração de elementos radioactivos;
¬ ou ainda proveniente do próprio calor interno da Terra, face ao gradiente
geotérmico.
Ele provoca um enfraquecimento nas ligações atómicas dos minerais e facilita as
reacções químicas, permitindo deste modo a recristalização dos minerais preexistentes
ou então a formação de novos minerais – minerais de neoformação.

A Pressão influencia também as


reacções químicas. Se, por exemplo,
os átomos de um cristal forem
severamente comprimidos, as
ligações entre eles podem entrar em
ruptura, possibilitando o rearranjo
dos referidos átomos, e a formação
de novos minerais estáveis com as
novas condições de pressão.

A pressão desempenha também um


papel importante nos
reajustamentos estruturais das
rochas: favorece as transformações
que conduzem á formação de
minerais de maior densidade e de menor volume e dificulta os processos de fusão.

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24
Por Paulo Aguiar
Consideram-se três tipos de pressão.
• Pressão litostática ou confinante – é a que resulta do peso das rochas
suprajacentes. Pode atingir valores muito elevados (a 20km de profundidade, a
pressão é de cerca de 6000 atmosferas) e actua em todas as direcções (Fig.
389.1). O comportamento mecânico das rochas é grandemente influenciado
pela pressão litostática; com o aumento desta, a resistência à ruptura e o limite
de elasticidade das rochas também aumentam.
• Pressão confinante ou stress – está relacionada com movimentos tectónicos da
crosta terrestre semelhantes àqueles que estão na origem de cadeias
montanhosas. As forças actuantes são unidireccionais (Fig. 389.2). É a este tipo
de pressão que se deve a estrutura foliada tão característica das rochas
metamórficas (Fig. 389.3).
• Pressão de voláteis - este tipo de pressão facilita ou dificulta determinadas
reacções químicas. Geralmente, os processos metamórficos são acompanhados
de reacções de desidratação. Se houver um aumento da pressão do vapor de
água, é necessário que a temperatura também aumente para que as reacções
possam ocorrer (Fig. 389.4).

Os Fluidos como a água, o dióxido de carbono, o ácido clorídrico e outras substâncias


voláteis constituem um poderoso dissolvente das fases sólidas; facilita a deslocação
dos elementos participantes nas reacções químicas, tornando-as mais rápidas, muito
embora as rochas permaneçam fundamentalmente no estado sólido durante os
processos metamórficos.

O Tempo é também um factor de suma importância para a obtenção do equilíbrio


químico das reacções. Atendendo a que os processos metamórficos são extremamente
lentos, a longa duração de tais processos possibilita a reorganização mineralógica e os
reajustamentos texturais e estruturais das rochas.

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Por Paulo Aguiar
TIPOS DE METAMORFISMO

Consoante o predomínio e a intensidade de um dos factores de metamorfismo sobre


os restantes, ou a sua conjugação é possível estabelecer vários tipos de
metamorfismo.

De entre eles, os mais importantes são o metamorfismo de contacto ou térmico, o


metamorfismo regional (afundimento e termodinâmico) e o dinamometamorfismo ou
metamorfismo dinâmico.

METAMORFISMO DE CONTACTO OU TÉRMICO

O factor principal é, sem dúvida, o calor. Geralmente é causado por uma intrusão
magmática próxima. Os fluidos de circulação poderão ter também alguma influência.

A zona afectada das rochas encaixantes designa-se por auréola de metamorfismo;


pode ir desde escassos centímetros a centenas de metros de extensão, dependendo
naturalmente da temperatura da intrusão magmática, da presença de água, ou de
outros fluidos, e da natureza da rocha encaixante.

As transformações experimentadas pelas rochas encaixantes que estão em contacto


directo com o corpo magmático consistem fundamentalmente em modificações
texturais e de composição química e mineralógica.

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Por Paulo Aguiar
METAMORFISMO REGIONAL

Este tipo de metamorfismo, ao contrário do metamorfismo de contacto, afecta grandes


áreas da crosta terrestre. A temperatura e a pressão (litostática e orientada) são os
principais factores intervenientes.

O metamorfismo de âmbito regional compreende o metamorfismo de afundimento e o


metamorfismo termodinâmico.

Metamorfismo de Afundimento

É um tipo de metamorfismo que se desenvolve fundamentalmente sob a acção de


valores de temperatura e de pressão litostática relativamente baixo. Está relacionado
com o afundamento ou subsidência de materiais acumulados ao longo de milhões de
anos em bacias de sedimentação (Fig. 394.1). Como praticamente não existe
deformação tectónica, a textura das rochas metamórficas é muito semelhante à das
rochas sedimentares. Porém, a sua composição mineralógica é completamente
diferente da destas.

