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TOPOGRAFIA:
planimetria para engenheiros
Agrimensores e Cartógrafos
(em desenvolvimento)
VIÇOSA, 2008
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
SUMÁRIO
I- INTRODUÇÃO GERAL
1- Definições
2- Subdivisões e aplicações da Topografia
3- Estado da Arte
4- Qualidade em mapeamento topográfico
5- Metrologia
5.1- Sistema Internacional de Unidades – SI
5.2- Unidades de medida linear
5.3- Unidades de medida superficial
5.4- Unidades de medida volumétrica
5.5- Unidades de medida angular
5.5-1. No Sistema Internacional de medidas: radianos
5.5-2. Sistema sexagesimal
5.5-3. Sistema centesimal
6- Algarismos Significativos
6.1- Arredondamento
6.2- Operações com algarismos significativos
6.3- Algarismos significativos na Topografia
7- Exercícios
II- GONIOMETRIA
1- Algumas definições: vertical, planos horizontais e verticais, ângulos em topografia
2- Medição simples de ângulos horizontais
2.1- Com trena
2.2- Com teodolito
2.3- Efeito de curvatura da terra em ângulos horizontais
3- Azimutes
3.1- Azimute geográfico
3.2- Azimute magnético
3.3- Azimute plano ou Azimute da Carta
4- Rumos
4.1 Relações entre azimutes e rumos
6- Ângulos Verticais
6.1 Ângulo Zenital
6.2 Ângulo Nadiral
6.3 Ângulo de inclinação ou simplesmente vertical
6.4 Declividade
6.5 Relações entre as Tangentes de Ângulos Zenitais e de inclinação
2- Algumas definições
3- Propagação das variâncias
4- Algumas derivadas
5- Exercícios propostos
BIBLIOGRAFIA:
10- KAHMEN, H. & FAIG, W. Surveying. Berlin; New York. Walter de Gruyter & Co. 1988.
11- KREYSZIG, E. Matemática Superior; tradução de Carlos Campos de Oliveira. Rio de Janeiro.
LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1982. Volume 2.
12- LEICK, A. GPS Satellite surveying, John Wiley & sons, INC. 2nd ed.,Orono, Maine, 1995
14- NBR-13.133 – Norma técnica para Execução de Levantamentos Topográficos, ABNT, Maio de
1994.
15- NGDC - NATIONAL GEOPHYSICAL DATA CENTER – NOAA Satellite and Information Service.
Geomagnetic Field Frequently Asked Questions.
http://www.ngdc.noaa.gov/seg/geomag/faqgeom.shtml#q1. Consultada em 03/2008
18- SILVA, I.da. História dos pesos e medidas. São Carlos. EdUFSCar. 190p. 2004.
19- WOLF, P. R. & BRINKER, R. C. Elementary Surveying. Ninth Edition. New York. HarperCollins
College Publishers, 1994.
20- WOLF, P. R. & GHILANI, C. D.. Elementary Surveying, na introduction to geomatics. Eleventh
Edition. New Jersey. Pearson Prentice Hall, 2006.
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
I - INTRODUÇÃO GERAL
1- DEFINIÇÕES
Etimologicamente, TOPOGRAFIA ( do grego topos = lugar, local e grafo = descrição) significa a
descrição minuciosa de uma localidade e GEOGRAFIA (do grego Geografia) é a ciência que tem por objeto
a descrição da superfície da Terra, o estudo dos acidentes físicos, climas, solos, e vegetações, e das
relações entre o meio natural e os grupos. Daí, pode-se observar semelhanças e diferenças entre estas
duas ciências. Enquanto a Geografia preocupa-se com a descrição de uma ampla superfície da Terra, a
Topografia trata da descrição minuciosa de um local ou até mesmo de um objeto. Na superfície terrestre,
aproximadamente esférica, entende-se por local, uma região limitada por um raio de , aproximadamente,
trinta quilômetros (Domingues, 1979), por outro lado, vale observar, que não se atribui um limite inferior de
ação a nenhuma das duas ciências.
Usando diferentes formas de expressão - gráfica, numérica, matemática ou física - o topógrafo
(geógrafo), para descrever um local ou objeto (a superfície da terra) deve transmitir informações
topográficas (geográficas) que são: informações posicionais - a posição de objetos e fenômenos em
relação a um sistema de referência -, informações geométricas - ângulos, distâncias, áreas e volumes - e
informações temáticas - clima, vegetação, obras de engenharia, relevo, solos, etc.
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Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução Geral
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A Topografia pode ser aplicada a vários temas. Qualquer trabalho de Engenharia, Arquitetura ou
Urbanismo se desenvolve em função do terreno sobre o qual se assenta como, por exemplo, obras viárias,
núcleos habitacionais, edifícios, aeroportos, hidrografia, irrigação e drenagem, usinas hidrelétricas,
telecomunicação, sistemas de água e esgoto, cadastramento e planejamento urbano e rural, paisagismo,
etc.
Se se pode sintetizar a atividade de Engenharia utilizando os verbos: descrever, projetar, definir
materializar e monitorar, evidencia-se a importância da Topografia que fornece diretamente meios para
descrever, definir e monitorar espaços físicos – Figura 1.2.
Se o topógrafo tem em mente que todo levantamento topográfico deve, para a sistematização do
mapeamento, ser ligado à planta geral da região, torna-se possível a obtenção de mapas geográficos a
partir de um conjunto de plantas topográficas. Atualmente, com auxílio do sistema de Posicionamento
Global – GPS, a conexão de sistemas topográficos tornou-se relativamente fácil e não há necessidade de
se ater ao princípio: “ ir do geral para o detalhe”.
Um conjunto de plantas topográficas pode, a posteriori, ser conectado a um sistema de referência
municipal, que pode ser ligado a um sistema estadual, que por sua vez pode ser ligado a um sistema
nacional. Obviamente os sistemas de referência devem ser devidamente materializados.
A Figura 1.2 mostra ainda que a atividade de mapear envolve outras atividades como projetar, criar,
organizar, manter e atualizar arquivos de informações topográficas e/ou geográficas.
Seria oportuno finalizar esta introdução com a seguinte frase de Espartel "Laboram em erro aqueles
que julgam a Topografia uma simples aplicação da geometria, pois cada vez mais se alarga seu campo de
ação e cresce a exigência em precisão e perfeição dos trabalhos que lhe estão afetos no campo da prática
profissional, principalmente da Engenharia."
3- ESTADO DA ARTE
O avanço tecnológico das últimas décadas tem influenciado consideravelmente a Topografia. O
desenvolvimento de instrumentos de medida, incluindo sistemas de satélites; de hardwares e de softwares,
propiciando um rápido, seguro e preciso tratamento, representação e análise das medidas topográficas, faz
da Topografia uma ciência em constante evolução.
Atualmente as medidas podem ser realizadas por estações totais (teodolito eletrônico e
distanciômetro incorporados) e por receptores de sinais transmitidos por satélites de navegação. Estas
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Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução Geral
medidas podem ser descarregadas diretamente ao computador e processadas por softwares de boa
qualidade.
A descrição gráfica do objeto levantado pode ser realizada utilizando-se pacotes gráficos,
comumente denominados CAD - "Computer-Aided Design" e o resultado final pode ser analisado utilizando-
se Sistemas de Informações Geográficas - SIG.
No entanto, não basta desenvolver softwares e hardwares, é necessário rever termologias,
conceitos e métodos.
5- METROLOGIA
É a ciência que trata das medições. A metrologia abrange todos os aspectos teóricos e práticos
relativos às medições, em quaisquer campos da ciência ou da tecnologia.
Medir é o ato de comparar uma grandeza com uma outra, de mesma natureza, tomada como
padrão. Medição é o conjunto de operações que tem por objetivo determinar um valor de uma grandeza.
Medida é o resultado de uma medição. Na Agrimensura e Cartografia emprega-se também o termo
‘observação’ como sinônimo de medida.
As medidas de grandezas físicas podem ser classificadas em duas categorias: medidas diretas e
indiretas. A medida direta de uma grandeza é o resultado da leitura de uma magnitude mediante o uso de
um instrumento de medição, como por exemplo, um comprimento com uma régua graduada ou um intervalo
de tempo com um cronômetro. Uma medida indireta é a que resulta da aplicação de uma relação
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
matemática que vincula a grandeza a ser medida com outras diretamente mensuráveis, como por exemplo,
a distância satélite-receptor obtida multiplicando a velocidade da luz pelo tempo de propagação do sinal.
O conceito de grandeza,ou observável, é fundamental para se efetuar qualquer medição. Grandeza
pode ser definida, resumidamente, como sendo o atributo físico de um corpo que pode ser qualitativamente
distinguido e quantitativamente determinado.
Em Topografia trabalha-se com quatro espécies de grandezas, a saber:
- lineares;
- superficiais;
- volumétricas e
- angulares.
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Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução Geral
Dentro do Sistema Métrico Decimal, a unidade de medir a grandeza comprimento foi denominada
metro e definida como "a décima milionésima parte da quarta parte do meridiano terrestre". Em 1799, para
materializar o metro, construiu-se uma barra de platina de secção retangular, com 25,3mm de espessura e
com 1m de comprimento de lado a lado, que ficou conhecida como o "metro do arquivo".
Em 1889 mudou-se o padrão para uma barra da liga de platina irradiada com traços separados pela
distância de 1m.
Em 1969 a Conferência Geral mudou o padrão de comprimento para uma constante atômica, o
comprimento de onda da luz vermelho-alaranjada emitida pelos átomos individuais do Criptônio-86, e o
metro passou a ser definido como: 1 metro = 1.650.763,73 comprimentos de onda da luz vermelho-
alaranjada emitida pelos átomos individuais do Criptônio-86.
Essa nova definição permitiu aumentar a precisão da unidade-padrão em cerca de cem vezes
(Silva, 2004) e apresenta como vantagens não ser destrutível, de reprodução confiável e fácil de ser
internacionalizada.
A partir da 17ª Conferência Geral de pesos e medidas, realizada em 1983, o metro passou a ser
definido como sendo comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante um intervalo de tempo de
1/299.792.458 de segundo.
No sistema internacional de medidas os múltiplos e submúltiplos do metro mais utilizados são:
quilômetro (km), hectômetro (hm), decâmetro (dam), decímetro (dm), centímetro (cm) e milímetro (mm). A
Tabela 1.1 mostra os prefixos dos múltiplos e submúltiplos do SI.
Embora o SI seja o “padrão internacional”, nos EUA e Inglaterra, principalmente, ainda é muito
comum o uso das seguintes unidades:
1 polegada = 1 in = 2,54 cm
1 pé = 1 ft = 12 in = 30,48 cm
1 jarda = 1 yd = 3 ft = 91,44 cm
1 milha = 1 mi = 5.280 ft = 1.609,344 m.
No Brasil emprou-se oficialmente, num passado recente, as seguintes unidades lineares:
1 légua = 3 000 braças = 6 600 m
1 légua marítima = 5 555,55 m
1 quadra = 60 braças = 132 m
1 corda = 15 braças = 33 m
1 braça = 2 varas = 2,20 m
1 vara = 5 palmos = 1,10 m
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Portanto, 84,3562 ha, por exemplo, pode ser lido como 84 hectares, 35 ares e 62 centiares.
Na Resolução nº 12 de 1988 do CONMETRO o hectare está classificado como “outras unidades
fora do SI e admitidas temporariamente”.
hecto h 102 = 1 00
deca da 10
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Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução Geral
circunferência dividida em 2π partes iguais. Vale lembrar que π (PI) é o valor da razão entre o comprimento
da circunferência e seu diâmetro. Esse número irracional é expresso por uma dizima infinita não periódica,
que nos dias de hoje, com a ajuda dos computadores, já é possível determinar com centenas de milhões de
casa decimais. Com cinqüenta casas decimais o valor de PI é
(http://www.educ.fc.ul.pt/icm/icm99/icm17/pi.htm ):
π = 3,14159 26535 89793 23846 26433 83279 50288 41971 69399 3751 !
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
l m cm km (1.1)
θ= radianos = = = = ⋅⋅⋅
R m cm km
R
l
θ
O valor 206 265 é representado pela letra grega ρ e muito utilizado em Agrimensura e Cartografia. Ele diz
quantos segundos há em cada radiano ( ρ = 206 625 " / rad ). Portanto, para transformar um ângulo em
radianos para segundos do sistema sexagesimal basta multiplicar o valor em radianos por ρ ou o dividi-lo
pelo seno de 1”
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Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução Geral
6 - ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS:
A Figura 1.4 mostra a medição de uma distância ‘d’ com uma régua milimétrica. Nela verifica-se
que o valor numérico da distância é um pouco maior que 5,6 cm. Pode-se verificar ainda que esse “um
pouco maior” está por volta de 0,3, 0,4 ou 0,5 mm, portanto, a medida está entre 5,63 e 5,65 cm e pode-se
anotar o valor 5,64 para a distância d, convicto dos algarismos 5 e 6 e não tão convicto do algarismo 4. Os
algarismos 5 e 6 são tidos como “corretos” e 4 como “duvidoso”. Esses são os algarismos significativos
(A.S.) usados para expressar a distância d. Ao anotar, expressar, uma medida só se emprega um, e
somente um, algarismo duvidoso.
0 1 2 3 4 5 6 7 cm
A medida de uma grandeza física é sempre aproximada e, por mais preciso que seja o aparelho
e o método e o número de algarismos significativos usado para representar a medida, deve expressar a
precisão do instrumento e do método. Quanto maior a precisão, maior o número de algarismos
significativos e o vice-versa deve ser verdadeiro. Com uma régua milimétrica é impossível precisar os
décimos de milímetros e a medida deve ser anotada com no máximo três algarismos significativos.
A medida de d é portanto 56,4 mm = 5,64 cm = 0,0564 m = 0,000 056 4 km, todas anotações
com três A.S. Deve-se observar que:
• Zeros à esquerda do primeiro algarismo significativo não são significativos;
• Zeros entre A.S. são significativos;
• Zeros a direita de A.S. são significativos. Dessa forma 5,640 cm tem quatro A.S. e é,
portanto, fisicamente diferente de 5,64 cm; embora, matematicamente iguais.
• Zeros ao final de um número inteiro podem ou não ser significativos. Uma medida
representada por 1500, por exemplo, pode ter dois, três ou quatro A.S. Para eliminar
esta ambigüidade recomenda-se o uso da notação científica.
Na notação científica escreve-se o número referindo à potência de 10 conveniente e,
conservando-se à esquerda da vírgula, apenas um dígito diferente de zero. Por exemplo:
1500 = 1,500 x 103, com quatro A.S., 1,50 x 103, com três e 1,5 x 103, com dois A.S;
12 = 1,2 x 10 (dois A.S.);
10 = 1,0 x 10 (dois A.S.)
10 = 1 x 10 (um A.S.);
1,000 2 = 1,000 2 ( cinco A.S.);
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
6.1 – Arredondamento
Quando for necessário fazer arredondamento de algum número, utiliza-se a seguinte regra:
1. Quando o algarismo posterior ao último A.S. a ser anotado for menor que 5, este e os
subseqüentes são abandonados;
2. Quando o algarismo posterior for igual a 5 arredonda-se o último A.S. para o número par
mais próximo e
3. Quando o algarismo posterior for maior que 5, soma-se uma unidade ao último A.S. a
ser anotado. Por exemplo:
Se o número 7,2752 deve ser expresso com um, dois, três e quatro A.S. ele deve ser
arredondado para 7; 7,3; 7,28 e 7,275, respectivamente. Observe que o 7,2852 com três A.S. também é
7,28.
Os procedimentos 1 e 3 são prática padrão. Já o procedimento 2 não. Alguns simplesmente
abandonam os próximos dígitos e outros adicionam uma unidade ao último A.S. Usando a regra do par
mais próximo estabelece-se um procedimento uniforme e produzem-se resultados melhor balanceados
numa série de cálculos, ( Wolf, 2006).
Soma e subtração: os três passos seguintes devem ser seguidos, (Wolf, 2006):
1. Executar a adição ou subtração sem nenhum arredondamento considerando todas as
casas decimais;
2. Identificar a coluna que contém o A.S. mais a esquerda entre as medidas envolvidas
e
3. Arredondar a resposta para que seu A.S. mais a direita esteja na coluna identificada no
passo 2. Por exemplo:
0,1875
+ 3,243
+ 22,13 22,321
+ 105,2 − 0,000 6
( Resposta: 230,8); (R: 22,320);
230,7605 22,3204
Resumindo, na soma ou subtração o último A.S. do resultado deve estar na coluna do algarismo
duvidoso mais a esquerda entre as medidas envolvidas.
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Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução Geral
Obviamente as medidas envolvidas devem estar na mesma unidade. Não se soma ou subtrai
metros a centímetros, metros quadrados, radianos ou segundos!
2,653 m + 53,8 cm +375 cm + 3,782 m = 2,653 m + 0,538 m + 3,75 m +3,782 m = 10,72 m.
Di = 100,32
DV = 8,0
DH = 100,00
A distância vertical, DV, é dada com dois A.S. e a horizontal, DH, com cinco. Destes dados a
distância inclinada é calculada com cinco A.S., uma vez que, para pequenos ângulos de inclinação, uma
variação considerável na distância vertical produz uma pequena variação na diferença entre distância
inclinada e distância horizontal, (Wolf,2006).
Na conversão de unidades, uma boa regra é manter o número de A.S. da medida original.
7 - EXERCÍCIOS
1) Transformar a área de 21 alqueires, 3 quartas e 15 litros em hectare.
2) Qual a altura de lâmina d'água de 1000 litros distribuídos uniformemente em 5 m² ?
3) Transformar - 30,4560 graus, em graus, minutos e segundos; e - 60° 45' 50" em graus.
4) Qual a distância linear entre dois traços mais próximos de um círculo com 10 cm de raio,
dividido em 720 partes iguais (0,5 graus/parte)? E se o raio fosse 7 cm?
5) Verifique em uma calculadora o valor do seno de 1” . E o inverso desse valor, qual é ?
6) Transformar 648 000 " em radianos e 1 rad em segundos sexagesimais.
TRABALHO: Elaborar algoritmos para transformar graus em graus, minutos e segundos e vice-versa.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
II - GONIOMETRIA
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Viu-se no capítulo anterior que o Engenheiro Agrimensor para livrar-se da descrição puramente
sensorial de um lugar, deve medir. Medir ângulos, distâncias e/ou grandezas relacionadas com a
propagação de sinais eletromagnéticos.
Goniometria é o capítulo da topografia que trata das técnicas para medição de ângulos. Neste
capítulo, inicialmente são apresentadas algumas definições básicas para a compreensão de tais
técnicas. A seguir, no item 2, trata-se da medição simples de ângulos horizontais com trena e teodolitos,
analisando o efeito da curvatura Terra nesses ângulos. No item 3 é feito um breve estudo de ‘azimutes’,
ângulos horizontais com origem no lado norte do meridiano do observador e no item 4 é apresentada
outra forma de representar a orientação em relação ao norte, os ’rumos’, relacionado-os com os
azimutes. No item 5, trata-se da obtenção de ângulos horizontais a partir de azimutes e no item 6
descreve-se brevemente ‘ângulos verticais’, assunto que será melhor estudado em texto específico de
altimetria.
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1- ALGUMAS DEFINIÇÕES
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
VT
• P
θ
P • α
HZ Vertical de P
Vertical de P
Figura 2.2 - Plano e Ângulo Horizontais Figura 2.3 - Plano e Ângulo Verticais
j) Latitude de um ponto: é o ângulo, medido no meridiano do ponto, formado pela vertical deste ponto
com sua projeção equatorial. Sua contagem é feita com origem no equador e varia de 0° a
90°, positivamente para o norte (N) e negativamente para o sul (S). Figura 2.4.
k) Longitude de um ponto: é o ângulo, medido no equador, entre o meridiano zero e o meridiano do
ponto. Sua contagem é feita de 0° a 180°, positivamente para leste (L ou E) e
negativamente para oeste (O ou W). Figura 2.4.
PN
Meridiano Zero
L
Equador
Longitude de P
Meridiano de P O
P ●
Latitude de P
Vertical de P PS
l) Circunferência máxima: Circunferência formada pela interseção de qualquer plano que contém o
centro de uma esfera com a sua superfície. Tem o mesmo raio da esfera.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
m) Distância esférica: distâncias medidas ao longo de circunferências que podem ser meridianos, (dM),
equador (dEQ), paralelos (dP) ou uma circunferência máxima qualquer (de), conforme
Figura 2.5. Nesta Figura PS representa o pólo sul; PN o pólo norte; QQ’ o equador; R o
raio do modelo terrestre esférico; f latitude de um paralelo; Df diferença de latitudes;
PS PS
Dλ Rcosf
• C
de
dP Dλ
fC
f
dM Df Q’ B•
Q’ Q Q
de R fB
Dλ
dEQ
PN PN
Figura 2.5 – Distâncias esféricas
d M = R ⋅ ∆ϕ rad (2.1)
Portanto, considerando o raio do modelo esférico da Terra, R, igual a 6 371 km, para seguimentos ao
longo de meridianos ou do equador, um ângulo (Dλ ou Df) de 1º (um grau) corresponde a 111 km, de 1’
a 1,9 km e de 1” a 30 m, aproximadamente.
Já uma distância esférica ao longo de um paralelo de latitude f é dada por:
e ao longo de uma circunferência máxima qualquer unindo dois pontos - pontos B e C da Figura 2.5, por
exemplo - de latitude e longitude conhecidas, pode ser determinada empregando as equações (2.4) e
(2.5), a seguir:
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
d e = R ⋅ d rad
e (2.5)
Após estas definições está-se apto para o estudo das técnicas simples de medição dos ângulos
normalmente empregados na Engenharia.
Em textos mais avançados serão estudados métodos que permitem a eliminação de erros
sempre presentes na medição de ângulos. Por hora, serão tratados apenas dos métodos simples, sem a
preocupação com a eliminação de erros residuais.
Parte-se do princípio de que “medindo três lados de um triângulo é possível determinar seus
ângulos”. Se os segmentos medidos estão contidos em um plano horizontal os ângulos serão
horizontais, se estão em um plano vertical serão verticais e se estiverem contidos em planos inclinados
os ângulos serão espaciais – Figura 2.6. Obviamente, erros cometidos na medição das distâncias
afetarão os valores determinados para os ângulos.
Para calcular os ângulos emprega-se a lei dos co-senos, equação 2.6.
B
HZ
b
a
α
A
c
a 2 = b 2 + c 2 − 2 ⋅ b ⋅ c ⋅ cos α (2.6)
Portanto
b2 + c2 − a2 (2.7)
α = arccos ( )
2 ⋅b ⋅c
EXERCÍCIO:
Para quais valores de a, b e c o ângulo α será reto (90o ) ?
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Instrumentos que medem ângulos são chamados ‘goniômetros’; se medem ângulos horizontais e
verticais, ‘teodolito’ e se medem, eletronicamente, ângulos horizontais e verticais e distâncias, ‘estação
total’.
Os limbos - círculos graduados - dos instrumentos empregados em topografia são graduados
nos sentidos, horário e anti-horário. Empregando a graduação horária o ângulo medido é chamado de
‘ângulo horário’ e, caso contrário, ‘ângulo anti-horário’ independentemente do sentido em que o
instrumento é girado, uma vez que o limbo permanece fixo e o que gira é a marca de referência para
leitura ou o vernier. Observe na Figura 2.7 que o ângulo medido é o ângulo horário BÂC porque a
graduação empregada é horária, a origem está em B e o término está em C. Observe que isto independe
do sentido em que o vernier é girado.
Em verdade, não se mede um ângulo diretamente, mas sim duas direções: a direção inicial e a
final. O ângulo é resultado da diferença dessas direções, ou seja:
e se o instrumento é zerado na direção inicial, o ângulo observado será igual a direção final.
O ângulo horário BÂC da Figura 2.7, por exemplo, é derivado das direções horárias, inicial (δAB)
e final (δAC):
BÂC = δ AC − δ AB , (2.9)
δAB B
20
. 30
..
