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GEOLOGIA E PEDOLOGIA

AULA 1
Profª Maria Carolina Stellfeld

CONVERSA INICIAL

Nossa trajetória na geologia começará pelo Big Bang, que foi a explosão
que deu início ao universo e, consequentemente, ao sistema solar e à Terra,
nosso planeta. Aliado a isso, conheceremos melhor alguns fenômenos e
elementos do universo, além das camadas internas do planeta Terra e seus
limites físicos e químicos. Passaremos pelo tempo geológico, suas
características e divisões e conheceremos as técnicas para determinar a idade
das rochas. Vamos ainda falar sobre as forças internas do planeta que são
responsáveis pela dinâmica que movimenta as placas tectônicas.
Conheceremos de perto os tipos de placa tectônica e como elas se relacionam,
além de saber como surgem terremotos, vulcões e as cordilheiras.

TEMA 1 – FORMAÇÃO DO UNIVERSO E DO SISTEMA SOLAR

A Geologia é responsável pelo estudo do planeta Terra, sua composição


e seus processos. Para entender o contexto do nosso planeta atualmente, é
necessário conhecer a formação do Universo. A explicação mais aceita hoje para
esse processo chama-se Teoria Cosmológica do Big Bang.

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Figura 1 – Modelo de evolução do Universo

Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.

A ideia central dessa teoria fundamenta-se em que o universo foi formado


a partir de uma singularidade gravitacional – um ponto onde temperatura e
densidade tendem ao infinito, segundo os físicos. Essa singularidade não teria
equilíbrio e com isso toda a energia acumulada desestabilizada, gerando uma
grande explosão – o Big Bang – e jogando energia e matéria em todas as
direções, criando o Universo. Esse acontecimento, dizem os cientistas,
aconteceu a aproximadamente 15 bilhões de anos e marca o início do tempo,
criando também uma das forças fundamentais da natureza, a gravidade. Cabe
ressaltar que atualmente existem duas definições importantes sobre a gravidade
– a clássica de Newton que diz que a força da gravidade é diretamente
proporcional as massas dos corpos, e a definição de Einstein que postula que a
gravidade é consequência da curvatura espaço-tempo que regula o movimento
dos objetos celestes. Ambas definições devem ser consideradas.

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No início da formação do universo foram criados os primeiros elementos
químicos primordiais, como o hidrogênio e outros elementos de pequena massa.
Por conta da força gravitacional esses elementos químicos foram-se aglutinando
e formando as estrelas, depois de 300 milhões de anos do início do Universo. O
aumento da massa das estrelas atraiu outras partículas que começaram a orbitar
em torno destas estrelas primordiais, os planetas, quando o universo tinha
aproximadamente 1 bilhão de anos. Nesse período começaram a se formar as
primeiras galáxias, incluindo a nossa, a Via Láctea. Desde o Big Bang o universo
continua se expandindo e partículas continuam vagando pelo espaço-tempo.
Existem inúmeras galáxias, com inúmeros sistemas estelares dentro desses
aglomerados estelares.

1.1 Formação do sistema solar

Quando o Universo tinha aproximadamente 10 bilhões de anos, nosso


sistema solar começou a ser formado. Especula-se que sua formação aconteceu
em função de um colapso gravitacional de uma nuvem molecular, concentrando
essa massa e originando nossa estrela: o Sol. A massa do Sol começou a atrair
gravitacionalmente outras partículas formando discos protoplanetários, que
originaram os planetas. Os planetas denominados rochosos são mais próximos
ao Sol e são pequenos e densos; e os planetas gasosos mais distantes do sol,
tiveram condições de atrair somente gases, então são leves e grandes.

• Planetas rochosos: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte.


• Planetas gasosos: Júpiter, Saturno Urano e Netuno.

