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VOLUME ALAGOAS

VOLUME PARÁ
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS


1991 a 2010

VOLUME ALAGOAS

CEPED UFSC
Florianópolis, 2011
PRESIDENTE DA REPÚBLICA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff PESQUISAS SOBRE DESASTRES
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Diretor Geral
Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL Diretor Técnico e de Ensino
Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE Diretor de Articulação Institucional
MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Superintendente Geral
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr.
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal
de Santa Catarina
Professor Edson da Rosa, Dr.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0


Atribuição/Uso Não-Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e


Pesquisas sobre Desastres.
Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Alagoas /
Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis:
CEPED UFSC, 2011.
51 p. : il. color. ; 30 cm.

Volume Alagoas.
ISBN 978-85-64695-04-7

1. Desastres naturais. 2. Estado de Alagoas - atlas. I. Universidade Federal


de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre
Desastres. III. Secretaria Nacional de Defesa Civil. IV. Título.

CDU 912(813.5)
Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

APRESENTAÇÃO

O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais é um produto de pesquisa resultado do Nas últimas décadas os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das popu-
acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Uni- lações. Há um aumento considerável não só na freqüência e intensidade, mas também nos impactos gerados,
versitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universidade Federal de San- com danos e prejuízos cada vez mais intensos.
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais é um produto de pesquisa resultado do acordo de cooperação entre a
ta Catarina.
Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres da Universi-
A pesquisa teve por objetivo compilar e disponibilizar informações sobre os re-
dade Federal de Santa Catarina.
gistros de desastres ocorridos em todo o território nacional nos últimos 20 anos A pesquisa teve por objetivo compilar e disponibilizar informações sobre os registros de desastres ocorridos em
(1991 a 2010), por meio da publicação de 26 Volumes Estaduais e um Volume todo o território nacional nos últimos 20 anos (1991 a 2010), por meio da publicação de 26 Volumes Estaduais e
Brasil. um Volume Brasil.
O levantamento dos registros históricos, derivando na elaboração dos mapas te- O levantamento dos registros históricos, derivando na elaboração dos mapas temáticos e na produção do Atlas,
máticos e na produção do Atlas, é relevante na A construção de uma nova realida- é relevante na medida em que viabiliza construir um panorama geral das ocorrências e recorrências de desastres
de para a Defesa Civil no Brasil, principalmente no que se refere à política de redu- no país e suas especificidades por Estado. Possibilita, assim, subsidiar o planejamento adequado em gestão de
risco e redução de desastres, a partir da análise ampliada abrangendo o território nacional, dos padrões de frequ-
ção de riscos, requer conhecer os fenômenos e os desastres que nosso território
ência observados, dos períodos de maior ocorrência, das relações destes eventos com outros fenômenos globais
está sujeito. Para nos prepararmos, precisamos saber os perigos que enfrentamos.
e da análise sobre os processos relacionados aos desastres no país.
O levantamento de informações e a caracterização do cenário nacional de desas- O Brasil não possuía, até o momento, bancos de dados sistematizados e integrados sobre as ocorrências de
tres é uma necessidade antiga, compartilhada por todos que trabalham com De- desastres e, portanto, não disponibilizava aos profissionais e aos pesquisadores informações processadas acerca
fesa Civil. A concretização do referido levantamento contou com a participação de destes eventos, em séries históricas.
todos os estados e da academia. A cada dia fica mais evidente que a colaboração Este Atlas é o primeiro trabalho em âmbito nacional realizado com a participação de 14 pesquisadores para recolher
entre os atores envolvidos (DF, estados e municípios) é essencial para o alcance de dados oficiais nos 26 Estados e no Distrito Federal do Brasil e envolveu um total de 53 pessoas para a produção
objetivos comuns. deste. As informações apresentadas foram retiradas de documentos oficiais nos órgãos estaduais de Defesa Civil,
Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil, Arquivo Nacional e Imprensa Nacional.
A ampla pesquisa realizada e materializada pela publicação deste Atlas teve como
A proposta de desenvolver um trabalho desta amplitude mostra a necessidade premente de informações que
objetivo corrigir essa falta de informações. O conhecimento gerado poderá bene-
ofereçam suporte às ações de proteção civil. O foco do trabalho consiste na caracterização dos vários desastres
ficiar os interessados no assunto, a partir dos mais diversos propósitos, e estará em enfrentados pelo país nas duas últimas décadas.
constante desenvolvimento e melhoria. Este volume apresenta os mapas temáticos de ocorrências de desastres naturais do Estado de Alagoas,
Finalmente, deixo aqui expresso meu sincero agradecimento a todos aqueles que referente a 742 documentos compulsados, que mostram, anualmente, os riscos relacionados a estiagens
de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho que a Secretaria e secas, inundações bruscas e outros eventos naturais adversos.
Nacional de Defesa Civil, em cooperação com a Universidade Federal de Santa Nele, o leitor encontrará informações relativas aos totais de registros dos desastres naturais recorrentes
Catarina, apresenta para a sociedade brasileira. no Estado, espacializados nos mapas temáticos dos eventos adversos, que, juntamente com a análise de
infográficos com registros anuais, gráficos de danos humanos, frequências mensais das ocorrências e de

médias de precipitação, permitem uma visão global dos desastres em Alagoas, de forma a subsidiar o
Secretário Humberto Viana
planejamento e a gestão das ações de minimização no Estado.
Secretário da Secretaria Nacional de Defesa Civil
Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr.
Coordenador Geral CEPED UFSC
EXECUÇÃO DO ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

Coordenação do projeto Geoprocessamento Priscila Stahlschmidt Moura


Professor Antônio Edésio Jungles, Dr. Professor Carlos Antonio Oliveira Vieira, Dr. Renato Zetehaku Araujo
Renato Zetehaku Araujo Thiago Hülse Carpes
Supervisão do projeto Thiago Linhares Bilck
Professor Rafael Schadeck, Ms. - Geral Revisão bibliográfica e ortográfica Vinícius Neto Trucco
Jairo Ernesto Bastos Krüger - Adjunto Graziela Bonin Vlade Dalbosco
Pedro Paulo de Souza
Equipe de elaboração do atlas Equipe de apoio
Bruna Alinne Clasen Revisão do conteúdo Eliane Alves Barreto
Daniela Prá S. de Souza Gerly Mattos Sánchez Juliana Frandalozo Alves dos Santos
Diane Guzi Mari Angela Machado Lucas Martins
Drielly Rosa Nau Michely Marcia Martins Paulo Roberto dos Santos
Evandro Ribeiro Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Valter Almerindo dos Santos
Frederico de Moraes Rudorff
Gerly Mattos Sánchez Equipe de campo, coleta e tratamento de dados
Lucas dos Santos Carolinna Vieira de Cisne
Mari Angela Machado Daniel Lopes Gonçalves
Michely Marcia Martins Daniela Prá S. de Souza
Patricia de Castilhos Drielly Rosa Nau
Regiane Mara Sbroglia Bruno Neves Meira
Rita de Cassia Dutra Érica Zen
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Fabiane Andressa Tasca
Fernanda Claas Ronchi
Projeto Gráfico Filipi Assunção Curcio
Alex-Sandro de Souza Gabriel Muniz
Douglas Araújo Vieira Gerly Mattos Sánchez
Eduardo Manuel de Souza Karen Barbosa Amarante
Marcelo Bezzi Mancio Larissa Dalpaz de Azevedo
Larissa Mazzoli
Diagramação Laura Cecilia Müller
Alex-Sandro de Souza Lorran Adão Cesarino da Rosa
Annye Cristiny Tessaro (Lagoa Editora) Lucas Soares Mondadori
Douglas Araújo Vieira Lucas Zanotelli dos Santos
Eduardo Manuel de Souza Michely Marcia Martins
José Antônio Pires Neto Monique Nunes de Freitas
Marcelo Bezzi Mancio Nathalie Vieira Foz
Patricia Carvalho do Prado Nogueira
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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema do registro de desastres Trocar figura-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------11


Figura 2 - Hierarquização de Documentos-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------11
Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12
Figura 4 - Canion do Rio São Francisco, no município de Delmiro Gouveia, Estado de Alagoas--------------------------------------------------------------------------------------------------------------17
Figura 5 - Município de Penedo às margens do Rio São Francisco--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
Figura 6 - Artesanato do Pontal da Barra, no Estado de Alagoas-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
Figura 7 - Rio São Francisco, no município de Piranhas, Estado de Alagoas-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
Figura 8 - Orla da Pajuçara, no município de Maceió, Estado de Alagoas----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
Figura 9 - Rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, Estado de Alagoas-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------20
Figura 10 - Estiagem prolongada no município de Água Branca (decretado estado de emergência duas vezes no ano de 2007)----------------------------------------------------------------------------25
Figura 11 - Seca no Estado de Alagoas----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------25
Figura 12 - Reflexos na vegetação da estiagem prolongada no município de Minador do Negrão-----------------------------------------------------------------------------------------------------------28
Figura 13 - Óbito de um gado pela estiagem prolongada no município de Traipu----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------28
Figura 14 - 18 de janeiro de 2004. a) imagem de radar as 15hrs e b) imagem GOES no canal vapor d’água as 15hrs---------------------------------------------------------------------------------------29
Figura 15 - 20 de janeiro de 2004. a) imagem de radar as 15hrs e b) imagem GOES no canal vapor d’água as 15hrs---------------------------------------------------------------------------------------29
Figura 16 - Classificação Pluviométrica do Estado de Alagoas -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------33
Figura 17 - Helicóptero do SAMU sobrevoando áreas alagadas no Estado de Alagoas-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------33
Figura 18 - Inundação gradual (enchente) do Rio Mundaú, no Estado de Alagoas----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------36
Figura 19 - Inundação gradual no Estado de Alagoas-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------36
Figura 20 - Inundação gradual (enchente) do Rio Mundaú, no Estado de Alagoas----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------36
Figura 21 - Inundação gradual (enchente) do Rio Mundaú, no Estado de Alagoas----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------37
Figura 22 - Avanço do mar na área urbana do litoral de Alagoas-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------43

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Total dos danos humanos ocasionados por desastres relacionados a estiagens e secas, no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------27
Gráfico 2 - Frequência mensal das Estiagens e Secas em Alagoas, no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------------------28
Gráfico 3 - Média de precipitações pluviométricas no ano 2000-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------31
Gráfico 4 - Média de precipitações pluviométricas no ano 2009-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------31
Gráfico 5 - Média de precipitações pluviométricas no ano 2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------32
Gráfico 6 - Frequência mensal das Inundações Bruscas em Alagoas, no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------32
Gráfico 7 - Total de registros de danos humanos por inundações graduais no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------33
Gráfico 8 - Frequência mensal dos desastres naturais por inundação gradual no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010-----------------------------------------------------------------------------36
Gráfico 9 - Médias mensais de precipitação, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Alagoas, ano de 2004----------------------------36
Gráfico 10 - Médias mensais de precipitação, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Alagoas, ano de 2010---------------------------37
Gráfico 11 - Total de registros de danos humanos por inundações graduais no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------37
Gráfico 12 - Frequência mensal da erosão fluvial no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------40
Gráfico 13 - Frequência mensal da erosão linear no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------40
Gráfico 14 - Frequência mensal dos desastres naturais por erosão marinha no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------43
Gráfico 15 - Total de danos humanos causados por Erosão Marinha no Estado de Alagoas, no período de 1991 a 2010-----------------------------------------------------------------------------------43
Gráfico 16 - Percentagem dos desastres naturais mais recorrentes no Estado de Alagoas, durante o período de 1991 a 2010-----------------------------------------------------------------------------47
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Gráfico 17 - Frequência Mensal dos desastres naturais mais recorrentes de Alagoas, no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------47
Gráfico 18 - Municípios alagoanos mais atingidos, classificados pelo maior número de registros por desastres naturais, no período de 1991 a 2010----------------------------------------------------47
Gráfico 19 - Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as décadas de 1990 e 2000--------------------------------------------------------------------------------------------------------51
Gráfico 20 - Total de registros coletados entre 1991 e 2010----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------51

LISTA DE INFOGRÁFICOS

Infográfico 1 – Municípios atingidos por estiagens e secas----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------26


Infográfico 2 - Municípios atingidos por inundações bruscas-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------31
Infográfico 3 - Municípios atingidos por Inundação Gradual---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------35
Infográfico 4 – Municípios atingidos por Erosão linear---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------40
Infográfico 5 - Municípios atingidos por Erosão fluvial---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------40
Infográfico 6 – Municípios atingidos por Erosão Marinha------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------41

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 – Político do Estado de Alagoas Erro! Indicador não definido-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------16


Mapa 2 - Desastres naturais causados por estiagem e seca em Alagoas no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------------24
Mapa 3 - Desastres naturais causados por inundação brusca em Alagoas no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------30
Mapa 4 - Desastres naturais causados por inundação gradual em Alagoas no período de 1991 a 2010-----------------------------------------------------------------------------------------------------34
Mapa 5 - Desastres naturais causados por erosão fluvial e linear em Alagoas no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------38
Mapa 6 - Desastres naturais causados por erosão marinha em Alagoas no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------------------42
Mapa 7 - Registro de desastres naturais por município de Alagoas de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------46

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------12


Tabela 2 - População e Densidade Demográfica segundo as Grandes Regiões do Brasil: dados em milhões de pessoas-----------------------------------------------------------------------------------18
Tabela 3 - População dos Censos Demográficos – Brasil, Região Nordeste e Alagoas - 2000/2010----------------------------------------------------------------------------------------------------------18
Tabela 4 - População nos Censos Demográficos, segundo a Região Nordeste e Unidades da Federação - 2000/2010--------------------------------------------------------------------------------------19
Tabela 5 - Produto Interno Bruto per Capita - Brasil, Região Nordeste e Alagoas - 2004/2007---------------------------------------------------------------------------------------------------------------19
Tabela 6 - Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Nordeste e Unidades da Federação - 2007------------------------------------------------------------------------------------------------19
Tabela 7 - Domicílios Urbanos com carência de infraestrutura, segundo - Brasil, Região Nordeste e Alagoas - 2007---------------------------------------------------------------------------------------19
Tabela 8 - Renda Média Familiar: Brasil, Nordeste e Alagoas - 2007-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------19
Tabela 9 - Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribuição percentual, por grupos de anos de estudo - Brasil, Região Nordeste e Alagoas----------------------------------------20
Tabela 10 - Taxa de fecundidade total, taxa bruta de natalidade, taxa bruta de mortalidade, taxa de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil, Região Nordeste e Alagoas – 2009-----------20
Tabela 11 - Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Alagoas, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------48
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SUMÁRIO

10

14

23

ESTIAGEM E SECA 24

INUNDAÇÃO BRUSCA 29

INUNDAÇÃO GRADUAL 34

38

41

44

50
10
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Fonte: Praia do Gunga, Alagoas. Foto de Neno Canuto


INTRODUÇÃO 11
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

INTRODUÇÃO O Relatório de Danos foi um documento para registro do Ministério da Integração Nacional e Secretaria Nacional de
oficial utilizado pela Defesa Civil até meados de 1990, sendo Defesa Civil, por meio de consulta de palavras-chave “desastre”,
No Brasil, as informações oficiais sobre um desastre substituído, posteriormente, pelo AVADAN. Os documentos são “situação de emergência” e “calamidade”.
podem ocorrer pela emissão de dois documentos distintos, não armazenados em meio físico, sendo o arquivamento dos mesmos
obrigatoriamente dependentes: o Formulário de Notificação responsabilidade das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Tratamento dos Dados
Preliminar de Desastre (NOPRED) e/ou o Formulário de Avaliação A relevância da pesquisa refere-se à importância que
de Danos (AVADAN). Quando um município encontra-se em deve ser dada ao ato de registrar e armazenar, de forma precisa, Para compor a base de dados do Atlas Brasileiro de Desastres
situação de emergência ou calamidade pública, um representante integrada e sistemática, os eventos adversos ocorridos no país. e a fim de evitar a duplicidade de registros, os documentos foram
da Defesa Civil do município preenche o documento e o envia Até o momento da pesquisa não foram evidenciados bancos de selecionados de acordo com a escala de prioridade da Figura 2.
simultaneamente para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil dados ou informações sistematizadas sobre o contexto brasileiro
e para a Secretaria Nacional de Defesa Civil. de ocorrências e controle de desastres no Brasil. Figura 2 – Hierarquização de Documentos