10 10
0 A
0
δAC
C
350
A Figura 2.8 mostra dois ângulos com mesma direção de origem (δAB) e de término (δAC); porém,
um é horário e o outro anti-horário.
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
Superfície Física
Superfície Esférica
Plano Topográfico
Superfície Elipsoidal
Superfície Geoidal
Quando as grandezas medidas sobre a Terra são tratadas como se tivessem sido realizadas em
um plano, cometem-se erros. Se se supõe que as medidas foram realizadas sobre uma esfera – e as
tratam como tal - estes erros serão menores e se se considera que foram realizadas sobre o elipsóide,
menores ainda. Trabalhando com o geóide, chega-se mais próximo dos valores naturais.
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Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Se se admite a Terra como um plano, precisa-se diminuir o raio de ação para minimizar os erros.
À medida que se aumenta este raio devem-se considerar o modelo esférico, elipsóidico ou geoidal, e
aprimorar os métodos de medição, processamento e representação.
Em um plano, a soma dos ângulos internos de um triângulo é 180o; já em uma esfera, esta soma
é um pouco maior. O que excede de 180o é chamado de ‘excesso esférico’, cujo valor dá uma idéia do
erro que se comete nos ângulos ao admiti-los como planos e, portanto, do raio de ação em que se pode
admitir a Terra como tal.
Seja a Figura 2.10 um triângulo esférico de área S. A soma dos ângulos internos do triângulo
será:
 + B̂ + Ĉ = 180 o + ε (2.10)
onde ε é o excesso esférico que, em segundos sexagesimais, pode ser calculado por (Espartel, 1982):
S 1 (2.11)
ε ′′ = ⋅
R 2 sen 1′′
c
B
A
S
a
b
Segundo o teorema de Legendre, para triângulos com lados menores que 120 km, a área de um
triângulo esférico é igual à área do triângulo plano cujos lados têm o mesmo comprimento dos
correspondentes lados do esférico, ou seja, o triângulo plano da Figura 2.11 tem a mesma área do
esférico da Figura 2.10, pois seus lados correspondentes têm o mesmo comprimento, quais sejam: a, b e
c.
c
S
a
b
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Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
Para um triângulo plano eqüilátero de lados iguais a l a área S pode ser dada por:
l2 ⋅ 3
S= (2.12)
4 ⋅R2
e portanto
l2 ⋅ 3 1
ε ′′ = ⋅ (2.13)
4 ⋅ R sen 1′′
2
Adotando o valor de 6 371 km para o raio da Terra, pode-se verificar que para l = 30 km, ε = 2”.
EXERCÍCIO:
Calcular o excesso esférico, ε, para l igual a 10 km, admitindo R = 6 371 km.
3- AZIMUTES
Azimutes são ângulos horizontais horários com origem no lado norte do meridiano que passa
pelo vértice, variando de 0 a 360o, Figura 2.12, empregados para orientar plantas topográficas em
relação ao eixo de rotação da Terra. Na referida Figura, AZAB é o azimute de A para B; azimute, medido
na estação A, da direção AB.
N HZ
•
C •B
AZ AB
•
A
AZ AC
20
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
que, em pontos fora do equador, as tangentes aos meridianos não são paralelas e conseqüentemente o
módulo da diferença entre os azimutes de A para B e de B para A não é exatamente igual a 180o, ou
seja,
AZ GAB − AZ BA
G
= ± 180 o ± Ce (2.14)
AZ GAB = AZ BA
G
+ Ce − 180 o . (2.15)
NGB
NGA
AZ GAB
B• AZ BA
G
A •
Ce
•
Polo Sul
Devido ao tempo gasto e a imprecisão, esses métodos raramente são usados, mas servem para
estimular a curiosidade em relação à astronomia de posição. Os métodos apresentados se baseiam na
hipótese, sabidamente não verdadeira, de que o sol percorre trajetórias circulares com a rotação da
Terra e que o ápice da trajetória ocorre quando ele cruza o meridiano do lugar, de forma que ao
determinar esse ápice, materializa-se o meridiano geográfico.
21
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
NG
2 3
P Q
1 4
c
ponto A. A bissetriz do ângulo horizontal PÂQ materializa o meridiano geográfico e a partir dele pode-se
medir azimutes geográficos de qualquer alinhamento.
Ao observar o sol pode-se tomar como referência o seu centro, que é um ponto de referência
impreciso, e tentar passar por ele o cruzamento dos fios do retículo; porém o melhor é tangenciar, nos
fios, as bordas inferior e direita de manhã e as bordas inferior e esquerda à tarde, como mostrado na
Figura 2.15.
∗
Nunca se observa o sol diretamente através de uma luneta sem algum redutor de luminosidade ou filtro. Outra
opção além do uso do filtro é projetar o sol em um papel branco atrás da ocular.
22
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Para obter melhores resultados e contornar a possibilidade de que nuvens impeçam o êxito do
trabalho recomenda-se realizar observações em outras horas simétricas ao meio dia como 10:00, 11:00
h, 13:00 e 14:00 h, aproximadamente.
≈ 9:00 h NG
≈ 15:00 h
PÂQ PÂQ
P 2 2 Q
Estação A
Figura 2.15 – Materialização do meridiano geográfico pelo método das alturas iguais do sol.
Definido como o ângulo horizontal horário que o lado norte do meridiano magnético faz com um
alinhamento.
Meridiano magnético: Plano que contém a tangente a uma linha de força do campo magnético
terrestre e os pólos magnéticos - Figura 2.14. È bom lembrar que estes pólos não coincidem com os
pólos geográficos. Em 2005 o pólo norte magnético estava localizado aproximadamente a 118º a oeste
de Greenwich e a 83º acima do equador. Já o pólo sul magnético situava-se, aproximadamente, na
longitude 138º leste e latitude 64º sul (NGDC, 2008).
Polo Norte
Magnético
Meridiano Magnético
Polo Sul
Magnético
Figura 2.14: Meridianos e pólos magnéticos
23
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
NM
Devido à força magnética, essa agulha se inclina em relação ao plano horizontal e orienta-se
segundo o plano vertical do meridiano magnético, dando origem à inclinação magnética – ângulo vertical
θ das Figuras 2.16-a e 2.16-b. Essa inclinação aumenta com a latitude dificultando o emprego de
bússolas em latitudes acima de 60º. Um contrapeso faz com que a agulha permaneça na horizontal.
NM
θ H H’
H H’ θ
NM
24
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
NG NG
NM δ<0
δ>0 NM
δw δe
O L O L
As variações do campo magnético podem ser de curto ou longo período, bem como sofrer
anomalias devido às tormentas magnéticas. Elas podem ter origem no interior ou exterior da Terra. A
variação de fonte interna, também chamada variação secular, deve-se ao movimento das cargas
elétricas da parte líquida do núcleo terrestre (formado por níquel e ferro), que funciona como um ímã cujo
magnetismo dá origem ao campo magnético terrestre. A variação de fonte externa está ligada à atividade
solar, que altera o sistema de correntes formado por partículas eletricamente carregadas da ionosfera. O
campo magnético terrestre é influenciado pela energia solar recebida pela Terra, que varia em função de
fatores como estações do ano, períodos do dia ou ocorrência de explosões solares (NGDC, 2008).
& ): Obviamente, variações no campo magnético terrestre, com tempo,
Variações da declinação ( δ
levam a variações na declinação magnética. Estas variações dependem da posição geográfica e podem
25
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
chegar a 10’ por dia. O Observatório Nacional publica, de cinco em cinco anos, arquivos ou cartas
magnéticas do Brasil que contém as Isopóricas, ou seja, linhas de mesma variação da declinação
magnética. (ON,2008).
Figura 2.19 – Mapa de isogônicas para o ano 2000. (Fonte: NGDC, 2008)
A Figura 2.20 mostra um esboço de parte, região de Viçosa – MG, da carta magnética do Brasil
de 2000.
V - 20o
•
- 23
- 25o
- 21 - 22
- 20
- 40o
- 45o Ano de
referência:
Curva isogônica (o) Curva isopórica (’/ano) 2000
26
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A declinação magnética em um determinado local, para uma determinada época t, pode ser
calculada realizando interpolações na carta magnética confeccionada para uma época to empregando a
seguinte equação:
δ t = δ to + δ& to ⋅ ( t − t o )
(2.17)
onde to = Época, para a qual foi confeccionado a carta isogônica (em anos),
t = Época, para a qual se deseja calcular a declinação magnética (em anos),
δ to = Declinação magnética, para o local, extraída da carta isogônica (em minutos
sexagesimais),
δ& to = Variação da declinação, para o local, extraída do mapa (em minutos por ano) e
EXERCÍCIO: empregando um software, determinar a declinação magnética em Viçosa para o dia atual.
Uma vez que o norte magnético sofre variações até mesmo diárias, uma planta topográfica deve
ser orientada pelo norte geográfico e não pelo magnético. No entanto, este pode ser determinado a partir
daquele, se a declinação para uma época t é conhecida, empregando a seguinte equação:
AZ G = AZ M
t + δt (2.18)
M
O azimute magnético num determinado local e numa época t, AZ t , pode ser medido,
empregando:
• Uma bússola, onde uma agulha imantada, instalada no centro de um limbo graduado,
gira, livremente, 360o ou
27
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
Como desenhar, representar graficamente, uma Terra quase esférica em um plano? Uma
resposta detalhada a esta questão é encontrada em textos específicos de representações cartográficas.
Aqui será feita uma breve introdução ao sistema e projeção UTM apresentando suas características
principais.
Fisicamente não é possível representar a Terra em um plano sem deformá-la. O problema se
torna em minimizar as deformações, saber o que foi deformado e o quanto foi, estabelecendo uma
relação matemática, uma correspondência, biunívoca Terra-planta. Tem-se assim um sistema de
projeção plana. Entre os vários sistemas de projeção existentes, o mais empregado na engenharia, e
recomendado pela União de Geodésia e Geofísica Internacional (UGGI), é o sistema “Universal
Transverso de Mercator” – UTM. ‘Universal’ porque pode ser empregado em todas as longitudes,
ficando, porém, limitado às latitudes menores que 80º; ‘Transverso’ porque a projeção é feita sobre um
cilindro transversal, perpendicular, ao eixo de rotação da Terra – Figura 2.21 – e ‘Mercator’ se deve a
‘Gerhard Kremer Mercator’, cartógrafo que iniciou o desenvolvimento desse sistema.
As superfícies de projeção utilizadas em diferentes sistemas de projeção são: um plano, um
cilindro ou um cone, lembrando que o cilindro e o cone podem ser planificados sem deformação.
28
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
MC
NQ
NQ
Equador γA
NG
NG NQ
γC B
AZ PAB
A AZ GAB
C
γ A ≈ ( λ A − λ MC ) ⋅ sen ϕ A (2.19)
29
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
NQ
NQ
B
P
AZ AB
AZ PBA
Observe na Equação (2.19) e na Figura 22, que se o norte de quadrícula (NQ) estiver a oeste do
norte geográfico (NG) a convergência meridiana plana é negativa e, se a leste, positiva. Figuras 2.24-a e
2.24-b.
O azimute geográfico pode ser determinado a partir do azimute plano empregando a equação
(2.20)
NG NG
NQ
NQ
γ<0 γ>0
O L O L
30
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A Tabela 2.1 mostra os resultados do exercício iii. Estes resultados revelam que no campo de
atuação da topografia podem-se admitir os nortes paralelos, sem incorrer em erros significativos. Os
azimutes medidos em topografia têm, normalmente, uma precisão abaixo de trinta minutos. Vale lembrar
que o objetivo dos azimutes é orientar as plantas em relação ao eixo de rotação da Terra e não afetam
as distâncias nem as áreas.
4- RUMOS (bearings)
São ângulos horizontais horários com origem no lado do meridiano que mais se aproxima do
alinhamento, variando de 0 a 90o, acompanhado do quadrante que pode ser: NE, SE, SO ou NO, como
mostra a Figura 2.25, onde RAB é o rumo da direção AB, RAC é o rumo da direção AC e assim por diante.
RAE
E RAB B
O A L
RAD RAC
C
S
A Figura 2.26-a mostra uma forma utilizada em plantas cadastrais para representar as direções
dos alinhamentos. Nela verifica-se que o rumo de A para B é 53o NE e o de B para A 53o SO. Já a Figura
31
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
2.26-b mostra rumos extremos que, principalmente na confecção de algoritmos para programas de
computador, devem ser considerados.
EXERCÍCIOS:
N
A SO 53 NE B
NO 47 SE A B
O • • L
D C
SO 53 NE C •
S
Figura 2.26-a: Orientação de alinhamentos
Figura 2.26-b: Rumos extremos
Embora a tendência seja padronizar o uso de azimutes; rumos ainda são empregados e se torna
necessário conhecer a relação entre eles. A Figura 2.27 mostra para cada quadrante a equação que
relaciona azimutes e rumos. Uma vez que azimutes têm origem no lado norte do meridiano e são
medidos no sentido horário, o primeiro quadrante é o NE, o segundo SE e assim por diante.
4o Quadrante N 1o Quadrante
E
B RAB = AZAB NE
RAE = 360 - AZAD NW
O A L
D
RAC = 180 - AZAC SE
RAD = AZAD - 180 SW
C
3o Quadrante S 2o Quadrante
32
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
EXERCÍCIO:
Elaborar algoritmo para transformar azimute em rumo e rumo em azimute.
α = BÂC = AZ AC − AZ AB e (2.21)
β = CÂB = AZ AC − AZ AB (2.24)
N
N
B
AZAB C B
BÂC = α
AZAB
CÂB = β A AZAC BÂC = α
AZAC
C
CÂB = β
Figura 2.28-a: Ângulos horizontais horários Figura 2.28-b: Ângulos horizontais anti-
a partir de azimutes horários a partir de azimutes
O cálculo de ângulos, como os mostrados na Figura 2.29, a partir de azimutes, pode ser
generalizado da seguinte forma:
⎪
Anti − horários : ED̂C = AZ DE − AZ DC ⎪
⎪
DÊC = AZ ED − AZ EC ⎪⎭
(2.25)
33
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
AZAB
C
A
D
B
EXERCÍCIOS:
i) Calcular o ângulo horário BÂC da Figura 2.30 a partir dos azimutes AZBA e AZCA.
A N
ii) Determinar o ângulo anti-horário 31̂2 e o horário 12̂3 sabendo que AZ12 = 39º 30’; AZ13 =
101º 00’ e AZ23 = 163º 30’.
6- ÂNGULOS VERTICAIS
Como definido anteriormente, trata-se de todo e qualquer ângulo medido em um plano vertical.
Embora possam ser calculados a partir de distâncias observadas, é mais comum o emprego de
instrumentos óticos-mecânicos, ou eletrônicos, dos quais os mais utilizados são teodolitos e estações
totais. Se a leitura no círculo vertical é zero quando a luneta está apontando para o zênite o ângulo
vertical medido é chamado de ‘Zenital’, se tal leitura ocorre quando a luneta está apontando para o nadir,
é denominado ‘nadiral’ e se a leitura zero ocorrer quando a luneta estiver na horizontal o ângulo é dito
‘vertical’ ou de ‘inclinação’.
34
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
As Figuras 2.31-a e 2.31-b representam um instrumento que mede ângulos zenitais. Na 2.31-a o
círculo vertical está à esquerda, CE, do observador e se diz que a luneta está em Posição Direta (PD).
Neste caso o ângulo zenital medido estará entre 0o e 180o. Já na Figura 2.31-b o círculo está à direita,
CD, e se diz que a luneta está em Posição Invertida (PI). Assim o ângulo zenital medido estará entre
180o e 360o.
Zênite
Zênite
Ẑ AB
B
B
Ẑ AB
A origem do ângulo, em vez de no zênite, está no nadir. È cada vez mais raro
instrumentos com esta característica. Os círculos também são graduados de 0 a 360o.
Tem origem no horizonte e intervalo de 0º ± 90º . Positivo (+) se o ponto visado estiver acima do
horizonte e negativo (-) se estiver abaixo. A Figura 2.32-a mostra tipos de graduação de limbos verticais
e a 2.32-b mostra uma luneta em PI e um ângulo de inclinação positivo. A marca de referência para
leitura permanece na vertical e o círculo graduado gira com a luneta.
35
Rodrigues, D. D .- 2008 Goniometria
0 0
10 170 10 10
90 90 90 90
10
20
170 0 10 10 10 10 0
0
E em porcentagem
DV (2.27)
Decl = 100 × tg î = × 100
DH
DV
Ẑ
Î
A
DH
EXERCÍCIOS:
i) Se DHAB = 10 m e DVAB = + 5 m, qual é a declividade de A para B? e de B para A?
ii) Qual é a declividade, em porcentagem, de um alinhamento cujo ângulo de inclinação é 45o ?
iii) E se a inclinação for maior que 45o ?
O uso de ângulos verticais em equações matemáticas quase sempre é feito através de suas
tangentes. Embora as relações entre os ângulos zenitais e de inclinação sejam óbvias, é preciso estar
atento às relações entre suas tangentes. A Figura 2.34 mostra estas relações. Nela verifica-se que no
36
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
terceiro e no quarto quadrantes ( Ẑ > 180 o ) a tangente do ângulo zenital tem sinal contrário à tangente
do ângulo de inclinação. Observa-se ainda que nestes quadrantes o seno do ângulo zenital é o negativo
do co-seno do ângulo de inclinação.
Da equação (2.26) verifica-se que
Se îAB for menor que zero, DVAB também será negativa, indicando uma descida de A para B. Se
DH
DVAB = − (2.30)
tg Ẑ AB
4o Quadrante 1o Quadrante
Zênite
Zˆ = 270 º + iˆ E Zˆ = 90 º − iˆ
−1 B 1
tgZˆ = Ẑ AB tgZˆ =
tgiˆ tgiˆ
−1 1
tgZˆ = C tgZˆ =
tgiˆ D tgiˆ
sen Ẑ = − cos î sen Ẑ = cos î
Nadir
37
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
____________________________________________________________________________________
A medição de distâncias e ângulos possibilita o posicionamento de um ponto em um
determinado sistema de referência.
As distâncias podem ser determinadas percorrendo o alinhamento do início ao fim, medindo
diretamente a grandeza procurada - processo direto [2] - ou a partir de observações que estejam
implícita ou explicitamente ligadas à distância procurada - processo indireto [3]. No processo indireto
serão estudados, neste capítulo, os métodos: Taqueométrico [3.1] e brevemente, mira horizontal [3.2] e
medida eletrônica de distâncias [3.3].
Após estudar os processos diretos e indiretos é apresentado um processo de medição de
distâncias relativas a pontos inacessíveis [4]. A seguir serão estudados os efeitos da curvatura da Terra
[5] e da altitude [6] nas distâncias.
Dependendo da finalidade do trabalho, da precisão requerida e do tamanho da área a ser
levantada, a distância observada deve ser reduzida ao nível do mar e daí, ao plano topográfico. Ainda
neste capítulo serão estudadas as reduções de distâncias em levantamentos topográficos [7.1] e em
trabalhos de locação de projetos [7.2].
____________________________________________________________________________________
1- INTRODUÇÃO
• Distância Vertical ou Diferença de Nível (DV ou DN): é a distância entre dois pontos
medida ao longo da vertical. Pode ser ao longo da vertical de A ou de B – Figura 3.1.
39
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
A • DH
•
DI DVAB
Para pesquisar: As verticais que passam pelos pontos A e B são paralelas? Ou seja, o plano horizontal
que passa por A é também perpendicular à vertical de B?
2- PROCESSO DIRETO
Nesse processo o seguimento a ser medido deve ser percorrido do início ao fim. Portanto,
obstáculos como lagos, rios, construções, etc., entre os extremos do seguimento a ser medido, impedem
o emprego do processo direto.
Caso não haja obstáculos, podem ser empregados os seguintes instrumentos:
• Trena de invar (liga de aço e níquel – 36% de níquel).
• Trena de Aço – Constitui-se de uma lâmina de aço inoxidável devidamente
graduada. Comprimentos disponíveis no mercado: 1, 2, 3, 5, 10, 20 e 50 metros.
• Trena de Fibra de Vidro - É feita de material bastante resistente (produto inorgânico
obtido do próprio vidro por processos especiais). Comprimentos disponíveis no
mercado: 20 e 50 metros.
• Trena de Lona - É feita de pano oleado ao qual estão ligados fios de arame muito
finos que lhe dão alguma consistência e invariabilidade de comprimento.
Comprimentos disponíveis no mercado: 20 e 50 metros.
• Roda Contadora – Instrumento utilizado para medir distâncias curvas.
Se o seguimento a ser medido é maior que a trena utilizada ou o terreno é muito íngreme, divide-
se o seguimento em seções, alinhadas com os extremos do seguimento, conforme esboça a Figura
40
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
3.2. A materialização de alinhamentos, seja na construção de pontes que se inicia dos dois lados de
um rio, seja na construção de túneis, de dutos em geral e de linhas de transmissão de energia elétrica
constitui uma interessante aplicação da topografia.
Para pesquisar: como alinhar seções de um seguimento cujos extremos não são intervisíveis?
l4
l3 l5
l2 B
l1
HZ
• B’
•
•
• •
A’ • DH AB = l1 + l 2 + L + l 5
41
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
• Falta de horizontalidade da trena: Com a trena inclinada o valor lido será sempre
maior que o procurado (VL > VP). O menor valor
para a distância é a distância horizontal. Uma
forma de eliminar esse erro é oscilar a trena em
torno da linha de referência – uma baliza por
exemplo - e anotar o menor valor.
T T
• Erro de alinhamento das seções: Ocorre quando as seções não estão alinhadas
com os pontos extremos. Neste caso VL > VP sempre.
• Inclinação da baliza: Qualquer inclinação na baliza na direção do alinhamento
provocará um aumento ou diminuição na distância que está sendo medida, caso
esteja incorretamente posicionada para trás ou para frente, respectivamente. Este
tipo de erro só poderá ser evitado se for feito uso do nível de cantoneira ou
substituindo a baliza por um fio de prumo.
Medir distâncias horizontais pelo processo direto pode ser muito moroso, caro e impreciso se a
equipe de trabalho não estiver bem treinada e o relevo for muito acidentado. Caso haja algum obstáculo
no alinhamento deve-se empregar o processo indireto.
3- PROCESSO INDIRETO
42
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
3.1- TAQUEOMETRIA
O goniômetro que além de medir ângulos horizontais e verticais é dotado de fios estadimétricos
pode ser chamado de taqueômetro ou simplesmente teodolito. A Figura 3.4 mostra os fios do retículo, ou
fios estadimétricos, de um teodolito com o qual se pode também determinar as distâncias horizontal e
vertical.
Figura 3.4 – Fios do retículo e distância entre o fio superior e o inferior (h).
A Figura 3.5 mostra em destaque o centro do teodolito e a posição dos fios do retículo. A razão
entre a distância da localização dos fios ao centro do aparelho – distância Ob na Figura 3.5 - e a
distância do fio superior ao inferior – ac da Figura 3.5 ou h da Figura 3.4 - é conhecida como ‘constante
estadimétrica’.
a
O w .
b
c
43
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
Ob
= g (3.1)
ac
é normalmente igual a 100, ou seja, ac é cem vezes menor que Ob. Se, por exemplo, Ob for igual a 10
cm, ac será 1mm. Dessa forma o ângulo w mostrado na Figura 3.5 é muito pequeno e igual a
ac 1 180
w= = rad = ≈ 34' (3.2)
Ob 100 100 ⋅ 60 ⋅ π
A Figura 3.6 esquematiza a medição de uma distância horizontal, DH, por taqueometria com a
luneta na posição horizontal. O teodolito está num dos extremos do seguimento a ser medido e no outro
está uma régua graduada, denominada mira, perfeitamente na vertical. FS, FM e FI são as leituras
realizadas na mira, observando, pela ocular, as posições dos fios superior, médio e inferior,
respectivamente.
C
c b
O
. .
B
FS
a
FM
A
FI
DH = OB = ?
Figura 3.6 – Taqueômetro, mira vertical e medição de distância por taqueometria com luneta
na horizontal.
