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Geotécnica

Fernando Eduardo Rodrigues Marques

Geotécnica - 2016 – UERJ

2. A TERRA
2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)

2.2. A formação da Terra

2.3. Estrutura do Globo Terrestre

2.4. Modelo de evolução da Terra

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 2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)
 Os conhecimentos diretos relativos à natureza do
Globo terrestre limitam-se aos que se obtêm através
do estudo de rochas aflorantes à sua superfície ou
retiradas da profundidade, em minas (até 3 km) ou
através de sondagens (até 8 km).
 É possível observar à superfície rochas oriundas de
zonas mais profundas (duas, três ou mais dezenas de
km), trazidas à superfície pelos movimentos tectónicos
e, subsequentemente, postas a descoberto pela
erosão.
 Outros materiais mais profundos têm possibilidade de
ascender à superfície (como fragmentos de rochas),
arrastados para cima, englobados no seio de lavas.
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 2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)


 Os conhecimentos obtidos por esta via referem-se a
uma delgada película superficial quando comparada
com os cerca de 6.400 km de raio do nosso planeta.
 A parte inferior (maioria) fica, assim, fora da
possibilidade de observações diretas.
 Meios indiretos, como os utilizados no domínio da
Geofísica, em particular os que dizem respeito ao
estudo e interpretação dos sismos, permitem
reconhecer no interior do Globo três unidades
concêntricas (crosta, manto e núcleo) e defini-las em
termos de determinados parâmetros físicos, como
densidade, rigidez, pressão, temperatura, etc..
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 2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)
 Estes parâmetros quando conjugados com outras
informações, tais como, densidade global do planeta,
magnetismo terrestre, tipos e composições dos
meteoritos, abundância e distribuição dos elementos
químicos no sistema solar, permitem conceber um
determinado modelo, coerente à luz do estado atual
dos conhecimentos científicos e que se aceita como
possível constituição do Globo terrestre.

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 2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)


A Terra no sistema solar e no Universo
 Sol (Sistema Solar)
 Via-Láctea (Galáxia onde está
inserido o Sol)
 Universo (conjunto de galáxias)

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 2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)
A Terra no sistema solar e no Universo
 A Terra é um dos planetas principais que constituem
o Sistema Solar, sendo o Sol o seu centro de ação.

Sol
 Diâmetro = 1.392.000 km
 99,8% da massa do Sistema Solar

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 2.1. Dados da Planetologia (Astrogeologia)


A Terra no sistema solar e no Universo

Terra
 Distância do Sol = 150.000.000 km
 Distância da Lua (satélite) = 384.000 km

 Diâmetro do Sistema Solar = 12.000 milhões de km


 Diâmetro da Via Láctea = 90.000 anos-luz (1 ano-luz
equivale a cerca de 1013 km)
 Galáxias distantes entre si de vários milhões de ano-luz
 Estima-se que existam entre 10 e 16 bilhões de galáxias

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 2.2. A formação da Terra
 Hipóteses Catastrofistas
 Considera os sistemas planetários surgidos de acidente
“catastrófico” como colisão ou excessiva aproximação de
duas estrelas. Pressupõe a participação de energia
exterior ao sistema. Dadas as grandes distâncias que
separam as estrelas, essa possibilidade é reduzidíssima.

 Hipóteses Evolucionistas
 Considera que os sistemas planetários se formaram na
sequência da evolução de dada estrela, a partir de uma
nuvem ou nebulosa gasosa ou de poeira. Neste esquema,
a energia necessária à evolução encontrar-se-ia no
interior do próprio sistema.

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 2.2. A formação da Terra


 Recentemente admite-se algo mais próximo desta
segunda hipótese – a hipótese nebular.
 O Sol teria nascido de um “glóbulo” de condensação de
matéria cósmica, de início a muito baixa temperatura,
aquecendo à medida que se contraía até desencadear
no seu centro reacções termo-nucleares.
 Uma pequena parte da matéria cósmica não
condensada formou como que um disco achatado de
dimensão próxima da do atual Sistema Solar. A rotação
deste disco fez reunir estas poeiras em massas (os
planetas) tanto maiores quanto mais afastadas do Sol.

