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Fundamentos de Geologia

Carlos Henrique Amaral

UNIDADE 1 – A FORMAÇÃO DA TERRA

Tempo Geológico
A Origem da Terra

A criação do Sistema Solar origina-se da Hipótese da Nebulosa, que tem como base
os princípios do filósofo alemão Immanuel Kant. Segundo essa hipótese, o Sistema Solar
teria surgido a partir de movimentações de rotação de uma nuvem de gases,
predominantemente hélio e hidrogênio, e poeira fina. O formato do Sistema Solar e do Sol
em si, como o conhecemos, originou-se da lenta rotação dessa nuvem e de sua contração
devido à gravidade, ocasionando uma aceleração na rotação das partículas constituintes e
um consequente “achatamento” da nuvem. Ao longo de milhares de anos, o deslocamento
de matérias ao centro devido às forças gravitacionais tornou-se cada vez mais denso e com
temperaturas mais elevadas, atingindo milhões de graus, iniciando o que se denomina
fusão nuclear, um processo contínuo até os dias atuais. Segundo Press et al. (2006), essa
contração do Sistema Solar deixou resquícios de gás e poeira - um disco chamado
nebulosa solar. Depois, a nebulosa começou a esfriar e os gases viraram corpos líquidos e
sólidos. Por causa da força de atração gravitacional, esses corpos começaram a colidir uns
com os outros e a se unir pelo processo de acreção, formando corpos maiores. Assim
surgiram a Terra e os demais planetas do Sistema Solar.

Para estudar o interior do planeta, os geólogos utilizam novas tecnologias, mais


especificamente os métodos geofísicos: gravimetria, magnetometria, eletrorresistividade e
sísmica.

Os estudos das ondas sísmicas permitem um conhecimento mais detalhado do


interior da Terra. As ondas se propagam com velocidades similares quando atravessam
estruturas semelhantes, mas a velocidade de propagação das ondas aumenta ou diminui
quando atravessam estruturas diferentes. Esse diferencial de velocidade é captado em
estações sismológicas espalhadas pelo globo terrestre. A composição e a estrutura das
camadas internas da Terra é, portanto, uma estimativa com base nessa análise.

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O estudo das ondas sísmicas assim como das variações de fluxo de calor gravidade
e magnetismo permitem a compreensão, a organização e o funcionamento da estrutura da
Terra. Com base nesses estudos, classificamos o seu interior em três principais camadas:
a crosta, o manto e o núcleo, havendo entre elas as descontinuidades captadas pelas ondas
sísmicas.

Crosta terrestre

É a camada mais externa do planeta, composta por rochas. Sua análise é feita a
partir da coleta de amostras nos continentes (crosta continental) ou no fundo dos oceanos
(crosta oceânica). A composição da crosta continental é diferente da crosta oceânica.

A superfície da crosta que forma os continentes é pouco densa (aproximadamente


2,7 g/cm3) e tem composição granítica, ou seja, de rochas félsicas. Já a porção mais interna
da crosta, próxima ao manto, possui composição basáltica e mais densa (cerca de 3 g/cm 3).
Sua espessura varia entre 20 e 70 Km. Quanto mais montanhoso é o relevo, maior será a
espessura da crosta.

A crosta que fica abaixo dos oceanos é a mais fina camada (em média, 6 Km) e
composta somente por rochas básicas (composição basáltica). O estudo da crosta oceânica
é dificultado pela extensa camada de água (cerca de 4 Km) e pelos 200 metros de
sedimentos marinhos que ficam depositados sobre ela.

Ao estudar a propagação das ondas sísmicas no limite inferior da crosta, os cientistas


perceberam que instantaneamente se altera a velocidade da onda, indicando uma nova
camada do centro da Terra: O manto. Essa descontinuidade sísmica é chamada de
Mohorovicic ou, de acordo com Press et al. (2006, p. 531), simplesmente Moho.

Manto

É a mais extensa camada da Terra, com profundidade máxima em torno de 2.900


Km, corresponde a mais ou menos 80% do volume da Terra. Nas porções mais profundas
do manto, a pressão e a densidade são maiores (cerca de 5,5 g/cm 3). Já na parte superior,
próxima à crosta, a densidade fica em torno de 3,3 g/cm3.

Semelhante à crosta, o manto é constituído por rochas, caracterizadas por minerais


ricos em ferro e magnésio (rochas básicas), como os piroxênios e as olivinas.

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Como a temperatura nessa camada é muito elevada, no centro do manto as rochas
chegam a se fundir, mudando de estado sólido para pastoso. Já nas porções superior e
inferior do manto, as rochas estão em seu estado normal. Isso porque, apesar da
temperatura elevada, a pressão também é muito alta e tende a deixá-las no estado sólido.
A parte sólida superior do manto e a crosta compõem a Litosfera.

Abaixo da ZBV (Zona Baixa de Velocidade) começa a Mesosfera. É a região sólida


do manto que fica entre a ZBV e o núcleo. Abaixo dela, mais uma descontinuidade sísmica:
a descontinuidade de Gutenberg.

Núcleo

É formado por duas camadas - uma mais externa, feita de rocha fundida, e outra
central, que é sólida. O núcleo exterior tem cerca de 2.270 Km de espessura. O núcleo
interior é uma esfera maciça de 1.216 Km de diâmetro.

Tectônica das placas

A Terra não é um planeta estático, ao contrário, está em constante movimento. Os


continentes se movem em torno do globo terrestre. É justamente essa dinâmica das placas
tectônicas que ocasiona os terremotos, dá origem aos vulcões e implica a formação de
cadeias montanhosas e novos oceanos. Esse conjunto de eventos é explicado pela Teoria
da Tectônica de Placas.