Da Figura 3.6, verifica-se que o triângulo Oac é semelhante ao triângulo OAC e, portanto,
OB Ob (3.3)
=
AC ac
44
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
AC = FS − FI (3.4)
sendo (FS – FI) conhecida com leitura estadimétrica e representada pela letra ‘m’. Assim,
DH = m ⋅ g (3.6)
Para minimizar os erros devido à refração atmosférica recomenda-se não realizar medidas,
na mira, abaixo de meio metro, principalmente em dias e/ou lugares quentes. Erros devido à paralaxe
são evitados se as leituras FS, FM e FI são feitas de uma única vez, sem que o observador altere seu
ponto de vista de leitura. O problema com a capacidade de aumento da luneta é resolvido evitando medir
distâncias grandes, acima de 70 metros. A verticalidade da mira pode ser garantida empregando um
nível de cantoneira ou um fio de prumo. Para minimizar o erro recomenda-se não realizar leituras na
parte mais alta da mira.
Neste caso, devido a diferença de nível entre os extremos do seguimento a ser medido, para
visar a mira há necessidade de inclinar a luneta para cima ou para baixo, de um ângulo î em relação ao
plano horizontal, como indicado na Figura 3.7.
DH = OB ⋅ cos î (3.7)
45
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
OB Ob (3.8)
= =g
A ' C' ac
ou seja
C
C’
FS
B
b
FM
c
A’
w A
O î FI
a
î
DH = ?
Figura 3.7 – Taqueômetro, mira vertical e medição de distância por taqueometria com luneta inclinada.
A distância A’C’ não pode ser determinada diretamente das leituras estadimétricas, mas
Como o ângulo w é muito pequeno pode-se adimitir a seguinte hipótese simplificativa: os ângulos
AÂ' B e CĈ' B são retos e portanto
Consequentemente
46
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
OB = AC ⋅ cos î ⋅ g (3.13)
DH = m ⋅ g ⋅ cos 2 î (3.14)
DH = m ⋅ g ⋅ sen 2 Ẑ (3.15)
Fontes de erro: além daquelas que ocorrem quando a luneta está na horizontal têm-se como
fontes de erro:
Como pode ser visto nos exercícios abaixo o efeito de um erro na observação do ângulo de
inclinação é bem menor que o efeito de um erro de leitura na mira.
EXERCÍCIOS
i) De uma estação A foi visada, com a luneta na horizontal, uma mira vertical colocada em um
ponto B. Foram feitas as seguintes leituras: fio inferior = 0,753 m e fio superior = 2,003 m. Calcule a
distância horizontal entre os pontos (AB). E se a leitura no fio superior fosse 2,000 m em vez de 2,003,
qual seria a nova distância? Calcule a diferença entre as distâncias encontradas, em centímetros.
ii) De uma estação A foi visada uma mira vertical posicionada em um ponto B. Foram feitas as
seguintes leituras: fio inferior = 0,998 m, fio médio = 1,500m, fio superior = 2,002m, com ângulo zenital
de 89º 05’ 00”. Calcule a distância horizontal entre os pontos (AB). E se o ângulo zenital fosse 89º 00’
00”, qual seria a nova distância? Calcule a diferença entre as distâncias encontradas, em centímetros.
47
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
Mira horizontal, também conhecida como estádia, é uma haste de metal com baixo coeficiente
de dilatação térmica, dotada de dois alvos em seus extremos sendo a distância entre eles conhecida
com precisão.
Para medir distâncias empregando a mira horizontal, instala-se o teodolito e a mira nos extremos
do seguimento a ser medido – Figura 3.8. Utilizando o visor ótico deixa-se a mira perpendicular ao
alinhamento. Após medir o ângulo horizontal α mostrado na Figura. 3.8, calcula-se a distância horizontal
DH.
Da Figura 3.8, onde b é a distância entre os alvos da mira, verifica-se que:
α b
tg = (3.16)
2 2 ⋅ DH
portanto
b
DH = (3.17)
α
2 ⋅ tg
2
Se b = 2,000 m então
1
DH = (m) (3.18)
α
tg
2
α
DH
A
Fontes de erro: A obtenção de distâncias empregando mira horizontal tem as seguintes fontes de erro:
• erro no comprimento da estádia (mira);
• erro de centralização do goniômetro e da mira;
• erro na observação de α e
• falta de perpendicularidade da estádia com o alinhamento a ser medido.
48
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
O comprimento da estádia bem como a necessidade de visualizar dois alvos distando dois
metros um do outro, torna pouco exeqüível o uso desse instrumento em espaços urbanos e rurais,
principalmente em matas, limitando-o para trabalhos de triangulação, onde uma ou outra distância deve
ser medida.
O primeiro instrumento eletrônico para medir distâncias foi inventado pelo físico sueco Dr. Erik
Bergstrand, por volta de 1950, e denominado Geodímetro - um acrônimo para “geodetic distance meter”.
Este instrumento foi capaz de medir, à noite, distâncias de até 40 km, empregando a luz visível. Cerca
de sete anos depois, na África do Sul, o Dr. T. L. Wadley inventou o Telurômetro, primeiro Medidor
Eletrônico de Distâncias (MED) a empregar microondas e capaz de medir, à noite ou durante o dia,
distâncias de até 80 km.
Atualmente, os medidores eletrônicos de distâncias empregam o laser visível (RL) ou infra
vermelho próximo - laser invisível (IR) -, com comprimentos de onda variando de 500 nm a 1100 nm,
para medir distâncias de até 5 km, com precisão de (10 mm + 5 ppm) a (1 mm + 1 ppm). Há as
chamadas trenas eletrônicas que medem distâncias de até 300 m e as Estações totais, instrumentos que
além de medir distâncias, medem ângulos horizontais e verticais eletronicamente.
A Figura 3.9 representa o processo de medição eletrônica de distâncias. Num dos extremos do
seguimento a ser medido é posicionado o medidor - instrumento que gera sinais eletromagnéticos,
emite-os, recebe-os de volta e realiza medidas e cálculos – e no outro extremo é posicionado o refletor,
que tem a função de refletir para o medidor os sinais por ele emitidos. Há instrumentos que emitem o
laser visível e dispensam o refletor para distâncias pequenas, menores que 300 metros.
Refletor
Emissor/Receptor
D
DH
49
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
v⋅t
D= ; (3.19)
2
Se o instrumento medisse o tempo com uma precisão máxima de 10-6 segundos, o que já pode
ser considerado como uma boa precisão para medida de tempo, a precisão na distância seria de:
3 ⋅ 108 ⋅ 10−6
σD = = 150 m (3.20)
2
Na Figura 3.9 verifica-se que há, no caminho de ida e volta do sinal entre os extremos do
seguimento a ser medido, um número inteiro de comprimentos de ondas que será representado por m, e
uma parte fracionária da onda representada pela letra d. Portanto, da referida Figura, conclui-se que:
2 ⋅D = m ⋅ λ + d (3.21)
ϕ rad
d= ⋅λ (3.22)
2π
Portanto,
ϕ
2 ⋅D = m ⋅ λ + ⋅λ . (3.23)
2π
50
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
ϕ
Fazendo = µ = defasagem do sinal recebido em ciclos, tem-se:
2π
λ λ
D = m⋅ + µ⋅ (3.24)
2 2
λ1 λ
D = m⋅ + µ1 ⋅ 1 (3.25)
2 2
e
λ2 λ
D = m⋅ + µ2 ⋅ 2 (3.26)
2 2
e assim tem-se um sistema de duas equações e duas incógnitas, D e m, uma vez que m1 e m2 são
medidos e λ1 e λ2 conhecidos.
Se, por outro lado, λ2 > 2D, tal que m2 = 0, então:
λ2
D = µ2⋅ , (3.27)
2
⎛ λ ⎞
⎜ D − µ1 × 1 ⎟
m1 = int eiro de ⎜ 2 ⎟ (3.28)
⎜ λ1 ⎟
⎜ ⎟
⎝ 2 ⎠
e
λ1 λ
D = m1 ⋅ + µ1 ⋅ 1 . (3.29)
2 2
Para compreender melhor este caso veja o seguinte exercício: se λ1 = 20m; λ2 = 2000m e os
valores observados µ1 = 0,451 ciclos e µ2 = 0,470 ciclos tem-se, empregando as equações (3.27), (3.28)
e (3.29) que:
0,470 × 2000
D = = 470 m
2
⎛ 470 − 0,451 × 10 ⎞
m 1 = int eiro de ⎜ ⎟ = 46
⎝ 10 ⎠
e portanto,
D = 46 × 10 + 0,451 × 10 = 464,51 m
51
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
EXERCÍCIOS:
i) Se uma estação total mede distâncias com uma incerteza de (2 mm + 2 ppm) qual
será o erro relativo, em ppm, para as distâncias de 20, 100, 1000 e 2000 metros?
ii) E se a incerteza fosse (5 mm + 5 ppm)?
AP AB sen β 1 (3.30)
= ∴ AP = AB ⋅
sen β 1 sen ω 1 sen ω 1
ω1
A α1
α2 β1
B
β2
ω2
Q
Figura 3.10 – Determinando distâncias relativas a pontos inacessíveis
52
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
sen β 1 (3.31)
AP = AB ⋅
sen( α 1 + β 1 )
sen β 2 . (3.32)
AQ = AB ⋅
sen( α 2 + β 2 )
PQ 2 = AP 2 + AQ 2 − 2 ⋅ AP ⋅ AQ ⋅ cos( α1 + α 2 ) (3.33)
EXERCÍCIO:
Sabendo que na Figura 3.11 - que está fora de escala -, a distância horizontal entre as estações
2ÂB = 112 o 33' 11,60" ; AB̂1 = 102 o 19' 04,00" e AB̂2 = 59 o 12' 53,10" , calcular a distância horizontal
entre os pontos 1 e 2.
1
A
53
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
d
A
d = R ⋅ tg γ
s
c
B
R s = R ⋅ γ rad
γ γ
c = 2 ⋅ R ⋅ sen
2
estão contidas as conhecidas equações que relacionam distância horizontal, distância esférica e corda,
com o raio de curvatura e o ângulo de convergência. Desta Figura verifica-se que:
d γ3 2 ⋅ γ5
= tg γ ≈ γ + + + L (3.34)
R 3 15
mas
s
γ = (3.35)
R
d s s3 (3.36)
= +
R R 3 ⋅R3
ou seja
s3
d−s= (3.37)
3 ⋅ R2
54
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
1 1
Er = = . (3.38)
s 3 ⋅ R2
d−s s2
EXERCÍCIO:
Dados: s = 30 km, R = 6.371 km
Calcular:
• A distância horizontal d
• O efeito da curvatura da Terra nesta distância, ou seja, calcular d – s.
• O erro relativo caso a curvatura seja desconsiderada:
• Realizar estes mesmos cálculos para s = 10 km, 5 km, 500 m e 100 m.
30 221,7 7,4
10 8,2 0,82
5 1,0 0,21
Observe que a correção da curvatura da Terra se faz necessária quando a distância a ser
representada em um plano é tal que o seu efeito seja considerável para os fins a que se destina a
planta.
Adotando a esfera como modelo físico e matemático para a Terra as superfícies de nível serão
esferas concêntricas. Da Figura 3.13, onde
R = raio do modelo terrestre;
hi = altitude da seção i;
si = distância esférica na superfície de nível da seção i,
sg = distância esférica ao nível do geóide, correspondente à si no Nível Médio
dos Mares (NMM) e
γ = o ângulo de convergência correspondente à si,
verifica-se que:
55
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
sg si
γ = = (3.39)
R R + hi
si
i •
hi sg
R γ
portanto
R (3.40)
sg = s i ⋅
R + hi
onde R (R + h i ) é o fator de escala que converte distâncias medidas na superfície física ao geóide.
Conclusão: a distância entre dois pontos, para fins de mapeamento, depende da posição do
seguimento medido em relação ao nível médio dos mares.
EXERCÍCIO:
Dados: hi = 800 m, R = 6.371 km e si = 30 km
Calcular:
• O fator de escala R R + h i ;
500 2,35 78
100 0,47 16
56
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Observe que o efeito da altitude é muito maior que o efeito da curvatura da Terra. Observe
também que o erro relativo depende somente da altitude do seguimento medido e pode ser dado por:
h
Erh = ⋅ 10 6 (ppm) (3.41)
R+h
O efeito da altitude deve ser corrigido quando há grandes variações de altitude na região a ser
mapeada ou quando se pretende conectar a planta à carta do município, do estado ou do País.
A Figura 3.14 representa a medição de várias seções de uma distância longa, pelo processo
direto. Tal distância deve ser corrigida dos efeitos da altitude e da curvatura da Terra. À estas correções
da-se o nome de ‘Reduções’. Há duas situações em que as reduções devem ser aplicadas: uma, quando
se vai confeccionar uma planta topográfica, ou seja, os dados serão coletados em campo e processados
para serem representados em um plano, item 7.1; e a outra, quando os dados serão extraídos de uma
planta e materializados na superfície física, ou seja, quando se fará ‘locações’, item 7.2.
ZA ZB
A d1 D
d2 S
d3
· · Superfície de
·
dn nível de A
hA
B
Superfície
física
DH
Plano topográfico
Sg
Geóide (Nível
R Médio dos Mares)
CG
CG
Figura 3.14 – Medição de várias seções de uma distância longa, pelo processo direto.
57
Rodrigues, D. D. – 2008 Medição de Distâncias
R R R R (3.42)
Sg = s 1 ⋅ + s2 ⋅ + s3 ⋅ + ⋅ ⋅ ⋅ + sn ⋅
R + h1 R + h2 R + h3 R + hn
s i = di (3.43)
e
R
Sg = ∑R + hi
⋅ di (3.44)
Se a variação em altitude na área que está sendo mapeada é pequena, pode se adotar uma
mesma altitude média (hm) para a região e
R
Sg = ⋅ ∑ di (3.45)
R + hm
Sg 3
DH = Sg + (3.45)
3 ⋅ R2
Aqui há necessidade de realizar iterações uma vez que Sg se encontra nos dois lados da
equação. Deve-se inicialmente atribuir o valor da distância horizontal à Sg.
Sg0 = DH (3.46)
Sg 3j −1
Sg j = Sg j −1 − (3.47)
3 ⋅R2
R + hm (3.44)
Ssf = Sg ⋅
R
EXERCÍCIOS:
i) Um seguimento de aproximadamente 500 m, localizado a uma altitude média de 800 m, foi
dividido em dez seções para ser medido com trena de invar. Os valores das seções, em
metros, são: 49,973, 49,853, 49,936, 49,875, 49,941, 49,832, 49,876, 49,946, 49,912,
49,954. Determinar o valor da distância reduzida ao plano topográfico tangente ao geóide.
Considerar o raio da Terra igual a 6371 Km.
ii) Em um mapa na escala 1/2 000, construído em um plano topográfico tangente ao nível
médio dos mares, foi medida uma distância de 56 cm. Sabendo que a região em que se
encontra o seguimento medido está a uma altitude de 800 m, determinar o valor da distância
esférica correspondente, a ser locada com trena, na superfície física. Considerar o raio da
Terra igual a 6 371 Km.
59
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
______________________________________________________________________________________
A Topografia é uma ciência experimental, não exata. As medições conduzidas pelo ser humano, se
caracterizam pela inevitável presença de erros. Há também os erros devido às imperfeições dos
equipamentos – fabricados pelo homem com peças que se desgastam – e aqueles devido às influências
das condições ambientais, uma vez que a natureza não é, felizmente, exata. Conseqüentemente há
necessidade de se abdicar da pretensão de se obter valores verdadeiros, ou exatos, para as grandezas
observadas, e buscar valores mais prováveis para tais grandezas bem como estimar a precisão destes
valores. Assim, a descrição georreferenciada (ou toporreferenciada) de um lugar deve ser feita com um
nível de confiabilidade estatisticamente comprovado.
Nas engenharias de Agrimensura e Cartográfica o que garante a qualidade de um trabalho não são
os anos de experiência nem as aparências, mas os bons resultados de corretas avaliações estatísticas.
Este capítulo faz uma breve introdução à teoria dos erros, classificando-os [1], apresentando
algumas definições estatísticas [2] e tratando da chamada “lei de propagação” dos erros, ou das variâncias
[3]. Um estudo mais aprofundado do assunto pode ser feito em textos específicos sobre ajustamento de
observações.
______________________________________________________________________________________
Os erros, também conhecidos como propriedades estatísticas das observações, podem ser
classificados em:
51
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
2- ALGUMAS DEFINIÇÕES
A falta de confiança no resultado de uma medida isolada leva naturalmente à repetição das
observações. A repetição do processo de medição conduzirá a valores diversos para as medidas e daí a um
novo problema: que valor usar para representar a grandeza medida? o comportamento inconstante das
observações define o caráter estatístico dos resultados, podendo ser considerado como sua principal
propriedade.
Nem sempre é exeqüível repetir as medições para empregar o método probabilístico na análise das
propriedades estatísticas do processo. Uma forma de contornar essa dificuldade é determinar as
propriedades estatísticas dos instrumentos em meios e condições semelhantes àquelas em que serão
empregados, ou seja, é calibrar o instrumento – método determinístico, no qual se admite que sob as
mesmas condições obtêm-se sempre os mesmos resultados. Recomenda-se que todo instrumento de
medição tenha seu certificado de calibração atualizado e devidamente assinado pelo profissional
responsável. Infelizmente, essa é uma prática pouco comum no Brasil. As informações dos fabricantes de
instrumentos de medição são nominais; nem sempre efetivas, uma vez que foram transportados e
calibrados em meios e condições diferentes daquelas em que serão utilizados.
A seguir serão apresentadas definições e equações que podem ser mais bem estudadas em textos
específicos sobre Estatística ou Ajustamento de observações.
• Experiência: método científico que consiste em observar um fenômeno natural sob condições
determinadas que permitam aumentar o conhecimento que se tenha das manifestações ou leis
que regem esse fenômeno, (FERREIRA, 1986).
• Experimento: ensaio técnico-científico com o objetivo de verificar um fenômeno natural.
• Evento estatístico ou observação: ocorrência, num fenômeno aleatório, de um membro de um
determinado conjunto que se define a priori; acontecimento. Em outras palavras, é o resultado
de um experimento. Por exemplo, o valor da medida de um ângulo é o resultado de
experimento estatístico.
• Variável aleatória: é o nome para o resultado de um evento. (Leick, 1995).
52
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
• População (Universo): diz respeito ao conjunto de todos os elementos onde, cada um deles,
apresenta uma ou mais características em comum. È a totalidade de todos os eventos. Inclui
todos os possíveis valores que uma variável aleatória pode ter.
• Amostra: quando se extrai um conjunto de n observações da população, ou seja, toma-se parte
desta, para a realização do estudo, tem-se a amostra. Por exemplo, se uma mesma distância
foi medida dez vezes, estas dez medidas formam uma amostra de todas as possíveis medidas.
Às vezes uma amostra consiste de uma única observação. Na prática, a partir de uma amostra,
podem-se fazer inferências para a população. Neste texto serão utilizados os mesmos
símbolos para informações de amostras e de população.
• Média aritmética ( X ): valor mais provável (ou valor estimado) para a grandeza procurada e
medida n vezes. È o valor que, atribuído como mais provável, fornecerá um mínimo para o
somatório do quadrado dos resíduos. A média de uma variável aleatória é dada por:
X = E {X} , (4.1)
∑X i
X=
i =1 (4.2)
n
• Resíduo (V): também conhecido como desvio. É a diferença entre a média ( X ) e o valor
observado ou medido. O valor numérico de um resíduo é, portanto:
Vi = X − Xi (4.3)
Quanto mais a observação se afasta da média, maior é o resíduo. Uma observação com
grande resíduo pode ser classificada como observação com erro grosseiro e assim, eliminada
da amostra.
• Variância de uma observação isolada ( σ2X ): é uma medida da dispersão das observações em
torno da média. A variância de uma “população de variáveis aleatórias” é dada por:
σ2Xi = E {(X − µ ) }
i X
2
(4.4)
ou
SQV (4.5)
σ 2X =
n −1
53
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
n n
SQV = ∑
i =1
Vi
2
= ∑ (X − X )
i =1
i
2
(4.6)
σ XY = E{ (X − µ X )(Y − µ Y ) } (4.7)
ou
n
∑ ( X − X )( Y − Y )
i=1
i i
σ xy = (4.8)
n −1
seja:
SQV
σX = + σ2X = + (4.9)
n −1
É também uma medida da dispersão das observações em torno da média. O desvio padrão
apresenta, em relação à variância, a vantagem de ter a mesma unidade das observações
consideradas. É também conhecido como erro padrão (“standard error”) de qualquer observação,
ainda que a palavra “erro” não tenha um significado estritamente estatístico. É uma medida da
precisão ou incerteza do processo de medição. Quanto maior o desvio padrão, menor a precisão ou
maior a incerteza.
• Desvio padrão da média ou erro padrão da média (σ X ) : se uma população de elementos X tem
σX SQV (4.10)
σX = = +
n n(n − 1)
Que é uma medida da incerteza da média, ou seja, uma medida da precisão do valor mais
provável para a grandeza procurada.
54
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
σ XY
ρ XY = (4.11)
σX ⋅ σY
σX
CV = ⋅ 100 (4.12)
X
• Erro verdadeiro (ε): è a diferença entre o valor observado e o valor exato da grandeza
observada ( µX ), ou seja:
ε i = Xi − µ X (4.13)
O valor exato de uma grandeza pode ser obtido em casos como erros de fechamento
angular e linear de um polígono. Na maioria das vezes não se conhece o valor verdadeiro de
uma variável aleatória espacial.
• Erro aparente (e): è a diferença entre o valor observado e o valor mais provável para a
grandeza observada ( X ), ou seja:
ei = Xi − X (4.14)
• Erro médio quadrático ou “root mean square” (rms): outra medida da precisão de um processo
de medição. É definido como:
SQV
rm s = ± σ X = (4.15)
n −1
Apresenta como vantagem em relação ao desvio padrão o fato de assumir sinais positivo e
negativo, mostrando que o “erro” pode ocorrer para mais ou para menos.
• Erro relativo (er): pode ser dado pela razão entre o erro padrão e o valor mais provável para
grandeza observada.
