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Biologia /Geologia

10º Ano

Ficha Informativa

Sismologia
Introdução ao tema da sismologia

O que é um sismo?
Qual a relação entre os sismos e a dinâmica da terra?

Sismo
Movimentos vibratórios da superfície da terra, devido a uma súbita libertação de
energia do interior da Terra.

 Macrossismos – imperceptíveis pela população


 Microsismos – sentidos pela população

Os riscos sísmicos são os mais mortíferos dos riscos naturais. Alem de perdas humanas,
provocam prejuízos consideráveis destruindo por vezes regiões inteiras. No entanto oferecem
uma oportunidade para os cientistas compreenderem melhor o interior da Terra através do
comportamento das ondas sísmicas que se propagam ao longo da Terra.

Definição das causas de um sismo.

Um sismo representa o termo de uma série de fenómenos que tem lugar no interior da
Terra, salvo em algumas excepções, em que são provocados intencionalmente pelo Homem
para fins científicos.

Os sismos naturais podem ser classificados consoante as causas que os provocam:

 Abatimentos em grutas – sismos de colapso


 Movimentos de magma – sismos vulcânicos
 Movimentos tectónicos – sismos vulcânicos

Sismos tectónicos
São sismos que ocorrem nas imediações da fronteira entre as placas tectónicas. A
superfície da Terra encontra-se fracturada e dividida em placas rígidas e animadas de
movimentos que se afastam ou se encontram em rota de colisão.
Assim que dizer que a crusta está continuamente a ser distorcida por forças que se
geram no interior do Globo. Essas forças podem ser:

 Compressivas – os materiais são comprimidos tendendo a aproximarem-


se
 Distensivas – alongamento dos materiais, aumentando a distancia entre
si.

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 Cisalhamento – os materiais são sujeitos a pressões que provocam
movimentos horizontais.

Teoria de ressalto sísmico

Teoria do ressalto sísmico


Baseia-se em mecanismos de deformação elástica das rochas, ou seja, nas mudanças de
volume e de forma da rocha quando sujeita a forças. Terminada a actuação da força, o material
deformado readquire o tamanho e a forma iniciais.

Actividade pratica – ao se arquear uma régua fazendo força nas duas extremidades, o
material experimenta uma deformação elástica. Se o material é forçado para ale do seu limite
de plasticidade, pode quebrar repentinamente, libertando a energia armazenada, mas a suas
porções ficam planas como antes da deformação.
Este movimento das placas tectónicas, em que as rochas vão sendo sujeitas a forças
contínuas, é lento permitindo a acumulação de grandes quantidades de energia nas fronteiras
das placas tectónicas.
Estas tensões que se vão acumulando na sequência destes movimentos tectónicos
deformam os materiais rochosos no interior da Terra, enquanto a sua elasticidade permitir.
Porem estas rochas atingem o seu limite de acumulação de energia, atingindo também
o seu limite de deformação elástica, provocando a ruptura e a deslocação das rochas,
libertando a energia acumulada. Esta libertação de energia provoca a vibração das partículas
rochosas, originando sismos.

Falhas

Um acidente tectónico em que a ruptura é acompanhada da deslocação dos blocos da


rocha resultante denomina-se por falha.
Devido às propriedades da geosfera, os dois lados da fractura ou falha sofrem um
deslocamento em sentido oposto ao das forças deformadoras, que se designa por Ressalto
Sísmico.
Após o sismo, as rochas retomam a posição inicial, deixando de estar deformadas,
recomeçando um novo ciclo.

Existem vários tipos de falhas consoante as forças que lhe dão origem:

 Normais – resultam de deformações provocadas por forças distensivas.


 Inversas – resultam de deformação nas rochas provocadas por forças
compressivas
 Cisalhamento – deslocamento entre as placas é horizontal.

Exemplo: Falha de Santo André (Califórnia)


150 Sismos por ano em que o deslocamento é de 4 a 6.5 m por ano.

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Caracterização sísmica

Sismo não é um fenómeno isolado. Frequentemente são precedidos po pequenos


abalos sísmicos designados por abalos premonitórios, os quais constituem um alerta para um
possível sismo principal. Após o abalo principal seguem-se muitas vezes abalos de menos
intensidade designados por réplicas.