Após a emissão de um dos dois documentos, ocorre a oficia- Assim, a pesquisa justifica-se pela construção pioneira
lização da ocorrência do desastre por meio de um Decreto Municipal do resgate histórico e ressalta a importância dos registros pelos
exarado pelo Prefeito. Quando não é possível preencher um dos dois órgãos federais, distrital, estaduais e municipais de Defesa Civil,
documentos, o Prefeito Municipal pode oficializar a ocorrência de um para que estudos abrangentes e discussões sobre as causas e
desastre diretamente pela emissão do Decreto. intensidade dos desastres possam contribuir para a construção
Em seguida, ocorre a homologação do Decreto pela divulga- de uma cultura de proteção civil.
ção de uma Portaria no Diário Oficial da União, emitida pelo Secretário
Nacional de Defesa Civil ou Ministro da Integração Nacional, como Levantamento de Dados
forma de tornar pública e reconhecida uma situação de emergência
ou um estado de calamidade pública. A Figura 1 ilustra o processo de Entre outubro de 2010 a maio de 2011, pesquisadores
informações para a oficialização de um registro de um desastre. do CEPED UFSC visitaram as 26 capitais brasileiras para obter os
documentos oficiais de registros de desastres disponibilizados
Figura 1 - Esquema do registro de desastres
pelas Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Os Fonte: Própria pesquisa, 2011.
pesquisadores também foram à Secretaria Nacional de Defesa
Civil para coletar os registros arquivados. Primeiramente, todas Os documentos selecionados foram nomeados com base
as Coordenadorias Estaduais receberam um ofício da Secretaria em um código formado por 5 campos (Figura 3), que permitem a
Nacional de Defesa Civil comunicando o início da pesquisa e identificação da:
1 – Unidade Federativa
solicitando a cooperação no levantamento dos dados.
2 – Tipo do documento:
Como na maioria dos Estados os registros são realizados
A – AVADAN
em meio físico e arquivados, os pesquisadores utilizaram como N – NOPRED
equipamento de apoio um scanner portátil para transformar em R – Relatório de danos
meio digital os documentos disponibilizados. Foram digitalizados P – Portaria
os documentos datados entre 1991 e 2010, possibilitando o D – Decreto municipal ou estadual
resgate histórico dos últimos 20 anos de registros de desastres O – Outros documentos (tabelas, ofícios, etc.)
no Brasil. Os documentos oficiais encontrados consistem em 3 – Código do município estabelecido pelo IBGE
4 – Codificação de desastres, ameaças e riscos (CODAR)
relatório de danos, AVADANs, NOPREDs, decretos e portarias.
5 - Data de ocorrência do desastre (ano/mês/dia).
Como forma de minimizar as lacunas de informações Quando não possível identificar refere-se a data de homologação
Fonte: Própria pesquisa, 2011. foram coletados documentos em arquivos e banco de dados do decreto ou elaboração do relatório.
INTRODUÇÃO
12
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados Esses desastres foram classificados em treze grupos, A fim de identificar discrepâncias nas informações,
e, ao agrupar alguns deles, os registros foram somados. Foi erros de digitação e demais falhas no processo de
considerada para este agrupamento a classificação quanto transferência de dados, foram criados filtros de controle
à origem dos desastres determinada pela Codificação de para verificação dos mesmos:
Desastres, Ameaças e Riscos (CODAR), desenvolvida pela 1 - De acordo com a ordem de prioridade apresentada
Fonte: Própria pesquisa, 2011.
Defesa Civil Nacional. na Figura 2, os documentos referentes ao mesmo evento,
As informações presentes nos documentos do banco emitidos com poucos dias de diferença, foram excluídos
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais considera como de dados foram manualmente tabuladas em planilhas para
para evitar a duplicidade de registros;
fonte de informações os documentos oficiais relativos aos permitir a análise e interpretação de forma integrada.
2 – Os danos humanos foram comparados com
dezenove tipos de desastres naturais mencionados na Tabela 1, O processo de validação dos documentos oficiais foi realizado
a população do município registrada no documento
considerados os principais eventos incidentes no país. juntamente com as Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil, por
(AVADAN) para identificar discrepâncias ou incoerências de
intermédio da Secretaria Nacional de Defesa Civil, com o objetivo de
informações. Quando identificada uma situação discrepante,
garantir a representatividade dos registros de cada Estado.
Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem adotou-se como critério não considerar a informação na
amostra, informando os dados não considerados na análise
dos documentos. A pesquisa não modificou os valores
1 - Estiagens e secas julgados como discrepantes.

12302 O levantamento de dados para o Estado do Alagoas


Enxurradas ou inundações bruscas
2 - Inundação Brusca identificou 1230 documentos, sendo:

3 - Inundação gradual 12301 Enchentes ou inundações graduais


Quadro 1 – Total de documentos do Estado de Alagoas
4 - Granizos 12205 Granizo
AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total
5 - Geadas 12206 322 41 0 306 529 32 1230
6 - Vendavais 12101 Geadas Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011.

12102 Vendavais muito intensos ou ciclones extratropicais


7 - Ciclones Após o processo de verificação de duplicidades, recorte
12103 Vendavais extremamente intensos, furacões, tufões ou ciclones tropicais.
histórico dos últimos 20 anos (1991-2010) e seleção dos tipos de
8 - Tornados
desastres considerados (Tabela 1) os documentos totalizaram
9 - Incêndios Florestais 12404 Incêndios florestais das estações estivais
742 registros de desastres, sendo:
13301 Escorregamentos ou deslizamentos

13302 Corridas de massa Quadro 2 – Total de documentos considerados


10 - Movimentos de massa
13303 Rastejos AVADAN NOPRED Relatório Decreto Portaria Outros Total
314 36 0 115 276 1 742
13304 Quedas, tombamentos e/ou rolamentos de matacões e/ou rochas
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011.
12- Erosão Linear 13306 Erosão Linear
12-
13 Erosão Fluvial 13308 Erosão fluvial
Não foram identificados dados discrepantes para o Estado
13-
14 Erosão Marinha 13309 Erosão Marinha
de Alagoas, assim não houve a necessidade de desconsiderar dados.
Fonte: Defesa Civil Nacional. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
INTRODUÇÃO
13
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Produção de Mapas Temáticos A análise apresenta uma descrição do contexto onde os


eventos ocorreram e permitem subsidiar os órgãos competentes
Com o objetivo de possibilitar a análise dos dados, para ações de prevenção e reconstrução. Assim, o Atlas
foram desenvolvidos mapas temáticos para espacializar e Brasileiro de Desastres Naturais consiste em uma fonte para
representar a ocorrência dos eventos. Utilizou-se a base de pesquisas e consultas, pois reúne informações sobre os eventos
dados georreferenciada do Instituto Brasileiro de Geografia e adversos registrados no território nacional o que contribui para
Estatística (IBGE, 2005), como referência para a produção dos a construção de conhecimento.
mapas. Assim, os mapas que compõem a análise dos dados por
Estado, são: Limitações da pesquisa
- Mapa Político do Estado;
- Mapas temáticos para cada tipo de desastre; As principais dificuldades encontradas na pesquisa,
- Mapa temático com o total de registros no Estado. foram: as condições de acesso, as lacunas de informações por
mau preenchimento, banco de imagens e referencial teórico
Análise dos Dados para a caracterização geográfica de cada Estado, além da
armazenagem inadequada dos formulários, muitos guardados
A partir dos dados coletados para cada Estado, foram em locais sujeitos a fungos e à umidade.
desenvolvidos mapas, gráficos e tabelas que possibilitaram Por meio da realização da pesquisa, evidenciaram-se
construir um panorama espaço-temporal sobre a ocorrência de algumas fragilidades quanto ao processo de gerenciamento das
desastres. Quando encontradas fontes teóricas que permitissem informações sobre os desastres brasileiros, como:
caracterizar os aspectos geográficos do Estado, como clima, • A ausência de unidades e campos padronizados para
vegetação e relevo, as análises puderam ser complementadas. as informações declaradas pelos documentos;
Os aspectos socioeconômicos do Estado também compuseram • Ausência de sistema de coleta sistêmica e
uma fonte de informações sobre as características locais. armazenamento dos dados;
A análise consiste na breve caracterização dos aspectos • Cuidado quanto ao registro e integridade histórica;
geográficos do Estado, avaliação dos registros de desastres e • Dificuldades na interpretação do tipo de desastre
avaliação dos danos humanos relativos às ocorrências, com a pelos responsáveis pela emissão dos documentos;
utilização de mapas e gráficos para elucidar a informação. Assim, • Dificuldades de consolidação, transparência e acesso
as informações do Atlas são apresentadas em três capítulos: aos dados.
Capítulo 1 – Apresentação do Estado, mapa político, Cabe ressaltar que o aumento do número de registros a
aspectos geográficos e demográficos; cada ano pode estar relacionado à evolução dos órgãos de Defesa
Capítulo 2 – Análise dos desastres naturais do Estado Civil quanto ao registro de desastres nos documentos oficiais.
entre 1991-2010, mapas temáticos e análise de cada desastre Assim, acredita-se que pode haver carência de informações sobre
ocorrido, gráficos relacionados aos registros de desastres e os desastres ocorridos no território nacional, principalmente entre
danos humanos; 1991 e 2001, período anterior ao formulário AVADAN.
Capítulo 3 – Diagnóstico dos desastres naturais no
Estado, mapa temático contendo todos os registros desastres
ocorridos entre 1991-2010 e gráficos de todos os desastres
recorrentes.
15

O Estado
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

de Alagoas

Fonte: Secretaria de Turismo de Alagoas


16 O ESTADO DE ALAGOAS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 1 - POLÍTICO DO ESTADO DE ALAGOAS


38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo Campestre Jacuípe

Ibateguara Colônia Leopoldina Novo Lino Maragogi


Jundiá
9°S 9°S
São José da Laje Porto Calvo
Mata Grande
Matriz de Camaragibe
Japaratinga
Joaquim Gomes
Canapi Santana do Mundaú União dos Palmares
Ouro Branco
Porto de Pedras

Pariconha Maravilha Chã Preta Branquinha São Miguel dos Milagres


FlexeirasSão Luís do Quitunde
Água Branca Inhapi Passo de Camaragibe
Murici
Poço das Trincheiras Quebrangulo
Minador do Negrão
SERTAO ALAGOANO Capela Messias
Santana do Ipanema Paulo Jacinto Viçosa
Senador Rui Palmeira Dois Riachos Estrela de Alagoas Cajueiro Barra de Santo Antônio
Delmiro Gouveia
Palmeira dos Índios
Olho D'Água do Casado Cacimbinhas LESTE ALAGOANO Paripueira
Carneiros Mar Vermelho Pindoba Rio Largo
Olivença
Olho D'Água das Flores Atalaia Maceió
Piranhas São José da Tapera Major Isidoro Igaci Belém Tanque D'Arca
Maribondo
Satuba
Monteirópolis
Pilar Santa Luzia do Norte
Craíbas Coité do Nóia Taquarana
Coqueiro Seco

O
Jacaré dos Homens Jaramataia Anadia
Pão de Açúcar AGRESTE ALAGOANO Boca da Mata

IC
Palestina
B
B aa hh ii aa Batalha
Limoeiro de Anadia
Marechal Deodoro
Arapiraca São Miguel dos Campos

T
Girau do Ponciano

N
Belo Monte Lagoa da Canoa Campo Alegre Barra de São Miguel

Â
Junqueiro
Roteiro

L
Traipu Feira Grande

T
Jequiá da Praia

A
Campo Grande São Sebastião Teotônio Vilela

10°S

O
MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE ALAGOAS NO BRASIL 10°S

N
Olho D'Água Grande
70°W 40°W Coruripe

A
São Brás Porto Real do Colégio

E
Igreja Nova

C
O
0° Penedo
Convenções
Feliz Deserto
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee Piaçabuçu
Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


30°S a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
1:75000000
38°W 37°W 36°W 35°W
O ESTADO DE ALAGOAS 17
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

O ESTADO DE ALAGOAS litoral, planaltos ao norte e depressão ao centro (COSTA, 2006). Cerca
de 86% do território alagoano se encontra abaixo de 300 metros de Figura 4 - Canion do Rio São Francisco, no município de Delmiro Gouveia,
Estado de Alagoas
Caracterização Geográfica e Dados Demográficos altitude e 61% abaixo de 200 metros e apenas 1% fica acima de 600
metros (AMORIM et al., 2010). A maior parte do Estado, portanto,
O Estado de Alagoas localiza-se no nordeste brasileiro, entre compõe uma formação aplainada de relevo predominantemente
os paralelos 08º48’47’’S e 10°30’09’’S e os meridianos 35°09’09’’W suave, com ondulações e poucos picos e serras.
e 38°14’27’’W. Com uma área territorial de 27.779,343 km², é o 2° A cobertura vegetal está diretamente relacionada com
menor Estado brasileiro em dimensões territoriais, correspondente as condições climáticas e edáficas da região (FERREIRA, 1999).
a 0,33% do tamanho do Brasil, e 1,79% da região nordeste. Limita- A vegetação litorânea do Estado de Alagoas caracteriza-se por
se ao norte com o Estado de Pernambuco; ao sul, com o Estado ter grande número de regiões estuarinas e lagunares, as quais
de Sergipe, com o Rio São Francisco como divisor; a leste, com o apresentam áreas consideráveis ocupadas pelo ecossistema
Oceano Atlântico e a oeste, com os Estados da Bahia e Pernambuco. manguezal (SALLES, 1995 apud CORREIA; SOVIERZOSKI, 2010). A
De acordo com as características geográficas, Alagoas Floresta Ombrófila Densa, formação florística que recobre todo o
se divide em três Mesorregiões: Leste Alagoano ou Zona da litoral do Estado, constitui-se por uma vegetação de grande porte (20-
Mata, o Agreste Alagoano e o Sertão Alagoano, conforme 30 m) que praticamente foi extinta pelo desmatamento (FERREIRA,
apresenta o Mapa 1 (Político do Estado de Alagoas). 1999). Na porção central, o Agreste representa a formação florística
O clima no Estado de Alagoas, por sua vez, se divide predominante, junto com áreas de transição entre o clima úmido e
conforme as delimitações das três mesorregiões (NASCIMENTO; o clima mais seco, onde se encontram algumas espécies da Mata
XAVIER, 2010). As temperaturas médias anuais variam de 22°C a Atlântica e da Caatinga (COSTA, 2006). A formação de Caatinga é
26°C, com exceção de algumas áreas serranas. No entanto, o que observada a oeste do Estado, no Sertão Alagoano, intercaladas com
mais caracteriza a região, quanto à precipitação, é a irregularidade vegetações antrópicas e pastos cobertos por espécies nativas de
da distribuição das chuvas, principalmente no sertão (BRASIL, 1983). pequeno porte – cajueiros, umbuzeiros e juazeiros, porém de forma
Cerca de 48% do Estado é bem revestido de um mosaico espaçada (ELETROBRÁS, 2008).
edafoclimático, cortado por uma rica base hidrográfica. O clima de A região nordeste do Brasil, onde Alagoas se insere, é
Alagoas é bem diversificado, ocorrendo precipitações elevadas na a segunda região mais populosa do país, com uma densidade
faixa litorânea (em torno de 1.800mm), tornando-se bem mais escassas demográfica de 34,15 hab./km² (Tabela 2). A taxa de crescimento de
à medida que adentra no interior do Estado. Segundo os dados da 11,18%, no período de 2000/2010, ficou abaixo da média nacional,
Diretoria de Hidrometeorologia da Secretaria de Estado do Meio situando-se em terceira posição com relação às outras regiões do
Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas (SEMARHN/AL, apud Brasil. Essa diferença de crescimento populacional com relação a
NASCIMENTO e XAVIER, 2010), o tempo e o clima são influenciados outras regiões decorre do atraso econômico, por consequência do
principalmente pelos sistemas meteorológicos Zona de Convergência processo migratório para outras regiões mais desenvolvidas e para
Intertropical e Ondas de Leste o que nos leva a considerar uma região áreas de expansão de fronteiras. Outra dimensão da migração é a
de grande variabilidade nos índices pluviométricos. rural-urbana dentro da região, fazendo com que a taxa de urbanização
Alagoas possui uma faixa costeira de 230 km de extensão, do nordeste seja elevada (73,13%), embora menor que as regiões Sul
formada por tabuleiros areníticos e colinas (menores que 100m), e Sudeste e a média do Brasil. A produção agropecuária, baseada na
para onde os rios de embocaduras afogadas convergem e originam grande propriedade, expulsa a população do campo para as cidades,
os brejos e lagoas que dão nome ao Estado (ELETROBRÁS, 2008). principalmente para as três maiores – Salvador, Recife e Fortaleza
Apresenta um relevo de planícies com terrenos arenosos no – onde predomina um processo de industrialização e de oferta de Fonte: Secretaria de Turismo de Alagoas, foto de Jannyne Barbosa.
18 O ESTADO DE ALAGOAS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

serviços urbanos que atraem boa parte da população rural e urbana Distribuição de Renda Familiar no Estado de Alagoas pode ser vista pelos percentuais
de outros estados da região nordeste, provocando um processo de de analfabetos (27,2%), de analfabetos funcionais, ou
concentração intrarregional. No Estado de Alagoas, as desigualdades sociais seja, pessoas com até 3 anos de estudos (18,7%), e os
No Estado de Alagoas, habita uma população de expressas pela concentração de renda familiar mensal são de baixa escolaridade (23,2%), compondo um indicador
3.120.922 pessoas, distribuídas em 102 municípios e tem como maiores que as médias da Região Nordeste do Brasil: 96,4% formado pelos sem escolaridade, com muito baixa e baixa
capital Maceió, localizada no litoral alagoano. Apresentou uma
das famílias recebem apenas até 3 salários. Enquanto a escolaridade, que na soma corresponde a 69,1% do total da
taxa de crescimento de 10,57% no período de 2000 a 2010, e
média no Brasil é de 89,4% e na Região Nordeste, 95,9% população. Neste aspecto, o Estado de Alagoas continua
uma densidade demográfica de 113,72 hab./km² (Tabelas 3 e 4).
(Tabela 8). sendo o mais atrasado quanto aos indicadores da Região
A produção econômica é fortemente concentrada na atividade
açucareira e na pecuária, com muito pouca diversificação em Nordeste e muito mais atrasado do que a média brasileira
outras atividades e baixo vínculo dessas atividades com emprego. Escolaridade (Tabela 9).