σX
er = (4.16)
X
É uma forma de representar o erro. Pode ser expresso em porcentagem (%), partes por
milhão (ppm) ou no formato de escala com numerador igual à unidade. Se o valor encontrado
55
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
pela (4.16) é multiplicado por 100 tem-se er em porcentagem e se multiplicado por 106 em
ppm. Na notação de escala tem-se:
1 (4.17)
er =
X
σX
••
•••••• •
•••••• • ••
•• •
• • •
a b c
56
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
X1 = f (l1, l2 , l3 ) (4.18)
2 2 2
⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞
σ 2
X1 = ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⋅ σl21 + ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⋅ σl22 + ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⋅ σl23 + 2 ⋅ ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ 1 ⎟⎟ ⋅ σl1l2 +
⎝ ∂l1 ⎠ ⎝ ∂l2 ⎠ ⎝ ∂l3 ⎠ ⎝ ∂l1 ⎠ ⎝ ∂l2 ⎠
⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞
2 ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l1 l3 + 2 ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l2 l3
⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠
(4.19)
X 2 = f (l1, l2 , l3 ) , (4.20)
então
2 2 2
⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞
σ 2X2 = ⎜⎜ 2 ⎟⎟ ⋅ σl21 + ⎜⎜ 2 ⎟⎟ ⋅ σl22 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σl23 + 2 ⋅ ⎜⎜ 2 ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ 2 ⎟⎟ ⋅ σl1l2 +
∂l
⎝ 1 ⎠ ⎝ ∂l2 ⎠ ∂l
⎝ 3 ⎠ ⎝ ∂l1 ⎠ ⎝ ∂l2 ⎠
⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞
2 ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l1 l3 + 2 ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l2 l 3
⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠
(4.21)
⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞
σ X1 X 2 = ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l21 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l22 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l23 +
⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠
⎡⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞⎤ ⎡⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂X 2 ⎞⎤
⎢ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ ⋅ σ l1 l2 + ⎢ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ ⋅ σ l1 l3 +
⎢⎣ ⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l1 ⎠ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ l1 ⎠ ⎥⎦
⎡⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂Y ⎞ ⎛ ∂X 1 ⎞ ⎛ ∂Y ⎞⎤
⎢ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎥ ⋅ σ l2 l 3
⎣⎢ ⎝ ∂ l 2 ⎠ ⎝ 3 ⎠∂ l ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ l 2 ⎠ ⎦⎥
(4.22)
e as observações de l1, l2, ..., ln são independentes, não correlacionadas, σ li lj = 0 , os termos que
2 2 2 2
⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞ ⎛ ∂X ⎞
σ 2
X1 = ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l21 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l22 + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ l23 + L + ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ ln2 (4.24)
⎝ ∂ l1 ⎠ ⎝ ∂ l2 ⎠ ⎝ ∂ l3 ⎠ ⎝ ∂ ln ⎠
57
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
M
X m = f m ( l1 , l 2 , l 3 , L l n ) ,
C X = J X L ⋅ C L ⋅ J TX L (4.26)
onde
Cx é a Matriz das Variâncias e Covariâncias (MVC) - ou simplesmente Matriz das Covariâncias (uma
vez que variância é um caso particular de covariância) –, dos parâmetros X 1 , X 2 , X 3 , L X m , que tem
a seguinte forma:
⎡ σ 2X1 σ X1 X 2 σ X1 X3 σ X1 Xm ⎤
⎢ ⎥
⎢σ X X σ 2X 2 σ X2 X3 L σ X 2 Xm ⎥
⎢ 2 1 ⎥
CX = ⎢ σ X3 X1 σ X2 σ 2X3 σ X 3 Xm ⎥ ; (4.27)
⎢ X3
⎥
⎢ M O ⎥
⎢ ⎥
⎢σ σ Xm σ Xm σ 2Xm ⎥⎦
⎣ Xm X1 X2 X3
⎡ σ l21 σ l1 l2 σ l1 l3 σ l1 ln ⎤
⎢ ⎥
⎢σ l l σ l22 σ l 2 l3 L σ l2 ln ⎥
⎢ 21 ⎥
C l = ⎢σ l3 l1 σ l 2 l3 σ l23 σ l3 ln ⎥ (4.28)
⎢ ⎥
⎢ M O M ⎥
⎢ ⎥
⎢σ σ ln l 2 σ ln l3 2 ⎥
σ ln ⎦
⎣ ln l1
e
JXL é denominada Matriz Jacobiana. É a matriz das derivadas parciais dos parâmetros (Xi) em relação
às observações (Lj) – com o seguinte formato:
58
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
⎡ ∂X 1 ∂X 1 ∂X 1 ∂X 1 ⎤
⎢ ∂ l1 ∂ l2 ∂ l3 ∂ l n ⎥⎥
⎢
⎢ ⎥
⎢ ∂X 2 ∂X 2 ∂X 2 ∂X 2 ⎥
⎢ L
∂ l1 ∂ l2 ∂ l3 ∂ ln ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
∂X ∂ F(L ) ∂X 3 ∂X 3 ∂X 3 ∂X 3 ⎥ , (4.29)
JX L = = = ⎢
∂L ∂L ⎢ ∂ l1 ∂ l2 ∂ l3 ∂ ln ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ M O M ⎥
⎢ ⎥
⎢ ⎥
⎢ ∂X n ∂X n ∂X n ∂X n ⎥
⎢ ⎥
⎢⎣ ∂ l1 ∂ l2 ∂ l3 ∂ l n ⎥⎦
Observa-se que as matrizes de covariâncias são quadradas e simétricas, uma vez que σ12 = σ 2 1 ,
conforme mostra a equação (4.8). Sendo simétricas, é possível anotar nas MVCs somente os elementos da
diagonal e os acima dela.
Segundo Cooper, 1987, é prática comum considerar as observações independentes, não
correlacionadas, de forma que todos os pares de covariâncias sejam nulos e todas as medidas não
correlacionadas, não somente por conveniência prática, mas por que a experiência justifica isso. De
qualquer forma é muito difícil determinar a covariância entre pares de observações realizadas empregando
procedimentos normais de campo. No entanto, se os elementos do vetor L são derivados de outras
variáveis, poderá haver correlação entre eles.
Para se propagar as variâncias e assim verificar o efeito de um erro de uma observação em um
parâmetro, há necessidade de determinar o valor numérico da derivada parcial da função em relação á
variável.
4- ALGUMAS DERIVADAS
A seguir são relacionadas algumas funções, e suas derivadas, comumente usadas em Agrimensura
e Cartografia.
• Se h( x ) = f ( x ) + g( x ) ,.................................... h ′( x ) = f ′( x ) + g′( x )
• Se h( x ) = f ( x ) ⋅ g( x ) ,........................................ h ′( x ) = f ′( x ) ⋅ g( x ) + f ( x ) ⋅ g′( x )
1
• Se f ( x ) = arctg x , ........................................... f ′( x ) =
1 + x2
59
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
−1
• Se f ( x ) = arccos x , ......................................... f ′( x ) =
1 − x2
1
• Se f ( x ) = arcsen x , ......................................... f ′( x ) = ,
1 − x2
5- EXERCÍCIOS RESOLVIDOS
i) Sabendo-se que a leitura estadimétrica, m, é resultado da diferença entre as leituras na mira com
os fios superior e inferior, FS, e FI; calcular a variância de uma leitura estadimétrica qualquer,
sabendo que σ FS = σ FI = 3 mm . OBS: A precisão com que se lê FS, FM e FI, em uma mira
vertical, depende da distância. Quanto maior a distância menor a precisão, ou seja, maior o desvio
padrão.
A função que relaciona, explicitamente, as leituras com os fios (observações) e a leitura estadimétrica
(incógnita ou parâmetro) é:
m = FS − FI .
Como σ FS = σ FI e admitindo que σ FS FI = 0 , ou seja, admitindo que não haja correlação entre as
σ m2 = 2 ⋅ σ F2
portanto,
σm = 2 ⋅ σF .
σm = 2 ⋅ 3 mm = 4 mm
60
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
D = m ⋅ g ⋅ cos 2 î ,
2 2
⎛ ∂D ⎞ ⎛ ∂D ⎞ ⎛ ∂D ⎞ ⎛ ∂D ⎞
σ 2
D =⎜ ⎟ ⋅ σ m + ⎜⎜
2
⎟ ⋅ σ 2î + 2 ⋅ ⎜
⎟ ⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ m î
⎝ ∂m ⎠ ⎝ ∂ î ⎠ ⎝ ∂m ⎠ ⎝ ∂ î ⎠
Portanto
(
σ D2 = g ⋅ cos 2 î )
2
⋅ σ m2 + (− 2 ⋅ m ⋅ g ⋅ cos î ⋅ sen î )2
( )( )
⋅ σ 2 + 2 ⋅ g ⋅ cos 2 î ⋅ − 2 ⋅ m ⋅ g ⋅ cos î ⋅ sen î ⋅ σ m Î
î
Admitindo que não haja correlação entre a leitura estadimétrica e o ângulo de inclinação, ou seja, admitindo
que σ m Î = 0 , tem-se:
(
σ m2 = g ⋅ cos 2 î )2
⋅ σ m2 + (− 2 ⋅ m ⋅ g ⋅ cos î ⋅ sen î ) 2
⋅ σ2
î
σ m2 = 5625 ⋅ σ m2 + 1973,768 (m 2 ) ⋅ σ 2
î
Para adequar as unidades na equação acima, é necessário transformar a unidade da variância de î para
radiano ao quadrado, assim:
e
σ D2 = 5625 ⋅ 16 (mm 2 ) + 1973,768 × 10 6 (mm 2 ) ⋅ 2,1154 × 10 −6
portanto,
σ D2 = 90 000 (mm 2 ) + 4175,308 (mm 2 )
De onde se observa que o efeito de um desvio de 5’ no ângulo vertical – segundo termo da equação - é
menor que o efeito de um desvio de 3 mm na leitura com os fios estadimétricos. O efeito conjunto desses
desvios na distância D, de 38,475 m, será:
σ D = 30,7cm ,
61
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
iii) Sabendo que, de acordo com a Figura 4.2, as coordenadas do ponto B podem ser calculadas
empregando as equações mostradas na Figura, que as coordenadas do ponto A têm as seguintes
precisões iguais a σD e σ AZ e que não há correlação entre a distância e o azimute, ou seja, que
Y
B X B = X A + D AB ⋅ sen AZ AB
YB = YA + D AB ⋅ cos AZ AB
AZAB DAB
YA
A
XA X
As funções que relacionam as variáveis aleatórias XA, YA, DAB e AZAB, componentes de um vetor L,
com as variáveis XB e YB, componentes de um vetor X, são:
X B = X A + D AB ⋅ sen AZ AB
YB = YA + D AB ⋅ cos AZ AB
C X = J X L ⋅ C L ⋅ J TX L
onde
⎡σ 2X A σ X A YA 0 0 ⎤
⎢ ⎥
⎢ σ 2YA 0 0 ⎥
CL = ⎢ ⎥.
⎢ σ D2 AB 0 ⎥
⎢ ⎥
⎢⎣ σ 2AZ AB ⎥⎦
Os valores nulos na matriz relevam que não há correlação entre as coordenadas e as observações e entre
as observações. As derivadas parciais são dispostas na matriz JXL da seguinte forma:
62
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
⎡ ∂X B ∂X B ∂X B ∂X B ⎤
⎢ ∂X A ∂YA ∂D AB ∂AZ AB ⎥⎥
∂ F( L ) ⎢
JX L = = ⎢ ⎥
∂L ∂YB ∂YB ∂YB ∂YB ⎥
⎢
⎢ ∂X A ∂YA ∂D AB ∂AZ AB ⎥⎦
⎣
⎡ 1 0 sen AZ D ⋅ cos AZ ⎤
J XL = ⎢ ⎥
⎢⎣ 0 1 cos AZ − D ⋅ sen AZ ⎥⎦
Ou seja:
6- EXERCÍCIOS PROPOSTOS
63
Rodrigues, D. D. - 2008 Introdução à teoria dos erros
ii) Sabendo-se que um ângulo α é resultado da diferença entre a direção final, δ f , e a direção
v) Para obter o valor do ângulo da Figura 4.3, foram medidos os lados do triângulo com um desvio
padrão de 1 cm. Qual será o desvio padrão do ângulo calculado, em minutos do sistema
sexagesimal? Ou seja, qual é o efeito do erro de 1 cm nas distâncias medidas, no ângulo
procurado?
30,16 m 26,57 m
α
41,83 m
Figura 4.3: Ângulo com trena
vi) Sabendo que, de acordo com a Figura 4.2, as coordenadas do ponto A, seus desvios padrão e o
coeficiente de correlação entre elas, são iguais a: XA = 1245,192 m, YA = 2341,052 m, σ XA = 5 cm ,
covariâncias, CPQ, determinar os desvios padrão de DPQ, DHPQ, AZPQ, Ẑ PQ , sabendo que:
DPQ
Ẑ PQ AZPQ
Z DHPQ
Y
P
O X
64
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
[ ]
1
• D PQ = ( X Q − X P ) 2 + ( YQ − YP ) 2 + ( Z Q − Z P ) 2 2 ,
[ ]
1
• DHPQ = ( X Q − X P ) 2 + ( YQ − YP ) 2 2 ,
XQ − XP
• AZ PQ = arctg ( ) e
YQ − YP
Z Q − ZP
• Ẑ PQ = ar cos ( )
[ (X ]
1
Q − XP ) 2
+ ( YQ − YP ) 2
+ (Z Q − ZP ) 2 2
65
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Após conhecer instrumentos e métodos para medição de ângulos e distâncias horizontais, serão
estudados métodos de levantamento e de processamento, que possibilitam a transformação desses
dados em coordenadas - uma forma mais compacta de armazená-los e relacioná-los - referidas a um
sistema de referência topográfico devidamente materializado. Após classificar os levantamentos
topográficos [1.1] e estabelecer as etapas de um levantamento planimétrico [1.2], será definido sistema
topográfico de referência [2], verificado como calcular azimutes a partir de coordenadas [3], estudados
os diferentes métodos de levantamento de pontos temáticos [4] e as diferentes formas de se determinar
azimutes a partir de ângulos horizontais [5], uma preparação para o capítulo seguinte.
1- INTRODUÇÃO
À atividade de coletar dados no campo, no mundo real, para representá-los em forma de tabelas
ou descrições gráficas, dá-se o nome de ‘levantamento’; já a atividade de extrair dados de uma
descrição gráfica ou numérica e representá-los no espaço real, denomina-se por ‘locação’. A Figura 5.1
busca realçar as diferenças entre estas atividades. Após o levantamento, as distâncias e ângulos
medidos, no terreno, são transformados em coordenadas, e num trabalho de locação as coordenadas,
extraídas de uma planta ou mapa, são transformadas em ângulos e distâncias para definir o local de
materialização de um projeto no campo.
⎧ X = f ( ângulos , distâncias )
Levantamen to : ⎨
⎩ Y = f ( ângulos , distâncias )
TERRENO MAPA
⎧Ângulo = f ( X, Y )
Locação : ⎨
⎩Distância = f ( X, Y )
O procedimento clássico básico para levantar uma determinada área é: instalar o teodolito ou
estação total em um determinado ponto - devidamente materializado, cravando no local um piquete de
madeira ou de concreto - e proceder à medição dos ângulos e/ou distâncias. Este ponto materializado é
chamado de “ponto de apoio” ou “estação”. Os pontos mapeados em torno dele são chamados de
‘pontos de interesse’, ‘pontos de detalhe’ ou ‘pontos temáticos’. Nestes textos será empregado,
preferencialmente, o adjetivo ‘temático’ e adotada a seguinte convenção:
Ponto de apoio com coordenadas conhecidas,
Ponto de apoio a ser determinado,
Ponto temático com coordenadas conhecidas e
Ponto temático a ser determinado.
77
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
b) Quanto à informação temática o mapeamento pode ser: do relevo, florestal, de uso do solo,
hidrográfico, pedológico, de limites de imóveis urbanos ou rurais, de obras de engenharia, de
recursos naturais, etc.
É comum o levantamento multifinalitário, onde diversas informações são levantadas,
tornando a planta útil a diversos fins.
78
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
79
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
Eixo z: Tem a direção definida pelos pontos nadir e zênite do ponto de origem e o sentido
positivo é o dirigido para o zênite. A direção nadir-zênite é a direção da vertical,
materializada pelo fio de prumo.
Eixo y: Tem a direção definida pela tangente ao meridiano que passa pela origem e o sentido
positivo é o dirigido para o norte.
Eixo x: A direção do eixo x é a da perpendicular aos eixos z e y que passa pela origem e o
sentido positivo é o que torna o sistema topográfico dextrógiro ou sistema da mão direita
– lembrando que o eixo x é representado pelo polegar, o y pelo indicador e o z pelo
dedo médio.
x
O
z
y ≡ Norte
Vertical de O
z y ≡ Norte
80
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
∆X JK = X K − X J e (5.1)
∆YJK = YK − YJ , (5.2)
∆X JK
são positivas e o arctg ( ) é maior que zero e igual ao azimute de J para K, ou seja, se o ponto K
∆YJK
XK − X J
AZ JK = arctg ( ). (5.3)
YK − YJ
Y≡N
N
1o Quadrante
∆X JK = X K − X J ; > 0 ; + .
K
∆X JK
K arctg ( )<0
∆YJK
∆YJK > 0 ; +
∆X JK < 0 ; − ∆YJK = YK − YJ ; > 0 ; + .
4o Quadrante
J
L
O
o
2 Quadrante
K ∆X JK > 0 ; +
∆X JK
arctg ( )>0 ∆YJK < 0 ; −
∆YJK ∆X JK
arctg ( )<0
∆YJK
∆YJK < 0 ; − K
o
3 Quadrante
∆X JK < 0 ; −
S
O X
Figura 5.3 – Azimutes a partir de coordenadas topográficas
81
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
Se o ponto K estiver no segundo quadrante, ∆X JK > 0 e ∆YJK < 0 , verifica-se na Figura 5.3
que:
XK − X J
AZ JK = arctg ( ) + 180 o (5.4)
YK − YJ
∆X JK
uma vez que arctg ( ) < 0.
∆YJK
Caso ∆X JK e ∆YJK sejam menores que zero, o ponto K estará no terceiro quadrante, o
∆X JK
arctg ( ) será positivo e o azimute de J para K será dado também pela equação 5.4. Já se o ponto
∆YJK
∆X JK
K estiver no quarto quadrante, ∆X JK < 0 e ∆YJK > 0 , o arctg ( ) será negativo e igual a:
∆YJK
XK − X J
AZ JK = arctg ( ) + 360 o . (5.5)
YK − YJ
∆X IJ
∆YIJ = ∆YJI = 0 , não havendo para esse último caso, como calcular arctg ( ) .
∆YIJ
I J
X
Figura 5.4 – Casos especiais no cálculo de azimutes
Como, de acordo com a equação (5.1), ∆X IJ > 0 , o azimute de I para J é 90º e como
∆X JI < 0 , o azimute de J para I é 270º. Da mesma forma, como, de acordo com a equação (5.2),
∆YJK < 0 , o azimute de J para K é 180º e como ∆YKJ > 0 o azimute de K para J é zero.
82
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
EXERCÍCIOS:
X J = X A + DH AJ ⋅ sen θ , (5.6)
e
YJ = YA + DH AJ ⋅ cos θ . (5.7)
Mas
XB − X A
sen θ = , (5.8)
AB
e
YB − YA
cos θ = , (5.9)
AB
sendo
AB = (X B − X A )2 + ( YB − YA ) 2 . (5.10)
83
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
y
B
YA
A DHAJ ⋅ sen θ
XA x
Portanto,
XB − X A
X J = X A + DH AJ ⋅ (5.11)
AB
e
YB − YA
YJ = YA + DH AJ ⋅ . (5.12)
AB
2
⎛ X − XA ⎞
σ 2XJ = ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ σ DH
2
(5.13)
⎝ AB
AJ
⎠
2
⎛ Y − YA ⎞
σ 2
YJ = ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ σ DH
2
(5.14)
⎝ AB
AJ
⎠
E
⎛ X − X A ⎞ ⎛ YB − Y A ⎞ 2 (5.15)
σ X J YJ = ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ ⎜⎜ ⎟⎟ ⋅ σ DH AJ
⎝ AB ⎠ ⎝ AB ⎠
EXERCÍCIOS:
84
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
XA = 225,15 m
YA = 653,78 m
A
DHAJ = 123,30 ± 0.01 m
XB = 536,38 m
B
YB = 154,52 m
O método das ordenadas pode ser empregado quando se conhecem as coordenadas de dois
pontos e é possível medir a distância, ao longo do alinhamento, de um ponto conhecido à interseção da
perpendicular ao alinhamento que passa pelo ponto de interesse, e a distância, ao longo dessa
perpendicular, do alinhamento entre os pontos conhecidos ao ponto desconhecido, como mostra a
Figura 5.7.
Portanto esta técnica, de acordo com a Figura 5.7, consiste em:
Dadas: as coordenadas de dois pontos: XA, YA, XB e YB
Observações: a distância horizontal ao longo do alinhamento, DHAJ , e a distância horizontal
perpendicular ao alinhamento, DHJI.
Incógnitas: as coordenadas do ponto I: XI, YI e suas covariâncias.
85
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
Da Figura 5.7 observa-se que, para as mesmas observações DHAJ e DHJI há duas posições
possíveis para o ponto I: uma à esquerda e outra à direita do sentido A→B. Se o ponto está à esquerda,
como na Figura 5.7,
X I = X J − DH JI ⋅ cos θ (5.16)
e
YI = YJ + DHJI ⋅ sen θ (5.17)
DHJI ⋅ cos θ
y I θ DH JI ⋅ sen θ B
DHJI
.
J
θ
DHAJ
YA
A
XA x
X I = X J + DH JI ⋅ cos θ (5.18)
e
YI = YJ − DH JI ⋅ sen θ (5.19)
Como senθ e cosθ são dados pelas equações (5.8) e (5.9) e as coordenadas do ponto J pelas equações
(5.11) e (5.12), tem-se que:
XB − X A YB − YA
X I = X A + DH AJ ⋅ m DH JI ⋅ . (5.20)
AB AB
e
YB − YA XB − X A
YI = YA + DH AJ ⋅ ± DH JI ⋅ . (5.21)
AB AB
Empregando o sinal ‘-‘ para determinar XI, eq. (5.20) e ‘+’ para determinar YI, eq. (5.21), se o ponto I
está à esquerda do sentido A→B.
86
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
2 2
⎛ X − XA ⎞ ⎛ Y − YA ⎞ (5.22)
σ 2XI = ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ σ DH
2
+ ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ σ DH
2
⎝ AB ⎝ AB
AJ JI
⎠ ⎠
2 2
⎛ Y − YA ⎞ ⎛ X − XA ⎞ (5.23)
σ 2YI = ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ σ DH
2
+ ⎜⎜ B ⎟⎟ ⋅ σ DH
2
⎝ AB ⎝ AB
AJ JI
⎠ ⎠
⎛ X − XA ⎞ ⎛ YB − YA ⎞ 2 ⎛ Y − YA ⎞ ⎛ XB − XA ⎞ 2 , (5.24)
σXIYI = ⎜ B ⎟⋅⎜ ⎟ ⋅ σDHAJ − ⎜ B ⎟⋅⎜ ⎟ ⋅ σDHJI
⎝ AB ⎠ ⎝ AB ⎠ ⎝ AB ⎠ ⎝ AB ⎠
admitindo que as distâncias DHAJ e DHJI sejam não correlacionadas, ou seja, σ DHAJDHJI = o .
EXERCÍCIOS:
XA = 225,15 m
YA = 653,78 m A DHAJ = 123,30 m ± 0.01 m
DHIJ = 9,23 m ± 0.01 m
J
.
XB = 536,38 m
B YB = 154,52 m
87
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
Este método deve ser empregado quando se conhecem as coordenadas de dois pontos e são
medidas somente as distâncias horizontais dos pontos conhecidos ao ponto temático, como mostra a
Figura 5.9. Assim, o problema da interseção linear, de acordo com a Figura 5.9, se resume em:
Dadas: as coordenadas de dois pontos - XA, YA, XB e YB
Observações: as distâncias horizontais dos pontos conhecidos aos pontos de interesse: DHAI e
DHBI.
Incógnitas: as coordenadas do ponto desconhecido; XI, YI e suas covariâncias.
y I DHBI
B
DHAI
YA
A
XA x
Por ora, sugere-se ao estudante que pense e busque a solução desse problema. A solução dele,
bem como a propagação das covariâncias, será tratada em texto específico, relativo a posicionamentos
precisos.
Este método deve ser empregado quando se conhecem as coordenadas de dois pontos e são
medidos somente os ângulos horizontais entre os alinhamentos formados pelos pontos conhecidos e o
temático, como mostra a Figura 5.10. Portanto, esta técnica, de acordo com a Figura 5.10, consiste em:
Dadas: as coordenadas de dois pontos - XA, YA, XB e YB
Observações: os ângulos horizontais horários αA e αB.
Incógnitas: as coordenadas dos pontos de interesse, XI, YI, e suas covariâncias.
88
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
y I
B
αB
YA A
αA
XA x
4.5 – Irradiação:
∆X A 1 = DH A 1 ⋅ sen AZ A 1 (5.25)
e
∆YA 1 = DH A1 ⋅ cos AZ A1 (5.26)
∆X AI = DH AI ⋅ sen AZ AI (5.27)
89
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
Y≡N
N
∆X A 1 = DH A 1 ⋅ sen AZ A 1 > 0, +
1
4
AZA1
DHA4 DHA1
∆YA1 = DH A1 ⋅ cos AZ A1 ; > 0 ; +
AZA4 A
YA
DHA3
AZA2
3
AZA3 ∆YA 2 = − DH A1 ⋅ cos θ ; < 0 ; − .