Separando essas duas classes de planetas, existe o Cinturão de


Asteroides, que provavelmente seria um planeta rochoso, mas que não teve
força gravitacional suficiente para se aglomerar e formar um planeta. Já o corpo
celeste que recebeu o nome de Plutão tem características distintas e até hoje
existem discussões se ele é um planeta ou não. Para ser um planeta do sistema
solar, um corpo celeste precisa: 1. orbitar ao redor do Sol; 2. ter autogravidade
suficiente para ter forma arredondada; 3. possuir uma órbita não influenciada
diretamente por outros corpos celestes. Assim, em função da terceira definição,
Plutão não pode ser caracterizado como um planeta, pois existem outros corpos
celestes no Cinturão de Kupier que influenciam na sua órbita.

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Figura 2 – Sistema solar

Créditos: TRISTAN3D/ SHUTTERSTOCK.

1.2 Outros objetos e fenômenos celestes

No sistema solar, existem objetos menores que os planetas, mas que


desenvolvem uma órbita em torno do Sol que é elíptica, grande e sem influência da
gravidade dos planetas e são conhecidos como cometas. Esses objetos passam
perto da Terra em períodos definidos por suas órbitas. Entre os mais famosos que
passaram por aqui nos tempos modernos estão o Halley e o Hale Bopp.
Os asteroides são objetos celestes que navegam pelo espaço, mas que
são atraídos pela gravidade dos planetas. Quando um asteroide é capturado pela
gravidade da Terra, ele colide com o nosso planeta e, ao cair, chamamos esse
pedaço de rocha vindo do céu de meteorito. O fenômeno luminoso que
avistamos no céu quando um asteroide atravessa a atmosfera é conhecido como
meteoro ou, mais popularmente, estrela cadente.

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Figura 3 – Chuva de meteoros, asteroides atraídos pela gravidade terrestre,
tonando-se meteoritos

Créditos: BELIS/ SHUTTERSTOCK.

TEMA 2 – FORMAÇÃO E COMPOSIÇÃO DA TERRA

Como já compreendemos, os corpos celestes são formados pela


gravidade, que atrai as partículas que vagam pelo universo, desde a explosão
do Big Bang; com a Terra não foi diferente. Nosso planeta se formou pela colisão
de asteroides. Estas batidas geram calor e este é responsável pela segregação
dos minerais que foram formados, gerando diferenciação magmática que é
responsável pela distribuição em camadas do interior da Terra. Essas camadas
podem ser divididas conforme seu comportamento físico ou por sua composição
química. As camadas do interior da Terra foram identificadas pelo uso de ondas
que cruzam as camadas e mudam sua velocidade de propagação quando
passam por diferentes materiais, estudada pela Geofísica.

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Figura 4 – Composição interna da Terra

Fonte: elaborado por Elias Dahlke, com base em Tojal, 2012.

2.1 Composição química das camadas

A divisão das camadas internas da Terra em função de sua composição


química é uma das mais conhecidas e consiste nas camadas principais crosta,
manto e núcleo. A crosta terrestre é rica em silicatos e pode ser dividida em:

• Crosta Continental – composição granítica, rica em silício e alumínio


• Crosta Oceânica – composição basáltica, rica em silício e magnésio.

É a camada mais fina do globo e apesar de ser composta por rochas, ou


seja, é solida muito frágil por ser tão fina em comparação das outras camadas.
Podem atingir até 70 km nas porções continentais e até 12 km nas porções
oceânicas. Ela também se subdivide nas conhecidas placas tectônicas, que
serão objeto de estudo desta aula, mais adiante.

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O manto terrestre também se divide em dois: manto superior e manto
inferior. A composição química é semelhante, composto principalmente por
minerais silicáticos ricos em ferro e magnésio, mas apresentam diferença na
densidade, provocada pela diferença de composição química de outros minerais
que o formam.
A camada mais interna do globo terrestre é o núcleo. Acredita-se que a
sua composição química é basicamente ferro e níquel, principalmente em função
da densidade elevada destes elementos. Não é possível identificar a composição
e as características do núcleo, porque não temos como acessá-lo. No entanto,
pela Geofísica podemos acreditar que o núcleo também pode ser dividido em
núcleo interno e núcleo externo.

