Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
10º Ano
Ficha Informativa
Além disso verifica-se que a discrepância entre o tempo previsto e o tempo real de
chegada das ondas aumenta progressivamente com a distância ao epicentro. Como quanto
mais distante se encontra a estação sismográfica mais profundamente mergulham as ondas
que a ela chegam, pode concluir-se que a velocidade das ondas sísmicas aumenta com a
profundidade.
A velocidade das ondas sísmicas aumenta com a rigidez dos materiais e diminui
proporcionalmente com a sua densidade.
Os cientistas também sabem que a densidade dos materiais terrestres aumenta com a
profundidade, havendo zonas, por exemplo, da passagem do manto para o núcleo externo
em que se verifica um aumento brusco da densidade.
A constatação que existe uma diferença entre a velocidade de propagação das ondas P
nos oceanos e nos continentes permite considerar que a crosta está subdividida em dois
tipos – crusta continental e crusta oceânica. Esta variação da velocidade ao longo da crosta
deve-se à variação da sua composição química – a crosta continental é constituída
essencialmente por rochas graníticas, enquanto que a crosta oceânica é constituída por
rochas basálticas.
De acordo com Gutenberg, existem uma zona da superfície da Terra em que não são
registadas ondas P e S directas, ou seja, ondas que atingem a superfície sem
experimentarem desvios significativos na trajectória. Essa zona em geral situa-se entre os
103º e os 143º a partir do epicentro de um sismo e designa-se por zona de sombra sísmica.
Nas regiões que se localizam para alem dos 143º já são registadas ondas P, mas não ondas S,
ou seja, as ondas S não se propagam a partir de 103º ângulo epicentral.
Pode verificar-se pela figura que a velocidade das ondas P e S aumenta ate à
profundidade de 100 km. Aí verifica-se um abaixamento da velocidade que depois volta
novamente a aumentar. A 2 900 km de profundidade a velocidade das ondas P tem uma
diminuição abrupta e as ondas S deixam de se propagar a partir dessa profundidade.
À profundidade de cerce de 2 900 km localiza-se uma superfície de descontinuidade
denominada por descontinuidade de Gutenberg que separa o manto do núcleo terrestre.
Tendo em conta as expressões que traduzem a velocidade das ondas P e S podemos
constatar que a zona de sombra está directamente relacionada com as propriedades
elásticas dos materiais que estas atravessam, nomeadamente a densidade, a
incompressibilidade e a rigidez.
Através do manto o aumento progressivo mais rápido da rigidez do que da densidade
explica o aumento de velocidade das ondas. A constituição do núcleo deve ser muito
diferente da do manto, dado o diferente comportamento das ondas sísmicas. Diversos dados
geofísicos sugerem que o núcleo seja constituído por material extremamente denso,
predominantemente formado por ferro associado a algum níquel e pequenas quantidades
de outras substâncias. Como as ondas S deixam de se propagar a partir dessa profundidade,
pode admitir-se que esse material esteja fundido ou que se comporta como um liquido. Esta
hipótese também explica a queda de velocidade das ondas P, que passaria a propagar-se
num material muito denso e pouco rígido.
As ondas percorrem trajectórias tangenciais ao núcleo emergem em locais da
superfície cuja distância epicentral corresponde a um ângulo de 103º. As ondas que seguem
percursos mais internos na direcção do núcleo têm comportamento diferente na superfície
de separação, conforme são ondas P ou ondas S. As ondas S não se propagam a partir da
descontinuidade de Gutenberg e, por isso, todos os locais que se encontram a distancia
superiores a ângulos de 103º do epicentro não recebem ondas S directas nem refractadas no
núcleo.
É uma zona de sombra em relação às ondas S. As ondas P refractam-se a partir do
núcleo e a sua velocidade baixa não só devido ao aumento da densidade, como também
devido à diminuição da rigidez. Nessa refracção são desviadas da sua trajectória e vão
emergir apenas em locais cuja distância epicentral corresponde a ângulos superiores a 143º.
