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UC – GEOQUÍMICA

Estruturando um planeta

Prof. Dr. Fábio Braz Machado


• Geologia: Ciência que estuda a Terra (como surgiu, como
evoluiu, como aproveitar economicamente os recursos
naturais físicos e e como podemos ajudar a preservar os
habitat que sustentam a vida.

• Da interação com os processo químicos que buscam essas


repostas nasceu a GEOQUÍMICA como ciência.
• Prospecção geoquímica, Geoquímica ambiental, Geoquímica de petróleo
(ou reservatório), cosmoquímica, geologia médica, etc...
Como toda ciência,
também opera com
método científico, e
vem evoluindo
bastante em nível de
conhecimento.

O processo científico é uma contínua descoberta e


compartilhamento de evidências para confirmar,
descartar ou revisar hipóteses, teorias e modelos.
• Na busca da origem do universo estão as mais diversas teorias
que oscilam nos campos da ciência e mitologias.

Johann Kepler terra e água de Peter Rubens


• No século XVIII, o médico James Hutton
antecipou um princípio histórico da geologia –
“O presente é a chave do passado”. Ficou
conhecido como PRINCÍPIO DO
UNIFORMITARISMO.

250 ma

2 ba 50 ma
A origem do Sistema Solar
• Atualmente, a teoria mais aceita é o Big Bang, a
qual considera que nosso Universo começou de
13 a 14 bilhões de anos atrás a partir de uma
explosão cósmica.

• Fruto dessa explosão o Universo continua em


expansão e dilui-se para forma galáxias e estrelas
(teoria que ganhou força com a comprovação da
hipótese de Einstein – ondas gravitacionais).
 Edwin Powell Hubble (1929): observou agrupamento de 18
galáxias que se afastavam da Terra, com bandas de absorção
espectral se deslocando em direção ao vermelho: - Efeito
Doppler-Fisseau.

 Universo estaria em expansão


Efeito Doppler

Efeito Doppler Fisseau

Agrupamento Wolf 1206


A hipótese da nebulosa

• Em 1755, o filósofo alemão Immanuel Kant,


sugeriu que a origem do sistema solar poderia ser
traçada pela rotação de uma nuvem de gás e
poeira fina.

• Poucas décadas atrás, com telescópios modernos,


descobriu-se que o espaço exterior além do
sistema solar não esta vazio como anteriormente
era pensado.
A hipótese da nebulosa

• Estes astrônomos registraram muitas nuvens


do mesmo tipo da que Kant supôs, tendo
denominado as mesmas de nebulosas.

• Os gases são predominantemente hidrogênio


e hélio, os dois elementos somam quase
100%.
Nebulosa do Caranguejo - 6 300 anos-luz
A nebulosa e a formação do
Sistema Solar
• Com a força de atração
gravitacional, a matéria
começa a deslocar-se para o
centro, acumulando-se no
centro (proto-Sol).

• Denso, quente, atingindo


milhões de graus, inicia-se o
processo de fusão nuclear
onde dois átomos de
hidrogênio se fundem para
formar hélio.
A nebulosa e a formação do
Sistema Solar
A nebulosa e a formação do
Sistema Solar
• De fato, a maior parte da
matéria ficou concentrada no
proto-Sol, restou um disco de
gás e poeira envolvendo-o,
chamado de nebulosa solar.

• Menos quente nas regiões


periféricas que no centro, os
gases se condensaram.
A formação dos planetas
• A atração gravitacional causou agregação de
poeira, em pequenos blocos (planetesimais).
Por sua vez, esses planetesimais se colidiram
formando corpos maiores com o tamanho
próximo de 1 km.
A formação dos planetas
• Num estágio final de impactos cataclísmicos,
uma pequena quantidade destes corpos
maiores se concentraram e formaram os nove
planetas em suas órbitas atuais.
9 planetas e 60 satélites

Aqueles interiores, ou
terrestres, podem ter se
tornado planetas em
menos de 100 m.a.
A energia resultante do impacto dos
planetesimais era convertida em
calor, que se ia acumulando no
interior do protoplaneta. Esta
energia não era totalmente
dissipada para o espaço, pois os
protoplanetas colidiam
continuamente com planetesimais
que os recobriam e que, igualmente,
convertiam a sua energia de choque
em energia calorífica.

A dimensão do protoplaneta
aumenta (acresção) e com este
incremento sobe também a pressão
a que os materiais estão sujeitos por
compressão.

A pressão dos materiais, associada


ao aumento progressivo da
profundidade, leva ao aumento da
temperatura dos materiais
constituintes do protoplaneta.
Aquecimento e fusão
• Um planetesimal
colidindo com a Terra
numa velocidade de 15
a 20 km/s libera uma
energia equivalente a
100 x o seu peso em
TNT, o que seria de
grande importância
para aquecimento da
Terra.
Origem da Lua – 4,5 b.a.
• O grande impacto gerou
uma chuva de detritos.
Esse impacto acelerou
a velocidade de rotação
e mudou seu eixo
gravitacional
O corpo impactante deve ter tido
tamanho aproximado de Marte
• Estima-se que, desse impacto, 30 a 65% da Terra tenha sofrido fusão,
formando uma camada externa de Km de espessura chamada de
“oceano de lava”.
A diferenciação química da Terra

• O resfriamento logo nos


primeiros 500 milhões de
anos possibilita a migração
dos elementos formados,
mais pesados, para as
camadas mais interiores do
planeta.
A temperatura atinge o ponto de
fusão dos silicatos, ferro e níquel,
que constituem o protoplaneta
Terra. Inicia-se, então, a
diferenciação, isto é, a separação
dos materiais constituintes da Terra.