Hipocentro – zona do interior do Globo onde ocorre a libertação da energia sísmica.

Tipo de sismo Profundidade


Superficial Foco entre 0 a 60 km
Intermédio Foco entre 60 a 300 km
Profundo Foco entre 300 a 700 km

Epicentro – local à superfície da Terra, situado na vertical do hipocentro. Zona da


superfície da Terra onde o sismo é sentido com maior intensidade.

Profundidade local – distancia entre o hipocentro e o epicentro.

Ondas sísmicas – a libertação súbita de energia lentamente acumulada no hipocentro,


traduz-se em parte pela vibração das partículas rochosas que se transmite segundo superfícies
concêntricas denominadas por ondas sísmicas.

Frente de onda – separa uma região que experimenta uma perturbação sísmica
particular de uma região que ainda não experimentou.
Raio sísmico – qualquer trajectória perpendicular à frente de onda.

Maremotos e Tsunamis

Maremoto / tsunami
Maremoto refere-se a um sismo no fundo do mar, semelhante a um sismo em terra
firme e que pode, de facto originar um(a) tsunami.

Um tsunami é uma onda ou uma série delas que ocorrem após perturbações abruptas
que deslocam verticalmente a coluna de água, como, por exemplo, um sismo, actividade
vulcânica, abrupto deslocamento de terras ou gelo ou devido ao impacto de um meteorito
dentro ou perto do mar.
A energia de um tsunami é função de sua amplitude e velocidade. Assim, à medida que
a onda se aproxima de terra, a sua amplitude (a altura da onda) aumenta à medida que a sua
velocidade diminui. Os tsunamis podem caracterizar-se por ondas de trinta metros de altura,
causando grande destruição.

Formação de um tsunami:

1 – A ruptura causada pelo sismo no mar empurra a água para cima, dando início à
onda.
2 – A onda gigante move-se nas profundezas do oceano a grande velocidade.

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3 – Ao se aproximar da Terra a onda perde velocidade mas fica mais alta.
4 – A onda avança então por Terra, destruindo tudo ao longo do caminho.

Propagação da energia sísmica – ondas sísmicas

A energia sísmica dispersasse a partir do hipocentro em todas as direcções e sentidos,


obrigando as partículas que constituem os materiais rochosos a vibrarem. Essas vibrações
propagam-se sucessivamente às outras partículas, originando ondas sísmicas que fazem tremer
a Terra.
Estas ondas de choque atingem a superfície terrestre com uma violência máxima no
epicentro.

Ex.: as vibrações em rochas sólidas podem ser comparadas com a formação de ondas na água
de um lago quando atiramos uma pedra. O ponto em que a pedra penetra na água equivale ao
foco sísmico. A vibração da água do lago, devido à formação de ondas vai depender da força
com que atiramos a pedra e consequentemente da energia que introduzimos ao lago.

Durante um sismo o terreno vibra na vertical e na horizontal e a superfície terrestre


pode ondular tal como o mar.

 Em meios de composição homogéneo a energia sísmica expande-se sob a forma de uma


esfera, com centro no foco sísmico.
 Em meios heterogéneos como a Terra, o trajecto das ondas sísmicas, é em geral,
curvilíneo.

As ondas sísmicas podem propagar-se no interior do Globo, que são as ondas profundas
ou de volume, e eventualmente atingir a superfície onde se propagam, que são as ondas
superficiais.
As ondas sísmicas classificam-se de acordo com o modo como as partículas oscilam em
relação à direcção de propagação.

Ondas profundas (ondas com origem no hipocentro e que se propagam no interior na


Terra)

Ondas P
- Ondas do tipo compressivo que comprimem e distendem a matéria.
- Ondas com maior velocidade de propagação, sendo as mais rápidas
- Ondas longitudinais em que as partículas vibram na mesma direcção de
propagação.
- Propagam-se em meios sólidos, líquidos e gasosos e velocidade de propagação
diminui na passagem de meios sólidos para líquidos para gasosos.