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 2.2. A formação da Terra
 Os Planetas formaram-se assim através das
condensações locais, ganhando massa e contraindo-se
aumentando o calor interno e a densidade. Como a
formação de calor era maior que a quantidade de calor
liberado houve uma fusão dos materiais, concentrando
os mais densos no centro e os mais leves no exterior.

 O conjunto de asteróides que gravitam entre as órbitas


de Marte e Júpiter é encarado, presentemente, não
como o resultado da desintegração de um planeta, mas
sim como um conjunto de matéria sólida do Sistema
Solar que não chegou a aglutinar-se num planeta.

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 2.2. A formação da Terra


 No que se refere à Terra, cuja idade se estima em 4.600
M.A., os atuais modelos para a sua evolução térmica,
embora variem entre si, todos apontam para um início
frio seguido de um longo período de aquecimento.
 Pode admitir-se que o aquecimento inicial teria atingido
altas temperaturas devido à desintegração de certos
elementos radioativos (urânio, tório e potássio) e,
também, a energia libertada por impactos de corpos
meteóricos.
 Posteriormente ao declínio daqueles elementos, o
Planeta teria arrefecido até um estado mais ou menos
constante.
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 2.2. A formação da Terra
Forma e dimensões da Terra
 Elipsóide de revolução de muito pequeno
achatamento (1/293)
 Raio Equatorial = 6.378,388 km
 Raio Polar = 6.353,912 km
 Superfície = 510 bilhões de km2 (29% terras emersas)
 Cerca de 2/3 dos continentes concentram-se no
hemisfério norte
 Volume = 1,083 bilhões de km3 (1,083 x 1027 cm3)
 Massa = 5,978 x 1027 g
 Densidade = 5,52

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 2.2. A formação da Terra

 Embora nos impressione o vigor do relevo, sobretudo


nas áreas montanhosas, ou o conhecimento que
temos das grandes profundidades de certas zonas
oceânicas, a verdade é que estas rugosidades são
quase imperceptíveis à escala do Globo.
 Relevo mais alto – Everest: 8,848 km.
 Uma das fossas mais profundas – junto das Ilhas
Marianas: 11,035 km. A mais profunda – fossa das
Filipinas: 11.516 km.
 Desnível de aproximadamente 20 km, que
corresponde a apenas 0,3% do raio da Terra.
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 2.2. A formação da Terra
Curva hipsobatimétrica de Holmes
(ou curva hipsográfica)
Grandes cadeias montanhosas

Fossas abissais (prof. > 6.000 m)


Plataforma continental

Vertente continental
(alt. > 3.000 m)

800 m

3.750 m

Grandes bacias oceânicas

29%
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 2.2. A formação da Terra


Curva hipsobatimétrica de Holmes
 Dá uma ideia da distribuição das áreas emersas e imersas
(terras e mares), além de que dá uma boa visão da proporção
relativa das áreas compreendidas entre determinados limites
de altitude ou de profundidade.
 Em ordenadas figura uma escala vertical entre +8,848 km e -
11,035 km.
 Em abcissas figura uma escala de 0 a 100 relativa a
percentagens da superfície terrestre.
 29% de terras emersas opõem-se a 71% de mares.
 Altitude média dos continentes é de cerca de 800 m.
 Profundidade média dos oceanos é de cerca de 3.750 m.
 Pode visualizar-se a exiguidade das terras de altitude superior
a 3.000 m.
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 2.2. A formação da Terra
 No domínio submerso individualizam-se várias zonas
separadas por rupturas de declive:
 A plataforma continental é o prolongamento dos
continentes sob o nível do mar, não ultrapassando
geralmente os 200 m;
 Após uma ruptura de declive, segue-lhe, em profundidade,
um trecho de acentuado declive, correspondente ao talude
ou vertente continental, que marca, aproximadamente, o
limite das massas continentais;
 Este declive termina de encontro a um trecho muito menos
inclinado, que representa o conjunto das grandes bacias
oceânicas;
 O gráfico põe ainda em evidência a reduzida área
correspondente às fossas abissais, situadas abaixo dos
6.000 m.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Breves noções de Sismologia
 A Sismologia iniciou-se pelo estudo dos movimentos
naturais, bruscos e de pequena duração, conhecidos
vulgarmente por tremores de terra, abalos sísmicos ou
simplesmente sismos.

