Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
10º Ano
Ficha Informativa
Sismologia
Introdução ao tema da sismologia
O que é um sismo?
Qual a relação entre os sismos e a dinâmica da terra?
Sismo
Movimentos vibratórios da superfície da terra, devido a uma súbita libertação de
energia do interior da Terra.
Os riscos sísmicos são os mais mortíferos dos riscos naturais. Alem de perdas humanas,
provocam prejuízos consideráveis destruindo por vezes regiões inteiras. No entanto oferecem
uma oportunidade para os cientistas compreenderem melhor o interior da Terra através do
comportamento das ondas sísmicas que se propagam ao longo da Terra.
Um sismo representa o termo de uma série de fenómenos que tem lugar no interior da
Terra, salvo em algumas excepções, em que são provocados intencionalmente pelo Homem
para fins científicos.
Sismos tectónicos
São sismos que ocorrem nas imediações da fronteira entre as placas tectónicas. A
superfície da Terra encontra-se fracturada e dividida em placas rígidas e animadas de
movimentos que se afastam ou se encontram em rota de colisão.
Assim que dizer que a crusta está continuamente a ser distorcida por forças que se
geram no interior do Globo. Essas forças podem ser:
1
Cisalhamento – os materiais são sujeitos a pressões que provocam
movimentos horizontais.
Actividade pratica – ao se arquear uma régua fazendo força nas duas extremidades, o
material experimenta uma deformação elástica. Se o material é forçado para ale do seu limite
de plasticidade, pode quebrar repentinamente, libertando a energia armazenada, mas a suas
porções ficam planas como antes da deformação.
Este movimento das placas tectónicas, em que as rochas vão sendo sujeitas a forças
contínuas, é lento permitindo a acumulação de grandes quantidades de energia nas fronteiras
das placas tectónicas.
Estas tensões que se vão acumulando na sequência destes movimentos tectónicos
deformam os materiais rochosos no interior da Terra, enquanto a sua elasticidade permitir.
Porem estas rochas atingem o seu limite de acumulação de energia, atingindo também
o seu limite de deformação elástica, provocando a ruptura e a deslocação das rochas,
libertando a energia acumulada. Esta libertação de energia provoca a vibração das partículas
rochosas, originando sismos.
Falhas
Existem vários tipos de falhas consoante as forças que lhe dão origem:
2
Caracterização sísmica
Frente de onda – separa uma região que experimenta uma perturbação sísmica
particular de uma região que ainda não experimentou.
Raio sísmico – qualquer trajectória perpendicular à frente de onda.
Maremotos e Tsunamis
Maremoto / tsunami
Maremoto refere-se a um sismo no fundo do mar, semelhante a um sismo em terra
firme e que pode, de facto originar um(a) tsunami.
Um tsunami é uma onda ou uma série delas que ocorrem após perturbações abruptas
que deslocam verticalmente a coluna de água, como, por exemplo, um sismo, actividade
vulcânica, abrupto deslocamento de terras ou gelo ou devido ao impacto de um meteorito
dentro ou perto do mar.
A energia de um tsunami é função de sua amplitude e velocidade. Assim, à medida que
a onda se aproxima de terra, a sua amplitude (a altura da onda) aumenta à medida que a sua
velocidade diminui. Os tsunamis podem caracterizar-se por ondas de trinta metros de altura,
causando grande destruição.
Formação de um tsunami:
1 – A ruptura causada pelo sismo no mar empurra a água para cima, dando início à
onda.
2 – A onda gigante move-se nas profundezas do oceano a grande velocidade.
3
3 – Ao se aproximar da Terra a onda perde velocidade mas fica mais alta.
4 – A onda avança então por Terra, destruindo tudo ao longo do caminho.
Ex.: as vibrações em rochas sólidas podem ser comparadas com a formação de ondas na água
de um lago quando atiramos uma pedra. O ponto em que a pedra penetra na água equivale ao
foco sísmico. A vibração da água do lago, devido à formação de ondas vai depender da força
com que atiramos a pedra e consequentemente da energia que introduzimos ao lago.
As ondas sísmicas podem propagar-se no interior do Globo, que são as ondas profundas
ou de volume, e eventualmente atingir a superfície onde se propagam, que são as ondas
superficiais.
As ondas sísmicas classificam-se de acordo com o modo como as partículas oscilam em
relação à direcção de propagação.
