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GEOTECNIA I

Aula 02 – A estrutura da Terra

Lidiane da Silva Ibeiro


Superfície da Terra

• A curvatura suave da superfície terrestre


é quebrada por montanhas e vales.
• A topografia é medida com relação ao
nível do mar (superfície determinada no
nível médio da água oceânica).
Principais feições da topografia terrestre
8850 m acima
Superfície da Terra do nível do mar

Continentes

11030 m abaixo
do nível do mar

Bacias
oceânicas
Interior da Terra
• A maior parte do interior da Terra é inacessível às observações diretas.

• As limitações devem-se às elevadas pressões e temperaturas.

• Como estudamos o interior da Terra?

Métodos indiretos
https://www.youtube.com/watch?v=16BFrEBZQS4
Interior da Terra
Estudo das ondas sísmicas https://www.youtube.com/watch?v=gjRGIpP-Qfw

Onda compressional – onda P Onda de cisalhamento – onda S

Vibração das partículas do Vibração das partículas do


meio é paralela à direção meio é perpendicular à direção
de propagação da onda de propagação da onda
Estudo das ondas sísmicas
• A partir dos sismogramas, os geólogos podem calcular a velocidade das
ondas (distância percorrida pelo tempo de viagem).
• As velocidades de propagação das ondas P e S dependem do material
que atravessam (em termos de composição, densidade e estado).
• A velocidade das ondas cisalhantes em gases e líquidos é nula: esses
materiais não têm resistência ao cisalhamento.

• As velocidades em que as ondas P e


S propagam-se são maiores quando a
resistência a seu movimento é maior.
Estudo das ondas sísmicas

• A partir de conhecimentos de superfície (como vulcões que extravasam o


material do interior da Terra) e, principalmente, das velocidades sísmicas,
além de outras evidências a cerca das condições de temperatura e
pressão do interior da Terra, é possível inferir sua composição.
Uma Terra em camadas
• Emil Wiechert (1896) propôs a teoria das camadas do interior profundo da
Terra, com base nas seguintes observações:
Meteoritos!!
• Densidade média da Terra: ~ 5,5 g/cm3; calculada por Henry
Cavendish (1798), cujo experimento foi calibrado com base na
lei da gravitação de Newton (1680).
• A maioria das rochas comuns (alto teor de sílica)
apresentam densidades abaixo de 3 g/cm3.
Exemplo: granito (~ 2,7 g/cm3)

• Algumas rochas ricas em ferro (trazidas à superfície terrestre


por vulcões) têm densidades de até 3,5 g/cm3.
• Na direção do interior da Terra a pressão aumenta e comprime a
rocha (diminui seu volume, aumentando sua densidade), mas
não ao ponto de explicar a densidade da Terra de 5,5 g/cm3.
Uma Terra em camadas
• Meteoritos (pedaços do sistema solar caídos na
Terra): compostos de uma liga ferro-níquel, com
densidades de até 8 g/cm3.
• Sua hipótese grandiosa: em algum momento no
passado da Terra, a maioria do ferro e níquel de
seu interior havia caído para o centro sob a força
da gravidade.
• Elaborou o modelo da Terra de acordo com a densidade de 5,5 g/cm3:
com um núcleo denso cercado por um manto de rocha rica em silicato.
• Explicou a existência de meteoritos: pedaços do núcleo de um planeta (ou
planetas) que haviam se quebrado, muito provavelmente pela colisão com
outros planetas.
Uma Terra em camadas
• O interior da Terra encontra-se dividido
em camadas concêntricas de diferentes
composições e/ou condições.
Descontinuidade de
Mohorovicic (1909)

Descontinuidade de
Gutenberg (1914)
Uma Terra em camadas
• Descont. Mohorovicic: separa
a crosta (silicatos de menor
densidade) do manto (silicatos
de maior densidade).
• As rochas na crosta oceânica
contêm mais ferro, portanto,
são mais densas do que as
rochas continentais.
• A espessura média da crosta oceânica é de 7 km. Mas a crosta
continental apresenta espessura muito variável, desde 30-40 km nas
regiões sismicamente estáveis até 60-80 km nas cadeias montanhosas
(zonas orogênicas).
Uma Terra em camadas
• Limite núcleo externo e interno (sismóloga dinamarquesa Inge
Lehmann, 1936): indicando massa central de maior densidade.

