Você está na página 1de 90

VOLUME SANTA CATARINA

VOLUME PARÁ
VOLUME SANTA CATARINA
VOLUME PARÁ
PRESIDENTE DA REPÚBLICA CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E
Excelentíssima Senhora Dilma Vana Rousseff PESQUISAS SOBRE DESASTRES
MINISTRO DA INTEGRAÇÃO NACIONAL Diretor Geral
Excelentíssimo Senhor Fernando Bezerra de Souza Coelho Professor Antônio Edésio Jungles, Dr.
SECRETÁRIO NACIONAL DE DEFESA CIVIL Diretor Técnico e de Ensino
Excelentíssimo Senhor Humberto de Azevedo Viana Filho Professor Marcos Baptista Lopez Dalmau, Dr.
DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE Diretor de Articulação Institucional
MINIMIZAÇÃO DE DESASTRES Professor Irapuan Paulino Leite, Msc.
Excelentíssimo Senhor Rafael Schadeck
FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA E EXTENSÃO
UNIVERSITÁRIA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Superintendente Geral
Magnífico Reitor da Universidade Federal de Santa Catarina Professor Pedro da Costa Araújo, Dr.
Professor Álvaro Toubes Prata, Dr.
Diretor do Centro Tecnológico da Universidade Federal
de Santa Catarina
Professor Edson da Rosa, Dr.

Esta obra é distribuída por meio da Licença Creative Commons 3.0


Atribuição/Uso Não-Comercial/Vedada a Criação de Obras Derivadas / 3.0 / Brasil.

Universidade Federal de Santa Catarina. Centro Universitário de Estudos e


Pesquisas sobre Desastres.
Atlas brasileiro de desastres naturais 1991 a 2010: volume Santa Catarina
/ Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres. Florianópolis:
CEPED UFSC, 2011.
89 p. : il. color. ; 30 cm.

Volume Santa Catarina.


ISBN 978-85-64695-26-9

1. Desastres naturais. 2. Estado de Santa Catarina - atlas. I. Universidade


Federal de Santa Catarina. II. Centro Universitário de Estudos e Pesquisas
sobre Desastres. III. Secretaria Nacional de Defesa Civil. IV. Título.

CDU 912(816.4)

Catalogação na publicação por Graziela Bonin – CRB14/1191.


APRESENTAÇÃO

A construção de uma nova realidade para a Defesa Civil no Brasil, Nas últimas décadas os Desastres Naturais constituem um tema cada vez mais presente no cotidiano das
principalmente no que se refere à política de redução de riscos, requer populações. Há um aumento considerável não só na frequência e intensidade, mas também nos impactos
conhecer os fenômenos e os desastres que nosso território está sujeito. Para gerados, com danos e prejuízos cada vez mais intensos.
O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais é um produto de pesquisa resultado do acordo de cooperação
nos prepararmos, precisamos saber os perigos que enfrentamos.
entre a Secretaria Nacional de Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre Desastres
O levantamento de informações e a caracterização do cenário nacional de
da Universidade Federal de Santa Catarina.
desastres é uma necessidade antiga, compartilhada por todos que trabalham A pesquisa teve por objetivo compilar e disponibilizar informações sobre os registros de desastres
com Defesa Civil. A concretização do referido levantamento contou com a ocorridos em todo o território nacional nos últimos 20 anos (1991 a 2010), por meio da publicação de 26
participação de todos os estados e da academia. A cada dia fica mais evidente Volumes Estaduais e um Volume Brasil.
que a colaboração entre os atores envolvidos (Distrito Federal, estados e O levantamento dos registros históricos, derivando na elaboração dos mapas temáticos e na produção do
municípios) é essencial para o alcance de objetivos comuns. Atlas, é relevante na medida em que viabiliza construir um panorama geral das ocorrências e recorrências de
A ampla pesquisa realizada e materializada pela publicação deste Atlas teve desastres no país e suas especificidades por Estado. Possibilita, assim, subsidiar o planejamento adequado
em gestão de risco e redução de desastres, a partir da análise ampliada abrangendo o território nacional,
como objetivo corrigir essa falta de informações. O conhecimento gerado
dos padrões de frequência observados, dos períodos de maior ocorrência, das relações destes eventos com
poderá beneficiar os interessados no assunto, a partir dos mais diversos
outros fenômenos globais e da análise sobre os processos relacionados aos desastres no país.
propósitos, e estará em constante desenvolvimento e melhoria. O Brasil não possuía, até o momento, bancos de dados sistematizados e integrados sobre as ocorrências de
Finalmente, deixo aqui expresso meu sincero agradecimento a todos aqueles desastres e, portanto, não disponibilizava aos profissionais e aos pesquisadores informações processadas
que de alguma forma contribuíram para a construção deste trabalho que acerca destes eventos, em séries históricas.
a Secretaria Nacional de Defesa Civil, em cooperação com a Universidade Este Atlas é o primeiro trabalho em âmbito nacional realizado com a participação de 14 pesquisadores
Federal de Santa Catarina, apresenta para a sociedade brasileira. para recolher dados oficiais nos 26 Estados e no Distrito Federal do Brasil e envolveu um total de 53
pessoas para a sua produção. As informações apresentadas foram retiradas de documentos oficiais nos
órgãos estaduais de Defesa Civil, Ministério da Integração Nacional, Secretaria Nacional de Defesa Civil,
Secretário Humberto Viana
Arquivo Nacional e Imprensa Nacional.
Secretário da Secretaria Nacional de Defesa Civil
A proposta de desenvolver um trabalho desta amplitude mostra a necessidade premente de informações
que ofereçam suporte às ações de proteção civil. O foco do trabalho consiste na caracterização dos vários
desastres enfrentados pelo país nas duas últimas décadas.
Este volume apresenta os mapas temáticos de ocorrências de desastres naturais do Estado de Santa
Catarina, referente a 3.903 documentos compulsados, que mostram, anualmente, os riscos relacionados a
inundações bruscas, estiagens e secas, vendavais e outros eventos naturais adversos.
Nele, o leitor encontrará informações relativas aos totais de registros dos desastres naturais recorrentes
no Estado, espacializados nos mapas temáticos dos eventos adversos, que, juntamente com a análise de
infográficos com registros anuais, gráficos de danos humanos, frequências mensais das ocorrências e de
médias de precipitação, permitem uma visão global dos desastres em Santa Catarina, de forma a subsidiar
o planejamento e a gestão das ações de minimização no Estado.

Prof. Antônio Edésio Jungles, Dr.


Coordenador Geral CEPED UFSC
EXECUÇÃO DO ATLAS BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS

CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS SOBRE DESASTRES

Coordenação do projeto Geoprocessamento Priscila Stahlschmidt Moura


Professor Antônio Edésio Jungles, Dr. Professor Carlos Antonio Oliveira Vieira, Dr. Renato Zetehaku Araujo
Renato Zetehaku Araujo Thiago Hülse Carpes
Supervisão do projeto Thiago Linhares Bilck
Professor Rafael Schadeck, Ms. - Geral Revisão bibliográfica e ortográfica Vinícius Neto Trucco
Jairo Ernesto Bastos Krüger - Adjunto Graziela Bonin Vlade Dalbosco
Pedro Paulo de Souza
Equipe de elaboração do atlas Equipe de apoio
Bruna Alinne Clasen Revisão do conteúdo Eliane Alves Barreto
Daniela Prá S. de Souza Gerly Mattos Sánchez Juliana Frandalozo Alves dos Santos
Diane Guzi Mari Angela Machado Lucas Martins
Drielly Rosa Nau Michely Marcia Martins Paulo Roberto dos Santos
Evandro Ribeiro Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Valter Almerindo dos Santos
Frederico de Moraes Rudorff
Gerly Mattos Sánchez Equipe de campo, coleta e tratamento de dados
Lucas dos Santos Carolinna Vieira de Cisne
Mari Angela Machado Daniel Lopes Gonçalves
Michely Marcia Martins Daniela Prá S. de Souza
Patricia de Castilhos Drielly Rosa Nau
Regiane Mara Sbroglia Bruno Neves Meira
Rita de Cassia Dutra Érica Zen
Sarah Marcela Chinchilla Cartagena Fabiane Andressa Tasca
Fernanda Claas Ronchi
Projeto Gráfico Filipi Assunção Curcio
Alex-Sandro de Souza Gabriel Muniz
Douglas Araújo Vieira Gerly Mattos Sánchez
Eduardo Manuel de Souza Karen Barbosa Amarante
Marcelo Bezzi Mancio Larissa Dalpaz de Azevedo
Larissa Mazzoli
Diagramação Laura Cecilia Müller
Alex-Sandro de Souza Lorran Adão Cesarino da Rosa
Annye Cristiny Tessaro (Lagoa Editora) Lucas Soares Mondadori
Douglas Araújo Vieira Lucas Zanotelli dos Santos
Eduardo Manuel de Souza Michely Marcia Martins
José Antônio Pires Neto Monique Nunes de Freitas
Marcelo Bezzi Mancio Nathalie Vieira Foz
Patricia Carvalho do Prado Nogueira
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Esquema do registro de desastres---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
Figura 2 - Hierarquização de Documentos------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
Figura 3 - Codificação dos documentos oficiais digitalizados----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
Figura 4 - Cânion do Itambezinho---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 19
Figura 5 - Efeitos da estiagem em Santa Catarina----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29
Figura 6 - Cursos d’água com baixa vazão pelo déficit hídrico---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 29
Figura 7 – Enxurrada em 2008 no Estado de Santa Catarina------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 35
Figura 8 – Ponte destruída pela forte inundação brusca---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
Figura 9 – Danos ocasionados pelas enxurradas e alagamentos-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 37
Figura 10 - Inundação gradual em Sombrio, Estado de Santa Catarina------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
Figura 11 - Área inundada em Santa Catarina--------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 43
Figura 12 - Consequências de fortes vendavais em Santa Catarina----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 49
Figura 13 - Quedas de árvores provocadas pelos ventos intensos------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 49
Figura 14 - Furacão Catarina---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 51
Figura 15 - Pedras de granizo precipitadas em Santa Catarina---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 55
Figura 16 – Efeitos da passagem de tornado em Santa Catarina-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 65
Figura 17 - Queda de matacão rochoso, Santa Catarina---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 67
Figura 18 - Deslizamento de terra no Morro dos Cavalos, Santa Catarina---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 69
Figura 19 - Erosão fluvial com o desbarrancamento da margem do rio------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 71
Figura 20 - Efeitos da erosão marinha na praia da Armação do Pântano do Sul, Santa Catarina --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 73
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Médias pluviométricas em 1991 com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina--------------------------------- 30
Gráfico 2 - Médias pluviométricas em 2006 com base nos dados das Estações Pluviométricas de Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina--------------------------------- 30
Gráfico 3 - Frequência mensal de estiagem e seca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------------- 31
Gráfico 4 - Danos humanos ocasionados por estiagem e seca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------- 31
Gráfico 5 - Médias pluviométricas do período de 1991 a 2010, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina------------ 35
Gráfico 6 - Frequência mensal de inundação brusca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------------- 37
Gráfico 7 - Médias pluviométricas em 2010, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina--------------------------------- 38
Gráfico 8 - Danos humanos ocasionados por inundação brusca, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------- 38
Gráfico 9 - Médias pluviométricas em 2001, com base nos dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de Santa Catarina--------------------------------- 45
Gráfico 10 - Frequência mensal de inundação gradual, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 45
Gráfico 11 - Danos humanos ocasionados por inundações graduais em Santa Catarina, entre os anos de 1991-2010---------------------------------------------------------------------------------- 45
Gráfico 12 - Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------- 49
Gráfico 13 - Danos humanos ocasionados por vendaval e/ou ciclone no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------- 51
Gráfico 14 - Frequência mensal de granizo, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------ 55
Gráfico 15 - Danos humanos ocasionados por granizo, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 57
Gráfico 16 - Frequência mensal de geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------- 61
Gráfico 17 - Danos humanos ocasionados por geadas, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 63
Gráfico 18 - Frequência mensal de tornados no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------- 65
Gráfico 19 - Danos humanos ocasionados por tonado, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 65
Gráfico 20 - Frequência mensal de movimentos de massa no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------- 69
Gráfico 21 - Danos humanos ocasionados por movimentos de massa em Santa Catarina no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------- 69
Gráfico 22 - Frequência mensal de erosão fluvial no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------- 71
Gráfico 23 - Danos humanos ocasionados por erosão fluvial, no Estado de Santa Catarina,período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------ 73
Gráfico 24 - Frequência mensal de erosão marinha no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------- 74
Gráfico 25 - Danos humanos ocasionados por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------- 74
Gráfico 26 - Frequência mensal de incêndios, no Estado Santa Catarina, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 75
Gráfico 27 - Danos humanos ocasionados por incêndio, no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------- 76
Gráfico 28 - Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------- 81
Gráfico 29 - Frequência mensal dos desastres mais recorrentes em Santa Catarina, período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------- 81
Gráfico 30 - Municípios mais atingidos de Santa Catarina, classificados pelo total de registros, no período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------- 82
Gráfico 31 - Total de danos humanos em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 83
Gráfico 32 - Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as décadas de 1990 e 2000---------------------------------------------------------------------------------------------------- 89
Gráfico 33 - Total de registros coletados entre 1991 e 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 89
LISTA DE INFOGRÁFICOS
Infográfico 1 – Municípios atingidos por estiagens e secas em Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------ 32
Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundações bruscas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------- 39
Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundação gradual no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------ 46
Infográfico 4 – Municípios atingidos por vendavais e/ou ciclones em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------- 52
Infográfico 5 – Municípios atingidos por granizos no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------------- 58
Infográfico 6 – Municípios atingidos por geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------- 63
Infográfico 7 – Municípios atingidos por tornados no Estado de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------- 66
Infográfico 8 – Municípios atingidos por movimentos de massa em Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------- 70
Infográfico 9 – Municípios atingidos por erosão fluvial no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 71
Infográfico 10 – Municípios atingidos por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período 1991 a 2010----------------------------------------------------------------------------------------- 74
Infográfico 11 – Municípios atingidos por incêndio no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------- 76
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Político do Estado de Santa Catarina-------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18
Mapa 2 - Desastres naturais causados por estiagem e seca em Santa Catarina no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------------- 28
Mapa 3 - Desastres naturais causados por inundações bruscas em Santa Catarina no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 36
Mapa 4 - Desastres naturais causados por inundações graduais em Santa Catarina no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------------------------------- 44
Mapa 5 - Desastres naturais causados por vendaval e/ou ciclone em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010--------------------------------------------------------------------------------------- 50
Mapa 6 - Desastres naturais causados por granizos em Santa Catarina no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------ 56
Mapa 7 - Desastres naturais causados por geada em Santa Catarina no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------------------------- 62
Mapa 8 - Desastres naturais causados por tornado em Santa Catarina no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------------------ 64
Mapa 9 - Desastres naturais causados por movimentos de massa em Santa Catarina no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------- 68
Mapa 10 - Desastres naturais causados por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010---------------------------------------------------------------- 72
Mapa 11 - Total de Registros de desastres naturais por município de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010-------------------------------------------------------------------------------------- 80

LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Classificação dos desastres naturais quanto à origem------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 14
Tabela 2 - População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo as Grandes Regiões do Brasil – 2000/2010----------------------------------------------------- 21
Tabela 3 - População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Sule Unidades da Federação – 2000/2010-------------------------------------------------------- 22
Tabela 4 - Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Sul e Unidades da Federação – 2004/2008--------------------------------------------------------------------------------------------- 22
Tabela 5 - Déficit Habitacional Urbano em Relação aos DomicíliosParticulares Permanentes, Segundo Brasil, Região Sul e Unidades da Federação - 2008------------------------------------------ 23
Tabela 6 - Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por Faixas de Renda Média Familiar Mensal, Segundo Região Sul e Unidades da Federação- FJP/2008------------------------- 23
Tabela 7 - Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribuição percentual, por grupos de anos de estudo-Brasil, Região Sul e Estado de Santa Catarina – 2009------------------ 23
Tabela 8 - Taxas de fecundidade total, bruta de natalidade, bruta de mortalidade, de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil, Região Sul e Unidades da Federação – 2009-- 23
Tabela 9 – Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010------------------------------------------------------------------------------------------ 84
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 13

O ESTADO DE SANTA CATARINA 17

DESASTRES NATURAIS EM SANTA CATARINA DE 1991 A 2010 27

ESTIAGEM E SECA 29

INUNDAÇÃO BRUSCA 35

INUNDAÇÃO GRADUAL 43

VENDAVAL E/OU CICLONE 49

GRANIZO 55

GEADA 61

TORNADO 65

MOVIMENTOS DE MASSA 67

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL 71

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA 79

CONSIDERAÇÕES FINAIS 89
Fonte: Secretaria de Turismo de Santa Catarina
INTRODUÇÃO 13
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INTRODUÇÃO O Relatório de Danos foi um documento para registro do Ministério da Integração Nacional e Secretaria Nacional de
oficial utilizado pela Defesa Civil até meados de 1990, sendo Defesa Civil, por meio de consulta de palavras-chave “desastre”,
No Brasil, as informações oficiais sobre um desastre substituído, posteriormente, pelo AVADAN. Os documentos “situação de emergência” e “calamidade”.
podem ocorrer pela emissão de dois documentos distintos, não são armazenados em meio físico, de responsabilidade das
obrigatoriamente dependentes: o Formulário de Notificação Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Tratamento dos Dados
Preliminar de Desastre (NOPRED) e/ou o Formulário de Avaliação A relevância da pesquisa refere-se à importância que
de Danos (AVADAN). Quando um município encontra-se em deve ser dada ao ato de registrar e armazenar, de forma precisa, Para compor a base de dados do Atlas Brasileiro de Desastres
situação de emergência ou calamidade pública, um representante integrada e sistemática, os eventos adversos ocorridos no país. Naturais e a fim de evitar a duplicidade de registros, os documentos
da Defesa Civil do município preenche o documento e o envia Até o momento da pesquisa, não foram evidenciados bancos de foram selecionados de acordo com a escala de prioridade da Figura 2.
simultaneamente para a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil dados ou informações sistematizadas sobre o contexto brasileiro
e para a Secretaria Nacional de Defesa Civil. de ocorrências e controle de desastres no Brasil. Figura 2 – Hierarquização de Documentos
Após a emissão de um dos dois documentos, ocorre a Assim, a pesquisa justifica-se pela construção pioneira
oficialização da ocorrência do desastre por meio de um Decreto do resgate histórico e ressalta a importância dos registros pelos
Municipal exarado pelo Prefeito. Quando não é possível preencher órgãos federais, distrital, estaduais e municipais de Defesa Civil,
um dos dois documentos, o Prefeito Municipal pode oficializar a para que estudos abrangentes e discussões sobre as causas e
ocorrência de um desastre diretamente pela emissão do Decreto. intensidade dos desastres possam contribuir para a construção
Em seguida, ocorre a homologação do Decreto pela de uma cultura de proteção civil.
divulgação de uma Portaria no Diário Oficial da União, emitida
pelo Secretário Nacional de Defesa Civil ou Ministro da Integração Levantamento de Dados
Nacional, como forma de tornar pública e reconhecida uma
situação de emergência ou um estado de calamidade pública. A Entre outubro de 2010 a maio de 2011, pesquisadores
Figura 1 ilustra o processo de informações para a oficialização de do CEPED UFSC visitaram as 26 capitais brasileiras para obter os
um registro de um desastre. documentos oficiais de registros de desastres disponibilizados Fonte: Própria pesquisa, 2011.

pelas Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil. Os


Figura 1 - Esquema do registro de desastres pesquisadores também foram à Secretaria Nacional de Defesa Os documentos selecionados foram nomeados com
Civil para coletar os registros arquivados. Primeiramente, todas base em um código formado por 5 campos (Figura 3), que
as Coordenadorias Estaduais receberam um ofício da Secretaria permitem a identificação da:
Nacional de Defesa Civil comunicando o início da pesquisa e 1 – Unidade Federativa
solicitando a cooperação no levantamento dos dados. 2 – Tipo do documento:
Como na maioria dos Estados os registros são realizados A – AVADAN
em meio físico e arquivados, os pesquisadores utilizaram como N – NOPRED
equipamento de apoio um scanner portátil para transformar em R – Relatório de danos
meio digital os documentos disponibilizados. Foram digitalizados P – Portaria
os documentos datados entre 1991 e 2010, possibilitando o D – Decreto municipal ou estadual
resgate histórico dos últimos 20 anos de registros de desastres O – Outros documentos (tabelas, ofícios, etc.)
3 – Código do município estabelecido pelo IBGE
no Brasil. Os documentos oficiais encontrados consistem em
4 – Codificação de desastres, ameaças e riscos (CODAR)
relatório de danos, AVADANs, NOPREDs, decretos e portarias. 5 – Data de ocorrência do desastre (ano/mês/dia).
Como forma de minimizar as lacunas de informações, Quando não possível identificar refere-se a data de homologação
Fonte: Própria pesquisa, 2011. foram coletados documentos em arquivos e banco de dados do decreto ou elaboração do relatório.
INTRODUÇÃO 15
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Produção de Mapas Temáticos A análise apresenta uma descrição do contexto onde os


eventos ocorreram e permitem subsidiar os órgãos competentes
Com o objetivo de possibilitar a análise dos dados, para ações de prevenção e reconstrução. Assim, o Atlas
foram desenvolvidos mapas temáticos para espacializar e Brasileiro de Desastres Naturais consiste em uma fonte para
representar a ocorrência dos eventos. Utilizou-se a base de pesquisas e consultas, pois reúne informações sobre os eventos
dados georreferenciada do Instituto Brasileiro de Geografia e adversos registrados no território nacional o que contribui para
Estatística (IBGE, 2005), como referência para a produção dos a construção de conhecimento.
mapas. Assim, os mapas que compõem a análise dos dados por
Estado, são: Limitações da pesquisa
• Mapa Político do Estado;
• Mapas temáticos para cada tipo de desastre; As principais dificuldades encontradas na pesquisa,
• Mapa temático com o total de registros no Estado. foram: as condições de acesso, as lacunas de informações por
mau preenchimento, banco de imagens e referencial teórico
Análise dos Dados para a caracterização geográfica de cada Estado, além da
armazenagem inadequada dos formulários, muitos guardados
A partir dos dados coletados para cada Estado, foram em locais sujeitos a fungos e à umidade.
desenvolvidos mapas, gráficos e tabelas que possibilitaram Por meio da realização da pesquisa, evidenciaram-se
construir um panorama espaço-temporal sobre a ocorrência de algumas fragilidades quanto ao processo de gerenciamento das
desastres. Quando encontradas fontes teóricas que permitissem informações sobre os desastres brasileiros, como:
caracterizar os aspectos geográficos do Estado, como clima, • A ausência de unidades e campos
vegetação e relevo, as análises puderam ser complementadas. padronizados para as informações declaradas
Os aspectos socioeconômicos do Estado também compuseram pelos documentos;
uma fonte de informações sobre as características locais. • Ausência de sistema de coleta sistêmica e
A análise consiste na breve caracterização dos aspectos armazenamento dos dados;
geográficos do Estado, avaliação dos registros de desastres e • Cuidado quanto ao registro e integridade
avaliação dos danos humanos relativos às ocorrências, com a histórica;
utilização de mapas e gráficos para elucidar a informação. Assim, • Dificuldades na interpretação do tipo de
as informações do Atlas são apresentadas em três capítulos: desastre pelos responsáveis pela emissão dos
Capítulo 1 – Apresentação do Estado, mapa político, documentos;
aspectos geográficos e demográficos; • Dificuldades de consolidação, transparência e
Capítulo 2 – Análise dos desastres naturais do Estado acesso aos dados.
entre 1991-2010, mapas temáticos e análise de cada desastre Cabe ressaltar que o aumento do número de registros a
ocorrido, gráficos relacionados aos registros de desastres e cada ano pode estar relacionado à evolução dos órgãos de Defesa
danos humanos; Civil quanto ao registro de desastres nos documentos oficiais.
Capítulo 3 – Diagnóstico dos desastres naturais no Assim, acredita-se que pode haver carência de informações sobre
Estado, mapa temático contendo todos os registros desastres os desastres ocorridos no território nacional, principalmente entre
ocorridos entre 1991-2010 e gráficos de todos os desastres 1991 e 2001, período anterior ao formulário AVADAN.
recorrentes.
O Estado de Santa Catarina