Ondas P
- Ondas do tipo compressivo que comprimem e distendem a matéria.
- Ondas com maior velocidade de propagação, sendo as mais rápidas
- Ondas longitudinais em que as partículas vibram na mesma direcção de
propagação.
- Propagam-se em meios sólidos, líquidos e gasosos e velocidade de propagação
diminui na passagem de meios sólidos para líquidos para gasosos.
Ondas S
- Ondas transversais em que a vibração das partículas é perpendicular à direcção
de propagação.
- Ondas com menor velocidade de propagação que as ondas P, sendo as segunda
a chegar ao epicentro.
4
- Propagam-se apenas nos meios sólidos.
- São mais destruidoras.
Ondas superficiais ou Longas (propagam-se ao longo da superfície do Globo e resultam
de interferências de ondas do tipo P e do tipo S, sendo ondas de grande amplitude que lhe
confere uma grande capacidade destrutiva)
Ondas de Love
- Propagam-se horizontalmente da direita para a esquerda segundo movimentos
de torção
- Não se propagam nos meios líquidos
Ondas de Rayleigh
- Agitam o solo segunda uma trajectória elíptica.
- Propagam-se em meios sólidos e líquidos.
- Combinação da vibração de ondas do tipo P e S.
Razão pela qual diminui a velocidade de propagação das ondas P na passagem dum meio sólido
para um meio liquido e porque não se propagam as ondas S nos meios líquidos.
Os movimentos do solo provocados pelas ondas sísmicas podem ser registados por
aparelhos especializados, os sismógrafos que registam com precisão o registo das ondas
sísmicas em sismogramas.
Os sismógrafos são desenhados para reagir ao movimento do solo numa dada direcção.
Assim, os sismógrafos estão adaptados ao registo dos movimentos verticais e horizontais.
Sismógrafo:
Um sismógrafo consiste num pêndulo, cuja massa inercial se encontra colocada sobre
uma base indeformável, solidária com a rocha subjacente à estação sismográfica, por um
amplificador de sinal e por um registador permanente de concepção mecânica ou fotográfica.
5
Quando as vibrações fazem mover a estrutura e consequentemente o cilindro, o
pêndulo mantém-se estacionário ou move-se diferencialmente devido à sua inércia. Um
estilete produz sobre o papel do cilindro um registo visível do movimento relativo do captor no
conjunto da estrutura onde está inserido, sendo tal registo designado por sismograma.
Interpretação de um sismograma
Quando existe perturbações bruscas no solo, as primeiras ondas a serem registadas são
as ondas P, as de maior velocidade; depois seguem-se as ondas S. As últimas a serem
registadas, são as ondas superficiais ou L (Love e de Rayleigh). Quando a estação sismográfica
está muito próxima do epicentro as três tipos de ondas chegam quase ao mesmo tempo e não
é possível distingui-las no sismograma.
Localizar o epicentro de um sismo não é suficiente para o caracterizar. Um sismo pode ser
avaliado pela sua intensidade ou pela sua magnitude.
6
Em 1902 Mercalli porpos a escala de intensidades com apenas 10 graus, estendendo-se
para 12 graus mais tarde por Cancani. Em 1912, Sieberg caracterizou cada uma dos graus.
Escala de Mercalli
Grau Descrição
Algumas pessoas podem sentir o movimento se estiverem em repouso e/ou em andares elevados
II. Fraco
de edifícios.
No interior de prédios, a maior parte das pessoas sentem o movimento. Os objectos suspensos
IV. Moderado
mexem-se, e também as janelas, pratos, armação de portas.
A maior parte das pessoas sente o movimento. As pessoas adormecidas acordam. As portas fazem
V. Bastante
barulho, os pratos partem-se, os quadros mexem-se, os objectos pequenos deslocam-se, as
forte
árvores oscilam, os líquidos podem transbordar de recipientes abertos.
O terremoto é sentido por todas as pessoas. As pessoas caminham com dificuldade, os objectos e
VI. Forte quadros caem, o revestimento dos muros pode rachar, as árvores e os arbustos são sacudidos.
Danos leves podem acontecer em imóveis mal construídos, mas nenhum dano estrutural.
As pessoas têm dificuldade de se manter em pé, os condutores sentem os seus carros sacudirem,
VII. Muito
alguns prédios podem desmoronar. Tijolos podem desprender-se dos imóveis. Os danos são
forte
moderados em prédios bem construídos, mas podem ser importantes no resto.
