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A Terra, um planeta em mudança

A história da Terra é longa e evidencia, a par de uma evolução pautada por processos lentos, graduais e cíclicos, a ocorrência
de acontecimentos repentinos e dramáticos, resultantes do seu dinamismo.

1.Princípios base do raciocínio geológico


A interpretação dos fenômenos geológicos que tem moldado a superfície terrestre e determinado a evolução da vida tem vindo
a modificar-se ao longo do tempo, fruto dos contextos socioculturais, tecnológicos e científicos.
Duas linhas de pensamento emergiram no tempo: uma perspetiva catastrotista e outra unifomitarista, que não se excluem
mutuamente.
Princípios do raciocínio geológico Exemplo

Catastrofismo As modificações da Terra ocorrem de forma súbita, violenta e imprevisível. Os fenômenos - Quedas de
geológicos que moldam o relevo e condicionam a evolução das formas de vida resultam de meteorismo
acontecimentos bruscos e imprevistos, com um impacto inesperado e determinado nos diferentes
subsistemas terrestres.

Uniformitarismo Os processos geológicos ocorrem de forma lenta, gradual (gradualismo) e, frequentemente, - Formação de
cíclica, seguindo as leis físicas e químicas da Natureza, constantes no tempo e no espaço. Inclui cadeias
o princípio do Atualismo, que defende que as causas explicativas de determinados montanhosas
acontecimentos atuais são as que se verificaram no passado para originarem o mesmo tipo de - Abertura de
acontecimento - “o presente é a chave para o passado”. oceanos

2. O mobilismo geológico. As placas tectônicas ou placas litosféricas e os seus movimentos


Retomando a Teoria da Deriva dos Continentes enunciada por Alfred Wegener, em 1915, num livro cujo titulo em portugues se
traduz por “A Origem dos Continentes e dos Oceanos”, a Teoria da Tectônica de Placas sustenta que a superfície terrestre se
encontra fragmentada em placas litosféricas - porção de litosfera constituídas pela crosta e pela parte rígida do manto superior -
dotadas de mobilidade. O enunciado desta teoria de caráter mobilista contrapõe-se a perspetiva fixista, que defendiam que a
Terra teria mantido desde sempre o mesmo aspeto, e apoia-se em evidências que têm vindo a ser estudadas desde a primeira
metade do século XX.

Evidências

Relevo dos fundos Os fundos oceânicos apresentam diferentes formas de relevo, nomeadamente: riftes - depressões submarinas
dos oceanos localizadas no centro das dorsais (1); dorsais oceânicas - cadeias montanhosas submarinas (2); planícies
abissais - extensas áreas planas e submersas, com elevada profundidade (3); fossas oceânicas - depressões
alongadas e profundas do fundo marinho (4). Figura 5.

Idade dos fundos A idade dos fundos oceânicos é menor junto dos riftes, aumenta à medida que nos afastamos desta estrutura
oceânicos geológica, sendo simétrica de um e outro lado da mesma. Por outro lado, verifica-se que a quantidade de
sedimentos sobre os fundos oceânicos é maior à medida que nos afastamos dos riftes e a sua idade é sempre
inferior à idade dos continentes.

Expansão dos As evidências acima referidas levaram a comunidade científica a postular que os fundos oceânicos se
fundos oceânicos formavam a partir do rifle, gerando-se a crusta oceânica, que se expande para um outro lado do mesmo.

Polaridade do Algumas rochas possuem minerais que contém elementos metálicos, com capacidade de registar o campo
campo magnético magnético terrestre na altura em que se formaram. O estudo desse registo mostrou que as rochas que constituem
terrestres os fundos oceânicos apresentam modificações na sua orientação, ao longo do tempo geológico. Os cientistas
constataram a existência de um padrão simétrico da polaridade do campo magnético terrestre em relação ao
rifle. Este padrão só poderia ter sido formado se houvesse expansão dos fundos oceânicos para um e por outro
lado do rifte.
A somar a estas evidências constatou-se que a distribuição da maioria dos epicentros dos sismos e dos vulcões não é
aleatória, mas coincidem entre si, encontrando-se associada a zonas de instabilidade tectônica, que ocorrem nos limites/nas
fronteiras entre diferentes placas litosféricas.
Tipo de limite Características

