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Sismo premonitório/terramoto -> Sismos de maior magnitude que sofrem grandes

forças e muita pressão.

Terramoto -> Consequência da formação de falhas que podem permanecer ativas


(podem gerar novos sismos) caso a tensão tectónica continue a atuar.

O ambiente geodinâmico gerador de sismos tectónicos localiza-se na litosfera, onde


as rochas apresentam comportamento frágil e estão sujeitas a estados de tensão,
nomeadamente nas zonas de limites de placas litosféricas. Por vezes, a libertação
de energia sísmica é tal que faz vibrar todo o planeta Terra (terramoto) sendo
precedido e sucedido por sismos menores (abalos premonitórios/réplicas).

Superfície de fratura (falha) -> Uma falha que ao longo da qual ocorreu um
movimento relativo entre os dois blocos que se separa.

Em Portugal consideram-se ativas as falhas com evidências de movimentação nos


últimos 3 Ma, sensivelmente. Para além dos sismos tectónicos associados a falhas
ativas, podem ainda considerar-se sismos de origem vulcânica e os sismos
secundários. São os sismos tectónicos que marcam de forma inesquecível a Terra e
o ser humano.

Sismos de origem vulcânica -> Vibrações da litosfera associadas à movimentação do


magma, circunscrevendo-se às regiões vulcânicas.

Sismos secundários -> Resultam de acontecimentos geológicos locais (Exemplo:


abatimento natural de grutas, deslizamento de terrenos).
Parâmetros de caracterização sísmica

Hipocentro/foco -> Local da litosfera onde ocorre a libertação de energia sísmica


para originar um sismo, em profundidade.

Epicentro -> Local à superfície da Terra, situado na vertical do foco.

Profundidade/distância focal -> Distância entre o hipocentro e o epicentro.

Distância epicentral -> Distância entre o epicentro e o aparelho sísmico.

De acordo com a sua profundidade focal, os sismos podem ser classificados em:

 Sismos superficiais -> Com profundidade focal inferior a 50 km,


correspondendo a cerca de 85% da energia sísmica libertada anualmente, são
mais próximos da fossa;
 Sismos intermédios -> Com profundidade focal entre 50 km e 300 km, sendo
responsáveis por cerca de 12% da energia sísmica global anual;
 Sismos profundos -> Com hipocentros localizados a profundidades superiores
a 300 km, responsáveis pela libertação anual de cerca de 3% da energia
sísmica global, ocorrendo em zonas de subducção (extensão da placa
litosférica), quando têm como sua profundidade focal 700 km a placa já se
encontra destruída logo, são mais distantes da fossa.
Propagação da energia sísmica

A energia sísmica dispersa-se a partir do hipocentro em todas as direções


obrigando as partículas que constituem as rochas a vibrarem (vibrações que se
propagam sucessivamente às partículas adjacentes), originando ondas sísmicas que
fazem tremer a geosfera. Estas ondas de choque atingem a superfície terrestre
com máxima energia no epicentro.

A energia sísmica libertada no foco propaga-se através da geosfera sob a forma de


ondas elásticas. Em meios de composição homogénea (não é o caso da Terra) a
energia sísmica expande-se tridimensionalmente sob a forma de esfera com o
centro no foco.

Frente de onda -> Superfícies esféricas definidas pelo conjunto de pontos na


mesma fase do movimento ondulatório.

Raio sísmico -> Direção de propagação da onda sísmica perpendicular à frente de


onda.