Fonte: Secretaria de Turismo de Santa Catarina


18 O ESTADO DE SANTA CATARINA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 1 - POLÍTICO DO ESTADO DE SANTA CATARINA


53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Garuva
Itapoá
Paraná Canoinhas Mafra
Campo Alegre
Três Barras

São Francisco
Joinville do Sul
São Bento do Sul
Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
Bela Vista Schroeder
São Lourenço Jupiá
Guarujá do Sul do Toldo Papanduva
do Oeste
Princesa Campo Erê São Novo Horizonte
Galvão NORTE CATARINENSE Itaiópolis
Rio Negrinho Corupá Balneário
Araquari Barra do Sul
Matos Costa Major Vieira Jaraguá do Sul Guaramirim
Bernardino
São José do Cedro Coronel São
Anchieta Martins Domingos
Abelardo Luz
Calmon São João
Santa Terezinha Saltinho
Guaraciaba Formosa Santiago do Itaperiú
do Progresso Timbó Grande Rio dos Cedros
Irati do Sul do Sul Massaranduba
Romelândia Bom Jesus Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Barra Bonita Tigrinhos do Oeste Sul Ipuaçu Barra Velha
São Miguel Serra Brasil Passos Maia
da Boa Vista Jardinópolis Bom Ouro Verde Doutor Pedrinho
São Miguel Alta Quilombo Pomerode Luiz Alves
Entre Rios Jesus
do Oeste Água Doce Caçador Balneário
Flor do Sertão Maravilha Modelo União do Vargeão Piçarras
Bandeirante Macieira
Oeste Benedito Novo Timbó Penha
Marema Faxinal Vitor Meireles
Iraceminha Pinhalzinho Águas
Frias Coronel Lajeado dos
Ponte Serrada OESTE CATARINENSE Lebon Régis José Boiteux
Navegantes
Belmonte Descanso Grande Xanxerê Guedes Ilhota
Cunha Porã Nova Freitas Salto Veloso Rio do Campo Blumenau
Rio das Antas Rodeio
Erechim Arroio Trinta
Saudades Santa Cecília Witmarsum
Santa Helena Nova Vargem Bonita Gaspar
Cordilheira Treze Tílias
Itaberaba Xaxim Salete Ascurra
Riqueza Cunhataí Alta Iomerê Dona Emma Itajaí
Águas de Videira Indaial
Tunápolis Iporã do Oeste Ibirama
Chapecó Irani Balneário Camboriú
Caibi
São Carlos Planalto
Xavantina
Ipumirim
Lindóia do Sul
Catanduvas
Pinheiro Preto
Fraiburgo
VALE DO ITAJAI
São João Alegre Arvoredo Ibicaré Taió Presidente Getúlio Camboriú
Luzerna
Palmitos
Itapiranga do Oeste Mondaí Guatambú Guabiruba
Itapema
Chapecó Apiúna Brusque
Seara Arabutã Jaborá Joaçaba Tangará
Caxambu do Sul Rio
Ponte Alta do Norte Rio do Oeste
Monte Carlo Frei Rogério do
Herval D'Oeste Lontras Porto BeloBombinhas
Presidente Ibiam Mirim Doce Laurentino Sul
Paial Botuverá
Concórdia Castelo Branco Lacerdópolis Canelinha
Itá Tijucas
Ouro Erval Velho Presidente Nereu
São Cristovão do Sul Pouso Redondo
Curitibanos Trombudo
Central Aurora Nova Trento
Peritiba Brunópolis São João Batista
Braço do Agronômica Governador
Ipira
Alto Bela Trombudo Celso Ramos
Vidal Ramos
Vista Capinzal Campos Novos Ponte Alta
Atalanta Leoberto Leal Major Gercino Biguaçu
Piratuba Vargem Agrolândia Ituporanga
Zortéa
Imbuia
Antônio Carlos
Otacílio Costa
Petrolândia
Florianópolis
Palmeira Chapadão Angelina
Abdon Batista
São José do Cerrito Correia Pinto do Lageado São Pedro São José
de Alcântara !
Celso Ramos GRANDE FLORIANOPOLIS
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi Santo Amaro
Águas Mornas da Imperatriz
Bocaina do Sul
SERRANA Bom Retiro Palhoça

Cerro Negro Campo Belo do Sul

Anitápolis
Rio Rufino

Painel São Bonifácio


Paulo Lopes
Lages Santa Rosa de Lima
28°S Urupema
Urubici
28°S
Capão Alto Garopaba

MAPA DE LOCALIZAÇÃO DE SANTA CATARINA NO BRASIL Rio Fortuna


São Martinho
Grão Pará

70°W 40°W Imbituba


Braço do Norte Imaruí
Armazém
Orleans
São Joaquim Bom Jardim da Serra


Rio Grande do Sul Lauro Muller
São Ludgero Gravatal

Capivari de Baixo
Laguna
Treviso UrussangaPedras Grandes Tubarão
SUL CATARINENSE
Treze de Maio
Siderópo lis Cocal do Sul
Morro da Fumaça
Sangão Jaguaruna
Nova Veneza
Criciúma
Morro Grande

Forquilhinha Içara
Timbé do Sul

Projeção Policônica Meleiro


Maracajá
Datum: SIRGAS 2000 Turvo
Meridiano Central: 51° W. Gr. Araranguá

Paralelo de Referência: 0° Jacinto Machado

µ
Ermo
Balneário Arroio do Silva

Convenções
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
! Capital
Sombrio
Santa Rosa do Sul
Praia Grande
OCEANO
Dados de Desastres Naturais gerados
AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota
30°S
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião
São João do Sul

Nacional para Gestão do Risco - PNGR Passo de Torres


CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 1:1750000
1:75000000 Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
O ESTADO DE SANTA CATARINA 19
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

O ESTADO DE SANTA CATARINA Tabuleiro e Tijucas. Esta região, colonizada por açorianos no século
XVIII, tem um relevo litorâneo recortado com baías, manguezais,
Caracterização Geográfica lagunas e praias. As principais cidades são Florianópolis e São
José, sendo a pesca e o turismo as atividades econômicas mais
Santa Catarina pertence à Região Sul do Brasil, que é importantes (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).
composta pelos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande A Mesorregião Sul Catarinense é composta por 44
do Sul, e localiza-se entre os paralelos 26º00’08”S e 29º21’03”S municípios distribuídos em três microrregiões: Araranguá,
e os meridianos 48º21’30”W e 53º50’09”W (IBGE, 2010a). Criciúma e Tubarão. De colonização predominante italiana, o
Limita-se ao norte com o Estado do Paraná, ao sul com extrativismo mineral e indústria cerâmica são suas principais
o Estado do Rio Grande do Sul, a leste com o Oceano Atlântico atividades econômicas. Suas principais cidades são Criciúma,
e a oeste com a Argentina. Apresenta uma extensão territorial Tubarão, Gravatal, Araranguá e Urussanga (GOVERNO DO
de 95.346,181 km², sendo o 20º maior estado brasileiro em ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002).
dimensão territorial, correspondente a 1,12% da área do país e A Mesorregião Serrana, única que é limítrofe de todas
16,54% da Região Sul (IBGE, 2010a). as demais mesorregiões, é formada por 30 municípios divididos
Ao todo, são 293 municípios no Estado, com capital no em duas microrregiões: Campo de Lages e Curitibanos. Além
município de Florianópolis, localizado no litoral, sendo o segundo do turismo rural tem como atividades econômicas a pecuária
mais populoso do Estado, com 421.240 habitantes (IBGE, 2010c). e a indústria florestal. Os principais municípios são Lages, São
Santa Catarina se divide em cinco mesorregiões: Norte Joaquim, Urubici e Bom Jardim da Serra (GOVERNO DO ESTADO
Catarinense, Vale do Itajaí, Grande Florianópolis, Sul Catarinense, DE SANTA CATARINA, 2002).
Serrana e Oeste Catarinense, conforme apresenta o Mapa 1 Por fim, a Mesorregião Oeste Catarinense, composta
(Político do Estado de Santa Catarina). por 118 municípios, é formada por duas regiões (Oeste e Meio-
A Mesorregião Norte Catarinense é composta por 26 Oeste) e cinco microrregiões: Chapecó, Concórdia, Joaçaba, São
municípios agrupados em três microrregiões: Canoinhas, Joinville Miguel do Oeste e Xanxerê. Os campos da Região Oeste são o
e São Bento do Sul. A microrregião de Joinville destaca-se pela “celeiro” de Santa Catarina, de onde sai boa parte da produção
indústria metal-mecânica e as microrregiões de Canoinhas e São brasileira de grãos, aves e suínos. Os principais municípios
Bento do Sul destacam-se pela forte agricultura e a indústria são Chapecó, Xanxerê, Concórdia e São Miguel do Oeste. Na
madeireira-moveleira. O município principal e o mais populoso Região Meio-Oeste situam-se comunidades de pequeno e
do Estado, com 515.288 habitantes (IBGE, 2010b), é Joinville médio porte, colonizadas por imigrantes italianos, alemães,
(GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2002). austríacos e japoneses. Sua atividade econômica está baseada
A Mesorregião do Vale do Itajaí é formada por 54 na agroindústria, criação de bovinos e produção de maçã, como
municípios divididos em quatro microrregiões: Blumenau, também há indústrias expressivas do polo metal-mecânico. As
Itajaí, Ituporanga e Rio do Sul. De colonização alemã, é polo da principais cidades são Joaçaba, Videira, Caçador, Treze Tílias,
indústria têxtil e de exportação, através do Porto de Itajaí. Os Curitibanos, Fraiburgo e Campos Novos (GOVERNO DO ESTADO
principais municípios são Blumenau, Gaspar, Pomerode, Indaial, DE SANTA CATARINA, 2002).
Itajaí, Brusque e Rio do Sul (GOVERNO DO ESTADO DE SANTA O relevo catarinense caracteriza-se por planícies, que não
CATARINA, 2002). ultrapassam 200 metros, principalmente em toda a faixa litorânea
Figura 4 – Cânion do Itambezinho (planície costeira), formada por sedimentos trazidos pelos rios e
A Mesorregião da Grande Florianópolis é composta por
Fonte: Secretaria de Turismo de Santa Catarina. pelas marés, e planícies fluviais, principalmente no trecho do vale
21 municípios agrupados em três microrregiões: Florianópolis,
20 O ESTADO DE SANTA CATARINA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

do rio Uruguai, no extremo oeste do Estado, que é uma área Por sua localização geográfica, o clima do Estado pela bacia dos rios Paraná-Uruguai, e abrangendo uma superfície
rebaixada formando um grande vale. O rio Uruguai é o principal caracteriza-se por ter as quatro estações bem definidas e mais vasta, 63,03% da área do Estado, nos domínios do planalto.
agente modelador deste relevo, devido aos processos erosivos ao chuvas distribuídas ao longo do ano, não havendo estação A Serra Geral é o grande divisor das águas que drenam para o
longo tempo. Ainda no litoral catarinense, situam-se a Serra do seca. O relevo de Santa Catarina contribui, fundamentalmente, rio Uruguai e as que deságuam no Oceano Atlântico. Ao norte
Mar, no litoral norte, e a Serra do Leste Catarinense, situada mais no na distribuição diferenciada da precipitação em distintas áreas de Santa Catarina, a Serra do Mar serve como divisor entre a
litoral central, com altitudes que variam de 200 a 800 metros, e que do Estado. Naquelas mais próximas às encostas de montanhas, bacia do Iguaçu e as bacias da vertente atlântica que drenam
ultrapassam os 900 metros, como no caso do Morro do Cambirela, as precipitações são mais abundantes, pois a elevação do ar para o litoral norte (SANTA CATARINA, 1986).
com 1.043 metros (SANTA CATARINA, 1986). úmido e quente favorece a formação de nuvens cumuliformes, As principais bacias de Santa Catarina são as do rio
O relevo que predomina no Estado são os planaltos, que resultando no aumento do volume de precipitação local. Uruguai, do Peixe, das Antas, Peperi-guaçu, Chapecó, voltadas
ocorrem no interior catarinense, com altitudes entre 800 a 1.000 Neste sentido, são observados índices maiores de precipitação à vertente do interior (oeste), na vertente leste destacam-se as
metros, formados por depósitos vulcânicos da Era Mesozóica, e nos municípios próximos à encosta da Serra Geral, quando bacias dos rios Itajaí-Açu, Cubatão, Tubarão e Araranguá (SANTA
que se assentam sobre rochas de arenito. As altitudes mais elevadas comparados aos da zona costeira (MONTEIRO, 2001). CATARINA, 1986).
são encontradas nas bordas do planalto, principalmente no trecho A distribuição espacial dos totais pluviométricos anuais O Estado ainda contempla um sistema lagunar na
da Serra Geral, onde se situam os pontos mais altos, como o Morro é maior na região oeste, com declínio em direção ao vale do planície costeira que compreende um conjunto de 47 lagoas,
da Igreja, com 1.822 metros, localizado no município de Urubici, e rio do Peixe, variando de 2.400mm a 1.600mm. Esses valores entre as mais significativas. As formações lacustres de Santa
o Morro da Boa Vista (SANTA CATARINA, 1986). O Morro da Boa mais altos do extremo oeste e oeste catarinense são originados Catarina são mais frequentes na faixa litorânea situada mais
Vista é o ponto mais alto do Estado e o 3º da Região Sul, com 1.827 a partir da interação de todas as massas de ar que atuam no ao sul do Estado, merecendo destaque o complexo lagunar
metros de altitude (IBGE, 2010). Está situado na região conhecida Estado, além da interferência do relevo, onde a quantidade formado pelas lagoas do Mirim, Imaruim e de Santo Antônio.
como Campo dos Padres, cuja elevação faz parte da divisa dos precipitada nas áreas próximas ao vale do rio Uruguai é bem Na ilha de Santa Catarina também se encontram duas lagoas, a
municípios de Urubici e Bom Retiro. inferior às áreas mais ao norte, próximas às encostas das serras da Conceição e do Peri, com a primeira contendo água salobra
Segundo a classificação de Köppen (1948), o clima do Capanema, da Fortuna e do Chapecó, onde ocorrem os (SANTA CATARINA, 1986).
catarinense é caracterizado como Subtropical (ou Mesotérmico), maiores índices pluviométricos do Estado (MONTEIRO, 2001). A cobertura vegetal de Santa Catarina está diretamente
dividido em duas categorias: Cfa – mesotérmico úmido com No limite do oeste com o planalto ocorre precipitação relacionada com a hidrografia, o relevo, com a distância em
verão quente, de leste, pela zona litorânea e a oeste; e Cfb – anual de 1.800mm. Há também valores elevados no nordeste do relação ao mar e as condições climáticas e edáficas de cada
mesotérmico úmido com verão brando, distribuindo-se por Estado, com 2.000mm na região de Joinville. As pluviosidades região. Fazendo parte do Bioma Mata Atlântica, o Estado
toda a região central, de norte a sul do Estado. intensas nas regiões da Serra Geral e do Mar, como dito acima, apresenta as seguintes regiões fitoecológicas, segundo o Atlas
Quanto à temperatura, apresenta características são determinadas pela influência do relevo. Os totais declinam de Santa Catarina (SANTA CATARINA, 1986):
subtropicais. Os valores médios anuais definem a mesotermia, em direção ao sul precipitando 1.400mm anuais na região
com valores que variam de 21,8ºC no litoral a 13,0ºC no planalto. litorânea até o extremo sul do Estado. Esse total reflete as • Floresta Ombrófila Densa (Mata Atlântica): é
Além de sofrer influência da atuação de massas polares, modificações locais da circulação atmosférica, com a passagem a vegetação encontrada no litoral catarinense e
conferindo amplitude térmica entre 10 e 7ºC, tem influência da livre de ventos vindos do oceano, que em sua rota do mar em estende-se nos vales da bacia hidrográfica do rio
altimetria (SANTA CATARINA, 1986). direção à Serra Geral, perde umidade (SANTA CATARINA, 1986). Itajaí-Açu, onde a umidade é maior e as chuvas são
As massas de ar que atuam com maior frequência no Com relação à rede hidrográfica, o território catarinense mais frequentes. É higrófila, latifoliada, perene, densa
Estado são a Massa Tropical Atlântica e a Massa Polar Atlântica. é drenado por numerosas bacias representadas por dois sistemas e heterogênea. É bem estratificada, com árvores de
As frentes são formadas pelo encontro dessas massas de ar e independentes de drenagem: uma vertente dirigida diretamente 20 a 30 m de altura e importantes como o cedro, ipê
são muito frequentes nos meses de inverno. Desse encontro, para o Oceano Atlântico, a leste do Estado, formando um e a figueira. Sua área de ocorrência é formada por
ocorrem as chamadas chuvas frontais; já no verão, predominam conjunto de bacias isoladas, abrangendo 37% do território planícies litorâneas, e principalmente por encostas
as chuvas convectivas. Em algumas cidades, como Joinville, são catarinense, com destaque para a bacia do rio Itajaí; e a outra, íngremes da Serra do Mar e Geral, formando vales
frequentes também as chuvas orográficas. para oeste, por um sistema integrado do interior, comandada profundos e estreitos.
O ESTADO DE SANTA CATARINA 21
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

• Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias): aparece esparsos, com raízes alongadas acompanhando a período de 2005 a 2008, os desflorestamentos do Bioma Mata
no planalto catarinense, em altitudes superiores a superfície do solo. Os manguezais são halófitos e Atlântica no período analisado totalizaram 102.938 hectares
500m. Sua denominação é dada pela presença de uma pneumatóforos. Aparecem em áreas onde as águas dos nos 10 dos 17 Estados onde a Mata Atlântica aparece (BA, GO,
conífera – araucária angustifólia, vulgarmente conhecida rios se encontram com as águas do mar, e onde não MS, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS). Verifica-se que, em números
como “pinheiro do Paraná”. É aberta, aciculifoliada e haja rebentação de ondas. Ocorrem no litoral norte e absolutos, Santa Catarina foi o Estado que mais desmatou
homogênea. Grande parte desta floresta desapareceu centro do Estado, até o município de Laguna. entre os anos de 2005 a 2008, suprimindo 45.530 hectares de
no século XX, devido às empresas de exploração de Mata Atlântica. A porção oeste, junto às formações das matas de
madeira. Possui importantes espécies como a araucária, No passado, o Estado de Santa Catarina apresentava araucárias em Santa Catarina, é a área mais crítica para a Mata
a erva-mate e a imbuia. Frequentemente aparece 85% de sua área originalmente coberta pela Mata Atlântica; Atlântica apontada pelo Atlas (SOS MATA ATLÂNTICA, 2009).
associada a áreas de campos. atualmente, situa-se como o terceiro Estado brasileiro com
• Floresta Estacional Decidual (Floresta Subtropical do maior área de remanescentes do Bioma, resguardando cerca Dados Demográficos
Uruguai): é a vegetação característica da bacia média e de 1.662.000 hectares, ou 17,46% da área original (CAMPANILI;
superior do rio Uruguai e seus afluentes, até as altitudes PROCHNOW, 2006). A Região Sul do Brasil possui uma densidade
de 500 a 600m, ocupando aproximadamente 10.000 Ao longo dos anos, a cobertura vegetal original demográfica de 48,58 hab/km², a segunda mais alta do Brasil.
km2 do Estado. Predominam as espécies que perdem do Estado foi, na sua maior parte, descaracterizada pela Entretanto, possui a menor taxa de crescimento do país, com
suas folhas no outono e inverno, mas há grande número ação antrópica, que desde a colonização vem sendo feita, 9,07%, no período de 2000 a 2010. Já o Estado Santa Catarina
de espécies perenes. Destaca-se a grápia, o angico principalmente, através de exploração descontrolada das apresenta uma população de 6.249.682 habitantes e densidade
vermelho, o louro-pardo, a canafístula e a guajuvira. florestas para a extração de madeiras, bem como pela demográfica de 65,29 hab/Km² (Tabela 2).
Entre as espécies perenes têm-se as canelas, o pau- implantação de culturas cíclicas, além da formação de pastagens A população catarinense é predominantemente urbana,
marfim, os camboatás. para a criação extensiva do gado bovino e atualmente, com com uma taxa de 84%, característica encontrada também na
• Savana (campos do planalto meridional): vegetação o reflorestamento para a comercialização. Segundo dados do Região Sul, com 84,93% e Brasil, com 84,3%% (Tabela 3).
rasteira, herbácea, de gramíneas cespitosas e Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, para o
rizomatosas, entremeadas por elementos de arbustos
ou arbóreos formando as florestas de galeria ou
capões. Aparecem em manchas esparsas e em maior
quantidade no Planalto Serrano, em altitudes acima dos Tabela 2 – População, taxa de crescimento, densidade demográfica e taxa de urbanização, segundo as Grandes Regiões do Brasil – 2000/2010