Em 1915, o cientista alemão Alfred Wegener apresentou a Teoria da Pangeia (Figura


1.3), o nome de um grande continente que, há aproximadamente 200 milhões de anos, foi
separado em partes menores que hoje configuram a posição atual. Para fundamentar a
teoria de Wegener, Press et. al. (2006, p. 48) explica que o pesquisador se baseou no
encaixe perfeito dos contornos da costa oeste da África com da costa leste da América do
Sul, além de outros indícios, como o encontro de fósseis semelhantes nos dois continentes
(de animais que não poderiam ter atravessado um oceano).

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Existem evidências que comprovam a Teoria do Supercontinente, dentre as quais:

• A semelhança de formato entre os litorais Atlântico Sul da América do Sul e da


África. Como existe uma modificação constante da costa continental por causa de erosão,
essa junção não forma um quebra-cabeças perfeito. Mas em 1960 os cientistas fizeram um
mapa com o contorno dos continentes a uma profundidade de 900 metros. Nessa
comparação, o encaixe é perfeito.

• Os fósseis de organismos encontrados em diferentes continentes, seres vivos que


não poderiam ter cruzado os oceanos a nado. Um exemplo é o fóssil do réptil marinho
chamado Mesosaurus, encontrado na América do Sul e também na África.

• A associação entre as estruturas rochosas dos dois continentes. Assim como o


contorno da África se parece com o contorno da América do Sul, o mesmo acontece com
algumas cadeias de montanhas presentes em continentes distintos. Parecem “irmãos
gêmeos” que foram separados. São montanhas com idade, composição e formato

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parecidos. Um exemplo está na coincidência entre as montanhas apalachianas da América
do Norte e as montanhas caledonianas da Escandinávia.

Apesar de todos os indícios, Wegener não conseguiu explicar o que motiva o


movimento dos continentes. Meio século depois, os estudos avançaram e, com o
incremento dos dados sísmicos e do conhecimento do campo magnético do planeta,
elaborou-se a Teoria da Tectônica de Placas a partir das propostas de Wegener.

Fique Atento:
O modelo que melhor explica a deriva dos continentes e a tectônica de placas é a existência
de correntes de convecção no manto. A parte mais quente do manto sobe, por ser menos
densa, e após resfriar, desce. Esse deslocamento no conteúdo do manto cria uma corrente.
As placas sólidas se deslocam, portanto, sobre o manto em movimento, como se estivessem
em cima de uma esteira rolante.

As placas são segmentos da Litosfera, ou seja, a parte superior e sólida do manto


mais a crosta terrestre. Sabe-se que as placas se movimentam constantemente alguns
centímetros por ano, mudando de formato e inclusive aumentando ou diminuindo seu
tamanho. Existem sete grandes placas tectônicas identificadas:

1. Placa Norte-Americana.

2. Placa Sul-Americana.

3. Placa do Pacífico.

4. Placa Africana.

5. Placa Eurasiana.

6. Placa Australiana.

7. Placa da Antártica.

As margens das placas, classificadas de acordo com o seu movimento, podem ser
de três tipos:

1. Limite divergente - ocorre quando as placas se afastam umas das outras devido
aos movimentos em direções divergentes. É como se uma espécie de vão fosse criado
entre as placas, que se separam à velocidade média de 5 cm/ano.

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2. Limite convergente - as placas se movimentam uma em direção à outra, chocam-
se e continuam a se mover. Nesse caso, os limites se destroem ou as placas ficam
encavaladas, uma sobre a outra. A placa mais densa mergulha sob a menos densa e afunda
em direção ao manto. Esse choque leva ao surgimento de grandes cadeias de montanhas
e vulcões, que podem entrar em atividade.

Quando a convergência ocorre entre uma crosta continental e outra oceânica, a


placa oceânica, por ser mais densa, afunda, ficando por baixo da continental, na zona de
subducção. À medida que a placa afunda, as altas temperaturas do manto fundem as
rochas da crosta, gerando o magma, que é liberado em uma erupção vulcânica no
continente. A cordilheira dos Andes é um exemplo desse tipo de fenômeno. Ela é formada
pela interseção entre uma placa oceânica, que afunda, e uma placa continental, que
levanta, configurando esse relevo característico.

Quando a convergência acontece entre duas placas oceânicas, a placa mais antiga,
que é mais fria e densa, fica embaixo da outra. As erupções vulcânicas no meio do oceano
formam ilhas, como é o caso das ilhas do Pacífico.

Quando o encontro ocorre entre duas placas continentais, nenhuma delas é densa
o suficiente para mergulhar sob a outra. Por isso, no ponto de convergência as placas se
consomem. Ali se formam grandes cadeias de montanhas, como é o caso do Himalaia, que
foi produzido a partir da colisão entre placas da Índia e da Ásia.

Quando há um limite convergente entre as placas, acontece certa destruição das


placas tectônicas. Ao mesmo tempo, em outros locais do planeta, surgem novas placas
menores. Um evento compensa o outro. É por isso que a área que compõe a superfície do
planeta se mantém constante.

3. Limite conservativo - ocorre quando as placas passam uma ao lado da outra,


sem gerar nem destruir a Litosfera. São zonas fraturadas na crosta que geralmente têm
mais de 100 Km de extensão. Os pedaços de crosta se movem lado a lado, gerando as
chamadas falhas transformantes. Nesses locais acontecem terremotos com frequência.

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Deformações Geológicas

Enquanto interagem, as rochas que compõem as placas tectônicas sofrem os efeitos


de uma força denominada estresse ou onda. O estresse é influenciado pela temperatura e
pela pressão do ambiente e geralmente é calculado em kg/cm3.

Essa força é capaz de modificar o volume e o formato das rochas. Quanto mais
profundas elas estiverem, mais plasticidade haverá em sua deformação. Enquanto as
rochas da superfície sofrem o estresse de forma rígida ou rúptil, as rochas mais profundas
respondem de maneira plástica ou dúctil.