• Os geólogos ficaram intrigados com o núcleo interno.


• Segundo estimativas atuais, a temperatura da Terra sobe de ~3500°C na
fronteira manto-núcleo para ~5000°C no centro.
• Se o núcleo interno é mais quente (temperaturas aumentam
com a profundidade), como pode ser sólido enquanto o núcleo
externo é fundido?
Elevadíssimas pressões!

• Estudos recentes indicam que o núcleo interno gira com velocidade maior do que o resto do
planeta, o que sugere que numa época anterior todo o planeta girava com maior rapidez. Por estar
isolado mecanicamente pelo núcleo externo líquido, o núcleo interno mantém maior velocidade.
Uma Terra em camadas
• Entre a crosta e o núcleo: o manto

• Manto superior: da descontinuidade de


Mohorovicic a ~400 km, com densidades
variando de 3,3 g/cm3 no topo até em
torno de 3,7 g/cm3 a 400 km.
• Abaixo da crosta há uma redução das
velocidades sísmicas do manto ao redor
de 100 km de profundidade. Esta “zona
de baixa velocidade” é causada pelo fato
de uma pequena fração das rochas
estarem fundidas (fusão parcial).
Uma Terra em camadas
• A crosta junto com uma parte do
manto (acima da zona de baixa
velocidade) formam uma camada
mais rígida, chamada litosfera.
• O material abaixo (na zona de baixa velocidade) apresenta temperaturas
mais elevadas e, portanto, grande mobilidade de fluxo (é a astenosfera).
• As placas tectônicas (ou litosféricas) são pedaços de litosfera que se
movimentam sobre a astenosfera.
• A interface litosfera-astenosfera é gradual e indica mudanças físicas:
aumento de temperatura e fusão parcial.
Uma Terra em camadas
• Abaixo da zona de baixa velocidade,
apesar do aumento de temperaturas, o
manto está submetido a uma pressão
mais alta, o que faz com que seja sólido.
• Acredita-se que, desde ~650 km até em
torno de 100-300 km da descontinuidade
de Gutenberg, o manto inferior seja
composto predominantemente por
silicatos ferromagnesianos com estrutura
densa e, em menor quantidade, por
silicatos cálcio-aluminosos densos e
óxidos de magnésio, ferro e alumínio.
Neste intervalo a densidade deve
aumentar desde ~4,0 g/cm3 até 5 g/cm3.
Uma Terra em camadas
• A zona inferior do manto (D”), entre 2600
e 2900 km, apresenta propriedades
sísmicas anômalas e variáveis.
• Nesta delgada camada acima da
fronteira manto-núcleo, os sismólogos
descobriram, recentemente, um degrau
de diminuição da velocidade das ondas
sísmicas, o que pode ser uma indicação
de que o manto em contato com o núcleo
é parcialmente fundido, pelo menos em
certos lugares.
• Muitos geólogos acreditam que essa região quente seja a
fonte das plumas do manto que ascendem por todo esse
caminho até a superfície da Terra, criando pontos quentes
vulcânicos, como os do Havaí e de Yellowstone.
Uma Terra em camadas
• Limite manto-núcleo
• Material varia abruptamente para
liga de Fe-Ni líquida.
• Velocidade da onda S vai de 7,5
km/s para zero; onda P de 13
km/s para 8 km/s. Por outro lado,
densidade aumenta!
Uma Terra em camadas
• Quatro elementos compõem cerca de
90% da massa da Terra:
• ferro,
• oxigênio,
• silício,
• magnésio.
• Ferro (o mais denso)
concentra-se no núcleo.
• Oxigênio (o menos denso)
concentra-se na crosta e
no manto.

• Essas relações mostram que as diferentes


composições das camadas da Terra são
basicamente o trabalho da gravidade.
Referências Bibliográficas
• GROTZINGER, J; JORDAN, T. Para entender a terra. 6. ed. Porto Alegre: Bookman,
2013, 738p.
• POPP, J. H.; Geologia Geral. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2017, 352p.
• TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T. R.; TOLEDO, M. C. M.; e TAIOLI, F. (Orgs). Decifrando a
Terra. São Paulo: Oficina de Textos, 2000, 624p.

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