DHA2
θ
2
∆X A 2 = DH A 2 ⋅ sen θ > 0, +
O XA X
X I = X A + DH AI ⋅ sen AZ AI (5.29)
e
YI = YA + DH AI ⋅ cos AZ AI (5.30)
σ 2XI = σ 2X A + sen 2 AZ AI ⋅ σ DH
2
+ (DH AI ⋅ cos AZ AI ) 2 ⋅ σ 2AZ (5.31)
σ XI YI = σ X A YA + senAZ AI ⋅ cos AZ AI ⋅ σ DH
2
− (DH AI ⋅ cos AZ AI ) ⋅ (DH AI ⋅ senAZ AI ) ⋅ σ 2AZ (5.33)
90
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
As distâncias horizontais da estação para todo e qualquer ponto temático podem ser medidas
com trena ou empregando algum método indireto. Os azimutes poderiam ser medidos diretamente a
partir do norte materializado por uma agulha imantada. Porém recuperar posteriormente a direção
materializada por agulha imantada, na locação de um projeto, por exemplo, pode ser difícil devido à
instabilidade do campo magnético terrestre. Por isso, recomenda-se medir o azimute de uma direção
devidamente materializada, atribuir esse azimute à direção, medir os ângulos horizontais horários ou
anti-horários a partir dela e transformar os ângulos medidos em azimutes. Portanto, conhecendo um
azimute e medindo devidamente ângulos horizontais, transformam-se os ângulos medidos em azimutes
e só então, calculam-se as coordenadas de interesse. A seguir serão estudadas as diferentes formas de
se obter o azimute inicial – ou azimute de referência - e de transformar os ângulos horizontais medidos
em azimutes.
Na Figura 5.12, REF é um alvo de referência, uma linha vertical ou um ponto bem definido,
estável e fixo. Pode ser, por exemplo, a ponta de um pára-raios. Este alvo, juntamente com o ponto
conhecido devidamente materializado no campo, ponto A, realiza a direção de referência, a partir da
qual são medidos os ângulos horizontais. As coordenadas da estação A, bem como o azimute de
referência, podem ser arbitrados.
REF
y x
AZREF I
αI
DHAI ∆YAI
YA
A ∆XAI
βI
XA x
91
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
anti-horário, β I , entre a direção de referência e outro alinhamento qualquer; determinar o azimute desse
alinhamento, AZAI da Figura 5.12.
Na Figura 5.12 verifica-se que o azimute de A para todo e qualquer ponto I pode ser
AZ A I = AZ REF + α I . (5.34)
Caso o valor encontrado ultrapasse 360º, subtrai-se 360º. Vale lembrar que no cálculo de funções
trigonométricas, somar ou subtrair 360º, ou seus múltiplos, é irrelevante.
AZ A I = AZ REF − βI (5.35)
e, como no caso da Figura 5.12, o valor encontrado é menor que zero, soma-se 360º .
Aplicando lei de propagação das variâncias ao azimute determinado a partir do ângulo
observado, admitindo que o azimute de referência foi arbitrado, tendo portanto variância nula, tem-se:
σ 2AZ = σ 2α . (5.36)
Este caso, mostrado na Figura 5.13, é idêntico ao do item 5.1, exceto pelo fato de o azimute de
referência ser determinado a partir das coordenadas conhecidas, como mostrado no item 3 deste
capítulo.
92
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Na Figura 5.14 verifica-se que o azimute de A, ou de B, para I pode ser determinado a partir do
ângulo horário da seguinte forma:
B
y y αI AZREF
AZREF
B
I DHBI
αI
DHAI
YA I
YA
A A
XA x XA x
a b
Figura 5.13 – Azimute determinado e ângulo medido, em uma mesma estação.
B
y AZREF
y αI
B DHBI
αI I
AZREF βI
DHAI
YA I
YA
A A
βI
XA x XA x
a b
93
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
No entanto, vale lembrar mais uma vez que, no cálculo de funções trigonométricas, somar ou
subtrair 360º, ou seus múltiplos, é irrelevante.
Pode-se verificar que, caso ângulo medido seja o anti-horário, BÂI = β i , na Figura 5.14-a ou
ou
AZ A I = AZ REF − β I − 180 o (5.40)
havendo a necessidade de verificar se o valor encontrado é maior que 360º ou menor que 0o.
Outra forma utilizada em algumas bibliografias para determinar azimutes a partir de ângulos
horizontais horários medidos em estações diferentes de onde se conhece o azimute é:
AZ A I = AZREF + αI (5.41)
havendo aqui a necessidade, antes mesmo de empregar AZAI em cálculos de funções trigonométricas,
de se fazer as seguintes verificações:
Se o valor encontrado for menor que 180º, soma-se 180º;
Se maior que 180º e menor que 540º, subtrai-se 180º;
Se maior que 540º, subtrai-se 540º.
Após encontrar o azimute da estação ao ponto visado; as coordenadas do ponto, bem como
suas covariâncias, podem ser determinadas empregando as equações (5.29) a (5.33).
EXERCÍCIOS:
iii) Determinar, ainda relativo ao exercício i, as variâncias dos azimutes de 1 para 2 e de 3 para
4, sabendo que os ângulos são medidos sem correlação e com uma precisão de 7”.
94
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
iv) Foi realizado um levantamento por irradiação da área mostrada no croqui abaixo - Figura
5.16 -, com um instrumento que, de acordo com seu certificado de calibração, permite
medir ângulos com um desvio padrão de 5’ e distâncias taqueométricas um erro médio de
1/500. A Tabela 5.1 apresenta os dados e as informações levantadas. Pede-se: determinar
as coordenadas dos pontos temáticos e seus desvios padrão.
v) Elaborar um algoritmo para determinar coordenadas topográficas e suas covariâncias pelo
método das irradiações.
0
y
α2
AZREF
2
α1 α3 4
Y1
1 3
X1 x
x REF
NM
1
Distância horizontal O1
O
2
5 Ângulo horário RÔ2
Distância horizontal O2
3
95
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos temáticos
Até há pouco tempo o que limitava a extensão de uma área a ser levantada a partir de uma
única estação era, principalmente, a imprecisão dos instrumentos para grandes distâncias. Não se
devem medir distâncias acima de cem metros por taqueometria, por exemplo. Hoje, com o advento das
estações totais é possível medir distâncias de até 3000 metros, o que possibilita o levantamento de
grandes áreas de um único ponto de apoio. Obviamente que, do ponto de apoio, é necessário visualizar
todos os pontos de interesse. As precisões dos pontos levantados podem ser avaliadas a partir dos
desvios padrão das direções e das distâncias do instrumento devidamente calibrado. A precisão da
planta ou do arquivo de coordenadas pode ser avaliada a partir das covariâncias dos pontos.
No entanto, se a visibilidade é limitada e a área é ainda maior, é necessário estabelecer outros
pontos de apoio, todos relacionados a um mesmo sistema de referência.
96
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
1- TRILATERAÇÃO
83
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
As distâncias podem ser observadas por métodos diretos ou indiretos como visto no capítulo 3.
Dependendo na finalidade da trilateração, as distâncias horizontais observadas devem ser corrigidas do
efeito da altitude.
AZAB C
d1 d15
(XA,YA) A E
d14
d2
d13
d3
d6
d4
d7 d10 d11
d9
d5 D d8
B d12
F
2– TRIANGULAÇÃO
84
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
N
C
AZAB E
(XA,YA) A α12 α9 α14
α1 α17
α11 α10
α16 α15
α2
AB
α7
α6 α19 α20
α3 α8
α5 α21
α4 α18
B D F
3- TRIANGULATERAÇÃO
N
C G
AZAB d1 d9 E d11
(XA,YA) A
α12 α9 α17
α1 α15
α11 α10 α13 α16
d2 d10 α14
α2
d12 d13
d3 d7
d6
d4 α7
α6 α19 α22
α3 α20
α5 α8 α21
α4 α18
H
B d5 D d8 d14
F
85
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
4- POLIGONAÇÃO
N xI
AZI
α3
1 α1
(X1,Y1) 3
α2 d2 d3
d1
4
2
Figura 6.4: uma poligonal topográfica
86
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Portanto, uma poligonação consiste basicamente em, de acordo com a Figura 6.4:
4.2.1- TIPO 3: Poligonais apoiadas e fechadas em pontos e direções distintas, com desenvolvimento
retilíneo.
87
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
A Figura 6.5 representa uma poligonal do tipo 3 onde as direções de apoio e fechamento são
materializadas pelos azimutes inicial (AZI ) e final (AZF ) conhecidos. Os pontos denominados ‘1’ e ‘n’ são
os pontos de apoio (ou de partida) e fechamento (ou de chegada), obviamente com coordenadas
conhecidas. ‘n’ representa também o número de ângulos observados entre lados da poligonal. αi, com i
variando de 1 a ‘n’ e di, com i variando de 1 a ‘n-1’, são os ângulos e as distâncias observadas. As
coordenadas X, Y dos pontos 2, 3, … , ‘n-1’ são incógnitas.
‘I’ e ‘F’ podem ser pontos com coordenadas conhecidas ou simplesmente alvos, para os quais se
conhecem os azimutes. Com o advento dos sistemas de posicionamento por satélites ficou mais prático,
e mais comum hoje em dia, determinar as coordenadas desses pontos em vez de empregar métodos
astronômicos para se determinar somente os azimutes.
n = no de ângulos observados.
N
N
α1 AZI αn-1
α3
α2 α4 AZF
αn F
1 d1 d2 3 d3 n-1 dn-1
I 2
4
n
A Figura 6.6 também mostra uma poligonal apoiada e fechada em pontos e direções distintas com
desenvolvimento retilíneo, considerando distintas as direções I → F (δI) e F → I (δF). A diferença entre
AZI e AZF é de 180º. Caso estas direções não sejam consideradas distintas, tal poligonal poderia ser
tratada como ‘apoiada e fechada em pontos distintos e em uma única direção, com desenvolvimento
retilíneo’. A norma 13 133 não esclarece este caso.
AZI
N
δI α3 αn-1
1≡F α1
α2 AZF
d1 α4
d2 3 n-1 dn-1
d3
2 αn
4 δF
n≡I
Figura 6.6: Poligonal apoiada em pontos e direções distintas com desenvolvimento retilíneo.
88
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
4.2.2- TIPO 2: Poligonais apoiadas e fechadas em pontos e direções distintas, com desenvolvimento
curvo.
Poligonais desse tipo estão representadas na Figura 6.7. A única diferença entre as poligonais
representadas nas Figuras 6.5 e 6.7 é seu desenvolvimento curvo - de acordo com a norma do INCRA
para georreferenciamento de imóveis rurais, o desenvolvimento é curvo quando há ângulos entre lados
consecutivos menores que 120 graus. Os valores conhecidos, as observações e as incógnitas são as
mesmas.
Observa-se que na poligonal mostrada na Figura 6.7-c a diferença entre azimute final e inicial
conhecidos é de 180º e que os ângulos horizontais medidos são todos os ângulos internos do polígono.
Caso as direções I → F (δI) e F → I (δF) da Figura 6.7-c não sejam consideradas distintas, tal poligonal
poderia ser tratada como ‘apoiada e fechada em pontos distintos e em uma única direção, com
desenvolvimento curvo’. Este caso também não é tratado pela ABNT 13 133.
I
F N I≡F
N
AZI AZI N
N
AZF
AZF
α1 αn α1 αn
1 n
1 n
αn-1 d1 α2 dn-1
d1 dn-1 αn-1
α2 α3
α3
2 n-1
2 n-1 d2
d2
3
3
a b
N
N
AZI
AZF
1≡F
α1 αn n≡I
d1 dn-1
α2 αn-1
α3
2 n-1
d2
3
c
89
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
A Figura 6.8 representa poligonais do tipo 1, onde são conhecidas, somente, as coordenadas
do ponto 1 e um azimute.
Na poligonal representada na Figura 6.8-a, há um ponto de referência fora da poligonal que,
juntamente com o ponto 1, materializa o sistema topográfico. Inicialmente obtém-se o azimute de
referência, AZREF, e, a partir do ponto de referência, obtém-se o ângulo horizontal αREF. Embora o ângulo
αREF seja medido, ele deve ser considerado ‘conhecido’ e, portanto, para poligonais do tipo 1, é
observado um ângulo a menos que nas do tipo 2 e 3, como se pode observar na Figura 6.8, embora o
número de incógnitas seja o mesmo. Nestes casos, o número de distâncias observadas é igual ao
número de ângulos observados.
N N
x REF
AZREF
AZI
n-1 n-1
dn-1 dn-1
αREF
αn-1 αn-1
1≡n 1≡n
α1 α1
α3 3 α3 3
d1 d1
α2 d2 α2 d2
2 2
a b
O azimute inicial, AZI, é a soma de αREF com AZREF. Já na poligonal representada na Figura
6.8-b, o azimute inicial é o azimute do ponto 1 para o ponto n-1. Para ambas poligonais o azimute final,
AZF, difere do inicial em 180º .
A Norma Técnica NBR 13133 classifica ainda as poligonais quanto ao fim a que se destinam. A
Tabela 6.1 mostra parte desta classificação. Nela, P designa ‘poligonal Planimétrica’ e PRC ‘Poligonal
para Referência Cadastral’.
Estes textos tratarão somente de poligonais planimétricas.
90
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Finalidade Classes
91
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
Como as coordenadas são determinadas em função dos azimutes e não diretamente dos
ângulos, é necessário transformar estes, naqueles. Será admitido que todos os ângulos foram
observados com origem a ré, ou seja, com origem no alinhamento definido pela estação e pelo ponto
anterior da poligonal. Estes ângulos poderão ser horários ou anti-horários.
N 0
α2
α4
AZI
α1 2 α3 4
1 3
AZ 2 , 3 = AZ 1, 2 + α 2 − 180 o = AZ I + α 1 + α 2 − 180 o ,
AZ 3 , 4 = AZ 2 , 3 + α 3 − 180 o = AZ I + α 1 + α 2 + α 3 − 2 ⋅ 180 o ,
92
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
AZ 4 , 5 = AZ 3 , 4 + α 4 − 180 o = AZ I + α 1 + α 2 + α 3 + α 4 − 3 ⋅ 180 o ,
M (generalizando...)
J
AZ J , J+1 = AZ J−1 , J + α J − 180 o = AZ I + ∑ αi − ( J − 1) ⋅ 180 o (6.1)
i =1
com J = 1, 2, . . . n; sendo n o número de ângulos medidos. Enquanto o valor encontrado for maior que
360º, subtrair 360 e se menor que zero, somar 360º.
Observa-se que caso azimute inicial, AZI, seja o azimute de 0 para 1, Figura 6.9, a equação
para cálculo dos azimutes torna-se:
J
AZ J , J+1 = AZ I + ∑α
i =1
i − J ⋅ 180 o (6.2)
com J = 1, 2, . . . n.
Lembrando ainda que os múltiplos de 180º podem ser subtraídos ou somados e, em
programação para computador, o melhor é somar.
N 0
AZI 2 4
β2 3
β4
1
β1
β3
AZ 2 , 3 = AZ 1, 2 − β 2 + 180 o = AZ I − β 1 − β 2 + 180 o ,
AZ 3 , 4 = AZ 2 , 3 − β 3 + 180 o = AZ I − β 1 − β 2 − β 3 + 2 ⋅ 180 o ,
AZ 4 , 5 = AZ 3 , 4 − β 4 + 180 o = AZ I − β 1 − β 2 − β 3 − β 4 + 3 ⋅ 180 o ,
M (generalizando...)
93
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
J
AZ J , J+1 = AZ J−1 , J − β J + 180 o = AZ I − ∑β
i =1
i + (J − 1) ⋅ 180 o (6.3)
com J = 1, 2, . . . n. Enquanto o valor encontrado for maior que 360º, subtrair 360 e se menor que zero,
somar 360º.
Observa-se que caso azimute inicial, AZI, seja o azimute de 0 para 1, Figura 6.10, a equação
para cálculo dos azimutes torna-se:
J
AZ J , J+1 = AZ I − ∑β
i =1
i + J ⋅ 180 o (6.4)
com J = 1, 2, . . . n.
Lembrando novamente que os múltiplos de 180º podem ser somados ou subtraídos.
Para medir ângulos de deflexão, esquematizados na Figura 6.11, zera-se o limbo horizontal,
visa-se o ponto de ré com a luneta em posição invertida (PII ou CD), inverte-se a luneta, visa-se o ponto
de vante e faz-se a leitura do ângulo na graduação que fornece a leitura menor que 180º. Portanto, a
deflexão pode ser um ângulo horário ou anti-horário e é sempre menor que cento e oitenta graus. Se o
ângulo medido está à esquerda da direção inicial é chamado de ‘deflexão à esquerda’ (θe) e se está à
direita, ‘deflexão à direita’ (θd). Aqui está a grande desvantagem desse método: a necessidade de o
observador informar, para cada deflexão medida, se ela é à esquerda ou à direita.
N 0
θe
AZI
θd
2 4
1
θe
θe 3
AZ 1 , 2 = AZ I − θe 1 + 180 o ,
AZ 3 , 4 = AZ 2 , 3 − θe 2 = AZ I − θe 1 + θd1 − θe 2 + 180 ,
94
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
AZ 4 , 5 = AZ 3 , 4 − θe 3 = AZ I − θe 1 + θd1 − θe 2 − θe 3 + 180
M (generalizando...)
nde ndd
AZ J , J+1 = AZ I − ∑ θe
i =1
i + ∑ θd
i =1
i + 180 o (6.5)
Sendo nde e ndd o número de deflexões à esquerda e à direita até a estação J, respectivamente. Se o
valor encontrado for menor que 0o, soma-se 360 e, se maior que 360º, subtrai-se 360. Esse método está
em desuso. Os programas computacionais raramente trazem a opção de processamento de poligonais
com deflexão.
Como visto, os erros estão sempre presentes nas medidas e aqui, tanto os erros nos ângulos
quanto nas distâncias, serão simplesmente DISTRIBUÍDOS (Por isso será empregado o adjetivo
‘compensados’ para deixar claro que os erros não foram corrigidos) ao longo da poligonal. A seguir será
estudado como calcular e distribuir os erros de fechamento angular e linear nas poligonais topográficas.
Porém a forma de calcular o azimute final e de obter os azimutes, inicial e final conhecidos, depende do
tipo de poligonal.
a) Poligonal aberta
Em poligonais abertas, como a mostrada na Figura 6.4 não há como calcular os erros de
fechamento angular e linear, uma vez que a poligonal não termina em direção e ponto conhecidos.
b) Poligonal do tipo 3 ou 2
Em poligonais dos tipos 3 e 2 os azimutes de início (ou de partida), AZI, e final (ou de chegada),
AZF, são conhecidos diretamente ou determinados a partir de coordenadas conhecidas.
O azimute final calculado, de uma poligonal com n ângulos horários medidos é, de acordo com a
(6.1), dado por:
95
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
n
AZ Fcalc = AZ Iconh + ∑ αi − (n − 1) ⋅ 180 o . (6.7)
i =1
Como o erro angular é obtido subtraindo do azimute calculado o azimute conhecido, e este
está limitado ao intervalo [0o, 360º); há necessidade de verificar se o valor encontrado pela (6.7) é maior
que 360º ou menor que 0o e, enquanto for, subtrair ou somar 360; antes de empregar o resultado na
(6.6).
Se os ângulos medidos são anti-horários, o azimute final calculado é, de acordo com a (6.3),
dado por:
n
AZ Fcalc = AZ Iconh − ∑ βi + (n − 1) ⋅ 180 o (6.8)
i =1
havendo necessidade de verificar se o valor encontrado é menor que 0o ou maior que 360º e, enquanto
for, somar ou subtrair 360; antes de empregar o resultado na (6.6).
Observa-se nas poligonais dos tipos 3 e 2, Figuras 6.5, 6.6 e 6.7, que se o ângulo α1 – ângulo
observado no ponto de apoio – não for medido, não há como iniciar o cálculo dos azimutes e se não se
mede o ângulo αn – ângulo observado no ponto de fechamento - não há como encontrar o erro angular.
Para poligonais do tipo 2 como a mostrada na Figura 6.7-c há duas particularidades: o azimute
final conhecido difere do inicial em cento e oitenta graus e os ângulos horários medidos são todos os
ângulos internos de um polígono fechado, assim como os ângulos anti-horários são os ângulos externos.
Pode-se verificar que, nesses casos, deve-se somar 360º uma única vez ao valor dado pela (6.7) para se
calcular o azimute final. Dessa forma, o erro angular é dado por:
n
ea = AZ Iconh + ∑ αi − (n − 1) ⋅ 180 o + 2 ⋅ 180 − ( AZ Iconh + 180 ) , (6.9)
i =1
n
ea = ∑ αi − (n − 2) ⋅ 180 o (6.10)
i =1
sendo
n
∑ αi o somatório dos ângulos internos do polígono.
i=1
c) Poligonal do tipo 1
96
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
subtraindo 360 caso o valor encontrado seja maior que 360º; ou medindo-o diretamente a partir do norte,
que pode ser o magnético. Obviamente um erro em AZREF, αREF ou no AZI medido diretamente, levará a
um erro de orientação da planta.
Já o azimute final conhecido é o azimute da última estação ocupada para a estação de partida,
ou seja, o contra azimute do azimute inicial ou ainda:
O azimute final calculado, de uma poligonal do tipo 1 pode determinado pela (6.7) ou pela (6.8),
conforme os n ângulos medidos sejam horários ou anti-horários, e verificando se o valor encontrado é
maior que 360º ou menor que 0o antes de empregar o resultado na (6.6).
Em poligonais do tipo 1 como as mostradas na Figura 6.8, os ângulos horários medidos são
todos os ângulos internos de um polígono fechado e, portanto, o erro angular pode ser determinado
empregando a equação (6.10).
Se os ângulos medidos são todos os ângulos externos do polígono, o erro angular pode ser dado
por:
n
ea = ∑ βi − (n + 2) ⋅ 180 o (6.13)
i =1
n
sendo ∑ βi o somatório dos ângulos externos do polígono.
i=1
Antes de distribuir o erro angular é necessário verificar se o erro cometido é tolerável e classificar
a poligonal segundo a norma para levantamentos topográficos. A Tabela 6.2 mostra, de forma resumida,
como a NBR 13133 classifica as poligonais em função do erro angular cometido.
Tabela 6.2: classificação das poligonais em função do erro angular. (NBR 13133)
97
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
Confrontando a finalidade da poligonal, Tabela 6.1, com o erro angular cometido verifica-se se o
erro é tolerável. Se não, deve-se voltar ao campo e re-observar os ângulos. Se o erro está dentro da
tolerância o passo seguinte no processamento da poligonal, é distribuí-lo.
O erro angular pode ser distribuído de duas formas: diretamente nos ângulos horizontais ou nos
azimutes calculados com os ângulos observados.
Como não é feita nenhuma análise estatística, parte-se do pressuposto que foram cometidos
erros igualmente nos n ângulos observados. Assim, o erro cometido é distribuído igualmente em cada
ângulo. Se ea é maior que zero, é porque o azimute final calculado foi maior que o conhecido e, portanto,
há necessidade de subtrair a correção dos ângulos observados. A correção a ser aplicada a cada ângulo
para distribuir o erro angular tem, portanto, sinal contrário ao erro, e é dada por:
−ea
corrang = . (6.14)
n
J , J+1 = AZ J−1 , J
AZ comp comp
+ α comp
J − 180 o = AZ I + ∑α
i =1
comp
i − (J − 1) ⋅ 180 o (6.16)
ou
J
J , J+1 = AZ J−1 , J
AZ comp comp
− β comp
J + 180 o = AZ I − ∑β
i =1
comp
i + (J − 1) ⋅ 180 o , (6.17)
com J = 1, 2, . . . n.
98
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
AZ 1comp
,2 = AZ I + α 1 + 1 ⋅ corrang , pois foi usado um só ângulo medido para determiná-lo;
AZ comp
2 ,3 = AZ I + α 1 + α 2 − 180 + 2 ⋅ corrang , foram usados dois ângulos medidos;
M (generalizando...)