Produto Interno Bruto A média de anos de estudo do segmento etário que Esperança de Vida ao Nascer³
compreende as pessoas acima de 25 anos ou mais de idade
O PIB¹ per capita do Estado de Alagoas, segundo dados, revela a escolaridade de uma sociedade. No Estado de Alagoas, a situação mais grave é a altíssima
cresceu 57%, entre 2004 a 2007, muito mais que a região nordeste A precariedade do indicador de escolaridade taxa de mortalidade infantil, que é 46,4%, representando mais
(33%) e a média do Brasil (35%). Por outro lado, o PIB per capita de
Alagoas - R$ 5.638,57 – é menor que a média regional - R$ 6.491,23 - Tabela 2 - População dos Censos Demográficos – Brasil, Região Nordeste e Alagoas - 2000/2010
e muito menor que a média nacional - R$ 14.465,00, correspondendo
a um percentual de apenas 39% desta última média. O PIB per capita Dados Demográficos em Milhões de Pessoas Taxa de Urbanização
de Alagoas é o 3º mais baixo da região, ficando à frente somente os Abrangência Geográfica
Taxa de Taxa de Pop. Taxa de Pop. Rural
Estados de Maranhão e Piauí (Tabela 5 e 6). População em 2000 População em 2010
Crescimento Urbana 2010 2010

Indicadores Sociais Básicos Brasil 169.799.170 190.732.694 12,33% 84,36% 15,70%


Região Nordeste 47.741.711 53.078.137 11,18% 73,13% 27,20%
Alagoas 2.822.621 3.120.922 10,57% 73,64% 26,36%
Carência de Infraestrutura Urbana
Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE, 2010)
Pesquisa da Fundação João Pinheiro (BRASIL, 2007) mostra
que, no Estado de Alagoas, o acesso dos domicílios urbanos à Tabela 3 - População e Densidade Demográfica segundo as Grandes Regiões do Brasil: dados em milhões de pessoas
infraestrutura é muito precário, correspondendo a 64,8% dos
domicílios com carência de infraestrutura básica². Esse dado
representa percentualmente quase o dobro apresentado na Região
Taxa de Densidade
Nordeste e quase três vezes do existente no Brasil (Tabela 8). Taxa de Pop.
Grandes Regiões População em 2000 População em 2010 Crescimento Demográfica
Urbana - 2010
2000 a 2010 (2010) (hab/km²)
¹ PIB - Produto Interno Bruto: Total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produtoras resi-
dentes destinados ao consumo final sendo, portanto, equivalente à soma dos valores adicionados
pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos, líquidos de subsídios, sobre produtos.
BRASIL 169.799.170 190.732.694 12,33% 22,43 84,36%
² Os indicadores de carência de infraestrutura básica, segundo FJP, incluem o não acesso a
banheiro na moradia, adensamento excessivo e cobertura inadequada dos serviços de abasteci- Região Norte 12.900.704 15.865.678 22,98% 4,13 73,53%
mento de água, energia elétrica, esgoto sanitário e coleta de lixo. Região Nordeste 47.741.711 53.078.137 11,18% 34,15 73,13%
³ No Brasil, o aumento de esperança de vida ao nascer em combinação com a queda do nível Região Sudeste 72.412.411 80.353.724 10,97% 86,92 92,95%
geral de fecundidade resulta no aumento absoluto e relativo da população idosa. A taxa de Região Sul 25.107.616 27.384.815 9,07% 48,58 84,93%
fecundidade total corresponde ao número médio de filhos que uma mulher teria no final do
seu período fértil, essa taxa no Brasil nas ultimas décadas vem diminuindo, sua redução reflete Região Centro-Oeste 11.636.728 14.050.340 20,74% 8,75 88,81%
a mudança que vem ocorrendo no Brasil em especial com o processo de urbanização e com a
entrada da mulher no mercado de trabalho.
Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE, 2010)
O ESTADO DE ALAGOAS 19
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Tabela 4 - População nos Censos Demográficos, segundo a Região Nordeste e Unidades da Federação - 2000/2010 que o dobro da mesma taxa no Brasil e cerca de 1/3 a mais que
Taxa de a taxa do Nordeste. Um segundo aspecto relevante refere-se
Dados Demográficos em Milhões de Pessoas
Urbanização à baixa esperança de vida ao nascer, mais dos homens do que
Densidade Taxa de das mulheres, e aproximadamente cinco anos a menos que a
Abrangência Geográfica
Demográfica Taxa de Pop.
População em 2000 População em 2010 Crescimento média nacional (Tabela 10).
(2010) Urbana - 2010
2000-2010 De maneira geral, o Estado de Alagoas apresenta
(hab/km²)
BRASIL 169.799.170 190.732.694 22,4 12,33% 84,36% um quadro de indicadores demográfico, econômico e social
Região Nordeste 47.741.711 53.078.137 34,2 11,18% 73,13% muito precário se comparado aos indicadores da Região
Maranhão 5.651.475 6.569.683 19,28 16,25% 63,07% Nordeste e muito mais que os indicadores do Brasil como
Piauí 2.843.278 3.119.015 12,54 9,70% 65,77%
um todo.
Ceará 7.430.661 8.448.055 57,4 13,69% 75,09%
Rio Grande do Norte 2.776.782 3.168.133 59,43 14,09% 77,82%
Paraíba 3.443.825 3.766.834 66.78 938,00% 75,37%
Pernambuco 7.918.344 8.796.032 89,6 11,08% 80,15%
Tabela 6 - Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Nordeste
Alagoas 2.822.621 3.120.922 113,72 10,57% 73,64%
e Unidades da Federação - 2007
Sergipe 1.784.475 2.068.031 92,22 15,89% 73,51%
Bahia 13.070.250 14.021.432 25,94 7,28% 72,07% Abrangência PIB PER CAPITA EM R$
Fonte: Censo Demográfico de 2000 e 2010 (IBGE, 2010). Geográfica 2007 Percentual/Brasil
Brasil 14.465,00  35,00%
Nordeste 6.491,23 44,88%
Maranhão 4.964,00 34,32%
Tabela 5 - Produto Interno Bruto per Capita - Brasil, Região Nordeste e Alagoas - 2004/2007
Piauí 4.506,85 31,16%
Ceará 5.888,27 40,71%
PIB PER CAPITA EM R$ Rio Grande do Norte 7.303,32 50,49%
Abrangência Geográfica
Paraíba 5.889,12 40,71%
2004 2005 2006 2007 tx 2004/07 Pernambuco 7.066,75 48,85%
Brasil 10,692 11,658 12688.28 14465 35.00% Alagoas 5.638,91 38,98%
Nordeste 4,899 5,499 6029.47 6491.23 33.00% Sergipe 8.366,00 57,84%
Alagoas 3,587.90 4,150.95 4,627.90 5,638.57 57.00% Bahia 7.491,23 51,79%

Fonte: IBGE, 2007. Fonte: IBGE, 2007.

Tabela 7 - Domicílios Urbanos com carência de infraestrutura, segundo -


Tabela 8 - Renda Média Familiar: Brasil, Nordeste e Alagoas - 2007 Brasil, Região Nordeste e Alagoas - 2007

Faixas de Renda Média Familiar Mensal (em salário mínimo) Carência de


Abrangência Geográfica Abrangência Percentual
Infraestrutura
Geográfica
Até 3 3à5 5 à 10 mais de 10 Total
Brasil 89 7 3,1 1 100,00% Número Total de Domicílios
Nordeste 96 3 1 0,4 100,00%
Brasil 10.454.947,00 21,70%
Alagoas 96,4 2,7 0,2 0,7 100,00%
Nordeste 3.658.276,00 34,60%
Fonte: Déficit Habitacional no Brasil 2007 (BRASIL, 2007).
Alagoas 309.402 64,80%
Fonte: Déficit Habitacional no Brasil 2007 (BRASIL, 2007).
20 O ESTADO DE ALAGOAS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Tabela 9 -Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribuição percentual, por grupos de anos de estudo - Brasil, Região Nordeste e Alagoas Figura 7 - Rio São Francisco, no município de Piranhas, Estado de Alagoas

Pessoas de 25 anos ou mais de Idade

Distribuição Percentual por Grupos de Anos de Estudo


Total
Abrangência Geográfica Sem
(1000
instrução e 9 e 10 12 a 14 15 anos ou
pessoas) 1 a 3 anos 4 a 7 anos 8 anos 11 anos
menos de anos anos mais
1 ano
Brasil 111.952 12,90% 11,80% 24,80% 8,80% 43,00% 22,40% 4,60% 10,10%
Nordeste 29.205 23,20% 14,90% 22,20% 6,60% 42,00% 19,40% 3,10% 6,10%
Alagoas 1.646 27,20% 18,70% 23,20% 48,00% 34,00% 13,80% 2,90% 5,90%
Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009 (IBGE, 2009).

Fonte: Secretaria de Turismo de Alagoas (Foto Neno Canuto).


Tabela 10 -Taxa de fecundidade total, taxa bruta de natalidade, taxa bruta de mortalidade, taxa de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por
sexo - Brasil, Região Nordeste e Alagoas – 2009
Figura 8 - Orla da Pajuçara, no município de Maceió, Estado de Alagoas
Taxa de Taxa de
Taxa Bruta de Taxa Bruta de Esperança de Vida ao Nascer
Abrangência Geográfica Fecundidade Mortalidade
Natalidade Mortalidade
Total Infantil
Total Homens Mulheres
Brasil 1,94% 15,77% 6,27% 22,50% 73,10 69,40 77,00
Nordeste 2,04% 18,91% 6,56% 33,20% 70,40 66,90 74,10
Alagoas 2,29% 23,18% 7,00% 46,40% 67,60 63,70 71,70
Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais 2009 (IBGE, 2009).

Figura 5 - Município de Penedo às margens do Rio São Francisco Figura 6 - Artesanato do Pontal da Barra, no Estado de Alagoas

Fonte: Secretaria de Turismo de Alagoas (Foto Antonio Cavalcante).

Figura 9 - Rio São Francisco, no município de Piaçabuçu, Estado de Alagoas

Fonte: Arquivo setorial, Secretaria de Turismo de Alagoas, 2011. Fonte: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Alagoas (Foto Felipe Medeiros). Fonte: Secretaria de Turismo de Alagoas (Foto Adailson Calheiros).
O ESTADO DE ALAGOAS 21
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

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Bruto a preços de mercado per capta , segundo Grandes Regiões e
Unidades da Federação 2003 – 2007. Disponível em: <http://www.
ibge.gov.br/home/estatistica/economia/contasregionais/2003_2007/
defaulttab_esp.shtm>. Acesso em: 03 de set. 2011.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Estado


de Alagoas. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/estadosat/perfil.
php?sigla=al>. Acessado em 05 de set. 2011.
22
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas
23

Desastres Naturais
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

em Alagoas de 1991 a 2010

Fonte: Banco de Imagens


24 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 2 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR ESTIAGEM E SECA EM ALAGOAS NO PERÍODO DE 1991 A 2010
38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo Jacuípe

Ibateguara Novo Lino Maragogi


Colônia Leopoldina Jundiá
São José da Laje
9°S 9°S
Porto Calvo

Mata Grande

Matriz de Camaragibe Japaratinga


Joaquim Gomes
Canapi Santana do Mundaú União dos Palmares
Ouro Branco Porto de Pedras

Pariconha Maravilha Chã Preta Branquinha São Miguel dos Milagres


Flexeiras
Água Branca Inhapi Passo de Camaragibe
Poço das Trincheiras Murici São Luís do Quitunde
Quebrangulo
Minador do Negrão Messias
Capela
Santana do Ipanema Paulo Jacinto Viçosa
Senador Rui Palmeira Dois Riachos Cajueiro Barra de Santo Antônio
Estrela de Alagoas
Delmiro Gouveia
Palmeira dos Índios
Olho D'Água do Casado Paripueira
Cacimbinhas
Carneiros
Mar Vermelho Pindoba Rio Largo
Olivença

Olho D'Água das Flores Atalaia


Piranhas São José da Tapera Major Isidoro Igaci Belém
Maribondo
Satuba

Monteirópolis Pilar Santa Luzia do Norte


Craíbas Coité do Nóia Taquarana
Jacaré dos Homens Jaramataia
Anadia Boca da Mata
Pão de Açúcar

O
Palestina
B
B aa hh ii aa Batalha
Marechal Deodoro

IC
Limoeiro de Anadia
Arapiraca

Girau do Ponciano

T
Belo Monte Lagoa da Canoa Campo Alegre

N
Número de
Junqueiro
Roteiro

Â
Traipu Feira Grande
registros

L
T
Campo Grande São Sebastião Teotônio Vilela
1-3

A
10°S 10°S
4-6

O
Olho D'Água Grande
7-9
Coruripe

N
São Brás 10 - 12
Porto Real do Colégio

A
Igreja Nova 13 - 16

E
C
Convenções

O
Feliz Deserto
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee Piaçabuçu

Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
ESTIAGEM E SECA 25
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