Ondas S
- Ondas transversais em que a vibração das partículas é perpendicular à direcção
de propagação.
- Ondas com menor velocidade de propagação que as ondas P, sendo as segunda
a chegar ao epicentro.

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- Propagam-se apenas nos meios sólidos.
- São mais destruidoras.
Ondas superficiais ou Longas (propagam-se ao longo da superfície do Globo e resultam
de interferências de ondas do tipo P e do tipo S, sendo ondas de grande amplitude que lhe
confere uma grande capacidade destrutiva)

Ondas de Love
- Propagam-se horizontalmente da direita para a esquerda segundo movimentos
de torção
- Não se propagam nos meios líquidos

Ondas de Rayleigh
- Agitam o solo segunda uma trajectória elíptica.
- Propagam-se em meios sólidos e líquidos.
- Combinação da vibração de ondas do tipo P e S.

A velocidade de propagação das ondas sismicas internas depende das propriedades


físicas das rochas que atravessam – rigidez, densidade e incompressibilidade.
 A rigidez condiciona a velocidade de propagação na razão directa (quanto maior a
rigidez, maior a velocidade)
 A densidade condiciona a velocidade de propagação na razão indirecta (quanto maior a
densidade menor a velocidade)

Razão pela qual diminui a velocidade de propagação das ondas P na passagem dum meio sólido
para um meio liquido e porque não se propagam as ondas S nos meios líquidos.

Detecção e registo de sismos

Os movimentos do solo provocados pelas ondas sísmicas podem ser registados por
aparelhos especializados, os sismógrafos que registam com precisão o registo das ondas
sísmicas em sismogramas.

Os sismógrafos são desenhados para reagir ao movimento do solo numa dada direcção.
Assim, os sismógrafos estão adaptados ao registo dos movimentos verticais e horizontais.

Numa estação sismográfica existem geralmente três sismógrafos para registar os


movimentos do solo: um que regista os movimentos verticais e outros dois que registam os
movimentos horizontais.

Sismógrafo:
Um sismógrafo consiste num pêndulo, cuja massa inercial se encontra colocada sobre
uma base indeformável, solidária com a rocha subjacente à estação sismográfica, por um
amplificador de sinal e por um registador permanente de concepção mecânica ou fotográfica.

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Quando as vibrações fazem mover a estrutura e consequentemente o cilindro, o
pêndulo mantém-se estacionário ou move-se diferencialmente devido à sua inércia. Um
estilete produz sobre o papel do cilindro um registo visível do movimento relativo do captor no
conjunto da estrutura onde está inserido, sendo tal registo designado por sismograma.

Actualmente o registo dos movimentos do solo é feito através de sismógrafos


electromagnéticos. Estes aparelhos apresentam um sensor e um amplificador, conjunto
chamado sismómetro, que detecta e amplifica os movimentos do solo.

Interpretação de um sismograma

Quando não se verifica qualquer tipo de vibração, o sismograma deveria apresentar em


teoria um conjunto de rectas paralelas. Contudo estas linhas quase nunca são paralelas, pelo
facto de a Terra ser permanentemente perturbada por microssismos, ou seja, por vibrações de
pequena amplitude resultado da actividade humana (exploração mineira, circulação de
veículos, actividade industrial) ou por fenómenos naturais (derrocadas, temporais)

Quando existe perturbações bruscas no solo, as primeiras ondas a serem registadas são
as ondas P, as de maior velocidade; depois seguem-se as ondas S. As últimas a serem
registadas, são as ondas superficiais ou L (Love e de Rayleigh). Quando a estação sismográfica
está muito próxima do epicentro as três tipos de ondas chegam quase ao mesmo tempo e não
é possível distingui-las no sismograma.

Intensidade de um sismo – Escala de Mercalli

Localizar o epicentro de um sismo não é suficiente para o caracterizar. Um sismo pode ser
avaliado pela sua intensidade ou pela sua magnitude.