800m, e frequentemente associadas às araucárias. São


mais expressivas, pela extensão, os campos em Lajes,
Taxa de Densidade
São Joaquim, Campos Novos, Bom Retiro e Curitibanos. Taxa de Pop.
Grandes Regiões População em 2000 População em 2010 Crescimento Demográfica
Os campos catarinenses foram aos poucos ocupados Urbana - 2010
2000 a 2010 (2010) (hab/km²)
pela agricultura.
• Formações Pioneiras (Vegetação Litorânea): é
BRASIL 169,799,170 190,732,694 12.33% 22.43 84.36%
encontrada na faixa costeira, no contato entre o mar e
Região Norte 12,900,704 15,865,678 22.98% 4.13 73.53%
o continente. Constitui-se principalmente de vegetação Região Nordeste 47,741,711 53,078,137 11.18% 34.15 73.13%
de restinga e dos manguezais, com predominância Região Sudeste 72,412,411 80,353,724 10.97% 86.92 92.95%
herbácea e arbustiva, diretamente ou indiretamente Região Sul 25,107,616 27,384,815 9.07% 48.58 84.93%
Santa Catarina 5,356,360 6,249,682 16.68% 84,00 16.00%
influenciadas pelo mar. A vegetação de restinga aparece
Região Centro-Oeste 11,636,728 14,050,340 20.74% 8.75 88.81%
junto às dunas e praias, com arbustos e gramíneas
Fonte: IBGE, Censo Demográfico de2000 e 2010
22 O ESTADO DE SANTA CATARINA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Tabela 3 – População, taxa de crescimento e taxa de população urbana e rural, segundo a Região Sule Unidades da Federação – 2000/2010 em razão da precariedade das construções ou do desgaste
da estrutura física, correspondeu a 5.546.310 milhões de
População Crescimento Taxa de População Taxa de População domicílios, dos quais 4.629.832 milhões estão localizados
Abrangência Geográfica
(2000-2010) Urbana (2010) Rural (2010) nas áreas urbanas. Em relação ao estoque de domicílios
2000 2010 particulares permanentes do país, o déficit corresponde a
BRASIL 169,799,170 190,732,694 12.33% 84.30% 15.70% 9,6%. No Estado de Santa Catarina, o déficit habitacional,
Região Sul 25,107,616 27,384,815 9.07% 84.70% 15.30% em 2008, era de 140.770 mil domicílios, dos quais 123.747
Paraná 9,563,458 10,439,601 9.16% 85.10% 14.90%
mil localizados nas áreas urbanas e 17.023 nas áreas rurais
Santa Catarina 5,356,360 6,249,682 16.68% 84.00% 16.00%
Rio Grande do Sul 10,187,798 10,695,532 4.98% 85.30% 14.70% (Tabela 5).
Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2000 e 2010. Em relação ao estoque de domicílios particulares
permanente do Estado, o déficit corresponde a 7,2%. Se
Tabela 4 – Produto Interno Bruto per Capita, segundo a Região Sul e Unidades da Federação – 2004/2008 comparados aos percentuais de domicílios particulares
PIB PER CAPITA EM R$ dos demais estados da região, é o mais alto e acima do
Taxa de percentual regional, 6,5%, no entanto abaixo do nacional,
Abrangência Geográfica
2004 2005 2006 2007 2008 Variação 9,6%, conforme a Tabela 5.
2004/2008
BRASIL 10,692.19 11,658.10 12,686.60 14,464.73 15,989.75 49.55% Déficit habitacional urbano em 2008, segundo faixas de
Sul 12,676.91 13,205.97 14,156.15 16,564.00 18,257.79 44.00%
renda familiar em salários mínimos
Paraná 12,079.83 12,344.44 13,151.98 15,711.20 16,927.98 40.00%
Santa Catarina 13,403.29 14,542.79 15,633.20 17,834.00 20,368.64 52.00%
Rio Grande do Sul 12,850.07 13,298.02 14,304.83 16,688.74 18,378.17 43.00% A análise dos dados refere-se à faixa de renda
Fonte: IBGE, 2004/2008. média familiar mensal em termos de salários mínimos sobre
– R$15.989,75. O mais alto entre todos os estados da Região Sul. o déficit habitacional. O objetivo é destacar os domicílios
Produto Interno Bruto No mesmo período, a taxa de variação foi de 52% (Tabela 4). urbanos precários e sua faixa de renda, alvo preferencial de
políticas públicas que visem à melhoria das condições de
O PIB1 per capita do Estado de Santa Catarina, segundo Indicadores Sociais Básicos vida da população mais vulnerável.
dados da Tabela 4, cresceu em média 52%, entre 2004 a 2008, No Estado de Santa Catarina, as desigualdades sociais
acima da média da Região Sul, em torno de 44%, e da média do Déficit Habitacional no Brasil2 estão expressas pelos indicadores do déficit habitacional,
Brasil, em torno de 50% segundo faixa de renda. Os dados mostram que a renda
No ano de 2008, o PIB per capita era de – R$ 20.368,64 – No Brasil, em 2008, o déficit habitacional urbano, que familiar mensal das famílias é muito baixa, onde 76,6%
maior que a média regional - R$ 18.257,79 – e que a média nacional engloba as moradias sem condições de serem habitadas, recebem uma renda mensal de até 3 salários mínimos. Na
Região Sul, representa 83,4%, enquanto a média no Brasil é
¹ PIB – Produto Interno Bruto: É o total dos bens e serviços produzidos pelas unidades produ- de 89,6% das famílias (Tabela 6).
toras residentes destinadas ao consumo final sendo, portanto, equivalente à soma dos valores
adicionados pelas diversas atividades econômicas acrescida dos impostos sobre produtos. O PIB 2
Déficit Habitacional: o conceito de déficit habitacional utilizado está ligado diretamente às
também é equivalente à soma dos consumos finais de bens e serviços valorados a preço de mer- deficiências do estoque de moradias. Inclui ainda a necessidade de incremento do estoque, em
cado sendo, também, equivalente à soma das rendas primárias. Pode, portanto, ser expresso por função da coabitação familiar forçada (famílias que pretendem constituir um domicilio unifami- Escolaridade
três óticas: a) da produção – o PIB é igual ao valor bruto da produção, a preços básicos, menos o liar), dos moradores de baixa renda com dificuldade de pagar aluguel e dos que vivem em casas
consumo intermediário, a preços de consumidor, mais os impostos, líquidos de subsídios, sobre e apartamentos alugados com grande densidade. Inclui-se ainda nessa rubrica a moradia em
produtos; b) da demanda – o PIB é igual a despesa de consumo das famílias, mais o consumo
do governo, mais o consumo das instituições sem fins de lucro a serviço das famílias (consumo
imóveis e locais com fins não residenciais. O déficit habitacional pode ser entendido, portanto, A média de anos de estudo do segmento etário que
como déficit por reposição de estoque e déficit por incremento de estoque. O conceito de do-
final), mais a formação bruta de capital fixo, mais a variação de estoques,mais as exportações de micílios improvisados engloba todos os locais e imóveis sem fins residenciais e lugares que compreende as pessoas acima de 25 anos ou mais de idade
bens e serviços, menos as importações de bens e serviços; c) da renda – o PIB é igual à remu- servem como moradia alternativa (imóveis comerciais, embaixo de pontes e viadutos, carcaças
neração dos empregados, mais o total dos impostos, líquidos de subsídios, sobre a produção e de carros abandonados e barcos e cavernas, entre outros), o que indica claramente a carência de revela a escolaridade de uma sociedade, segundo IBGE (2010).
a importação, mais o rendimento misto bruto, mais o excedente operacional bruto. IBGE / 2008. novas unidades domiciliares. Fonte: Fundação João Pinheiro/ Déficit Habitacional no Brasil/2008.
O ESTADO DE SANTA CATARINA 23
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Tabela 5 – Déficit Habitacional Urbano em Relação aos DomicíliosParticulares Tabela 6 – Distribuição percentual do Déficit Habitacional Urbano por Tabela 7 – Pessoas de 25 anos ou mais de idade, total e respectiva distribui-
Permanentes, Segundo Brasil, Região Sul e Unidades da Federação – 2008 Faixas de Renda Média Familiar Mensal, Segundo Região Sul e Unidades ção percentual, por grupos de anos de estudo-Brasil, Região Sul e Estado de
da Federação- FJP/2008 Santa Catarina – 2009.
Déficit Habitacional - Valores Absolutos – 2008
Déficit Habitacional - Valores Absolutos – 2008 Pessoas de 25 anos ou mais de idade
Percentual em
Abrangência Percentual em Distribuição percentual, por grupos de
Relação aos
Geográfica Abrangência Relação aos anos de estudo
Total Urbano Rural Domicílios
Geográfica Total Urbano Rural Domicílios
Particulares Abrangência
Particulares Total (1000 Sem
Permanentes Geográfica
Permanentes pessoas) Instrução e
Brasil 5.546.310 4.629.832 916.478 9.6% Menos de 1 1 a 3 anos 4 a 7 anos
Sul 580.893 519.080 61.813 6,50% BRASIL 5.546.310 4.629.832 916.478 9,60% ano de
Paraná 213.157 192.726 20.431 6,30% Norte 555.130 448.072 107.058 13,80% Estudo
Santa Catarina 140.770 123.747 17.023 7,20% Rondônia 31.229 29.609 1.620 6,90%
Acre 19.584 17.370 2.214 10,50% Brasil 111,952 12.90% 11.80% 24.80%
Rio Grande do Sul 17 060 80.00% 11.00% 28.90%
226.966 202.607 24.359 6,20% Amazonas 132.224 120.363 11.861 17,10%
Sul Roraima 13.969 13.333 636 12,00% Paraná 6 466 10.20% 11.90% 24.90%
Fonte: IBGE, 2004/2008. Pará 284.166 217.408 66.758 14,70%
Santa Catarina 3 773 7.10% 10.20% 27.30%
Amapá 14.277 13.223 1.054 8,70%
O indicador de escolaridade no Estado de Santa Tocantins 59.681 36.766 22.915 15,80% Rio Grande do
6 821 6.40% 10.70% 33.60%
Catarina pode ser visto pelo percentual de analfabetos (7,1%), Fonte: Fundação João Pinheiro/ Déficit Habitacional no Brasil 2008 – Minis- Sul
tério das Cidades.
de analfabetos funcionais (10,2%), ou seja, pessoas com até 3 Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2009.
anos de estudos, e os de baixa escolaridade (27,3%), compondo
da região. O indicador taxa bruta de mortalidade – 5,56% -
um indicador formado pelos sem escolaridade, com muito
está abaixo do regional – 6,23% -e do nacional – 6,27% - e
baixa e baixa escolaridade, que, na soma, corresponde a
é a menor entre os estados da região. O indicador taxa de
37,5% da população acima de 25 anos (Tabela 7).
mortalidade infantil – 15,0% - está abaixo da média regional
15,1% - e muito abaixo da média nacional – 22,5% - e é o
Esperança de Vida ao Nascer3
mediano da região (Tabela 8).

No Estado de Santa Catarina, o indicador de esperança


Tabela 8 – Taxas de fecundidade total, bruta de natalidade, bruta de mortalidade, de mortalidade infantil e esperança de vida ao nascer, por sexo - Brasil,
de vida – 75,8 anos – está acima da média nacional – 73,1 anos Região Sul e Unidades da Federação – 2009
– e da regional – 75,2 anos – e é o mais alto entre os estados
da região. O indicador taxa de fecundidade – 2,08% - está
Taxa de Taxa Bruta Taxa Bruta Taxa de
acima do regional – 1,92% - e do nacional – 1,94 – e é a mais Esperança de Vida ao Nascer
Abrangência Geográfica Fecundidade de de Mortalidade
alta entre os estados da região. O indicador taxa bruta de
Total Natalidade Mortalidade Infantil
natalidade – 12,54% - está acima do regional – 12,34% - mas
Total Homens Mulheres
abaixo do nacional – 15,77% - é o mediano entre os estados
BRASIL 1,94% 15,77% 6,27% 22,5% 73.10 69.40 77.00
Sul 1,92% 12,34% 6,23% 15,10% 75.2 71.9 78.7
3
No Brasil, o aumento de esperança de vida ao nascer, em combinação com a queda do nível Paraná 1,84% 12,98% 5,97% 17,30% 74.7 71.6 77.9
geral de fecundidade, resulta no aumento absoluto e relativo da população idosa. A taxa de Santa Catarina 2,08% 12,54% 5,56% 15,00% 75.8 72.6 79.1
fecundidade total corresponde ao número médio de filhos que uma mulher teria no final do
seu período fértil. Essa taxa, no Brasil, vem diminuindo nas últimas décadas, e sua redução Rio Grande do Sul 1,93% 11,60% 6,84% 12,70% 75.5 71.9 79.3
reflete a mudança que vem ocorrendo no processo de urbanização e na entrada da mulher no
mercado de trabalho. Fonte: Síntese dos Indicadores Sociais (IBGE, 2009b).
24 O ESTADO DE SANTA CATARINA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

REFERÊNCIAS IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Sinopse do Censo Demográfico 2010. 2010. Disponível em:
BRASIL. Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação. <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/
Déficit habitacional no Brasil 2008. Brasília: Fundação João sinopse.pdf>. Acesso em: 05 set. 2011.
Pinheiro, Centro de Estatística e Informações. 2008. 129p. (Projeto
PNUD-BRA-00/019 – Habitar Brasil – BID). Disponível em: IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
<http://www.fjp.gov.br/index.php/component/docman/doc_ Síntese de indicadores sociais: uma análise das condições
download/654-deficit-habitacional-no-brasil-2008>. Acesso em: 19 de vida da população brasileira. Rio de Janeiro: IBGE, 2009b.
set. 2011. (Estudos e Pesquisas: Informação Demográfica e Socioeconômica,
26). Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/
CAMPANILI, M.; PROCHNOW, M. (Orgs.). Os estados da Mata estatistica/populacao/condicaodevida/indicadoresminimos/
Atlântica: Santa Catarina. In: ______. Mata Atlântica: uma rede pela sinteseindicsociais2009/indic_sociais2009.pdf>. Acesso em: 10 set.
floresta. Brasília: RMA, 2006. Disponível em: 2011.
<http://www.apremavi.org.br/mata-atlantica/uma-rede-pela-
floresta/>. Acesso em: 7 dez. 2011. GOVERNO ESTADUAL DE SANTA CATARINA. Regiões 2002.
Disponível em: <http://www.sc.gov.br/>. Acesso em: 1 dez. 2011.
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.
Anuário estatístico do Brasil. v. 70. Rio de Janeiro: IBGE, 2010a. KÖPPEN, W. Climatologia: con un estúdio de los climas de la tierra.
Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/ México: Fondo de Cultura Econômica, 1948. 466p.
monografias/GEBIS%20-%20RJ/AEB/AEB2010.pdf>. Acesso em: 19
out. 2011. MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa
Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78,
Joinville. In: IBGE Cidades. 2010b. Disponível em: <http://www.ibge. jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/
gov.br/cidadesat>. Acesso em: 1 dez. 2011 geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 5 dez. 2011.

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Florianópolis. SANTA CATARINA. Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral.
In: IBGE Cidades. 2010c. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/ Atlas de Santa Catarina. Florianópolis, SC: GAPLAN/SUEGI; Rio de
cidadesat>. Acesso em: 1 dez. 2011. Janeiro: Aerofoto Cruzeiro, 1986. 173p.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. SOS MATA ATLÂNTICA. Fundação e INPE divulgam novos dados
Contas regionais do Brasil 2004 - 2008. Tabela 4 - Produto do atlas. 2009. Disponível em: <http://www.sosmatatlantica.org.
Interno Bruto a preços de mercado per capita , segundo Grandes br/index.php?section=content&action=contentDetails&idConte
Regiões e Unidades da Federação - 2003-2007. 2008. Disponível nt=392/>. Acesso em: 5 dez. 2011.
em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/economia/
contasregionais/2003_2007/tabela04.pdf>. Acesso em 19 de set.
2011.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Pesquisa nacional por amostra de domicílios 2009. 2009a.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/
populacao/trabalhoerendimento/pnad2009/>. Acesso em: 05 set.
2011.
Desastres Naturais em
Santa Catarina de 1991 a 2010

Fonte: Banco de Imagens da Studio Digital. Fonte: Banco de Imagens da Studio Digital.

Fonte: Acervo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Pernambuco. Fonte: Acervo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil de Pernambuco.
28 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 2 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR ESTIAGEM E SECA


EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S

Paraná Canoinhas Mafra


Campo Alegre
Três Barras

São Bento do Sul


Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
Bela Vista
São Lourenço Jupiá
Guarujá do Sul do Toldo Papanduva
do Oeste
Princesa Rio Negrinho
Campo Erê Galvão
São Novo Horizonte Matos Costa Major Vieira Itaiópolis
Bernardino
São José do Cedro Coronel São
Anchieta Martins Domingos
Abelardo Luz
Calmon
Santa Terezinha Saltinho
Guaraciaba do Progresso Formosa Santiago Timbó Grande
Irati do Sul do Sul
Romelândia Bom Jesus Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Tigrinhos do Oeste Sul Ipuaçu
Barra Bonita
São Miguel Serra Brasil Passos Maia
da Boa Vista Jardinópolis Bom Ouro Verde
São Miguel Alta Quilombo Entre Rios Jesus
do Oeste Água Doce Caçador
Flor do Sertão Maravilha Modelo União do Vargeão
Bandeirante
Oeste Macieira
Marema Faxinal Vitor Meireles
Iraceminha Pinhalzinho Águas
Lajeado dos Lebon Régis
Frias Coronel Ponte Serrada José Boiteux Ilhota
Belmonte Descanso Grande Xanxerê Guedes
Cunha Porã Nova Freitas Salto Veloso Rio do Campo
Erechim Arroio Trinta Rio das Antas
Saudades Santa Cecília Witmarsum
Santa Helena Nova Vargem Bonita
Cordilheira Treze Tílias
Itaberaba Xaxim Salete Ascurra
Riqueza Cunhata í Alta Iomerê Dona Emma Itajaí
Águas de Videira
Tunápolis Iporã do Oeste Ibirama
Chapecó Xavantina Lindóia do Sul Irani Fraiburgo
Caibi Pinheiro Preto
São Carlos Planalto
Arvoredo Ipumirim Catanduvas
São João Alegre Luzerna Ibicaré Taió Presidente Getúlio
Palmitos
Itapiranga do Oeste Mondaí Guatambú
Chapecó Apiúna
Seara Arabutã Jaborá Joaçaba Tangará
Caxambu do Sul Rio
Ponte Alta do Norte Rio do Oeste
Monte Carlo Frei Rogério do
Herval D'Oeste Lontras Porto Belo
Presidente Ibiam Mirim Doce Laurentino Sul
Paial
Concórdia Castelo Branco Lacerdópolis
Itá Presidente Nereu Tijucas
Ouro Erval Velho Pouso Redondo
São Cristovão do Sul Trombudo
Curitibanos
Central Aurora
Peritiba Brunópolis
Braço do Agronômica
Ipira
Alto Bela Trombudo Vidal Ramos
Vista Capinzal Campos Novos Ponte Alta
Atalanta Leoberto Leal Biguaçu
Piratuba Vargem Agrolândia Ituporanga
Zortéa
Imbuia
Otacílio Costa
Petrolândia
Palmeira Chapadão
Abdon Batista
São José do Cerrito Correia Pinto do Lageado

Celso Ramos
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi
Bocaina do Sul
Bom Retiro

Cerro Negro Campo Belo do Sul

Rio Rufino

Painel

Lages
28°S Urupema
Urubici
28°S
Capão Alto

Imaruí
Orleans
São Joaquim Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul

Siderópolis Cocal do Sul

Criciúma
Morro Grande

Forquilhinha Içara
Timbé do Sul
Meleiro
Projeção Policônica Maracajá

Datum: SIRGAS 2000


Meridiano Central: 51° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0° Número de Jacinto Machado

µ
registros
Base cartográfica digital: IBGE 2005. Sombrio
Santa Rosa do Sul OCEANO
Convenções Praia Grande

AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota
Dados de Desastres Naturais gerados 1-3
São João do Sul
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião 4-6
Nacional para Gestão do Risco - PNGR 7-9
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 10 - 12 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 13 - 15 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
ESTIAGEM E SECA 29
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DESASTRES NATURAIS EM SANTA CATARINA DE Figura 5 - Efeitos da estiagem em Santa Catarina na precipitação (KOBIYAMA et al., 2006). O padrão estrutural
1991 A 2010 da rede hidrográfica pode ser também um condicionante físico
que interfere na propensão para a construção de reservatórios
ESTIAGEM E SECA e captação de água. O porte da cobertura vegetal pode ser
caracterizado, ainda, como outro condicionante, pois retém
Os desastres relativos aos fenômenos de estiagens e umidade, reduz a evapotranspiração do solo e bloqueia a
secas compõem o grupo de desastres naturais relacionados à insolação direta no solo, diminuindo também a atuação do
intensa redução das precipitações hídricas. processo erosivo (GONÇALVES et al., 2004).
O conceito de estiagem está diretamente relacionado Dessa forma, situações de secas e estiagens não são
à redução das precipitações pluviométricas, ao atraso dos necessariamente consequências somente de índices pluviais
períodos chuvosos ou à ausência de chuvas previstas para abaixo do normal ou de teores de umidade de solos e ar
uma determinada temporada, em que a perda de umidade deficitários. Pode-se citar como outro condicionante o manejo
do solo é superior a sua reposição (CASTRO, 2003). A redução inadequado de corpos hídricos e de toda uma bacia hidrográfica,
das precipitações pluviométricas relaciona-se com a dinâmica resultados de uma ação antrópica desordenada no ambiente.
atmosférica global que comanda as variáveis climatológicas Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e As consequências, nestes casos, podem assumir características
relativas aos índices de precipitação pluviométrica. coordenadorias municipais. muito particulares, e a ocorrência de desastres, portanto, pode
O fenômeno estiagem é considerado existente quando ser condicionada pelo efetivo manejo dos recursos naturais
há um atraso superior a quinze dias do início da temporada períodos de tempo. Assim, a forma crônica deste fenômeno é realizado na área (GONÇALVES et al., 2004).
chuvosa e quando as médias de precipitação pluviométricas denominada seca (KOBIYAMA, et al., 2006). A seca, do ponto de O Estado de Santa Catarina apresenta clima com
mensais dos meses chuvosos permanecem inferiores a 60% vista meteorológico, é uma estiagem prolongada, caracterizada estações bem definidas, verão quente e inverno frio. Por sua
das médias mensais de longo período, da região considerada por provocar uma redução sustentada das reservas hídricas localização geográfica é um dos Estados que apresenta melhor
(CASTRO, 2003). existentes (CASTRO, 2003).
Figura 6 - Cursos d’água com baixa vazão pelo déficit hídrico
A estiagem é um dos desastres de maior ocorrência e Na seca, para que se configure o desastre, é necessária
impacto no mundo, devido, principalmente, ao longo período uma interrupção do sistema hidrológico de forma que o fenômeno
em que ocorre e a abrangência de grandes áreas atingidas adverso atue sobre um sistema ecológico, econômico, social e
(GONÇALVES et al., 2006). Assim, enquanto desastre, a estiagem cultural, vulnerável à redução das precipitações pluviométricas. O
produz reflexos sobre as reservas hidrológicas locais, causando desastre seca é considerado, também, um fenômeno social, pois
prejuízos à agricultura e à pecuária. Dependendo do tamanho da caracteriza uma situação de pobreza e estagnação econômica,
cultura realizada, da necessidade de irrigação e da importância advinda do impacto desse fenômeno meteorológico adverso.
desta na economia do município, os danos podem apresentar Desta forma, a economia local, sem a menor capacidade de
magnitudes economicamente catastróficas. Seus impactos na gerar reservas financeiras ou de armazenar alimentos e demais
sociedade, portanto, resultam da relação entre eventos naturais e insumos, é completamente bloqueada (CASTRO, 2003).
as atividades socioeconômicas desenvolvidas na região, por isso Além de fatores climáticos de escala global, como La
a intensidade dos danos gerados é proporcional à magnitude Niña, as características geoambientais podem ser elementos
do evento adverso e ao grau de vulnerabilidade da economia condicionantes na frequência, duração e intensidade dos danos
local ao evento (CASTRO, 2003). e prejuízos desses desastres. As formas de relevo e a altitude da
As estiagens, se comparadas às secas, são menos área, por exemplo, podem condicionar o deslocamento de massas
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
intensas e caracterizam-se pela menor intensidade e por menores de ar, interferindo na formação de nuvens e, consequentemente, coordenadorias municipais
30 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

distribuição de precipitação pluviométrica durante o ano, não Gráfico 1 – Médias pluviométricas em 1991 com base nos dados das Es- Gráfico 2 – Médias pluviométricas em 2006 com base nos dados das Es-
tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de tações Pluviométricas de Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de
ocorrendo uma estação chuvosa e outra seca, como acontece Santa Catarina Santa Catarina
na maioria dos estados brasileiros (MONTEIRO, 2001). No
entanto, toda a dinâmica sazonal que ocorre no Estado pode Médias pluviométricas em 1991 Médias pluviométricas em 2006
ser modificada quando há interferências do fenômeno El Niño- 250
203,2
250
183,4 205.0
Oscilação Sul (ENOS), que tanto em sua fase positiva (El Niño), 200
164,7 200
159,2 148,9 175.4
quanto negativa (La Niña), influencia no ritmo climático da região, 150 143.8 138.5
97,9
112 0
112,0 150 112.9
82,5 102.5
podendo causar chuvas e estiagens, respectivamente. Logo, as 100 69,5 100 85.0 95.6
46,8 48,1 50,3
ocorrências de secas e estiagens estão predominantemente 50 45.8 49 5 60.6
45 8 34.8 49.5
50
relacionadas aos anos de La Niña e constitui um desastre cujos 0 10 6 9 8 5 8 3 8 6 10 10 12
13 12 11 12 10
0 5 5 7 7 6 8 9
danos são sentidos posteriormente, como reflexo de um longo jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
período de baixa precipitação (HERRMANN et al., 2009).
média mensal média dias de chuva média mensal média dias de chuva
Esses, junto aos desastres naturais relacionados a
inundações graduais, foram os eventos mais reincidentes Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC (2011). Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC (2011).
em Santa Catarina. As duas tipologias de desastres naturais –
estiagem e seca, adotadas em uma mesma classificação no Atlas, o regime de chuva em Santa Catarina, com a diminuição dos de 1991. Já no ano de 2006 (Gráfico 2 - Médias pluviométricas
somaram, ao longo dos vinte anos, 1.250 registros oficiais. volumes e alteração na distribuição, especialmente em outubro em 2006), com o menor índice da média anual, teve 1.249,40
De acordo com o Mapa 2 (Desastres naturais causados e novembro nas regiões Oeste e o Meio Oeste do Estado, mm, em 106 dias de chuvas, sendo este o ano que apresentou o
por estiagem e seca em Santa Catarina no período de 1991 a podendo se estender até o Planalto Sul e Norte (GOVERNO DO maior número de ocorrências de estiagem e seca, ao longo dos
2010), as regiões do interior do Estado foram as mais afetadas. ESTADO DE SANTA CATARINA, 2010). vinte anos de dados analisados, em 197 municípios. Destaca-
A Mesorregião do Oeste Catarinense apresentou a maior No mesmo mapa, verifica-se que, dos 293 municípios do se o município de Quilombo, localizado na Mesorregião Oeste
frequência do desastre, seguido da Mesorregião Serrana, além Estado, 217 foram afetados por estiagens e secas, representando Catarinense, com 2 ocorrências naquele ano.
de parte a oeste das mesorregiões Norte Catarinense e Vale do 74% do total de municípios. De acordo com Gonçalves, Molleri e Rudorff (2004),
Itajaí. Os municípios localizados na faixa litorânea catarinense Conforme Infográfico 1 (Municípios atingidos por os anos com atuação do fenômeno La Niña, influenciam
foram pouco afetados pelo evento, principalmente os da Grande estiagens e secas), os desastres por estiagens e secas ocorrentes particularmente o sul do Brasil na escassez do volume de chuvas,
Florianópolis. nos municípios de Santa Catarina foram registrados em quase e podem provocar estiagens em algumas regiões. A atuação
Os municípios mais afetados foram Itapiranga, Chapecó, todos os anos de 1991 a 2010, exceto no ano de 2007 não se do fenômeno global La Niña foi registrada entres os anos de
Coronel Freitas, Itá e Presidente Castelo Branco, localizados obteve registros dessas tipologias. É um evento recorrente no 1995-1996 com intensidade fraca, 1998-2001 com intensidade
todos na Mesorregião Oeste Catarinense, foram enquadrados, Estado, portanto. moderada, e 2007-2009 com intensidade forte (CPTEC/INPE,
no Mapa 2, na categoria de 13-15 registros. A segunda década de análise (2001-2010) apresentou 2011). Segundo os dados analisados do Infográfico 1, os anos
Segundo Monteiro (2001), na Mesorregião Oeste mais ocorrências, com 995 registros, com destaque para os anos que ocorreram registros do fenômeno não foram aqueles que
Catarinense as chuvas são mais volumosas do que em áreas de 2002, com 184 registros, 2004, com 173, 2005, com 195, 2006, apresentaram maior número de registros de estiagem e seca.
próximas ao litoral. As precipitações se apresentam abundantes com 198, e 2009, com 137. Assim, a participação do fenômeno La Niña não aponta no
e frequentes ao longo de todo o ano, com excedentes hídricos. Segundo os dados obtidos pela ANA/SGH (2010), Estado catarinense as épocas das piores estiagens, de acordo
As chuvas geralmente são ocasionadas pela influência da entre os anos de 1991-2010, os de menores médias anuais de com os dados coletados a partir de documentos oficiais. No
“Baixa do Chaco” na organização de condições de tempo mais precipitação pluviométrica no Estado, foram os de 1991 e 2006. entanto, há ocorrências de estiagem e seca em anos de atuação
instáveis, associadas a frentes frias. No entanto, o fenômeno La Conforme o Gráfico 1 (Médias pluviométricas em 1991), a média do La Niña, em torno de 40 a 50 ocorrências, porém não tão
Niña, que tem influência sobre o clima regional e global, afeta anual foi de 1.344,61 mm, em 91 dias de chuvas, durante o ano expressivas como nos outros anos.
ESTIAGEM E SECA 31
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Gráfico 3 – Frequência mensal de estiagem e seca, no Estado de Santa Cata- Segundo o Atlas de Santa Catarina, a época do ano de na área agrícola de Chapecó. As ações da Defesa Civil municipal
rina, período de 1991 a 2010
menor quantidade de precipitações é no início do verão e do centraram-se no atendimento dos atingidos, especialmente no
Frequência mensal de estiagem e seca outono, podendo se prolongar até o inverno (SANTA CATARINA, fornecimento de água através de caminhões-pipa, realizando
(1991 a 2010) 1986). De acordo com o Gráfico 3 (Frequência mensal de cerca de 50 atendimentos, para aviários e rede comunitária de
250 estiagens e secas 1991-2010), os meses do verão e outono água localizada na comunidade.
223 226 212
212 apresentaram maior reincidência do evento, coincidindo com As estiagens e secas devem ser monitoradas,
200
os meses de menores índices pluviométricos. Fato que também principalmente nos meses secos e nos anos de ocorrência de La
150
110 121 pode estar relacionado, na região sul do país, à atuação da Niña, quando, em decorrência, há uma significativa diminuição
100 Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), definida como das precipitações pluviométricas.
76
50 sendo uma persistente faixa de nebulosidade, influenciando em Esses fenômenos naturais favorecem a redução nos
14 12 11 12 21
0 período de estiagem, durante os meses de novembro a março níveis de água dos rios e provocam o ressecamento dos leitos
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez (PARMEZANI et al., 1998). em rios de menor porte. Afeta as áreas produtivas, com perdas
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010. Os meses mais afetados, com cerca de 200 registros nas lavouras, causando prejuízo aos agricultores, e compromete
cada, correspondem ao período de janeiro a maio, com exceção os reservatórios de água, resultando em sede, fome, e na perda
Gráfico 4 – Danos humanos ocasionados por estiagem e seca, no Estado de de abril, com 110 ocorrências. Destacam-se os meses de janeiro, de rebanho, bem como em problemas de risco à vida humana.
Santa Catarina, período de 1991 a 2010 fevereiro e março, com 212, 223 e 226 registros de estiagens e
secas, respectivamente.
Danos humanos por estiagem e seca
Os eventos de estiagem e seca estão entre os
(1991 a 2010)
fenômenos que causam desastres naturais com os maiores
4000000 3.545.532 períodos de duração, se comparados com inundações graduais
es

3000000 e bruscas, granizo, vendavais, erosões, e movimentos de


habitante

2000000
1000000
massa (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004). Entre os
4.300 40 754
0 anos de 1991 a 2010 foi registrado um total de 3.545.532
catarinenses afetados pelas estiagens, conforme apresenta o
Gráfico 4 (Danos humanos por estiagens e secas 1991-2010),
deixando ainda 4.300 desalojados, 40 levemente feridos e 754
enfermos. Muitas pessoas em episódios de extrema estiagem
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.
e seca contraem algum tipo de doença de veiculação hídrica,
geralmente relacionada à ingestão de águas contaminadas ou
As estiagens e secas, nos anos de 2003 e 2004, poluídas, ou mesmo pela falta de água, causando desidratação.
foram consideradas as mais severas no Estado, afetando 184 O município que apresentou o maior número de afetados
municípios. Segundo o Centro Integrado de Meteorologia e foi Chapecó, localizado na Mesorregião Oeste Catarinense, com
Recursos Hídricos, a deficiência no volume de chuvas ocorreu 759.972 pessoas. O município, que registrou 14 ocorrências de
desde agosto de 2003, caracterizadas por baixa e má distribuição estiagens e secas, ao longo do período de análise, segundo
das precipitações hídricas. Segundo Gonçalves, Molleri e os documentos oficiais, foi afetado em toda a sua extensão
Rudorff (2004), os meses dos verões de 2004 e 2005 tiveram durante os anos em que decretou situação de emergência.
déficits de precipitação, não chovendo nem a metade da média Especificamente, em 2003, uma forte estiagem, caracterizada
climatológica desse período, em muitos municípios do Estado. pela redução da precipitação, ocasionou perdas principalmente
32 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Infográfico 1 - Municípios atingidos por estiagens e secas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 Continuação...
300 300
184 195 198 184 195 198
173 173
Municípios Atingidos 137 Municípios Atingidos 137
150 85 150 85
por Estiagem e Seca por Estiagem e Seca
48 35 42 29 38 48 48 35 42 29 38 48
1 1 5 5 4 18 4 1 1 5 5 4 18 4
0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Itá 15 Abelardo Luz 8
Itapiranga 15 Águas Frias 8
Chapecó 14 Bandeirante 8
Coronel Freitas 14 Bom Jesus 8
Presidente Castello Branco 13 Caibi 8
Abdon Batista 12 Campo Erê 8
Águas de Chapecó 12 Capinzal 8
Cordilheira Alta 12 Caxambu do Sul 8
Ipira 12 Coronel Martins 8
Arabutã 11 Erval Velho 8
Concórdia 11 Faxinal dos Guedes 8
Dionísio Cerqueira 11 Formosa do Sul 8
Ipumirim 11 Guarujá do Sul 8
Iraceminha 11 Herval d'Oeste 8
Irani 11 Jardinópolis 8
Jaborá 11 Lacerdópolis 8
Piratuba 11 Nova Erechim 8
Seara 11 Ouro Verde 8
Xaxim 11 Paraíso 8
Anchieta 10 Pinhalzinho 8
Arvoredo 10 Princesa 8
Belmonte 10 Riqueza 8
Celso Ramos 10 Saltinho 8
Descanso 10 Santa Terezinha do Progresso 8
Guaraciaba 10 São Domingos 8
Iporã do Oeste 10 São José do Cedro 8
Lindóia do Sul 10 Saudades 8
Maravilha 10 Serra Alta 8
Marema 10 Tigrinhos 8
Modelo 10 União do Oeste 8
Ouro 10 Água Doce 7
Paial 10 Barra Bonita 7
Palma Sola 10 Entre Rios 7
Peritiba 10 Joaçaba 7
Planalto Alegre 10 Lajeado Grande 7
Quilombo 10 Mondaí 7
Romelândia 10 Palmitos 7
São Miguel da Boa Vista 10 Ponte Serrada 7
Tunápolis 10 Santa Helena 7
Alto Bela Vista 9 Santiago do Sul 7
Anita Garibaldi 9 São João do Oeste 7
Cunha Porã 9 São Lourenço do Oeste 7
Cunhataí 9 São Miguel do Oeste 7
Flor do Sertão 9 Sul Brasil 7
Galvão 9 Vargeão 7
Ipuaçu 9 Catanduvas 6
Irati 9 Guatambú 6
Nova Itaberaba 9 Ibiam 6
São Carlos 9 José Boiteux 6
Tangará 9 Jupiá 6
Xanxerê 9 Passos Maia 6
Xavantina 9 São José do Cerrito 6
ESTIAGEM E SECA 33
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
300 300
184 195 198 184 195 198
173 173
Municípios Atingidos 137 Municípios Atingidos 137
150 85 150 85
por Estiagem e Seca por Estiagem e Seca
48 35 42 29 38 48 48 35 42 29 38 48
1 1 5 5 4 18 4 1 1 5 5 4 18 4
0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Treze Tílias 6 Lontras 3
Bom Jesus do Oeste 5 Macieira 3
Campo Belo do Sul 5 Mafra 3
Campos Novos 5 Major Vieira 3
Canoinhas 5 Otacílio Costa 3
Cerro Negro 5 Painel 3
Curitibanos 5 Pouso Redondo 3
Dona Emma 5 Presidente Getúlio 3
Fraiburgo 5 Rio do Oeste 3
Ibicaré 5 Vitor Meireles 3
Monte Castelo 5 Agronômica 2
Novo Horizonte 5 Aurora 2
Pinheiro Preto 5 Bocaina do Sul 2
Salete 5 Calmon 2
Salto Veloso 5 Ibirama 2
Santa Terezinha 5 Imbuia 2
São Bernardino 5 Laurentino 2
Timbó Grande 5 Matos Costa 2
Vargem 5 Palmeira 2
Witmarsum 5 Ponte Alta do Norte 2
Zortéa 5 Presidente Nereu 2
Agrolândia 4 Rio do Sul 2
Arroio Trinta 4 São Bento do Sul 2
Bom Jardim da Serra 4 São Cristovão do Sul 2
Brunópolis 4 Trombudo Central 2
Frei Rogério 4 Vidal Ramos 2
Lebon Régis 4 Alfredo Wagner 1
Luzerna 4 Apiúna 1
Mirim Doce 4 Ascurra 1
Monte Carlo 4 Atalanta 1
Papanduva 4 Balneário Gaivota 1
Petrolândia 4 Biguaçu 1
Ponte Alta 4 Bom Retiro 1
Porto União 4 Braço do Trombudo 1
Rio das Antas 4 Campo Alegre 1
Rio do Campo 4 Cocal do Sul 1
São Joaquim 4 Criciúma 1
Taió 4 Forquilhinha 1
Três Barras 4 Içara 1
Urupema 4 Ilhota 1
Vargem Bonita 4 Imaruí 1
Videira 4 Itajaí 1
Bela Vista do Toldo 3 Jacinto Machado 1
Caçador 3 Leoberto Leal 1
Capão Alto 3 Maracajá 1
Chapadão do Lageado 3 Meleiro 1
Correia Pinto 3 Morro Grande 1
Iomerê 3 Orleans 1
Irineópolis 3 Porto Belo 1
Itaiópolis 3 Praia Grande 1
Ituporanga 3 Rancho Queimado 1
Lages 3 Rio Negrinho 1
34 ESTIAGEM E SECA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação...
300
184 195 198
173
Municípios Atingidos 137
150 85
por Estiagem e Seca
48 35 42 29 38 48
1 1 5 5 4 18 4
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Rio Rufino 1
Santa Cecília 1
Santa Rosa do Sul 1
São João do Sul 1
Siderópolis 1
Sombrio 1
Tijucas 1
Timbé do Sul 1
Urubici 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 2 Registros 1 Registro 1250

REFERÊNCIAS

ANA – AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência HERRMANN, M. L. P. et al. Frequência dos desastres naturais
de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de no Estado de Santa Catarina no período de 1980 a 2007. In:
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010. ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DE AMERICA LATINA, 12, Montevidéu
– Uruguai. Anais... Uruguai: EGAL, 2009. Disponível em:
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres <http://egal2009.easyplanners.info/area07/7254_Maria_Lucia_Maria_
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p. Lucia_de_Paula_Herrmann.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2011.

CPTEC – CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS. KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. La Ninã: ocorrências básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109p.
de La Niña. In: El Niño e La Niña. 2011. Disponível em: <http://enos.
cptec.inpe.br/tab_lanina.shtml>. Acesso em: 27 nov. 2011 MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa
Catarina:uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
DOUBRAWA, A. A crise de água e sua possível relação com os atuam durante o ano. Revista Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.
parcos remanescentes florestais na região oeste do Estado de 69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.
Santa Catarina. 2007. 176p. Dissertação (Mestrado em Engenharia php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em 20 nov. 2011.
Ambiental) – Universidade Regional de Blumenau, Blumenau, 2007.
Disponível em: <http://proxy.furb.br/tede/tde_arquivos/5/TDE-2008- SANTA CATARINA. Gabinete de Planejamento e Coordenação Geral.
04-29T130315Z-381/Publico/Diss%20Amanda%20Doubrawa.pdf>. Atlas de Santa Catarina. Florianópolis, SC: GAPLAN/SUEGI; Rio de
Acesso em: 30 nov. 2011. Janeiro: Aerofoto Cruzeiro, 1986. 173p.

GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição PARMEZANI, J. M. et al. Associação entre ZCAS e a ocorrência de El
dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina: estiagem (1980 Niño e La Niña. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10,
– 2003). In: SIMPÓSIO BRASILEIROS DE DESASTRES NATURAIS, 1., Brasília. Anais... Brasília: CBMET, 1998. Disponível em: <http://www.
Florianópolis. Anais... Florianópolis: GEDB/UFSC, 2004. p. 773-786. 1 cbmet.com/cbm-files/13-879946ab30aec9d0f49591c8b4420a58.
CD-ROM. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~gedn/sibraden/ pdf>. Acesso em: 22 nov. 2011
cd/EIXO%204_OK/4-60.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2011. .

GOVERNO DO ESTADO DE SANTA CATARINA. La Ninã 2010. 2010.