Na Terra, devido à sua composição heterogénea, o trajeto das ondas sísmicas é


curvilíneo.
 Ondas Primárias (P) -> Movimento longitudinal das partículas ocorrem no
plano horizontal (movimento compressivo (para a frente e para trás)),
chegam mais rapidamente aos sismógrafos, têm como origem em
profundidade, propagam-se na água;
 Ondas Secundárias (S) -> Movimento transversal das partículas que pode
ocorrer no plano horizontal e no plano vertical, sempre perpendicularmente à
direção da propagação da onda, ou do raio sísmico (movimento do tapete a
ser sacudido (para cima e para baixo)), chegam mais “tarde” aos sismógrafos,
têm como origem em profundidade, não se propagam na água;
 Ondas Love (L) -> São formadas pela interferência construtiva de múltiplas
reflexões na superfície livre das ondas S, são paralelas à superfície mas,
perpendiculares à direção da propagação sendo horizontais aos sismógrafos,
a sua velocidade de propagação depende da sua frequência sendo maior para
frequências baixas (mais longas, mais periogosas, movimento do tapete na
vertical ao contrário (para baixo e para cima)), são ondas de grande
amplitude;
 Ondas de Rayleigh (R) -> Resultado da interação na superfície da incidência
das ondas P e ondas S, se propagam de forma paralela à superfície.
Percorrem a superfície com um movimento de partículas circular, ou seja, as
partículas do material se movem descrevendo um elipse na direção oposta à
direção de propagação da energia sísmica, esse movimento muda para
progredir com a profundidade que passa por um nó no qual não há movimento
de nenhuma partícula, o eixo vertical da elipse é sempre o de maior amplitude
(movimento compressivo, associado à zona de rebentação de ondas), são
ondas de grande amplitude.

As ondas P e S propagam-se em zonas sólidas, do hipocentro para o epicentro


(profundidade).

As ondas L e R propagam-se em zonas sólidas e à superfície.


Se a composição do interior da geosfera fosse homogénea (que a sua composição é
uniforme, ou seja, que os componentes se misturam facilmente), a energia sísmica
propagar-se-ia com a mesma velocidade em todas as direções. Não sendo esse o
caso, na geosfera a velocidade de propagação das ondas sísmicas P e S depende das
propriedades físicas dos materiais que atravessam, nomeadamente, da sua rigidez,
densidade e incompressibilidade.

Velocidade de propagação da onda P:


4
𝑘+ 𝑟
3
𝑉 𝑝=
𝑑

Velocidade de propagação da onda S:

𝑉 𝑠=
√ 𝑟
𝑑

Rigidez (r) -> A propriedade que confere à matéria uma forma definida; assim
sendo, a rigidez dos líquidos é nula.
𝑚
Densidade (d) -> Concentração da matéria (m) num dado volume (v), sendo 𝑑= .
𝑣
Módulo de incompressibilidade (k) -> Avalia a resistência de um corpo sólido à
variação de volume em função de pressão.

A análise de equações de cálculo da velocidade de propagação das ondas sísmicas


evidencia que a rigidez condiciona a velocidade de propagação das ondas sísmicas
internas na razão direta (quanto maior for a rigidez maior é a velocidade) e a
densidade na razão inversa (quanto maior for a densidade, menor é a velocidade de
propagação das ondas). No caso das ondas P a sua velocidade depende na razão
direta da incompressibilidade do meio em que se propagam.

A rigidez dos meios líquidos é nula; substituindo r por 0, obtemos:


4
𝑘+ × 0
𝑉 𝑝=
3
𝑑
=
𝑘+ 0
𝑑 √
=
𝑘
𝑑 √
𝑉 𝑠=
√ 0
𝑑
=0 km/s

A incompressibilidade dos sólidos é superior à dos líquidos.

Efeitos secundários da atividade sísmica

Na sequência de sismos podem ocorrer outros fenômenos naturais igualmente


impactantes, como tsunamis e a liquefação de solos.

Tsunami/maremoto/raz de maré -> O epicentro de um sismo se localiza no fundo


oceânico/crusta oceânica ou muito próximo do mesmo, pode ocorrer a formação de
ondas gigantes algumas das quais são capazes de percorrer um oceano e rebentar
na zona costeira como enormes ondas de maré, tendo sido já registadas com alturas
entre os 30 e 40 metros. O deslocamento do fundo oceânico gera a formação
destas ondas que vão dissipar a energia recebida.
Os tsunamis são gerados por sismos de foco pouco profundo geralmente inferior a
30 km de profundidade, cujo epicentro se localiza na proximidade de limites
tectónicos e com magnitude superior a 7 (escala de Richter). A velocidade de
deslocação destas ondas é diretamente proporcional à profundidade do oceano. A
sua velocidade diminui com a aproximação da costa dado à diminuição da
profundidade agir como um travão da velocidade da onda, ao contrário da crista da
onda não experimenta diretamente esta redução de velocidade, o que leva à
tendência de elevar-se progressivamente.