Após a ocorrência de um sismo é feito o levantamento dos prejuízos causados às


populações e às principais alterações da paisagem (edifícios destruídos, pontes, estradas e
outras obras humanas danificadas, fendas, deformações do solo e o comportamento das fontes
e cursos de água).
Todos estes dados destinam-se à avaliação da intensidade sísmica em cada local.
Assim, a intensidade é um parâmetro qualitativo que corresponde aos efeitos produzidos
e sentidos à superfície pelo sismo.

A intensidade de um sismo depende:


 Da profundidade do foco e da distancia ao epicentro, uma vez que a capacidade vibratória
das ondas sísmicas diminui à medida que elas se afastam do seu ponto de origem,
diminuindo assim a intensidade sísmica.
 Da natureza do solo, ou seja, das respostas das rochas que o constituem às passagens das
ondas sísmicas.
 Da quantidade de energia libertada no foco, sendo um sismo tanto mais intenso quanto
maior a quantidade de energia nele libertada.

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Em 1902 Mercalli porpos a escala de intensidades com apenas 10 graus, estendendo-se
para 12 graus mais tarde por Cancani. Em 1912, Sieberg caracterizou cada uma dos graus.

Para avaliar a intensidade de um sismo numa determinada área, utiliza-se a Escala


Internacional ou de Mercalli Modificada que resultou de uma modificação feita em 1956. Esta
escala é qualitativa, avaliando a intensidade sísmica em função do grau de percepção das
vibrações, pela população que sentiu o sismo e do seu grau de destruição.

A escala atribui um valor traduzido por um numero romano de I a XII consoante as


percepções e acontecimentos qualitativos produzidos num dado local.

Escala de Mercalli

Grau Descrição

I. Muito fraco Nenhum movimento é percebido.

Algumas pessoas podem sentir o movimento se estiverem em repouso e/ou em andares elevados
II. Fraco
de edifícios.

Diversas pessoas sentem um movimento leve no interior de prédios. Os objectos suspensos


III. Leve
mexem-se. No exterior, no entanto, nada se sente.

No interior de prédios, a maior parte das pessoas sentem o movimento. Os objectos suspensos
IV. Moderado
mexem-se, e também as janelas, pratos, armação de portas.

A maior parte das pessoas sente o movimento. As pessoas adormecidas acordam. As portas fazem
V. Bastante
barulho, os pratos partem-se, os quadros mexem-se, os objectos pequenos deslocam-se, as
forte
árvores oscilam, os líquidos podem transbordar de recipientes abertos.

O terremoto é sentido por todas as pessoas. As pessoas caminham com dificuldade, os objectos e
VI. Forte quadros caem, o revestimento dos muros pode rachar, as árvores e os arbustos são sacudidos.
Danos leves podem acontecer em imóveis mal construídos, mas nenhum dano estrutural.

As pessoas têm dificuldade de se manter em pé, os condutores sentem os seus carros sacudirem,
VII. Muito
alguns prédios podem desmoronar. Tijolos podem desprender-se dos imóveis. Os danos são
forte
moderados em prédios bem construídos, mas podem ser importantes no resto.

Os condutores têm dificuldade em conduzir, casas com fundações fracas tremem, grandes
VIII.
estruturas como chaminés e prédios podem torcer e quebrar. Prédios bem construídos sofrem

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Destrutivo danos leves, contrariamente aos outros, que sofrem danos severos. Os ramos das árvores partem-
se, as colinas podem abrir fendas se a terra está húmida e o nível de água nos poços artesianos
pode modificar-se.

Todos os edifícios sofrem grandes danos. As casas sem alicerces deslocam-se. Algumas
IX. Ruinoso
canalizações subterrâneas quebram-se, a terra abre fendas.

A maior parte dos prédios e suas fundações são destruídos, assim como algumas pontes. As
X. Desastroso barragens são significativamente danificadas. A água é desviada de seu leito, largas fendas
aparecem no solo, as linhas de comboio entortam.

XI. Muito
Grande parte das construções desabam, as pontes e as canalizações subterrâneas são destruídas.
desastroso

XII.
Quase tudo é destruído. O solo ondula. Rochas podem deslocar-se.
Catastrófico

Isossistas

Após a determinação da intensidade de um sismo em vários locais da região onde este foi
sentido e localizado, pode obter-se uma carta de isossistas. As isossistas são linhas que unem
pontos onde a intensidade do sismo foi a mesma, delimitando o epicentro, permitindo uma
melhor visualização da área afectada pelo sismo.