Disponível em:
<http://ciram.epagri.sc.gov.br/lanina/index.php?option=com_conten
t&view=article&id=48&Itemid=60>. Acesso em: 5 dez. 2011
INUNDAÇÃO BRUSCA 35
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO BRUSCA (volume caudal), provocando transbordamento (CASTRO, 2003). Gráfico 5 – Médias pluviométricas do período de 1991 a 2010, com base nos
dados das Estações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no
Por ocorrer em um período de tempo curto, este fenômeno Estado de Santa Catarina
Inundações bruscas e alagamentos compõem o grupo costuma surpreender por sua violência e menor previsibilidade,
de desastres naturais relacionados com o incremento das provocando danos materiais e humanos mais intensos do que Médias pluviométricas do Estado
precipitações hídricas e com as inundações. São provocadas as inundações graduais (GOERL; KOBIYAMA, 2005). (1991 a 2010)
por chuvas intensas e concentradas em locais de relevo Os alagamentos, também incluídos nesta classificação 250
200.3 183.4
acidentado ou mesmo em áreas planas, caracterizando-se por do Atlas, caracterizam-se pelas águas acumuladas no leito 200
177.7 157.4
rápidas e violentas elevações dos níveis das águas, as quais das ruas e nos perímetros urbanos decorrentes de fortes 139.5 146.2 156.8
150 117.5 116.7
escoam de forma rápida e intensa. Nessas condições, ocorre precipitações pluviométricas, em cidades com sistemas de 110
110.7 100.7 95.1
100
um desequilíbrio entre o continente (leito do rio) e o conteúdo drenagem deficientes, podendo ter ou não relação com
processos de natureza fluvial (MIN. CIDADES/IPT, 2007). 50

Figura 7 – Enxurrada em 2008 no Estado de Santa Catarina Canholi (2005) explica que a drenagem urbana das grandes 0
metrópoles foi, durante muitos anos, abordada de maneira jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
acessória, e somente em algumas metrópoles considerado Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
fator preponderante no planejamento da sua expansão.
Desta forma, assiste-se atualmente a um conjunto de eventos Gráfico 5 (Médias pluviométricas de Santa Catarina 1991 -
trágicos a cada período de chuvas, que se reproduzem em 2010) com as médias mensais do Estado, entre os anos de
acidentes de características semelhantes em áreas urbanas 1991 e 2010 (ANA/SGH, 2010). No entanto, verifica-se que
de risco em todo País – vales inundáveis e encostas erodíveis a precipitação esteve mais concentrada nos meses de verão,
– inexistindo, na quase totalidade de municípios brasileiros, com destaque ao mês de janeiro, com 200,3 mm. Os menores
qualquer política pública para equacionamento prévio do índices ocorreram nos meses de inverno, principalmente no
problema (BRASIL, 2003). trimestre de junho, julho e agosto.
Conforme Castro (2003), é comum a combinação dos O relevo de Santa Catarina contribui para a distribuição
fenômenos de inundação brusca (enxurrada) e alagamento diferenciada da precipitação em distintas áreas do Estado.
em áreas urbanas acidentadas, como ocorre no Rio de Janeiro, Nas áreas mais próximas às encostas de montanhas, do
Belo Horizonte e em cidades serranas, causando danos ainda lado barlavento, as precipitações são mais abundantes, pois
mais severos. a elevação do ar úmido e quente favorece a formação de
Existe certa dificuldade na distinção dos tipos de nuvens cumuliformes, resultando no aumento do volume de
inundação. Isto se deve à complicada identificação do precipitação local (MONTEIRO, 2001).
fenômeno em campo e à ambiguidade das definições Dentre os desastres naturais mais recorrentes no
existentes. Além dos problemas tipicamente conceituais e Estado de Santa Catarina, entre os anos de 1991-2010, estão
etimológicos, algumas características comportamentais são as inundações bruscas, com 1.255 registros oficiais.
similares para ambas às inundações, ou seja, ocorrem tanto O Mapa 3 (Desastres naturais causados por
nas inundações bruscas como nas graduais (KOBIYAMA et al., inundações bruscas em Santa Catarina no período de 1991
2006). a 2010) mostra que quase todos os municípios do Estado
Em Santa Catarina, os encontros das massas de ar foram atingidos por essa tipologia de desastre, totalizando
intertropicais e polares úmidas produzem as chuvas, que são 267 municípios, sendo que a região leste apresentou maior
Fonte: Acervo do CEPED UFSC. fartamente distribuídas durante o ano, conforme mostra o recorrência do evento. As mesorregiões com maior número
36 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 3 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO BRUSCA


EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Garuva
Itapoá
Paraná Canoinhas Mafra
Campo Alegre
Três Barras

São Francisco
Joinville do Sul
São Bento do Sul
Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
Bela Vista Schroeder
São Lourenço Jupiá
Guarujá do Sul do Toldo
do Oeste Papanduva
Princesa Rio Negrinho Corupá Balneário
Campo Erê Galvão
São Novo Horizonte Matos Costa Itaiópolis Araquari Barra do Sul
Bernardino Jaraguá do Sul Guaramirim
São José do Cedro Coronel São
Anchieta Martins Domingos
Abelardo Luz
Calmon São João
Santa Terezinha Saltinho
Guaraciaba Formosa Santiago do Itaperiú
do Progresso Timbó Grande Rio dos Cedros
Irati do Sul do Sul Massaranduba
Romelândia Bom Jesus Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Tigrinhos do Oeste Sul Ipuaçu Barra Velha
Serra Brasil Passos Maia
Bom Ouro Verde
São Miguel Alta Quilombo Pomerode Luiz Alves
Entre Rios Jesus
do Oeste Caçador Balneário
Bandeirante Flor do Sertão Maravilha Modelo União do Vargeão Piçarras
Oeste Benedito Novo Timbó
Marema Faxinal Vitor Meireles Penha
Iraceminha Águas Navegantes
dos Lebon Régis
Frias Coronel Ponte Serrada José Boiteux Ilhota
Belmonte Descanso Xanxerê Guedes
Cunha Porã Nova Freitas Salto Veloso Rio do Campo Blumenau
Rio das Antas Rodeio
Erechim Arroio Trinta Santa Cecília Witmarsum
Santa Helena Nova Gaspar
Cordilheira Treze Tílias
Itaberaba Xaxim Salete Ascurra
Riqueza Cunhataí Alta Iomerê Itajaí
Dona Emma
Águas de Videira Indaial
Tunápolis Ibirama
Caibi Chapecó Xavantina Lindóia do Sul Irani Fraiburgo Balneário Camboriú
São Carlos Planalto Pinheiro Preto
Ipumirim Catanduvas
Alegre Taió Presidente Getúlio Camboriú
Palmitos Guatambú Guabiruba
Itapiranga Mondaí Itapema
Chapecó Apiúna Brusque
Seara Arabutã Jaborá Joaçaba Tangará
Caxambu do Sul Rio
Rio do Oeste
Herval D'Oeste Monte Carlo do Porto Belo Bombinhas
Lontras
Presidente Ibiam Mirim Doce Laurentino Sul
Concórdia Castelo Branco Botuverá
Lacerdópolis Canelinha
Itá Presidente Nereu Tijucas
Ouro Erval Velho Pouso Redondo
Trombudo
Central Aurora Nova Trento
Brunópolis São João Batista
Braço do Agronômica Governador
Ipira
Alto Bela Trombudo Celso Ramos
Vidal Ramos
Vista Capinzal Campos Novos Ponte Alta
Atalanta Leoberto Leal Major Gercino Biguaçu
Piratuba Agrolândia Ituporanga
Zortéa
Imbuia Florianópolis
Antônio Carlos
Otacílio Costa
Petrolândia Angelina
Palmeira Chapadão
Abdon Batista São José do Cerrito do Lageado
Correia Pinto São Pedro São José
de Alcântara
Celso Ramos
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi Santo Amaro
Águas Mornas da Imperatriz
Bocaina do Sul
Bom Retiro Palhoça

Cerro Negro Campo Belo do Sul

Anitápolis
Rio Rufino

São Bonifácio
Paulo Lopes
Lages Santa Rosa de Lima
28°S Urupema
Urubici
28°S
Capão Alto Garopaba

Rio Fortuna
São Martinho
Grão P ará

Imbituba
Braço do Norte Imaruí
Armazém
Orleans
São Joaquim Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul Lauro Muller


São Ludgero Gravatal

Capivari de Baixo
Laguna
Treviso Urussanga Pedras Grandes Tubarão

Treze de Maio
Siderópolis Cocal do Sul
Morro da Fumaça
Sangão Jaguaruna
Nova Veneza
Criciúma
Morro Grande

Forquilhinha Içara
Timbé do Sul
Meleiro
Projeção Policônica Maracajá

Datum: SIRGAS 2000 Turvo

Meridiano Central: 51° W. Gr. Araranguá

Paralelo de Referência: 0° Número de Jacinto Machado Ermo

µ
Balneário Arroio do Silva

registros
Base cartográfica digital: IBGE 2005. Sombrio
Santa Rosa do Sul OCEANO
Convenções Praia Grande

AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota
Dados de Desastres Naturais gerados 1-3
São João do Sul
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião 4-6
Nacional para Gestão do Risco - PNGR 7-9 Passo de Torres

CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 10 - 12 1:1750000


Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 18 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
INUNDAÇÃO BRUSCA 37
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

de registros foram: Vale do Itajaí, Grande Florianópolis e encosta da Serra Geral em direção a leste, apresentaram maior Figura 9 - Danos ocasionados pelas enxurradas e alagamentos
Norte Catarinense, sendo que a maioria dos municípios com frequência na ocorrência do desastre.
reincidência do evento está localizada na vertente Atlântica. Em Santa Catarina, alguns sistemas atmosféricos
Os dois municípios com a maior frequência de inundações interferem na ocasião de chuvas intensas de curta duração. As
bruscas, entre os anos de 1991 e 2010, com 19 registros cada, ocorrências de maior volume de precipitação hídrica algumas
são Canoinhas, localizado na Mesorregião Norte Catarinense, vezes estão associadas à atuação do fenômeno global El Niño,
e Camboriú, localizado na Mesorregião do Vale do Itajaí. acompanhados de excesso de precipitação hídrica, influenciando
Monteiro (2001) descreve que em áreas mais próximas o regime de chuvas durante todo o período de atuação do evento.
às encostas de montanhas, as precipitações são mais abundantes No entanto, há épocas que são mais afetadas pela passagem
devido à elevação do ar úmido e quente, resultando em chuvas do El Niño Oscilação Sul (ENOS). Primavera e início do verão
orográficas, de alta intensidade e curta duração. Neste sentido, (outubro, novembro e dezembro) e no ano inicial do evento, no
são observados índices maiores de precipitação nos municípios ano final, outono, e início do inverno, no ano seguinte ao inicio
próximos à encosta da Serra Geral, quando confrontados aos da do fenômeno (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004).
zona costeira. Neste sentido, pode-se observar no Gráfico 6
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
Segundo Medeiros et al., (2004) enquanto no oeste (Frequência mensal de inundação brusca 1991-2010), que as coordenadorias municipais.
as chuvas ocorrem principalmente devido a passagem de estações mais propícias para ocorrência de inundações bruscas
frentes frias, no litoral as chuvas intensas, caracterizadas pelas são a primavera e o verão, e os meses de janeiro e fevereiro
“pancadas” de chuvas de final de tarde e noite, contribuem com apresentam maior frequência de registros, com 214 e 178, entre novembro e março (MEDEIROS et al, 2004). Já os meses
volumes significativos, principalmente nos meses de verão. As respectivamente. Segundo Monteiro (2001), no verão em Santa com poucas ocorrências correspondem aos do inverno, com
chuvas na zona litorânea, além de provenientes de passagens Catarina, a intensidade do calor, associada aos altos índices de destaque ao mês de agosto, que apresentou apenas 9 registros
de frentes frias, também ocorrem devido à circulação marítima. umidade, favorece a formação de convecção tropical, resultando entre os anos analisados.
Conforme o Mapa 3, nota-se que as regiões litorâneas e norte em pancadas de chuvas, principalmente no período da tarde Dentre as inundações bruscas de maior magnitude
do Estado, principalmente em municípios localizados entre a e noite, contribuindo com volumes significativos de chuvas, ocorridas no Estado de Santa Catarina, entre os anos de
1991 e 2010, destaca-se a de dezembro de 1995 que afetou
principalmente as mesorregiões Sul Catarinense e Grande
Figura 8 - Ponte destruída pela forte inundação brusca Gráfico 6 – Frequência mensal de inundação brusca, no Estado de Santa
Catarina, período de 1991 a 2010 Florianópolis. A Mesorregião Oeste Catarinense também
apresentou naquele ano uma quantidade de municípios em
Frequência mensal de inundação brusca situações de emergência relacionadas a inundações bruscas.
(1991 a 2010) No episódio, ocorreu uma enxurrada catastrófica,
250 devido ao avanço do sistema frontal com ciclone extratropical
214
200 178 173
posicionado sobre o continente, que resultou no deslocamento
150 de nuvens cumulonimbus do oceano para o continente,
133
99 107 102 originando chuvas concentradas na Serra Geral, em algumas
100 86
77
cabeceiras do rio Araranguá (MENDONÇA; MONTEIRO, 1996;
43
50 29 9 PELLERIN et al., 1997). O resultado foi a denudação generalizada
0 das encostas íngremes da serra, promovendo escorregamentos
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
do solo, avalanches de blocos e remoção da cobertura florestal
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
coordenadorias municipais. Fonte: Documentos oficiais Estado de Santa Catarina, 2010. (PONTELLI; PAISANI, 2005).
38 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

No ano de 1997, devido à influência do fenômeno El 68 registros), maio (com 39 registros) e março (com 27 registros). Gráfico 7 - Médias pluviométricas em 2010, com base nos dados das Es-
tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de
Niño, ocorreram inundações de grandes proporções nos meses Esse trimestre (março, abril e maio) apresentou elevado índice Santa Catarina
de janeiro e outubro (D’AGOSTIN et al., 2011), segundo os dados pluviométrico em 12 dias com chuvas. O Gráfico 7 (Médias
oficiais coletados; naquele ano, foram decretados estados de pluviométricas em 2010) demonstra que os primeiros 5 meses Médias pluviométricas em 2010
emergência e de calamidade pública em 77 municípios do do ano choveu acima de 200 mm em média, com exceção de 300
256.2 233.3 227.1
Estado. 1998 foi outro ano que aconteceu um grande número fevereiro, destacando-se o mês de janeiro que precipitou 256,2 250 218.1 225.2
de desastres causados por inundações bruscas – 105, conforme mm, em 15 dias, e março, com 233,3, em apenas 10 dias com 200
150.6 149.3
130.1 139.0
150
o Infográfico 2 (Municípios atingidos por inundações bruscas). chuva. No ano inteiro, o total pluviométrico médio acumulado 89.9 96.1
100 71 2
71.2
Um dos maiores desastres causados pelo evento adverso, no Estado de Santa Catarina foi de 1.986,09 mm, distribuídos em
50
ocorreu em novembro de 2008, afetando principalmente a média de 132 dias com chuva. 15 12 14 10 13 8 10 6 9 11 11 15
0
Mesorregião do Vale do Itajaí. A concentração excessiva de Segundo o Boletim de Informações Climáticas do jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
chuvas em poucos dias, antecedida por um período longo CPTEC/INPE, o ano de 2010 foi marcado pela ocorrência de
média mensal média dias de chuva
de precipitações, provocou, além de inundações em diversos temporais que causaram perdas humanas e materiais em Santa
municípios, movimentos de massa e grande e rápida enchente Catarina. Em abril, as chuvas acima do esperado durante a Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
na bacia do Rio Itajaí. Entre os dias 22 e 23 de novembro de segunda quinzena, estiveram associadas à maior atividade dos
2008 choveu mais do que o dobro da média prevista para todo sistemas frontais e do escoamento mais intenso na média e alta
o mês em alguns municípios da região (CEPED UFSC, 2009). troposfera (MELO, 2010a). No mês de maio, as chuvas ainda
Gráfico 8 - Danos humanos ocasionados por inundação brusca, no Estado
Segundo os dados da Empresa de Pesquisa Agropecuária estiveram acima do esperado na Região Sul, principalmente em de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
e Extensão Rural de Santa Catarina (EPAGRI), as cidades que Santa Catarina, onde os valores excederam a climatologia em
Danos humanos por inundação brusca
apresentaram os maiores totais pluviométricos foram aquelas mais de 200 mm. No litoral do Estado, a atuação de um ciclone
(1991 a 2010)
localizadas próximo ao litoral norte do Estado, principalmente extratropical causou chuvas mais intensas e enchentes em vários
6000000 5.535.991
no Vale do Itajaí. Essa condição de intenso volume de chuvas municípios. Na capital Florianópolis, os 253 mm registrados no 5000000

antes
ocorreu devido a ventos de sudeste e nordeste provenientes dos dia 19 excederam o total de chuva esperado para todo o mês 4000000
3000000

Habita
anticiclones sobre o Atlântico Sul (vórtice ciclônico), transportando (96,9 mm) e o acumulado mensal atingiu 443 mm (MELO, 2010b). 2000000
1000000 288.936
74.646 119.819 104 6.502 299 4.017 160
muita umidade para o litoral de Santa Catarina. Essas condições, O desastre acarreta não apenas alterações e prejuízos 0
combinadas com as chuvas precedentes nos meses anteriores, ao ecossistema local, mas a toda população, afetada direta ou
com volume excessivo de 2 a 3 dias, mais a elevação do nível do indiretamente. Isto ocasiona perdas e danos humanos muitas
mar – dificultaram o escoamento das águas dos rios da vertente vezes irreparáveis, algumas vezes somente percebidos algum
do Atlântico para o oceano favorecendo a ocorrência de desastres tempo depois da ocorrência das enxurradas ou inundações.
causados por inundações (CEPED UFSC, 2009). Com relação aos danos humanos causados pelos efeitos Fonte: Documentos oficiais Estado de Santa Catarina, 2010.
A partir do ano de 2008, as ocorrências de inundações das inundações bruscas no Estado, entre os anos de 1991 e
bruscas apresentaram frequência mais elevada do que nos outros 2010, constata-se que um número elevado de catarinenses municípios. Com destaque aos municípios de Blumenau e
anos, conforme demonstra Infográfico 2. Logo, percebe-se que foi atingido. O número de pessoas afetadas foi de 5.535.991, Ilhota que tiveram 26 óbitos, e Gaspar, com 16 óbitos, ambos
a segunda década de análise (2001-2010) apresentou a grande desalojadas 288.936, desabrigadas 74.646, deslocadas 119.819, localizados na Mesorregião do Vale do Itajaí.
maioria das ocorrências registradas – 718 (57,4% do total), com desaparecidas 104, levemente feridas 6.502, enfermas 4.017 Os municípios que apresentaram maior número de
destaque para o ano de 2010, com 199 registros. e vítimas fatais, conforme Gráfico 8 (Danos humanos por pessoas afetadas foram Joinville, Florianópolis, São José e
Em 2010, segundo o Gráfico 6, os meses com as maiores inundações bruscas 1991-2010). As vítimas fatais relacionadas Criciúma. Esses são municípios com totais populacionais e
ocorrências de inundações bruscas registradas, foram: abril (com à ocorrência de inundações bruscas foram registradas em 35 densidades demográficas elevadas com relação aos outros
INUNDAÇÃO BRUSCA 39
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

municípios do Estado, logo, com maior impermeabilização do Infográfico 2 – Municípios atingidos por inundações bruscas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
solo, agravando e intensificando os desastres relacionados a
300
199
Municipios Atingidos 139 124
chuvas de forte intensidade e de curta duração.
150 93 105
por Inundação Brusca 61 80 60 79
39 39 29 43 37 34 39
16 11 20 8

Dentre os municípios citados, Joinville, localizado na Município


0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Camboriú 18
Mesorregião do Norte Catarinense, destaca-se como o mais Ilhota
Ituporanga
12
12

afetado, apresentando um total de 895.243 pessoas atingidas, Araranguá


Garuva
11
11
São José 11
em 8 ocorrências registradas. Dessas ocorrências, 2 ocorreram Vidal Ramos 11
Angelina 10
no ano de 1995, nos meses de fevereiro e julho. A intensa Antônio Carlos 10
Aurora 10

precipitação pluviométrica daquele ano esteve relacionada com Biguaçu


Canoinhas
10
10

a ocorrência do fenômeno climático El Nino. Com aumento


Florianópolis 10
Gaspar 10
Governador Celso Ramos 10
da umidade do solo, acima inclusive de sua capacidade de Orleans 10
Palhoça 10

absorção, foi confirmada situação de perigo, quando registradas Rio do Sul


Alfredo Wagner
10
9

precipitações muito acima dos níveis médios observados na Anitápolis


Corupá
9
9
José Boiteux 9
região para aquela época do ano. Nos anos de 2008 e 2010 Navegantes 9
Nova Trento 9

também foram registradas 2 ocorrências de inundação brusca Presidente Getúlio


Rio do Campo
9
9

que afetaram todo o município de Joinville. Rio Fortuna


Timbé do Sul
9
9
Urubici 9
A inundação brusca é um evento natural e freqüente, e Araquari 8
Benedito Novo 8
o volume de chuvas no Estado tem influência predominante no Blumenau
Chapadão do Lageado
8
8

número de desastres. Todavia, a ação antrópica, a morfologia e as Concórdia


Dionísio Cerqueira
8
8
Itaiópolis 8
características regionais estão entre os outros fatores que podem Itajaí 8
Joinville 8
influenciar na extensão e intensidade do desastre. O incremento Balneário Piçarras
Rancho Queimado
8
8

da população, por exemplo, aumenta a vulnerabilidade a este Rio do Oeste


Salete
8
8

tipo de ocorrência.
Santa Rosa de Lima 8
Taió 8
Tangará 8
Assim, local e intensidade da precipitação pluvial, as Tubarão 8
Águas Mornas 7

características da rede fluvial passante no local, bem como sua Atalanta


Balneário Camboriú
7
7

topografia, e a capacidade de resposta dos municípios, podem


Braço do Norte 7
Brusque 7
Criciúma 7
influir na maior ou menor perda decorrente de um evento Erval Velho 7

adverso, particularmente no caso de inundação brusca.