DESASTRES NATURAIS EM ALAGOAS DE 1991 A 2010 meteorológico, é uma estiagem prolongada, caracterizada por de água. O porte da cobertura vegetal pode ser caracterizado,
provocar uma redução sustentada das reservas hídricas existentes ainda, como outro condicionante, pois retém umidade, reduz a
ESTIAGEM E SECA (CASTRO, 2003). evapotranspiração do solo e bloqueia a insolação direta no solo,
Na seca, para que se configure o desastre, é necessária diminuindo também a atuação do processo erosivo (GONÇALVES;
Os desastres relativos aos fenômenos de estiagens e secas uma interrupção do sistema hidrológico de forma que o fenômeno MOLLERI; RUDORFF, 2004).
compõem o grupo de desastres naturais relacionados à intensa adverso atue sobre um sistema ecológico, econômico, social e Figura 11 - Seca no Estado de Alagoas
redução das precipitações hídricas. cultural, vulnerável à redução das precipitações pluviométricas. O
O conceito de estiagem está diretamente relacionado à desastre seca é considerado, também, um fenômeno social, pois
redução das precipitações pluviométricas, ao atraso dos períodos caracteriza uma situação de pobreza e estagnação econômica,
chuvosos ou à ausência de chuvas previstas para uma determinada advinda do impacto desse fenômeno meteorológico adverso.
temporada, em que a perda de umidade do solo é superior a Desta forma, a economia local, sem a menor capacidade de gerar
sua reposição (CASTRO, 2003). A redução das precipitações reservas financeiras ou de armazenar alimentos e demais insumos,
pluviométricas relaciona-se com a dinâmica atmosférica global, é completamente bloqueada (CASTRO, 2003).
que comanda as variáveis climatológicas relativas aos índices de Figura 10 - Estiagem prolongada no município de Água Branca (decretado
precipitação pluviométrica. estado de emergência duas vezes no ano de 2007)
O fenômeno estiagem é considerado existente quando há
um atraso superior a quinze dias do início da temporada chuvosa
e quando as médias de precipitação pluviométricas mensais dos
Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual De Defesa Civil, 2011.
meses chuvosos permanecem inferiores a 60% das médias mensais
de longo período, da região considerada (CASTRO, 2003). Desta forma, situações de secas e estiagens não são
A estiagem é um dos desastres de maior ocorrência e necessariamente consequências somente de índices pluviais abaixo
impacto no mundo, devido, principalmente, ao longo período em do normal ou de teores de umidade de solos e ar deficitários.
que ocorre e a abrangência de grandes áreas atingidas (GONÇALVES; Pode-se citar como outro condicionante o manejo inadequado de
MOLLERI; RUDORFF, 2006). Assim, a estiagem, enquanto desastre, corpos hídricos e de toda uma bacia hidrográfica, resultados de
produz reflexos sobre as reservas hidrológicas locais, causando uma ação antrópica desordenada no ambiente. As consequências,
prejuízos à agricultura e à pecuária. Dependendo do tamanho da nestes casos, podem assumir características muito particulares,
cultura realizada, da necessidade de irrigação e da importância e a ocorrência de desastres, portanto, pode ser condicionada
desta na economia no município, os danos podem apresentar Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011. pelo efetivo manejo dos recursos naturais realizado na área
magnitudes economicamente catastróficas. Seus impactos na (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004).
sociedade, portanto, resultam da relação entre eventos naturais e Além de fatores climáticos de escala global, como La A estiagem e a seca são recorrentes no nordeste brasileiro,
as atividades socioeconômicas desenvolvidas na região, por isso Niña, as características geoambientais podem ser elementos por sua vez, no Estado de Alagoas, e estão relacionadas a múltiplos
a intensidade dos danos gerados é proporcional à magnitude do condicionantes na frequência, duração e intensidade dos danos e fatores condicionados pela geodinâmica terrestre em seus aspectos
evento adverso e ao grau de vulnerabilidade da economia local ao prejuízos desses desastres. As formas de relevo e a altitude da área, climáticos e meteorológicos.
evento. (CASTRO, 2003). por exemplo, podem condicionar o deslocamento de massas de Ao espacializar no Estado de Alagoas os desastres naturais
As estiagens, se comparadas às secas, são menos intensas ar, interferindo na formação de nuvens e, consequentemente, na por estiagens e secas no Mapa 2 (Desastres Naturais causados por
e caracterizam-se pela menor intensidade e por menores períodos precipitação (KOBIYAMA et al., 2006). O padrão estrutural da rede Estiagem e Seca em Alagoas, no período de 1991 a 2010), verifica-
de tempo. Assim, a forma crônica deste fenômeno é denominada hidrográfica pode ser também um condicionante físico que interfere se um total de 94 municípios afetados. Estes municípios pertencem
como seca (KOBIYAMA, et al., 2006). A seca, do ponto de vista na propensão para a construção de reservatórios e captação a diferentes mesorregiões do Estado, entretanto, o número de
26 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

registros é crescente do centro para oeste do território, com um Infográfico 1 – Municípios atingidos por Estiagens e Secas
número maior de registros nas mesorregiões Sertão Alagoano e
90
Agreste Alagoano. MUNICÍPIOS 79
80
O Leste Alagoano, que compreende a costa litorânea, ATINGIDOS 73
70
tende a apresentar menos registros de eventos de estiagem POR 63
60
ESTIAGEM
e seca. Esta mesorregião, por consequência, tem a maior 50 45
E SECA 43 41
41
quantidade de municípios que não decretaram estado de 40 37
32 35
30 31
emergência ou calamidade por Estiagem e Seca, totalizando 30

sete. São eles: Barra de São Miguel, Cerco Seco, Jequiá da Praia, 20

10
Maceió, Penedo e São Miguel dos Campos, conforme apresenta 1 3 1
0
o Mapa 2 (Desastres Naturais causados por Estiagem e Seca MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Major Isidoro 16
em Alagoas, no período de 1991 a 2010). Os que apresentaram 16
Senador Rui Palmeira
registros, não superaram seis eventos. Água Branca 14
Minador do Negrão 14
O Agreste Alagoano divide-se entre as características 14
Pariconha
climáticas das mesorregiões Leste Alagoano e o Sertão Alagoano, Batalha 13
Belo Monte 13
caracterizando-se, então, como uma zona de transição. Por este Canapi 13
motivo, esta mesorregião apresenta-se dividida entre municípios Delmiro Gouveia 13
Jaramataia 13
com 1-9 registros e com 10-16 registros, salvo Tanque D’Arca Mata Grande 13
que não registrou ocorrências de estiagens e secas no período Monteirópolis 13
Olivença 13
de 1991 a 2010. Poço das Trincheiras 13
Por fim, a Mesorregião do Sertão Alagoano, a mais afetada Santana do Ipanema 13
Cacimbinhas 12
pelos eventos de estiagem e seca, apresenta o município de Carneiros 12
Palestina com o menor número de ocorrências, com nove eventos Dois Riachos 12
Estrela de Alagoas 12
adversos, enquanto outros onze municípios, como, por exemplo: Girau do Ponciano 12
Olho D’Água do Casado, Olho D’Água das Flores, Piranhas, entre Inhapi 12
Jacaré dos Homens 12
outros, variaram entre 10-12 registros. Os mais afetados foram os Olho d'Água do Casado 12
municípios de Major Isidoro e Senador Rui Palmeira, onde foram Palmeira dos Índios 12
Pão de Açúcar 12
registrados, em cada um, 16 eventos. Piranhas 12
Conforme o Infográfico 1, os dois primeiros anos da Traipu 12
Maravilha 11
pesquisa não registram desastres causados por estiagens e secas. O Olho d'Água das Flores 11
ano de 1993, entretanto, chegou a 79 registros, superando todos os Ouro Branco 11
São José da Tapera 11
outros anos nesses tipos de evento. Em 1997, o desastre foi registrado Craíbas 10
apenas no município de Joaquim Gomes, da Mesorregião do Leste Palestina 9
Igaci 8
Alagoano. Nos dois anos seguintes, o quadro mudou e, em 2000 Olho d'Água Grande 7
apresenta novamente uma queda no número de registros. Em 2003, Coité do Nóia 6
Campo Grande 5
ocorreu um grande acréscimo, com 73 registros, com seis ocorrências Capela 5
a menos que o ano de 1993. De 2004 a 2009, houve variações entre Lagoa da Canoa 5
Igreja Nova 4
30 e 63 eventos e, em 2010, novamente apresenta apenas um registro. Mar Vermelho = 1 Registro = 2 Registros = 3 Registros 4
ESTIAGEM E SECA 27
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Continuação... De maneira geral, esta classificação de desastre


Campo
Igreja Grande
MUNICÍPIOS
Nova 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL natural adotada no Atlas atingiu, de 1991 a 2010, um total de
Mar Vermelho 4
Porto Real do Colégio 4 555 registros, conforme representa o Infográfico 1. O número
Cajueiro 3 total de ocorrências é crescente desde 2004, embora o ano
Campo Alegre 3
Colônia Leopoldina 3 de 2010 apresente apenas um registro oficial, referente ao
Joaquim Gomes 3
município de Belém, no Agreste Alagoano.
Limoeiro de Anadia 3
Matriz de Camaragibe 3 Com o Mapa 2 (Desastres Naturais causados por
Porto Calvo 3
Quebrangulo 3
Estiagem e Seca em Alagoas, no período de 1991 a 2010) é
Santana do Mundaú 3 possível relacionar a característica climática do Estado com a
São Luís do Quitunde 3
União dos Palmares 3 espacialização dos registros de desastres. Mesmo o Estado de
Arapiraca 2 Alagoas tendo extenso contato com o Rio São Francisco, divisor
Atalaia 2
Boca da Mata 2 natural entre os Estados de Alagoas e Sergipe, a precipitação
Branquinha 2 ocasionada pela evaporação das águas do rio, não é suficiente
Chã Preta 2
Coruripe 2 para sanar a seca.
Feira Grande 2
Durante os anos de análise, constatou-se uma
Japaratinga 2
Jundiá 2 quantidade de 2.655.501 pessoas afetadas, 2.371 pessoas
Junqueiro 2
enfermas e 38 desalojadas, conforme apresenta o Gráfico 1
Maribondo 2
Messias 2 de danos humanos. Estes eventos adversos não acontecem de
Murici 2
Novo Lino 2
maneira bem distribuída, mas concentrada em determinadas
Piaçabuçu 2 áreas. Como citado anteriormente, a estiagem e a seca favorecem
Pilar 2
Rio Largo 2
a considerável diminuição da carga d’água dos rios e o aumento
Santa Luzia do Norte 2 de problemas na agricultura, gerando assim, sede e fome;
São José da Laje 2
Taquarana 2 favorece, também, de modo negativo, na dinâmica ambiental.
Teotônio Vilela 2
Viçosa 2
Anadia 1
Barra de Santo Antônio 1 Gráfico 1 - Total dos danos humanos ocasionados por desastres relacionados
Belém 1
a estiagens e secas, no período de 1991 a 2010
Feliz Deserto 1
Flexeiras 1 Danos Humanos por Estiagem e Seca
Ibateguara 1
Jacuípe 1 3000000 2655501
Maragogi 1 2500000
Marechal Deodoro 1

habitantes
2000000
Paripueira 1
Passo de Camaragibe 1 1500000
Paulo Jacinto 1 1000000
Pindoba 1 500000
Porto de Pedras 1 38 2371
0
Roteiro 1
São Brás 1
São Miguel dos Milagres 1
São Sebastião 1
Satuba 1
= 1 Registro = 2 Registros = 3 Registros 555
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011.
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011.
28 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Com relação à frequência mensal desses eventos eventos adversos de estiagem e seca. Fica claro, portanto, a REFERÊNCIAS
adversos em Alagoas, de 1991 a 2010, o Gráfico 2 apresenta recorrência dos fenômenos no Estado, principalmente nas
ALAGOAS. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC. 2011.
considerável ocorrência de estiagens e secas ao longo dos áreas mais afastadas do litoral. Quanto mais a oeste, mais
meses dos anos analisados. Nota-se uma maior frequência evidente é a espacialização dos registros. CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
nos meses de outubro, totalizando 112 ocorrências, mês Figura 12- Reflexos na vegetação da estiagem prolongada no município de
de referência do auge da estiagem prolongada. Segundo o Minador do Negrão KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
mesmo gráfico, os meses de março apresentam 82 registros. básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.

Já os meses com menores recorrências são julho, com doze GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição dos
registros, e agosto, com nove, meses que correspondem ao desastres naturais no Estado de Santa Catarina: estiagem (1980-2003).
In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., 2004. Anais...
início do período de seca, na região.
Florianópolis: GEDN/UFSC, 2004. p.773-786.
Com base nos totais de registros distribuídos ao longo
dos meses, deve-se considerar que, para a caracterização de um NASCIMENTO, P. T. S. D.; XAVIER, R. A. Análise Pluviométrica do Estado
de Alagoas. In: SIMPÓSIO ALAGOANO GESTÃO AMBIENTAL, 1., 2010,
desastre natural por estiagem ou seca, é necessário, no mínimo, Arapiraca. Anais eletrônicos... Arapiraca: UNEAL, 2010. Disponível em:
três meses com déficit hídrico. <http://tinyurl.com/3wv59bg>. Acesso em: 13 set. 2011.

Gráfico 2 - Frequência mensal das Estiagens e Secas em Alagoas, no período


de 1991 a 2010

Frequência mensal de Estiagem e Seca (1991-2010)


120 112
Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011.
100
82
80 75
Figura 13 - Óbito de um gado pela estiagem prolongada no município de Traipu
60 51 55 55

40 32
26 25
21
20 12 9

0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011.

Com base nos estudos pluviométricos e análise dos


principais sistemas meteorológicos da Região Nordeste do
Brasil, propostos por Nascimento e Xavier (2010), o Leste
Alagoano pode apresentar índices pluviométricos de até
2.400mm ao ano, enquanto a maior parte do Estado apresenta
áreas que podem não ultrapassar a 1.000mm ao ano, chegando
alguns lugares ao índice mínimo de 400mm ao ano. Em função
desses baixos índices pluviométricos, ocasionados pelas
características climáticas, o Estado de Alagoas é suscetível aos Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011.
INUNDAÇÃO BRUSCA 29
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

INUNDAÇÃO BRUSCA características comportamentais são similares para ambas às inundações bruscas. Já os anos de 2009 e 2010 (Gráfico 4 e
inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas Gráfico 5) apresentam médias de precipitação semelhantes
Inundações bruscas e alagamentos compõem o grupo como nas graduais (KOBIYAMA et al., 2006). e inferiores às médias do ano de 2000, contudo foram os
de desastres naturais relacionados com o incremento das Conforme Castro (2003), é comum a combinação dos anos que apresentaram maior número de registros, 35 e
precipitações hídricas e com as inundações. fenômenos de inundação brusca (enxurrada) e alagamento em 36 respectivamente (Infográfico 2). Supõe-se que essa falta
As inundações bruscas (enxurradas) são aquelas áreas urbanas acidentadas, como ocorre no Rio de Janeiro, de relação entre as médias de precipitação e os totais de
provocadas por chuvas intensas e concentradas em locais de Belo Horizonte e em cidades serranas, causando danos ainda registros de desastres, desses anos, esteja relacionada não
relevo acidentado ou mesmo em áreas planas, caracterizando- mais severos. somente aos índices pluviométricos, mas também a fatores
se por rápidas e violentas elevações dos níveis das águas, as Esses tipos de fenômenos são bastante recorrentes em como: local e intensidade da precipitação - quantidade de
quais escoam de forma rápida e intensa. Nessas condições, várias regiões do país. No caso do Estado de Alagoas, com água caída por unidade de tempo, características da rede
ocorre um desequilíbrio entre o continente (leito do rio) e 102 municípios, registrou-se um total de 156 ocorrências de fluvial passante no local, bem como da sua topografia, nível
o conteúdo (volume caudal), provocando transbordamento inundações bruscas e alagamentos na escala temporal de de urbanização, densidade demográfica, capacidade de
(CASTRO, 2003). Por ocorrer em um período de tempo curto, 20 anos (1991-2010). Neste período, 34% dos municípios do prevenção dos municípios, dentre outros. Isso porque não
este fenômeno costuma surpreender por sua violência e menor Estado registraram prejuízos pelo desastre, segundo registros necessariamente quando há precipitações concentradas, há
previsibilidade, provocando danos materiais e humanos mais oficiais compilados no Infográfico 2 (Municípios atingidos ocorrências de danos e prejuízos às comunidades locais.
intensos do que as inundações graduais (GOERL; KOBIYAMA, por inundação brusca). Os municípios mais atingidos foram
Figura 14 - 18 de janeiro de 2004. a) Figura 15 - 20 de janeiro de 2004. a)
2005). Maceió (capital) e São José da Laje, ambos com 6 ocorrências
imagem de radar as 15hrs e b) imagem imagem de radar as 15hrs e b) imagem
Os alagamentos, também incluídos nesta classificação de desastres naturais por inundações bruscas e alagamentos
GOES no canal vapor d’água as 15hrs GOES no canal vapor d’água as 15hrs
do Atlas, caracterizam-se pelas águas acumuladas no leito na escala temporal de 20 anos.
das ruas e nos perímetros urbanos decorrentes de fortes Os anos com maior recorrência desses eventos
precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de adversos foram: 2010, com 36 registros oficiais, 2009, com 35,
drenagem deficientes, podendo ter ou não relação com e 2004, com 31. No ano de 2004, o Estado sofreu influência dos
processos de natureza fluvial (MIN. CIDADES; IPT, 2007). Canholi Vórtices Ciclônicos de Ar Superior (VCANs), sistemas ciclônicos
(2005) explica que a drenagem urbana das grandes metrópoles em altos níveis que, quando o centro está no oceano, podem
foi, durante muitos anos, abordada de maneira acessória, causar precipitações significativas, como o observado em
e somente em algumas metrópoles a drenagem urbana foi janeiro de 2004 (Figuras 12 e 13). Nesta ocasião, um VCAN
considerado fator preponderante no planejamento da sua permaneceu ativo durante o mês de janeiro de 2004, causando
expansão. Desta forma, assiste-se atualmente a um conjunto de precipitações totais de 5 a 12 vezes às médias climatológicas
eventos trágicos a cada período de chuvas, que se reproduzem locais (CAVALHEIROS et al., 2004). Do total de registros de
em acidentes de características semelhantes em áreas urbanas 2004 (31) referentes às fortes chuvas, 21 ocorreram somente
de risco em todo país - vales inundáveis e encostas erodíveis no mês de janeiro, em municípios diferentes do Estado.
- inexistindo, na quase totalidade de municípios brasileiros, Ao comparar os Gráficos 3, 4 e 5, advindos dos
qualquer política pública para equacionamento prévio do dados de precipitação anual obtidos da Agência Nacional
problema (BRASIL, 2003). de Águas (ANA/SGH, 2010), entende-se que o ano com
Há certa dificuldade na distinção dos tipos de inundação. a maior média de precipitação (Gráfico 3) foi o ano de
Isto se deve à dificuldade de identificação do fenômeno em 2000. Entretanto, se comparado ao Infográfico 2 percebe-
campo e à ambiguidade das definições existentes. Além dos se que o mesmo ano, com um total de 24 registros, não
problemas tipicamente conceituais e etimológicos, algumas foi o que apresentou o maior número de ocorrências de Fonte: Cavalheiros et al., 2004. Fonte: Cavalheiros et al., 2004.
30 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 3 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO BRUSCA EM ALAGOAS NO PERÍODO DE 1991 A 2010
38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo Campestre Jacuípe