Profundidade do oceano Velocidade da onda Comprimento de onda


(km) oceânica (km/h) (km)
4000 713 213
50 79 23
0 36 11
Liquefação -> O epicentro de um sismo se localiza em áreas constituídas por
sedimentos saturados em água e com fraca capacidade de drenagem.

Solo estável -> Sedimentos fracamente compactados com os poros preenchidos por
água.

Solo liquefeito -> A vibração aumenta o espaço entre os sedimentos e o solo perde a
sua resistência mecânica fluindo como um líquido.

Deteção e registo de sismos

Neste registo é importante o momento de chegada das ondas P e S.

Sismógrafos -> Aparelhos de precisão que registram em sismogramas a vibração


induzida pelas ondas sísmicas. Consiste numa massa suspensa que funciona como
pêndulo que oscila quando é atingida por ondas sísmicas.

Numa estação sismográfica existem cerca de três sismógrafos, um para registo


dos movimentos verticais e dois para registo dos movimentos horizontais (um
orientado na direção norte-sul e outro na direção este oeste).
Sismograma -> Regista os tempos de chegada e a amplitude dos vários tipos de
ondas sísmicas (neste registo é importante o momento de chegada das ondas P e S).
Na ausência de quaisquer vibrações, um sismograma é constituído por retas
paralelas, porém, quase nunca são obtidas pelo facto da geosfera ser
permanentemente perturbada por microssismos (vibrações de pequena amplitude
que podem ser consequência da atividade humana ou de fenômenos naturais). [S e P]
é o intervalo de tempo que se separa o registo das ondas P e S.

As primeiras ondas a serem registadas são as de maior velocidade, as ondas P que


depois seguem-se as ondas S e por último as ondas L e R. A amplitude das ondas
registada num sismograma é proporcional à magnitude do sismo que é uma medida
que se correlaciona com a energia libertada no foco. Quando a estação sismográfica
está muito próxima do epicentro, os três tipos de ondas chegam ao mesmo tempo,
não sendo possível distingui-las de forma clara no sismograma. O registo de um
sismo em três estações sismográficas permite determinar o local de origem do
sismo e localizar o seu epicentro.
A vibração da geosfera gerada por um sismo de origem tectónica ode ser registada
em todas as estações sismográficas do planeta, verificando-se um aumento do
intervalo S-P à medida que aumenta a distância do epicentro à estação
sismográfica.

Quando não dá um ponto podemos concluir que o sismo teve um hipocentro em


profundidade.

Intensidade e magnitude de um sismo

Um sismo pode ser avaliado em uma escala de intensidade sísmica e uma escala de
magnitude sísmica.

Intensidade -> Avalia um sismo em função do grau de perceção que a população teve
dele e do seu grau de destruição, sendo determinada pelo preenchimento de um
questionário padrão distribuído pelas entidades oficiais. Depende do local pois a
perceção é diferente de local para local e também da altitude, se a pessoa está num
ponto alto sentirá mais forte do que uma pessoa que está num ponto mais baixo. É
feita a média dessa intensidade através desse questionário. Usa-se a Escala
Internacional ou de Mercalli Modificada com doze graus para definir a intensidade.
Com novos métodos de construção existem técnicas com materiais que contêm
sismoresistência aos edifícios e diferentes graus de vulnerabilidade aos sismos,
levaram a que fosse revista a Escala de Mercalli Modificada em 1998, assim
estabelecida a Escala Macrossísmica Europoeia. Em algumas zonas sísmicas sabe-se
mais ou menos onde está localizado o epicentro, porém, geralmente tem de se
calcular onde o mesmo se localiza.

A intensidade depende:

 Da profundidade do foco e da distância ao epicentro, na medida em que a


capacidade vibratória das ondas sísmicas diminui à medida que elas se
afastam do seu ponto de origem, diminuindo também a intensidade sísmica;
 Da natureza do subsolo, da resposta das rochas que o constituem à passagem
das ondas sísmicas, os sedimentos finos não consolidados tendem a
amplificar e a prolongar a vibração sísmica;
 Da quantidade de energia libertada no foco, sendo um sismo tanto mais
intenso quanto maior a quantidade de energia nele libertada.