Interpretação da carta de isossistas:

1 – Através da carta de isossistas podemos observar a variação da intensidade sísmica que


afecta uma região
2 – Se todas as rochas por onde se propagam as vibrações fossem do mesmo tipo e se as
construções fossem semelhantes, estas linhas seriam representadas sob a forma de
circunferências em torno do epicentro, mas dado que os materiais em que as ondas sísmicas se
propagam não são homogéneos, as isossistas apresentam formas irregulares.
3 – Como nos oceanos não se observa a topografia nem existem construções humanas, não é
possível definir a intensidade, e portanto, não são traçadas as isossistas ou são traçadas a
tracejado, uma vez que há incerteza da intensidade do sismo, não havendo recolha de dados.

Magnitude

Pode acontecer que a zona de maior intensidade não seja o epicentro, uma vez que os
efeitos dependem não só da distância epicentral como também da constituição do solo e do
tipo de construção.

Perante estas limitações da intensidade, para caracterizar um sismo, utiliza-se uma


grandeza calculada matematicamente, a magnitude.

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A magnitude representa a ordem de grandeza da energia libertada no foco, ou seja, a
magnitude de um sismo está relacionada com a energia libertada no foco. A relação entre a
magnitude (M) e a energia (E) libertada num sismo expressa em joules, pode ser calculada pela
formula:

E = 10 (2.4*M – 1.2)

A escala de Richter é uma escala quantitativa e permite estimar a energia libertada no


foco de um sismo a partir de dados fornecidos pelos sismogramas.
Na escala de Richter a energia libertada por um sismo de determinada magnitude é
cerca de 30 graus a de um sismo de uma unidade de magnitude abaixo.
Ex: um sismo de magnitude 9 a energia libertada é cerca de 303 a de um sismo de
magnitude 6.

Escala de Richter

Descrição Magnitude Efeitos Frequência

[1] ~ 8000 por


Micro tremor de terra, não se sente .
Micro < 2,0 dia

Muito ~1000 por


2,0-2,9 Geralmente não se sente mas é detectado/registado.
pequeno dia

~49000 por
Pequeno 3,0-3,9 Frequentemente sentido mas raramente causa danos.
ano

Tremor notório de objectos no interior de habitações, ruídos de choque ~ 6200 por


Ligeiro 4,0-4,9
entre objectos. Danos importantes pouco comuns. ano

Pode causar danos maiores em edifícios mal concebidos em zonas


Moderado 5,0-5,9 800 por ano
restritas. Provoca danos ligeiros nos edifícios bem construídos.

Pode ser destruidor em zonas num raio de até 180 quilómetros em


Forte 6,0-6,9 120 por ano
áreas habitadas.

Grande 7,0-7,9 Pode provocar danos graves em zonas mais vastas. 18 por ano

Pode causar danos sérios em zonas num raio de centenas de


Importante 8,0-8,9 1 por ano
quilómetros.

1 a cada 20
Excepcional 9,0 < Devasta zonas num raio de milhares de quilómetros.
anos

Os sismos de grande magnitude (M > 7) são relativamente raros. Os sismos com


magnitude inferior a 2 não são sentidos, mas são registados pelos sismógrafos.

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Para cada sismo existem muitas intensidades, de acordo, por exemplo, com a distância ao
epicentro ou com a destruição das várias zonas, mas há apenas uma magnitude, que é
registada e calculada no foco.

Determinação da magnitude de um sismo:

1 – Medir em cada sismograma, a amplitude máxima e registá-la no gráfico da amplitude.


2 – Marcar no gráfico a distancia epicentral da cada cidade.
3 – Unir para cada cidade a distancia epicentral com a amplitude máxima registada.
4 – ler no gráfico central a magnitude

Sismos e tectónica de placas

Segundo a teoria da tectónica de placas, a superfície do globo é constituída por uma


série de placas rígidas em situação de permanente deslocamento. Os seus limites são os locais
mais prováveis para a ocorrência de sismos.