Quadro 1 – Camadas internas da Terra conforme composição química

2.2 Características físicas das camadas

Além dessa separação química, as camadas internas da Terra podem ser


divididas conforme o comportamento dos materiais que as compõe. Essas
divisões são definidas por técnicas de geofísica, que consistem em ler as ondas
sísmicas que atravessam o globo. Essas ondas, conhecidas como ondas de
volume ou de corpo, refratam conforme a diferença do material em que elas se
propagam. São dois tipos de ondas sísmicas de volume: P e S.

• Ondas P: chamadas também de primária, porque são as primeiras a


serem em função da sua maior velocidade. São longitudinais e fazem a

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rocha vibrar paralelamente à direção de propagação da onda, como um
elástico. Quando atingem a superfície se propagam em forma de onda
sonora, mostrando que essas ondas sempre se propagam, independente
do material que atravessam.
• Ondas S: chamadas também de secundárias, têm velocidade ligeiramente
menor que as ondas P. São transversais, fazendo com que com a rocha
movimente-se de modo perpendicular a direção de propagação desta
onda. A característica mais importante da onda S é que ela não se
propaga em meio líquido, nem gasoso. Assim, pelas características do
comportamento das ondas sísmicas P e S pode-se determinar uma
divisão em camadas internas, conforme suas características físicas.

Quadro 2 – Camadas internas da terra conforme comportamento físico

A endosfera corresponde ao núcleo terrestre e se divide em núcleo


interno – que deve sólido por causa da alta pressão, com temperaturas que
podem atingir 5.000 ºC; e núcleo externo – que deve ser líquido pois as ondas S
não se propagam nesta camada e as ondas P têm sua velocidade diminuída. Já
a mesosfera corresponde aproximadamente ao Manto e possivelmente
apresenta alta viscosidade – é quase sólida. Separa-se da endosfera pela
Descontinuidade de Gutemberg, em que as ondas S são refletidas e as ondas P
refratadas.

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A astenosfera é uma camada estreita, mas de grande importância para
a dinâmica terrestre. Ela é levemente fluida, principalmente em função do alívio
de pressão, e essa característica confere a ela a responsabilidade pelo equilíbrio
isostático – a capacidade das placas tectônicas afundarem ou subirem, e
também se deslocar sobre essa camada. Separa-se da crosta por meio da
descontinuidade de Mohorovicic, em que as ondas P e S refratam e têm suas
velocidades aumentadas. A litosfera é a camada rochosa da Terra, que
corresponde à crosta continental e oceânica. É separada por blocos, que são as
placas tectônicas, que “flutuam” sobre a astenosfera; é bem mais espessa nas
áreas continentais do que nas áreas oceânicas.
É importante perceber que as camadas da Terra, mesmo sendo
subdivididas pela Geofísica e pela Geoquímica, são bastante semelhantes em
espessuras e comportamento. Assim, as características físicas e químicas dos
materiais que a compõem são complementares.

TEMA 3 – ESCALA DO TEMPO GEOLÓGICO

Os acontecimentos que marcaram a humanidade são narrados pelo


tempo histórico e os acontecimentos que marcaram o planeta Terra são narrados
pelo tempo geológico. A escala do tempo geológico divide o intervalo de tempo
desde a formação do planeta até os dias atuais. Atualmente, utilizamos
diferentes técnicas para estabelecer limites dos períodos geológicos,
principalmente datações radiométricas; entretanto, a divisão do tempo geológico
é campo de estudo há muito tempo, baseada principalmente na observação dos
fósseis. Nicolas Steno (1638-1686) foi o primeiro cientista que estabeleceu os
princípios usados pelas datações relativas, pela observação dos estratos
(camadas) das rochas. Hoje sabemos que os estratos podem ser modificados
por movimentações tectônicas, mas as observações de Steno formularam a
base da estratigrafia e consequentemente do entendimento do tempo geológico.