Escala Macrossísmica Europeia

Intensidade Estragos
I - Não sentido Nenhuns
II – Escassamente sentido Nenhuns
III - Fraco Nenhuns
IV – Amplamente observado Nenhuns
V - Forte Muito ligeiros
VI –Ligeiramente danificante Ligeiros
VII - Danificante Moderados
VIII – Muito danificante Moderados/Severos
IX - Destrutivo Severos
X+ -Muito destrutivo Muito severos

A determinação da intensidade de um sismo em vários locais da superfície da Terra


onde foi sentido e a localização do epicentro permitem traçar num mapa as
isossistas (as linhas que unem os pontos onde a intensidade do sismo foi a mesma)
permitindo uma melhor visualização da área afetada pelo sismo.

Magnitude -> Avalia um sismo em função da quantidade de energia libertada no


hipocentro, sendo determinada pela máxima amplitude das ondas sísmicas
registadas nos sismogramas, para distâncias conhecidas entre o hipocentro e a
estação sísmica. É uma grandeza numérica que aumenta à medida que a quantidade
de energia libertada no foco aumenta.

Para calcular a quantidade de energia libertada no foco usa-se a Escala de


Magnitude de Richter. A relação entre a magnitude (M) e a energia libertada num
sismo (E), expressa em Joules e pode ser calculada pela equação:
[ 2,4 × 𝑀 −1,2 ]
𝐸=10 𝐽

Para um sismo existe apenas uma magnitude, mas várias intensidades conforme a
sua distância ao epicentro, a geologia da região, o tipo de edificações ou a sua
densidade populacional. Ao contrário da escala de intensidades que é qualitativa, a
escala de magnitudes é quantitativa, calculada a partir de dados fornecidos pelos
sismogramas.

A escala de magnitudes de Richter é uma escala logarítmica (a subida de uma


unidade representa um aumento da energia libertada cerca de trinta vezes
superior). É uma escala aberto, sem limite máximo sendo reduzido o registo de
sismo com magnitude superior a 9.

A escala de Richter é uma escala aberta (sem limite máximo), sendo, contundo,
reduzido o registo de sismo com magnitude superior a 9.
Dados de propagação de ondas sísmicas e profundidade das descontinuidades da
geosfera

Uma frente de onda sísmica durante a sua expansão, a partir do seu ponto de
origem entra-se as zonas de separação entre meios com propriedades elásticas
distintas (rigidez, incompressibilidade e densidade). Esta zona de separação
designa-se descontinuidade e no interior da geosfera definem-se três:

 Descontinuidade de Mohorovicic -> Entre a crusta e o manto;


 Descontinuidade de Gutenberg -> Entre o manto e o núcleo externo;
 Descontinuidade de Lehmann -> Entre o núcleo externo e o núcleo interno.

Nestas superfícies de descontinuidade as ondas sísmicas podem se refletir e/ou se


refratar. Quando uma parte da onda recua no meio onde se expande ocorre a sua
reflexão e quando se transmite para o segundo meio ocorre a sua refração.

 (1) onda direta –> Onda sísmica inicial, com origem no foco, que emerge na
superfície sem interagir com qualquer superfície de descontinuidade do
interior da geosfera;
 (2) onda refletida –> É uma nova onda, formada numa superfície de
descontinuidade, ou seja, não tem origem no foco, que se propaga em sentido
contrário e no mesmo meio em que a onda inicial se estava a propagar;
 (3) onda refratada –> É a onda transmitida para o segundo meio, numa
superfície de descontinuidade (ou seja, também não tem origem no foco, mas
sim na superfície da descontinuidade).
O ângulo de reflexão e de refração e a direção de propagação das ondas a partir de
uma superfície de descontinuidade, depende do ângulo de incidência e da velocidade
da onda.

O estudo da propagação das ondas a partir do tratamento dos dados fornecidos


pelos sismogramas permite calcular o epicentro de um sismo e os tempos
necessários para que as ondas percorram o trajeto entre o foco e os sismógrafos
que as registam, localizados a distâncias conhecidas. Estes dados fornecem a
informação necessária para o cálculo da espessura das camadas estruturais da
geosfera.