J, J +1 = AZ J
AZ comp + J ⋅ corrang , com J = 1, 2, Ln.
calc
(6.18)
conh
Logicamente o AZ ncomp
, n +1 deve ser igual ao azimute final conhecido, AZ F ; se não, houve erro
na distribuição do erro angular. Se forem medidos todos os ângulos internos ou externos do polígono, a
distribuição do erro angular pode ser verificada calculando o somatório dos ângulos e comparando com o
somatório dos ângulos obtido empregando equações já conhecidas da geometria.
Ë preciso ressaltar que os azimutes AZ comp
J,J +1 só foram compensados do erro angular. Como
foram medidas distâncias horizontais e estas estão contaminadas por erros, AZ comp
J,J +1 ainda têm erros
devido aos erros nas distâncias, uma vez que erros nas distâncias também afetam os azimutes entre os
lados da poligonal.
Os erros cometidos nas distâncias levam ao chamado ‘erro linear’. Para calculá-lo,
empregando a equação geral (para todos os tipos de poligonais), é necessário calcular primeiro as
coordenadas topográficas.
4.4.4 Cálculo das coordenadas topográficas a partir dos azimutes compensados do erro angular e
das distâncias observadas.
No Capítulo V, item 4.5, verificou-se que as coordenadas, relativas ao sistema com origem
no ponto A e paralelo ao sistema topográfico adotado, de um ponto I, em qualquer quadrante, são
obtidas multiplicando a distância horizontal entre os pontos A e I, DAI, pelo seno, para as abscissas, e
pelo co-seno, para as ordenadas, do azimute de A para I, AZAI – equações (5.27) e (5.28). Aplicando
estas equações às coordenadas relativas, ou componentes vetoriais, mostradas na Figura 6.12, tem-se:
99
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
y
AZ2,3
∆X12 , > 0 2 ∆X 23 , > 0
Y1 1≡5 3 AZ3,4
d45 d34 θ3
∆Y41
>0 θ4 ∆Y34 , < 0
∆X 41 , < 0 4 ∆X 34 , < 0
AZ4,1
X1 x
M (generalizando...)
com J = 1, 2, ... nd, sendo nd o número de distâncias que devem ser observadas. Lembrando que para
poligonais do tipo 1, nd = n e dos tipos 2 e 3, nd = n -1.
100
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
X 2 = X1conh + ∆X12
X 3 = X 2 + ∆X 23 = X1conh + ∆X12 + ∆X 23
X 4 = X 3 + ∆X 34 = X1conh + ∆X12 + ∆X 23 + ∆X 34
M (generalizando...)
K
X K + 1 = X K + ∆X K,K + 1 = X1conh + ∑ ∆X J,J+1 , com K = 1, 2,Lnd (6.21)
J=1
K
YK + 1 = YK + ∆YK,K + 1 = Y1conh + ∑ ∆YJ,J+ 1 , com K = 1, 2,Lnd . (6.22)
J=1
K
X K + 1 = X1conh + ∑ dJ, J +1 ⋅ sen AZ J,J + 1 (6.23)
J=1
e
K
YK + 1 = Y1conh + ∑ dJ, J +1 ⋅ cos AZ J,J +1 , (6.24)
J=1
onde as distâncias e os azimutes estão explicitados dentro do símbolo do somatório. Erros nas
distâncias levarão à erros de fechamento nas coordenadas; as coordenadas calculadas do ponto de
chegada serão diferentes das conhecidas. A resultante dos erros em X e em Y é chamada de ‘erro de
fechamento linear’.
O erro linear de fechamento leva à não coincidência do ponto de chegada calculado (ncalc) com o
ponto de chegada conhecido (nconh). A Figura 6.13 esquematiza essa situação, onde se verifica que o
erro linear, el, pode ser decomposto em: erro linear em X, elx, e erro linear em Y, ely, sendo
Da Figura 6.13 pode-se verificar também que as equações gerais para encontrar erros de
fechamento em X e Y, são:
101
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
Yncalc n calc
ely el
Ynconh
n conh elx
x
X nconh X ncalc
nd
X ncalc = X1conh + ∑ ∆X J,J+ 1 (6.28)
J=1
nd
Yncalc = Y1conh + ∑ ∆YJ,J+ 1 (6.29)
J=1
nd
X ncalc = X1conh + ∑ dJ,J +1 ⋅ sen AZ J,J +1 (6.30)
J=1
nd
Yncalc = Y1conh + ∑ dJ,J +1 ⋅ cos AZ J, J +1 (6.31)
J=1
nd
el x = ∑ ∆X J,J+1 + X1conh − X nconh (6.32)
J=1
nd
el y = ∑ ∆YJ,J+1 + Y1conh − Ynconh (6.33)
J=1
Em poligonais do tipo 1, como as mostradas nas Figuras 6.8 ou 6.12, o ponto de fechamento,
ponto n ou 5, coincide com o ponto de apoio, ponto 1. Portanto, as coordenadas conhecidas dos pontos
102
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
1 e n são iguais e assim, para poligonais do tipo 1, os erros de fechamento linear em x e y podem ser
calculados por:
nd
el x = ∑ ∆X J,J+1 (6.34)
J=1
nd
el y = ∑ ∆YJ,J+1 (6.35)
J=1
Antes de distribuir o erro linear é necessário verificar se o erro cometido é tolerável e classificar a
poligonal segundo a norma para levantamentos topográficos.
Após calcular os erros em X e em Y calcular o erro linear, el, empregando a equação (6.25) e o
erro linear relativo, dividindo el pelo somatório das distâncias horizontais da poligonal (L) - extensão da
poligonal do ponto de partida ao ponto de chegada.
A Tabela 6.3 mostra como a NBR 13.133 classifica as poligonais em função do erro linear
cometido. Nela, L, que deve empregado em km.
Tabela 6.3: Classificação das poligonais em função do erro linear após a compensação do erro
angular. NBR 13133.
Erro linear
(em m) 0,10 ⋅ L (Km ) 0,30 ⋅ L(Km) 0,42 ⋅ L(Km) 0,56 ⋅ L(Km) 2,20 ⋅ L (Km ) 0,07 ⋅ L(Km) 0,30 ⋅ L(Km)
Confrontando a finalidade da poligonal, Tabela 6.1, com o erro linear cometido verifica-se se o
erro é tolerável. Se não, deve-se voltar ao campo e re-observar a poligonal.
Se o erro está dentro da tolerância, o passo seguinte é distribuí-lo nas componentes vetoriais e
depois calcular as coordenadas topográficas em função das componentes vetoriais compensadas dos
erros angular e linear de fechamento.
O erro linear pode ser distribuído de três formas: igualmente em todas as componentes vetoriais,
proporcionalmente às distâncias entre os pontos e proporcionalmente aos valores absolutos das
componentes.
103
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
Para distribuir elX, ou ely, igualmente em todas as componentes ∆X J, J+1 , ou ∆YJ, J+1 , calcula-se
− el X , − el Y
corr∆X = corr∆Y = (6.36)
nd nd
e aplica-se a mesma correção a todas as componentes – a correção não varia com a componente -, ou
seja:
∆X comp
J, J +1 = ∆X J, J+1 + corr∆X
calc
(6.37)
∆YJcomp
, J +1 = ∆YJ, J +1 + corr ∆Y
calc
(6.38)
com J = 1, 2, L nd.
Observe que se elx é maior que zero, é porque a abscissa calculada, do ponto de fechamento, foi
maior que a conhecida e, portanto, há necessidade de subtrair a correção das componentes.
Obviamente, esse comentário vale para também para ely.
Esse método é apresentado somente como ilustração didática, uma vez que, a priori, sabe-se
que os erros são proporcionais às distâncias, ou seja, quanto maior a distância entre as estações maior
é o erro linear e maior deve ser a correção da componente entre os pontos envolvidos.
Aqui, admite-se que: se numa poligonal de extensão L cometeu-se um erro linear em X, elX;
numa distância DJ,J+1, entre os pontos J e J+1, o erro na componente ∆X J, J+1 será dado produto da
razão elX/L pela distância DJ,J+1. Como a correção tem sinal contrário ao do erro tem-se:
−el X
corr ∆XJ, J +1 = ⋅ D J, J+1 . (6.39)
L
Semelhantemente,
−el y
corr ∆YJ, J+1 = ⋅ D J, J+1 . (6.40)
L
Fazendo
−el X
= coef X (6.41)
L
e
104
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
−el Y
= coef Y (6.42)
L
tem-se:
e
corr∆YJ, J+1 = coef Y ⋅ D J, J+1 . (6.44)
Desta forma o erro a ser distribuído a cada componente é proporcional à distância entre os
pontos definidores do vetor, e a componente compensada entre os pontos J e J+1 é dada por:
∆X comp
J, J +1 = ∆X calc
J, J +1 + coef X ⋅ D J, J+1 (6.45)
∆YJcomp
, J +1 = ∆YJcalc
, J +1 + coef Y ⋅ D J, J +1 (6.46)
com J = 1, 2, L nd.
Observa-se nas equações (6.41), (6.42), (6.45) e (6.46), que se os erros lineares em X e em Y
forem iguais, para distâncias iguais, as correções às componentes vetoriais, ∆X e ∆Y, serão as mesmas,
independentemente dos valores absolutos das componentes ou da orientação do alinhamento.
Já Figura 6.14 mostra duas diferentes poligonais; uma, 6.14-a, com desenvolvimento maior na
direção leste-oeste (direção de X) e a outra com desenvolvimento maior na direção norte-sul (direção de
Y).
Y≡N Y≡N
a x b x
Figura 6.14 – Poiligonais com desenvolvimentos diferentes nas direções leste-oeste e norte-sul.
Já Figura 6.15 mostra que o efeito de uma variação, ou erro, na distância horizontal, dDH, na
componente vetorial ∆X, d∆X, é diferente do efeito na componente vetorial ∆Y, d∆Y. Os efeitos só serão
iguais se o ângulo horizontal θ for igual a 45º.
105
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
d∆X
dDH d∆Y
dDH
J+1 d∆Y J+1
DH d∆X
∆Y DH
θ ∆Y
J ∆X
θ
J
∆X
Figura 6.15 – Variações nas componentes vetoriais, d∆X e d∆Y, devido a uma
variação na distância horizontal, dDH, para diferentes direções.
EXERCÍCIO:
i) Se ∆X J,J+1 = DHJ,J+1 ⋅ sen AZ J,J+1 e ∆YJ,J+1 = DHJ,J+1 ⋅ cos AZ J,J+1 , equações (5.25) e (5.26),
calcular as variâncias de ∆X e de ∆Y, para azimutes iguais a 60º e 330º, considerando nulas as
variâncias dos azimutes e a variância da distância horizontal igual a 1 cm2.
nd
SX = ∑ ∆X J, J+1 (6.47)
J=1
e
nd
SY = ∑ ∆YJ, J+1 , (6.48)
J=1
−el X
corr ∆X J, J+1 = ⋅ ∆X J, J+1 (6.49)
SX
Semelhantemente,
106
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
−el y
corr∆YJ, J+1 = ⋅ ∆YJ, J+1 . (6.50)
SY
Fazendo
−el X
= coef X (6.51)
SX
e
−el Y
= coef Y (6.52)
SY
tem-se:
Desta forma as componentes compensadas entre os pontos J e J+1 são dadas por:
∆X comp
J, J +1 = ∆X J, J +1
calc
+ coef X ⋅ ∆X J, J+1 (6.55)
∆YJcomp
, J +1 = ∆YJcalc
, J +1 + coef Y ⋅ ∆YJ, J+1 (6.56)
com J = 1, 2, L nd.
Após corrigir as componentes vetoriais, as coordenadas topográficas compensadas dos erros
angular e linear, referidas a um único sistema, podem ser calculadas.
4.4.7 Cálculo das coordenadas topográficas compensadas dos erros angular e linear.
K
X Kcomp
+1 = X Kcomp + ∆X Kcomp
, K +1 = X 1
conh
+ ∑ ∆X
J=1
comp
J, J+1 (6.57)
e
K
YKcomp
+1 = YKcomp + ∆YKcomp
, K +1 = Y1
conh
+ ∑ ∆Y
J=1
comp
J, J+1 , (6.58)
com K = 1, 2,Lnd
107
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
ea = AZ Fcalc − AZ Fconh
onde,
n
AZ Fcalc = AZ Iconh + ∑ αi − (n − 1) ⋅ 180 o ; enquanto, < 0 (ou >360), somar
i =1
(ou subtrair) 360;
α icomp = α i + corrang
J , J +1 = AZ J −1 , J
AZ comp comp
+ α comp
J − 180 o = AZ Iconh + ∑α
i =1
comp
i − ( J − 1) ⋅ 180 o ,
com J = 1, 2, L n.
108
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
nd
Yncalc = Y1conh + ∑ ∆YJ,J+ 1 ;
J=1
el x = X ncalc − Xnconh ;
el y = Yncalc − Ynconh ;
el = el 2X + el 2Y
el
er = nd
∑ DH
j =1
j
−el X −el Y
= coef X ; = coef Y ;
SX SY
∆X comp
J, J +1 = ∆X J, J +1
calc
+ coef X ⋅ ∆X J, J+1 ;
∆YJcomp
, J +1 = ∆YJcalc
, J +1 + coef Y ⋅ ∆YJ, J+1 ,
com J = 1, 2, L nd.
+1 = X K
X Kcomp comp
+ ∆X Kcomp
, K +1 = X 1
conh
+ ∑ ∆X
J=1
cmp
J, J+1
109
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
K
YKcomp
+1 = YKcomp + ∆YKcomp
, K +1 = Y1
conh
+ ∑ ∆Y
J=1
comp
J, J+1 ,
com K = 1, 2, 3, L nd.
b) Em cada estação ou ponto de apoio que tem irradiação, calcular a partir, do contra-
azimute da estação, do ângulo horizontal horário observado, com origem a ré, da
distância da estação ao ponto temático e das coordenadas da estação; o azimute da
direção do ponto irradiado e suas coordenadas.
AZ J, I = AZ J, J−1 + α I ;
XI = X J + D JI ⋅ sen AZ J,I ;
YI = YJ + D JI ⋅ cos AZ J,I
A Figura 6.16 mostra os pontos de apoio, o contra-azimute, o ângulo horário com origem a ré,
a distância horizontal e as coordenadas da estação, envolvidos no posicionamento por irradiação do
ponto temático I.
y
J-1
AZJ, J-1 I
αI
DJI
J
YJ
YI
XJ XI x
110
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
5- EXERCÍCIOS PROPOSTOS
Observações:
Determinar:
as coordenadas topográficas, compensadas dos erros angular e linear, dos pontos 2, 3 e 4,
N N
α1 α5
α3 AZF
α2 α4
I x
1 d1 d2 5 F
x 3 d3 d4
AZI 2 4
1 1 000,00 0 1 000,00 0
3 1 223,00 0 1 186,50 0
F 1 400,00 0 1 186,50 0
Observações:
Determinar:
as coordenadas topográficas, compensadas dos erros angular e linear, dos pontos 2 e P.
P2 N
dP2
AZF
α3
αP2
N α2 3 F
d2
αP1
AZI 2
α1 dP1
d1
P1
1
112
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
CROQUI 0 3.1
3.2
2
4
2 1 3 120 23 20 220,631
2 4 243 10 30 _____
2 3.1 74 48 16 84,457
3
4 3.2 286 39 47 75,684
5.4) Elaborar um algoritmo para calcular as coordenadas topográficas, compensadas dos erros
angular e linear de fechamento, dos pontos de apoio e temáticos de um levantamento
planimétrico por poligonação.
113
Rodrigues, D. D. - 2008 Levantamento planimétrico de pontos de apoio
Observações:
4
N
4.1
1.1
1
2 2.1
3.1
2.2
Determinar:
as coordenadas topográficas dos pontos de apoio, compensadas dos erros angular e linear, e
dos pontos temáticos no sistema de referência materializado pela poligonal.
114
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
1- INTRODUÇÃO
Na Figura 7.1
• X, Y e Z são os eixos de um sistema topográfico (o plano XY é o plano horizontal ou
topográfico de o);
• P, Q e R são pontos no espaço definido pelo sistema XYZ, com coordenadas conhecidas;
• p, q e r as projeções de P, Q e R no plano horizontal;
115
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
y≡N
R
r Ẑ QR
VQR
ÎQR Q
O r r
VPR VPQ
q
r γ
r P
r j a
k
p
o r x
i
Vertical de o
A Tabela 7.1 mostra o que deve conter um arquivo de informações topográficas de pontos
conhecidos, como P, Q e R. As variâncias de X, Y e Z e as covariâncias dos pares XY, XZ e YZ devem
constar na estrutura; porém, como variâncias e covariâncias são números pequenos elevados ao quadrado,
recomenda-se amezenar os desvios padrão e os coeficientes de correlação.
116
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
r r r r r r
Empregando o terno ortogonal fundamental, i , j e k , os vetores VPQ , VPR e VQR , mostrados na
r r r r
VPQ = ∆X PQ ⋅ i + ∆YPQ ⋅ j + ∆Z PQ ⋅ k (7.1)
r r r r
VPR = ∆X PR ⋅ i + ∆YPR ⋅ j + ∆Z PR ⋅ k (7.2)
r r r r
VQR = ∆X QR ⋅ i + ∆YQR ⋅ j + ∆Z QR ⋅ k (7.3)
∆X PQ = X Q − X P , (7.4)
∆YPQ = YQ − YP (7.5)
e
∆Z PQ = Z Q − Z P (7.6)
EXERCÍCIO:
i) Na Tabela 7.2 estão contidas as coordenadas de quatro pontos P, Q, R e O. Determinar as
r r r r
componentes dos vetores VPQ , VPR , VPO e VQR bem como suas variâncias.
117
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
2- CÁLCULO DE DISTÂNCIAS
As distâncias podem se referir a um plano horizontal, a plano vertical ou podem ser distâncias
espaciais entre os pontos na superfície física.
r
Por definição, a grandeza VPQ , norma do vetor de P para Q, é a distância espacial entre os
[ ]
r 2 2 2
1
DPQ = VPQ = + ∆X PQ + ∆YPQ + ∆Z PQ 2 , (7.7)
DH PQ = D XYPQ = + ∆X PQ
2
+ ∆YPQ
2
, (7.8)
Vale lembrar que uma distância no plano XY horizontal, plano topográfico, é bem diferente de uma distância
no plano XY coicidente com o plano do equador, por exemplo. A distância no plano XY depende, portanto,
do sistema de referência.
A distância vertival de P para Q, DVPQ, é também conhecida como diferença de nível de P para Q,
DNPQ, e dada por:
118
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
podendo, portanto, ser negativa ou positiva. Se DVPQ é menor que zero é porque o ponto Q está mais baixo
que o P.
EXERCÍCIOS:
i) Calcular as distâncias espaciais entre os pontos P e Q, P e R e Q e R da Tabela 7.2.
ii) Calcular as distâncias horizontais entre os pontos P e Q, P e R e Q e R da Tabela 7.2
iii) Calcular as distâncias verticais de P para Q, de P para R e de Q para R.
Como visto no item 3 do Capítulo 5, azimutes são ângulos horizontais com origem no lado norte do
meridiano, que podem ser calculados empregando a seguinte equação:
⎛ ∆X PQ ⎞
AZ PQ = arctg ⎜⎜ ⎟ ,
⎟ (7.10)
⎝ ∆YPQ ⎠
Se o ponto Q estiver no segundo ou terceiro quadrante, em relação ao sistema topográfico com origem
no ponto P, soma-se 180º ao resultado da operação com a equação (7.10). Se estiver no quarto quadrante
soma-se 360º. Para mais detalhes, inclusive quanto às restrições de uso da (7.10), veja o item 3 do Capítulo
5.
Rumos podem ser derivados dos azimutes como mostrado na Figura 2.25.
4- CÁLCULO DE ÂNGULOS
Os ângulos podem se referir ao plano horizontal, ao plano vertical ou ao plano que contenha os
pontos na superfície física.
Teodolitos medem ângulos horizontais e verticais, porém, o ângulo no plano que contém os três
pontos na superfície física pode, mesmo que raramente, ser uma informação requerida em cálculos
topográficos.
Na Figura 7.1 γ é um ângulo contido no plano determinado por três pontos na superfície física e que
pode ser determinado a partir das distâncias espaciais entre os pontos envolvidos ou a partir das
componentes vetoriais.
119
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
As distâncias espaciais entre os pontos P, Q e R, Figura 7.1, podem ser calculadas empregando a
equação (7.7) e o ângulo γ, no plano definido pelos pontos P, Q e R, empregando a lei dos cossenos, ou
seja,
⎛ D PQ
2
+ D PR 2
− D QR
2
⎞
⎜
γ = arccos ⎜ ⎟ , (7.11)
2 ⋅ D PQ ⋅ D PR ⎟
⎝ ⎠
com γ no intervalo [0 a 180º]. Obviamente nenhuma das distâncias, DPQ ou DPR, pode ser nula.
r r
O produto escalar entre os vetores VPR e VPQ , que limitam o ângulo γ, é definido por:
v v r r
VPR • VPQ = VPR ⋅ VPQ ⋅ cos γ , (7.12)
ou seja,
r v
VPR • VPQ
cos γ = r r , (7.13)
VPR ⋅ VPQ
Empregando as componentes vetoriais mostradas nas equações (7.1) e (7.2), o produto escalar
pode ser calculado por:
v v
VPR • VPQ = ∆X PR ⋅ ∆X PQ + ∆YPR ⋅ ∆YPQ + ∆Z PR ⋅ ∆Z PQ . (7.14)
r
A norma do vetor VPQ é dada pela (7.7) e, semelhantemente,
v 2 2 2
VPR = DPR = + ∆X PR + ∆YPR + ∆Z PR . (7.15)
Portanto,
⎛ ∆X PR ⋅ ∆X PQ + ∆YPR ⋅ ∆YPQ + ∆Z PR ⋅ ∆Z PQ ⎞
γ = ar cos ⎜⎜ ⎟ ,
⎟
(7.16)
⎝ D PR ⋅ D PQ ⎠
com γ no intervalo [0 a 180º]. Obviamente nenhuma das distâncias, DPQ ou DPR, pode ser nula.
120
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Como visto no item 5 do capítulo 2, o ângulo horizontal horário RP̂Q , a da Figura 7.1, pode ser
determinado a partir de azimutes empregando a seguinte equação:
lembrando de somar 360º caso o valor encontrado seja menor que zero. Assim, a e b estarão no intervalo
[0 a 360º).
Para mais detalhes veja o item 5 do Capítulo 2.
⎛ DHPQ
2
+ DHPR 2
− DHQR
2
⎞
α = arccos ⎜⎜ ⎟
⎟
(7.19)
⎝ 2 ⋅ DHPQ ⋅ DHPR ⎠
com a no intervalo [0 a 180º]. Obviamente nenhuma das distâncias, DHPQ ou DHPR, pode ser nula.
Fazendo, na equação (7.16), ∆ZPR e ∆ZPQ iguais a zero, uma vez os vetores envolvidos agora são
horizontais, tem-se:
121
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
⎛ ∆X PR ⋅ ∆X PQ + ∆YPR ⋅ ∆YPQ ⎞
α = ar cos ⎜⎜ ⎟
⎟
(7.20)
⎝ DHPR ⋅ DHPQ ⎠
com a no intervalo [0 a 180º]. Obviamente nenhuma das distâncias, DHPQ ou DHPR, pode ser nula.
Ângulos zenitais como o de P para Q – veja item 6 do Capítulo 2 - podem ser calculados,
conhecendo-se as coordenadas dos pontos, empregando a seguinte equação:
Z Q − ZP
Ẑ PQ = ar cos ( ) (7.21)
[ (X ]
1
Q − XP ) 2
+ ( YQ − YP ) 2
+ (Z Q − ZP ) 2 2
com Ẑ PQ no intervalo [0 a 180º], luneta em PD. Obviamente a distância, DPQ não pode ser nula.