Metamorfismo Termodinâmico

Pode dizer-se que neste tipo de


metamorfismo actuam todos os
factores, não obstante os valores
da pressão e da temperatura
podem ser muito variáveis (gráfico
da pág. 392). O metamorfismo
termodinâmico está intimamente
relacionado com os limites das
placas onde têm lugar os
fenómenos de orogénese.

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Por Paulo Aguiar
Metamorfismo Dinâmico ou Dinamometamorfismo

Este tipo de metamorfismo corresponde a um processo de reajustamento estrutural


induzido por forças tectónicas de compressão ou de distensão.

O metamorfismo dinâmico é particularmente importante nas zonas de falha de


carreamento (Fig. 397.1), em que o factor principal é a pressão orientada. Este tipo de
deformação provoca fracturação, alongamento ou laminação dos minerais, dando
origem ás chamadas brechas de falha ou aos milonitos. As primeiras são rochas que
apresentam grãos angulosos e as segundas possuem uma granulação fina, com
minerais que exigem deformações em relação aos da rocha original.

CLASSIFICAÇÃO MACROSCÓPICA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS MAIS COMUNS

A classificação das rochas metamórficas é bastante complexa. Muitas das vezes


utiliza-se, na sua sistemática, critérios tais como: composição mineralógica, estrutura,
natureza da rocha original, génese, … Porém, a classificação macroscópica assenta
principalmente nas características estruturais e na composição mineralógica. Esta é
muito diversificada; depende não só da rocha original, como do tipo e do grau de
metamorfismo presente.

Estrutura e Textura

O termo estrutura refere-se as características visíveis à escala macroscópica e textura


para os caracteres que são visíveis a nível micrscópico.

As metamórficas apresentam fundamentalmente dois tipos de estruturas:

¬ Foliada - caracteriza-se por apresentar os minerais orientados


perpendicularmente à direcção da força compressiva, dando à rocha um
aspecto laminado ou bandeado. Quando a rocha possui minerais com clivagem
(moscovite, biotite, clorite, talco), dispostos em planos paralelos, ao longo dos
quais a rocha se divide em lâminas, diz-se que apresenta xistosidade. Quando
os minerais se dispõem em leitos paralelos ou bandas alternadamente claras e
escuras, a estrutura designa-se por bandeada.

¬ Não-foliada - não evidencia orientação dos seus constituintes; é o caso das


corneanas, quartzitos e mármores.

Quanto à textura, destacam-se os seguintes tipos:

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Por Paulo Aguiar
¾ Granoblástica – caracterizada
por apresentar cristais de
dimensões semelhantes.

¾ Lepidoblástica – os cristais
predominantes na rocha são
lamelares, do tipo das micas.

¾ Nematoblástica – textura onde


predominam os minerais
alongados e fibrosos.

¾ Porfiroblástica – caracterizada
por apresentar alguns cristais
mais desenvolvidos em relação
aos restantes constituintes.

¾ Cataclástica – os cristais
evidenciam fracturação e não
apresentam orientação definida.

COMPOSIÇÃO MINERALÓGICA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS

Nas rochas metamórficas podem encontrar-se minerais das rochas magmáticas e


sedimentares e minerais típicos do ambiente metamórfico.

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Por Paulo Aguiar
PEINCIPAIS CARACTERÍSTCAS DE ALGUNS TIPOS DE ROCHAS METAMÓRFICAS

ROCHAS FOLIADAS

Ardósia
É geralmente uma rocha de cor negra ou cinzenta-
escura, de aspecto homogéneo de grão muito fino.
Caracteriza-se por apresentar uma série de planos,
muito bem definidos, que se sobrepõem uns aos
outros. Os minerais que o constituem são em geral
minerais de argila e apresentam dimensões tão
reduzidas que não se distinguem a olho nú. Por vezes,
contêm fósseis.

Xisto luzente
São rochas de cores variadas, de granularidade muito
fina, constituídas principalmente por quartzo, clorite
e micas (observáveis apenas ao microscópio). Nos
xistos mosqueados são visíveis macroscopicamente
alguns cristais, geralmente de quiastolite (variedade
de andaluzite). As superfícies de foliação são muito
brilhantes.