3.1 Idade das rochas

As rochas que compõem a crosta terrestre se formaram em diferentes


períodos do tempo geológico. Para conseguirmos concluir que a Terra tem
4,5 bilhões de anos e estabelecer a divisão da escala de tempo, foi fundamental

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a compreensão das idades das rochas. Essa idade é determinada pelas
datações relativas e absolutas.
As datações relativas são baseadas na ocorrência de fósseis nas
camadas (estratos). A ideia principal é comparar um fóssil ou camada com outro
fóssil ou camada, comparando suas características, mas sem necessariamente
determinar a idade daquela rocha, somente quem veio antes e quem veio depois.
As datações absolutas são baseadas no decaimento radioativos dos
elementos químicos tais como urânio, potássio, tório, rádio, radônio etc. Além
disso, em material orgânico pode ser utilizada a técnica conhecida como
carbono 14. Os elementos radioativos têm o núcleo instável e perdem prótons
com o passar do tempo. A comparação da quantidade de prótons de um átomo
novo com a quantidade de prótons de um átomo que está a muito tempo
cristalizado é que traz a informação da idade absoluta das rochas.

Figura 5 – Fóssil usado para estabelecer uma idade relativa (a); minério com
urânio usado para estabelecer a idade absoluta (b)

(a)
Créditos: ABRILLA/SHUTTERSTOCK

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(b)
Créditos: RHJPHTOTOANDILUSTRATION/SHUTTERSTOCK

3.2 Divisão do tempo geológico

A identificação das camadas e tipos diferentes de rocha na crosta terrestre


possibilita dividirmos a história da Terra, nomeando estes momentos importantes
e os colocando em uma escala do tempo geológico. Ela pode ser dividida em
unidades cronoestratigráficas éons, eras, períodos, épocas e idades.
Éon é um intervalo de tempo enorme e indeterminado, e dividimos o
tempo geológico em quatro éons: Hadeano, Arqueano, Proterozoico e
Fanerozoico. O Éon Hadeano é o tempo de formação do planeta, se inicia e, 4,5
bilhões de anos e vai até 3,85 bilhões de anos. O vulcanismo era muito ativo e
superfície da Terra estava quente e sem vida. É o único éon que não se subdivide
em eras.
O Éon Arqueano inicia em seguida do Hadeano e seu fim se dá a
2,5 bilhões de anos. A vida surgiu nesse período, mas os serem eram
procariontes – as mais primitivas formas de vida. A crosta continental começou
a ser formada nesse período e alguns cientistas acreditam que existiu o primeiro
continente da Terra – Vaalbara, mas as rochas deste período são muito difíceis
de serem encontradas, pois a crosta desde então já foi amplamente modificada
e renovada. O Arqueano pode ser dividido nas eras:

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• Eoaqueano: quando a Terra era bombardeada por muitos meteoritos.
• Paleoarqueano: quando surgiu o Vaalbara.
• Mesoarqueano: intervalo onde os estromatólitos dominaram a crosta
terrestre e o Vaalbara se partiu.
• Neoarqueano: havia água líquida, a tectônica de placas começa a se
estabelecer e as primeiras bacias sedimentares se formaram, assim como
as formações ferríferas e outras rochas de grande importância econômica
nos dias de hoje.

Figura 6 – Escala do tempo geológico

O Éon Proterozoico se inicia a 2,5 bilhões de anos e termina em


540 milhões de anos, sendo o mais longo intervalo da história geológica da
Terra. Divide-se em: Paleoproterozoico (2,5 a 1,6 b.a.), quando surgem os seres
eucariontes; Mesoproterozoico (1,6 a 1.0 b.a.), marcado pela formação do
continente Rodínia e a reprodução sexuada dos seres vivos; e o Neoproterozoico
(1,0 b.a. a 540 m.a.), que abrigou a biota eudiacarana – animais marinhos
multicelulares descobertos na Austrália e que viveram a 700 milhões de anos.
Por fim, atualmente estamos vivendo no Éon Fanerozoico, cujo nome
relaciona-se à vida visível, isto é, ao período em que a vida evoluiu e se espalhou