Os condutores têm dificuldade em conduzir, casas com fundações fracas tremem, grandes
VIII.
estruturas como chaminés e prédios podem torcer e quebrar. Prédios bem construídos sofrem
7
Destrutivo danos leves, contrariamente aos outros, que sofrem danos severos. Os ramos das árvores partem-
se, as colinas podem abrir fendas se a terra está húmida e o nível de água nos poços artesianos
pode modificar-se.
Todos os edifícios sofrem grandes danos. As casas sem alicerces deslocam-se. Algumas
IX. Ruinoso
canalizações subterrâneas quebram-se, a terra abre fendas.
A maior parte dos prédios e suas fundações são destruídos, assim como algumas pontes. As
X. Desastroso barragens são significativamente danificadas. A água é desviada de seu leito, largas fendas
aparecem no solo, as linhas de comboio entortam.
XI. Muito
Grande parte das construções desabam, as pontes e as canalizações subterrâneas são destruídas.
desastroso
XII.
Quase tudo é destruído. O solo ondula. Rochas podem deslocar-se.
Catastrófico
Isossistas
Após a determinação da intensidade de um sismo em vários locais da região onde este foi
sentido e localizado, pode obter-se uma carta de isossistas. As isossistas são linhas que unem
pontos onde a intensidade do sismo foi a mesma, delimitando o epicentro, permitindo uma
melhor visualização da área afectada pelo sismo.
Magnitude
Pode acontecer que a zona de maior intensidade não seja o epicentro, uma vez que os
efeitos dependem não só da distância epicentral como também da constituição do solo e do
tipo de construção.
8
A magnitude representa a ordem de grandeza da energia libertada no foco, ou seja, a
magnitude de um sismo está relacionada com a energia libertada no foco. A relação entre a
magnitude (M) e a energia (E) libertada num sismo expressa em joules, pode ser calculada pela
formula:
E = 10 (2.4*M – 1.2)
Escala de Richter
~49000 por
Pequeno 3,0-3,9 Frequentemente sentido mas raramente causa danos.
ano
Grande 7,0-7,9 Pode provocar danos graves em zonas mais vastas. 18 por ano
1 a cada 20
Excepcional 9,0 < Devasta zonas num raio de milhares de quilómetros.
anos
9
Para cada sismo existem muitas intensidades, de acordo, por exemplo, com a distância ao
epicentro ou com a destruição das várias zonas, mas há apenas uma magnitude, que é
registada e calculada no foco.
A distribuição dos sismos a nível mundial não é aleatória, coincidindo em geral com o
limite das placas tectónicas, que são zonas geologicamente instáveis.
A localização geográfica dos epicentros dos sismos permite classificá-los de acordo com
o seu enquadramento tectónico. Assim, podemos definir:
Sismos intraplacas que são aqueles que ocorrem no interior das placas tectónicas,
sendo muitas vezes, consequências da existência de falhas activas.
Sismos interplacas que são aqueles que ocorrem preferencialmente nas zonas de
fronteira de placa.
A distribuição mundial dos epicentros permite definir três grandes zonas sísmicas no globo
terrestre:
Cintura Mediterrânea – Asiática: estende-se desde Gibraltar até ao Sudoeste Asiático onde
ocorrem cerca de 15% dos sismos.
Cintura Circumpacífica: conhecida pelo “anel de fogo do Pacifico” onde ocorrem 80% dos
sismos. Faixa onde ocorrem os sismos mais violentos e com consequências mais devastadoras
devido à energia libertada. Inclui a Nova Zelândia, Fiji, Tonga, Samoa, Filipinas, Japão, América
Central e Sul.
10
As áreas de grande actividade sísmica coincidem com zonas instáveis da Terra que ficam
geralmente na fronteira das placas litosfericas.
Sismicidade Interplaca
Entre as zonas de maior sismicidade, nas zonas interplaca podem ocorre os seguintes
limites:
Colisão entre uma placa continental e uma placa oceânica: neste caso a placa
oceânica que é mais densa mergulha sob a placa continental que é menos densa (actividade
sísmica no Japão – placa do Pacifico mergulha sob a placa Euro-asiática; placa de Nazca
mergulha sob a placa Sul – Americana)
Colisão entre duas placas oceânicas: a placa mais densa mergulha sob a de
menor densidade, desenvolvendo tensões originado sismos violentos (arquipélagos Indonésios)
Colisão entre duas placas continentais: formação dos Himalaias (choque da Índia
com a Ásia). Ainda hoje existem forças de tensão provocando sismos na China, Nepal e
Afeganistão.
