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2.

Sismologia
▪ Sismologia: A sismologia estuda a origem e propagação das ondas sísmicas, os seus efeitos e consequências, a
sua previsão e a sua prevenção.

▪ Sismos: São movimentos vibratórios, bruscos e breves, da crusta terrestre, originados por uma
libertação súbita de energia no interior da Terra.
 Macrossismos: Libertam grandes quantidades de energia, o que provoca movimentos vibratórios da
superfície terrestre muito percetíveis à população.
 Microssismos: Libertam pequena quantidade de energia, provocam pequenos movimentos
vibratórios da superfície terrestre, sendo, por esse motivo, impercetíveis à população.

▪ Origem dos sismos:


 Natural: tectónicos (libertação de energia durante a formação de falhas), vulcânicos
(movimento do magma em profundidade) ou de colapso (abatimento de cavidades ou grutas);
 Artificial: provocados pelo Homem. (explosões, escavações mineiras, ensaios nucleares…)

Sismos tectónicos: São os mais frequentes (95%). Correspondem à libertação súbita de energia
quando as rochas que acumularam tensões atingem o seu limite de elasticidade e sofrem rutura,
ocorrendo o deslocamento dois blocos ao longo de uma falha. - Teoria do ressalto elástico.

Uma falha é uma estrutura


geológica correspondente a
uma superfície rochosa em
Muro
Teto que ocorreu rutura e ao longo
da qual há deslocamento dos
blocos em sentidos opostos.

Falha inversa Falha normal Falha transformante

O teto sobe e o muro desce. O teto desce e o muro sobe.

Limites convergentes Limites divergentes Limites transformantes


(forças compressivas) (forças distensivas) (forças de cisalhamento)
Teoria do ressalto elástico
▪ As rochas sofrem uma deformação elástica devido à atuação de forças.
▪ À medida que vão sendo sujeitas a essas forças, vão acumulando energia e deformando.
▪ No entanto, se a força deixar de atuar, as rochas recuperam a sua fase inicial, libertando a energia
acumulada (sismo).
▪ Caso as forças continuem a atuar, pode ser ultrapassado o limite de plasticidade do material, que
fratura, libertando a energia acumulada (sismo) e surge uma falha. O material, após a formação da falha,
recupera a forma inicial, isto é, deixa de estar deformado.

Epicentro e hipocentro A zona no interior da Terra onde ocorre a libertação da


energia designa-se por hipocentro ou foco sísmico.

O local à superfície da terra mais próximo do hipocentro,


situado geralmente na vertical do mesmo, designa-se de
epicentro- é a zona onde o sismo é sentido em primeiro
lugar e, geralmente, com maior intensidade.

A distância entre o epicentro e o hipocentro designa-se


distância focal.
Frente de onda- corresponde à separação entre as
partículas que estão a vibrar e as partículas que ainda não
entraram em agitação.

Os sismos podem ser classificados, quanto à profundidade dos focos, em:


▪ superficiais- hipocentros até 70 km de profundidade;
▪ intermédios- hipocentros entre 70 e 300 km de profundidade;
▪ profundos- hipocentros com mais de 300 km de profundidade.
Abalos premonitórios: sismos que antecedem um sismo principal
Réplica: ocorrem após o sismo principal e resultam de reajustamentos ao longo da falha.

Os sismos podem resultar de deslocamentos


verticais de blocos rochosos ao longo de falhas
situadas no fundo oceânico. Estes deslocamentos
podem causar perturbação na coluna de água, e,
consequentemente, gerar deslocamento na
superfície do mar, conhecidos como tsunamis.

A libertação da energia no momento da rutura ou no deslocamento das rochas, efetua-se através da vibração
dos materiais segundo superfícies concêntricas (ondas sísmicas) que se deslocam segundo uma frente de onda.

Ondas sísmicas: movimento das partículas, em resultado da libertação de energia no hipocentro.


Existem dois tipos de ondas sísmicas: ondas de volume/de corpo/profundas e ondas superficiais/longas.

▪ Ondas profundas (origem no foco)


 Ondas longitudinais/P/primárias:

 Ondas transversais/S/secundárias
▪ Ondas superficiais/longas (origem na superfície terrestre por interferência das ondas P e S)
 Ondas Love (L)

Resultam da
interferência
entre ondas S
 Ondas Rayleigh (R)

Resultam da
interferência
entre ondas
S e P.