Ibateguara Novo Lino Maragogi


Colônia Leopoldina
Jundiá
São José da Laje
9°S 9°S
Porto Calvo

Mata Grande

Matriz de Camaragibe
Joaquim Gomes
Santana do Mundaú União dos Palmares
Canapi
Porto de Pedras

Pariconha Chã Preta Branquinha São Miguel dos Milagres


Flexeiras
Água Branca Passo de Camaragibe
Poço das Trincheiras Murici São Luís do Quitunde
Quebrangulo

Messias
Capela
Santana do Ipanema Paulo Jacinto Viçosa
Senador Rui Palmeira Cajueiro Barra de Santo Antônio
Delmiro Gouveia
Palmeira dos Índios
Olho D'Água do Casado Paripueira
Cacimbinhas
Carneiros
Mar Vermelho Pindoba Rio Largo
Olivença
Olho D'Água das Flores Atalaia Maceió
Piranhas
Tanque D'Arca
Maribondo
Satuba

Monteirópolis Santa Luzia do Norte


Craíbas Taquarana
Coqueiro Seco
Jaramataia

O
B
B aa hh ii aa Batalha
Marechal Deodoro

IC
Limoeiro de Anadia
Arapiraca
São Miguel dos Campos

T
Número de
Belo Monte Barra de São Miguel

N
Roteiro
registros

Â
Traipu

L
Jequiá da Praia
1

T
Campo Grande São Sebastião Teotônio Vilela
2

A
10°S 10°S
3

O
4
Coruripe

N
São Brás 5
Porto Real do Colégio

A
Igreja Nova 6

E
C
Convenções
Penedo

O
Feliz Deserto
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee Piaçabuçu

Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
INUNDAÇÃO BRUSCA 31
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Conforme o Mapa 2 (Desastres naturais causados por um ou dois eventos, no período de 20 anos, sendo, no total, 24 O desastre por inundação brusca está intimamente ligado
inundação brusca em Alagoas no período de 1991 a 2010), os municípios sem registros de inundações bruscas. A influência das a pluviosidade predominante na região. Portanto, o Estado de
municípios da mesorregião Leste Alagoano (Zona da Mata), mais características climáticas do Estado, somada com as áreas urbanas Alagoas foi classificado conforme as médias anuais de pluviosidade:
especificamente a porção nordeste, foram os que mais registraram ineficientes na drenagem das águas precipitadas, e o constante úmida, acometida por índices de 1.201 a 2.400 mm/ano de
eventos naturais deste tipo, sendo Maceió e São José da Laje com aumento da impermeabilização do solo, devido à ocupação pluviosidade; semi-úmida, com médias de 701 a 1.200 mm/ano, e
maior número de registros, sendo 6 eventos registrados por cada humana, transforma o cenário de alagamentos e de inundações semi-árida, com índices pluviométricos entre 440 e 700 mm/ano.
município. Já na porção que engloba os municípios do Agreste bruscas ainda mais severo e constante, o que pode ser constatado
Gráfico 3 - Médias de precipitação, com base nos dados das Estações Pluviométricas
e Sertão alagoano, a grande maioria dos municípios registrou pelo mapa na capital Maceió. da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Alagoas, ano de 2000

Infográfico 2 - Municípios atingidos por Inundações Bruscas Médias de precipitação em 2000


300 269,84 280,84
45
MUNICÍPIOS 250
188,09 197,30 208,02
40
ATINGIDOS 36 200
35 106,96
, 150,38
35
POR 31
150
106,94 68,23
82,38
INUNDAÇÃO 30 100
39,71
24 50 18,54
BRUSCA 25
7 7 8 15 14 18 18 14 14 3 4 5
0
20
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
15

10 8
média mensal média dias de chuva
6
5 3 4 3 Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011
2
1 1 1 1
0
MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL Gráfico 4 - Médias de precipitação, com base nos dados das Estações Pluviométricas
Batalha 6 da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Alagoas, ano de 2009
Inhapi 6
São José da Tapera 5 Médias de precipitação em 2009
Cacimbinhas 4
Canapi 4 400 345,62
350
Igreja Nova 4
300
Campo Alegre 4 250 194,50
, 190,85
Estrela de Alagoas 4 200 124,13 125,41
Japaratinga 4 150
85,16
Campestre 3 100 18,93 46,04 28,2 12,22 13,67 48,68
50 9 24 20 20 20
Paripueira 3 2 9 4 6 2 9 4
0
Rio Largo 3
Coruripe 3 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Piranhas 3
média mensal média dias de chuva
Poço das Trincheiras 3
São Sebastião 3
Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011
Tanque d'Arca 3
Coité do Nóia 3 O tempo e o clima de Alagoas são influenciados
Feira Grande 3
principalmente pelos sistemas meteorológicos Zona de
Girau do Ponciano 3
Lagoa da Canoa 3 Convergência Intertropical (ZCIT) e Ondas de Leste, que caracteriza
Pilar 3 uma região de grande variabilidade nos índices pluviométricos,
Viçosa 2
Belém
Matriz de Camaragibe 2
segundo dados da Diretoria de Hidrometeorologia da SEMARHN/
= 1 Registro = 2 Registros
Continuação... AL (2003 apud NASCIMENTO; XAVIER, 2010).
32 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Continuação... A porção leste do nordeste brasileiro, onde se insere o Estado


Viçosa
MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2
2010 TOTAL
de Alagoas, tem sua estação chuvosa ocorrente nos meses de
Matriz de Camaragibe 2
União dos Palmares 2 maio a julho. (RAO et al., 1993). Genericamente, a variabilidade
Jundiá 2
Maribondo 2
sazonal e interanual na distribuição de chuva, são marcantes,
Porto de Pedras 2 fazendo com que a região sofra duras consequências tanto por
Traipu 2
Água Branca 2 secas quanto por precipitações intensas.
Carneiros 2 No mesmo espaço de tempo, visualiza-se pelo Gráfico
Craíbas 2
Jaramataia 2 6 da frequência mensal que o mês de junho registrou maior
2
Olho d'Água do Casado
recorrência do evento natural, com 54 registros.
São Miguel dos Campos 2
Satuba 2
Anadia 2 Gráfico 5 - Médias de precipitação, com base nos dados das Estações Pluviométricas
Belém 2
Boca da Mata 2 da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Alagoas, ano de 2010
Dois Riachos 2
Igaci 2 Médias de precipitação em 2010
Pão de Açúcar 2
1
400
Maceió 341,05
1
350
Maragogi
300
Marechal Deodoro 1
250
Murici 1 179 75
179,75
200 149,70
Quebrangulo 1
150 80,95 87,15 86,73
São Luís do Quitunde 1
100 63,79 64,45 59 18,25
Capela 1 47,42
50 7 13 21 22 14 3,78
Penedo 1 9 6 13 19 4 1 3
0
Pindoba 1
Santana do Ipanema 1 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Santana do Mundaú 1
Arapiraca 1 média mensal média dias de chuva
Cajueiro 1
Colônia Leopoldina 1
Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
Feliz Deserto 1
Novo Lino 1
Paulo Jacinto 1
Roteiro 1 Gráfico 6 - Frequência mensal das Inundações Bruscas em Alagoas, no período
São Brás 1 de 1991 a 2010
Barra de São Miguel 1
Chã Preta 1
Coqueiro Seco 1
Frequência mensal de Inundação Brusca (1991-
Ibateguara 1 2010)
Jequiá da Praia 1
60 54
Limoeiro de Anadia 1
Mata Grande 1 50
Pariconha 1
40 33
Taquarana 1
Teotônio Vilela 1 30 24 22
Junqueiro 1 20
Major Isidoro 1
11
7
Maravilha 1 10 1 3 1
Minador do Negrão 1 0
Olho d'Água Grande 1 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Ouro Branco 1
Palestina 1
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011.
=1 =2 156
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011.
INUNDAÇÃO BRUSCA 33
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

De forma geral, a variabilidade sazonal e interanual na distribuição Figura 16 - Classificação Pluviométrica do Estado de Alagoas Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.
de chuva é marcante, fazendo com que a região sofra consequências
severas tanto por secas quanto por precipitações intensas. BRASIL. A questão da drenagem urbana no Brasil: elementos para
A porção leste do nordeste brasileiro, onde se insere o formulação de uma política nacional de drenagem urbana. Brasília:
Ministério das Cidades, 2003.
Estado de Alagoas, tem sua estação chuvosa ocorrente nos meses
de maio a julho. (RAO et al., 1993). Constata-se, no gráfico da CANHOLI, Aluisio Prado. Drenagem urbana e controle de enchentes.
frequência mensal das inundações bruscas, que o mês de junho, São Paulo: Oficina de Textos, 2005.

considerando o período estudado, apresenta o maior pico de CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
registros de desastres naturais oriundos desse fenômeno natural. naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
Isso denota uma justificativa plausível ao dado apontado pela
GOERL, Roberto Fabris; KOBIYAMA, Masato. Consideração sobre
Agência Nacional de Águas (ANA), conforme o Figura 16. as inundações no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS
Nos meses de setembro, outubro e novembro, que HIDRICOS, 2005, João Pessoa. Anais... João Pessoa, 2005.
KOBIYAMA, M. et. al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
correspondem à estação seca do Estado, não houve registro de básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
ocorrência de inundações bruscas em Alagoas, no período de
MINISTÉRIO DAS CIDADES. INSTITUTO DE PESQUISAS
1991 a 2010.
Fonte: Nascimento; Xavier, 2010. Disponível em: <http://tinyurl.com/3wv59bg> TECNOLÓGICAS – IPT – Mapeamento de riscos em encostas e
O desastre acarreta não apenas alterações e prejuízos ao margens de rios. Brasília: Ministério das Cidades; Instituto de
ecossistema local, mas a toda população que é afetada de forma Pesquisas Tecnológicas – IPT, 2007. 176 p.
direta e indiretamente, proporcionando perdas e danos humanos Gráfico 7 - Danos humanos ocasionados por inundações graduais no perí-
MOURA, R.; SILVA, L. Desastres naturais ou negligência humana?.
odo de 1991 a 2010
muitas vezes irreparáveis. Pelo Gráfico 7 referente aos danos Revista Geografar. Curitiba, v. 3, n. 1, 2008, p. 58-72.
humanos oriundos das inundações bruscas acometidas no Estado Danos Humanos por Inundação Brusca
NASCIMENTO, P. T. S. D.; XAVIER, R. A. Análise Pluviométrica do
de Alagoas, o número de pessoas desabrigadas e desalojadas é 250000
214253 Estado de Alagoas. In: SIMPÓSIO ALAGOANO GESTÃO AMBIENTAL,
infimamente menor que o número de pessoas afetadas. 200000 1., 2010, Arapiraca. Anais eletrônicos... Arapiraca: UNEAL, 2010.
Disponível em: <http://tinyurl.com/3wv59bg>. Acesso em: 13 set. 11.
Enfim, esclarece-se que, por se tratar de um evento natural
Habitantes

150000
frequente, supõe-se que houve outras ocorrências de inundações
100000
bruscas no Estado ao longo da última década, mas possivelmente
50000
não ocasionaram grandes danos à população local, de modo que 20343 20483 8219 45 97 6 706 11
0
não foram caracterizados como desastre.
Figura 17 - Helicóptero do SAMU sobrevoando áreas alagadas no Esta-
do de Alagoas

Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011

REFERÊNCIAS

ALAGOAS. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC.. 2011.

ANA - Agência Nacional de Águas. (Brasília, DF). Classificação


pluviométrica do Estado de Alagoas. Brasília, 2010.1 mapa. Escala
1.300.000.

Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011. ANA - Agência Nacional de Águas. SGH - Superintendência de
34 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 4 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO GRADUAL EM ALAGOAS NO PERÍODO DE 1991 A 2010
38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo

Jundiá

9°S 9°S

Japaratinga

Ouro Branco

São Miguel dos Milagres

Senador Rui Palmeira Barra de Santo Antônio

Atalaia
São José da Tapera Major Isidoro

Craíbas
Jacaré dos Homens
Anadia
Pão de Açúcar

O
Palestina
B
B aa hh ii aa

IC
T
Barra de São Miguel

N
Â
Traipu

L
T
Número de

A
10°S 10°S
registros

O
Olho D'Água Grande

N
1

A
5

E
C
Convenções

O
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee
Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
INUNDAÇÃO GRADUAL 35
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