Fronteiras divergentes: os sismos que ocorrem ao longo destas cristas oceânicas onde há
alastramento do fundo oceânico são sismos pouco profundos e geralmente de menor
magnitude que os sismos das fronteiras convergentes. Estes sismos têm o foco ao longo das
falhas paralelas ao rifte.
11
Sismicidade Intraplaca
Por exemplo a série de sismos que ocorreram entre 1811 e 1812 nos EUA com
epicentros nas proximidades da fronteira do estado do Missouri com o estado do Tennesse.
Intensidade XII na escala de Mercalli. Destruindo a parte central do Rio Mississipi, provocando
alterações topográficas com abatimentos e aparecimento de fracturas. O resultado final foi a
alteração do curso do Rio Mississipi.
Sismicidade em Portugal
A Península Ibérica comporta-se como uma microplaca com o interior mais rígido e
estável que as suas margens.
Portugal situa-se no interior da placa Euro-asiática mas muito próximo da placa Africa
situada apenas acerca de 200 km do litoral algarvio. Fica assim próximo da zona de fronteira
entre a placa Euroasiática e a placa Africana, zona designada por fronteira de placas Açores –
Gibraltar. Estamos assim numa zona de transição entre uma região intraplaca e uma região de
fronteira.
O movimento das placas caracteriza-se pelo deslocamento para norte da placa Africana
e pelo movimento divergente na dorsal Atlântica.
Portugal Continental tem sido afectado por muitos sismos, alguns dos quais violentos.
Por exemplo o terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755. A localização geográfica
da fonte sismogénica responsável pelo sismo foi relacionada com um acidente submarino
conhecido como o Banco de Goringe (FBG) na falha Açores – Gibraltar. Estudos feitos na década
90 do século XX apontam para outras estruturas como a falha activa do Marques de Pombal
(FMP). A conjugação desta com a falha da Ferradura (FF) e a falha do Cabo de São Vicente
(FCSV).
12
O arquipélago dos Açores a sismicidade é bastante elevada uma vez que no seu
enquadramento tectónico existem varias estruturas sismogénicas. Localiza-se na dorsal médio-
atlantica, na zona de junção das placas americanas, euro-asiáticas e africanas que constituem
um ponto triplo. Desta zona há um misto de fronteira divergente e de fronteira transformante
com grande actividade sísmica. Entre a ilha de S. Miguel e Terceira existe uma elevação
submarina chamada de banco de D. João de Castro onde ocorrem frequentes crises sísmicas.
Em suma, a zona de maior risco sísmico em Portugal corresponde aos Açores excepto as
ilhas das Flores e Corvo e a área Metropolitana de Lisboa, Algarve e Península de Setúbal. As
áreas de menor risco são a Madeira , Porto Santo e Flores.
13
Actualmente, para compreender e validar os sinais percursores os sismólogos focalizam-
se numa dezena de lugares – piloto nas zonas de maior sismicidade onde instrumentos
sensíveis registam todos os sinais antes de um sismo.
Entre as medidas preventivas salienta-se:
Estudo geológico dos terrenos: antes do lançamento de grandes obras de engenharia deve ser
feito o estudo da geologia dos terrenos. Construir sobre falhas ou terrenos movediços ou
aluviais é aumentar a probabilidade de um sismo.
Nas regiões de risco sísmico elevado existem actualmente regras de construção que
tornam os imóveis mais resistentes aos abalos.
Exemplo: em Los Angeles um sismo com magnitude 6.8 apenas causou 64 mortes devido às
construções anti-sismicas. No Cairo em 1992 um sismo com magnitude 5 fez milhares de
mortos devido às construções precárias.
Antes de um sismo:
Durante de um sismo:
- evitar o pânico;
- mater a serenidade e acalmar as pessoas;
Em casa
- não correr para a rua, uma vez que as escadas e saídas poderão estar obstruídas;
- ter cuidado com a queda de objectos, candeeiros e moveis;
14
- manter-se afastado de janelas, espelhos e chaminés;
- proteger-se no vão de uma porta interior, canto de casa ou debaixo de um mesa ou de
uma cama;
- não utilizar os elevadores.
Na rua
Após um sismo:
15