▪ Velocidade de propagação das ondas sísmicas:


Se o interior da Terra fosse homogéneo, a energia sísmica propagar-se-ia com a mesma velocidade em todas as
direções. Não sendo o caso, na geosfera, a velocidade de propagação das ondas sísmicas internas depende das
propriedades físicas das rochas que atravessam, nomeadamente, da rigidez, da densidade e da
incompressibilidade.
A rigidez condiciona a velocidade de propagação das ondas sísmicas na razão direta (isto é, quanto maior for a
rigidez, maior é a velocidade e vice-versa) e a densidade na razão inversa (isto é, quanto maior for a densidade,
menor é a velocidade de propagação das ondas e vice-versa). No caso das ondas P, a sua velocidade depende
ainda, na razão direta, do valor da incompressibilidade (resistência à variação de volume) do meio em que se
propagam.

▪ Sismograma: registo em papel feito pelos sismógrafos dos movimentos do solo, ou seja, os sismos.

A amplitude corresponde Um sismograma é, na ausência de


à distância máxima de quaisquer vibrações, constituído por
afastamento de uma retas paralelas. Contudo, quase nunca
partícula em relação à são obtidas estas linhas retas, pelo
situação de repouso, facto de a Terra ser permanentemente
durante uma oscilação. perturbada por microssismos, isto é,
por vibrações de pequena amplitude.
▪ Sismógrafo: aparelho que deteta os movimentos do solo, incluindo os gerados pelas ondas sísmicas.

Como as partículas vibram nas três direções do espaço, os sismógrafos precisam de efetuar esse registo triespacial.
São, por isso, necessários três sismógrafos:
 um de cilindro vertical (que regista os movimentos verticais)
 outros dois de cilindro horizontal, para registo dos movimentos horizontais (um orientado na direção
norte-sul e outro na direção este-oeste).

B. Sismógrafo horizontal A. Sismógrafo vertical

▪ Escalas de avaliação sísmica


Os sismos podem ser avaliados segundo dois parâmetros: intensidade e magnitude.

 Intensidade: mede a qualidade dos efeitos de um sismo nas infraestruturas. O mesmo sismo possui várias
intensidades. Depende da energia libertada, do tipo de substrato e de ocupação antrópica. Tende a ser
maior na região epicentral. Pode ser medida na escala de Mercalli modificada (1956) e na escala
Macrossísmica Europeia. A intensidade sísmica é determinada pelo preenchimento de um questionário
padrão distribuído pelas entidades oficiais.

A avaliação da Os dados obtidos permitem Dessa


intensidade de um traçar isossistas sobre forma, são
sismo é feita através mapas, que correspondem a elaboradas
de inquéritos às curvas que delimitam zonas cartas de
populações. de igual intensidade sísmica. isossistas.

Quando o substrato é formado por sedimentos


soltos, em especial os saturados em água, pode
ocorrer a liquefação dos materiais, aumentando a
destruição associada aos sismos.
Os sedimentos, devido à vibração sísmica, perdem
a sua coesão e resistência ao corte comportando-
se, então, como um fluido.
A intensidade de um sismo depende, entre outros fatores:
▪ da profundidade do foco e da distância ao epicentro, na medida em que a capacidade vibratória das
ondas sísmicas diminui à medida que elas se afastam do seu ponto de origem, diminuindo, também, a
intensidade sísmica;
▪ da natureza do subsolo, isto é, da resposta das rochas que o constituem, à passagem das ondas sísmicas;
os sedimentos finos não consolidados tendem a amplificar e a prolongar a vibração sísmica;
▪ da quantidade de energia libertada no foco, sendo um sismo tanto mais intenso quanto maior a
quantidade de energia nele libertada.

 Magnitude: mede a quantidade de energia libertada num sismo. Cada abalo só possui um valor de magnitude.
Pode ser medida na escala de Richter.

Resumindo…
*
▪ Escala Macrossísmica Europeia (1998):
 Avalia a intensidade de um sismo.
 Escala qualitativa e baseia-se nos estragos provocados
pelos sismos e na vulnerabilidade dos edifícios.
 Constituída por doze graus.

▪ Escala de Richter:
 Avalia a magnitude, energia libertada por um sismo.
 Escala quantitativa.
 Escala logarítmica e aberta (sem limite máximo).
Escala de Mercalli Modificada

Grau de Perceção Possíveis efeitos Correspondência com


intensidade escala de magnitude
Impercetível a fraco Sentido por algumas pessoas.
I a III Quase sem danos. <3,9

Moderado a forte Sentido pela maioria das pessoas.


IV a V Danos poucos significativos. 4,0 a 4,9

Bastante a muito Sentido por todos. Danos no


VI a VII forte interior das habitações e em 5,0 a 5,9
muros.

Muito forte a É difícil permanecer de pé.


VII a VIII ruinoso Destruição de infraestruturas 6,0 a 6,9
menos resistentes.