Com base na análise dessas deformações, os geólogos conseguem estimar o que


aconteceu com as placas tectônicas no passado. São três os tipos mais comuns de
estresse a que estão sujeitas as fronteiras das placas:

1. Estresse compressional - acontece entre placas convergentes. Com a


compressão, o volume das rochas diminui. Normalmente elas são dobradas, ficam mais
compridas na vertical, porém mais estreitas horizontalmente.

2. Estresse tensional ou de extensão - ocorre em limites divergentes, quando as


rochas são esticadas. Ficam mais curtas na vertical e mais largas na horizontal.

3. Estresse de cisalhamento - verifica-se em limites conservativos, quando grandes


blocos de rocha são movimentados lateralmente, em sentidos opostos.

O estresse nas rochas pode resultar em uma deformação. As deformações são


classificadas em dois tipos: falhas e dobras. Já as dobras podem ser:

• Sinclinais (côncavas) - as rochas dobradas geralmente vão formar vales ou


bacias.

• Anticlinais (convexas) - em geral formam morros, mas o relevo final vai depender
da resistência dessas rochas à erosão.

Imaginando a dobra dividida em partes iguais, verifica-se que podem se tornar:

• Simétricas - quando a compressão é leve.

• Assimétricas - com compressão forte, comum na margem das placas.

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• Recumbentes - quando, após uma dobra assimétrica, ocorre a continuidade da
compressão e a rocha deita ou tomba para o lado. Dobras assim são comuns em
montanhas no Himalaia, no continente asiático, e nos Alpes, no continente europeu.

As rachaduras ou fraturas acontecem quando as rochas estão localizadas em zonas


de menor temperatura e pressão. Nessas condições, as rochas não têm plasticidade
suficiente para alterar seu volume ou formato. Quando o estresse é grande, surgem as
falhas, que podem ser:

• Horizontais - quando resulta em uma rachadura funda em um relevo plano (como


a Falha de San Andreas, nos EUA).

• Verticais - quando, após a rachadura, um dos lados sobe ou desce (como a Falha
de Salvador, no Brasil, que separa a Cidade Alta da Cidade Baixa e fica perto do Elevador
Lacerda).

As Escalas do Tempo

Estamos acostumados a medir nossas atividades corriqueiras respeitando uma


escala de dias, horas, minutos e segundos. Nesse caso, usamos uma escala absoluta de
tempo, em que todos os acontecimentos podem estar interligados. Qualquer mudança
nesse tipo de medida deve ser muito bem planejada.

Mudar as convenções de tempo é aparentemente simples, mas exige planejamento:


a definição dos horários de verão, por exemplo, deve ser meticulosamente organizada, pois
afeta uma infinidade de atividades humanas que acontecem ao mesmo tempo (CARNEIRO;
MIZUSAKI; ALMEIDA, 2005, p. 7).

Outra maneira de medir o tempo são as escalas relativas. Elas permitem colocar os
acontecimentos em uma ordem, obedecendo a certos procedimentos muito bem definidos.
Por exemplo, quando afirmamos que a maior parte das bacias petrolíferas brasileiras
conhecidas se formou depois da separação dos continentes. Nesse caso, não estamos
dizendo quando, mas apenas em que ordem um fenômeno veio depois do outro.

Medir o tempo requer, além de diferentes escalas, diversos graus de precisão. Para
cada caso são necessários métodos e equipamentos compatíveis com o evento que se
pretende mensurar.

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Por exemplo, para um astrônomo, a ordem de grandeza de idade varia entre milhões
e bilhões de anos. Para o biólogo, os intervalos podem ser muito menores, da ordem de
anos, meses ou dias. Já os processos e reações estudados por físicos nucleares ocorrem
em intervalos de segundos.

A geologia usa as escalas absoluta e relativa, dentro das mais variadas ordens de
grandeza, com a intenção de reconstruir a história do planeta. Assim, é possível
compreender o funcionamento da Terra nos dias de hoje e realizar previsões.

Para os estudos de fenômenos do passado, o raciocínio indutivo e as analogias são


muito utilizados. Mas as pistas registradas nas rochas e analisadas por meio dos métodos
geológicos de estudo do tempo, como os estratigráficos, os paleontológicos e os
geocronológicos, são fundamentais para o trabalho.

Tempo Geológico

Para entender a dinâmica do planeta, a compreensão de tempo geológico é


fundamental, já que os processos e fenômenos terrestres exercem papel decisivo nos ciclos
de transformação da Terra.

Todo formato geológico ou rocha representa uma série de eventos naturais que
aconteceram em um intervalo de tempo específico da história geológica da Terra. E para
facilitar o estudo é empregada uma classificação em ciclos e processos. Isso permite que
esses eventos sejam comparados conforme as sequências de intervalos de tempo.

Ciclos e Processos

Ciclos de duração extremamente longa são medidos em dezenas de milhões a bilhões de


anos. São eles:

• processos evolutivos da crostamento e núcleo da Terra;

• formação de continentes, ilhas e áreas oceânicas;

• deriva continental;

• formação de cadeias montanhosas pela colisão entre placas;

• erosão e aplainamento das cadeias de montanhas;

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• transgressões e regressões em escala continental;

• fases orogenéticas (formação de montanhas ou terras emersas) e metalogenéticas


(formação de recursos minerais);

• surgimento da vida e criação da atmosfera, estratosfera etc. e evolução das


espécies.

Ciclos de longa duração são medidos em dezenas, centenas de milhares até alguns
milhões de anos:

• ciclos climáticos globais de longa duração;

• oscilações climáticas entre eras glaciais e interglaciais no sistema terrestre;

• desenvolvimento de solos muito espessos;

• variações no sistema de correntes oceânicas profundas;

• processos químicos extensivos;

• evolução das espécies;

• mudança no sentido do movimento das placas tectônicas;

• flutuações eustáticas (do nível do mar em relação às terras emersas) com


amplitudes acima de 100 metros;

• variações de excentricidade da órbita da Terra;

• inversão do campo magnético.

