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AULA 1
Profª Maria Carolina Stellfeld
CONVERSA INICIAL
Nossa trajetória na geologia começará pelo Big Bang, que foi a explosão
que deu início ao universo e, consequentemente, ao sistema solar e à Terra,
nosso planeta. Aliado a isso, conheceremos melhor alguns fenômenos e
elementos do universo, além das camadas internas do planeta Terra e seus
limites físicos e químicos. Passaremos pelo tempo geológico, suas
características e divisões e conheceremos as técnicas para determinar a idade
das rochas. Vamos ainda falar sobre as forças internas do planeta que são
responsáveis pela dinâmica que movimenta as placas tectônicas.
Conheceremos de perto os tipos de placa tectônica e como elas se relacionam,
além de saber como surgem terremotos, vulcões e as cordilheiras.
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Figura 1 – Modelo de evolução do Universo
Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.
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No início da formação do universo foram criados os primeiros elementos
químicos primordiais, como o hidrogênio e outros elementos de pequena massa.
Por conta da força gravitacional esses elementos químicos foram-se aglutinando
e formando as estrelas, depois de 300 milhões de anos do início do Universo. O
aumento da massa das estrelas atraiu outras partículas que começaram a orbitar
em torno destas estrelas primordiais, os planetas, quando o universo tinha
aproximadamente 1 bilhão de anos. Nesse período começaram a se formar as
primeiras galáxias, incluindo a nossa, a Via Láctea. Desde o Big Bang o universo
continua se expandindo e partículas continuam vagando pelo espaço-tempo.
Existem inúmeras galáxias, com inúmeros sistemas estelares dentro desses
aglomerados estelares.
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Figura 2 – Sistema solar
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Figura 3 – Chuva de meteoros, asteroides atraídos pela gravidade terrestre,
tonando-se meteoritos
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Figura 4 – Composição interna da Terra
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O manto terrestre também se divide em dois: manto superior e manto
inferior. A composição química é semelhante, composto principalmente por
minerais silicáticos ricos em ferro e magnésio, mas apresentam diferença na
densidade, provocada pela diferença de composição química de outros minerais
que o formam.
A camada mais interna do globo terrestre é o núcleo. Acredita-se que a
sua composição química é basicamente ferro e níquel, principalmente em função
da densidade elevada destes elementos. Não é possível identificar a composição
e as características do núcleo, porque não temos como acessá-lo. No entanto,
pela Geofísica podemos acreditar que o núcleo também pode ser dividido em
núcleo interno e núcleo externo.
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rocha vibrar paralelamente à direção de propagação da onda, como um
elástico. Quando atingem a superfície se propagam em forma de onda
sonora, mostrando que essas ondas sempre se propagam, independente
do material que atravessam.
• Ondas S: chamadas também de secundárias, têm velocidade ligeiramente
menor que as ondas P. São transversais, fazendo com que com a rocha
movimente-se de modo perpendicular a direção de propagação desta
onda. A característica mais importante da onda S é que ela não se
propaga em meio líquido, nem gasoso. Assim, pelas características do
comportamento das ondas sísmicas P e S pode-se determinar uma
divisão em camadas internas, conforme suas características físicas.
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A astenosfera é uma camada estreita, mas de grande importância para
a dinâmica terrestre. Ela é levemente fluida, principalmente em função do alívio
de pressão, e essa característica confere a ela a responsabilidade pelo equilíbrio
isostático – a capacidade das placas tectônicas afundarem ou subirem, e
também se deslocar sobre essa camada. Separa-se da crosta por meio da
descontinuidade de Mohorovicic, em que as ondas P e S refratam e têm suas
velocidades aumentadas. A litosfera é a camada rochosa da Terra, que
corresponde à crosta continental e oceânica. É separada por blocos, que são as
placas tectônicas, que “flutuam” sobre a astenosfera; é bem mais espessa nas
áreas continentais do que nas áreas oceânicas.
É importante perceber que as camadas da Terra, mesmo sendo
subdivididas pela Geofísica e pela Geoquímica, são bastante semelhantes em
espessuras e comportamento. Assim, as características físicas e químicas dos
materiais que a compõem são complementares.
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a compreensão das idades das rochas. Essa idade é determinada pelas
datações relativas e absolutas.
As datações relativas são baseadas na ocorrência de fósseis nas
camadas (estratos). A ideia principal é comparar um fóssil ou camada com outro
fóssil ou camada, comparando suas características, mas sem necessariamente
determinar a idade daquela rocha, somente quem veio antes e quem veio depois.
As datações absolutas são baseadas no decaimento radioativos dos
elementos químicos tais como urânio, potássio, tório, rádio, radônio etc. Além
disso, em material orgânico pode ser utilizada a técnica conhecida como
carbono 14. Os elementos radioativos têm o núcleo instável e perdem prótons
com o passar do tempo. A comparação da quantidade de prótons de um átomo
novo com a quantidade de prótons de um átomo que está a muito tempo
cristalizado é que traz a informação da idade absoluta das rochas.
Figura 5 – Fóssil usado para estabelecer uma idade relativa (a); minério com
urânio usado para estabelecer a idade absoluta (b)
(a)
Créditos: ABRILLA/SHUTTERSTOCK
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(b)
Créditos: RHJPHTOTOANDILUSTRATION/SHUTTERSTOCK
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• Eoaqueano: quando a Terra era bombardeada por muitos meteoritos.
• Paleoarqueano: quando surgiu o Vaalbara.
• Mesoarqueano: intervalo onde os estromatólitos dominaram a crosta
terrestre e o Vaalbara se partiu.
• Neoarqueano: havia água líquida, a tectônica de placas começa a se
estabelecer e as primeiras bacias sedimentares se formaram, assim como
as formações ferríferas e outras rochas de grande importância econômica
nos dias de hoje.