Desastroso a Pânico geral. Danos nas


IX a X destruidor fundações dos edifícios e em 7,0 a 7,9
barragens. Fraturas nos solos.

Catastrófico a Vias-férreas deformadas. Grandes


XI a XII cataclismo massas rochosas deslocadas. >8,0
Alteração da topografia.

▪ Sismicidade e tectónica de placas

A maioria dos sismos está associada à atividade tectónica, podendo ser:


 Interplaca (95%)- associado aos limites tectónicos, nomeadamente
Divergentes- os sismos são superficiais, sendo comuns nos Açores;
Convergentes- os sismos podem ser superficiais, intermédios ou profundos;
Transformantes- os sismos são superficiais e ocorrem nos Açores, na falha Açores-Gibraltar, a S
e SO de Portugal continental.
 Intraplaca- ocorrem no interior das placas, como, por exemplo, na região da Madeira e em Portugal
Continental.

Considerando os epicentros dos principais sismos registados durante o século XX, podem distinguir-se
vvvvtrês grandes zonas sísmicas a nível mundial:
 Zona Mediterrânico-Asiática: zona onde ocorrem
15% dos sismos de forte a média magnitude.
 Zonas de dorsais oceânicas: onde, por exemplo,
se localizam os Açores.
 Zona Circumpacífica: conhecida por anel de fogo do
Pacífico, é uma zona onde os abalos sísmicos
ocorrem frequentemente e com grande intensidade
(80% dos sismos).
▪ Sismicidade em Portugal
Na Europa, a maioria dos sismos ocorre na região da Turquia, da Grécia e da Itália. Comparativamente a estas
regiões, a atividade sísmica em Portugal continental é menos frequente.

Em Portugal, os sismos interplaca localizam-se ao longo do sistema de falhas associadas à dorsal médio-oceânica,
na região dos Açores, zona onde contactam três placas litosféricas (Euro-Asiática, Norte-Americana e Africana),
designada por ponto triplo; ou ao longo da falha Açores-Gibraltar, um limite transformante que se prolonga até
à região Sul e Sudoeste de Portugal continental. O arquipélago da Madeira, situado na placa Africana, a uma certa
distância da falha Açores -Gibraltar, é afetado moderadamente pelos movimentos deste limite.

No arquipélago da Madeira e em Portugal continental, a atividade sísmica é intraplaca, com atividade moderada
e baixa. Todavia, nestas áreas podem ocorrer, esporadicamente, sismos com magnitudes elevadas. A atividade
intraplaca está associada a falhas que acumulam tensões que poderão estar relacionadas com o movimento das
placas tectónicas.

Avaliação do risco sísmico - CARTAS DE ISOSSISTAS


 Após a avaliação da intensidade sísmica em várias regiões, a partir
de testemunhos da população após a ocorrência de um sismo, é
possível traçar num mapa linhas designadas isossistas.
 Estas linhas são tendencialmente concêntricas, mas irregulares,
distribuídas a partir do epicentro, e delimitam áreas com a mesma
intensidade sísmica.
 Estes mapas denominam-se cartas de isossistas.

Avaliação do risco sísmico - CARTAS DE INTENSIDADES MÁXIMAS


 Nas cartas de intensidade máximas estão representados os graus de
intensidade máxima sentidos em cada região, tendo em conta
todos os sismos ocorridos até à atualidade.
 São instrumentos muito úteis para a gestão, planeamento e
ordenamento do território.
▪ Sismicidade em Portugal continental

A maioria dos sismos que ocorrem no território


continental está relacionada, principalmente, com a
falha Açores-Gibraltar, fazendo-se sentir sobretudo
na região SO e S de Portugal.

Além da instabilidade causada por essa falha, o


território continental possui um conjunto de outras
falhas ativas que se movem frequentemente,
originando sismos.

▪ Minimização do risco sísmico – prevenção

Ainda não é possível evitar nem prever com exatidão quando e onde irão ocorrer sismos. Como tal, os
seus efeitos destruidores apenas se podem minimizar através de medidas de prevenção.

Construções antissísmicas e sensibilização das populações


 Na sequência do sismo de 1 de novembro de 1755, em Lisboa, criou-se o primeiro regulamento antissísmico
do mundo.
 Os danos causados pelos sismos nas construções dependem, entre outros fatores, das características
das estruturas edificadas.
 Com o avanço da tecnologia foi possível encontrar soluções que previnem e asseguram a segurança de
pessoas e bens – construções antissísmicas.
 A sensibilização e educação das populações é muito importante no sentido de se poder minimizar os efeitos
dos sismos nas populações.
 Outras medidas de prevenção:
- Estudo pormenorizado da geologia do terreno;
- Ordenamento do território;
- Elaboração de planos de emergência.

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