 Atualmente, são também do domínio desta disciplina os


abalos provocados artificialmente, em geral explosões,
constituindo precioso auxiliar no estudo das formações
geológicas superficiais e na prospeção de jazigos
minerais.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Breves noções de Sismologia
 Os sismos são causados por movimentos de origem
tectónica, por esforços resultantes da atividade vulcânica
e, mais raramente, por deslocamentos superficiais de
terrenos, tais como, abatimentos e escorregamentos.
 Os primeiros, os mais frequentes, importantes, e às
vezes catastróficos (terramotos) são os que melhor
contribuem para o conhecimento das zonas profundas do
Globo.
 No mar, os abalos sísmicos podem provocar violenta
agitação das águas – maremoto ou “tsunami” – tão
conhecidos pelas suas trágicas consequências.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Breves noções de Sismologia
 Quando, ocasionalmente, se dá a ruptura nas massas
rochosas da litosfera, isto é, quando se origina uma falha
ou quando há deslocamentos relativos entre blocos
separados por falhas, produzem-se movimentos
vibratórios, que se propagam na massa do Globo, sob a
forma de ondas elásticas (ondas sísmicas).

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Breves noções de Sismologia
 Hipocentro ou foco – local onde se produz o sismo.

 Epicentro – região da superfície, situada na vertical do


foco, que corresponde ao ponto onde o sismo é sentido
com maior intensidade.

 Sismógrafos – aparelhos de precisão que fazem o


registro rigoroso das oscilações sísmicas traçando em
função do tempo decorrido, os deslocamentos do solo
(duas oscilações na horizontal e uma na vertical).

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Breves noções de Sismologia
 Sempre que ocorre um abalo sísmico e passado um intervalo
de tempo, que é função da distância ao sismógrafo, assiste-
se à chegada das primeiras ondas, as mais velozes, também
chamadas de ondas primárias ou ondas P, caracterizadas
por movimentos verticais resultantes de uma série de
impulsos alternados de dilatância e compressão através das
rochas, razão pela qual são também designadas de ondas
longitudinais ou de compressão.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Breves noções de Sismologia
 Decorrido novo intervalo de tempo, também função da
distância ao sismógrafo, surgem as ondas transversais,
bem marcadas por um aumento brusco de amplitude.
Menos velozes do que as primeiras, são por isso
designadas por ondas secundárias ou ondas S. Neste
tipo de ondas as vibrações são perpendiculares à
propagação da onda sísmica.
 Finalmente os sismógrafos podem registrar ondas mais
lentas, as chamadas ondas L ou ondas longas, de
grande amplitude. Estas ondas geram-se com a chegada
à superfície (ondas superficiais), na zona epicentral,
das duas ondas anteriores (P e S).
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre

 As observações realizadas revela que as trajetórias dos


raios sísmicos são curvas com a convexidade voltada
para o centro da Terra, durante o percurso em zonas de
variação contínua daquelas propriedades, ou sofrem
variações bruscas de direção sempre que encontram
superfícies de descontinuidade.
 Pode-se então dizer que a Terra é formada por zonas ou
camadas concêntricas, separas por superfícies de
descontinuidade igualmente concêntricas.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Três zonas principais:
- A mais superficial, ou crosta, é a menos densa (d= 2,8 a 3)
e atinge profundidades entre 10 e 70 km;
- O manto, mais denso que a crosta (d=3,3 a 5,5) que se
estende até à profundidade de 2.890 km;
- O núcleo, zona mais central e também a mais densa (d >
10).

