A Terra é um elipsóide de rotação (esferóide achatado) com raio polar de 6357km e raio equatorial de 6378km Isto ocorre por causa do balanço entre as forças da gravidade e centrífuga É, na realidade, uma esfera quase perfeita Se tivesse 10cm de diâmetro a maior diferença altimétrica da superfície seria de 0,157mm e entre os dois diâmetros seria de 1,2mm Terra comporta-se como um fluido: rochas do manto são como sólido elástico (sísmica) e fluido viscoso na escala de tempo geológico (milhões de anos) 2- DENSIDADE E VOLUME DA TERRA O que é densidade: peso por espaço (g/cm3) 1g de gelo puro ocupa um cubo de 1cm de lado, ou seja, 1g em 1cm3 A densidade média das rochas que compõem a crosta terrestre é de 2,76g/cm3 A densidade global da Terra é de 5,53 g/cm3 O volume do planeta, ou seja, seu peso ou massa é de 6 sextilhões de toneladas 3- GRAVIDADE E ISOSTASIA O estudo das propriedades físicas fundamentais do interior da Terra corresponde ao ramo das Geociências denominado Geofísica Muitas informações sobre o comportamento dinâmico do interior do Planeta resultam do estudo de suas propriedades físicas tais como a gravidade e o magnetismo Através do estudo da gravidade obtêm-se informações sobre as dimensões, forma e massa da Terra, além da distribuição dessa massa em seu interior Informações geológicas com a gravimetria permitem localizar jazidas de interesse econômico A gravitação é uma propriedade fundamental da matéria, que se manifesta em qualquer escala de grandeza (da atômica à cósmica) Lei de Newton (1687): duas massas esféricas (m1 e m2), com densidades uniformes, atraem-se na razão direta do produto de suas massas e na razão inversa do quadrado da distância Assim se a esfera m1 estiver fixa e a m2 movimentar-se, ela irá se deslocar em direção à m1 Então a aceleração da gravidade depende apenas da distância entre as duas esferas e da massa de m1 que cria um campo gravitacional, de mesma intensidade ao seu redor Isso que faz que meteoritos que são primariamente atraídos pelo Sol, caiam na Terra se passarem muito próximo desta Aceleração gravitacional é isotrópica, igual em todas direções: Estes campos de mesma intensidade gravitacional acarretam na formação de corpos celestes esféricos Mas como a Terra gira (uma rotação completa em 24horas) a aceleração da gravidade é um vetor da decomposição entre a Força da Gravidade X Força Centrífuga Se a Terra fosse uma esfera perfeita e imóvel, a gravidade seria igual em toda sua superfície Gravidade aumenta em profundidade de maneira irregular e descontínua Anomalia de gravidade: resultam de variações na densidade de diferentes materiais que constituem o interior da Terra Anomalias negativas: áreas com medidas gravimétricas abaixo do esperado, corpos com densidade mais baixa: domos de sal, petróleo, gás Anomalias positivas: vulcanismo basáltico (130Ma) Formação Serra Geral e Bacia do Paraná A gravidade varia com a altitude Medidas gravimétricas indicaram: menor gravidade nas cordilheiras (Andes, Himalaia) e maior nos oceanos ISOSTASIA: (iso = igual e stasis=equilíbrio) é o estado de equilíbrio dos blocos continentais que flutuam no manto (princípio hidrostático de de Arquimedes: um corpo ao flutuar desloca uma massa de água equivalente à sua própria) Os continentes e suas áreas montanhosas são constituídos de rochas mais leves (- densas) e o fundo dos oceanos de rochas mais pesadas (+ densas), assim os continentes situam-se acima do nível do mar devido às diferenças de composição e densidade Airy corrobora a hipótese. Se fosse construída uma montanha artificial do tamanho do Himalaia não haveria rocha alguma que resistiria à pressão. É indispensável a existência de um substrato mais denso, no qual flutuam as grandes montanhas Quanto mais alto for o bloco maior a sua raiz na parte inferior da litosfera Exemplos do iceberg, Groenlândia (subsidência) e da Escandinávia: 1cm/ano de soerguimento) 4- CONSTITUIÇÃO INTERNA DO GLOBO As observações da densidade e da gravidade mostram que o interior e a crosta devem possuir uma constituição diferente Admite-se que o globo terrestre é constituído de camadas concêntricas, de constituição química e físicas diferentes A CROSTA SUPERIOR (crosta continental): formada de rochas graníticas e caracterizada pelos elementos Si e Al, por isto é chamada de Sial. Sua espessura varia de 30 a 80km (mais espessa nas regiões montanhosas) A CROSTA INFERIOR (crosta oceânica): constituídas por basaltos com predominância dos elementos Si e Mg, por isto é chamada de Sima. Sua espessura varia de 5 a 10km. Não existe Sial nos oceanos a não ser em áreas próximas aos continentes e salvo em algumas exceções. As ilhas oceânicas são, em geral, de natureza basáltica. A crosta perfaz 0,375% da massa total da Terra É a sede dos fenômenos geológicos relacionados à dinâmica interna: movimentos tectônicos, sísmicos, magmáticos, metamórficos, etc As camadas inferiores não são acessíveis a quaisquer observações diretas, recebendo várias interpretações 4.1- Propagação de ondas sísmicas Como os geólogos “sabem” as camadas do interior da Terra? Um dos meios é através da sísmica. Sismos são os tremores de terra (terremotos) Quando ocorre uma ruptura na litosfera, são geradas vibrações sísmicas que se propagam em todas direções na forma de ondas (explosão na pedreira: ondas sonoras e vibração no solo) Como vibra o chão: 2 tipos de ondas sísmicas: P (primárias) (longitudinais, em z) e S (secundárias) (transversais, N/S) As ondas P propagam-se nos líquidos e nos sólidos As ondas S propagam-se somente nos sólidos A propagação de movimentos vibratórios através das ondas S, indicam que o interior do globo se comporta como um sólido até o manto inferior No núcleo externo não ocorre sua propagação (natureza líquida) Através do estudo de terremotos (sismologia) e de como estas ondas se propagam pelo interior do planeta, permitiram a atribuir à Terra um estrutura em camadas concêntricas, fornecendo indicações também preciosas sobre a litosfera Terremotos: planos de ruptura (falha geológica); ruptura é o hipocentro ou foco; projeção na superfície é o epicentro; distância entre hipocentro e epicentro é a profundidade focal 4.2- Temperatura do interior da Terra Formação planetária por acresção faz com que energia cinética se transforme em calor; segunda fonte energia térmica emissões de átomos radioativos. Isótopos radioativos de urânio, tório, rádio e potássio, meias vidas de mesma ordem que a idade do Sistema Solar Túneis e sondagens indicam que a temperatura aumenta progressivamente para o interior da Terra: fluxo de calor do interior da Terra (fluxo geotérmico) Até cerca de 10 a 20m, a temperatura é influenciada pela média anual. Para baixo aumenta contínuamente Grau geotérmico: ao n° de metros em profundidade na crosta para aumentar-se 1°C (maios ou menos 30m) Brasil: Mina Morro Velho (MG): 2500m/64°C (cerca de 54m)/ Sondagem na Ilha de Marajó (3872m/178°C = 25m)/ Alemanha (11m)/ África e NE do Canadá (125) Em geral, a elevação da temperatura é menor em áreas geologicamente antigas (Brasil) e maior em áreas mais jovens (Andes: tectônica e magma mais próximo da superfície) A elevação de temperatura não é contínua até o centro da Terra. Se fosse seria de 180.000° É provável que seja igual à da superfície solar (6000°C) Perda de calor anual de 75cal/m2. A Terra estaria fria se tivesse somente a fonte inicial de calor A desintegração radioativa de U, To e K compensa esta perda (o calor produzido por um manto de 18km de espessura de granito compensa esta perda) Calor interno pode ser utilizado como fonte de energia: Gêisers (Japão, Itália e Nova Zelândia) 4.3- Magnetismo terrestre A Terra é um ímã fraco Origem do magnetismo: análise de ondas sísmicas indica que pelo menos parte do núcleo da terra é fluido: movimento desse fluido metálico gera correntes elétricas que induzem o campo magnético. A Terra funciona como um dínamo. Ou seja, converte energia mecânica em energia elétrica: movimento por densidade e força de Coriolis O campo magnético terrestre é dividido em dois componentes o horizontal e o vertical A agulha da bússola é atraída pelos pólos e para o interior do planeta. Como a “corrente” de energia flui de sul para o norte, a bússola aponta para o norte, ficando, entretanto, a agulha inclinada para baixo no Hemisfério Norte e para cima no Hemisfério Sul 4.4- A idade das rochas Com estudos modernos sobre a radioatividade, tornou-se possível a determinação do tempo de transmutação de um elemento em outro (muda: n° atômico de elétrons, partículas do núcleo do átomo e libera energia) Alguns elementos demoram segundos, enquanto outros levam bilhões de anos para decaírem Determinou-se a meia-vida de diversos elementos (isótopos radioativos). Ou seja, independentemente do peso inicial do elemento, o tempo (T) que este demora para 1/2 da massa inicial transformar-se em outro elemento. Após 2T, a metade restante do elemento original, desintegra-se, novamente, restando apenas 1/4 do original. A transformação do U238 em Pb206 + He: meia vida 4,6 x 109 anos Ex.: 1g de U depois de 4,6 bilhões de anos vira 0,5g de urânio, 0,43g de Pb e 0,07g de He Coletando-se uma rocha com estes elementos e observando-se a proporção entre a quantidade de U238 e Pb206, é possível calcular sua idade Outros isótopos radioativos utilizados para datação: Poatássio-argônio: K40 em Ar40 (meia vida: 1,3 bilhões de anos) Rubídio-estrôncio: Rb87 em Sr 87 (50 bilhões de anos) Tório-chumbo: To232 em Pb206 (13,9 bilhões de anos) Para a determinação em achados arqueológicos de natureza orgânica utliza-se um isótopo radioativo de carbono, o C14 (meia-vida: 7.000 anos)