Descontinuidade de Mohorovicic

A constatação de alterações na trajetória e na velocidade de propagação das ondas


P e S, em 1909 Andrija Mohorovicic identificasse a descontinuidade entre a crusta
e o manto. Ao analisar os registos sismográficos do sismo que em outubro desse
mesmo ano ocorreu a sul de Zagreb (Croácia), ele verificou que as estações
sismográficas mais próximas do epicentro registavam a chegada de dois conjuntos
de ondas P e S. Para explicar as suas observações, propôs a existência de uma
descontinuidade a separar um meio superficial no qual as ondas se deslocavam com
menor velocidade (crusta) e de um meio mais profundo onde a velocidade das ondas
era maior (manto). O registo de dois grupos desses dois tipos de onda era a
consequência da refração das ondas nesta descontinuidade, o primeiro grupo de
ondas correspondia a ondas refratadas e o segundo a ondas diretas.

Descontinuidade de Mohorovicic -> Separação crusta-manto.

A
onda B (refratada) atinge a estação sismográfica mais rapidamente do que a onda A
(direta) porque a velocidade de propagação no manto é superior.

Descontinuidade de Gutenberg

Em 1906 o irlandês Richard Oldham verificou que as ondas P registadas no polo


posto ao epicentro de um sismo se encontravam atrasadas em comparação com as
registadas nas proximidades do epicentro, propagando-se a 4,5 km/s em vez dos
6,5 km7s habitualmente registadas, então concluiu que “as ondas, penetrando a
grande profundidade, atravessaram um núcleo central composto por uma matéria
diferente que as transmite com menor velocidade”. Admitiu-se a existência de um
núcleo, porém de dimensão desconhecida.

Mais tarde, o alemão Beno Gutenberg determinou a dimensão do núcleo terrestre,


depois de observar que para cada sismo existe um setor da superfície terrestre
onde é impossível registar ondas sísmicas diretas. Gutenberg designou esta faixa
da superfície terrestre, onde os sismogramas não registam atividade sísmica
significativa durante um terramoto, por zona de sombra sísmica, que se localiza à
distância angular de 103° a 142° do epicentro de cada sismo, ou à distância
quilométrica de 11 459 a 15 798 km, tendo presente que 1° corresponde a
aproximadamente 111,25 km. Demostrou que esta zona de sombra se deve à
descontinuidade entre o manto e o núcleo externo, que assinala uma mudança
radical nas propriedades e na composição do interior da geosfera (o manto tem uma
composição rochosa e rígida enquanto o núcleo externo tem uma composição
metálica e fluida). Assim na transição para o núcleo as ondas sofrem intensa
reflexão e refração. Este desvio da trajetória das ondas internas cria para cada
sismo uma zona de sombra onde não se propagam ondas P e S de elevada energia e
não se manifesta atividade sísmica relevante.

Descontinuidade de Gutenberg/ CMB (core-mantle boundary)-> Separação manto-


núcleo.

A existência de uma zona de sombra para cada sismo é uma consequência das
propriedades físicas dos materiais que constituem o núcleo bem como da sua
dimensão. Nessa zona podem ser registadas ondas sísmicas que sofrem várias
reflexões sendo por isso ondas de muita baixa energia.
Descontinuidade de Lehmann

Em 1936 a dinamarquesa Inge Lehmann, analisando registos sismográficos, concluiu


que as ondas P chocam contra “qualquer coisa dura” a 5150 km, uma vez que se
verifica um aumento da velocidade de propagação destas ondas. Tendo em conta
que a velocidade das ondas P é maior em meios sólidos do que em meios líquidos, é
de supor a existência de um núcleo interno no estado sólido.

Descontinuidade de Lehmann/ICB (inner core boundary) -> Fronteira entre o núcleo


externo fluido e o núcleo interno sólido.

A trajetória e a velocidade das ondas 4, 5 e 6 é condicionada pela reflexão e


refração na transição para o núcleo interno. (As ondas P diretas aceleram)
Sismos e placas tectónicas

A distribuição dos sismos a nível mundial não é aleatória, pois geralmente coincide
com o limite das placas tectónicas que são geologicamente instáveis.