Ângulo vertical de inclinação de P para Q, îPQ, pode ser derivado do ângulo zenital.
EXERCÍCIOS:
i) Calcular o ângulo no plano inclinado PQR com vértice em P, ângulo interno do triângulo PQR, γ na
Figura 7.1, empregando as coordenadas da Tabela 7.2.
ii) Calcular o ângulo horizontal o interno do triângulo pqr, α na Figura 7.1, empregando as
coordenadas da Tabela 7.2
iv) Calcular o ângulo de inclinação de Q para R, îQR , empregando as coordenadas da Tabela 7.2
5- CÁLCULO DE ÁREAS
A Figura 7.2 mostra o plano inclinado definido pelos pontos P, Q e R e o paralelogramo definido pelos
r r r
vetores VPQ e VPR - não estão em uma mesma direção e nenhum dos dois é nulo. Na Figura, A
122
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
r r r
A = VPQ × VPQ (7.22)
R
r
VQR
r r
VPR A
S∆ = Q
2
γ r
VPQ
r
A
P
r r r
i j k
r r ∆YPQ ∆Z PQ r ∆Z PQ ∆X PQ r ∆X PQ ∆YPQ r
VPQ × VPR = ∆X PQ ∆YPQ ∆Z PQ = ⋅i + ⋅j + ⋅k
∆YPR ∆Z PR ∆Z PR ∆X PR ∆X PR ∆YPR
∆X PR ∆YPR ∆Z PR
r r
= ( ∆YPQ ⋅ ∆Z PR − ∆YPR ⋅ ∆Z PQ ) ⋅ i + ( ∆Z PQ ⋅ ∆X PR − ∆X PQ ⋅ ∆Z PR ) ⋅ j +
r
( ∆X PQ ⋅ ∆YPR − ∆YPQ ⋅ ∆X PR ) ⋅ k
(7.23)
r
Tem-se que o vetor A é igual a:
r r r
A = ( ∆YPQ ⋅ ∆Z PR − ∆YPR ⋅ ∆Z PQ ) ⋅ i + ( ∆Z PQ ⋅ ∆X PR − ∆X PQ ⋅ ∆Z PR ) ⋅ j +
r.
( ∆X PQ ⋅ ∆YPR − ∆YPQ ⋅ ∆X PR ) ⋅ k
(7.24)
Fazendo
∆YPQ ⋅ ∆Z PR − ∆YPR ⋅ ∆Z PQ = ∆X A (7.25)
123
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
∆Z PQ ⋅ ∆X PR − ∆X PQ ⋅ ∆Z PR = ∆YA (7.26)
e
∆X PQ ⋅ ∆YPR − ∆YPQ ⋅ ∆X PR = ∆Z A (7.27)
Tem-se:
r r r r
A = ∆X A ⋅ i + ∆YA ⋅ j + ∆Z A ⋅ k (7.28)
Como a área do triângulo inclinado definido pelos pontos P, Q e R, S ∆ , Figura 7.2, é a metade da norma de
r
A tem-se:
r
[ ]
1
A + ∆X 2A + ∆YA2 + ∆Z 2A 2
S∆ = = (7.29)
2 2
r r r
A = VPQ ⋅ VPR ⋅ sen γ = D PQ ⋅ D PR ⋅ sen γ (7.30)
EXERCÍCIOS:
r r
i) Calcular as componentes do vetor área do paralelogramo definido pelos vetores VPQ e VPR ,
A Figura 7.3 mostra um polígono num formato qualquer definido pelas coordenadas X e Y dos cinco
pontos definidores do limite. Se o plano horizontal XY é o plano topográfico a área S do polígono é a área
reduzida a este plano.
Como visto no ítem anterior, a área de um triângulo pode ser determinda pelo produto vetorial de
dois de seus vetores, equação (7.29). A Figura 7.3 mostra o poligono dividido em triângulos e pares de
r r r r r r
vetores dos triângulos com origem num mesmo ponto: V12 e V15 , V23 e V25 e V34 e V35 .
Na Figura
124
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Y (m)
5
4
S∆3
r
V34
r r
V15 S∆2 V35 3
S∆1
1 r
r
V12 V25
r
V23
2
•
Z X (m)
S = S ∆1 + S ∆ 2 + S ∆ 3 , (7.31)
r
O dobro da área do primeiro triângulo, S ∆1 , é a norma do vetor A 1 , ou seja:
r
2 ⋅ S ∆1 = A 1 (7.32)
r
Mas o vetor A 1 é dado por:
r r r r r r
A 1 = V12 × V15 = ∆X A1 ⋅ i + ∆YA1 ⋅ j + ∆Z A1 ⋅ k (7.33)
125
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
Dessa forma,
r
A 1 = + ∆Z 2A1 = ∆Z A1 . (7.39)
Portanto
2 ⋅ S ∆1 = ∆Z A1 (7.40)
e portanto,
De onde se conclui que realizando produtos vetoriais aplicando rotação sempre no mesmo sentido (horário
ou anti-horário), tem-se:
(7.45)
ou
126
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
∑ ( X j ⋅ Yj +1 )
n −1
2⋅S = − X j+1 ⋅ Yj + X n ⋅ Y1 − X1 ⋅ Yn (7.47)
j =1
ou
∑ (X ⋅ Y j +1 ) + ∑ (X ⋅ Y j ) − X 1 ⋅ Yn
n −1 n −1
2⋅S = j X n ⋅ Y1 − j +1
(7.48)
j =1 j =1
Fazendo
∑ ( X j ⋅ Yj +1 )
n −1
SPD = + X n ⋅ Y1 (7.49)
j =1
∑ ( X j+1 ⋅ Yj )
n −1
SPA = + X1 ⋅ Yn (7.50)
j =1
tem-se que:
SPD − SPA
S= (7.51)
2
127
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
plano topográfico com uma altitude média hm, acima nível do mar, é maior que a área em um plano
topográfico ao nível do mar e dada por:
2
⎛ R + hm ⎞
S hm = S ⋅ ⎜ ⎟ (7.52)
⎝ R ⎠
4
3
1
2.1
Y
2.3
2.2
X
EXERCÍCIOS:
Dados modelo numérico planimétrico, Tabela 7.4, e o croqui, Figura 7.5, de um lote, calcular:
i) A área do polígono definido pelos pontos 1, 2, 2.2, 3, e 4.
ii) Calcular a ordenada do ponto 2.3 (Y2.3) para que a área interna ao polígono formado pelos pontos 2,
2.1, 2.2, 2.3 e 3 seja 217,5162 m2 .
128
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
2 31,926 - 42,806 3
2.1 50,381 - 41,510
P: YP = -42,73 m
2.2 47,222 - 47,895
2 2.3 2.1
2.3 32,081 Y2.3
2.2
3 63,614 - 27,271
4 29,771 40,655
Figura 7.5: Croqui do lote que tem as
coordenadas na Tabela 7.3
6- CÁLCULO DE VOLUMES
r
l3 b
. .. l2
l1 B
R
B⋅h
6.2- Volume de uma Pirâmide: V= (7.54)
3
h
6.3- Volume de um Tronco de uma Pirâmide: V= ( B + b + B.b ) (7.55)
2
129
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
π ⋅ R2 ⋅ h
6.4- Volume de um Cone: V= (7.56)
3
π ⋅ h ⋅ (R 2 + R ⋅ r + r 2 )
6.5- Volume de um Tronco de Cone: V= (7.57)
3
4 ⋅ π ⋅ R3
6.6- Volume de uma Esfera: V= (7.58)
3
6.7- Volume de um tetraedro: Na Figura 7.7 estão representados dois tetraedros com vértices
nos pontos O, P, Q e R. O da 7.7-a tem os lados perpendiculares
entre si no ponto O.
R
Q r
VOR
Q r
l3 O
VOQ
R r
O VOP
l2
l1 P P
a b
A equação para calcular o volume de um tetraedro é a mesma para o volume da piramide, ou seja,
um terço do produto da área da base pela altura. Como para o tetraedro da Figura 7.7-a a área da base é a
metade da área do retângulo de lados iguais a l1 e l2 e a altura é l3, tem-se:
1 l1 ⋅ l 2 l ⋅l ⋅l
V= ⋅( ) ⋅ l3 = 1 2 3 (7.59)
3 2 6
Figura 7.7-b, por exemplo, pode ser determinado empregando o produto misto ou triplo produto escalar.
Assim, o volume V é o valor absoluto do seguinte determinante:
∆X OP ∆YOP ∆Z OP
r r r
V = VOP • ( VOQ × VOR ) = ∆X OQ ∆YOQ ∆Z OQ (7.60)
∆X OR ∆YOR ∆Z OR
Portanto,
130
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
∆X OP ⋅ ( ∆YOQ ⋅ ∆Z OR − ∆YOR ⋅ ∆Z OQ )
V= + ∆YOP ⋅ ( ∆X OR ⋅ ∆Z OQ − ∆X OQ ⋅ ∆Z OR ) (7.61)
+ ∆Z OP ⋅ ( ∆X OQ ⋅ ∆YOR − ∆X OR ⋅ ∆YOQ
r r r
V = VOP ⋅ VOQ ⋅ VOR (7.62)
V = l1 ⋅ l 2 ⋅ l 3 (7.63)
EXERCÍCIO:
i) Calcular o volume do tetraedro definido pelos pontos O, P, Q e R da Figura 7.1, empregando as
coordenadas da Tabela 7.2.
A Figura 7.7 representa um prisma cuja área da base pode ser a de um trapézio, dada por:
⎛L + l⎞
B=⎜ ⎟⋅a (7.64)
⎝ 2 ⎠
A1
L
a
h
h A2
l
131
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
⎛L + l⎞
V=⎜
(L ⋅ h + l ⋅ h) ⋅ a = (A1 + A 2 ) ⋅ a
⎟ ⋅a ⋅h = (7.65)
⎝ 2 ⎠ 2 2
onde A1 e A2 são as áreas dos retângulos envolvidos, que podem interpretados como seções transversais.
Dessa forma, o volume pode ser visto como o produto da média das áreas das seções transversais pela
distância entre estas seções.
Observe então que um valor aproximado para o volume total representado na Figura 7.8 pode ser
calculado empregando a seguinte equação:
V = h1 ⋅
(A 1 + A 2 ) + h2 ⋅
(A 2 + A 3 ) (7.66)
2 2
onde Ai representa as áreas de seções transversais, obtidas a partir das coordenadas X.Y, equação (7.48),
e hi as distâncias entre seções transversais.
A1
A2
h1 A3
h2
(A 1 + A 2 ) (A 2 + A 3 ) (A n−1 + A n )
V = h1 ⋅ + h2 ⋅ + L + h n−1 ⋅ (7.67)
2 2 2
h
V= ⋅ ( A 1 + 2 ⋅ A 2 + 2 ⋅ A 3 + L + 2 ⋅ A n−1 + A n ) (7.68)
2
132
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
EXERCÍCIO:
i) O croqui abaixo, Figura 7.9, representa o trecho de um terreno demarcado pelas estacas 1.1, 1.2,
…e 2.3 separadas tanto num quanto noutro sentido por distâncias horizontais de 10 m. As cotas
ou alturas do terreno, em metros, estão representadas entre parênteses. Calcular o volume acima
do plano de referência de cota igual a 10 m.
10 m
Neste caso, basta calcular a área da base, um quadrado com 10 m de lado, e multiplicá-la pela cota
média do quadrado.
Na Figura 7.10 îmáx é o ângulo vertical entre o vetor área e o eixo Z, ou seja, é o ângulo vertical de
inclinação máxima do plano PQR. A reta ab, linha de inclinação máxima, é definida pela interseção do plano
r
inclinado PQR com o plano vertical definido pelo eixo Z e o vetor A .
133
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
r r
Z• A
cos îmáx = r r (7.69)
Z ⋅ A
r
Z r
Z
r
R b A
r b
r VQR îmáx
VPR
r Plano îmáx
A Q • •
horizontal
P
îmáx
r
VPQ a
• P
a a b
Figura 7.10 – Ângulo vertical de inclinação máxima do plano definido pelos pontos P, Q e R
Se o vetor unitário
r r
Z = 1⋅ k (7.70)
Então
r r
Z • A = ∆Z A (7.71)
e
⎛ ∆Z A ⎞
îmáx = ar cos ⎜ ⎟ (7.72)
⎜ ∆X 2 + ∆Y 2 + ∆Z 2 ⎟
⎝ A A A ⎠
r
onde ∆X A , ∆YA e ∆Z A , são as componentes do vetor A , calculadas em função das coordenadas
r r
A Figura 7.11-a mostra o vetor H resultante do produto vetorial entre o vetor unitário Z e o vetor
r r r r
A . Uma vez que H é perpendicular ao plano definido pelos vetores Z e A , ele será perpendicular à linha
de inclinação máxima, estará contido no plano horizontal e pode ser interpretado como a tangente à curva
de nível no ponto P. Já a Figura 7.11-b mostra os ângulos que o eixo Y, eixo norte, faz com a linha
134
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
r
inclinação máxima, r, e com o vetor H , θ. Teta varia de zero a cento e oitenta graus e r de zero a mais ou
menos noventa graus.
Portanto,
r r r
i j k
r r r 0 1 r 1 0 r 0 0 r
H = Z × A = 0 0 1 = ⋅i + ⋅j + ⋅k
∆YA ∆Z A ∆Z A ∆X A ∆X A ∆YA
∆X A ∆YA ∆Z A
(7.73)
r r
= (0 − ∆YA ) ⋅ i + ( ∆X A − 0) ⋅ j + (0 − 0 ) ⋅ k
ou seja:
r r r
H = − ∆YA ⋅ i + ∆X A ⋅ j (7.74)
r r b
r Z Y
Z
b
HZ
r
A r
îmáx
•
P •• θ
P •
r r
a H H
a a b
Figura 7.11 – Rumo norte da linha de inclinação máxima (r) e da tangente à curva de
nível no ponto P (θ).
Se o vetor unitário
r r
Y = 1⋅ J (7.75)
Então
r r
H • Y = ∆X A (7.76)
135
Rodrigues, D. D. - 2008 Informações topográficas a partir do modelo numérico do terreno
r r
que também é igual ao produto entre as normas dos vetores Y e H e o co-seno do ângulo, menor que
180º, entre estes vetores – ângulo θ da Figura 7.11-b -, ou seja:
r r r r r
H • Y = Y ⋅ H ⋅ cos θ = H ⋅ cos θ (7.77)
Portanto
⎛ ⎞
⎜ ∆X ⎟
θ = ar cos ⎜ r A ⎟ (7.78)
⎜ H ⎟
⎝ ⎠
ou
⎛ ∆X A ⎞
θ = ar cos ⎜ ⎟ (7.79)
⎜ ∆X 2A + ∆YA2 ⎟⎠
⎝
r
Substituindo os valores das componentes do vetor A , dadas pelas equações (7.26) e (7.27), tem-se:
r r r
H = ( ∆X PQ ⋅ ∆Z PR − ∆Z PQ ⋅ ∆X PR ) ⋅ i + ( ∆YPQ ⋅ ∆Z PR − ∆YPR ⋅ ∆Z PQ ) ⋅ j (7.80)
E portanto,
⎛ ⎞
⎜ ∆YPQ ⋅ ∆Z PR − ∆YPR ⋅ ∆Z PQ ⎟
θ = ar cos ⎜ ⎟ (7.81)
[ ]
1
⎜ (∆X ⋅ ∆Z ⎟
PR − ∆Z PQ ⋅ ∆X PR ) + (∆YPQ ⋅ ∆Z PR − ∆YPR ⋅ ∆Z PQ )
2 2 2
⎝ PQ ⎠
com θ no intervalo [0 a 180º]. Obviamente o denominador da equação (7.80) não pode ser nulo.
Da Figura 7.11-b verifica-se que o ângulo entre o eixo Y e a linha de inclinação máxima, r, é dado por:
r = θ − 90 0 (7.82)
EXERCÍCIOS:
i) Calcular o ângulo de inclinação máxima do plano PQR, Figura 7.10, empregando as coordenadas
da Tabela 7.2.
ii) Calcular o rumo norte da linha de inclinação máxima do plano PQR, Figura 7.10, empregando as
coordenadas da Tabela 7.2.
136
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
137
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
1- INTRODUÇÃO
A Figura 8.1 tem o objetivo de mostrar as diferentes formas de descrever um espaço e que a relação
biunívoca entre as diferentes formas deve ser garantida.
Transformar um modelo numérico numa descrição gráfica, ou seja, desenhar, é atividade já bem
conhecida dos engenheiros e, hoje em dia, é comum empregar softwares específicos para tal fim. Até mesmo a
transformação de plantas gráficas em modelos numéricos, ou seja, a digitalização de plantas, é hoje, comum.
Plantas gráficas antigas, armazenadas em papel, em diversas repartições públicas e privadas, são hoje em dia
digitalizadas, facilitando o armazenamento e o manuseio de tais plantas. Para isso empregam-se as chamadas
mesas digitalizadoras ou scanners e diversos softwares que, inicialmente, obtêm os parâmetros que
relacionam os sistemas de coordenadas da mesa, ou da imagem “escaneada”, e da planta. As transformações
de descrições gráficas e numéricas em maquetes e modelos matemáticos não são comuns, mas são atividades
que devem ser pesquisadas e cada vez mais realizadas pelos Engenheiros Agrimensores e Cartógrafos.
137
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
O produto resultante de uma descrição gráfica pode ser chamado de ‘carta’ ou ‘mapa’, ou ‘planta’. A norma
para execução de levantamentos topográficos, ABNT 13133, define os termos carta ou mapa e planta, da
seguinte forma:
Desenho (CAD)
Modelo Numérico Memorial
Planta gráfica
do Terreno (MNT). descritivo
Digitalização
Modelos
matemáticos
Maquete (física ou
eletrônica)
• Carta ou Mapa: Representação gráfica sobre uma superfície plana, em escalas médias e pequenas,
que leva em consideração a curvatura da terra, sendo, portanto, resultante de operações
geodésicas e cartográficas.
Os ingleses e americanos dão preferência ao termo mapa, enquanto os franceses, ao termo
carta. No Brasil, o termo carta é empregado quando são transmitidas informações técnicas –
distâncias, ângulos, áreas, volumes, rumos etc – confiáveis e com responsabilidade técnica. Já o
termo ‘mapa’ é empregado quando são transmitidas informações ilustrativas, sem rigor técnico.
A confecção de cartas ou mapas também é assunto a ser estudado em texto específico.
• Planta: Representação gráfica de uma parte limitada da superfície terrestre sobre um plano horizontal
local, em escalas maiores que 1:10 000, para fins específicos, sem considerar a curvatura da
terra.
O termo planta pode ainda ser acrescido dos adjetivos ‘planimétrica’, ‘altimétrica’ e
‘planialtimétrica ou topográfica’ para os respectivos tipos de informação geométrica transmitida.
A planta topográfica equivale a uma projeção central do relevo e das feições de um terreno sobre um
plano horizontal tangente ao geóide, com ponto de vista no centro da terra. A Figura 8.2-a, extraída de
ESPARTEL – 1982, mostra a projeção central dos pontos A, B e C sobre uma superfície esférica ao nível
médio dos mares. Porém, no campo de abrangência da topografia – região para a qual se pode desprezar a
138
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
d ≈ 60 km
R ≈ 6.370 km
Desenhar uma planta topográfica consiste, portanto, em descrever graficamente informações posicionais,
geométricas e temáticas de um espaço, representando em um plano os ângulos horizontais em verdadeira
grandeza e as distâncias horizontais reduzidas do efeito da altitude e segundo uma razão constante.
À relação constante com que as distâncias horizontais são reduzidas dá-se o nome de escala.
2- ESCALA
Definição: É a razão entre uma determinada distância na planta (d) e sua correspondente ou homóloga, no
terreno (D), ou seja,
d
E = (8.1)
D
139
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
ssfA
• Superfície física
hm A
sgA
A”
Plano topográfico
•
•
sgA A’
Geóide
Figura 8.3 – Projeção ortogonal ( A” ) do ponto A, após ter sido corrigido o efeito da altitude ( A’ ).
Caso a escala (E) esteja entre zero e um, a planta será de redução; caso E seja maior 1, de ampliação;
se for igual a 1, a planta estará em tamanho natural, ou 1para 1, e se E for igual a -1, a planta será refletida,
espelhada.
Quando se diz a um leigo que 1 cm na planta corresponde a 20 m no terreno está se falando de uma
escala de redução que pode ser representada das seguintes formas:
1cm 1 cm 1
E= = = (8.2)
20 m 2000 cm 2000
Outras formas, empregadas na engenharia, para representar essa mesma escala são: 1÷ 2000 ou 1:2000. O
denominador da escala é chamado ‘módulo’, (M), ou ‘título’, da escala. Assim,
d 1
E= = (8.3)
D M
140
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
Finalidades Escalas
Lote rural, loteamento, planta cadastral 1:500; 1:1 000; 1:2 000
Plantas de municípios ou partes de municípios ou grandes propriedades rurais 1:5 000; 1:10 000
Já a NBR 13133 recomenda as seguintes escalas para levantamentos por poligonação de acordo com a
classificação da poligonal, Tabela 8.2.
IP ou IIP 1/500
IIIP 1/1000
IVP 1/2000
VP 1/5000
3- ERRO DE GRAFICISMO
A visão humana é naturalmente limitada. Segundo DOMINGUES, 1979, o diâmetro médio dos
elementos sensíveis da retina é da ordem de 4,5 µ, que corresponde a um poder separador, resolução
espacial, do olho humano nu de aproximadamente 1’; este ângulo, à distância mínima normal de visão, 25
cm, corresponde a um intervalo de cerca 0,1 mm.
A NBR 13133 define erro de graficismo como sendo o erro máximo admissível para lançamento de
pontos e traçado de linhas na elaboração de desenho topográfico. Para a norma esse erro equivale a duas
vezes a acuidade visual, ou seja, 0,2 mm.
141
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
Hoje em dia, ao realizar desenhos em vídeo com a ajuda de programas de computador, atingir esse
objetivo, ficou relativamente fácil. Porém, ao imprimir o desenho é necessária atenção à resolução e à
‘qualidade de linha’ da impressora ou do ploter. O erro de graficismo cometido na impressão é diretamente
proporcional à resolução do plotador automático. Um erro de 0,2 mm no lançamento de um ponto equivale a
uma resolução de 127 ppp (pontos por polegada - dpi), ou seja, esta é a resolução mínima admitida para o
ploter ou a impressora a ser usada para que o desenho fique de acordo com a norma.
4- ESCALA MÁXIMA
0,2 mm
E max = (8.4)
σP
1
E máx = (8.5)
Mmín
ou
σ P (mm )
Mmín = (8.6)
0,2 (mm )
142
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A Tabela 8.3 mostra módulos de escalas máximas para diferentes precisões topográficas. Nela verifica-
se que, se a incerteza na determinação de um ponto chega a 2 m, a escala máxima da planta deve ser de
1/10 000. Se a imprecisão for da ordem de 40 cm, a escala máxima será de 1/2.000, e assim por diante. Daí,
diz-se que quanto menor o módulo de uma escala, melhor a sua precisão.
2 cm 100
10 cm 500
20 cm 1.000
40 cm 2.000
1m 5.000
2m 10.000
Por uma questão de honestidade na transmissão de informações, a escala máxima deve fazer parte
das informações constantes na planta.
Se a escala máxima de uma planta é 1/10 000 e amplia-se esta planta para a escala de 1/500,
objetos e distâncias maiores que 10 cm deveriam estar contidos na nova planta, mas não estarão, uma vez
que não estavam na planta original. Dessa forma uma planta originada de uma outra por ampliação poderá,
se não informar ao leitor, induzi-lo a conclusões erradas sobre a precisão do trabalho. Relativo à ampliação
de cartas o Decreto da Presidência da República no 89817/84 em seu artigo 11 estabelece o seguinte:
§2º Uma carta nas condições deste artigo será sempre classificada com exatidão inferior
à do original, devendo constar obrigatoriamente no rodapé a indicação "Carta ampliada a
partir de (. .. documento cartográfico) em escala (... tal)".