A distribuição dos sismos a nível mundial não é aleatória, coincidindo em geral com o
limite das placas tectónicas, que são zonas geologicamente instáveis.

A localização geográfica dos epicentros dos sismos permite classificá-los de acordo com
o seu enquadramento tectónico. Assim, podemos definir:

 Sismos intraplacas que são aqueles que ocorrem no interior das placas tectónicas,
sendo muitas vezes, consequências da existência de falhas activas.
 Sismos interplacas que são aqueles que ocorrem preferencialmente nas zonas de
fronteira de placa.

Ex.: sismicidade intraplaca (sismo de 25 de Abril de 1909 com epicentro em Benavente. A


fonte sismogénica para este sismo localizou-se na falha activa do Vale Inferior do Tejo)

A distribuição mundial dos epicentros permite definir três grandes zonas sísmicas no globo
terrestre:

Cintura Mediterrânea – Asiática: estende-se desde Gibraltar até ao Sudoeste Asiático onde
ocorrem cerca de 15% dos sismos.

Cintura Circumpacífica: conhecida pelo “anel de fogo do Pacifico” onde ocorrem 80% dos
sismos. Faixa onde ocorrem os sismos mais violentos e com consequências mais devastadoras
devido à energia libertada. Inclui a Nova Zelândia, Fiji, Tonga, Samoa, Filipinas, Japão, América
Central e Sul.

Zonas de dorsais oceânicas: formam um alinhamento no sentido Norte / Sul do Atlântico


que contorna a Africa do Sul e entra no Oceano Indico para se dividir em dois ramos.

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As áreas de grande actividade sísmica coincidem com zonas instáveis da Terra que ficam
geralmente na fronteira das placas litosfericas.

Sismicidade Interplaca

Entre as zonas de maior sismicidade, nas zonas interplaca podem ocorre os seguintes
limites:

Fronteiras convergentes: são zonas de grande sismicidade, onde se dá a subducção de


placas litósféricas. Ao longo destas zonas existem forças de tensão e de compressão que
provocam falhas, responsáveis pela ocorrência de sismos.

Colisão entre uma placa continental e uma placa oceânica: neste caso a placa
oceânica que é mais densa mergulha sob a placa continental que é menos densa (actividade
sísmica no Japão – placa do Pacifico mergulha sob a placa Euro-asiática; placa de Nazca
mergulha sob a placa Sul – Americana)

Colisão entre duas placas oceânicas: a placa mais densa mergulha sob a de
menor densidade, desenvolvendo tensões originado sismos violentos (arquipélagos Indonésios)

Colisão entre duas placas continentais: formação dos Himalaias (choque da Índia
com a Ásia). Ainda hoje existem forças de tensão provocando sismos na China, Nepal e
Afeganistão.

Fronteiras divergentes: os sismos que ocorrem ao longo destas cristas oceânicas onde há
alastramento do fundo oceânico são sismos pouco profundos e geralmente de menor
magnitude que os sismos das fronteiras convergentes. Estes sismos têm o foco ao longo das
falhas paralelas ao rifte.

Afastamento de placas oceânicas: a maior cadeia montanhosa da Terra encontra-


se submersa. O centro destas cadeias montanhosas encontra-se sob tensão, uma vez que nesta
zona as placas oceânicas se separam.

Afastamento de placas continentais: factos geológicos sugerem que há milhões


de anos a placa que suporta o continente africano começou a dividir-se, divisão essa que ainda
não se concluiu, mas da qual existem cicatrizes que constituem o Rifte Valley Africano.

Fronteiras conservativas: ao longo das falhas transformantes, as duas placas movem-se


horizontalmente em sentidos contrários. Nas zonas em que as placas deslizam em sentidos
opostos geralmente geram sismos de pequena profundidade.

Contacto com deslizamento entre duas placas: a falha de Santo André, na


Califórnia, marca a fronteira entre a placa Pacifica e Norte Americana. As placas deslizam entre
si, originando uma forte tensão, e assim, uma excessiva actividade sísmica na Califórnia e
México.

