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Ondas sísmicas e Estrutura

interna da Geosfera
• Quanto mais distante se encontra uma estação sismográfica, mais
profundamente mergulham as ondas que a ela chegam  a
velocidade das ondas sísmicas aumenta com a profundidade.

• Admite-se que a constituição e as propriedades físicas dos materiais


terrestres variam com a profundidade, condicionando a velocidade das
ondas P e S.

• Quando uma onda sísmica encontra uma superfície de


separação entre materiais com características diferentes,
pode reflectir-se ou refractar-se, tal como acontece com a luz.
Reflexão numa
superfície plana

Refracção numa
superfície plana
O núcleo terrestre desvia a trajectória de ondas
sísmicas directas (1), originando ondas sísmicas
reflectidas (2) e refractadas (3).
Superfície de descontinuidade - Superfície no interior da
Terra que separa materiais de composição e propriedades
físicas muito diferentes. Nessas superfícies, o comportamento
(direcção e velocidade) das ondas sísmicas P e S varia
bruscamente.
O trajecto e velocidade das ondas P e S pelo interior da geosfera
permite identificar as seguintes superfícies de descontinuidade:

 Descontinuidade de Mohorovicic ou Moho

 Descontinuidade de Gutenberg

 Descontinuidade de Wiechert/ Lemann


Descontinuidade de Mohorovicic ou Moho

No início do século XX, Mohorovicic constatou que, a partir


de determinada distância do epicentro de um sismo à estação
sismológica (distância epicentral), as ondas refractadas atingiam
a estação mais rapidamente do que as ondas directas.
Uma vez que as ondas refractadas mergulhariam mais
profundamente na Terra com evidente acréscimo de velocidade,
Mohorovicic sugeriu que a alteração da velocidade das ondas seria
devida à existência de uma descontinuidade, situada
aproximadamente a 30 km de profundidade, a separar um meio
superficial, no qual as ondas se deslocam a fraca velocidade - a
crusta, de um meio mais profundo, onde a velocidade das ondas é
maior - o manto.

A este limite, que representará uma mudança brusca da composição


dos materiais da crusta e do manto, dá-se o nome de
descontinuidade de Mohorovicic ou, abreviadamente, Moho.
Descontinuidade de Gutenberg

No início do século XX, o alemão Gutenberg


observou que, para cada sismo, existe um sector da
superfície terrestre onde é impossível registar ondas
sísmicas directas, isto é, ondas sísmicas que
atingem a superfície terrestre sem sofrerem desvios
na sua trajectória, que no interior da Terra
era curvilínea.

A esta faixa da superfície terrestre, que


se situa a uma distância angular do
epicentro compreendida entre os 103°
e os 143°, dá-se o nome de zona de
sombra.
Depois da zona de sombra, apenas as ondas P são registadas e com
uma velocidade média inferior à que seria esperada.
Gutenberg interpretou estes dados associando a ausência de ondas
sísmicas na zona de sombra ao desvio que as ondas P sofrem na sua
trajectória ao penetrar numa zona com características físicas e químicas
muito diferentes.
-Nas estações sismográficas situadas a menos de 103º (11 459 km)
do epicentro, são registadas ondas P e S directas.

-Para as estações situadas entre 11 459 km (103º) e 15 798 km


(143º), existe uma zona de sombra sísmica caracterizada pela
ausência de recepção de ondas P e S directas.

- A partir dos 15 798 km (143º) de distância do epicentro, registaram-


se ondas sísmicas refractadas que atravessaram o núcleo e ondas
reflectidas.

A esta descontinuidade, que estabelece a separação entre o


manto e o núcleo, a cerca de 2900 km de profundidade, foi dado o
nome de descontinuidade de Gutenberg.
Descontinuidade de Wiechert/ Lemann

Estudos posteriores levados a cabo pela


dinamarquesa Inge Lehmann puseram em evidência
a existência de um núcleo interno.