40 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
300 300
199 199
Municipios Atingidos 139 124 Municipios Atingidos 139 124
150 93 105 150 93 105
por Inundação Brusca 61 80 60 79 por Inundação Brusca 61 80 60 79
39 39 29 43 37 34 39 39 39 29 43 37 34 39
16 11 20 8 16 11 20 8
0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Forquilhinha 7 Leoberto Leal 5
Itapoá 7 Luiz Alves 5
Jacinto Machado 7 Maracajá 5
Major Gercino 7 Maravilha 5
Meleiro 7 Nova Veneza 5
Ouro 7 Paulo Lopes 5
Petrolândia 7 Rio Rufino 5
Porto Belo 7 Sangão 5
Presidente Nereu 7 São Francisco do Sul 5
Rio dos Cedros 7 São José do Cerrito 5
Rodeio 7 São Lourenço do Oeste 5
Santo Amaro da Imperatriz 7 Serra Alta 5
São João do Sul 7 Turvo 5
São Martinho 7 Urupema 5
Seara 7 Videira 5
Bom Jardim da Serra 6 Vitor Meireles 5
Canelinha 6 Witmarsum 5
Dona Emma 6 Abdon Batista 4
Guabiruba 6 Agronômica 4
Itá 6 Águas de Chapecó 4
Lauro Muller 6 Águas Frias 4
Mirim Doce 6 Anchieta 4
Monte Castelo 6 Caçador 4
Morro Grande 6 Campo Erê 4
Pomerode 6 Correia Pinto 4
Porto União 6 Ermo 4
Santa Rosa do Sul 6 Garopaba 4
Santa Terezinha 6 Guaramirim 4
São João Batista 6 Içara 4
São Joaquim 6 Iraceminha 4
São Pedro de Alcântara 6 Irani 4
Siderópolis 6 Irineópolis 4
Agrolândia 5 Joaçaba 4
Apiúna 5 Lontras 4
Ascurra 5 Morro da Fumaça 4
Balneário Barra do Sul 5 Novo Horizonte 4
Bom Retiro 5 Papanduva 4
Botuverá 5 Pedras Grandes 4
Cunha Porã 5 Penha 4
Faxinal dos Guedes 5 Praia Grande 4
Grão Pará 5 Quilombo 4
Gravatal 5 Rio das Antas 4
Guaraciaba 5 Rio Negrinho 4
Herval d'Oeste 5 São Bento do Sul 4
Imaruí 5 São Bonifácio 4
Imbituba 5 São Domingos 4
Imbuia 5 São Ludgero 4
Ipumirim 5 Sombrio 4
Itapema 5 Timbó 4
Jaguaruna 5 Timbó Grande 4
Jaraguá do Sul 5 Treze de Maio 4
Lages 5 Urussanga 4
Laguna 5 Xavantina 4
INUNDAÇÃO BRUSCA 41
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
300 300
199 199
Municipios Atingidos 139 124 Municipios Atingidos 139 124
150 93 105 150 93 105
por Inundação Brusca 61 80 60 79 por Inundação Brusca 61 80 60 79
39 39 29 43 37 34 39 39 39 29 43 37 34 39
16 11 20 8 16 11 20 8
0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Abelardo Luz 3 Cerro Negro 2
Alto Bela Vista 3 Cordilheira Alta 2
Anita Garibaldi 3 Coronel Martins 2
Armazém 3 Descanso 2
Balneário Arroio do Silva 3 Fraiburgo 2
Balneário Gaivota 3 Guatambú 2
Barra Velha 3 Ipira 2
Bombinhas 3 Irati 2
Brunópolis 3 Itapiranga 2
Campo Belo do Sul 3 Lebon Régis 2
Capinzal 3 Marema 2
Chapecó 3 Massaranduba 2
Cocal do Sul 3 Matos Costa 2
Coronel Freitas 3 Modelo 2
Galvão 3 Monte Carlo 2
Guarujá do Sul 3 Ouro Verde 2
Ibirama 3 Pinheiro Preto 2
Indaial 3 Planalto Alegre 2
Iomerê 3 Ponte Alta 2
Ipuaçu 3 Ponte Serrada 2
Jaborá 3 Presidente Castello Branco 2
Laurentino 3 Riqueza 2
Lindóia do Sul 3 São Bernardino 2
Mondaí 3 São João do Itaperiú 2
Nova Itaberaba 3 São Miguel do Oeste 2
Palma Sola 3 Tigrinhos 2
Palmitos 3 Três Barras 2
Paraíso 3 Trombudo Central 2
Passo de Torres 3 Tunápolis 2
Passos Maia 3 União do Oeste 2
Piratuba 3 Xaxim 2
Pouso Redondo 3 Zortéa 2
Romelândia 3 Bandeirante 1
Saltinho 3 Bela Vista do Toldo 1
Salto Veloso 3 Bocaina do Sul 1
Santa Helena 3 Braço do Trombudo 1
São Carlos 3 Calmon 1
Schroeder 3 Caxambu do Sul 1
Tijucas 3 Cunhataí 1
Treviso 3 Entre Rios 1
Xanxerê 3 Flor do Sertão 1
Arabutã 2 Formosa do Sul 1
Arroio Trinta 2 Ibiam 1
Belmonte 2 Jupiá 1
Bom Jesus 2 Mafra 1
Bom Jesus do Oeste 2 Nova Erechim 1
Caibi 2 Otacílio Costa 1
Capão Alto 2 Princesa 1
Campo Alegre 2 Santa Cecília 1
Campos Novos 2 Santa Terezinha do Progresso 1
Capivari de Baixo 2 Santiago do Sul 1
Catanduvas 2 São José do Cedro 1
Celso Ramos 2 Sul Brasil 1
42 INUNDAÇÃO BRUSCA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa


300
199
Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
Municipios Atingidos
por Inundação Brusca 150 93 80
105
79
139 124 atuam durante o ano. Revista Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.
61 60 43
69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.
39 39 29 37 34 20 39
16 11 8
0
Município
Treze Tílias
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
1
php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 20 nov. 2011.
Vargeão 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 3 Registros 2 Registros 1 Registro 1255

MOURA, R.; SILVA, L. Desastres naturais ou negligência humana?


REFERÊNCIAS Revista Geografar. Curitiba, v. 3, n. 1, 2008, p. 58-72.

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição PELLERIN, J. et al. Timbé do Sul – Jacinto Machado: avaliação
de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina: estiagem (1980 preliminar da extensão da catástrofe de 23-24/12/95. Revista
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010. – 2003). In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES NATURAIS, 1., Geosul, Florianópolis, v.23, p.71-86, 1997.
Florianópolis. Anais... Florianópolis; GEDB/UFSC, 2004. p. 773-786. 1
BRASIL. A questão da drenagem urbana no Brasil: elementos para CD-ROM. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~gedn/sibraden/ PONTELLI, M. E.; PAISANI, J. C. Identificação de áreas de risco à
formulação de uma política nacional de drenagem urbana. Brasília: cd/EIXO%204_OK/4-60.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2011. inundações de diferentes magnitudes em ambiente de leques
Ministério das Cidades, 2003. IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. aluviais: o caso do Sul do Estado de Santa Catarina. GEOGRAFIA:
Joinville. In: IBGE Cidades. 2010. Disponível em: <http://www.ibge. Revista do Departamento de Geociências, v. 14, n. 1, jan./jun.
CANHOLI, Aluisio Prado. Drenagem urbana e controle de gov.br/cidadesat>. Acesso em: 5 dez. 2011. 2005. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/geografia/V14N1/
enchentes. São Paulo: Oficina de Textos, 2005. Artigo02.pdf>. Acesso em 25 nov. 2011.
KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
MEDEIROS, P. A; NERILO, N.; CORDEIRO, A. Chuvas torrenciais no
CEPED - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS Estado de Santa Catarina. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE DESASTRES
SOBRE DESASTRES. Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). NATURAIS, 1., 2004, Florianópolis, Anais... Florianópolis: GEDN/UFSC,
Resposta ao desastre em Santa Catarina no ano de 2008: 2004. p. 787-794. 1 CD-ROM. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.
avaliação das aeras atingidas por movimentos de massa e dos danos br/~gedn/sibraden/cd/EIXO%204_OK/4-61.pdf>. Acesso em: 25 nov.
em edificações durante o desastre. Florianópolis: CEPED UFSC, 2009. 2011.

COLLISCHONN, W.; TASSI, R. Introduzindo hidrologia. Rio Grande MELO, A. B. C. de. Previsão de chuvas em torno da média para o leste
do Sul: Instituto de Pesquisas Hidráulicas – UFRGS, 2009. Disponível do nordeste. Infoclima: Boletim de Informações Climáticas, Brasília,
em: <http://galileu.iph.ufrgs.br/collischonn/apostila_hidrologia/ ano 17, n. 5, mai. 2010a. Disponível em: <http://infoclima1.cptec.
cap%205%20-%20Precipitação.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2011. inpe.br/~rinfo/pdf_infoclima/201005.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2011.

D’AGOSTIN, L. R. et al. Mudanças climáticas, desigualdades sociais MELO, A. B. C. de. Fenômeno La Niña poderá influenciar o cenário
e populações vulneráveis no Brasil: construindo capacidades - das chuvas no Brasil a partir do inverno de 2010. Infoclima:
subprojeto populações. In: FÓRUM BRASILEIRO DE MUDANÇAS Boletim de Informações Climáticas, Brasília, ano 17, n. 6, jun.
CLIMÁTICAS. Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro: COEP, 2011. 2010b. Disponível em: <http://infoclima1.cptec.inpe.br/~rinfo/pdf_
Disponível em: <http://www.coepbrasil.org.br/portal/Publico/ infoclima/201006.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2011.
apresentarArquivo.aspx?TP=1&ID=5cc9c5ec-1fac-448f-965d-
8db049a12acc&NOME=13-%20Parte%20II%20-%207.5%20 MINISTÉRIO DAS CIDADES. Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT.
Santa%20Catarina.pdf>. Acesso em: 26 nov. 2011. Mapeamento de riscos em encostas e margens de rios. Brasília:
Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas Tecnológicas – IPT,
GOERL, Roberto Fabris ; KOBIYAMA, Masato. Consideração sobre 2007. 176 p.
as inundações no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS
HÍDRICOS, 2005, João Pessoa. Anais... João Pessoa, 2005.
INUNDAÇÃO GRADUAL 43
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

INUNDAÇÃO GRADUAL Figura 10 - Inundação gradual em Sombrio, Estado de Santa Catarina os maiores índices pluviométricos do Estado. O mesmo autor
ainda descreve que no litoral sul catarinense estão dispostos os
Inundações graduais compõem o grupo de desastres menores índices anual de precipitação pluviométrica.
naturais relacionados com o incremento das precipitações Os desastres por inundação gradual no Estado de Santa
hídricas e com as inundações. Representam o transbordamento Catarina não são tão expressivos quando as inundações bruscas,
das águas de um curso d’água, atingindo a planície de inundação, somaram 323 registros oficiais homologados ao longo dos
também conhecida como área de várzea. Quando estas águas vinte anos de análise (1991 a 2010). No entanto, como dito
extravasam a cota máxima do canal, as enchentes passam a ser anteriormente, é muito comum a confusão entre a identificação
chamadas de inundações e podem atingir moradias construídas do evento adverso entre inundações bruscas e graduais.
sobre as margens do rio, transformando-se em um desastre Em Santa Catarina, o número de municípios atingidos
natural. Desta forma, segundo Castro (2003), as inundações por inundação gradual totalizou 162, mais da metade dos
graduais são caracterizadas pela elevação das águas de forma municípios do Estado. Ao espacializar os registros no Mapa
paulatina e previsível, mantendo-se em situação de cheia 4 (Desastres naturais causados por inundações graduais em
durante algum tempo, para após, escoarem-se gradualmente. Santa Catarina no período de 1991 a 2010), percebe-se que
Fonte: Acervo CEPED UFSC.
As enchentes e as inundações são eventos naturais o município de Joinville decretou mais vezes situação de
que ocorrem com periodicidade nos cursos d’água, sendo características comportamentais são similares para ambas às emergência, enquadrado na classe 7-8 registros da legenda. O
características das grandes bacias hidrográficas e dos rios inundações, ou seja, ocorrem tanto nas inundações bruscas Norte Catarinense, segundo Monteiro (2001), é a região onde
de planície, como o Amazonas. O fenômeno evolui de forma como nas graduais (KOBIYAMA et al., 2006). ocorrem os maiores volumes de chuvas no Estado e onde está
facilmente previsível e a onda de cheia desenvolve-se de Assim, de um modo geral, a previsibilidade das cheias situado Joinville, município com maior recorrência de inundações
montante para jusante, guardando intervalos regulares (CASTRO, periódicas e graduais facilita a convivência harmoniosa com o graduais, total de 8 registros.
2003). fenômeno, de tal forma que possíveis danos ocorrem apenas A mesorregião Vale do Itajaí totaliza 61 registros de
O fenômeno é intensificado por variáveis climatológicas nas inundações excepcionais, em função de vulnerabilidades desastres por inundações graduais. Apesar de ser a região
de médio e longo prazo e pouco influenciáveis por variações culturais (CASTRO, 2003).
Figura 11 - Área inundada em Santa Catarina
diárias de tempo. Relacionam-se muito mais com períodos Santa Catarina está localizada geograficamente
demorados de chuvas contínuas do que com chuvas intensas na região brasileira que apresenta melhor distribuição de
e concentradas. Caracteriza-se por sua abrangência e grande precipitação pluviométrica durante o ano. Os principais sistemas
extensão. Em condições naturais, as planícies e fundos de vales meteorológicos responsáveis pelas chuvas no Estado são as
estreitos apresentam lento escoamento superficial das águas das frentes frias, os vórtices ciclônicos, os cavados de níveis médios,
chuvas, e nas áreas urbanas estes fenômenos são intensificados a convecção tropical, a ZCAS (Zona de Convergência do Atlântico
por alterações antrópicas, como a impermeabilização do solo, Sul) e a circulação marítima. O relevo de Santa Catarina é um fator
retificação e assoreamento de cursos d’água. Este modelo de que contribui, fundamentalmente, na distribuição diferenciada
urbanização, do uso do espaço com a ocupação das planícies de da precipitação em distintas áreas do Estado (MONTEIRO, 2001).
inundação e impermeabilização ao longo das vertentes, é uma De acordo com IBGE (1958), os maiores volumes de
afronta à natureza (TAVARES; SILVA, 2008). chuvas no Estado são no extremo oeste com declínio em direção
Existe dificuldade na distinção dos tipos de inundação. ao Vale do Rio do Peixe. Já para Monteiro (2001), a quantidade
Isto se deve à dificuldade de identificação do fenômeno em de precipitação nas áreas próximas ao vale do Rio Uruguai é
campo e à ambiguidade das definições existentes. Além dos bem inferior às áreas mais ao norte, próximas às encostas das Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
problemas tipicamente conceituais e etimológicos, algumas Serras do Capanema, da Fortuna e do Chapecó, onde ocorrem coordenadorias municipais.
44 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 4 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR INUNDAÇÃO GRADUAL


EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Garuva
Itapoá
Paraná Canoinhas Mafra
Três Barras

São Francisco
Joinville do Sul
Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
Schroeder
São Lourenço Jupiá
do Oeste Papanduva
Rio Negrinho
Major Vieira Itaiópolis
Jaraguá do Sul Guaramirim
São
Domingos

Timbó Grande
Irati Massaranduba
Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Bom Jesus Barra Velha
do Oeste
Doutor Pedrinho
Luiz Alves
Caçador
Bandeirante
Benedito Novo Timbó
Vitor Meireles
Navegantes
Lebon Régis José Boiteux
Xanxerê Ilhota
Rio do Campo Blumenau
Rodeio
Arroio Trinta
Nova Gaspar
Itaberaba Treze Tílias
Cunhataí Dona Emma Itajaí
Águas de Videira Indaial
Tunápolis Iporã do Oeste
Caibi Chapecó Xavantina Lindóia do Sul Irani Fraiburgo
São Carlos Planalto
Ipumirim
Alegre Ibicaré Taió Presidente Getúlio Camboriú
Palmitos Guabiruba
Itapiranga
Chapecó Brusque
Seara Joaçaba Tangará
Caxambu do Sul Rio
Rio do Oeste
Herval D'Oeste Frei Rogério do
Lontras
Presidente Ibiam Laurentino Sul
Paial Botuverá
Concórdia Castelo Branco Lacerdópolis Canelinha
Itá Tijucas
Ouro Pouso Redondo
Trombudo
Central
São João Batista
Braço do Agronômica
Governador
Trombudo Celso Ramos
Capinzal Ponte Alta
Atalanta Leoberto Leal Major Gercino Biguaçu
Vargem Ituporanga
Zortéa

Otacílio Costa
Angelina
Abdon Batista
São José do Cerrito Correia Pinto

Celso Ramos
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi Santo Amaro
Águas Mornas da Imperatriz
Bocaina do Sul
Bom Retiro Palhoça

Anitápolis
Rio Rufino

Painel
Paulo Lopes
Lages Santa Rosa de Lima
28°S Urupema
Urubici
28°S
Capão Alto

Rio Fortuna
São Martinho
Grão Pará

Imaruí
Armazém
Orleans
Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul São Ludgero

Laguna
Tubarão

Siderópolis
Morro da Fumaça
Sangão
Nova Veneza
Morro Grande

Forquilhinha Içara
Timbé do Sul

Projeção Policônica Meleiro


Maracajá
Datum: SIRGAS 2000 Turvo
Meridiano Central: 51° W. Gr. Araranguá

Paralelo de Referência: 0° Jacinto Machado

µ
Ermo

Número de
Balneário Arroio do Silva

Base cartográfica digital: IBGE 2005.


Convenções
registros
Sombrio
Santa Rosa do Sul
Praia Grande
OCEANO
Dados de Desastres Naturais gerados
AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota

a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião 1-2 São João do Sul

Nacional para Gestão do Risco - PNGR 3-4 Passo de Torres


CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 5-6 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 7-8 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
INUNDAÇÃO GRADUAL 45
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

catarinense com histórico de grandes catástrofes, segundo os Gráfico 9 – Médias pluviométricas em 2001, com base nos dados das Es- Gráfico 11 – Danos humanos ocasionados por inundações graduais em San-
tações Pluviométricas da Agência Nacional de Águas (ANA), no Estado de ta Catarina, entre os anos de 1991-2010
documentos oficiais não representa o maior número de registros Santa Catarina
do Estado, no decorrer dos vinte anos pesquisados. Danos humanos por inundação gradual
As mesorregiões Oeste Catarinense e Serrana Médias pluviométricas em 2001 (1991 a 2010)
apresentaram menos registros de inundação gradual, foram 300 274,4 300000
228,6 256.039
as menos afetadas do Estado. Estas duas mesorregiões são, 250 206,3 250000

abitantes
200 181,1 200000
geralmente, as mais atingidas por estiagem e seca. Comparando 159,4 138,9 172,0
126 2
126,2
162,0 150000
150 121,6 83.185
a ocorrência de inundações bruscas com a de inundações 120,7 100000
31 578
31.578

Ha
100 60,0 50000 6 152
4.840 777 12 37
graduais nessas mesorregiões é possível constatar, a partir dos 50 0
dados contidos nos documentos oficiais do Estado, que são mais 17 17 14 11 10 8 10 6 14 10 11 11
0
atingidas por inundações bruscas, por sofrerem influência da jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
“Baixa do Chaco” na organização de condições de tempo mais
média mensal média dias de chuva
instáveis, associadas às frentes frias. Essas condições de tempo
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
são formadas por pancadas de chuva e trovoadas e atingem Fonte: ANA/SGH, 2010. Adaptado por CEPED UFSC, 2011.
Mesmo de forma previsível e paulatinamente, quando
com mais intensidade essas regiões (MONTEIRO, 2001).
Gráfico 10 – Frequência mensal de inundação gradual, no Estado de Santa as águas extravasam a cota máxima do canal, ocorrem as
De acordo com o Infográfico 3 (Municípios atingidos Catarina, período de 1991 a 2010
inundações que podem atingir moradias construídas sobre
por inundação gradual), 1992, 1995, 1998, 2001 e 2004 foram
Frequência mensal de inundação gradual as margens do rio, causando danos materiais e humanos aos
os anos que apresentaram maior frequência dos desastres
(1991 a 2010) habitantes das áreas atingidas.
relacionados a inundações graduais, sendo que somente o ano de
80 Dos danos humanos ocasionados por inundações
2001 não foi influenciado pelo fenômeno El Niño. Esse fenômeno 63 61
graduais no Estado de Santa Catarina somam um total de 256.039
climático está relacionado ao excesso de chuvas na região sul do 60
40 34 pessoas afetadas, 83.185 desalojadas, 31.578 desabrigadas,
país, principalmente nos meses da primavera, final do outono e 40 29 27 4.840 deslocadas, 6 desaparecidas, 777 levemente feridas, 12
começo do inverno (GONÇALVES; MOLLERI; RUDORFF, 2004). Os 19
14
20 12 12 8 gravemente feridas, 152 enfermas e 37 óbitos, de acordo com
anos de 1992 e 1998 correspondem à ocorrência do fenômeno El 4
0 o Gráfico 11 (Danos humanos por inundações graduais 1991-
Niño de maior intensidade que os outros anos da escala temporal
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez 2010). As vítimas fatais foram registradas em 12 municípios. O
adotada por este Atlas (CPTEC/INPE, 2011).
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. município de Timbé do Sul somou 10 óbitos na única ocorrência
Episódios de inundações graduais foram recorrentes
de inundação gradual registrada em dezembro de 1995.
em todos os anos em Santa Catarina, entre 1991 e 2010, com
O município que apresentou maior número de afetados,
exceção de 1994. Destaca-se o ano de 2001, com 70 ocorrências apresentaram a maior ocorrência de inundações graduais dentro
com um total de 36.656 pessoas, foi Blumenau. Este município,
registradas em 64 municípios, dos quais Maracajá, Morro Grande, da escala temporal adotada. Os níveis máximos dos rios estão
localizado na Mesorregião do Vale do Itajaí, teve 5 ocorrências
Orleans, Rio Rufino, Tangará e Tubarão decretaram situação de em conformidade com a distribuição de chuvas, que, por sua vez,
de inundação gradual registradas oficialmente.
emergência duas vezes no ano. Além disso, os meses de janeiro são mais intensas nos meses de primavera e verão (IBGE, 1958).
Os episódios de inundação gradual, em geral, são
e fevereiro tiveram o maior índice pluviométrico com 228,63 É possível notar que os meses correspondentes aos períodos de
recorrentes nas áreas urbanas, principalmente quando essas áreas
e 274,44 mm, respectivamente, conforme Gráfico 9 (Médias verão e primavera foram os que apresentaram maior volume de
apresentam ocupação desordenada em planícies de inundação.
pluviométricas em 2001). ocorrências, exceto o mês de maio, que pertence ao período do
As moradias e seus habitantes passam a ser alvo dos desastres
De acordo com o Gráfico 10 (Frequência mensal inverno. Este fato, pode ser explicado pela atuação do fenômeno
naturais relacionados com o aumento do nível dos rios.
de inundações graduais 1991-2010), os meses de fevereiro, El Niño, principalmente, nos meses de primavera, fim do outono
Os danos humanos e materiais causados por inundações
maio e outubro, com 40, 63 e 61 registros, respectivamente, e começo de inverno.
podem ser minimizados através da realização de permanente
46 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