Os processos de média duração são medidos em séculos a poucos milhares de anos:

• variações climáticas globais;

• formação de planícies de inundação;

• variações da linha de costa;

• assoreamento de lagos;

• formação de solos de 0,5 a 2 metros de espessura;


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• precessão e variações na inclinação do eixo da Terra;

• depósitos tecnogênicos (lixo, esgotos, efluentes industriais e rejeitos em geral etc.);

• modificações do meio ambiente pela esfera antrópica.

Já os processos de curta duração são medidos em um ano, vários anos e em décadas:

• formação da camada de húmus do solo;

• variações climáticas sazonais;

• variação da calota polar;

• crescimento anual dos animais e vegetais;

• depósitos tecnogênicos e modificações do meio ambiente pelo homem (poluição


do ar e das águas superficiais e subterrâneas);

• subsidências.

Os processos de duração muito curta são medidos em meios-dias, dias e semanas:

• ciclo das marés e depósitos correlatos;

• variação diurna de temperatura devido à rotação da Terra;

• tempestades.

Os períodos excessivamente curtos são medidos em segundos, minutos e horas:

• tempestades e furacões, terremotos e tsunamis;

• correntes de turbidez;

• cataclismos vulcânicos, deslizamentos e avalanches;

• impacto de meteoritos;

• catástrofes em geral;

• depósitos tecnogênicos e modificações do meio ambiente pela esfera antrópica


(incêndios, poluição sonora etc.).

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Escala de Tempo Geológico

Nosso planeta tem mais de 4 bilhões de anos e esse intervalo de tempo é chamado
de tempo geológico. Foi dividido pelos cientistas para fins de estudo e de entendimento da
evolução da Terra em intervalos menores, chamados unidades cronoestratigráficas: Éon,
Eras, Períodos, Épocas e Idades.

Segundo Carneiro, Mizusaki e Almeida (2005), essa escala de tempo foi estabelecida
com base na sucessão biológica, que verifica as mudanças que uma espécie ou grupo de
organismos passam durante o tempo e, após sobreviver por certo período, desaparece,
concedendo lugar a uma nova espécie.

As maiores divisões do tempo geológico são chamadas Éon e referem-se à


característica geral da vida em cada uma. E com a introdução das datações pelos métodos
geocronológicos foi possível estabelecer limites numéricos entre elas.

Éon

O Éon é a principal subdivisão da escala do tempo geológico. Para contar a história


da evolução da Terra e da vida, o tempo geológico foi dividido em Pré-Cambriano e
Fanerozoico.

O Pré-Cambriano abrange mais de 88% de todo o tempo geológico. Representa os


primeiros 4 bilhões de anos da história da Terra. Ele é subdividido nos Éons Arqueano e
Proterozoico.

O Éon Arqueano começa com a solidificação da crosta, há mais de 3,9 bilhões de


anos, e termina há 2,5 bilhões de anos. O Éon Proterozoico vai de 2,5 bilhões de anos a
570 milhões de anos. Os fósseis que registraram a existência da vida no planeta mostram
que ela não evoluiu muito durante os primeiros bilhões de anos e que por muito tempo as
formas de vida não passaram de seres unicelulares. Acompanhe a seguir as principais
características de cada Éon.

Éon Arqueano

• As temperaturas não eram muito diferentes das atuais, porque, segundo os


astrônomos, o Sol era cerca de um terço menos quente que hoje.

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• Poucas rochas formadas nesse Éon existem hoje, devido às grandes
transformações que a crosta terrestre sofreu desde então. São rochas principalmente
ígneas intrusivas e metamórficas.

• A atividade vulcânica era muito maior que hoje.

• Não houve grandes continentes até a fase final desse Éon devido à intensa
atividade geológica do planeta.

• A atmosfera era rica em dióxido de carbono (CO 2) e praticamente não havia


oxigênio.

• A vida no Arqueano era representada pelos procariontes, organismos unicelulares


primitivos que não apresentavam material genético delimitado por uma membrana.
Também há estudos que apontam a existência dos eucariontes, seres em que o núcleo da
célula está rodeado por essa membrana. Eles não foram encontrados em rochas desse
período, mas podem ter existido sem ter sido preservados. Outras formas de vida nesse
Éon foram as cianobactérias, que formaram “tapetes” preservados até hoje, conhecidos
como estromatólitos.

O Arqueano divide-se em quatro eras:

1. Eoarqueano - de 3,85 bilhões a 3,6 bilhões de anos. Nessa fase, a Terra era
constantemente atingida por meteoritos.

2. Paleoarqeano - de 3,6 bilhões a 3,2 bilhões de anos. Surgiram os primeiros


continentes. De acordo com cientistas, no final dessa era, pode ter se formado um
supercontinente, chamado Vaalbara. Alguns profissionais da área geológica defendem que
ainda não havia placas tectônicas se movendo; já outros acreditam que elas existiam e que
sua movimentação era mais intensa que hoje.

3. Mesoarqueano - de 3,2 bilhões a 2,8 bilhões de anos. No final dessa era, o


supercontinente Vaalbara começou a se partir. E os estromatólitos proliferavam na Terra.

4. Neoarqueano - de 2,8 bilhões a 2,5 bilhões de anos. Nessa era, a atividade das
placas tectônicas pode ter sido bastante similar à de hoje. Existem bacias sedimentares
bem preservadas e evidências de fraturas intracontinentais, colisões entre continentes e
eventos orogênicos formando montanhas ou cordilheiras. Um ou vários supercontinentes
podem ter surgido e também sido destruídos. A água era predominantemente líquida e
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havia bacias oceânicas profundas que dariam origem a formações cobertas de ferro,
depósitos de uma rocha chamada chert, sedimentos químicos e basaltos na forma de
almofadas, as chamadas pillow lavas.