A partir de registos sismográficos, concluiu-se que


uma parte das ondas P que penetram até às regiões
mais internas da Terra são reflectidas a 5155 km,
enquanto outras sofrem, a partir daí, um aumento da
sua velocidade.
Tendo em conta que a velocidade das ondas P é
maior em meios sólidos do que em meios líquidos, é
de supor a existência de um núcleo interno no
estado sólido. À fronteira entre o núcleo externo
(fluido) e o núcleo interno (sólido) dá-se o nome de
descontinuidade de Lehmann.
Zona de baixa velocidade
- Entre os 100 e os 350 km de profundidade o material do manto encontra-se
parcialmente fundido, o que confere às rochas menor rigidez e maior
plasticidade.
- Esta zona do manto, menos rígida é chamada astenosfera e inclui a zona
de baixa velocidade.
Superfícies de descontinuidade
Estrutura interna da Geosfera
- As informações sobre a estrutura interna da geosfera são obtidas por
métodos indiretos e simulações.

- Os modelos sobre a estrutura da Terra representam como que uma


síntese das pesquisas feitas e deverão ser alterados e aperfeiçoados em
função de novos dados e de novas ideias.

- Os cientistas apoiam-se em dados de astrogeologia (ex: na composição


dos meteoritos) e têm procurado estabelecer e caracterizar unidades
estruturais no interior da Terra, com base em:
- dados fornecidos pelos estudos geofísicos;
- resultados laboratoriais;
- cálculos matemáticos.
PRESSÃO

-A pressão aumenta com a profundidade.


- A pressão altera a estrutura dos minerais,
tornando-os mais densos, e faz subir o ponto de
fusão dos mesmos.

Gradiente geobárico: quantifica a variação


da pressão por km de profundidade.

TEMPERATURA

-A temperatura aumenta com a profundidade.

- Em certas regiões as condições de pressão e de


temperatura devem combinar-se de forma a ser
possível a fusão do material, parcial ou
totalmente.
DENSIDADE DOS MATERIAIS

-A densidade média do planeta é de ~5,5.

- Os materiais conhecidos na crosta são bem


menos densos  admite-se que a densidade
aumenta com a profundidade.

- No interior da Terra devem existir materiais


muito densos (no núcleo)

VELOCIDADE DAS ONDAS SÍSMICAS

- Varia de acordo com a profundidade.

- É condicionada pela rigidez e pela


densidade dos materiais: aumenta com a
rigidez e diminui com o aumento da
densidade.
- A variação brusca de velocidade permite
detetar superfícies de descontinuidade
que separam zonas cujos materiais têm
diferentes propriedades.
Modelos da Estrutura interna da Terra
Modelo segundo a composição química – Modelo
geoquímico
Modelo segundo as propriedades físicas (rigidez)
Modelo segundo a
composição química:
Modelo segundo as
A Terra é constituída propriedades físicas:
basicamente por três
camadas concêntricas:
crusta, manto e núcleo, Existem zonas
separadas por concêntricas com
superfícies de diferentes
descontinuidade propriedades físicas,
reveladas pela variação nomeadamente
acentuada da densidade e rigidez.
velocidade de Consideram-se as
propagação das ondas seguintes regiões:
sísmicas. litosfera, astenosfera,
mesosfera e endosfera
(dividida em núcleo
interno e núcleo
externo)
Estrutura interna da geosfera – camada D”

Na transição do manto para o núcleo, admite-se a existência de uma zona


muito ativa, ainda enigmática – camada D”.

-Tem espessura variável, podendo atingir 100km a 200 km

-Marca a interface entre zonas muito diferentes sob o ponto de vista da


composição, densidade, viscosidade, rigidez, pressão, temperatura.

-Constitui a chave para compreender o dinamismo interno da Terra:

- Através dela o núcleo transfere o seu calor para o manto, o que pode
ter consequências importantes sobre a dinâmica do manto.

- Há investigadores que admitem que a camada D” será a fonte das


plumas térmicas (uma matéria menos densa e menos viscosa que
forma penachos com dezenas de kms de diâmetro que alimentam os
pontos quentes)

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