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completamente pelo planeta. Em função disso, é o intervalo melhor dividido,
principalmente pela facilidade em encontrar rochas e registros fósseis. Divide-se
nas três importantes eras: Paleozoico, Mesozoico e Cenozoico.
A Era Paleozoica (540 a 251 m.a.) é marcada pelo desenvolvimento de
seres mais complexos, como peixes e plantas, porém sem mamíferos nem aves,
e também é a era da união das terras emersas formando o grande continente
Pangeia. O Período Cambriano foi de grande diversidade evolutiva, sendo
seguido pelo Ordoviciano ondem surgem os peixes de água doce. O Período
Siluriano é marcado pela evolução das plantas terrestre e no Devoniano
surgem os insetos e os anfíbios. A formação de jazidas de carvão se dá no
período Carbonífero, com o surgimento de grandes florestas. Ainda conta com
o período Permiano, em que os seres vivos sofreram a maior extinção em massa
do planeta, marcando o fim da era Paleozoica.
É na Era Mesozoica (250 a 65 m.a.) que acontece o desenvolvimento dos
dinossauros; era também marcada pela separação do continente Pangeia,
formado no final do Paleozoico. É dividido nos períodos Triássico, Jurássico e
Cretáceo. O Período Triássico (250 a 200 m.a.) apresenta sobre o Pangeia o
grande deserto que originou o Arenito Botucatu – atual reservatório de água
conhecido como Aquífero Guarani; este período também é marcado pelo
desenvolvimento dos répteis, principalmente os dinossauros. No Período
Jurássico (200 a 145 m.a.) inicia-se a divisão do Pangeia, originando os
continentes Laurásia e Gondwana, evento marcado por extenso vulcanismo e
que separou o Brasil da África.
O período Cretáceo (145 a 65 m.a.) é quando os continentes tomam
formas bastante parecidas com o atual e os dinossauros chegam ao seu auge e
também são extintos, provavelmente por causa do impacto gigantesco de um
meteorito de 10 km de diâmetro que caiu onde hoje situa-se a península de
Yucatán, no México. Com a extinção dos grandes répteis foi possível o
desenvolvimento dos mamíferos, inclusive com placenta, além de plantas com
flores.
Finalizando o Éon Fanerozoico, entramos na era Cenozoica, que é
também onde nos situamos hoje. Ela se inicia a 65 m.a. e é dividida nos períodos
Paleógeno (65 a 23 m.a.), o Neógeno (23 a 2,6 m.a.) além do Quaternário, que
se estende desde 2,5 m.a. até os dias de hoje. É neste período que os
continentes assumem a forma que conhecemos, tendo sido criados neste
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período as Cordilheiras dos Andes e dos Himalaias e o Oceano Atlântico como
conhecemos hoje.
No Quaternário, temos a época do Pleistoceno, marcada pela Era do
Gelo, uma grande glaciação do Hemisfério Norte, que também atingiu, menos
intensivamente, o Sul. Também temos a época atual, o Holoceno é conhecido
como um intervalo interglacial. O mais importante acontecimento do Quaternário
é o aparecimento dos hominídeos; há cerca de 450 mil anos existem
controvérsias sobre o aparecimento do homo sapiens, mas ele provavelmente
surgiu entre o Pleistoceno e o Holoceno. É no Holoceno que temos a expansão
da civilização humana.
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Figura 7 – Placas tectônicas
Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.
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Figura 8 – Processo da tectônica de placas
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representado pela Cadeia Meso-Oceância – a maior cadeia de montanhas do
globo, mas que não vemos porque está submersa. Nesse exemplo, também fica
fácil compreender porque um limite divergente é construtivo. As partes
continentais dessas placas estão se afastando divergindo de direção, e está
sendo expandido o assoalho oceânico, criando crosta oceânica.
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Figura 9 – Limite divergente entre placas tectônicas
Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.
Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.
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criada a Cordilheira dos Andes. A Cordilheira dos Himalaias também é formada
por esses processos, mas neste caso são duas placas continentais que colidem,
criando dobramentos de rocha continentais, mas sem a formação de fossa
submarina.
Os limites transformantes ou conservativos não produzem nem destroem
placas tectônicas, mas conserva-as, pois elas deslizam lateralmente uma com
as outra. Estes limites criam grandes falhas transformantes, como a clássica
Falha de San Andreas, entre a Placa do Pacífico e a Placa Norte-Americana,
deixando as cidades de Los Angeles e São Francisco em permanente risco de
terremotos.
Créditos: DESIGNUA/SHUTTERSTOCK.
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pela Escala de Mercalli, uma maneira de descrever os efeitos do tremor no
ambiente. Podemos também avaliar um terremoto por sua força, por meio da
escala de Richter, logarítmica e baseada na amplitude das ondas registradas por
um sismógrafo.
Créditos: BOGADEVA1983/SHUTTERSTOCK.
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sobreposta (Figura 8), onde são formados vulcões. Os processos endógenos da
Terra são complexos e vale a pena conhecer mais profundamente sobre
vulcanismo e a formação de cordilheiras.
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NA PRÁTICA
FINALIZANDO
Do Big Bang até os dias atuais, vimos como nosso planeta se formou.
Todo o calor da explosão inicial, dos fragmentos de matéria chocando-se e
tornando-se rochas até a formação da Terra, ainda é presente em nosso planeta.
Prova disso são células de convecção que conseguem impulsionar a crosta,
fazendo com que os continentes se movimentem. Essa movimentação dá origem
a terremotos, vulcões e cadeias de montanhas. Além disso, aprendemos que o
planeta Terra é dinâmico.
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REFERÊNCIAS
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