Éon Proterozoico

• O Proterozoico começou há 2,5 bilhões de anos e foi até 542 milhões de anos atrás.
São dessa fase as rochas que formam o Grand Canyon, no Colorado (EUA).

• Essa foi uma fase de transição, em que o oxigênio se acumulou na litosfera,


formando óxidos, principalmente de silício e ferro. As camadas de óxido de ferro formaram-
se sobretudo em torno de 2,5 milhões a 2 milhões de anos atrás.

• Há 1 bilhão de anos, os eucariontes e outros tipos de alga começaram a aparecer,


incluindo algas verdes e vermelhas.

• Cerca de 900 milhões de anos atrás, os continentes estavam reunidos. Uma única
massa, chamada Rodínia, acabou se fragmentando no final desse Éon, originando os
paleocontinentes Laurentia - América do Norte, Escócia, Irlanda do Norte, Groenlândia,
Báltica, centro-norte da Europa e Sibéria unida ao Cazaquistão - e Gondwana - América do
Sul, África, Austrália, Antártida, Índia, Península Ibérica e sul da França.

O Proterozoico é dividido em três eras:

1. Paleoproterozoico - de 2,5 bilhões a 1,6 bilhões de anos. Comprovadamente


surgiram os primeiros seres eucariontes.

2. Mesoproterozoico - de 1,6 bilhões a 1 bilhão de anos. Foi nessa era que se


formou o supercontinente Rodínia e surgiu a reprodução animal sexuada.

3. Neoproterozoico - de 1 bilhão a 542 milhões de anos. No final dessa era, termina


o Éon Proterozoico e a fase da Terra chamada de Pré-Cambriano. Essa fase é o conjunto
dos três Éons mais antigos do planeta e abrange sete oitavos de sua história.

Éon Fanerozoico

• Fanerozoico significa “vida visível”. O nome foi dado em razão da grande explosão
de vida em nosso planeta que ocorreu durante esse Éon.

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• É o Éon atual e começou há 542 milhões de anos.

• A facilidade em encontrar rochas e fósseis nesse intervalo da história permite


subdividi-lo em vários períodos, bem caracterizados.

O Fanerozoico é dividido em três eras:

1. Era Paleozoica - vai de 542 milhões a 251 milhões de anos e corresponde a 50%
do Éon Fanerozoico. Nesse período da história existiam seis grandes áreas continentais na
Terra: Báltica, China, Gondwana, Cazaquistânia, Laurentia e Sibéria.

Dois principais eventos biológicos marcam a história da vida nesse momento.


Primeiro, a grande fase evolutiva dos animais, que ficou conhecida como a “explosão
cambriana”, e a segunda, a maior extinção da história da vida na Terra, onde cerca de 90%
das espécies marinhas foram extintas (Período Cambriano) (REIS, 2011, p. 173).

O geólogo Pércio de Moraes Branco (2016) explica, em seu artigo “Breve História da
Terra”, que naquela era a América do Sul, a África, a Índia e a Austrália estavam unidas,
formando o continente de Gondwana. Foi também nessa parte da história que se formaram
as jazidas de carvão, tão importantes para a humanidade.

Na Era Paleozoica, estavam presentes todos os grandes grupos de invertebrados.


No início, os animais eram principalmente marinhos. Ela durou 291 milhões de anos e
dividiu-se em seis períodos geológicos: Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano,
Carbonífero e Permiano, do mais antigo para o mais recente. Várias espécies animais,
como os trilobitas, e plantas só viveram na Era Paleozoica.

2. Era Mesozoica - durou de 251 milhões a 65,5 milhões de anos atrás. No início, o
clima era árido, o que deu origem a um grande deserto arenoso. E foi a consolidação dessas
areias, na forma de arenitos - rochas muito porosas e permeáveis -, responsável pela
formação do que hoje chamamos de Aquífero Guarani, depósito de água subterrânea
localizado na América do Sul, distribuído entre Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai.

3. Era Cenozoica - iniciou há 65,5 milhões de anos e se estende até os dias atuais.
Divide-se entre os períodos Terciário e Quaternário. Foi no Cenozoico que a superfície da
Terra assumiu sua forma atual. Houve muita atividade vulcânica e a formação das grandes
cadeias montanhosas, como os Andes, os Alpes e o Himalaia.

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Períodos

As eras de cada Éon, exceto do Arqueano, são divididas em períodos. Eles são
chamados de Pré-Cambriano, Cambriano, Ordoviciano, Siluriano, Devoniano, Carbonífero,
Permiano, Triássico, Jurássico, Cretáceo, Terciário e Quaternário. Veja a seguir as
principais características de cada um deles:

• Pré-Cambriano - os registros fósseis indicam o aparecimento de formas


pluricelulares somente há cerca de 700 milhões de anos, no final do Éon Proterozoico. Isso
ocorreu no sul da Austrália, em um local chamado Ediacara. Também foram encontrados
registros de animais multicelulares marinhos, que posteriormente foram descobertos
também em outras regiões. Esses organismos eram moles, e estudos apontam que devem
ter sofrido extinção antes do final do Proterozoico.

• Cambriano - registros fósseis indicam que houve uma grande diversificação das
formas vivas há 570 milhões de anos, chamada de explosão cambriana. Além de animais
de corpo mole, surgiram, na vida marinha, novos seres com o corpo protegido por
carapaças duras, alguns com pernas e outros apêndices.

• Ordoviciano - nesse período apareceram os primeiros vertebrados, ancestrais dos


peixes atuais.

• Siluriano - aparecem as primeiras plantas terrestres e, junto com elas, os primeiros


artrópodes terrestres.