Limite - Limite em que o movimento relativo das placas é de afastamento.


divergente, A - Ocorre ao nível dos riftes e é consequência da ascensão de magma, que se expande lateralmente, arrefecendo e
dando origem à formação de nova litosfera, que constitui o fundo oceanico.
- Em resultado do movimento divergente, que ocorre entre as placas, dá-se o aumento de área de placa, razão pela
qual se designam, por vezes, limites construtivos.
- Este tipo de limite é marcado por vulcanismo e atividade sísmica. Exemplo: rifte da Islândia

Limite - Limite em que o movimento relativo das placas é de aproximação, podendo ocorrer, predominantemente, três tipos
convergente, B de situações:
● convergência de placas continentais (continental-continental) - este limite convergente envolve duas
placas de natureza semelhante, originado a formação de montanhas, de que são exemplo os Himalaias;
● convergência de um placa oceânica e de outra continental (oceanica-continental) - este limite
convergente desenvolve-se entre duas placas de diferentes natureza, nomeadamente, diferente densidade,
pelo que a placa oceânica (mais densa) mergulha sob a placa continental, menos densa ocorrendo um
processo designado por subducção, que é responsável pela formação de cadeias montanhosas, associadas
a uma grande depressão - fossa - de que são exemplos os Andes.
● convergência de duas placas oceânicas (oceânica-oceânica) - este limite convergente desenvolve-se
entre duas placas de natureza semelhante, que podem apresentar densidades diferentes, a mais antiga,
mais densa, mergulha por baixo da placa menos densa ocorrendo também um processo de subducção com
a formação de um fossa associada, de que é exemplo a Fossa das Marianas.
- Em resultado do movimento convergente das placas, ocorre a diminuição da área de placa, razão pela qual se
designam, por vezes, limites destrutivos.
- Nestas zonas, regista-se grande atividade sísmica e, frequentemente, atividade vulcânica intensa.

Limite - Limites em que o movimento relativo entre as placas é lateral, não havendo nem aumento nem diminuição da área
transformante, C de placa designando-se, por vezes, limites conservativos.
- Este movimento é característico das falhas transformantes, que em contexto oceanico, intersectam
transversalmente os riftes, de que é exemplo a crista médio-oceânica, podendo ocorrer também em contexto
continental, sendo disto exemplo a Falha de Santo André.
- Nestas zonas, ocorre grande atividade sísmica e no caso das falhas transformantes associadas aos riftes,
vulcanismo tipicamente efusivo.

3. Correntes de convecção
É aceite que os materiais rochosos no interior da Terra, nomeadamente no , se encontram a temperaturas muito elevadas - da
ordem dos 4800ºC junto ao núcleo -, enquanto próximo da superfície terrestre se encontram a temperaturas muito mais baixas -
em média cerca de 150ºC. Esta grande diferença de temperatura provoca a subida dos materiais quentes, menos densos, até
ao limite superior da astenosfera. Ao atingirem essa região do interior da Terra, os materiais rochosos aquecidos divergem
lateralmente e arrefecem à medida que se vão deslocando; deste modo, tornam-se mais densos do que os materiais
circundantes e mergulham novamente, em direção à zona mais quente, onde se iniciou o movimento de ascensão, fechando
um circuito. Estas correntes circulares de materiais são denominadas correntes de convecção e um circuito é designado célula
de convecção.
Admite-se que a lenta movimentação de matéria provocada por diferenças de temperatura e de densidade, seja responsável
pela deslocação das placas listosfericas sobre a astenosfera, considerando.se ainda que a sdorsais oceanicas correspondem
aos ramos ascendentes das correntes convectivas que, aí, se aproximam da superfície e, pelo contrário, as fossa oceânicas
correspondem aos ramos descendentes das mesmas correntes.

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