monitoramento do nível dos rios, bem como o acompanhamento Infográfico 3 – Municípios atingidos por inundações graduais no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
da evolução diária das condições meteorológicas, permitindo, 100
59
70
Municípios Atingidos
dessa forma, antecipar as variáveis climatológicas responsáveis por Inundação Gradual 50
6 7
33
10
24
6
15 15 15
27
11 4
12
3 2 1 3

pela ocorrência de inundações. Além disso, é necessário um Município


0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Joinville 8
planejamento urbano adequado, que impeça a construção de Orleans 6
Porto União 6

novas moradias às margens dos rios. Blumenau


Mafra
5
5
Papanduva 5
Praia Grande 5
Rio do Sul 5
Rio Rufino 5
Taió 5
Caçador 4
Canoinhas 4
Forquilhinha 4
Herval d'Oeste 4
Maracajá 4
Morro Grande 4
Rio do Campo 4
Rio do Oeste 4
São Martinho 4
Tangará 4
Turvo 4
Alfredo Wagner 3
Araranguá 3
Armazém 3
Balneário Gaivota 3
Benedito Novo 3
Bocaina do Sul 3
Chapecó 3
Correia Pinto 3
Irineópolis 3
Lages 3
Massaranduba 3
Monte Castelo 3
Otacílio Costa 3
Rancho Queimado 3
Rio Negrinho 3
Santo Amaro da Imperatriz 3
Sombrio 3
Timbó Grande 3
Três Barras 3
Águas Mornas 2
Angelina 2
Anita Garibaldi 2
Anitápolis 2
Balneário Arroio do Silva 2
Bom Jardim da Serra 2
Bom Jesus do Oeste 2
Bom Retiro 2
Canelinha 2
Capinzal 2
Celso Ramos 2
Cunhataí 2
Doutor Pedrinho 2
INUNDAÇÃO GRADUAL 47
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
100 100
70 70
59 59
Municípios Atingidos Municípios Atingidos
por Inundação Gradual 50 33 por Inundação Gradual 50 33
24 27 24 27
10 15 15 15 11 12 10 15 15 15 11 12
6 7 3 6 2 1 3 4 6 7 3 6 2 1 3 4
0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Ermo 2 Gaspar 1
Grão Pará 2 Governador Celso Ramos 1
Guaramirim 2 Guabiruba 1
Indaial 2 Ibiam 1
Iporã do Oeste 2 Ibicaré 1
Irani 2 Içara 1
Itá 2 Ilhota 1
Itaiópolis 2 Imaruí 1
Itajaí 2 Ipumirim 1
Ituporanga 2 Irati 1
Jacinto Machado 2 Itapiranga 1
Joaçaba 2 Itapoá 1
Laurentino 2 Jaraguá do Sul 1
Major Gercino 2 José Boiteux 1
Meleiro 2 Jupiá 1
Morro da Fumaça 2 Lacerdópolis 1
Navegantes 2 Laguna 1
Palhoça 2 Lebon Régis 1
Passo de Torres 2 Leoberto Leal 1
Ponte Alta 2 Lindóia do Sul 1
Pouso Redondo 2 Lontras 1
Presidente Getúlio 2 Luiz Alves 1
Santa Rosa do Sul 2 Major Vieira 1
São João Batista 2 Nova Itaberaba 1
São João do Sul 2 Nova Veneza 1
Seara 2 Ouro 1
Timbó 2 Paial 1
Tubarão 2 Painel 1
Tunápolis 2 Palma Sola 1
Urubici 2 Palmitos 1
Videira 2 Paraíso 1
Xanxerê 2 Paulo Lopes 1
Abdon Batista 1 Planalto Alegre 1
Agronômica 1 Presidente Castello Branco 1
Águas de Chapecó 1 Rio Fortuna 1
Arroio Trinta 1 Rodeio 1
Atalanta 1 Sangão 1
Bandeirante 1 Santa Rosa de Lima 1
Barra Velha 1 Santa Terezinha 1
Biguaçu 1 São Carlos 1
Botuverá 1 São Domingos 1
Braço do Trombudo 1 São Francisco do Sul 1
Brusque 1 São José do Cerrito 1
Caibi 1 São Lourenço do Oeste 1
Camboriú 1 São Ludgero 1
Capão Alto 1 Schroeder 1
Caxambu do Sul 1 Siderópolis 1
Concórdia 1 Tijucas 1
Dionísio Cerqueira 1 Timbé do Sul 1
Dona Emma 1 Treze Tílias 1
Fraiburgo 1 Trombudo Central 1
Frei Rogério 1 Urupema 1
Garuva 1 Vargem 1
48 INUNDAÇÃO GRADUAL
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação...
100
70
59
Municípios Atingidos
por Inundação Gradual 50 33
24 27
10 15 15 15 11 12
6 7 3 6 2 1 3 4
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Vitor Meireles 1
Xavantina 1
Zortéa 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 2 Registros 1 Registro 323

REFERÊNCIAS

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH – Superintendência


de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres


naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

CPTEC - CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS.


INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. El Niño: ocorrências
de El Niño. In: El Niño e La Niña. 2011. Disponível em:<http://enos.
cptec.inpe.br/tab_elnino.shtml>. Acesso em: 27 nov. 2011

GOERL, Roberto Fabris; KOBIYAMA, Masato. Consideração sobre


as inundações no Brasil. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS
HÍDRICOS, João Pessoa. Anais... João Pessoa, 2005.

GONÇALVES, E. F.; MOLLERI, G. S. F.; RUDORFF, F. M. Distribuição


dos desastres naturais no Estado de Santa Catarina; estiagem (1980
– 2003). In: SIMPÓSIO BRASILEIROS DE DESASTRES NATURAIS, 1.,
2004, Florianópolis. Anais... Florianópolis; GEDB/UFSC, 2004. P. 773-
786. 1 CD-ROM. Disponível em: <http://www.cfh.ufsc.br/~gedn/
sibraden/cd/EIXO%204_OK/4-60.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2011.

IBGE - INSTITUDO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA.


Departamento Estadual de Geografia e Cartografia. Atlas geográfico
de Santa Catarina. Florianópolis: Seção Gráfica Departamento
Estadual de Geografia e Cartografia, 1958. 1 Atlas.

KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos


básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa


Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
atuam durante o ano. Revista Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p.
69-78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.
php/geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 20 nov. 2011.
VENDAVAL E/OU CICLONE 49
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

VENDAVAL E/OU CICLONE 88 a 102 km/h. Normalmente estes ventos são acompanhados Figura 12 – Consequências de fortes vendavais em Santa Catarina
de tempestades, precipitações hídricas intensas e concentradas,
Os eventos naturais adversos vendavais e ciclones bem como de granizo ou de neve, quando são denominados
compõem a mesma categoria neste Atlas. Nos registros nevascas (CASTRO, 2003).
referentes aos ciclones, incluem-se os extratropicais e os O superaquecimento local gera correntes de
tropicais. No caso dos vendavais, os registros referem-se aos deslocamentos horizontal e vertical de grande violência e
vendavais ou as tempestades, aos vendavais muito intensos e com elevado poder destruidor, ao provocar a formação de
vendavais extremamente intensos, furacões e tufões. Portanto, cumulonimbus isolados. Estes tipos de nuvens são acompanhados
a categoria vendaval e/ou ciclone apresenta os registros dos normalmente de raios e trovões (CASTRO, 2003).
desastres das duas tipologias. Dentre os principais sistemas meteorológicos que afetam
Quanto à sua origem, ambos os eventos se enquadram o tempo e clima na Região Sul do Brasil e suas relações com a
como desastres naturais de causa eólica, relacionados com a ocorrência de eventos adversos de causa eólica, se destacam os
intensificação do regime dos ventos ou com a forte redução da Sistemas Frontais, durante o verão, que podem interagir com o
circulação atmosférica. Dependendo do estado, os registros são ar tropical quente e úmido, gerando convecção profunda com Fonte: Acervo CEPED UFSC.
relativos a uma ou outra tipologia, ou até mesmo às duas. precipitação intensa, causando inundações, escorregamentos,
Os vendavais são caracterizados como o deslocamento algumas vezes com ventos fortes e granizo (CAVALCANTI;
Os ciclones extratropicais são vendavais muito intensos,
violento de uma massa de ar, de uma área de alta pressão KOUSKY, 2009). Estes sistemas podem ocorrer o ano inteiro,
também chamados de ventos tempestuosos, que correspondem
para outra de baixa pressão, ou seja, perturbações acentuadas mas é no inverno que a sua atuação é mais frequente e intensa
ao número 11 da Escala de Beaufort, cujas velocidades variam
no estado normal da atmosfera, normalmente causadas pelo (TOMINAGA et al., 2009). Também os Complexos Convectivos
entre 102,0 a 120,0 km/h. São acompanhados normalmente,
intenso gradiente de pressão e um incremento do efeito de de Mesoescala podem ainda se associar aos sistemas frontais
de precipitações hídricas concentradas e muito intensas, bem
atrito e das forças centrífuga, gravitacional e de Coriolis. Na transientes, criando situações favoráveis para a ocorrência de
como de inundações, raios, ondas gigantes. Estes sistemas são
Escala de Beaufort correspondem à classificação de ventos grande quantidade de granizos e fenômenos associados, como
denominados de “extratropicais” por se originarem de massas
muito duros de número 10, com velocidades que variam entre vendavais e tornados (MARCELINO, 2003).
de ar de origem não-tropical, assim como pela sua formação
quase que exclusivamente fora das regiões tropicais. Surgem
Figura 13 – Quedas de árvores provocadas pelos ventos intensos
quando há uma intensificação das condições climáticas,
Gráfico 12 – Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone no Estado de Santa
Catarina, período de 1991 a 2010 responsáveis por sua gênese, incrementando a magnitude do
mesmo. Enquanto desastres, os ciclones extratropicais arrancam
Frequência mensal de vendaval e/ou ciclone árvores, destroem fiações, e normalmente são mais intensos
(1991 a 2010)
que os provocados pelos vendavais e menos que os causados
200 pelos ciclones tropicais ou furacões (CASTRO, 2003).
150 147 Os ciclones tropicais ou furacões correspondem aos
ventos extremamente intensos com velocidades superiores
100 a 120,0 km/h, equivalentes ao número 12 da Escala de
62 67 59 55
50 48 32
Beaufort. Este fenômeno meteorológico se origina de massas
28 18 21 23 de ar tropicais marítimas, nas regiões trópicas, importantes
7
0 no sistema de circulação atmosférica ao mover calor da
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
região equatorial para as latitudes mais altas. Estes sistemas
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
coordenadorias municipais. Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. tropicais movem-se na troposfera por meio de correntes de
50 VENDAVAL E/OU CICLONE
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 5 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR VENDAVAL E/OU


CICLONE EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Garuva

Paraná Canoinhas Mafra


Campo Alegre
Três Barras

São Francisco
Joinville do Sul
Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
Bela Vista Schroeder
São Lourenço Jupiá
Guarujá do Sul do Toldo Papanduva
do Oeste
Princesa Rio Negrinho Corupá Balneário
Campo Erê Galvão
São Novo Horizonte Major Vieira Itaiópolis Araquari Barra do Sul
Bernardino Jaraguá do Sul Guaramirim
São José do Cedro Coronel São
Anchieta Martins Domingos
Abelardo Luz
Calmon São João
Santa Terezinha Saltinho
Guaraciaba Formosa do Itaperiú
do Progresso Timbó Grande
Irati do Sul Massaranduba
Romelândia Bom Jesus Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Barra Bonita Tigrinhos do Oeste Ipuaçu Barra Velha
São Miguel Serra Passos Maia
da Boa Vista Bom Ouro Verde
São Miguel Alta Quilombo Luiz Alves
Entre Rios Jesus
do Oeste Água Doce Caçador Balneário
Flor do Sertão Maravilha Modelo União do Vargeão Piçarras
Bandeirante
Oeste Timbó
Marema Faxinal Penha
Iraceminha Pinhalzinho Águas Navegantes
dos Lebon Régis
Frias Coronel Ponte Serrada José Boiteux Ilhota
Descanso Xanxerê Guedes
Cunha Porã Nova Freitas Rio do Campo
Erechim Rio das Antas
Saudades Santa Cecília
Santa Helena Nova Vargem Bonita Gaspar
Cordilheira Treze Tílias
Itaberaba Xaxim Salete
Riqueza Cunhataí Alta Itajaí
Dona Emma
Águas de
Tunápolis
Chapecó Xavantina Irani Fraiburgo Balneário Camboriú
São Carlos Planalto Pinheiro Preto
Ipumirim
São João Alegre Luzerna Ibicaré Taió Presidente Getúlio Camboriú
Palmitos
Itapiranga do Oeste Mondaí Guatambú Guabiruba
Chapecó Brusque
Seara Jaborá Joaçaba Tangará
Caxambu do Sul Rio
do
Herval D'Oeste Bombinhas
Presidente Sul
Paial Botuverá
Concórdia Castelo Branco Lacerdópolis
Itá Tijucas
Erval Velho Presidente Nereu
Curitibanos Trombudo
Central Aurora Nova Trento
Brunópolis São João Batista
Braço do Governador
Trombudo Celso Ramos
Vidal Ramos
Capinzal Campos Novos Ponte Alta
Atalanta Leoberto Leal Biguaçu
Agrolândia Ituporanga
Zortéa
Imbuia
Antônio Carlos
Otacílio Costa
Petrolândia Angelina
Palmeira Chapadão
Abdon Batista
São José do Cerrito Correia Pinto do Lageado São José

Celso Ramos
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi Santo Amaro
Bocaina do Sul da Imperatriz
Bom Retiro Palhoça

Cerro Negro Campo Belo do Sul

Anitápolis
Rio Rufino

Painel
Paulo Lopes
Lages
28°S Urupema
Urubici
28°S
Garopaba

São Martinho
Grão Pará

Imbituba
Braço do Norte Imaruí
Armazém
Orleans
São Joaquim Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul Lauro Muller


Gravatal

Capivari de Baixo
Laguna
Treviso Urussanga Pedras Grandes Tubarão

Treze de Maio
Siderópolis

Sangão Jaguaruna
Nova Veneza
Criciúma
Morro Grande

Forquilhinha Içara
Timbé do Sul
Meleiro
Projeção Policônica Maracajá
Datum: SIRGAS 2000 Turvo

Meridiano Central: 51° W. Gr. Araranguá

Paralelo de Referência: 0° Número de Jacinto Machado Ermo

µ
Balneário Arroio do Silva
registros
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Convenções
Sombrio
Santa Rosa do Sul
Praia Grande
OCEANO
1-2
AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota
Dados de Desastres Naturais gerados
São João do Sul
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião 3-4
Nacional para Gestão do Risco - PNGR 5-6 Passo de Torres
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 7-8 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 11 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
VENDAVAL E/OU CICLONE 51
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

ar. Em condições atmosféricas favoráveis, o ciclone tropical ao Estado, 231 foram atingidos, representando 78,8% dos Nos dias 27 e 28 de março de 2004, a região sul do
se intensifica e geralmente se forma no seu núcleo um olho. municípios. Esses desastres naturais atingiram municípios por Estado de Santa Catarina foi afetada por um fenômeno
De outra forma, quando as condições atmosféricas tornam- todo o Estado e em todas as mesorregiões. Chapecó e Abelardo atmosférico atípico, denominado Furacão Catarina que causou
se desfavoráveis ou o sistema atinge a costa, o fenômeno se Luz, localizados na Mesorregião Oeste Catarinense, foram os danos severos em diversos municípios do Estado, com ventos
enfraquece e posteriormente se dissipa. Embora os ciclones municípios mais atingidos, com 11 registros cada. que atingiram velocidade de 180 km/h.A classificação do
tropicais (furacões) afetem quilômetros quadrados de áreas e Os registros de vendavais ocorreram em especial na fenômeno como furacão, só foi confirmada em junho de 2005,
seu tempo de duração chegue até três semanas, não atingem a região Oeste do Estado, possivelmente relacionados com a por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
violência dos tornados (CASTRO, 2003). Em Santa Catarina, foi entrada de sistemas frontais. Os períodos de maior ocorrência (INPE). Os pesquisadores acreditam que o surgimento do Furacão
identificado no ano de 2004, um sistema tropical atípico para a de rajadas e ventos iguais ou superiores a 79 km/h, em Santa Catarina possa estar relacionado a mudanças e anomalias
região sul brasileira até então. Catarina, são os de inverno e primavera e das primeiras semanas climáticas, devido à verificação do aumento da temperatura da
Entre os desastres analisados no Estado de Santa do verão (FINOTTI, 2010). No entanto, no Estado, os eventos de superfície do mar na costa da Região Sul do Brasil. O Furacão
Catarina, os vendavais e/ou ciclones somam 567 registros vendavais e/ou ciclones foram registrados em todos os meses iniciou como um ciclone extratropical, a aproximadamente 1.000
oficiais, entre os anos de 1991 e 2010. do ano, conforme pode ser visto no Gráfico 12 (Frequência km da costa brasileira, e gradualmente adquiriu características
Do total de registros, 492 foram caracterizados como mensal de vendavais e/ou ciclones 1991-2010), com destaque de um furacão, apresentando um formato circular em seu núcleo,
vendavais ou tempestades, 53 registros como vendavais muito para setembro, mês de transição entre o inverno e a primavera, com um “olho” bem definido, atingindo a costa catarinense e
intensos ou ciclones extratropicais e 22 registros como vendavais com 147 ocorrências. gaúcha com ventos extremamente severos (MARCELINO et al.,
extremamente intensos, furacões, tufões ou ciclones tropicais. O mês mais afetado de 2009 foi setembro, com 2005).
Ao espacializar esses registros de desastres naturais por 65 eventos extremos. Segundo o Boletim de Informações Os danos mais comuns foram relacionados às edificações
vendavais e/ou ciclones no Mapa 5 (Desastres naturais causados Climáticas do CPTEC/INPE, no mês de setembro, a atuação de (casas, galpões, estufas, postos de gasolina etc.), infra-estruturas
por vendaval e/ou ciclone em Santa Catarina, no período de seis sistemas frontais em conjunto com a presença de cavados urbanas (rede elétrica, telefonia, estradas etc.), agricultura
1991 a 2010), verifica-se que, dos 293 municípios pertencentes semi-estacionários na média troposfera, sobre os Andes, por (plantações de milho, arroz, banana, etc.), flora e fauna. Segundo
sua vez associados à presença do jato em baixos níveis, a leste os documentos oficiais, 22 municípios decretaram situação
Figura 14 – Furacão Catarina
dos Andes, foram os principais mecanismos responsáveis pela
formação de áreas de instabilidade sobre a Região Sul. No dia
27, destacou-se a atuação do sistema frontal que ingressou
Gráfico 13 – Danos humanos ocasionados por vendaval e/ou ciclone no Es-
no sul do Brasil, proporcionando acumulados de chuva. Neste tado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
período, registraram-se ventos de até 142 km/h, no oeste de
Santa Catarina (MELO, 2009). Danos humanos por vendaval e/ou ciclone
(1991 a 2010)
As ocorrências de desastres causados por vendavais e/
737.885
800000
ou ciclones nos municípios de Santa Catarina foram registrados

antes
600000
em todos os anos de 1991 a 2010, de acordo com o Infográfico
400000

Habita
4 (Municípios atingidos por vendavais e/ou ciclones). Percebe-
200000 57.027 9.568
se que a segunda década de análise (2001-2010) apresentou 0
5.354 3 676 29 228 7
mais ocorrências registradas, total de 332, com destaque para
o ano de 2009, com 99 registros, registrados por 95 municípios.
Destacam-se os municípios de Criciúma, Papanduva, Santa
Terezinha e Sombrio, com 2 ocorrências nesse ano. Em 1998
Fonte: Acervo de CEPED UFSC. foram 82 ocorrências; 2003 foram 61 e 2004 foram 34. Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
52 VENDAVAL E/OU CICLONE
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

de emergência na época e calcularam elevados prejuízos Infográfico 4 – Municípios atingidos por vendavais e/ou ciclones no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a
2010
econômicos, assim como muitos danos humanos.
150
Essas tipologias de desastre natural estão mais 82
99
Municípios Atingidos 61
75
associadas a danos materiais que humanos. Os danos possíveis por Vendaval e/ou Ciclone
27
13 19 15 14 13 14 13
25 18 25 34
17 9
21 24 24

ocasionados por vendavais e/ou ciclones,são: queda de árvores;


0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Abelardo Luz 11

de fiações, podendo provocar interrupções no fornecimento Chapecó


Canoinhas
11
8

de energia elétrica e nas comunicações telefônicas; danos às Campos Novos


Meleiro
7
7
Concórdia 6
plantações; enxurradas e alagamentos; danos em habitações mal Criciúma 6
Ipuaçu 6
construídas e/ou mal situadas; destelhamento em edificações; Papanduva
Santa Terezinha
6
6

e danos humanos, por traumatismos provocados pelo impacto São Lourenço do Oeste
Araranguá
6
5

de objetos transportados pelo vento, por afogamento e por


Faxinal dos Guedes 5
Ilhota 5
Imbituba 5
deslizamentos ou desmoronamentos. Irani 5
Jacinto Machado 5