• Devoniano - são desse período os insetos voadores mais antigos, assim como os
verdadeiros peixes (com mandíbulas). E no Devoniano Superior, os anfíbios ocuparam a
Terra.

• Carbonífero - nesse período, predominaram as grandes florestas, que deram


origem às reservas de carvão mineral, e surgiram os répteis.

• Permiano - aconteceram várias extinções em massa durante a Era Paleozoica. A


maior delas ocorreu no fim do Permiano, no limite entre as eras Paleozoica e Mesozoica.
Estima-se que cerca de 80% das espécies animais então existentes desapareceram em
alguns milhões de anos.

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• Triássico - os vertebrados continuaram a evoluir, diferenciando-se em répteis e
mamíferos, e surgiram os primeiros dinossauros.

• Jurássico - no Mesozoico, conhecida como a Era dos Répteis, esses animais


ganharam grande importância. Foi nesse período que surgiu a primeira ave, originária dos
dinossauros. Surgiram também as primeiras plantas com flores.

• Cretáceo - o fim do Cretáceo foi marcado por uma grande extinção, que fez
desaparecer quase a metade das espécies, como os dinossauros e outros répteis de
grande porte. Dos répteis só restaram crocodilos, lagartos, tartarugas e cobras. A hipótese
sobre a extinção mais aceita é a queda de um meteoro com cerca de 10 Km de diâmetro.

Continua no Cretáceo a tendência de separação dos continentes. No início do


período a América do Sul estava ligada com a África, Antártica, Austrália, Madagascar e
Índia. Já no Meso-Cretáceo a África isola-se, já a América do Sul, a Antártica e a Austrália
continuam unidas. No final do período a Antártica separa-se da Austrália. O rompimento
final entre o Brasil e a África ocorre no Cretáceo Superior (Cenomaniano) (GUERRA et al.,
2011, p. 177).

• Terciário - pequenos animais se desenvolveram após a extinção dos grandes


répteis. O período foi marcado pelo domínio dos mamíferos, evolução dos primatas, dos
insetos e dos peixes.

• Quaternário - nesse período, os vertebrados evoluíram rapidamente, e houve o


surgimento do homem moderno.

Datações

De acordo com Guerra et al. (2011, p. 170), a partir dos métodos de datação foi
possível atribuir idades absolutas para os eventos geológicos e representá-los por meio das
subdivisões da escala do tempo geológico em anos. Os geólogos utilizam dois tipos de
datação para definir o tempo geológico: a datação relativa e a absoluta.

A datação relativa é utilizada para dizer há quanto tempo um evento ocorreu,


colocando tudo em uma ordem sequencial. Mas ela ao contrário da absoluta, não oferece
datas específicas para unidades rochosas ou eventos.

17
Exemplo

A datação relativa é feita a partir de uma sequência de eventos geológicos.


Comparando rochas mais velhas com rochas mais novas é possível estabelecer a
sequência em que elas se formaram.

Os princípios adotados na datação relativa envolvem principalmente relações


espaciais e conhecimentos de evolução biológica e análise de evidências fósseis. São eles:

• Princípio da superposição - cada camada de rocha sedimentar é mais nova que


aquela que está abaixo dela e mais antiga que a que está acima.

• Princípio da horizontalidade - os sedimentos são depositados como camadas


horizontais. Assim, uma camada de rocha sedimentar inclinada prediz que esta se inclinou
após a sua deposição e litificação.

• Princípio da continuidade lateral - uma camada de sedimentos se estende em


várias direções até que se afina, contrai-se ou termina contra as margens da bacia.

• Princípio das relações transversais - uma invasão ígnea ou falha deve ser mais
nova do que as rochas por ela invadidas ou deslocadas.

• Princípio das inclusões - inclusões ou fragmentos de uma rocha posicionada em


outra camada rochosa são mais velhos que essa camada rochosa.

• Princípio da sucessão fóssil - os fósseis dos estratos da base de certa sequência


são mais velhos que os dos estratos do topo da sequência.

Já a datação absoluta fornece datas específicas para eventos e unidades rochosas.


Isso é realizado pelos seguintes métodos:

• Datação radiométrica ou isotópica - consiste em usar elementos radioativos


naturais para determinar as idades das rochas. Esse tipo de datação aplica o decaimento
de isótopos radiativos que são incorporados na estrutura cristalina de alguns minerais
formadores de rochas. São utilizados principalmente isótopos de urânio, potássio e rubídio.
Esse método só consegue datar materiais com mais de 100 mil anos de idade.

• Datação por Carbono 14 - é o mais usado para datar artefatos arqueológicos de


origem biológica, como ossos, tecidos, madeira, conchas e outros materiais orgânicos.

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Também é o método mais adequado para medir idades do passado geológico recente,
entre 100 e 100 mil anos de idade. Em função disso, é possível datar, por exemplo, as
glaciações mais recentes e os eventos de subida ou descida no nível do mar.

Minerais e Ciclo das Rochas


O que são minerais?

Para entender a origem das rochas os especialistas se valem dos conhecimentos


sobre a composição e a estrutura dos minerais. Segundo Teixeira et al. (2003), os minerais
são elementos com propriedades físicas e químicas definidas. Sua origem depende dos
compostos químicos e das condições de temperatura e pressão predominantes em seu
ambiente de formação.

Para a identificação de um mineral são estudadas propriedades físicas, como


dureza, clivagem, fratura, brilho, cor, traço, densidade e hábito cristalino.

Quadro 1.2 Propriedades físicas dos minerais.

Dureza Facilidade em arranhar sua superfície

Maneira como se divide ou quebra em superfícies


Clivagem
planas

Fratura Aptidão para se quebrar em superfícies irregulares

Brilho Quantidade de luz refletida

Cor Frequência da luz refletida ou transmitida

Traço Cor predominante do pó do mineral

Densidade Quantidade de massa concentrada por volume

Hábito cristalino Formato dos cristais

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Os principais minerais formadores das rochas pertencem aos seguintes grupos:

• Silicatos - Pertencem a esse grupo os minerais mais abundantes da crosta


terrestre. São formados por oxigênio e silício.