Micaxisto
É uma rocha de foliação bem marcada,
cosntituída essencialmente por quartzo e micas
(observáveis a olho nu), podendo apresentar
também, entre outros, alguns feldspatos,
granadas, anfíbolas e andaluzite, de grão médio.

Gneisse
É uma rocha constituída principalmente por
feldspatos e quartzo, em associação com micas e
anfíbolas, granadas, turmalinas e silimanite.
Apresenta uma estrutura bandeada nítida (minerais
claros alternam com minerais de cor escura, de
grão médio a grosseiro).

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Por Paulo Aguiar
Migmatito
É uma rocha de aspecto heterogéneo (tons claros e
escuros), com estrutura bandeada incipiente, de grão
grosseiro a médio, essencialmente constituída por
feldspatos e quartzo em associação com micas,
anfíbolas e granadas.

Anfibolito
É geralmente uma rocha de cor escura,
cosntituída essencialmente por anfíbolas e
plagioclases, em associação com granadas e
quartzo, de grão fino a médio, com foliação
bem marcada.

Serpentinito
É uma rocha de cor esverdeada, acinzentada ou negra, de
grão médio a grosseiro, constituída por serpentina. É
macia ao tacto e tem brilho ceroso.

ROCHAS NÃO FOLIADAS

Corneana
São rochas geralmente de cor negra,
podendo apresentar outras tonalidades
(esverdeada, azulada) consoante a
composição mineralógica. São
constituídas por vários minerais –
feldspatos, quartzo, andaluzite, biotite,
silimanite – geralmente só observáveis ao
microscópio. Têm fractura conchoidal ou
irregular, geralmente fina e aspecto
córneo.

Mármore
É geralmente uma rocha de cor branca,
podendo apresentar várias tonalidades devido,
sobretudo, à incorporação de óxidos de ferro,
óxidos de manganês ou matéria carbonosa. É
constituída essencialmente por calcite, em

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Por Paulo Aguiar
associação com piroxenas, granadas e grafite. Os mármores têm uma aspecto
visivelmente cristalino, com textura granoblástica.

Quartzito
É uma rocha de cor branca, podendo apresentar outras
tonalidades devido à inclusão de vários minerais
acessórios. É essencialmente constituída por quartzo
resultante da recristalização de arenitos siliciosos; tem
textura granoblástica, é compacta e dura.

Ciclo das Rochas ou Ciclo Petrogénico

As rochas geradas num determinado ambiente geológico são estáveis enquanto


permanecem nesse mesmo ambiente. Uma mudança nas condições do ambiente
induzem a transformações mais ou menos lentas de modo a que as rochas se adaptem
e fiquem estáveis nessas novas condições.

As principais alterações são as da sua textura e a criação de novos minerais de acordo


com o novo ambiente, a partir da destruição de outros que mediante as novas
condições deixam de ser estáveis. Por exemplo, muitos dos minerais das rochas que se
formam em zonas profundas da litosfera alteram-se quando chegam à superfície,
dando origem a outros minerais que vão participar na formação das rochas
sedimentares. Estas rochas, com o decorrer do tempo geológico podem ser sujeitas a
novas condições termodinâmicas, originando rochas metamórficas e mesmo
magmáticas quando há fusão do material.

Podemos dizer que as rochas dependem umas das outras e que ao longo do tempo se
transformam umas nas outras, dando lugar aos diferentes tipos litológicos ou
petrográficos.

A litosfera é a zona da Terra onde se dão os processos internos, a grande


profundidade e que consomem energia vinda do interior do Globo, tais como o
magmatismo, incluindo o vulcanismo, o metamorfismo e outras acções que resultam
em deformações da crosta (dobramentos e falhas) e deslocações da litosfera - são os
chamados fenómenos geodinâmicos internos ou endógenos.

Os processos que ocorrem à superfície ou na película mais externa da crosta terrestre


e que consomem energia exterior ao nosso planeta, principalmente energia solar, são
chamados fenómenos geodinâmicos externos ou exógenos.

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Por Paulo Aguiar
A partir do magma por arrefecimento, solidificação e cristalização originam-se as
rochas magmáticas ou ígneas que por processos de levantamento podem chegar à
superfície onde ficam sujeitas aos processos geodinâmicos externos (meteorização,
erosão, transporte e sedimentação) originando-se sedimentos.