Sismos interplaca -> Ocorrem nas zonas de fronteira das placas verificando-se uma
maior ocorrência destes sismos em zonas de colisão.

Sismos intraplaca -> Ocorrem no interior das placas sendo associados


frequentemente a falhas ativas.

Sismicidade interplaca

Movimento de aproximação entre uma placa oceânica e uma placa continental

A placa oceânica ao colidir com a placa continental mergulha sob a mesma. É


precisamente este arrastamento para o interior da geosfera que constitui o
mecanismo gerador da maior parte dos sismos que ocorrem no Chile, Peru, Equador,
Colômbia, etc.
Movimento de aproximação entre placas continentais
A Índia de acordo com a Teoria das Placas Tectónicas, terá sido um continente
independente que derivou para norte e colidiu com a Ásia, deste choque entre as
placas Euroasiática e Indo-australiana, resultou a formação dos Himalaias. Ainda
hoje estas placas se empurrando mutuamente (1 a 2 cm por ano), originando tensões
que explicam os sismos Nepal, China, Afeganistão, etc.

Subducção entre placas oceânicas

A subducção entre placas oceânicas é capaz de gerar violentos sismos, como o que
ocorreu nas ilhas Aleutas e no Arquipélago indonésio.

Movimento de afastamento de placas oceânicas

A maior cadeia montanhosa da Terra encontra-se submersa, no centro desta


cadeira montanhosa localiza-se o rifte. Cerca de 10% dos sismos que afetam a
Terra ocorrem neste alinhamento do fundo dos oceanos, este movimento gera
sismos de menor magnitude.
Movimento de afastamento de placas continentais

Factos geológicos sugerem que há milhões de anos atrás, a placa que suporta o
continente africano começou a dividir-se, divisão essa que ainda não se concluiu,
mas da qual existem cicatrizes que constituem, atualmente o Vale de Rifte
Africano. A atividade tectónica que caracteriza esta zona é a zona responsável pela
sismicidade desta região. Os sismos originados por este movimento são de menor
magnitude.

Movimento horizontal entre placas

A falha de Santo André (Califórnia, marca a fronteira entre a placa Pacífica e a


Norte-americana. A velocidade deste movimento é da ordem dos 3 cm a 6 cm por
ano, originando uma forte tensão nesta zona e consequentemente, a atividade
sísmica da Califórnia e do México aumenta. Este movimento é resultado de um
forte atrito horizontal entre as placas.

Sismicidade em Portugal
Em Portugal, no contexto da tectónica de placas, situa-se na Placa Euroasiática,
limitada a sul pela Falha de Açores-Gibraltar (corresponde à fronteira entre as
placas Euroasiática e Africana) e a Oeste pela Dorsal Médio-Atlântica. O
movimento das placas caracteriza-se pelo movimento divergente no rifte médio-
atlântico. A localização do epicentro do sismo de 1/11/1755 (sismo interplaca)
permanece ainda incerta. A Falha Açores-Gibraltar a mais de 100 km da costa, no
Banco de Gorringe é uma das hipóteses de localização desse epicentro.

Alguns estudos de hoje em dia apontam para outras localizações prováveis de entre
elas a denominada Falha do Marquês de Pombal que se situa a 100 km a Oeste do
Cabelo de São Vicente. O sismo ocorreu às 9h40 e às 10h00, um gigantesco tsunami
abateu-se sobre a zona ribeirinha de Lisboa, matando milhares de pessoas que
nessa zona tinham procurado refúgio, fugindo de uma cidade incendiada e em
ruínas. Este sismo foi sentido em Marrocos onde houve também grandes
derrocadas e muitas vítimas, e provocou pequenos estragos no Norte de Portugal,
no sul de Espanha e na Argélia. Contudo a área onde foi percetível estendeu-se a
França, Suíça, Itália, Alemanha, Madeira e Açores. A magnitude deste sismo
estima-se que tenha sido de 8,7 a 9,0 ou superior.

Depois do sismo de 1755, um outro também muito forte assolou o país, foi o sismo
de 28 de fevereiro de 1969 com epicentro a 200 km de Sagres, na Falha Açores-
Gibraltar com magnitude de 7,9. A sua intensidade em Lisboa foi de grau VII e em
Sagres de grau VIII.