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


 A diferença acentuada entre as densidades dos materiais da
crosta (2,8 a 3) e da Terra, no seu todo (5,2), implica a
existência, em profundidade, de materiais de densidade
elevada.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
 A base da crosta é marcada por um aumento brusco da
velocidade de propagação das ondas sísmicas o que
corresponde à importante descontinuidade conhecida
pelo nome do geofísico, Mohorovicic, que a definiu (ou
simplesmente MOHO). Esta superfície é também o limite
superior do manto.
 A profundidade de 2.890 km (limite interno do manto)
existe uma nova descontinuidade, dita de Gutenberg,
bem marcada por uma queda brusca da velocidade de
propagação das ondas P (de cerca de 14 para 8 km/s) e
pela interrupção das ondas S.
 No núcleo não existe propagação das ondas S.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Variação das propriedades físicas com a profundidade

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Variação da densidade no interior do Globo

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Variação da velocidade de propagação das ondas P e S
em função da profundidade, no interior do Globo

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
A CROSTA
 A crosta atinge uma profundidade de 30 a 40 km sob os
continentes, podendo ser mais espessa, na ordem dos 70
km, sob as grandes cadeias montanhosas recentes.
 Sob os oceanos a espessura da crosta é menor e mais
uniforme, rondando os 10 km abaixo do nível do mar, ou seja,
cerca de 6 a 7 km, em média, abaixo do fundo oceânico.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


A CROSTA
 A verificação da velocidade de propagação das ondas sísmicas
na crosta revela que nas regiões continentais existem duas
zonas sobrepostas.
 A mais externa, de natureza, grosso modo, granítica ou
granodiorítica com uma espessura média de 17 km, é a
chamada crosta continental superior, que se separa da zona
imediatamente inferior, ou crosta continental inferior, pela
descontinuidade de Conrad.
 Nas áreas oceânicas não existe equivalente da crosta
continental superior, enquanto que a inferior parece continuar-
se naquilo a que se chama crosta oceânica e que constitui os
fundos oceânicos. Em alguns locais a crosta oceânica está
oculta sob delgada película de sedimentos.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre

A CROSTA

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Crosta Continental Superior
 Do ponto de vista geológico e químico verifica-se grande
heterogeneidade e variação regional à superfície dos
continentes. De fato, é muito grande a variedade de rochas
aflorantes.
 Nas margens dos continentes acumulam-se, por vezes,
grandes quantidades de sedimentos oriundos da constante
erosão das enormes massas continentais.
 Porém, nas regiões mais antigas (as mais extensas)
predominam as rochas eruptivas (granitos e rochas afins), e
metamórficas (sobretudo gnaisses).
 Este conjunto de rochas caracteriza-se por um valor médio das
ondas sísmicas P da ordem de 5,6 km/s, por uma densidade
próxima de 2,7 e por uma relativa abundância de sílica (cerca
de 62%) e de alumina (cerca de 16%) – termo Sial.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Crosta Continental Inferior
 Separada da crosta superior pela descontinuidade de Conrad,
esta camada, não só revela um aumento brusco da velocidade
das ondas P, que passam de 5,6 km/s na crosta superior, para
valores de 6 a 7 km/s, como também evidencia um ligeiro
aumento na densidade das rochas que a constituem (d=3).
 Tais características coincidem com as de rochas do tipo dos
gabros, rochas de profundidade equivalentes dos basaltos, de
composição próxima da crosta oceânica.
 Todavia, a pressão e a temperatura (tenha-se em atenção que
em profundidade se verifica um aumento de cerca de 1ºC por
cada 30 m, o chamado grau geotérmico) à profundidade desta
camada são mais compatíveis com um outro tipo de rocha, de
alta pressão – o eclogito – cuja densidade (d=3,5) é superior ao
valor admitido para a crosta.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Crosta Continental Inferior

 Recentemente, ganha corpo a ideia de que a crosta continental


inferior tem uma composição intermédia, próxima da crosta
superior, mas com minerais de alta pressão e, portanto,
formada por rochas mais densas do que as da superfície.