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Sismicidade Intraplaca

Os sismos intraplaca ocorrem no interior das placas tectónicas, zonas consideradas


geologicamente estáveis.

Por exemplo a série de sismos que ocorreram entre 1811 e 1812 nos EUA com
epicentros nas proximidades da fronteira do estado do Missouri com o estado do Tennesse.
Intensidade XII na escala de Mercalli. Destruindo a parte central do Rio Mississipi, provocando
alterações topográficas com abatimentos e aparecimento de fracturas. O resultado final foi a
alteração do curso do Rio Mississipi.

Sismicidade em Portugal

No contexto da tectónica de placas, Portugal Continental ocupa uma estreita faixa da


zona ocidental da Península Ibérica e situa-se na placa Euro-asiática. O território de Portugal
Continental está delimitado por dois sistemas sismogénicos; a sul pela falha Açores – Gibraltar e
a oeste pelo Rifte da dorsal do Atlântico Norte.

A Península Ibérica comporta-se como uma microplaca com o interior mais rígido e
estável que as suas margens.

Portugal situa-se no interior da placa Euro-asiática mas muito próximo da placa Africa
situada apenas acerca de 200 km do litoral algarvio. Fica assim próximo da zona de fronteira
entre a placa Euroasiática e a placa Africana, zona designada por fronteira de placas Açores –
Gibraltar. Estamos assim numa zona de transição entre uma região intraplaca e uma região de
fronteira.

O movimento das placas caracteriza-se pelo deslocamento para norte da placa Africana
e pelo movimento divergente na dorsal Atlântica.

Portugal Continental tem sido afectado por muitos sismos, alguns dos quais violentos.
Por exemplo o terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755. A localização geográfica
da fonte sismogénica responsável pelo sismo foi relacionada com um acidente submarino
conhecido como o Banco de Goringe (FBG) na falha Açores – Gibraltar. Estudos feitos na década
90 do século XX apontam para outras estruturas como a falha activa do Marques de Pombal
(FMP). A conjugação desta com a falha da Ferradura (FF) e a falha do Cabo de São Vicente
(FCSV).

Salientemos algumas zonas portuguesas de maior intensidade sísmica:

Sismicidade Interplacas – localizada na zona de contacto entre a placa Euro-asiática e a


placa Africana. O Banco de Goringe, uma elevação submarina a sudoeste do Cabo de São
Vicente é uma das zonas de maior instabilidade.

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O arquipélago dos Açores a sismicidade é bastante elevada uma vez que no seu
enquadramento tectónico existem varias estruturas sismogénicas. Localiza-se na dorsal médio-
atlantica, na zona de junção das placas americanas, euro-asiáticas e africanas que constituem
um ponto triplo. Desta zona há um misto de fronteira divergente e de fronteira transformante
com grande actividade sísmica. Entre a ilha de S. Miguel e Terceira existe uma elevação
submarina chamada de banco de D. João de Castro onde ocorrem frequentes crises sísmicas.

Sismicidade Intraplacas – a existência de sismicidade no interior do território português


e na área imersa junto ao litoral é gerada em falhas existentes no território.
A zona do Vale Inferior do Tejo é uma zona de grande actividade sísmica onde têm
ocorrido e podem voltar a ocorrer sismos. (sismo com epicentro em Benavente em 1909 com
magnitude 6.7)
A sismicidade do arquipélago da Madeira situada na placa Africana é muito reduzida.

Em suma, a zona de maior risco sísmico em Portugal corresponde aos Açores excepto as
ilhas das Flores e Corvo e a área Metropolitana de Lisboa, Algarve e Península de Setúbal. As
áreas de menor risco são a Madeira , Porto Santo e Flores.

Previsão dos riscos sísmicos

Os sismos constituem a causa mais frequente de desastres naturais. Prevê-los podia


poupar milhares de vidas. A investigação realizada na área da sismologia tem permitido:
 Conhecer as áreas de maior risco sísmico;
 Estudar o comportamento de certas estruturas sismogénicas;
 Promover o desenvolvimento de técnicas de construção de edifícios;
 Promover a educação da população para as medidas de segurança e os
comportamentos a adoptar.