INUNDAÇÃO GRADUAL de conhecimento, mas devido à dificuldade de identificação do inundações graduais entre os anos de 1991 – 2010, somando-se ao
fenômeno em campo e à ambiguidade das definições existentes. todo 21. Ao espacializar os registros, o Mapa 3 (Desastres naturais
Inundações graduais compõem o grupo de desastres Além dos problemas tipicamente conceituais e etimológicos, causados por inundação gradual em Alagoas no período de 1991 a
naturais relacionados com o incremento das precipitações hídricas algumas características comportamentais são similares para ambas 2010) demonstra que o município com maior número de registros
e com as inundações. as inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações graduais de inundações graduais é Atalaia, localizado no Leste Alagoano. Os
As enchentes ou cheias, como também são conhecidas, como nas bruscas (KOBIYAMA et al.,2006). demais municípios afetados apresentam apenas um registro cada.
representam o transbordamento das águas de um curso d’água, Assim, de um modo geral, a previsibilidade das cheias Verifica-se que os municípios que apresentam registros
atingindo a planície de inundação, também conhecida como área de periódicas e graduais facilita a convivência harmoniosa com o estão espacialmente distribuídos pelo Estado, entretanto há alguns
várzea. Quando estas águas extravasam a cota máxima do canal, as fenômeno, de tal forma que possíveis danos ocorrem apenas nas afetados que situam-se nas regiões do Sertão e Agreste alagoano,
enchentes passam a ser chamadas de inundações e podem atingir inundações excepcionais, em função de vulnerabilidades culturais, região com baixos índices de pluviosidade.
moradias construídas sobre as margens do rio, transformando-se características de mentalidades imediatistas e sem o mínimo de Grande parte das ocorrências está inclusa a partir do ano
em um desastre natural. Desta forma, segundo Castro (2003), as previsibilidade (CASTRO, 2003). de 2000, sendo o ano de 2004, o de maior ocorrência do evento, de
inundações graduais são caracterizadas pela elevação das águas O Estado de Alagoas dispõe de poucos registros de acordo com Infográfico 3.
de forma paulatina e previsível, mantendo-se em situação de cheia
durante algum tempo, para após, escoarem-se gradualmente. Infográfico 3 - Municípios atingidos por Inundação Gradual
As enchentes são eventos naturais que ocorrem com
periodicidade nos cursos d´água, sendo características das grandes MUNICÍPIOS 12
10
bacias hidrográficas e dos rios de planície, como o Amazonas. O ATINGIDOS 10
8
fenômeno evolui de forma facilmente previsível e a onda de cheia POR
desenvolve-se de montante para jusante, guardando intervalos INUNDAÇÃO 6 5
4
regulares (CASTRO, 2003). GRADUAL 2 2
2 1 1
O fenômeno é intensificado por variáveis climatológicas de
0
médio e longo prazo e pouco influenciáveis por variações diárias
MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
TOTAL
de tempo. Relacionam-se muito mais com períodos demorados Atalaia 5
de chuvas contínuas do que com chuvas intensas e concentradas. Anadia 1
Barra de Santo Antônio 1
Caracteriza-se por sua abrangência e grande extensão. Em condições
Barra de São Miguel 1
naturais, as planícies e fundos de vales estreitos apresentam lento Craíbas 1
escoamento superficial das águas das chuvas. Nas áreas urbanas, Jacaré dos Homens 1
estes fenômenos são intensificados por alterações antrópicas, como Japaratinga 1
Jundiá 1
a impermeabilização do solo, retificação e assoreamento de cursos Major Isidoro 1
d’água. Este modelo de urbanização, com a ocupação das planícies Olho d'Água Grande 1
de inundação e impermeabilização ao longo das vertentes, o uso Ouro Branco 1
Palestina 1
do espaço afronta a natureza e, mesmo em cidades de topografia
Pão de Açúcar 1
relativamente plana, onde, teoricamente a infiltração seria favorecida, São José da Tapera 1
os resultados são catastróficos (TAVARES; SILVA, 2008). São Miguel dos Milagres 1
Senador Rui Palmeira 1
Não há unanimidade na distinção dos tipos de inundação.
Traipu 1
Diversas vezes as inundações graduais vêm sendo registradas como = 1 Registro = 2 Registros 21
inundações bruscas e vice- versa. Isto nem sempre é devido à falta Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011.
36 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Os meses de fevereiro e agosto apresentaram maiores Figura 18- Inundação gradual (enchente) do Rio Mundaú, no Estado de Alagoas este mês. Em decorrência do grande volume de precipitações,
frequências de inundações graduais no decorrer dos vinte anos, os diversos açudes da região transbordaram, “fazendo com que
entre 1991 - 2010. esses vertimentos ocorressem quase que simultaneamente,
gerando assim uma cheia na calha principal do rio São Francisco”
Gráfico 8 - Frequência mensal dos desastres naturais por inundação gradual (GONDIM FILHO et al., 2004). Devido às cheias, os municípios de
no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010 Craíbas, Jacaré dos Homens, Pão de Açúcar, Olho D’Água, Ouro
Frequência mensal de Inundação Gradual (1991- Preto, Major Isidro, Palestina, São José da Tapera, Senador Rui
2010) Palmeira e Traipu registraram ocorrência de inundações graduais,
10 no final do mês de janeiro e início de fevereiro de 2004.
8
8 Figura 20 - Inundação gradual (enchente) do Rio Mundaú, no Estado de Alagoas
6
5
4 3
2 2
2 1 Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011
0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Figura 19 - Inundação gradual no Estado de Alagoas

Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011

Gráfico 9 - Médias mensais de precipitação, com base nos dados das


Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de
Alagoas, ano de 2004

Médias de Precipitação em 2004


400
348.77
350
300
245.85
250
200
120,05 158.32 125.4
150
101 32
101,32 100 97
100,97 104 09
104,09
100
53.41 11,33 12,80
50
17 9 6 10 23 16 13 2
5,87 Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011.
0 14 19 3 1
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Segundo dados de precipitação da ANA/SGH (2010),
média mensal média dias de chuva o mês de janeiro registrou altíssimos níveis de precipitações,
com média de 17 dias de chuvas (Gráfico 9). Em decorrência
Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011
da incursão de frentes frias, estas acarretaram na formação de
sistemas meteorológicos nos altos níveis da atmosfera (Vórtices
De acordo com os dados oficiais, todas as ocorrências de Ciclônicos em Ar Superior e Cavados) sobre a região Nordeste
inundações graduais nos meses de janeiro e fevereiro, representadas do Brasil. A grande quantidade de chuvas, principalmente
no Gráfico 8, ocorreram no ano de 2004, em municípios situados no mês de janeiro, é um evento atípico para a região. Já no
à margem do Rio São Francisco e seus afluentes, localizados nas mês de fevereiro, as médias de precipitações diminuíram; no
mesorregiões do Sertão e Agreste Alagoano, conforme o Mapa 3. entanto, também foram registradas precipitações elevadas para
Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011
INUNDAÇÃO GRADUAL 37
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

As ocorrências no ano de 2005 (Infográfico 3) foram todas Gráfico 10 - Médias mensais de precipitação, com base nos dados das Gráfico 11 - Total de registros de danos humanos por inundações graduais
registradas no mês de agosto, e correspondem aos municípios Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010
Alagoas, ano de 2010
de Atalaia, Barra de Santo Antônio, Japaratinga, Jundiá e São
Danos Humanos por Inundação Gradual
Miguel dos Milagres, localizados na mesorregião Leste Alagoano.
Médias de Precipitação em 2010 80 68
Em decorrência do grande volume de chuvas no final de julho e 70
400
60
início de agosto, as cheias na bacia do rio Mandaú, ocasionaram 341,05

habitantes
350 50
enchentes na região da bacia hidrográfica. 300 40
250 30
As maiores precipitações pluviométricas no Estado de 179,75 20
200
149,70 10 3 4
Alagoas, concentram-se entre maio a julho (ANA/SGH, 2010). As 150
80 96
80,96 87 15 86,73
87.15 0
ocorrências de inundações graduais nessa se época do ano (Gráfico 100 63,79 64,45 59 47,42 18.25
50
8) têm maior frequência e são localizadas na mesorregião do Leste 7 9 6 13,11 13 21 22
14 4
3,78
1 2
0 19
Alagoano, correspondendo à região climática do Estado de Alagoas jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

com os maiores índices de precipitações no ano (NASCIMENTO; média mensal média dias de chuva Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011
XAVIER, 2010). O município de Atalaia, no leste alagoano, apresentou Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011
maior número de ocorrência (cinco) de inundações graduais entre os
Figura 21 - Inundação gradual (enchente) do Rio Mundaú, no Estado de Alagoas
anos de 1991 a 2010, sendo dois dos cinco registros no mês de junho
do ano de 2010. Nesse mês, a região sofreu com enchentes ocorridas REFERÊNCIAS

devido a altos índices de precipitações (Gráfico 10) no Estado de ALAGOAS. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC.. 2011.
Alagoas e também no Estado de Pernambuco, influenciadas pelo
ANA - Agência Nacional de Águas. SGH - Superintendência de
evento La Ninã, resultante da incursão de, pelo menos, quatro
Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de 1991
sistemas frontais que penetraram na região equatorial, a partir do a 2010. Brasília: ANA, 2010.
dia 20 de maio de 2010, ocasionando cheias dos rios das bacias
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
hidrográficas Paraíba e Mandaú (FIALHO; MOLION, 2011). naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
Os danos humanos relacionados às inundações graduais no
FIALHO, W. M. B.; MOLION, L. C. B. Eventos extremos: Alagoas. In:
Estado de Alagoas, entre os anos de 1991 – 2010, não ocasionaram
ENCONTRO SUL-BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 4., 2011, Pelotas.
nenhuma morte. No entanto, mais de sete mil pessoas no Estado Anais... Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, 2011.
foram afetadas e mais de cinco mil desalojadas (Gráfico 11). O
GONDIM FILHO, J. G. C. et al. Análise da cheia de 2004 na bacia
número considerável de afetados pelas inundações graduais pode do Rio São Francisco. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DEASTRES
ser reflexo da elevada densidade demográfica, principalmente junto NATURAIS, 1., 2004, Florianópolis, Anais... Florianópolis: GEDN/UFSC,
2004. P. 524-538. 1CD-ROM.
às margens de rios, destacando o Rio São Francisco e seus afluentes.
São áreas de planícies de inundações, propícias à implantação de KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
perímetros de irrigação, responsáveis pelo sustento econômico
dessas populações (GONDIM FILHO et al., 2004). NASCIMENTO, P. T. S. do; XAVIER, R. A. Análise pluviométrica do estado
O permanente monitoramento do nível dos rios, bem de Alagoas. In: SIMPÓSIO ALAGOANO DE GESTÃO AMBIENTAL, 1.,
2010, Arapiraca-AL. Anais... Arapiraca: UNEAL, 2010, p. 11-19. 1CD-ROM.
como o acompanhamento da evolução diária das condições
meteorológicas, permitem antecipar as variáveis climatológicas TAVARES, A.C; SILVA, A.C.F. Urbanização, chuvas de verão e
inundações: uma análise episódica. Climatologia e Estudos da
responsáveis pela ocorrência de inundações e, conseqüentemente, Paisagem, Rio Claro, v. 3, n.1, p. 4-15, jan./jun. 2008.
a minimização dos danos humanos e materiais. Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011
38 EROSÃO LINEAR E EROSÃO FLUVIAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 5 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR EROSÃO FLUVIAL E LINEAR EM ALAGOAS NO PERÍODO DE 1991 A 2010
38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo

9°S 9°S

Maceió

Santa Luzia do Norte

Coqueiro Seco

O
B
B aa hh ii aa Marechal Deodoro

IC
T
N
Número de

Â
registros

L
T
Ersoão fluvial

A
10°S 10°S
1

O
Erosão Linear

N
1

A
E
C
Convenções

O
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee
Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
EROSÃO LINEAR E EROSÃO FLUVIAL 39
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

EROSÃO LINEAR E EROSÃO FLUVIAL à erosão linear, especialmente quando apresenta pouca do leito dos rios (CASTRO, 2003).
cobertura vegetal. Outro fator é o geomorfológico que exerce O fenômeno denominado terras caídas ocorre quando
O fenômeno da Erosão Linear apresenta os estágios uma importante influência indireta no desenvolvimento de a água atua sobre uma das margens e provoca um processo
de sulcos, ravinas e boçorocas ou voçorocas e, assim como boçorocas. Os terrenos movimentados, caracterizados por de erosão subterrânea e minagem. Esta ação erosiva abre
o da Erosão Fluvial, que corresponde ao processo erosivo colinas de médio e grande porte, morros e morretes, são mais extensas cavernas subterrâneas até que uma súbita ruptura
que ocorre na calha dos rios, enquadra-se na classificação de propícios às erosões em ravinas e boçorocas. Vale ressaltar provoca a queda do solo da margem, que é tragado pelas
desastres naturais relacionados. que fatores geomorfológicos só são importantes, quando águas. Acontece, normalmente, em terrenos sedimentares, de
A erosão linear é aquela causada pelo contínuo combinados com os relativos ao solo e à geologia. E também natureza arenosa (CASTRO, 2003).
escoamento da água na superfície que ao arrastar partículas de por fatores de intervenções antrópicas, onde a erosão linear é A erosão fluvial (desbarrancamentos e terras caídas),
solo cria pequenos canais. Eles formam-se no terreno ao longo intensificada pelas atividades humanas inadequadas, em áreas enquanto desastre, afeta principalmente as habitações e as
do tempo, tornando-se caminhos preferenciais da água da de urbanização, construção de vias de transporte e manejo estruturas edificadas às margens dos rios. Inclusive, o processo
chuva e de acordo com a intensidade das chuvas, esses canais agropecuário (CASTRO, 2003). pode ser acelerado pela intervenção humana, devido a
vão gradualmente se aprofundando (AMARAL; GUTJAHR, p. No caso da erosão fluvial, processo resultante da ação ocupação desordenada.
55-56). dos rios sobre a superfície, inicia com a erosão laminar e em Ambos os tipos de erosão, fluvial e linear, são processos
Sua evolução é denominada de acordo com seu sulcos ou ravinas, prosseguindo através da erosão fluvial. de erosão hídrica que atuam como modeladores da paisagem
estágio: os sulcos são pequenas incisões na superfície na forma Depende da interação de quatro diferentes mecanismos gerais. e podem, ou não, ocasionar danos econômicos e sociais.
de canais muito rasos. As ravinas ocorrem quando a água do Um deles é a ação hidráulica da água, que ocorre O Mapa 5 (Desastres Naturais causados por Erosão
escoamento superficial escava o solo, formando canais mais quando a corrente hídrica é suficientemente forte, levando Fluvial e Linear em Alagoas, no período de 1991 a 2010)
largos e profundos. Possuem forma retilínea, alongada e pelo curso do rio areia e detritos de rochas, depositados no espacializa os poucos registros de desastres por erosão
estreita e apresentam perfil transversal em “V” e geralmente leito do rio, prosseguindo assim até uma nova sedimentação ocorridos na porção litorânea do Estado.
ocorrem entre eixos de drenagens, muitas vezes associadas e de uma nova intensificação da corrente hídrica. A ação Ao analisar o Infográfico 4 de Erosão Linear no Estado
a estradas, trilhas de gado e carreadores E as boçorocas são corrosiva das partículas em suspensão na água ocorre quando de Alagoas, referente ao período de 1991 a 2010, observa-se
formas mais complexas e destrutivas do quadro evolutivo fragmentos de rochas ou areia, em suspensão no fluxo, apenas uma ocorrência no município de Marechal Deodoro,
da erosão linear. Devem-se à ação combinada das águas do atritam sobre camadas rochosas das margens e dos fundos no ano de 2010. Por tratar-se de um evento pontual no espaço
escoamento superficial e subterrâneo. Em geral são ramificadas, dos rios, provocando a escavação das mesmas. Já a ação de tempo de 20 anos, percebe-se que é um tipo de desastre
de grande profundidade, apresentando paredes irregulares e abrasiva é o processo onde o material em trânsito nos rios é natural não recorrente no Estado. Não é possível, portanto,
perfil transversal em “U” (PROIN/CAPES; UNESP/IGCE, 1999). erodido, formando partículas cada vez menores ao atritar com realizar uma análise da frequência desse evento adverso.
A ocorrência da erosão linear, enquanto desastre, superfícies rochosas, formando pedras roladas, cascalhos, areia Assim como a erosão fluvial, representada no Infográfico 5,
está relacionada a alguns fatores, que intensificam os danos grossa e areia fina pela suspensão e transporte das partículas com apenas 3 registros no ano de 2000, correspondentes aos
causados à população afetada. na água. E por último, a corrosão ou diluição química, processo municípios de Coqueiro Seco, Santa Luzia do Norte e Maceió,
Um deles é o balanço hídrico, onde os processos segundo o qual a água, na condição de solvente universal, pertencentes à Mesorregião do Leste Alagoano, no litoral do
erosivos intensificam-se em função da oposição entre dilui os sais solúveis, liberados das rochas, em conseqüência Estado.
períodos de intensas e concentradas chuvas tropicais e da ação mecânica, e os transporta sob a forma de soluções No Alagoas, os documentos oficiais relativos aos
períodos de deficiência hídrica. Quanto ao tipo de solo, (CASTRO, 2003). desastres não apresentaram informações de danos humanos
ocorrem preferencialmente em solos de padrão arenoso, O desbarrancamento dos rios pode ocorrer de duas nos municípios em questão. Desse modo, não é possível avaliar
semiconsolidados ou inconsolidados. Os solos arenosos formas genéricas: lateral, quando o desgaste é efetuado nas o número de pessoas afetadas por desastres dessa tipologia.
profundos e permeáveis, como os solos aluviais pouco margens, contribuindo para o gradual alargamento dos vales, Com relação aos Gráficos 12 e 13 da frequência mensal
desenvolvidos, e as areias quartzosas são os mais propícios ou vertical quando a erosão atua no aprofundamento gradual dos eventos adversos, tanto de Erosão Fluvial como de Erosão
40 EROSÃO LINEAR E EROSÃO FLUVIAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Infográfico 4 – Municípios atingidos por Erosão linear Gráfico 12 - Frequência mensal da erosão fluvial no Estado de Alagoas,
período de 1991 a 2010
MUNICÍPIOS
Frequência mensal de Erosão Fluvial (1991-2010)
ATINGIDOS 2 4
POR
3
EROSÃO 3
1
1
LINEAR
2