 Quimicamente e em comparação com a camada superior, esta


zona mais profunda da crosta continental é praticamente
destituída de potássio, de urânio e de tório, elementos que,
como se sabe, são fontes de calor por declínio radioativo.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Crosta Oceânica
 Nos grandes fundos oceânicos a película sedimentar é
relativamente delgada (em média cerca de 500 m) existindo
extensões apreciáveis destituídas de sedimentação.
 Estes sedimentos são, na maioria, produtos precipitados da
própria água do mar tais como, hidróxidos de ferro e
manganésio, carbonatos vários e esqueletos de organismos
(uns de natureza calcária e outros siliciosos). A estes se juntam
sedimentos detríticos muito finos e poeiras transportadas pelos
ventos, constituindo as chamadas argilas vermelhas dos
grandes fundos.
 A sedimentação é muito lenta, estimando-se em alguns
milímetros por milénio.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


Crosta Oceânica
 Sob esta película sedimentar, as sondagens têm revelado a
ocorrência de lavas basálticas. Também em cristas e relevos
submarinos, onde em geral não há sedimentos, as dragagens
têm trazido à superfície os mesmos tipos de rochas.
 Tratam-se, em ambos os casos, de basaltos toleíticos, isto é,
rochas mais pobres de potássio e mais ricas de alumínio do
que os basaltos das erupções continentais.
 Ainda com base no comportamento das ondas sísmicas, tem-
se admitido na crosta oceânica, sob a fina camada
sedimentar, a existência de uma camada superior, ou camada
basáltica, com 1 a 4 km de espessura, revelando estruturas
características de erupções submarinas e onde as ondas P se
propagam a velocidades compreendidas entre 4 e 5 km/s.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
Crosta Oceânica
 Sob a camada basáltica, superior, admite-se ainda uma outra,
um pouco mas espessa (5 a 6 km), designada por camada
oceânica, na qual a velocidade das ondas P sobe para 6 a 7
km/s.
 Esta camada é tida como de origem e composição, também
basáltica, semelhantes à da camada superior, tendo, porém,
sofrido posteriores transformações mineralógicas e texturais
que lhe modificaram as propriedades físicas.
 Paralelamente ao termo Sial, referido para a crosta continental
superior, o termo Sima (de silício e magnésio) envolve a crosta
continental inferior e a crosta oceânica, formadas por rochas de
composição basáltica e com densidade média da ordem de 3.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


O MANTO
 Esta grande zona está bem separada da crosta por um
aumento brusco da velocidade de propagação das ondas P
(que sobe para 8,1 km/s) o que define a descontinuidade de
Mohorovicic (ou Moho).
 Em profundidade contata com o núcleo, pela descontinuidade
de Gutenberg, a 2.890 km.
 A sua espessura é quase metade do raio da Terra.
 O seu volume corresponde a cerca de 83% do volume do
Planeta.
 Em termos de massa, o manto representa aproximadamente
68% da massa da Terra.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
O MANTO
 Admite-se que a crosta se desenvolveu, muito cedo, na história
da Terra, a partir de um manto primitivo, por segregação,
através de um processo longo e complexo que culmina com a
formação da crosta continental diferenciada.
 Por outro lado, sabe-se que o manto é a região fornecedora da
energia responsável, entre outros fenómenos geológicos, pela
abertura dos oceanos, pela deriva dos continentes, pelos
movimentos orogénicos e pelos grandes sismos.
 Reconhecem-se no manto três zonas: uma desde a periferia
até à profundidade de 200 km, uma entre 200 km e 700 km e,
ainda outra, que se prolonga até ao contato com o núcleo. As
duas primeiras correspondem ao que se designa por manto
superior e a terceira, ao manto inferior.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


O MANTO

 Na zona periférica (isto é, até 200 km) verifica-se, em geral,


aumento gradual e lento da densidade e da velocidade de
propagação sísmica (embora se admita, em alguns locais, o
contrário, ou seja, decréscimo daquelas grandezas).
 Entre os 200 e os 700 km o aumento dos valores daquelas
propriedades é rápido, não havendo a certeza se as variações
são contínuas.
 Finalmente, no manto inferior as variações são lentas e
regulares.
 Recentemente, com o desenvolvimento da teoria da tectónica
de placas voltou a ter importância o conceito de astenosfera.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
O MANTO
 A astenosfera trata-se de uma zona de menor rigidez
(revelada pela sismologia) de limite difuso, situado
aproximadamente entre 60 km e 250 km de profundidade,
intercalada entre materiais mais rígidos do próprio manto.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


O MANTO
 Há, portanto, por cima desta zona plástica uma certa porção de
manto rígido que forma com a crosta o conjunto da litosfera.
 Na astenosfera a temperatura aproxima-se do ponto de fusão
das rochas.
 Admite-se que a camada litosférica desliza sobre a astenosfera.