Os materiais mais densos, ferro e


níquel, migram, por diferença de
densidade, para o centro da Terra,
onde vão originar o núcleo. Os
materiais de média densidade,
silicatos associados a ferro e a
níquel, ocupam a zona média da
Terra, dando origem ao manto
terrestre.
TERRA

Faure, 1998
Sobre uma temperatura de 1000 – 1500º C, tem-
se a migração do Fe para o centro da Terra,
escoando através de uma massa silicática.

Energia potencial em energia


cinética.
 Aumento da temperatura no interior do planeta com transferência de energia
potencial para cinética, da ordem de 640 cal/g.

 Do calor gerado apenas 6% desta energia seria gasta na fusão do Fe. Os 94%
restantes  no aquecimento da Terra como um todo.

 Processo auto-sustentado que foi capaz de fornecer o calor necessário para a


fusão parcial do material silicático.

 Processo de formação do núcleo deve ter sido rápido  máximo 500 M.a. após
a formação do planeta.  Dados paleomagnéticos revelam que a Terra possuia
campo magnético há, pelo menos 3,5 b.a. atrás.
A energia da Terra que permitiu a sua fusão e diferenciação teve origem:
Faure, 1998
A DIFERENCIAÇÃO QUÍMICA ASSOCIADA PERDA DE CALOR
FOI A BASE PARA FORMAÇÃO DE NOVOS ELEMENTOS.
Diferenciação
• O grande calor gerado ( na ordem de 1000 ºC),
permitiu que a proto-terra, com até 65% de material
em fusão, desse inicio a segregação química ainda na
fase “mar de lava”.

McWilliam (2006)
Diferenciação
• Enquanto o material mais denso “mergulha em
direção ao proto-núcleo, os silicatos menos densos
migram para as porções mais superiores, gerando
um manto turbulento e instável.
• A migração dos elementos possibilita a
compartimentação interna, criando uma
estruturação composicional e reológica
diferenciada.
A Terra como um sistema
Earth is an Open System

Energy is input from the Sun; energy is lost from


the interior. The magnitude of these fluxes is not
equal.
Major Components of the
Earth System
Os meteoritos não sofreram a mesma
diferenciação que a Terra
• É de fundamental importância para o
conhecimento do Sistema Solar e ainda,
principalmente, do planeta Terra, pois eles
representam a composição química inicial de cada
corpo (sem tempo e tamanho para diferenciação).
• Por definição, meteorito é um fragmento de
material extra-terrestre que não foi desintegrado
pela atmosfera da Terra, caindo em sua superfície.
Meteoritos
• Diferem-se entre si pela composição química
(proporção entre metal e silicatos),
mineralogia, estrutura e cor.
Meteoritos
• De todos os meteoritos conhecidos temos:
• 61% rochosos (condritos e acondritos);
• 35% ferrosos (sideritos);
• 4% ferro-rochosos (lito-sideritos, siderólitos).

 Quando observadas as quedas, a proporção muda:


92% rochosos;
Cratera do Arizona, EUA.
84% condritos;
• 1200 m de diâmetro
8% acondritos. •183m profundidade
• Tentativa de exploração
Daniel M. Barringer

6% ferrosos (siderito);


2% ferro-rochosos (lito-sideritos,
siderólitos).
Achados

Quedas

92% das quedas observadas são rochosos mas, entre os achados, mais de 50%
são sideritos, isto por causa da resistência do Ferro aos processos de alteração.
• No Mundo a diferença no número de quedas e
achados deve-se de deve a densidade populacional e
principalmente ao interesse e cultura dos habitantes
da região. Cerca de 30.000 meteoritos foram
recuperados em todo o mundo.

• No Brasil apesar de terem sido recuperados 56


meteoritos no Brasil figuram, o Angra dos Reis, o
Santa Catarina e o Governador Valadares, que estão
entre os mais famosos do mundo.
Crateras de impacto no Brasil
Meteoritos - Sideritos
• Correspondem a 6% das quedas, consistem
essencialmente de uma liga de Fe e Ni
distribuídas entre duas fases minerais:
Fe93%Ni7% (kamacita) e Fe65%Ni35% (taenita),
contendo também um pouco de FeS (troelita).
Por vezes contém P, Cr e C.

kamacita
taenita troelita
Meteoritos – Rochosos - Acondritos

• 8% das quedas observadas, sem côndrulos,


são semelhantes as rochas terrestres (basalto
ricos em Mg).

• Costuma ser divididos de acordo com o


conteúdo de Ca. São diferenciados.

Acondrito magnesiano
Acreção – Fase planetesimal com choques.
Diferenciação – Elementos mais pesados e mais leves sendo separados.
Fragmentação – Choque na fase planetesimal após diferenciação.

Cordani & Picazzio (2009)


Meteoritos – Rochosos – Condritos (84%)

• Presença de côndrulos (pequenas esferas com


diâmetro próximo de 1 mm, compostas
essencialmente por Mg2SiO4 (olivina – 40%) e
(Mg, Fe)2Si2O6 (piroxênio – 30%).

Cordani & Picazzio (2009)


Cordani & Picazzio (2009)
Meteoritos - Siderólitos

• Correspondem a 2% das quedas observadas,


onde os tipos mais abundantes deste grupo
possuem matriz constituída por Fe e Ni, com
inclusões de Mg2SiO4 (olivina) e quantidade
menores de outros minerais silicáticos.

Fragmentação com diferenciação parcial

Siderólito
Não houve tempo hábil para formação de um núcleo neste tipo de meteoro.
Leitura:
• Capítulo 1 do livro “PARA ENTENDER A TERRA
(2008)

• Texto Enviado pelo professor

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