Os desvios verificados pelas ondas P são tais que no anel da superfície compreendido entre
103º e 143º há “silêncio sísmico”, não emergindo ondas P nem ondas S directas.
Os dados da sismologia permitem inferir que o núcleo externo deve apresentar uma
constituição muito distinta da do manto e propriedades também diferentes, o que se traduz
por uma alteração no comportamento das ondas sísmicas nesta zona do Globo. Uma vez que
não existe propagação das ondas S podemos admitir que a zona externa do núcleo externo
se encontra no estado líquido. Esta hipótese também explica a diminuição da velocidade das
ondas P, que passariam a propagar-se num meio mais denso, essencialmente constituído por
ferro e níquel e num meio cuja rigidez é nula.
O gráfico da velocidade das ondas internas permite verificar que, no interior do manto,
a uma profundidade, sensivelmente, de 660 km, a velocidade de propagação das ondas P e S
sofre um ligeiro aumento, sugerindo um aumento de rigidez, facto que justifica a sua divisão
em manto superior e inferior. Contrariamente, verifica-se que, sensivelmente, entre os 220
km e os 410 km de profundidade, ao nível, portanto, do manto superior, a velocidade de
propagação destas ondas diminui, sugerindo que o material rochoso se encontra num
estado próximo da fusão e pontualmente, em fusão parcial.
A zona de baixa velocidade não está nitidamente definida, uma vez que não existem
superfícies de descontinuidade evidentes a limitá-la e não se observa em todos os locais,
sendo mais definida por debaixo dos oceanos do que a nível dos continentes.
Não há evidências de que a composição da zona de baixa velocidade seja diferente da
do restante manto.
Como existe uma diminuição da velocidade das ondas pode admitir-se que, embora a
composição seja idêntica, o material deve ser menos rígido, menos elástico e mais plástico
que nas regiões acima e abaixo dela.
A diminuição da velocidade nesta zona do manto superior é explicada porque, a essa
profundidade, considerando as condições de pressão, a temperatura aproxima-se do ponto
de fusão de alguns minerais das rochas do manto, podendo ocorrer fusão parcial dos
constituintes dos peridotitos, rochas existentes nessa zona. Esta pequena porção de material
fundido, em algumas zonas do manto pode formar finíssimas películas em torno dos cristais
sólidos, o que poderia funcionar como um lubrificante e fazendo diminuir a rigidez da rocha
mantélica e, consequentemente, a velocidade das ondas sísmicas que se propagam nesta
zona. A quantidade de material fundido deve ser muito pequena, uma vez que as ondas S se
propagam através desta zona do manto.
Assim, a rocha deve manter-se sólida na quase totalidade, mas a existência de
pequeníssimas quantidades de material fundido torna a rocha menos rígida, determinando a
diminuição da velocidade das ondas sísmicas.
O facto de a fusão parcial ser compatível com um modelo capaz de suportar o
deslizamento das placas litosféricas levou os geólogos a identificar a zona de baixa
velocidade como sendo a zona inicial de uma camada mais extensa, denominada
astenosfera, menos rígida que a litosfera.
A partir de 350 km de profundidade a velocidade continua aumentar ligeiramente, o
que sugere que o meio se torna mais rígido.
Os produtos que são expelidos do interior da Terra através da actividade vulcânica são
importantes registos da composição físico-química e mineralógica dos materiais que
constituem a Terra.
O estudo dos materiais vulcânicos expelidos do interior da geosfera contribuiu para o
estudo da composição litológica do manto, que se admite ser de base essencialmente
peridotitica.
Contributos da planetologia
Assim, por analogia, com as diferentes camadas que constituem o planeta Terra:
- Os meteoritos pétreos constituídos por minerais ricos em sílica e por uma
percentagem mínima de ferro e de níquel corresponderiam a fragmentos das zonas mais
externas da Terra, a crusta;
- Os meteoritos petroferreos constituídos por porções idênticas de minerais silicatados
e ferro-niquel, corresponderiam ao manto
- Os meteoritos férreos, constituídos por ferro e níquel corresponderiam ao núcleo.