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
O NÚCLEO

 Situado abaixo dos 2.890 km onde se separa do manto


pela descontinuidade de Gutenberg.
 Constitui a zona central do globo terrestre, com 32% da
sua massa à qual corresponde apenas 16% do volume do
Planeta.
 Uma vez ultrapassada a profundidade de 2.890 km, as
ondas P reduzem consideravelmente de velocidade,
enquanto as ondas S deixam de se propagar (pelo que é
evidente que há modificação importante dos materiais
existentes acima e abaixo da referida superfície).

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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre


O NÚCLEO
 O decréscimo muito acentuado da velocidade das ondas P (de
14 km/s para 8 km/s) deve corresponder a um aumento
considerável da densidade dos materiais do núcleo; com efeito,
de um valor de 5,5 na base do manto, passa-se bruscamente
ao valor aproximado de 10, à periferia do núcleo, continuando a
densidade a aumentar, sendo cerca de 13,6 na sua região mais
central.
 Admite-se, de há muito, que o núcleo seja essencialmente
formado por ferro (Fe) associado a uma pequena parte de
níquel (Ni) e, daí, a designação frequente de Nife atribuída à
zona central do globo. Corroboram nesta hipótese a existência
do campo magnético terrestre e a composição essencialmente
ferroniquélita de certos meteoritos.
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 2.3. Estrutura do Globo Terrestre
O NÚCLEO
 Por outro lado, o desaparecimento das ondas S ao atingirem a
superfície dos 2.890 km, e atendendo ao fato de estas ondas
não se propagarem em meio líquido, levou à hipótese de que,
pelo menos, a zona mais externa do núcleo estaria no estado
líquido.
 Esta zona líquida, ou núcleo externo com mais de 2.000 km
de espessura estender-se-ia em profundidade até cerca de
5.150 km, onde se verifica nova variação importante na
velocidade das ondas P, correspondente à passagem para o
núcleo interno, considerado no estado sólido.
 Esta variação assinala nova descontinuidade, às vezes
designada por descontinuidade de Lehman.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra


 Arcaico – Longo período desde o início do planeta, há 4.600
M.A. Até um limite fixado nos -2.500 M.A. Também chamado de
Azóico, devido à ausência de vida.
 Proterozóico – situado entre -2.500 M.A. E -600 M.A., isto é,
entre o Arcaico e o início dos tempos caracterizados pela
existência de vida (do grego próteros = que antecede, e zóicos
= animais). O conjunto do Arcaico e do Proterozóico constitui o
chamado Precâmbrico.
 Fanerozóico – Intervalo de tempo posterior a -600 M.A. até
ao presente (de phanerós = evidente). Divide-se em:
 Paleozóico: de -600 M.A. a -230 M.A.;
 Mesozóico: de -230 M.A. a -60 M.A.;
 Cenozóico: de -60 M.A. ao presente.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra

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 2.4. Modelo de evolução da Terra


 A partir do estudo da idade absoluta das rochas sabe-se hoje
que a diferenciação da maior parte da crosta continental é
arcaica, isto é, deu-se há mais de 2.500 M.A..
 Esta crosta primitiva não correspondeu nunca a uma capa
contínua envolvente de todo o globo, antes porém, apenas a
uma porção com cerca de 1/3 da área global diferenciada dos
restantes 2/3, formados por crosta oceânica.
 Aquela porção de crosta continental, ou siálica, parece ter-se
mantido como única e contínua durante a maior parte do
Precâmbrico, constituindo uma grande mancha com a forma de
um crescente que se admite mais ou menos coincidente com a
do primitivo e único continente que dela resultou – a Pangea –
ao qual se opunha o também primitivo e único oceano – a
Pantalassa.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra
 Os continentes tal como os conhecemos, espalhados à
superfície e envolvidos pelos oceanos são, fragmentos da
Pangea separados e deslocados até às posições que
atualmente ocupam, na sequência de longa e complexa
evolução (ainda atuante).
 Esta evolução, hoje muito aprofundada na teoria da tectónica
de placas decorreu sobretudo durante os tempos fanerozóicos,
isto é, posteriormente ao Precâmbrico.
 Uma característica importante das plataformas continentais é a
existência de grandes áreas, mais ou menos centrais, mais
antigas, envolvidas por zonas sucessivamente mais jovens.
 Estas áreas centrais correspondem a núcleos de ascensão de
material magmático diferenciado, oriundo da profundidade.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra


 Estas zonas cresceram, alargaram-se e acabaram por se fundir
numa espécie de superescudos que, unidos entre si, formaram
um conjunto correspondente à totalidade da crosta continental
precâmbrica figurada pela Pangea.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra
 O modelo de sequência dos acontecimentos geológicos
tem as seguintes grandes fases, escalonadas no tempo:
 Acreção e diferenciação (4.600 a 4.200 M.A.):
1. O material cósmico, representado por gases e poeiras,
muitas já aglutinadas em corpos de maiores ou menores
dimensões – os planetesimais – são reunidos num
protoplaneta indeferenciado, constituído por uma mistura
homogénea;
2. O protoplaneta começa a aquecer a partir da energia
gravitacional da acreção e do declínio de elementos
radioativos, conduzindo à fusão do ferro que, por
densidade, se concentra no núcleo, diferenciando-se de
uma espessa zona envolvente, o manto, silicatada e
ferromagnesiana.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra


3. Entretanto, na superfície, individualiza-se uma capa
externa, pouco espessa (± 10 km) – a crosta primitiva de
composição química próxima da da atual crosta
oceânica.
4. Na sequência da diferenciação, libertam-se para o
exterior gases que virão a constituir a atmosfera primitiva,
entre eles hidrogénio, vapor de água e dióxido de
carbono.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra
 Impactos gigantes (4.200 a 3.800 M.A.):
1. A recém formada crosta é bombardeada por inúmeros
meteoritos, entre eles alguns de gigantescas proporções,
oferecendo uma imagem superficial muito semelhante À
dos planetas vizinhos;
2. Os impactos mais importantes distribuíram-se de um só
lado segundo uma série de pontos, hoje bem localizados,
iniciando ou intensificando nesses locais fenómenos de
diferenciação do manto.

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 Diferenciação siálica (3.800 a 2.500 M.A.):
1. A diferenciação da crosta continental resultou do efeito
térmico dos impactos, far-se-ia sentir muitas centenas de
milhões de anos após esses choques e teria tido uma
duração também muito longa;
2. Como resultado da convexão térmica criada, o material do
manto superior e médio, rico de elementos protossiálicos
foi diferenciado mais profundamente do que o fora no
período anterior e, parte dele, o mais leve, ascendeu à
superfície na zona de influência do fenómeno de colisão.
Emergiram, assim, porções de crosta siálica, ou núcleos
protocontinentais, instáveis.

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 2.4. Modelo de evolução da Terra
 Formação da Pangea (2.500 a 600 M.A., no
Proterozóico):
1. Alargamento e coalescência dos núcleos
protocontinentais em escudos maiores e mais estáveis
(2.500 M.A. a 1.700 M.A.);
2. União destes núcleos num único superescudo contínuo, a
Pangea, fazendo sobressair um amplo empolamento
associado à criação de fraturas e de ondulações e ao
aparecimento de vulcanismo (1.700 M.A. a 600 M.A.).

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 2.4. Modelo de evolução da Terra


 Completa-se, assim, com o Precâmbrico (Arcaico +
Proterozóico), a individualização da crosta continental.
 Seguem-lhe, no decurso do Fanerozóico (600 M.A. à
atualidade) modificações originando bacias e
enrugamentos locais, dando origem a depósitos de
cobertura e a acrescentamentos, sobretudo nas suas
zonas marginais, representados pelo que se designou
por crosta recente.
 É, ainda, neste período que se dá a fracturação da
Pangea e subsequente dispersão global das massas
continentais para as posições que ocupam atualmente,
segundo um esquema de criação de grandes fraturas e
crescimento da crosta oceânica, arraste de placas
litosféricas e sua reabsorção pelo manto, ao longo das
grandes fossas oceânicas
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 2.4. Modelo de evolução da Terra

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