§3º Não terá validade legal para fins de regularização fundiária ou de propriedade imóvel,
a carta de que trata o "caput" do presente artigo.
Obviamente tal artigo deve ser aplicado também às plantas topográficas. Já a confecção de plantas a
partir da redução de outras é perfeitamente admissível. No entanto, objetos que na planta original estavam
representados em escala, poderão, após a redução, ter que ser representados por símbolos ou convenções.
Detalhes geométricos perceptíveis na planta original deixarão de sê-lo e, a fim de reduzir o tamanho dos
arquivos, pontos e informações poderão ser eliminados. Por exemplo, o trecho de um rio cheio de curvas,
perceptíveis na escala 1/500, poderá ser representado por uma reta e os pontos definidores das curvas,
eliminados criteriosamente se a planta é reduzida para, por exemplo, 1/5 000. O processo de eliminação de
143
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
5- DESENHO DA PLANTA
Definida a escala em que o desenho vai ser impresso, o passo seguinte é transformar as coordenadas
do modelo numérico do terreno em coordenadas de planta.
O cálculo das coordenadas de planta, (xp,yp), é feito dividindo as coordenadas de terreno, (X,Y),
normalmente em metros, pelo módulo da escala; lembrando que as coordenadas de planta são, também
normalmente, expressas em centímetros. Assim,
X (m)
xp = (cm) (8.6)
M
100
Y (m)
yp = (cm) , (8.7)
M
100
A seguir, conhecendo os valores das diferenças entre as abscissas máxima e mínima da planta, ou seja,
conhecendo-se
144
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A partir de uma convenção no sistema alemão DIN (Deutsches Institutfür Normung e.V.), adotada
no Brasil desde 1954, a International Organization for Standardization (ISO) estabeleceu a norma ISO 216
que define uma série de formatos de papel começando no formato básico denominado A0. Esse formato é
determinado de forma que a área do papel seja 1 m2 e seus lados estejam na proporção de um para raiz de
dois, o que, arredondando ao milímetro, leva a um retângulo de 841 x 1189 mm. Outros formatos,
denominados A1, A2, até o A10, são obtidos dobrando ao meio a folha de formato anterior e mantendo
sempre a mesma proporção entre os lados. Isso quer dizer, por exemplo, que dobrando o A0 se obtém o
A1, dobrando o A1 se obtém o A2 e assim por diante até o formato A10, de 26 x 37 mm, conforme mostra a
Figura 8.4-a.
A Figura 8.4-b mostra as margens normalmente aplicadas: 25 a 30mm para a lateral esquerda e de
5 a 15mm para as outras laterais.
A norma brasileira que trata desse assunto é a NBR 10068: Folha de desenho – leiaute e dimensões.
A2
A1
A4
A3
A5
a b
A Tabela 8.4 mostra as dimensões dos formatos utilizados para a confecção de plantas.
Se a diferença entre as abscissas máxima e mínima, ∆xp max , for maior que a diferença entre as
ordenadas máxima e mínima, ∆yp max , posiciona-se o papel na posição horizontal (ou “paisagem”); caso
contrário, posiciona-o na posição vertical (ou “retrato”), não se esquecendo de estabelecer as margens
conforme a Figura 8.4-b.
145
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
A0 841x1189 1
A1 594x841 0,50
A2 420x594 0,25
A3 297x420 0,1250
A4 210x297 0,0625
A5 148x210 0,0313
Se o desenho vai ser feito à mão – o que é raro hoje em dia -, ele deve ser confeccionado inicialmente
em um papel milimetrado após estabelecer a origem e orientação do sistema de coordenadas topográficas -
aqui é interessante buscar fazer um paralelo com uma tela de vídeo e o uso de um “computer aided design
(CAD)”. Calculadas as coordenadas de planta, definidos o formato e a orientação do papel e estabelecido o
sistema de coordenadas, o próximo passo é lançar os pontos levantados. Uma boa prática é lançar os pontos
por tema (ou camadas ou layers), ou seja, lançam-se os pontos definidores de limites, construções, vegetação,
hidrografia, etc, não necessariamente nessa ordem.
Para feições ou objetos que não puderem ser representados em escala, devem-se empregar símbolos
ou convenções para representá-los, de acordo com a norma. A Figura 8.5 mostra as convenções topográficas
publicadas na ABNT 13133.
Os instrumentos utilizados no lançamento dos pontos devem estar de acordo com a escala adotada.
Os pontos de apoio, ou estações topográficas, devem ser lançados utilizando-se, preferencialmente,
coordenatógrafo de boa precisão, porém esses pontos não devem ser ligados entre si, ou seja, não se deve
desenhar a poligonal. Além das convenções pode-se escrever na planta o nome próprio dos lugares e feições
(topônimos).
146
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
hidrografia, a verde para vegetação, a vermelha para edificações, estradas, ruas, calçadas, caminhos etc, e a
preto para legenda, reticulado e toponímia.
Deve-se ter cuidado especial com as espessuras e tipos de linhas bem com o tamanho, tipos e
orientações das escritas. Um controle das espessuras das linhas serve para tornar a leitura da planta mais
agradável, menos cansativa. Uma planta não deve conter nomes ou números ilegíveis nem excessivamente
grandes. Recomenda-se consultar a NBR 8402: Execução de caracteres para escrita em desenho técnico e a
NBR 8403: Aplicação de linhas em desenhos – tipos de linhas – larguras de linhas.
147
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
Embora o termo metadados seja utilizado quando se trata de arquivos digitais, ele será empregado
aqui com o intuito de familiarizá-lo entre os iniciantes das Engenharias de Agrimensura e Cartográfica.
Metadados pode, de forma simplificada, ser definido como ‘dados sobre dados’. Metadados, ou
metainformações, são dados ou informações que descrevem, dizem do que se tratam, dão significados,
orientações, limites, etc, a outros dados ou informações.
• Data da edição
• Nome, CREA e assinatura do responsável técnico.
Caso seja uma planta relativamente pequena com poucas informações, como são normalmente as
plantas de limites de lotes, devem ainda constar as distâncias, os azimutes, perímetros e áreas de interesse,
bem como uma tabela com as coordenadas, e seus desvios padrão, dos pontos definidores dos limites e dos
pontos de apoio. As distâncias devem estar em metros com no máximo três casas decimais, os azimutes em
graus, minutos e segundos inteiros e a área em hectare com quatro casas decimais.
Para saber onde e como colocar estas informações na planta, consultar a NBR 10068 e a NBR 10582:
Conteúdo da folha para desenho técnico .
Segundo DOMINGUES (1979), a escala gráfica é a representação gráfica de uma escala nominal
ou numérica.
148
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
A escala gráfica fornece, rapidamente e sem cálculos, o valor real das medidas executadas sobre
o desenho, qualquer que tenha sido a redução ou ampliação sofrida por este.
6- MEMORIAL DESCRITIVO
Memorial descritivo é empregado normalmente para descrever limites e confrontações de lotes urbanos
ou rurais.
É a partir do memorial descritivo que se gera a escritura pública imobiliária. O memorial deve conter um
cabeçalho onde se identifica o imóvel, o proprietário, o município, a comarca, a unidade federativa e informa o
perímetro e a área do imóvel.
A seguir, em escrita corrente, sem rasuras nem espaços em branco, descreve-se o perímetro do
imóvel, informando as coordenadas dos vértices, os azimutes e as distâncias entre vértices e os nomes dos
confrontantes, guardando absoluta identidade com a planta do imóvel.
A descrição do perímetro e das confrontações deve começar no vértice situado mais ao norte e à oeste
e seguir o limite no sentido horário, indicando as coordenadas do vértice de partida, o azimute e a distância até
o próximo vértice, separando cada lado descrito por ponto e vírgula.
Ao final do relatório informar a definição e realização do sistema topográfico, datar e assinar.
Para mais informações sobre memorial descritivo de imóveis rurais consultar a “Norma técnica para
georreferenciamento de imóveis rurais”, do INCRA.
7- RELATÓRIO TÉCNICO
149
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
Como já dito antes, o objetivo de uma descrição topográfica é transmitir informações posicionais,
geométricas e temáticas de um lugar. No caso de plantas planimétricas as informações posicionais e
geométricas se referem ao plano horizontal e não são transmitidas informações altimétricas.
As informações temáticas são transmitidas através de símbolos, convenções e toponímias.
Imprimindo a planta sobre uma imagem aérea e/ou colocando fotografias da área nas margens da planta,
melhora-se a transmissão de informações temáticas e transmitem-se também informações sensoriais.
150
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
linha e a ordenada, medindo a distância na direção norte-sul, do ponto até a linha leste-oeste mais próxima e
adicionando esta distância à ordenada da linha de referência.
M
D = d (mm ) ⋅ (m)
1000
(8.10)
Os azimutes podem até ser medidos diretamente com transferidores; mas devido à imprecisão desses
instrumentos, eles podem ser melhor determinados a partir das coordenadas extraídas da planta, empregando
a seguinte equação:
Xk − X j xp K − xp j
AZ jk = artg = arctg (8.11)
Yk − Y j yp k − yp j
lembrando, é claro, de verificar o quadrante e somar 180º ou 360º, se necessário. Nesta equação, X e Y são
coordenadas de terreno, em metros, extraídas da planta e xp e yp são coordenadas de planta, em milímetros
ou centímetros.
Os rumos podem ser obtidos a partir dos azimutes.
Os ângulos horizontais, que estão representados em verdadeira grandeza na planta, podem ser
determinados a partir dos azimutes das direções envolvidas ou então, empregando a lei dos co-senos:
⎛ b2 + c 2 − a2 ⎞
α = ar cos ⎜ ⎟ (8.12)
⎜ 2bc ⎟
⎝ ⎠
151
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
sendo que a, b e c podem ser as distâncias de planta, em milímetros ou centímetros, dos lados do triângulo
envolvido.
A partir de uma planta, áreas horizontais de polígonos no terreno podem ser determinadas
empregando as coordenadas de terreno, extraídas da planta, e a equação de Gauss ou a partir da área do
polígono homólogo na planta que, por sua vez, pode ser determinada das seguintes formas:
i) A partir das coordenadas de planta xp, yp dos pontos definidores do polígono e equação de Gauss;
ii) Contando o número de centímetros e/ou milímetros quadrados existentes dentro do polígono;
iii) Dividindo o polígono em figuras regulares como triângulos, retângulos, trapézios, etc. Aqui vale
lembrar que a área de um triângulo qualquer pode ser determinada empregando a fórmula de Heron:
s = p ⋅ (p − a ) ⋅ (p − b ) ⋅ (p − c ) (8.13)
a+b+c
p= (8.14)
2
P
s= (m 2 ) (8.15)
gr
Pp
gr = (g / cm 2 ) (8.16)
sp
152
Topografia: planimetria para engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
e dessa forma a área s, determinada pela equação (8.15), estará em cm2, o que é mais conveniente uma vez
que as áreas de figuras, desenhadas em escalas, são muito pequenas para serem determinadas em m2.
Esse método é comumente empregado em laboratórios de pesquisas que dispõem de balanças de
precisão para determinar pequenas áreas como, por exemplo, área foliar.
Obviamente a área do polígono homólogo deve ser transformada em área de terreno. A Figura 8.5
mostra a relação entre essas áreas. No terreno a área representada é determinada multiplicando os dois lados
do retângulo, ou seja,
S = L ⋅D (8.17)
NO TERRENO EM PLANTA
d
D
l
1
E=
M
L
a b
Para confeccionar a planta os lados são divididos pelo módulo da escala, ou seja,
L
l= (8.18)
M
e
D
d= . (8.19)
M
Como a área s do polígono homólogo representado na Figura 8.5 é dada pelo produto dos lados tem-se,
L ⋅D S
s = l⋅d = 2
= 2
M M
(8.20)
Ou seja,
S = M2 ⋅ s (8.21)
153
Rodrigues, D. D. - 2008 Desenho Planimétrico
Como s normalmente é medido em centímetros ou milímetros quadrados o valor encontrado pela (8.21) será
muito grande e por isso é recomendável dividir o módulo da escala pelo fator de transformação de unidade
antes de realizar a multiplicação.
Observe ainda que se o módulo da escala que multiplica a distância longitudinal (MH) for diferente do
módulo transversal (MV), o que ocorre normalmente no traçado de perfis de terrenos para se ressaltar as
diferenças de nível, a área S do terreno será dada por:
S = MH ⋅ MV ⋅ s (8.22)
154
Topografia: planimetria para Engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
1- INTRODUÇÃO
O controle de qualidade de uma planta, assim como de todo e qualquer trabalho de engenharia,
deve ser feito em três diferentes níveis:
• Na escolha e no estabelecimento dos profissionais habilitados, o que, por lei, é feito pelo
sistema CONFEA/CREAs;
• No estabelecimento de normas para execução, o que pode ser feito pela ABNT, CONCAR,
IBGE, INCRA, IGA, prefeituras ou até mesmo pelo contratante e
• Na inspeção, onde se verifica o cumprimento das leis e normas. Especificamente, devem ser
inspecionados em um levantamento topográfico:
c) Cálculos:
Verifica-se o método e o software empregados, os erros angular, linear e altimétrico ou os
resultados do ajustamento.
d) Desenho final:
155
Rodrigues, D. D. Inspeção de plantas topográficas
Verifica-se principalmente a qualidade do desenho (espessura dos traços, tamanho das letras,
orientação dos nomes, etc. Consultar normas de desenho), a escala, a orientação da planta, a
precisão do reticulado, as informações marginais (legenda, convenções, escala gráfica, data).
e) Acurácia da planta:
¾ Devem ser avaliadas as acurácias planimétrica e altimétrica.
O roteiro a seguir está de acordo com a NBR 13133, porém pode ser adaptado para considerar
a norma cartográfica.
2.1- Cálculo do desvio padrão resultante das distâncias medidas no terreno e na planta (m)
d i = D Terreno − D Planta
m=+
∑d 2
i
n −1
onde, D Planta são distâncias medidas na planta, empregando um escalímetro confiável, entre
A amostragem deve ser aleatória, abrangendo toda planta e, de acordo com a norma, devem ser
amostradas as seguintes quantidades de distâncias:
No de pontos No de alinhamentos
levantados a serem conferidos
Até 500 3% (mínimo de 10)
De 501 a 1000 2% (mínimo de 15)
Acima de 1000 1% (mínimo de 20)
156
Topografia: planimetria para Engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
2 , uma vez que a distância é a diferença entre a leitura final e inicial, seu desvio será
o desvio da leitura multiplicado pela raiz de dois,
M é o módulo da escala da planta e
K é uma constante que depende do equipamento empregado no levantamento das
distâncias:
K = 1 quando se empregou distanciômetros eletrônicos,
K = 1,5 quando se empregou trena de aço e
K = 2,5 quando se empregou taqueometria.
Tanto a norma 13133 quanto o decreto lei 89817/84 empregam o termo “exatidão” planimétrica,
mas se tratando de informação posicional ou geométrica, não se conhece o valor verdadeiro e o termo
correto seria “acurácia”. Trata-se de comparar “valores mais prováveis de distâncias medidas na planta”
com “valores mais prováveis (naturalmente não exatos) obtidos por outro método sabidamente sem (ou
com menos) erros sistemáticos.
PAP = 1,6449 ⋅ ma
3.1- Cálculo do desvio padrão resultante das discrepâncias entre as cotas ou altitudes
medidas no terreno e na planta (m)
h i = H Terreno − HPlanta
m=+
∑h 2
i
n −1
onde, HPlanta são cotas ou altitudes de pontos perfeitamente identificáveis no terreno, obtidas a
A amostragem deve ser aleatória, abrangendo toda planta e de acordo com a norma devem ser
amostradas as seguintes quantidades de cotas ou altitudes:
o
No de cotas ou
N de pontos
altitudes a serem
levantados
conferidas
Até 500 3% (mínimo de 10)
De 501 a 1000 2% (mínimo de 15)
Acima de 1000 1% (mínimo de 20)
Noventa porcento das cotas ou altitudes testadas não podem ter discrepâncias
superiores ao PAA e m altimétrico deve ser menor ou igual ao ma altimétrico.
Além da NBR 13133 há o decreto 89817/84 que estabelece as Instruções Reguladoras das
Normas Técnicas da Cartografia Nacional. O teor completo desse decreto pode ser encontrado
encontrado em http://www.concar.ibge.gov.br. Na Seção 1: Classificação de uma Carta Quanto a
Exatidão encontra-se o seguinte texto:
Art.8º
158
Topografia: planimetria para Engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
As cartas quanto à sua exatidão devem obedecer ao Padrão de Exatidão Cartográfica - PEC,
segundo o critério abaixo indicado:
1. Noventa por cento dos pontos bem definidos numa carta, quando testados no terreno,
não deverão apresentar erro superior ao Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico -
estabelecido.
2. Noventa por cento dos pontos isolados de altitude, obtidos por interpolação de curvas-
de-nível, quando testados no terreno, não deverão apresentar erro superior ao Padrão de
Exatidão Cartográfica - Altimétrico - estabelecido.
§1º Padrão de Exatidão Cartográfica é um indicador estatístico de dispersão,
relativo a 90% de probabilidade, que define a exatidão de trabalhos cartográficos.
§2º A probabilidade de 90% corresponde a 1,6449 vezes o ErroPadrão - PEC =
1,6449 EP.
Art.9º
As cartas, segundo sua exatidão, são classificadas nas Classes A, B e C, segundo os critérios
seguintes:
a- Classe A
1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 0,5 mm, na escala da carta,
sendo de 0,3 mm na escala da carta o Erro-Padrão correspondente.
2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: metade da eqüidistância entre
as curvas-de-nível, sendo de um terço desta eqüidistância o Erro-Padrão
correspondente.
b- Classe B
1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 0,8 mm na escala da carta,
sendo de 0,5 mm na escala da carta o Erro-Padrão correspondente.
2. Padrão de Exatidão Cartografica - Altimetrico: três quintos da eqüidistância
entre as curvas-de-nível, sendo de dois quintos o Erro-Padrão correspondente.
c- Classe C
1. Padrão de Exatidão Cartográfica - Planimétrico: 1,0 mm na escala da carta,
sendo de 0,6 mm na escala da carta o Erro-Padrão correspondente.
2. Padrão de Exatidão Cartográfica - Altimétrico: três quartos da eqüidistância
entre as curvas-de-nível, sendo de metade desta eqüidistância o Erro-Padrão
correspondente.
Art.10
É obrigatória a indicação da Classe no rodapé da folha, ficando o produtor responsável pela
fidelidade da classificação.
Parágrafo único
Os documentos cartográficos, não enquadrados nas classes especificadas no artigo
anterior, devem conter no rodapé da folha a indicação obrigatória do Erro-Padrão
verificado no processo de elaboração.
159
Rodrigues, D. D. Inspeção de plantas topográficas
Em síntese o decreto 89.817/84 estabelece que as cartas podem ser classificadas da seguinte forma:
EXERCÍCIO:
A tabela abaixo se refere à inspeção planimétrica de uma planta classe B – distâncias medidas por
com trena de aço (K=1,5) - na escala 1/1000. Calcular:
o O desvio padrão admissível e o padrão de exatidão planimétrica (PAP);
o O desvio padrão da planta;
o A planta pode ser aprovada? por que ?
Discrepâncias
Seguimento DPlanta (m) DTerreno (m) (di = DP – DT)
(m)
1 23,00 22,90
2 10,00 10,15
3 16,45 16,20
4 6,80 7,55
5 19,40 19,60
6 19,00 18,75
7 18,50 18,35
8 25,55 25,75
9 7,05 7,30
10 7,95 8,70
160
Topografia: planimetria para Engenheiros Agrimensores e Cartógrafos
INSPEÇÃO PLANIMÉTRICA
PROJETO:______________________________________________________________________________
LOCALIDADE:___________________________________________________________________________
, de de 20
_______________________________________
RT:
1
Rodrigues, D. D. Inspeção de plantas topográficas
INSPEÇÃO ALTIMÉTRICA
PROJETO:______________________________________________________________________________
LOCALIDADE:___________________________________________________________________________
RESPONSÁVEL TÉCNICO:__________________________________________ DATA: _____/______/____
Eqüidistância entre curvas de nível = _________________
Desvio altimétrico admissível (ma) = ______________________ PAA = ____________
Alinha ∆HPlanta ∆H Terreno Discrepâncias
Pontos Descrição
mento (m) (m) (m)
, de de 20
_______________________________________
RT:
2
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA – UFV
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS - CCE
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL - DEC
PROFESSOR: Dalto Domingos Rodrigues, SALA 216b, CCE.
ENGENHARIA
EAM 310 - Topografia I: PROGRAMA ANALÍTICO DE AGRIMENSURA
UFV
I- INTRODUÇÃO GERAL
1- Definições
2- Subdivisões e aplicações da Topografia
3- Estado da Arte
4- Qualidade em mapeamento topográfico
5- Metrologia
5.1- Sistema Internacional de Unidades – SI
5.2- Unidades de medida linear
5.3- Unidades de medida superficial
5.4- Unidades de medida volumétrica
5.5- Unidades de medida angular
5.5-1. No Sistema Internacional de medidas: radianos
5.5-2. Sistema sexagesimal
5.5-3. Sistema centesimal
6- Algarismos Significativos
6.1- Arredondamento
6.2- Operações com algarismos significativos
6.3- Algarismos significativos na Topografia
7- Exercícios
II- GONIOMETRIA
1- Algumas definições: vertical, planos horizontais e verticais, ângulos em topografia
2- Medição simples de ângulos horizontais
2.1- Com trena
2.2- Com teodolito
2.3- Efeito de curvatura da terra em ângulos horizontais
3- Azimutes
3.1- Azimute geográfico
3.2- Azimute magnético
3.3- Azimute plano ou Azimute da Carta
4- Rumos
4.1 Relações entre azimutes e rumos
6- Ângulos Verticais
6.1 Ângulo Zenital
6.2 Ângulo Nadiral
6.3 Ângulo de inclinação ou simplesmente vertical
6.4 Declividade
6.5 Relações entre as Tangentes de Ângulos Zenitais e de inclinação
5- Cálculo de áreas
6- Cálculo do ângulo vertical de inclinação máxima
7- Cálculo da direção da linha de inclinação máxima
8- Cálculo de volumes
23/06 Reserva
Topografia I 2008 Sumário 4
BIBLIOGRAFIA:
10- KAHMEN, H. & FAIG, W. Surveying. Berlin; New York. Walter de Gruyter & Co. 1988.
11- KREYSZIG, E. Matemática Superior; tradução de Carlos Campos de Oliveira. Rio de Janeiro.
LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1982. Volume 2.
12- LEICK, A. GPS Satellite surveying, John Wiley & sons, INC. 2nd ed.,Orono, Maine, 1995
14- NBR-13.133 – Norma técnica para Execução de Levantamentos Topográficos, ABNT, Maio de
1994.
15- NGDC - NATIONAL GEOPHYSICAL DATA CENTER – NOAA Satellite and Information Service.
Geomagnetic Field Frequently Asked Questions.
http://www.ngdc.noaa.gov/seg/geomag/faqgeom.shtml#q1. Consultada em 03/2008
18- SILVA, I.da. História dos pesos e medidas. São Carlos. EdUFSCar. 190p. 2004.
19- WOLF, P. R. & BRINKER, R. C. Elementary Surveying. Ninth Edition. New York. HarperCollins
College Publishers, 1994.
20- WOLF, P. R. & GHILANI, C. D.. Elementary Surveying, na introduction to geomatics. Eleventh
Edition. New Jersey. Pearson Prentice Hall, 2006.
Topografia I 2008 Sumário 5
21- http://educar.sc.usp.br/fisica/erro.html#introd
AVALIAÇÕES DE APRENDIZAGEM:
Provas: 75%
Primeira: dia 10/04 (Quinta feira) às 18:30 horas Terceira: dia 26/06 (Quinta feira) às 18:30 horas
Segunda: dia 15/05 (Quinta feira) às 18:30 horas Substitutiva: dia 30/06 (Segunda feira) às 10:00 horas