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completamente pelo planeta. Em função disso, é o intervalo melhor dividido,
principalmente pela facilidade em encontrar rochas e registros fósseis. Divide-se
nas três importantes eras: Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico.
A Era Paleozoica (540 a 251 m.a.) é marcada pelo desenvolvimento de
seres mais complexos, como peixes e plantas, porém sem mamíferos nem aves,
e também é a era da união das terras emersas formando o grande continente
Pangeia. O Período Cambriano foi de grande diversidade evolutiva, sendo
seguido pelo Ordoviciano ondem surgem os peixes de água doce. O Período
Siluriano é marcado pela evolução das plantas terrestre e no Devoniano
surgem os insetos e os anfíbios. A formação de jazidas de carvão se dá no
período Carbonífero, com o surgimento de grandes florestas. Ainda conta com
o período Permiano, em que os seres vivos sofreram a maior extinção em massa
do planeta, marcando o fim da era Paleozoica.
É na Era Mesozoica (250 a 65 m.a.) que acontece o desenvolvimento dos
dinossauros; era também marcada pela separação do continente Pangeia,
formado no final do Paleozoico. É dividido nos períodos Triássico, Jurássico e
Cretáceo. O Período Triássico (250 a 200 m.a.) apresenta sobre o Pangeia o
grande deserto que originou o Arenito Botucatu – atual reservatório de água
conhecido como Aquífero Guarani; este período também é marcado pelo
desenvolvimento dos répteis, principalmente os dinossauros. No Período
Jurássico (200 a 145 m.a.) inicia-se a divisão do Pangeia, originando os
continentes Laurásia e Gondwana, evento marcado por extenso vulcanismo e
que separou o Brasil da África.
O período Cretáceo (145 a 65 m.a.) é quando os continentes tomam
formas bastante parecidas com o atual e os dinossauros chegam ao seu auge e
também são extintos, provavelmente por causa do impacto gigantesco de um
meteorito de 10 km de diâmetro que caiu onde hoje situa-se a península de
Yucatán, no México. Com a extinção dos grandes répteis foi possível o
desenvolvimento dos mamíferos, inclusive com placenta, além de plantas com
flores.
Finalizando o Éon Fanerozoico, entramos na era Cenozoica, que é
também onde nos situamos hoje. Ela se inicia a 65 m.a. e é dividida nos períodos
Paleógeno (65 a 23 m.a.), o Neógeno (23 a 2,6 m.a.) além do Quaternário, que
se estende desde 2,5 m.a. até os dias de hoje. É neste período que os
continentes assumem a forma que conhecemos, tendo sido criados neste

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período as Cordilheiras dos Andes e dos Himalaias e o Oceano Atlântico como
conhecemos hoje.
No Quaternário, temos a época do Pleistoceno, marcada pela Era do
Gelo, uma grande glaciação do Hemisfério Norte, que também atingiu, menos
intensivamente, o Sul. Também temos a época atual, o Holoceno é conhecido
como um intervalo interglacial. O mais importante acontecimento do Quaternário
é o aparecimento dos hominídeos; há cerca de 450 mil anos existem
controvérsias sobre o aparecimento do homo sapiens, mas ele provavelmente
surgiu entre o Pleistoceno e o Holoceno. É no Holoceno que temos a expansão
da civilização humana.

TEMA 4 – DINÂMICA INTERNA DO PLANETA TERRA

Compreendemos que a Terra levou bilhões de anos para chegar ao seu


estado atual, e durante esse tempo sua composição interna foi se moldando,
conferindo mudanças também na superfície do globo. Como vimos, a crosta
pode ser dividida em placas tectônicas, que deslizam sobre a astenosfera, numa
interface entre crosta e manto. Mas para chegarmos a essas conclusões, além
de observações sísmicas, a observação do formato dos continentes foi
fundamental. A Teoria da Deriva Continental foi formulada por Alfred Wegener
em 1913, no tratado A Origem dos Continente e Oceanos.
Após observar o formato da costa da América do Sul e da África, ele
percebeu que elas eram muito semelhantes e que podiam se encaixar, assim
afirmou que antigamente os continentes estavam unidos em um grande
continente, chamado por ele de Pangeia. Porém, ele não sabia explicar o
mecanismo que era responsável pela movimentação de grandes massas
continentais. Após a Segunda Guerra Mundial, sonares submarinos mostraram
que o fundo marinho era cheio de estruturas, assim como a superfície terrestre.
E assim, a partir dessas observações em conjunto com dados paleontológicos,
litológicos e outras observações, foi sendo formulada uma nova teoria que
explica como os continentes se movimentam: a Teoria da Tectônica de Placas.