0 1
MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
Barra de Santo Antônio 1
0
= 1 Registro = 2 Registros 1 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011

Infográfico 5 - Municípios atingidos por Erosão fluvial

MUNICÍPIOS Gráfico 13 - Frequência mensal da erosão linear no Estado de Alagoas,


3
3 período de 1991 a 2010
ATINGIDOS
POR Frequência mensal de Erosão Linear (1991-2010)
2
EROSÃO 3

FLUVIAL
1
2

0 0
MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL 1
1
Coqueiro Seco 1
Maceió 1
Santa Luzia do Norte 1 0
= 1 Registro = 2 Registros 3 jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011 Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011

Linear, tornam-se imprecisas, haja vista as poucas ocorrências Os processos relacionados à erosão, seja fluvial ou
ao longo dos vinte anos. Verifica-se que as ocorrências linear, constituem fatores importantes que modificam a
compreendem os meses de março e abril, ambos relativos ao morfodinâmica de uma determinada área. Enquanto desastres, REFERÊNCIAS
período de chuvas no Estado. Esta relação é importante, pois o a erosão linear provoca aprofundamento de ravinas até o nível
AMARAL, Rosangela do; GUTJAHR, Mirian Ramos. Desastres naturais. São
fenômeno da Erosão Fluvial, por exemplo, possui uma relação do lençolfreático, principalmente nos meses mais chuvosos Paulo: IG / SMA, 2011. 100 p. (Série Cadernos de Educação Ambiental, 8)
com os índices pluviométricos, devido ao considerável aumento A erosão fluvial, com a retirada da cobertura vegetal, e a
ocupação irregular das margens, causa o desbarrancamento CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
da vazão nos rios. O Estado de Alagoas apresenta alto índice naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
dos rios. São consequências que podem caracterizar uma
pluviométrico, sendo a porção leste úmida, com médias de até
situação de emergência, dependendo das proporções que os PROIN/CAPES; UNESP/IGCE. Material didático: arquivos de transparências.
2400 mm/ano de pluviosidade (NASCIMENTO; XAVIER, 2010).
eventos atingirem. Rio Claro: Departamento de Geologia Aplicada, 1999. 1 CD.
EROSÃO MARINHA 41
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

EROSÃO MARINHA A complicada variabilidade nos processos físicos se da foz do Rio Barra do Santo Antônio, onde predominam afloramen-
reflete na complexa morfologia dos canais, bancos e flechas tos de arenitos de praia e recifes, e falésias vivas de rochas mesozóicas
A erosão marinha está inserida na classificação de arenosas adjacentes, que como consequência, promovem o em alguns trechos, mais suscetíveis à ação do mar.
desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o aumento da vulnerabilidade da costa à erosão. No município de Marechal Deodoro, são dois regis-
intemperismo, a erosão e a acomodação do solo, influenciada A erosão marinha, quanto desastre natural, implica no tros, enquanto que no município de Jequiá da Praia, houve
pelos processos geológicos que regem a dinâmica da crosta desequilíbrio de vários pontos da costa, causando um processo apenas 1 ocorrência.
terrestre e promovem mudanças no relevo. de erosão progressiva variando de moderada a severa, onde Quanto à frequência mensal, é difícil estabelecer
Com a atuação dos movimentos das águas oceânicas praias adjacentes à desembocadura de estuários se caracterizam um padrão de análise, uma vez que o número de registros
sobre as bordas litorâneas, há um modelamento destrutivo por um intenso dinamismo (OLINTO et al., 1998). é reduzido. A ocorrência dos eventos adversos abrange os
do relevo, bem como construtivo, resultando em acumulação A Mesorregião Leste Alagoana, também chamada de meses de março, junho, julho e agosto com uma ocorrên-
marinha e, como consequência, originando praias, recifes, Zona da Mata, constitui os municípios litorâneos atingidos pelos cia, e novembro, o único mês com dois registros, conforme
restingas e tômbolos (CASTRO, 2003). desastres de erosão marinha, ao longo dos 20 anos de registros demonstra o Gráfico 14.
Os desastres incluídos nessa classificação relacionam-se levantados. Observa-se que os desastres por erosão marinha são
com a dinâmica das encostas e, no caso da erosão marinha, são Ao analisarmos o Infográfico 6, observa-se que ao distribuídos ao longo do ano. Devido ao reduzido número
regidos por processos de transporte de massa promovidos pela longo desses anos estudados foram registradas 6 ocorrências de registros, não há definição de períodos de ocorrência.
ação hídrica. Na condição de agente de erosão, o mar atua com de erosão marinha, nos anos de 2007, 2009 e 2010. O evento de erosão marinha ao longo dos 20 anos
os mecanismos de ação hídrica sobre o relevo litorâneo, com a O Mapa 6 (Desastres Naturais causados por Erosão atingiu um total de 767 pessoas que residem e/ou trafegam
desagregação das rochas; de ação corrosiva (erosão mecânica), Marinha em Alagoas no período de 1991 a 2010) espacializa na área afetada pelo processo de erosão ocorrido na orla.
com o desgaste do relevo pelo atrito de fragmentos de rocha os registros na costa alagoana. O município de Barra de Santo A circulação de cidadãos e turistas na faixa de praia torna-
e areia em suspensão; de ação abrasiva, com o desgaste dos Antônio é o que mais apresenta registros oficiais, totalizando -se vulnerável a acidentes quando o mar atua como agente
fragmentos de rochas em suspensão e, de ação corrosiva, três ocorrências, das quais dois erosivo. Conforme apresenta o Gráfico 15, 44 pessoas foram
diluindo os sais solúveis provenientes da desagregação das ocorreram no ano de 2009 e um em 2010. Segundo Araújo et al. deslocadas de suas residências até que os eventos fossem
rochas e de restos de animais marinhos (CASTRO, 2003). (20--?), as ocorrências neste município ocorrem nas proximidades controlados.
Os processos erosivos atuantes na costa estão
relacionados às características geológicas do relevo litorâneo Infográfico 6 – Municípios atingidos por Erosão Marinha
e topográficas da faixa de contato entre o mar e o litoral; à
intensidade, duração e sentido dos ventos dominantes na MUNICÍPIOS 3
3
região; intensidade e sentido das correntes marinhas locais; ATINGIDOS
intensidade e altura das marés; intensidade das ondas; maior ou POR 2
2
menor proximidade da foz de rios e atividades antrópicas que EROSÃO
contribuam para alterar o equilíbrio dinâmico local (CASTRO, MARINHA 1
1
2003).
Na maioria das vezes, as erosões marinhas são
0
intensificadas por atividades antrópicas, relacionadas com a MUNICÍPIOS 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 TOTAL
concentração de atividades econômicas, industriais, de recreação Barra de Santo Antônio 3

e turismo em áreas de restinga, e/ou dunas frontais junto à Marechal Deodoro 2


Jequiá da Praia 1
faixa litorânea, que, em conjunto com os diversos processos
= 1 Registro = 2 Registros 6
hidrodinâmicos, modificam o ambiente costeiro.
Fonte: documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011
42 EROSÃO MARINHA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 6 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR EROSÃO MARINHA EM ALAGOAS NO PERÍODO DE 1991 A 2010
38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo

9°S 9°S

Barra de Santo Antônio

O
B
B aa hh ii aa Marechal Deodoro

IC
T
N
Â
L
Jequiá da Praia

Número de

T
registros

A
10°S 10°S

O
1
2

N
3

A
E
C
Convenções

O
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee
Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
EROSÃO MARINHA 43
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Gráfico 14 - Frequência mensal dos desastres naturais por erosão marinha Figura 22 - Avanço do mar na área urbana do litoral de Alagoas ao rio Barra de São Miguel, compreende o município de Marechal
no Estado de Alagoas, período de 1991 a 2010 Deodoro, considerado o trecho mais urbanizado do litoral alagoano,
Frequência mensal de Erosão Marinha (1991-2010) perfazendo ao todo 64 km. Por esse motivo, as praias apresentam
3 grandes evidências de erosão marinha, pela grande pressão antrópica
existente. O setor Sul, entre o rio Barra de São Miguel e o limite sul do
2 Estado de Alagoas, apresenta o trecho menos urbanizado da costa, e
2
ainda extensa planície quaternária (ARAÚJO et al, 20--?).
A interação entre os elementos geológicos e climáticos no
1 1 1 1
1 litoral resulta na grande diversidade das praias observadas ao longo
da costa alagoana, apresentando diferentes comportamentos
0 erosivos e também construtivos. De maneira geral, a costa do
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez Estado de Alagoas apresenta uma tendência erosiva, sendo esta
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011 mais evidente nos setores central e norte do litoral.
Evidencia-se no litoral costeiro, portanto, principalmente
nos setores mais ocupados e urbanizados, uma tendência de que o
Gráfico 15 - Total de danos humanos causados por Erosão Marinha no Esta-
fenômeno torne-se recorrente no Estado, devido à dinâmica costeira
do de Alagoas, no período de 1991 a 2010
e as intervenções antrópicas. A faixa da costa, uma vez alterada
Fonte: Alagoas - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil, 2011
Danos Humanos por Erosão Marinha pela ocupação humana, indisponibiliza os sedimentos costeiros ao
900
800
767 transporte, causando erosão.
700
Segundo Dominguez (1995 apud ARAÚJO et al, 20--?), a
Habitantes

600
500 tendência erosiva do litoral do Estado de Alagoas é comprovada
400
300 pela presença de falésias vivas da Formação Barreiras e de rochas
200
100 44 mesozóicas da Bacia Alagoas; pela quase ausência de planícies e
0
terraços; pelos alinhamentos de arenitos de praia, que caracterizam a
retrogradação litorânea e pelos campos de dunas, cujos sedimentos
da plataforma continental interna deixam de estar disponíveis para REFERÊNCIAS

a progradação costeira. ALAGOAS. Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC.. 2011.


Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011
Indícios de erosão marinha são encontrados em pontos
ARAÚJO, C. M. et al. Erosão e progradação do Litoral Brasileiro:
O litoral alagoano apresenta características que lhe confere um isolados, sendo mais evidenciada nos setores norte e central da faixa capítulo Alagoas. Ministério do Meio Ambiente. [20--?]. p. 199-212.
alto grau de vulnerabilidade, causado principalmente pela ocu- costeira, áreas mais ocupadas e urbanizadas do litoral alagoano Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_sigercom/_
(ARAÚJO et al, 20--?). publicacao/78_publicacao12122008085112.pdf>. Acesso em: 13 set.
pação inadequada da linha de costa e por uma geologia que 2011.
favorece a erosão marinha (ARAÚJO et al, 20--?). O setor norte situa-se entre a divisa com o Estado de
Embora seja um processo natural e não represente pro- Pernambuco e o rio Barra de Santo Antônio, onde predominam CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
blema algum quando ocorre em áreas desabitadas, a erosão afloramentos de arenitos de praia e recifes de coral e algas, e alguns
marinha torna-se um problema social e econômico quando são trechos com falésias vivas de rochas mesozóicas. É neste setor MORTON, A.R. et al. Living with the texas shore. Durham, North
construídas estruturas rígidas e fixas, tais como casas ou mu- em que se situa o município com o maior número de registros Carolina: Duke University Press, 1983. 185p.

ros, num ambiente que é naturalmente variável (MORTON et al., do Estado, Barra de Santo Antônio, com praias que apresentam OLINTO, Andrea. et al. Estudo da erosão marinha da região de
1983; DOYLE et al., 1984; PILKEY Jr. et al., 1984). erosão marinha. Já o setor central, do rio Barra de Santo Antônio Maracaípe, Ipojuca. Pernambuco: Gerco/PE, 1998.
44
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas
45

Diagnóstico dos Desastres Naturais


Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

no Estado de Alagoas

Fonte: Acervo fotográfico das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil dos Estados de Alagoas e Pernambuco, 2011.
46 DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE ALAGOAS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

MAPA 7 - REGISTRO DE DESASTRES NATURAIS POR MUNICÍPIO DE ALAGOAS DE 1991 A 2010


38°W 37°W 36°W 35°W

P
P ee rr nn aa m
m bb uu cc oo Campestre Jacuípe

Ibateguara Novo Lino Maragogi


Colônia Leopoldina Jundiá
São José da Laje
9°S 9°S
Porto Calvo

Mata Grande

Matriz de Camaragibe Japaratinga


Joaquim Gomes

Canapi Santana do Mundaú União dos Palmares


Ouro Branco Porto de Pedras

Pariconha Maravilha Chã Preta Branquinha São Miguel dos Milagres


Flexeiras
Água Branca Inhapi Passo de Camaragibe
Poço das Trincheiras Murici São Luís do Quitunde
Quebrangulo
Minador do Negrão Messias
Capela
Santana do Ipanema Paulo Jacinto Viçosa
Senador Rui Palmeira Dois Riachos Cajueiro Barra de Santo Antônio
Estrela de Alagoas
Delmiro Gouveia
Palmeira dos Índios
Olho D'Água do Casado Paripueira
Cacimbinhas
Carneiros
Mar Vermelho Pindoba Rio Largo
Olivença
Olho D'Água das Flores Atalaia Maceió
Piranhas São José da Tapera Major Isidoro
Igaci Belém Tanque D'Arca
Maribondo
Satuba

Monteirópolis Pilar Santa Luzia do Norte


Craíbas Coité do Nóia Taquarana
Coqueiro Seco
Jacaré dos Homens Jaramataia
Anadia Boca da Mata
Pão de Açúcar

O
Palestina
B
B aa hh ii aa Batalha
Marechal Deodoro

IC
Limoeiro de Anadia
Arapiraca
São Miguel dos Campos
Girau do Ponciano

T
Lagoa da Canoa
Número de
Belo Monte Campo Alegre Barra de São Miguel

N
registros
Junqueiro
Roteiro

Â
Traipu Feira Grande

L
Jequiá da Praia
1-3

T
Campo Grande São Sebastião Teotônio Vilela
4-6

A
10°S 10°S
7-9

O
Olho D'Água Grande 10 - 12
Coruripe
13 - 15

N
São Brás
Porto Real do Colégio
16 - 18

A
Igreja Nova

E
C
Convenções
Penedo

O
Feliz Deserto
Mesorregião
Divisão Municipal
S
S ee rr gg ii pp ee Piaçabuçu

Curso d´água

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 37° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ
Base cartográfica digital: IBGE 2005.

