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BACIA DE BARREIRINHAS
MAIS UMA JOIA PETROLÍFERA
DO MARANHÃO
Pedro Victor Zalán Allan Kardec Duailibe Barros Filho Roberto Juncken
Geólogo, Presidente da ZAG Professor titular da Universidade Geólogo, CGG, Rio de Janeiro.
Consultoria em Exploração de Federal do Maranhão, Ex-Diretor da
Petróleo, Rio de Janeiro Agência Nacional do Petróleo,
Consultor da TGS, Houston/Rio de Presidente da Gasmar, São Luis.
Janeiro.
Nota Técnica Sobre a Margem Equatorial Brasileira
BACIA DE BARREIRINHAS – MAIS UMA JOIA PETROLÍFERA DO MARANHÃO
INTRODUÇÃO
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Explorar a Amazônia Azul do Brasil se configura uma questão estratégica nacional, não
apenas no âmbito da Zona Econômica Exclusiva, mas também além do seu limite de 200
milhas náuticas (Figura 1). Tais extensões de suas águas territoriais já foram pleiteadas pelo
Projeto LEPLAC (Grupo de Trabalho para Acompanhamento da Proposta do Limite Exterior
da Plataforma Continental Brasileira) perante a Comissão de Limites da Plataforma
Continental (CPLC) da ONU e encontram-se presentemente em análise.
Figura 1 - Mapa fisiográfico da Margem Equatorial do Brasil e suas cinco bacias sedimentares. Os limites indicados são
os limites oficiais considerados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), até o marco de
200 milhas náuticas da Zona Econômica Exclusiva. As Bacias da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão e Barreirinhas
possuem geologia análoga às Províncias Petrolíferas da Guiana/Suriname e Gana/Costa do Marfim. As Bacias de
Barreirinhas e Potiguar possuem extensões terrestres nos estados do Maranhão e Rio Grande do Norte; as outras são
totalmente marítimas.
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O Brasil passou por uma revolução energética nas quatro últimas décadas, saindo da
posição de importador altamente vulnerável de energia para a condição atual de
exportador. O Brasil tornou-se um major player na indústria petrolífera internacional. O país
produziu em setembro 4,67 milhões de barris de óleo equivalente por dia (MMboepd),
sendo 3,67 milhões de barris de óleo por dia (MMbopd) e 157,99 milhões de metros cúbicos
de gás por dia (MMm³pd) (Boletim Mensal da Produção de Petróleo e Gás Natural da ANP,
setembro 2023).
Estes números o colocam na 7ª. posição de maior produtor de óleo mundial. O Brasil
exporta cerca de 31% de sua produção e importa o equivalente a 14% em óleo leve e
derivados de óleo e gás (IBP, abril 2023), tornando-se assim um exportador líquido de
petróleo. A Empresa de Pesquisa Energética (EPE, janeiro 2023) estima que a produção de
óleo do país crescerá até 2029, atingindo um pico de 5,4 MMbopd, já contando com uma
parcela de recursos contingentes (aqueles já descobertos, mas não desenvolvidos ainda) e
recursos prospectivos (não descobertos, mas supostos existirem por métodos indiretos)
(Figura 2).
Figura 2 – Gráfico da previsão da produção de óleo do Brasil no decênio 2022-2032 (EPE, janeiro 2023). Notar um pico
de produção no ano de 2029 de 5,4 MMbopd. A utilização integral das reservas conhecidas se dá apenas até 2026, a
partir do qual são necessárias as contribuições de recursos contingentes desenvolvidos economicamente em reservas
e da descoberta de recursos hoje classificados como prospectivos (não descobertos). A manutenção das elevadas
taxas de produção décadas adiante requer a descoberta significativa de recursos hoje classificados como prospectivos
e seu desenvolvimento econômico em reservas.
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Biomassa
5 Carvao
Petroleo
Gas
Renovaveis
4 Biocombustiveis
Solar
Eolica
ENERGIA
Hidro
3
Nuclear
0
1800 1850 1900 1950 2000
Ano
Fonte: Enerav Institute Statistical Review of World Enerav (2023): Vaclav Smil (2017)
Figura 3 – Evolução da matriz energética planetária desde o ano de 1800. Houve transição da lenha para o carvão no
final do século 19 e do carvão para o petróleo no século 20. Os dados indicam que não haverá novamente uma
transição energética de uma fonte para outra, mas um conjunto delas dominarão as próximas décadas, no caso, o
petróleo, o carvão e o gás natural, levando-se em consideração a história dessa evolução que sempre foi muito lenta.
Note que a contribuição das fontes renováveis ainda é residual (gráfico elaborado pelos autores).
Bom relembrar que nesses últimos dois majoritariamente uma matriz de três fontes:
séculos, houve a independência do Brasil, petróleo, carvão e gás natural. Matriz
dos países das Américas, da África, duas energética diversa, com várias fontes e
guerras mundiais, revoluções na Rússia e na similar à que tem o Brasil, país que está mais
China, revoltas em todos os continentes, avançado em termos de energia no planeta.
criação de novos países e outros que
mudaram de nome. No entanto, a curva se Mais ainda, está acontecendo uma
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Figura 4 - Imagem do GOOGLE EARTH PRO destacando a Bacia de Barreirinhas em relação às Províncias Petrolíferas
de Guiana/Suriname e Gana/Costa do Marfim. A correlação entre Guiana/Suriname e Barreirinhas se dá pela
continuação física do sistema petrolífero já comprovado, de Norte para Sul (seta verde). A correlação transatlântica
entre Gana/Costa do Marfim e Barreirinhas se dá por analogia, através do elemento tectônico de ligação entre a
África e a América do Sul denominado de Zona de Fratura Oceânica Romanche (seta azul). As duas bacias geológicas
estiveram juntas/próximas ao longo da evolução da abertura do Oceano Atlântico Equatorial e sua separação se deu
ao longo desta Zona de Fratura; daí deduzir-se a presença dos mesmos sistemas petrolíferos.