A previsão a longo prazo permite aos sismólogo calcular a probabilidade da ocorrência


de um sismo numa determinada área, através de estudarem as zonas de maior risco sísmico e
do comportamento das falhas activas.

A previsão é baseada na identificação de alguns acontecimentos geofísicos anormais


que são considerados sinais percursores, utilizando para isso instrumentos muito sensíveis e
técnicas muito sofisticadas.

Antes da ocorrência de um sismo abrem-se pequenas fracturas no interior das rochas,


nas proximidades da falha modificando as suas propriedades. Estas alterações podem ser
captadas e entre elas é de salientar:
- ocorrência de microssismos;
- modificações na densidade das rochas;
- variação do nível da água em poços próximos das falha;
- anomalias no comportamento dos animais.

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Actualmente, para compreender e validar os sinais percursores os sismólogos focalizam-
se numa dezena de lugares – piloto nas zonas de maior sismicidade onde instrumentos
sensíveis registam todos os sinais antes de um sismo.
Entre as medidas preventivas salienta-se:

Estudo geológico dos terrenos: antes do lançamento de grandes obras de engenharia deve ser
feito o estudo da geologia dos terrenos. Construir sobre falhas ou terrenos movediços ou
aluviais é aumentar a probabilidade de um sismo.

Construções parassísmicas: devem investigar-se novas técnicas de construção e quais os


matérias menos vulneráveis em presença de um sismo.

Desenho sismo – resistente das construções: a existência de normas e dispositivos legais de


forma a aumentar a resistência das construções e a obrigatoriedade de uma construção com
um desenho sismo – resistente em locais de elevada perigosidade sísmica.

Nas regiões de risco sísmico elevado existem actualmente regras de construção que
tornam os imóveis mais resistentes aos abalos.
Exemplo: em Los Angeles um sismo com magnitude 6.8 apenas causou 64 mortes devido às
construções anti-sismicas. No Cairo em 1992 um sismo com magnitude 5 fez milhares de
mortos devido às construções precárias.

Comportamentos a assumir no caso de ser surpreendido por um sismo

Antes de um sismo:

- informar-se sobre as suas causas e efeitos.


- preparar a sua casa de forma a facilitar os movimentos em caso de tremor de terra
(libertar corredores, arrumar os moveis, brinquedos)
- estudar os locais de maior protecção;
- responsabilizar os adultos pelas crianças;
- fixar as estantes e botijas de gás à parede;
- colocar os objectos de grande volume e pesados no chão ou nas estantes mais baixas;
- ensinar os familiares a desligar a electricidade e cortar a água e gás;
- ter sempre disponível uma lanterna, pilhas de reserva, um extintor e um estojo de
primeiros socorros;
- fixar os vasos e floreiras às paredes de casa.

Durante de um sismo:

- evitar o pânico;
- mater a serenidade e acalmar as pessoas;

Em casa

- não correr para a rua, uma vez que as escadas e saídas poderão estar obstruídas;
- ter cuidado com a queda de objectos, candeeiros e moveis;

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- manter-se afastado de janelas, espelhos e chaminés;
- proteger-se no vão de uma porta interior, canto de casa ou debaixo de um mesa ou de
uma cama;
- não utilizar os elevadores.

Na rua

- dirija-se para um local aberto


- não correr nem vaguear pelas ruas;
- manter-se afastado dos edifícios altos ou de objectos que possam cair;
- se for a conduzir parar o veículos longe de edifícios, muros, encostas, postes e cabos de
alta tensão..

Após um sismo:

- manter a calma e contar com a possível ocorrência de replicas;


- não acender fósforos nem isqueiros;
- cortar o gás, a electricidade e a água;
- sair de casa se esta não estiver segura;
- não tocar em objectos metálicos que estejam em conacto com fios eléctricos;
- não utilizar o telefone, apenas em caso de emergência;
- se estiver na rua não vá para casa;
- não remover os feridos, a não ser que haja perigo de incêndio ou derrocada;
- ligar o rádio e estar atento às instruções difundidas;
- não circular pelas ruas para observar o que aconteceu;
- não beber água de recipientes abertos.

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