Dados de Desastres Naturais gerados


a partir do levantamento do Planejamento
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011.
1:1250000
0 12,5 25 37,5 50 62,5 km Elaborado por Renato Zetehaku Araujo
38°W 37°W 36°W 35°W
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE ALAGOAS 47
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO concentradas, em períodos curtos de tempo, em diversos municípios, Os demais desastres naturais ocorridos no Estado,
ESTADO DE ALAGOAS sejam áreas rurais ou urbanas. Os desastres relativos à inundação inundações graduais, erosão marinha, linear e fluvial, na escala
brusca e alagamentos apresentam-se como o segundo desastre temporal analisada, não foram expressivos. Foram classificados
Ao analisar os desastres naturais que acometeram o natural de maior ocorrência no Estado, com um total de 156 registros, na categoria Outros e representados no Gráfico 16, com 31
Estado de Alagoas ao longo de vinte anos (1991-2010), nota-se a equivalentes a 21% dos desastres ocorridos nos últimos vinte anos. ocorrências e 4% do total de registros.
ocorrência dos seguintes eventos naturais adversos: estiagens e Além dos efeitos adversos atrelados a este fenômeno, as enxurradas
Os registros das estiagens e secas, assim como os das
secas, inundações graduais e bruscas, erosões marinha, fluvial e muitas vezes ocorrem associadas a vendavais, e também podem
inundações bruscas foram distribuídos em uma frequência mensal ao
linear, alguns deles recorrentes em um mesmo ano. Os registros desencadear outros eventos, que potencializam o efeito destruidor,
longo dos anos de 1991 a 2010. Verifica-se que os meses referentes
computados foram apurados em 742 documentos oficiais. aumentando os danos causados.
ao período seco em Alagoas apresentam pouco ou nenhum registro
O Mapa 7 (Total de Registros de Desastres Naturais por Gráfico 16 -Percentagem dos desastres mais recorrentes durante o período
de desastres ocasionados por chuvas concentradas, mas apenas por
Município de Alagoas, no Período de 1991 a 2010) demonstra de 1991 a 2010
estiagens e secas. Inclusive, há picos elevados nos meses de outubro
que todos os 102 municípios foram atingidos por algum tipo de
Desastres Naturais mais Recorrentes em Alagoas e novembro, período de maior recorrência do evento adverso nos
evento, no decorrer da escala temporal adotada. (1991-2010)
vinte anos analisados (Gráfico 17).
Os menores registros compõem a classe de 1-3 da legenda
do mapa, espacializados em 29 municípios do sudeste alagoano, 4% Gráfico 18 - Municípios mais atingidos, classificados pelo maior número de
conforme apresenta a Tabela 11. São municípios situados na região 21% registros por desastres, no período de 1991 a 2010
da Zona da Mata (Leste Alagoano) com os maiores índices das médias Municípios mais atingidos em Alagoas (1991-2010)

climatológicas no Estado, segundo Nascimento e Xavier (2010). Poço das Trincheiras

O maior número de ocorrências se apresenta na porção


Palmeira dos Índios
central ao oeste do mapa, em que municípios registram de 16 a 75%

18 eventos. Este é o caso de Major Isidoro, Santana do Ipanema e Olivença

Senador Rui Palmeira, ambos localizados na Mesorregião do Sertão Monteirópolis

Alagoano. A localização geográfica desses municípios com maior


Estiagem e seca Inundação brusca Outros Minador do Negrão

número de registros influencia diretamente esses valores, uma


vez que estão distribuídos em regiões semiáridas e semiúmidas, Fonte: Documentos oficias do Estado de Alagoas, 2011 Mata Grande

de acordo com a classificação pluviométrica do Estado de Alagoas Gráfico 17 - Frequência mensal dos desastres mais recorrentes em Alagoas,
Jaramataia

(NASCIMENTO; XAVIER, 2010). Conforme a Tabela 11, verifica-se no período de 1991 a 2010 Delmiro Gouveia

que grande parte dos registros referentes aos municípios citados Canapi
Frequência mensal dos desastres mais recorrentes
acima são decorrentes de eventos de estiagens e secas, como
em Alagoas (1991-2010) Belo Monte
pode ser observado em Major Isidoro e Senador Rui Palmeira, que
120
apresentam, cada um, dezesseis ocorrências desses eventos
Batalha

100
Estiagens e secas, diretamente relacionadas à redução das Traipu

80
precipitações pluviométricas, estão entre os desastres naturais mais Pariconha

60
frequentes e tidos como um dos maiores problemas do Estado. Santana do Ipanema

Esses fenômenos correspondem a 555 registros, equivalentes a 40


Major Isidoro
75% dos desastres naturais de Alagoas, conforme o Gráfico 16. 20

Afeta grande extensão territorial e produz efeitos negativos e 0 Senador Rui Palmeira

jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
prolongados na economia e, principalmente, na sociedade. 0 2 4 6 8 10 12
Número de Registros
14 16 18 20

Alagoas sofre anualmente com a escassez das chuvas, e por Inundação brusca Outros Estiagem e seca
Inundação brusca Estiagem e seca Outros

outro lado, com o excesso também, em virtude das precipitações Fonte: Documentos oficias do Estado de Alagoas, 2011 Fonte: Documentos oficias do Estado de Alagoas, 2011
48 DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE ALAGOAS
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

O Gráfico 17, da Frequência Mensal dos Eventos Adversos Tabela 11 - Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Alagoas, no período de 1991 a 2010
mais Recorrentes, também demonstra que quando há picos elevados MUNICÍPIO MESORREGIÃO
INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO ESTIAGEM EROSÃO EROSÃO EROSÃO
TOTAL
GRADUAL BRUSCA E SECA LINEAR FLUVIAL MARINHA
de registros de estiagens e secas, ocorre uma redução nos registros de
Arapiraca 2 2 4
desastres por inundações bruscas. Em contrapartida, o mês de março, Belém 1 1
apesar de corresponder ao período chuvoso, apresentou um pico Cacimbinhas 1 12 13
Campo Grande 1 5 6
de 82 registros relativos a eventos de estiagens e secas. Os registros Coité do Nóia
A 6 6
marcados no Gráfico 17 para esse mês referem-se a municípios Craíbas
G 1 1 10 12
Estrela de Alagoas R 12 12
que apresentam déficit hídrico durante o ano inteiro, situados na
Feira Grande E 2 2
Mesorregião Sertão Alagoano, caracterizada por baixos índices de Girau do Ponciano S 12 12
pluviosidade. Nesta mesorregião, especificamente, as estiagens Igaci T 8 8
Lagoa da Canoa E 5 5
prolongadas caracterizam-se por ocorrer durante longos períodos de Limoeiro de Anadia 1 3 4
tempo, por alguns meses, inclusive em mais de uma estação do ano. Maribondo A 2 2 4
Mar Vermelho L 1 4 5
Ao todo, são 26 municípios que registraram ocorrência de Minador do Negrão A 14 14
estiagens e secas nos meses de março: Água Branca, Batalha, Belo Olho d'Água Grande G 1 7 8
Monte, Canapi, Carneiros, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Inhapi,
Palmeira dos Índios O 2 12 14
Paulo Jacinto A 2 1 3
Jacaré dos Homens, Jaramataia, Major Isidoro, Maravilha, Mata Quebrangulo
N 4 3 7
São Brás 2 1 3
Grande, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Olho d’Água do
São Sebastião
O 1 1 2
Casado, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Pão de Açúcar, Pariconha, Tanque d'Arca 1 1
Piranhas, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema, São José da Taquarana 1 2 3
Traipu 1 2 12 15
Tapera e Senador Rui Palmeira. Dentre esses 26 municípios do Sertão
Anadia 1 1 2
Alagoano, 14 são classificados como os mais atingidos por desastres Atalaia 5 1 2 8
naturais no Estado de Alagoas, conforme demonstra o Gráfico 18. Barra de Santo Antônio 1 1 1 3 6
Barra de São Miguel 1 1 2
Ao considerar o total de 742 registros oficiais de desastres Boca da Mata 2 2
naturais ocorridos em Alagoas, foram selecionados os 16 municípios Branquinha 3 2 5
Cajueiro L 2 3 5
mais atingidos para as duas tipologias de desastres naturais mais Campestre E 3 3
recorrentes (Gráfico 18). Campo Alegre S 3 3
Capela T 3 5 8
O município de Senador Rui Palmeira lidera o ranking dos Chã Preta E 1 2 3
municípios com o maior número de registros, com um total de 18 Colônia Leopoldina 2 3 5
ocorrências, das quais 16 correspondem a desastres por estiagens Coqueiro Seco A 1 1 2
Coruripe L 1 2 3
e secas. O município Major Isidoro aparece em segundo lugar, com Feliz Deserto A 2 1 3
17 ocorrências, das quais 16 também se referem a estiagens e secas. Flexeiras G 2 1 3
Ibateguara O 1 1 2
Santana do Ipanema, em terceiro, com 16 ocorrências, sendo 13 Igreja Nova 1 4 5
Jacuípe
A
referentes também a estiagens e secas e 03 a inundações bruscas. Já N 2 1 3
Japaratinga 1 2 3
no quarto lugar, ocupam os municípios de Água Branca, Pariconha Jequiá da Praia
O 1 1 2
e Traipu, apresentando 15 registros de desastres, todos relativos a Joaquim Gomes 2 3 5
Jundiá 1 2 2 5
estiagens e secas. Os demais municípios, têm a maioria dos registros
Junqueiro 2 2
relacionada a estiagens e secas, conforme o Gráfico 18. Na análise Maceió 6 1 7
dos tipos de desastres naturais ocorridos em Alagoas ao longo de 20 Maragogi 4 1 5
Marechal Deodoro 4 1 1 2 8
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE ALAGOAS 49
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

Continuação... anos, pode-se observar que anualmente são constantes as ocorrências


INUNDAÇÃO INUNDAÇÃO ESTIAGEM EROSÃO EROSÃO EROSÃO de desastres relacionados a eventos de inundações bruscas e de
MUNICÍPIO MESORREGIÃO TOTAL
GRADUAL BRUSCA E SECA LINEAR FLUVIAL MARINHA estiagens e secas.
Matriz de Camaragibe 3 3 6
Messias 2 2 4
Com base no total de 555 registros levantados, verifica-se
Murici 4 2 6 que o Estado de Alagoas é recorrentemente afetado por estiagens e
Novo Lino 2 2 4 secas, responsáveis em grande parte pela decretação dos estados de
Paripueira 3 1 4
Passo de Camaragibe L 3 1 4 emergência e de calamidade pública. Alguns municípios registraram
Penedo E 3 3 com frequência esses eventos e não somente no período de baixa
Piaçabuçu S 2 2 4
Pilar T 2 2
precipitação, mas os mais atingidos estão situados na região do
Pindoba E 3 1 4 Estado marcada por baixas médias climatológicas, na faixa de 300mm-
Porto Calvo 2 3 5 500mm e 500mm-700mm (ALAGOAS, 20--?).
Porto de Pedras A 2 1 3
Esses eventos naturais, comuns ao Estado, passaram a causar
Porto Real do Colégio L 2 4 6
Rio Largo A 3 2 5 danos à população alagoana, na medida em que todos os anos há
Roteiro G 2 1 3
Santa Luzia do Norte 4 2 1 7
registros confirmados e caracterizados como desastre. Isso porque
Santana do Mundaú
O 3 3 6 qualquer desequilíbrio mais acentuado no regime hídrico local gera
São José da Laje
A 6 2 8
N impactos significativos sobre a dinâmica econômica e social.
São Luís do Quitunde 4 3 7
São Miguel dos Campos O 1 1 O modelo de planejamento e gestão dos recursos
São Miguel dos Milagres 1 3 1 5 hídricos, assim como a estruturação da rede de drenagem urbana,
Satuba 1 1 2
Teotônio Vilela 1 2 3
as formas de armazenamento e distribuição de água podem
União dos Palmares 3 3 6 agravar o impacto gerado pela escassez de chuvas no município
Viçosa 5 2 7 ou região atingida. É necessário compreender que a recorrência
Água Branca 1 14 15 das estiagens e das secas não são provenientes apenas de
Batalha 1 13 14
Belo Monte 1 13 14 fatores climáticos e meteorológicos, mas sim do resultado de um
Canapi 1 13 14 conjunto de elementos, naturais ou antrópicos.
Carneiros 1 12 13
Delmiro Gouveia S 1 13 14
Dois Riachos E 12 12
Inhapi R 12 12
Jacaré dos Homens T 12 13
Jaramataia à 1 13 14
Major Isidoro O 16 17
Maravilha 11 11
Mata Grande
Monteirópolis
A 1 13 14
1 13 14
Olho d'Água das Flores
L 1 11 12
REFERÊNCIAS
Olho d'Água do Casado A 1 12 13
Olivença G 1 13 14 ALAGOAS. Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos
Ouro Branco O 1 11 12 Hídricos - SEMARH. Diretoria de Meteorologia – DMET. Mapa por
Palestina A 1 9 10 bacia hidrográfica. 1 mapa, color. Escala 1: 4.000.000. Disponível
Pão de Açúcar N 1 12 13 em: <http://www.semarh.al.gov.br/tempo%20e%20clima/dados-
Pariconha O 1 14 15 meteorologicos/pluviometria/mapas-de-media-climatologica/
Piranhas 1 12 13 mapabaixa1.jpg/view>. Acesso em: 12 set. 2011.
Poço das Trincheiras 1 13 14
Santana do Ipanema 3 13 16 NASCIMENTO, P. T. S. D.; XAVIER, R. A. Análise Pluviométrica do
São José da Tapera 1 11 12 Estado de Alagoas. In: SIMPÓSIO ALAGOANO GESTÃO AMBIENTAL,
Senador Rui Palmeira 1 1 16 18 1., 2010, Arapiraca. Anais eletrônicos... Arapiraca: UNEAL, 2010.
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Alagoas, 2011 Disponível em: <http://tinyurl.com/3wv59bg>. Acesso em: 13 set. 11.
Fonte: Acervo fotográfico da Secretaria Nacional da Defesa Civil, 2011.
51 CONSIDERAÇÕES FINAIS 51
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Alagoas

CONSIDERAÇÕES FINAIS É a valorização da história e seus registros que irá contribuir Apesar de não poder assegurar a relação direta entre
para que o país consolide sua política nacional de defesa civil e registros e ocorrências, o presente documento permite uma
O acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de suas ações de redução de riscos de desastres. série de importantes análises, ao oferecer informações – nunca
Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Os dados coletados sobre o Estado de Alagoas e publicados antes sistematizadas – que ampliam as discussões sobre as
Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina destaca-se pela neste volume, por exemplo, demonstram que o registro de ocorrência causas das ocorrências e intensidade dos desastres. Com esse
sua capacidade de produzir conhecimento referente aos desastres de desastres cresceu 236% nos últimos dez anos, mas não permite, levantamento, podem-se fundamentar novos estudos, tanto
naturais dos últimos vintes anos, e marca o momento histórico que sem uma análise mais detalhada, afirmar que houve um aumento de de âmbito nacional, quanto local, com análises de informações
vivemos diante da recorrência de desastres e de iminentes esforços ocorrências na mesma proporção. É o que ilustram os Gráficos 19 e 20. da área afetada, danos humanos, materiais e ambientais, bem
para minimizar perdas em todo território nacional. como prejuízos sociais e econômicos. Também é possível
Neste contexto, o Atlas Brasileiro de Desastres Naturais torna- Gráfico 19 - Total de registros coletados entre 1991 e 2010 estabelecer relações entre as informações sobre desastres e sua
se capaz de suprir a necessidade latente dos gestores públicos de contextualização com as variáveis geográficas regionais e locais.
Total de registros por ano em Alagoas
olhar com mais clareza para o passado, compreender as ocorrências No Estado de Alagoas, por exemplo, percebe-se a
120
atuais, e então pensar em estratégias de redução de risco de desastres 102 incidência de duas tipologias fundamentais de desastres,
100
adequadas à sua realidade local. Além disso, deve fundamentar 80 73 estiagens e secas e as inundações bruscas, que possibilitam
80 71
análises e direcionar as decisões políticas e técnicas da gestão de risco. verificar a sazonalidade e recorrência, e assim subsidiar os
60
O Atlas é também matéria-prima para estudos e 44 42 45 41
33 44 43 processos decisórios para direcionar recursos e reduzir danos e
35 32 37
40 prejuízos, assim como perdas humanas.
pesquisas científicos mais aprofundados, e fonte para a
compreensão das séries históricas de desastres naturais no 20
8 7 A partir das análises que se derivem deste Atlas, se
3 1 1
Brasil, e análise criteriosa de causas e consequências. 0 pode afirmar que este estudo é mais um passo na produção
Há que se registrar, contudo, que durante a análise dos do conhecimento necessário para a construção de comunidades
dados coletados foram identificadas algumas limitações da pesquisa. resilientes e sustentáveis.
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011. O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais marca o início
Limitações que menos comprometem o trabalho, mas muito
contribuem para ampliar o olhar dos gestores públicos às lacunas do processo de avaliação e análise das séries históricas de
presentes no registro e cuidado da informação sobre desastres. desastres naturais no Brasil. Espera-se que o presente trabalho
Gráfico 20 - Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as
Destacou-se entre as limitações a clara observação possa embasar projetos e estudos de instituições de pesquisa,
décadas de 1990 e 2000
de variações e inconsistências no preenchimento de danos órgãos governamentais e centros universitários.
humanos, materiais e econômicos. Diante de tal variação, a Comparativo de registros entre as décadas de
opção para garantir a credibilidade dos dados foi de não publicar 1990 e 2000
os danos materiais e econômicos, e posteriormente aplicar um
instrumento de análise mais preciso para validação dos dados.
As inconsistências retratam certa fragilidade histórica do 30%
sistema nacional de defesa civil, principalmente pela ausência de
profissionais especializados em âmbito municipal, e consequente
ausência de unidade e padronização das informações declaradas 70%

pelos documentos de registros de desastres.


É, portanto, por meio da capacitação e profissionalização
1991-2000 2001-2010
dos agentes de defesa civil que se busca sanar as principais
Fonte: Documentos oficiais do estado de Alagoas, 2011.
limitações no registro e produção das informações de desastres.

Fonte: Banco de Imagens

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