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Figura 7 – Placas tectônicas

Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.

Como vimos, a Terra pode ser dividida em litosfera e astenosfera, sendo


que a litosfera, rígida e fria, desliza sobre a astenosfera, que é quente e se
comporta como líquido no tempo geológico. A litosfera é dividida em placas
tectônicas, algumas grandes com a Sul-Americana e a Placa do Pacífico, e em
outras menores, como a Placa de Cocos ou a Placa das Filipinas, com porções
de crosta continental e/ou oceânica. O movimento dessas placas sobre a
astenosfera configura o posicionamento dos continentes, expande o fundo dos
oceanos e molda as grandes estruturas de relevo do globo terrestre como as
cordilheiras e bacias sedimentares.

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Figura 8 – Processo da tectônica de placas

Crédito: ELIAS DAHLKE.

O mecanismo que faz com que as placas deslizem é denominado corrente


de convecção e é provocado pelo calor que ascende do manto. Aparentemente,
o núcleo, muito quente, emite radiação térmica que movimenta o manto em
forma de células de convecção – semelhante ao movimento que acontece dentro
de uma panela com água fervente, onde a água quente sobre e a fria desce. Não
é consenso, mas o processo de subducção pode também alimentar a
movimentação das placas como se fosse empurrando uma placa para dentro da
astenosfera e “girando” o manto, contribuindo para as correntes de convecção.
Vale frisar que subducção é o nome que se dá ao processo de mergulho de uma
placa tectônica sob outra, num limite convergente entre placas.

4.1 Limites entre placas tectônicas

Os movimentos entre placas são classificados em divergentes ou


construtivas, convergentes ou destrutivas, e transformantes ou
conservativas. A velocidade de deslocamento das placas é variável, mas tem
média de 3 a 4 cm por ano, sendo que placas com crosta oceânica têm
velocidades maiores que placas de crosta continental.
Os limites divergentes são também chamados de construtivos, porque
eles constroem novos pedaços de crosta, normalmente oceânica. O exemplo
mais clássico de um limite divergente de placas tectônicas é entre a Placa Sul-
americana e a Placa Africana, e que se situa no meio do Oceano Atlântico e é

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representado pela Cadeia Meso-Oceância – a maior cadeia de montanhas do
globo, mas que não vemos porque está submersa. Nesse exemplo, também fica
fácil compreender porque um limite divergente é construtivo. As partes
continentais dessas placas estão se afastando divergindo de direção, e está
sendo expandido o assoalho oceânico, criando crosta oceânica.

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Figura 9 – Limite divergente entre placas tectônicas

Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.

Os limites convergentes ou destrutivos são o posto dos divergentes, isto


é, as placas estão colidindo. A placa mais densa e fria mergulha sobre outra
placa, gerando fossas submarinas, cordilheiras e províncias vulcânicas. Essa
colisão de placas destrói uma das placas pelo processo de subducção, criando
as fossas submarinas.

Figura 10 – Limite convergente entre placas tectônicas

Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.

Um limite convergente com subducção mais clássico é o encontro da


Placa Sul-Americana com a Placa do Pacífico, onde existe a Cordilheira dos
Andes. Neste limite, a placa do Pacífico, oceânica, mais densa e fria, subducta
na Placa Sul-Americana em sua porção continental, e com esse processo é

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criada a Cordilheira dos Andes. A Cordilheira dos Himalaias também é formada
por esses processos, mas neste caso são duas placas continentais que colidem,
criando dobramentos de rocha continentais, mas sem a formação de fossa
submarina.
Os limites transformantes ou conservativos não produzem nem destroem
placas tectônicas, mas conserva-as, pois elas deslizam lateralmente uma com
as outra. Estes limites criam grandes falhas transformantes, como a clássica
Falha de San Andreas, entre a Placa do Pacífico e a Placa Norte-Americana,
deixando as cidades de Los Angeles e São Francisco em permanente risco de
terremotos.