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Figura 5 – Mapa da Bacia de Barreirinhas mostrando os dados sísmicos disponíveis, os poços perfurados e os blocos
exploratórios atualmente adjudicados. Observar a existência de apenas 3 poços perfurados em águas profundas,
sendo a maioria em terra e águas rasas. Poço 1 apresentou indício de óleo e os Poços 2 e 3 indícios de gás. Todos
apresentaram excelentes reservatórios turbidíticos saturados com água. Todos testaram o mesmo tipo de play, trapas
estruturais consistindo em reservatórios turbidíticos dobrados no interior de células de deslizamento gravitacionais.
Não foram testados ainda reservatórios turbidíticos em trapas estratigráficas. Os logotipos indicam as companhias
operadoras dos blocos.
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Figura 6 – Seção sísmica 2D (amplitude em profundidade) regional ilustrando a grande espessura e a geologia da bacia
conforme a profundidade da lâmina d’água. Nas águas profundas, os pontos A e B apresentam espessuras de 10 e 8
km, respectivamente. Nas águas ultra-profundas, os pontos C e D apresentam espessuras de 7 e 6 km,
respectivamente. A seção basal apresenta os refletores típicos das rochas-fonte geradoras de petróleo (setas verdes).
Inseridos nela e logo acima encontram-se os reservatórios turbidíticos prováveis portadores de hidrocarbonetos.
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Figura 7 - Mapa de envelope de amplitude sísmica interpretada do levantamento 3D MegaBar. Canais turbidíticos
meandrantes, arenosos, de idade Maastrichtiana-Campaniana (iguais ao campo de Liza e outros na Guiana) são
claramente visíveis. Os canais estão controlados por falhas na direção NE-SW (linhas pretas tracejadas) com
arrombamentos laterais perpendiculares originando lobos submarinos (crevasse splays) notáveis (setas brancas).
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Figura 8 - Linha sísmica 3D (amplitude em profundidade) MegaBar, mostrando a presença de numerosos leques
submarinos arenosos de idade de idade Maastrichtiana-Campaniana (iguais ao campo de Liza e outros na Guiana)
(cores azuis, setas brancas) e, mais profundos, de idade Albiana/Cenomaniana/Turoniana (iguais ao campo de Jubilee
e outros em Gana) (cores azuis, setas pretas) em posições típicas de trapas estratigráficas (acunhamento mergulho
acima). Múltiplos alvos profundos se encontram situados próximos à seção geradora (seta verde), diminuindo assim o
risco de migração do petróleo para os reservatórios.
Figura 9 - Linha sísmica 3D (amplitude em profundidade) MegaBar, ortogonal à anterior, mostrando igualmente a
presença de numerosos leques submarinos arenosos de idade Albiana/Cenomaniana/Turoniana (iguais ao campo de
Jubilee e outros em Gana) (cores azuis, setas pretas) Suas terminações laterais são claramente visíveis. Múltiplos alvos
profundos se encontram situados próximos à seção geradora (seta verde), diminuindo assim o risco de migração do
petróleo para os reservatórios.
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CONCLUSÕES
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ANP, Boletim da Produção de Petróleo e Gás Natural Número 157, setembro 2023, Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Rio de Janeiro, 35 páginas.
https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/boletins-anp/boletins/
arquivos-bmppgn/2023/boletim-setembro.pdf
ANP, Boletim de Recursos e Reservas de Petróleo e Gás Natural 2022, 31/03/2023, Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, Rio de Janeiro, 14 páginas.
https://www.gov.br/anp/pt-br/centrais-de-conteudo/dados-estatisticos/arquivos-reserv
as-nacionais-de-petroleo-e-gas-natural/boletim-anual-reservas-2022.pdf
Barros Filho, A.K., Carmona, R.G., Zalán, P.V., 2021, Um Novo “Pré-Sal” no Arco Norte do
Território Brasileiro? Nota Técnica Sobre a Margem Equatorial Brasileira, 14 páginas.
Publicação dos Autores.
OPEC, World Oil Outlook 2045, 2023, Organization of the Petroleum Exporting Countries,
Vienna, 298 pages.
S&P Global, Commodity Insights, 09 October 2023, OPEC sees no peak oil demand on
horizon, more crude needed to fuel global economy
https://www.spglobal.com/commodityinsights/en/market-insights/latest-news/oil/1009
23-opec-sees-no-peak-oil-demand-on-horizon-more-crude-needed-to-fuel-global-econo
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Richterman, A., Millien, C., Bair, E.F. et al. The effects of cash transfers on adult and child
mortality in low- and middle-income countries. Nature 618, 575–582 (2023).
https://doi.org/10.1038/s41586-023-06116-2
Conklin, A.A., Kumar, S. Solving the big computing problems in the twenty-first century.
Nat Electron 6, 464–466 (2023).
https://doi.org/10.1038/s41928-023-00985-1
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