Posteriormente, estes sedimentos são sujeitos a processos físico-químicos que


conduzem à formação de rochas sedimentares. O conjunto desses processos
denomina-se por diagénese. À medida que estas rochas ou os sedimentos, vão
atingindo zonas mais profundas da litosfera, por subsidência ou por subducção, a
temperatura e a pressão aumentam, dando-se então início a processos metamórficos
com geração de rochas metamórficas. Com a continuação do aumento de pressão e
temperatura, as rochas podem fundir dando origem a um magma, completando assim
o ciclo.

Dentro deste ciclo existem ciclos mais pequenos, como se pode ver na figura abaixo,
já que uma rocha magmática ou uma rocha sedimentar podem sofrer processos
metamórficos e mesmo voltar a fundir originando um magma.

Ciclo das Rochas ou Ciclo Petrogénico

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Por Paulo Aguiar
UTILIZAÇÃO PRÁTICA DAS ROCHAS METAMÓRFICAS E EXEMPLOS DESTE TIPO DE
ROCHAS

Actualmente as rochas utilizam-se


bastante na construção civil, porém, já lá
vão os tempos em que as rochas eram
utilizadas para fabricar qualquer utensílio.

No entanto, as rochas mais utilizadas na


construção sempre foram as sedimentares
e não as metamórficas, apesar de estas
últimas terem já sido utilizadas nos
períodos mesolítico e neolítico ( 10.000 -
2.300 a. C. ) na construção de inúmeros
utensílios, entre eles o arado. Neste caso
era o quartzito a pedra utilizada.

Também o mármore acabou por ser


utilizado mais tarde, na época dos
Romanos, em variados objectos. Um deles
era a paleta para maquilhagem, visto este
povo ter bastante cuidado com as aparências. Nesta altura, ter uma insignificante
paleta em mármore para maquilhagem era símbolo de riqueza.

O mármore utiliza-se ainda hoje nas casas, sobretudo como rocha ornamental, como é
o caso das lareiras. Outro local onde se utiliza o mármore é nos cemitérios e em
estátuas. Em muitos telhados encontra-se também presente uma conhecida rocha
metamórfica, a ardósia. É um dos melhores materiais para este efeito devido ao facto
da xistosidade favorecer a separação em folhas finas.

Apesar da maior parte do granito ser de origem magmática há ainda outro tipo de
granito, o ultrametamórfico, o qual foi também utilizado pelo Homem Primitivo no
fabrico de muitos dos seus objectos

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Por Paulo Aguiar
NOÇÕES DE TECTÓNICA

MOVIMENTOS TECTÓNICOS

O planeta terra é considerado um planeta móvel, de tal maneira que o relevo terrestre
é resultado de acções de dois tipos de forças.
a) Forças endógenas, que actuam no interior da crusta terrestre.
b) Forças exógenas, que actuam na parte externa do planeta terra.

Tectonismo corresponde a movimentos que ocorrem no interior da terra dando a


origem a vários fenómenos como os terramotos, vulcanismos, sismos, rochas
dobradas e falhadas. O tectonismo classifica-se em dois tipos: Orogenia e Epirogenia.

Movimentos Epirogénicos
Movimentos epirogénicos são movimentos verticais de subida e descida bastante
lentos de blocos, e afectam extensas áreas continentais, não produzem falhas ou
dobras e não tem competência para deformar estruturas rochosas.

A epirogenia e característico das zonas estáveis (bacias sedimentares intracratónicas)


que permitem a penetração de rochas sedimentares a altas profundidades, onde são
submetidos a altas temperaturas e pressões, provocando assim no metamorfismo
destas rochas. Por outro lado a epirogenia permite o afloramento de rochas que
anteriormente se encontravam nas zonas mais profundas da crusta terrestre.

Movimentos Orogénicos
A orogenia e um movimento que se caracteriza sobre tudo por sua competência em
deformar as estruturas rochosas, é relativamente rápido e quando se manifesta dá
origem a falhas nas zonas em que as rochas não apresentam plasticidade, e
enrugamento (dobras) nas zonas em que há plasticidade nas rochas.

Falhas.
A contínua busca de equilíbrio na crosta
terrestre, em virtude dos contínuos
movimentos das placas que se processam
desde a sua consolidação, implica A
deformações e ruptura das rochas. B
Denomina-se falha a uma ruptura que
tenha ocorrido nas rochas com um
consequente deslocamento dos blocos
resultantes. O deslocamento de um dos
dois blocos resultantes processa-se ao
longo do plano de falha (ver fig.).
A- Muro, B- Teto, R- Rejeito
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Por Paulo Aguiar
Obs.: Quando ocorre uma fractura sem o deslocamento de blocos, esta denomina-se
Junta ou Diáclase.