Figura 11 – Limite transformante entre placas tectônicas

Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.

TEMA 5 – PROCESSOS ENDÓGENOS

Agora que já entendemos os principais movimentos das placas tectônicas


e compreendemos essa dinâmica, podemos entender os produtos gerados pela
tectônica de placas.
Terremotos são notícias comuns nos telejornais e eles são produtos da
acomodação das placas tectônicas. Quando há aumento de tensão nos limites
das placas, há acumulação de força que é liberada na forma de tremor ou sismo.
Os terremotos, portanto, estão diretamente relacionados aos limites
convergentes de placas tectônicas e à liberação dessa tensão de uma placa
empurrando a outra pode se dar na superfície da crosta ou em camadas mais
profundas, sendo que quanto mais próximo à superfície mais destrutivo o
terremoto será. Um terremoto pode ser avaliado por sua intensidade, medido

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pela Escala de Mercalli, uma maneira de descrever os efeitos do tremor no
ambiente. Podemos também avaliar um terremoto por sua força, por meio da
escala de Richter, logarítmica e baseada na amplitude das ondas registradas por
um sismógrafo.

Figura 12 – Locais preferenciais de terremotos no mundo

Créditos: BOGADEVA1983/SHUTTERSTOCK.

Os tsunamis são terremotos em placas oceânicas, que ao se


movimentarem fazem com que o mar se acomode, podendo ocasionar grandes
ondas que chegam até as costas. Em limites de placas também há formação de
vulcões. Eles representam a reciclagem das rochas que foram para as fossas no
processo de subducção, e são responsáveis pelo acréscimo de crosta no
oceano. Veremos mais alguns detalhes de vulcões quando estudarmos as
rochas ígneas, produtos do vulcanismo.
E, como já comentado, os limites convergentes das placas tectônicas
produzem orogênese, que é a formação de cadeias de montanhas, ou
cordilheiras. Essas montanhas são formadas pelo dobramento da crosta
continental juntamente do denominado prisma de acreção, que é produto do
derretimento de uma placa que está em subducção sobre a placa que está

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sobreposta (Figura 8), onde são formados vulcões. Os processos endógenos da
Terra são complexos e vale a pena conhecer mais profundamente sobre
vulcanismo e a formação de cordilheiras.

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NA PRÁTICA

Conhecendo o planeta Terra melhor, você poderá desenvolver atividades


com o globo terrestre, identificando onde estão as placas tectônicas. Você
também pode usar bolas de isopor para montar a Terra e suas camadas internas.
Agora que você conheceu melhor o planeta Terra, procure aprofundar-se
nos assuntos. Escolha algum tema desta aula e faça uma pesquisa. Você verá
que ainda existe muito a descobrir sobre o nosso planeta.

FINALIZANDO

Do Big Bang até os dias atuais, vimos como nosso planeta se formou.
Todo o calor da explosão inicial, dos fragmentos de matéria chocando-se e
tornando-se rochas até a formação da Terra, ainda é presente em nosso planeta.
Prova disso são células de convecção que conseguem impulsionar a crosta,
fazendo com que os continentes se movimentem. Essa movimentação dá origem
a terremotos, vulcões e cadeias de montanhas. Além disso, aprendemos que o
planeta Terra é dinâmico.

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REFERÊNCIAS

TEIXEIRA, W.; FAIRCHILD, T. R.; TOLEDO, M. C. M. de; TAIOLI, F. 2009.


Decifrando a Terra. 1. ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 623 p.

CPRM. SGB Educa. Serviço Geológico do Brasil. Disponível em:


<http://sgbeduca.cprm.gov.br/>. Acesso em: 26 ago. 2021.

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