• Carbonatos - os minerais são constituídos de carbono e oxigênio, combinados com


cálcio e magnésio.

• Óxidos - os minerais do grupo dos óxidos são compostos em que o oxigênio é


ligado a átomos de outros elementos metálicos. Esse grupo de minerais tem grande
importância econômica, pois inclui os minérios da maioria dos metais utilizados na indústria.

• Sulfetos - os principais minérios, como zinco, níquel e cobre, são membros desse
grupo. Muitos se assemelham a metais e quase todos são opacos.

• Sulfatos - a gipsita, componente primária do gesso, é um dos minerais mais


abundantes desse grupo.

O Ciclo das Rochas

Segundo Carneiro, Gonçalves e Lopes (2009), o ciclo das rochas é um modo de


representar as inúmeras possibilidades de um tipo de rocha se transformar em outro tipo,
ao longo do tempo geológico.

Podemos considerá-lo um conjunto de processos permanentes de reciclagem, uma


vez que a quantidade de matéria do planeta é a mesma há milhões de anos. Pensemos em
alguns átomos de carbono: em milhões de anos, eles já podem ter feito parte de vários
ciclos (do ar, da água, das rochas, dos seres vivos). Seguindo esse raciocínio, podemos
imaginar que os próprios átomos que compõem o nosso corpo já foram muitas outras
coisas, inclusive estrelas e rochas (CARNEIRO; GONÇALVES; LOPES, 2009, p. 55).

As rochas registram alterações e fenômenos que aconteceram ao longo da história


geológica do planeta. Por causa delas podemos conseguir informações sobre a Terra na
época em que foram geradas.

O ciclo das rochas opera por intermédio do mecanismo da tectônica de placas. Esse
ciclo começa com a formação das rochas ígneas, com a cristalização do magma no interior
da Terra. Algumas dessas rochas são levadas para a superfície terrestre e após um

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conjunto de processos mecânicos, químicos e biológicos sofrem desintegração e
decomposição, produzindo sedimentos.

Rochas Ígneas

O magma é responsável pela origem de alguns minerais. Quando resfriados, os


minerais começam a cristalizar e crescer, dando origem às rochas ígneas. Esse material
deriva sempre do magma e está diretamente ligado aos processos de formação e
características das rochas ígneas extrusivas (vulcânicas) e rochas ígneas intrusivas
(plutônicas).

Assim, Teixeira et al. (2000) afirmam que as rochas ígneas, ou magmáticas, são
sólidos que se formaram de líquidos. São corpos rochosos formados a partir da cristalização
do magma. Os minerais mais comuns das rochas ígneas são os silicatos: quartzo,
feldspato, mica, piroxênio, anfibólio e olivina.

As rochas ígneas são formadas em dois tipos de limites de placas associados à


formação de magmas:

1. Nas dorsais mesoceânicas formadas em limites divergentes de placas, local de


formação das rochas ígneas mais representativas com extensão global.

2. Nas zonas de subducção, em que uma placa mergulha sob a outra.

Elas fazem parte de uma das três famílias do ciclo das rochas. Esse tipo de rocha
corresponde a cerca de 70% do volume da crosta terrestre. Elas são classificadas como
rochas intrusivas ou extrusivas, de acordo com sua textura e composição.

• Rochas ígneas intrusivas são formadas a partir do resfriamento do magma no


interior do globo terrestre, permitindo a formação de cristais grossos. Elas são estudadas
pelo exame de afloramentos em campo.

• Já as rochas ígneas extrusivas são formadas quando o magma consegue chegar


à superfície por meio da atividade vulcânica. O resultado são rochas com granulação fina
devido ao rápido resfriamento dos cristais.

21
Exemplo

O basalto é uma rocha ígnea extrusiva, com textura vítrea e granulação fina. Ela é
muito importante para a agricultura. O produto de sua decomposição é uma argila de
coloração avermelhada, que dá origem a solos férteis.

Rochas Sedimentares

De acordo com Teixeira et al. (2000), as rochas sedimentares cobrem cerca de 75%
dos continentes e são as mais observadas na superfície. Esse tipo de rocha é formado por
partículas produzidas por processos geológicos como o intemperismo, a erosão, o
transporte, a sedimentação, o soterramento e a diagênese, conforme itens a seguir:

• Intemperismo - a ação física desagrega as rochas e o intemperismo químico


transforma os minerais e rochas em sólidos alterados, soluções e precipitados.

• Erosão - move os sedimentos produzidos pelo intemperismo.

• Transporte - as partículas são transportadas para novos lugares pelos ventos, a


água e o gelo. Durante o transporte pode ocorrer a abrasão, que reduz o tamanho das
partículas, e o processo de seleção das partículas.

• Sedimentação ou deposição - a deposição dos sedimentos em camadas.

• Soterramento - à medida que as camadas de sedimentos se acumulam, o material


depositado é compactado e soterrado na crosta terrestre.

• Diagênese - refere-se às mudanças físicas e químicas pelas quais as partículas


soterradas passam para se transformar em uma rocha consolidada. Diagênese ou litificação
é representada por um conjunto de processos que se iniciam ao final da deposição.

Teixeira et al. (2000) explicam que a sedimentação ocorre em lugares caracterizados


por uma combinação dos processos geológicos e das condições ambientais no momento
da deposição como o meio e agente de transporte, clima e localização geográfica. Esses
ambientes são agrupados conforme sua localização geográfica.