A sismicidade intraplaca em território continental é mais difusa, destacando-se,


como por exemplo, o sismo de 23 abril de 1909 com epicentro em Benavente, na
falha do Vale Inferior do Tejo, com uma magnitude de 6,1. Ás 17h03 ouviu-se uma
forte explosão e, de repente, o solo ondulou, atirando para o ar, e de seguida
contra o chão, casas, ruas, pessoas e tudo o mais que existia à superfície. No ar,
formou-se uma nuvem de pó e no solo abriram-se fendas de onde jorrou água em
grande quantidade, misturada com areias, pedras, conchas e lamas seis meses antes
deste sismo, iniciou-se uma crise sísmica a nível nacional, com particular incidência
a norte do Rio Douro e a sul do Rio Tejo.

A sismicidade do arquipélago da Madeira, situado na Placa Africana, é reduzida,


sendo de assinalar, o sismo de 25 de novembro de 1942 de grau VI na escala de
Mercalli. Segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera ocorreram quatro
macrossismos (com magnitudes de 8,5-8,7-8,2-8,11), entre 63 a.C. e 1975, na região
da Madeira e área adjacente.

Por sua vez, a intensa atividade sísmica dos Açores, tal como a sua atividade
vulcânica que se deve ao seu enquadramento tectónico, nomeadamente à Falha da
Glória, ao Rifte da Terceira, à Dorsal Médio-Atlântica, bem como ao sistema de
falhas associado.

Minimização do risco sísmico - previsão e prevenção

Ainda não é possível prever um sismo, mas a investigação nas áreas tem fornecido
importantes elementos para a minimização dos seus efeitos ao identificar zonas de
maior risco. O perigo da atividade sísmica depende da magnitude, da intensidade e
da densidade populacional na área em análise.

O conhecimento aprofundado dos sistemas sismogénicos como os limites tectónicos


ou falhas ativas, como do perfil de cada um dos sismos por eles gerados permite
definir a probabilidade de ocorrência de sismos.

Métodos de previsão sísmica

1. Lacuna sísmica -> Secção de uma falha geológica que tendo produzido
terramotos no passado se encontra em passiva/silenciosa. Em falhas muito
ativas, estas lacunas dão indicações sobre a probabilidade da ocorrência de
sismos nesses locais.
2. Intervalo de recorrência sísmica -> Intervalo de tempo entre sismos de uma
dada magnitude. Verifica-se que alguns terramotos ocorrem em intervalos de
tempo regulares, permitindo prever novas ocorrências.

3. Mapeamento do risco sísmico -> Dados obtidos em diversas estações


sismográficas permitem a elaboração de cartas isossistas de intensidade
máxima expectável. Esta carta representa um importante instrumento de
trabalho na gestão, no planeamento e no ordenamento do território.
4. Mapeamento do perigo sísmico -> Para Portugal o Eurocódigo 9 que
regulamenta na União Europeia a construção de estruturas
sismorresistentes, define 11 zonas de geração sísmicas (zonas sismogénicas),
sendo que cada zona representa regiões que partilham as mesmas
características sismológicas, tectónicas e geológicas.

Estes modelos de previsão sísmica permitem adotar medidas de proteção das


populações, nomeadamente a construção de edifícios sismorresistentes, definição
de planos de evacuação e de gestão dos efeitos dos terramotos a educação da
população, nomeadamente, no que diz respeito às medidas de segurança antes,
durante e após um sismo.
A prevenção do risco sísmico no âmbito da atuação da Proteção Civil, contempla a
definição de planos de ação e de prioridade de ajuda, bem como a sua divulgação
junto da população. A monitorização das zonas de elevado risco sísmico, através da
implementação de redes de estações sismográficas, constitui um outro importante
meio de prevenção. É o caso da Barragem do Alqueva, no Alentejo, que se encontra
sob vigilância sísmica com o objetivo de avaliar o potencial sismogénico das falhas
da região, nomeadamente a Falha do Alqueva e a Falha da Vidigueira, bem como a
sismicidade induzida pelo enchimento da barragem.

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