Elementos geométricos de Falhas


a) Plano de falha –É a superfície decorrente do falhamento e na qual os blocos se
deslocam, e normalmente apresentam-se polidas ou estriadas indicando o
sentido do movimento.
b) Linha de falha – É a linha que resulta da intersecção do plano de falha com a
superfície do terreno.
c) Teto – É o bloco que está acima do plano de falha inclinado.
d) Muro – É o bloco que se encontra na parte inferior do plano de falha inclinado.
e) Rejeito de falha - É a medida do deslocamento linear de pontos originalmente
contíguos. Os rejeitos podem ser vertical, horizontal, total e de mergulho.

Classificação das Falhas

FALHA NORMAL OU DE GRAVIDADE –


É aquela em que o teto rebaixou em
relação ao muro. Tais falhas resultam
de um esforço de tensão, o mergulho
do plano de falha pode variar de
quase horizontal a vertical (ver fig.).

FALHA INVERSA OU DE EMPURRÃO – É


aquela em que o teto sobe em relação
ao muro. São produzidas por esforços
de compressão, em geral o mergulho do
plano de falha deve ser inferior a 45º
(ver fig.).

FALHA HORIZONTAL OU DE
CIZALHAMENTO – É aquela em que o deslocamento dos blocos é paralelo a direcção da
falha, ou seja horizontal (ver fig.).

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Por Paulo Aguiar
Sistema de Falhas

GRABEN OU FOSSA – É uma depressão ( baixo estrutural ) originada por uma sequência
de falhas ou seja quando um bloco se rebaixa entre duas falhas paralelas, e em
relação a dois ou mais blocos vizinhos(ver fig.).

HORTZ – É uma elevação (alto estrutural) alongada ocasionalmente originada por


falhamento ou seja, o bloco foi levantado em relação aos blocos vizinhos(ver fig.).

OBS: Os Grabens e os Hortz é que vão constituir ao longo do nosso relevo


respectivamente as bacias onde pode-se instalar um lago ou uma rede hidrográfica e
uma cadeia montanhosa.

Dobras

Os esforços produzidos nas rochas da crosta podem produzir efeitos de


fracturamento, falhamento ou dobramento. Estes efeitos dependem da intensidade, da
duração e da direcção dos esforços. Por outro lado a competência da rocha também e
um factor muito importante na estrutura produzida. Uma rocha competente é aquela
que oferece grande resistência aos esforços submetidos, e uma rocha incompetente é
plásticas ou seja oferece pouca resistência aos esforços aplicados e, portanto,
dobram-se facilmente.

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Por Paulo Aguiar
Componentes Das Dobras

Para a identificação das posições e dos tipos de dobras, deve-se analisar alguns
componentes.
a) Plano axial – É o plano que divide uma dobra tão simetricamente quanto
possível em duas partes. Em algumas dobras, o plano axial é vertical, em
outros inclinados, podendo ser horizontal em outras.
b) Eixo – É Resulta da intersecção do plano axial com uma camada qualquer, e
estará sempre representado por uma linha.
c) Flancos – Os dois lados de uma dobra são denominados por flancos da
respectiva dobra, logo um flanco se estende do plano axial de uma dobra até
ao plano axial da dobra seguinte.
d) Crista – É a porção mais elevada de uma dobra, podendo ser ao mesmo tempo
o eixo da dobra.
e) E – O plano formado pela reunião de cristas de varias camadas (ver fig.).

Classificação das Dobras

As dobras são classificadas segundo o seu aspecto morfológico, posição do eixo e do


plano axial. De modo geral pode-se distinguir os
seguintes tipos de dobras.

a) Anticlinal – É uma dobra convexa para


cima na qual as camadas se inclinam de
maneira divergente a partir de um eixo
(ver fig.).

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Por Paulo Aguiar
b) Sinclinal – É uma dobra côncava para cima
na qual as camadas se inclinam de modo
convergente, formando uma depressão
(baixo estrutural ).fig.

c) Dobra simétrica – É a dobra na qual os seus


flancos se dispõem simetricamente em relação
o seu plano axial( ver fig.).

d) Dobra assimétrica - É aquela na qual os


seus flancos se dispõem
assimetricamente em relação ao plano
axial.

e) Dobra deitada – É aquela em que o plano


axial tende à horizontalidade, fazendo com
que um dos flancos se situe por baixo do
outro.

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