• Ambiente sedimentar continental - são ambientes com uma grande variação de


temperatura e precipitação. Fazem parte desse grupo:

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Ambiente lacustre, com as correntes dos lagos e as ondas como principais agentes
de transporte de sedimentos do tipo areia, lama e precipitados salinos em climas áridos;
Ambiente aluvial com correntes fluviais, principais agentes de transporte de sedimentos
como areia, lama e cascalho; Ambiente desértico, que tem o vento como principal agente
transportador de areia e pó; e Ambiente glacial, onde o gelo e a água de degelo transportam
areia, lama e cascalho, em clima frio e com pouco atividade orgânica.

• Ambiente sedimentar costeiro - são dominados pela ação de ondas, marés e


correntes. São eles: Ambiente deltaico, com as correntes fluviais e as ondas que
transportam areia e lama; Ambiente praial, com as ondas e as correntes de maré como
principais agentes transportadores de sedimentos do tipo areia e cascalho; e Ambiente de
marés, cujo principal agente transportador de partículas são as correntes de maré.

• Ambiente sedimentar marinho - são influenciados pelas correntes. Fazem parte


desse grupo: Ambiente de mar profundo, dominado por correntes oceânicas e correntes de
turbidez; Ambiente de plataforma continental e recifes orgânicos, dominado por ondas e
marés; e Margem continental, dominada por correntes oceânicas e ondas.

Rochas Metamórficas

São o terceiro maior grupo de rochas da Terra. Esse nome é dado devido a
alterações no estado sólido de rochas preexistentes. Para Teixeira et al. (2000), sua
formação está associada aos três tipos de limites de placas, mas ela é mais comum nos
limites convergentes devido ao aumento de temperatura e pressão decorrente da colisão
das placas.

O estudo dessas rochas permite a identificação de grandes eventos geotectônicos


ocorridos no passado que foram fundamentais para o conhecimento dos continentes.

Como as rochas sedimentares ou ígneas, as rochas metamórficas também podem


sofrer metamorfismo. Esse processo gera uma nova rocha metamorfizada com diferente
composição química e/ ou física da rocha inicial.

Temperatura, Pressão e Fluidos

A temperatura, a pressão e os fluidos são os agentes responsáveis pelas mudanças.


Os três agentes atuam em conjunto, mas, em situações específicas, pode ser predominante
ou exclusiva a ação de apenas um. Sua ação provoca recristalização total ou parcial da
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rocha, mudança de estrutura, alteração da coesão, mudança de textura e alteração de
minerais.

A temperatura afeta a mineralogia e a textura das rochas, com importante papel na


formação das rochas metamórficas. Os processos de tectônica de placas transportam
rochas e sedimentos para o interior da Terra.

A pressão, assim como a temperatura no interior da Terra, muda a textura e também


a mineralogia das rochas. Devido ao processo de metamorfismo no interior do planeta, as
rochas estão sujeitas aos seguintes tipos de pressão:

• Vertical - resultante do peso das camadas superiores.

• Dirigida - relacionada a compressões dos movimentos laterais das placas


tectônicas.

Os fluidos têm grande importância no metamorfismo. O principal fluido ativo é a água,


que contém, muitas vezes, dióxido de carbono, ácido clorídrico, ácido fluorídrico e outras
substâncias voláteis procedentes dos magmas.

Os principais tipos de metamorfismo são:

• Regional - é o tipo mais comum. Dele resulta a maioria das rochas metamórficas.
Grandes áreas são metamorfizadas por altas pressões e temperaturas durante a orogênese
(movimento horizontal das placas tectônicas). Cinturões de montanhas como os Andes
(América do Sul) e o Himalaia (Ásia Central) são resultados de antigas zonas de
metamorfismo regional.

• De contato - ocorre quando as rochas mais antigas são metamorfizadas


principalmente pelo calor de rochas ígneas intrusivas. Isso pode afetar apenas uma estreita
região das rochas ao longo do contato.

• De assoalho oceânico - acontece próximo às fendas que se formam no fundo do


oceano, onde a crosta aquecida, recém-formada, interage com a água do mar. É um tipo
particular de metamorfismo hidrotermal e ocorre em margens de placas divergentes.

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As rochas metamórficas são classificadas em dois tipos:

1. Foliadas - mostram formas de orientação dos minerais, que dão uma textura
foliada, deixando a rocha com aparência de riscos ou lâminas desenhadas. Essas rochas
são classificadas de acordo com o tamanho de seus cristais, a natureza de sua foliação, a
intensidade com que seus minerais são segregados em bandas mais claras e mais escuras
e seu grau metamórfico.

2. Não foliadas - nessas rochas os grãos minerais não apresentam uma orientação
preferencial, tendo uma textura não foliada. São compostas por cristas que cresceram como
cubos e esferas. A maioria das rochas metamórficas não foliadas, também chamadas de
granoblásticas, é definida por sua composição mineral em vez de sua textura, em razão de
sua aparência maciça.

Exemplo

As rochas metamórficas podem ser compostas por um único mineral, tais como o
mármore (resultante do metamorfismo do calcário ou do dolomito) e o quartzito (resultante
do metamorfismo do arenito de quartzo).

Exercícios de fixação
1.Como a ciência explica a origem do planeta Terra?
2. Quais são as camadas da estrutura do interior do planeta? Explique cada uma delas.
3.O que é a tectônica de placas?
4.Quais evidências reforçam a teoria da existência do supercontinente Pangeia?
5.Quais tipos de interação podem existir entre as margens das placas tectônicas?
6.O que é um terremoto?
7. Como é medido o tempo geológico?
8.Faça um resumo das eras de cada Éon.
9.Quais deformações geológicas podem acontecer como resultado da interação entre as
placas?
10. Como é possível dividir o tempo geológico em anos?
11. O que são minerais?
12. Quais são os principais minerais que compõem as rochas?
13. O que é o ciclo das rochas?
14. De que modo as rochas são classificadas? Explique cada um dos tipos.
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