Segundo Tominaga et al. (2009), danos humanos podem Otacílio Costa


Passos Maia
5
5

ser causados por ventos acima dos 75 km/h. Logo, no caso dos Quilombo
Salete
5
5
Santa Rosa do Sul 5
danos humanos causados por desastres naturais associados a São João do Sul 5
São José do Cedro 5
eventos adversos de causa eólica, contatou-se em Santa Catarina Sombrio
Vargeão
5
5

mais de 800 mil pessoas atingidas no Estado de Santa Catarina. Xaxim


Águas de Chapecó
5
4
Biguaçu 4
De acordo com o Gráfico 13 (Danos humanos Campo Erê 4
Correia Pinto 4
por vendaval e/ou ciclone 1991-2010), verifica-se 737.885 Curitibanos 4
Erval Velho 4

catarinenses afetados, 57.027 desalojados, 9.568 desabrigados, Guaraciaba


Içara
4
4

5.354 deslocados, 3 desaparecidos, 676 levemente feridos, 29


Imaruí 4
Itajaí 4
Lages 4
gravemente feridos, 228enfermose 7 mortos ao longo dos vinte Maracajá 4
Passo de Torres 4

anos analisados. Planalto Alegre


Porto União
4
4

Os municípios que registraram vítimas fatais relacionadas Praia Grande


São Domingos
4
4
Seara 4
à ocorrência de vendavais e/ou ciclones foram: Lages com 2 Urubici 4
Xanxerê 4
mortes, registradas no ano de 1998; Jacinto Machado com 1, no Águas Frias
Alfredo Wagner
3
3

ano de 2003 e Bocaína do Sul também com 1, em 2005. Armazém


Balneário Arroio do Silva
3
3

Entre os municípios atingidos, Chapecó foi o que


Barra Velha 3
Bom Jesus do Oeste 3

apresentou o maior número de afetados. Foram 162.612


chapecoenses atingidos por vendavais e/ou ciclones nas 11
ocorrências registradas. Nesses episódios, todo o município
foi atingido por tempestades, ventos e chuvas que danificaram
diversas edificações comerciais e residenciais, não havendo,
no entanto, registro de vítimas fatais. Após o desastre, a ação
da Defesa Civil centrou-se em abrigar a população e distribuir
lonas para proteção do patrimônio.
VENDAVAL E/OU CICLONE 53
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
150 150
99 99
82 82
Municípios Atingidos 61 Municípios Atingidos 61
75 75
por Vendaval e/ou Ciclone 34 por Vendaval e/ou Ciclone 34
27 19 25 18 25 17 21 24 24 27 25 25 21 24 24
13 15 14 13 14 13 9 13 19 15 14 13 14 13 18 17 9
0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Caçador 3 Guabiruba 2
Camboriú 3 Guarujá do Sul 2
Capinzal 3 Imbuia 2
Celso Ramos 3 Iraceminha 2
Corupá 3 Irineópolis 2
Dionísio Cerqueira 3 Ituporanga 2
Ermo 3 Jaborá 2
Fraiburgo 3 Jupiá 2
Galvão 3 Maravilha 2
Garopaba 3 Monte Castelo 2
Garuva 3 Navegantes 2
Guatambú 3 Nova Itaberaba 2
Itaiópolis 3 Nova Veneza 2
Itapiranga 3 Novo Horizonte 2
Joaçaba 3 Orleans 2
Joinville 3 Paial 2
Mafra 3 Palma Sola 2
Mondaí 3 Pedras Grandes 2
Nova Erechim 3 Petrolândia 2
Ouro Verde 3 Balneário Piçarras 2
Painel 3 Pinheiro Preto 2
Palhoça 3 Ponte Serrada 2
Paraíso 3 Princesa 2
Ponte Alta 3 Rio do Campo 2
Riqueza 3 Rio do Sul 2
Romelândia 3 Rio Negrinho 2
Saltinho 3 Sangão 2
São Bernardino 3 Santa Cecília 2
Saudades 3 Santa Helena 2
Tigrinhos 3 Santa Terezinha do Progresso 2
Timbó Grande 3 São Carlos 2
Turvo 3 São Francisco do Sul 2
Abdon Batista 2 São João do Oeste 2
Anchieta 2 São Joaquim 2
Angelina 2 São Miguel do Oeste 2
Anitápolis 2 Serra Alta 2
Antônio Carlos 2 Tangará 2
Aurora 2 Timbé do Sul 2
Balneário Camboriú 2 Treze de Maio 2
Balneário Gaivota 2 Tunápolis 2
Bom Jardim da Serra 2 União do Oeste 2
Bom Jesus 2 Urupema 2
Brusque 2 Vargem Bonita 2
Caxambu do Sul 2 Vidal Ramos 2
Cerro Negro 2 Xavantina 2
Chapadão do Lageado 2 Zortéa 2
Coronel Martins 2 Agrolândia 1
Cunha Porã 2 Água Doce 1
Flor do Sertão 2 Anita Garibaldi 1
Forquilhinha 2 Araquari 1
Gaspar 2 Atalanta 1
Governador Celso Ramos 2 Balneário Barra do Sul 1
Grão Pará 2 Bandeirante 1
54 VENDAVAL E/OU CICLONE
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... REFERÊNCIAS
150
99
82
ALVES, M. L. Quatro anos do Furacão Catarina. Florianópolis:
Municípios Atingidos 61
75
por Vendaval e/ou Ciclone 34
27 19 25 18 25 17 21 24 24
15 14 14
Defesa Civil de Santa Catarina, 2008. Disponível em: <http://www.
13 13 13 9
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Barra Bonita 1 defesacivil.sc.gov.br/index.php?option=com_content&task=view&id
Bela Vista do Toldo 1
Bocaina do Sul 1 =338&Itemid=262>. Acesso em: 5 dez. 2011.
Bombinhas 1
Bom Retiro 1
Botuverá
Braço do Norte
1
1
CAVALCANTI, I. F. A.; KOUSKY, V. E. Frentes frias sobre o Brasil. In:
Braço do Trombudo
Brunópolis
1
1
CAVALCANTI, N. et al. (Org.). Tempo e clima no Brasil. 1. ed. São
Calmon
Campo Alegre
1
1
Paulo: Oficina de Textos, 2009. p. 135-147.
Campo Belo do Sul 1
Capivari de Baixo 1
Cordilheira Alta
Coronel Freitas
1
1
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
Cunhataí 1 naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
Descanso 1
Dona Emma 1
Entre Rios 1
Formosa do Sul 1 FINOTTI, E. Análise de ocorrência de vendavais na região sul do
Gravatal 1
Guaramirim 1 Brasil: relatório final de projeto de iniciação cientifica (PIBIC/CNPq/
Herval d'Oeste 1
Ibicaré 1 INPE). Santa Maria: INPE, 2010. Disponível em: <http://urlib.net/rep
Ipumirim 1
Irati 1 /8JMKD3MGP7W/389BLJP?languagebutton=en>. Acesso em: 5 dez.
Itá 1
Jaguaruna 1 2011.
Jaraguá do Sul 1
José Boiteux 1
Lacerdópolis
Laguna
1
1
MARCELINO, E. V. et al. Impacto do Furacão Catarina sobre a região
Lauro Muller
Lebon Régis
1
1
sul catarinense: monitoramento e avaliação pós-desastre. Geografia,
Leoberto Leal
Luiz Alves
1
1
v. 30, n. 3, 2005. p. 559-582. Disponível em: <http://www.inpe.br/
Luzerna
Major Vieira
1
1
crs/geodesastres/conteudo/artigos/Marcelino-etal_2005_Impacto_
Marema
Massaranduba
1
1
Furacao_Catarina.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2011.
Modelo 1
Morro Grande 1
Nova Trento 1 MARCELINO, I. P. V. O. Análise de episódios de tornados em Santa
Palmeira 1
Palmitos 1 Catarina: caracterização sinótica e mineração de dados. 2003. 214p.
Paulo Lopes 1
Penha 150 1 Dissertação (Mestrado em Sensoriamento Remoto) – Instituto
Pinhalzinho 1
Presidente
Municípios Castello Branco
Atingidos
82
61
99
1 Nacional de Pesquisas Espaciais, São José dos Campos, 2003.
Presidentee/ou Getúlio 75 1
por Vendaval Ciclone 34
Presidente Nereu 27 19 25 18 25 17 21 24 24 1
13 15 14 13 14 13 9
Rancho Queimado 1
Município
Rio das Antas
0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
1 MELO, A. B. C. de. El Niño continuará atuando até o verão 2009/2010.
Infoclima: Boletim de Informações Climáticas, Brasília, ano 16, n. 10,
Rio Rufino 1
Santo Amaro da Imperatriz 1
São João Batista
São João do Itaperiú
1
1 out. 2009. Disponível em: <http://infoclima1.cptec.inpe.br/~rinfo/
São José
São José do Cerrito
1
1
pdf_infoclima/200910.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2011.
São Martinho 1
São Miguel da Boa Vista 1
Schroeder
Siderópolis
1
1
TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres
Taió
Tijucas
1
1
naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto
Timbó
Três Barras
1
1
Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/
Treviso
Treze Tílias
1
1
downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>. Acesso em: 24nov. 2011.
Trombudo Central 1
Tubarão 1
Urussanga 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 4 ou Mais Registros 3 Registros 2 Registros 1 Registro 567
GRANIZO 55
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GRANIZO de precipitação, o que favorece a ocorrência de inundações Gráfico 14 – Frequência mensal de granizo, no Estado de Santa Catarina,
período de 1991 a 2010
bruscas, bem como eventos de vendaval, granizo e tornado.
Os granizos compõem o grupo de desastres naturais Dos 293 municípios pertencentes ao Estado de Santa Frequência mensal de granizo
relacionados com a geodinâmica terrestre externa. São Catarina, 193 foram afetados por desastres relacionados a (1991 a 2010)
caracterizados por precipitação sólida de pedras de gelo, granizos no período compreendido entre os anos de 1991 a 120 109
transparentes ou translúcidas, de forma esférica ou irregular, 2010, representando 67,6% do total, como pode ser observado 100
de diâmetro igual ou superior a 5 mm, que se formam na no Mapa 6. Dentre esses municípios, destaca-se o município 80 71
parte superior das nuvens convectivas, do tipo cumulonimbus. de Tangará, localizado na Mesorregião Oeste Catarinense, 60 52
Estas nuvens apresentam temperaturas extremamente baixas 37 37
que apresentou a maior frequência do evento adverso, com 6 40 30 24
23 22
no seu topo e elevado desenvolvimento vertical, podendo registros, em 20 anos. 20 10
3 11
alcançar alturas de até 1.600 m, condições propicias para A ocorrência de precipitação de granizo é comum em 0
a transformação das gotículas de água em gelo. As gotas todos os anos em Santa Catarina, como podemos observar jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
congeladas crescem realizando agrupamento com outras gotas no Infográfico 5 (Municípios atingidos por granizo). O ano
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.
menores e movimentam-se com as correntes subsidentes. Nessa de 1998 foi o que mais apresentou registros do evento, com
movimentação, ao se chocarem com gotas mais frias, crescem 60 ocorrências. De acordo com CEPTEC/INPE (2011) o ano de
rapidamente até alcançarem um peso máximo, ao ponto de não 1998 teve influência do fenômeno El Niño Oscilação Sul (ENOS) pois, de acordo com Marcelino et al., (2004), os episódios de
serem mais suportadas pelas correntes ascendentes, quando de forte intensidade influenciando principalmente no excesso precipitações de granizos estão relacionados a chuvas intensas,
ocorre a precipitação. O tempo de duração de uma precipitação de chuvas na Região Sul do país. Nesse mesmo ano, também ventos fortes, tornados e descargas elétricas. Os outros anos
de granizo está relacionado à extensão vertical da zona de foi diagnosticado, segundo os documentos oficiais do Estado, que se destacaram pela frequência do evento (infográfico 1),
água no interior da nuvem, que normalmente supera 3 km e um elevado número nos registros de inundações bruscas, como os de 1993 (21 ocorrências), 1994 (25), 1995 (24), 2002
é formada por gotas assimétricas (KULICOV; RUDNEV, 1980; (30) e 2003 (21), também estavam sobre influência do fenômeno
KNIGHT; KNIGHT, 2001). Figura 15 – Pedras de granizo precipitadas em Santa Catarina El Niño, o que pode explicar os altos índices de registros dos
O granizo, também conhecido por saraivada, pode ser episódios de precipitações de granizo.
subdividido em gotas de chuvas congeladas ou flocos de neve Segundo o Gráfico 14 (Frequência mensal de granizo
fundidos e recongelados e em grânulos de neve envolvidos por 1991-2010), há maior frequência de precipitações de granizo
gelo (CASTRO, 2003). nos últimos meses do ano, na primavera, destacando-se o mês
Santa Catarina é um dos estados mais atingidos por de setembro, com 109 registros. Segundo Monteiro (2001),
este tipo de fenômeno, que ocasiona grandes perdas materiais os meses mais propícios para a ocorrência de tempestades,
e agrícolas. Entre os anos de 1991 e 2010, as precipitações tornados, vendavais e granizos são os da primavera e verão,
de granizos foram responsáveis por 429 registros oficiais de associadas às intensas instabilidades atmosféricas, como os
desastres no Estado. sistemas convectivos isolados, a atuação dos CCMs (Complexos
A mesorregião mais atingida por precipitação de Convectivos de Mesoescala), principalmente na primavera, e as
granizo, no período, foi a Oeste Catarinense, seguido das frentes frias (MARCELINO; NUNES; KOBIYAN, 2006).
mesorregiões Norte Catarinense e Serrana, conforme Mapa 6 Os danos humanos causados por ocorrência de granizo
(Desastres naturais causados por granizos em Santa Catarina no dentro da escala temporal adotada (1991-2010) apresentou
período de 1991 a 2010). Segundo Marcelino, Nunes e Kobiyan 228.697 pessoas afetadas, sendo 32.081 desalojadas, 4.216
(2006) a Mesorregião Oeste Catarinense é fortemente afetada desabrigadas, 2.342 deslocadas, além de 2 vítimas fatais,
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
pelas tempestades severas que desencadeiam elevadas taxas coordenadorias municipais. conforme Gráfico 15 (Danos humanos por granizos 1991-2010).
56 GRANIZO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 6 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR GRANIZO


EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Garuva
Itapoá
Paraná Canoinhas Mafra
Campo Alegre
Três Barras

São Francisco
Joinville do Sul
São Bento do Sul
Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
São Lourenço Jupiá
Guarujá do Sul Papanduva
do Oeste
Princesa Rio Negrinho Corupá Balneário
Campo Erê Galvão
São Novo Horizonte Major Vieira Itaiópolis Barra do Sul
Bernardino
São José do Cedro Coronel São
Anchieta Martins Domingos
Abelardo Luz
Calmon São João
Santa Terezinha Saltinho
Guaraciaba do Itaperiú
do Progresso Timbó Grande
Massaranduba
Bom Jesus Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Barra Bonita Tigrinhos do Oeste Ipuaçu Barra Velha
Serra Ouro Verde Passos Maia
São Miguel Alta Quilombo Pomerode Luiz Alves
do Oeste Caçador Balneário
Bandeirante Flor do Sertão Maravilha Modelo União do Vargeão Piçarras
Oeste Timbó
Águas Marema Faxinal
Iraceminha dos Navegantes
Frias Coronel Lajeado Ponte Serrada
Descanso Grande Xanxerê Guedes Ilhota
Cunha Porã Nova Freitas Rio do Campo Blumenau
Erechim
Santa Cecília Witmarsum
Santa Helena Nova Gaspar
Cordilheira Treze Tílias
Itaberaba Xaxim Salete
Alta
Dona Emma
Águas de
Tunápolis Ibirama
Chapecó Xavantina Irani Fraiburgo Balneário Camboriú
Caibi
São Carlos Planalto
Ipumirim
São João Ale gre Ibicaré Taió Presidente Getúlio Camboriú
Itapiranga do Oeste Mondaí Guatambú Guabiruba
Chapecó Apiúna
Seara Arabutã Jaborá Joaçaba Tangará
Rio do Oeste
Herval D'Oeste Lontras
Laurentino
Concórdia
Lacerdópolis
Itá Erval Velho Presidente Nereu
Ouro Pouso Redondo
São Cristovão do Sul
Aurora Nova Trento
Brunópolis
Agronômica
Governador
Alto Bela Vidal Ramos Celso Ramos
Vista Capinzal Campos Novos
Atalanta Leoberto Leal Major Gercino Biguaçu
Vargem Agrolândia Ituporanga
Zortéa
Imbuia
Antônio Carlos
Otacílio Costa
Palmeira Chapadão Angelina
Abdon Batista
São José do Cerrito Correia Pinto do Lageado São Pedro
de Alcântara
Celso Ramos
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi
Bocaina do Sul
Bom Retiro Palhoça

Cerro Negro Campo Belo do Sul

Anitápolis
Rio Ru fino

Painel
Paulo Lopes
Lages
28°S Urupema
Urubici
28°S
Garopaba

Rio Fortuna
São Martinho
Grão Pará

Imbituba
Braço do Norte Imaruí
Armazém
Orleans
São Joaquim Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul São Ludgero Gravatal

Laguna
Treviso Urussanga

Treze de Maio

Criciúma
Morro Grande

Forquilhinha

Meleiro
Projeção Policônica Maracajá
Datum: SIRGAS 2000 Turvo

Meridiano Central: 51° W. Gr. Araranguá

Paralelo de Referência: 0° Jacinto Machado

µ
Número de
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Convenções
registros
Sombrio
OCEANO
AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota
Dados de Desastres Naturais gerados
São João do Sul
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião 1-2
Nacional para Gestão do Risco - PNGR 3-4 Passo de Torres
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 5-6 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 7-8 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
GRANIZO 57
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Gráfico 15 – Danos humanos ocasionados por Granizo, no Estado de Santa Enquanto desastre, o granizo causa grandes danos e
Catarina, período de 1991 a 2010
prejuízos econômicos à agricultura. No Brasil, as regiões de clima
Danos humanos por granizo temperado são mais atingidas por este evento, prejudicando as
(1991 a 2010) culturas de frutas e de fumo, mais vulneráveis ao granizo. Em Santa
250000 228.697 Catarina, os maiores prejuízos decorrentes das precipitações
200000
Habitanttes

de granizos são econômicos, afetando principalmente o setor


150000
100000 agrícola. Alguns municípios, principalmente os que trabalham
50000 32.081
4.216 2.342 2 185 16 22 2 com a produção de maçã, utilizam alguns sistemas tecnológicos
0
antigranizos para evitar grandes prejuízos na produção (LEITE et
al., 2002; YURI, 2003 apud MARCELINO; MENDONÇA; RUDORFF,
2004).
Os episódios de precipitação de granizo geralmente são
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010. acompanhados por vendavais e tempestades, o que dificulta
definir isoladamente as consequências para se decretar uma
situação de emergência (CASTRO, 2003).
Os municípios com vítimas fatais relacionadas à precipitação de
granizos foram Garuva, no Norte Catarinense, e Campo Erê, no
Oeste do Estado.
Garuva teve 2 registros, em outubro de 1998 e em
fevereiro de 2004. Neste último episódio, foram afetadas
localidades do interior do município por precipitação
pluviométrica, com granizos com diâmetro médio aproximado
de 60 mm. Em Campo Erê, ocorreram 3 registros – em setembro
de 2001, julho de 2002 e junho de 2009. No evento de 2001,
a queda de granizo localizou-se mais no perímetro urbano,
embora tenha atingido outras localidades de forma menos
intensa, danificando os telhados das edificações e as plantações.
Em 2002, várias comunidades do interior do município foram
atingidas por chuvas acompanhadas de intenso granizo e
algumas rajadas de vento. O estrago maior foi provocado por
granizos de diferentes diâmetros, que provocaram a destruição
de telhados nas habitações e construções rurais.
Apesar de não ter vítimas fatais, Xaxim foi o município
que apresentou o maior número de afetados – 24.970 xaxinenses,
durante as 5 ocorrências registradas entre os anos de 1991 a
2010. Destaca-se 2006, quando todo o município foi afetado
por precipitação de granizo, acompanhado de forte chuva, com
duração de aproximadamente 30 minutos, com pedras que
pesavam até 300 g.
58 GRANIZO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Infográfico 5 – Municípios atingidos por granizos no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 Continuação...
75 60 75 60

Municípios Atingidos 33 30 30 Municípios Atingidos 33 30 30


37,5 25 24 24 28 28 37,5 25 24 24 28 28
por Granizo 21 18 21 por Granizo 21 18 21
12 10 9 11 10 12 13 10 12 10 9 11 10 12 13 10

0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Tangará 8 Rio Rufino 3
Abelardo Luz 6 São Carlos 3
Erval Velho 6 Vargem 3
Águas de Chapecó 5 Xanxerê 3
Angelina 5 Abdon Batista 2
Canoinhas 5 Anita Garibaldi 2
Fraiburgo 5 Anitápolis 2
Guaraciaba 5 Arabutã 2
São João do Oeste 5 Aurora 2
Seara 5 Blumenau 2
Xaxim 5 Bocaina do Sul 2
Anchieta 4 Braço do Norte 2
Atalanta 4 Caçador 2
Campo Erê 4 Calmon 2
Faxinal dos Guedes 4 Camboriú 2
Imbituba 4 Campo Belo do Sul 2
Imbuia 4 Celso Ramos 2
Iraceminha 4 Cerro Negro 2
Irani 4 Cordilheira Alta 2
Itá 4 Coronel Freitas 2
Meleiro 4 Corupá 2
Quilombo 4 Cunha Porã 2
Rancho Queimado 4 Dionísio Cerqueira 2
São Cristovão do Sul 4 Dona Emma 2
São Joaquim 4 Flor do Sertão 2
Serra Alta 4 Forquilhinha 2
Timbó Grande 4 Garuva 2
Tunápolis 4 Governador Celso Ramos 2
Urubici 4 Grão Pará 2
Águas Frias 3 Guabiruba 2
Antônio Carlos 3 Guatambú 2
Armazém 3 Imaruí 2
Barra Bonita 3 Ipuaçu 2
Biguaçu 3 Ipumirim 2
Bom Jardim da Serra 3 Irineópolis 2
Brunópolis 3 Ituporanga 2
Chapadão do Lageado 3 Jaborá 2
Chapecó 3 Joinville 2
Concórdia 3 Lajeado Grande 2
Correia Pinto 3 Mafra 2
Itaiópolis 3 Maracajá 2
Joaçaba 3 Massaranduba 2
Maravilha 3 Mondaí 2
Marema 3 Morro Grande 2
Monte Castelo 3 Navegantes 2
Nova Erechim 3 Nova Trento 2
Otacílio Costa 3 Novo Horizonte 2
Papanduva 3 Ouro 2
Paraíso 3 Ouro Verde 2
Passos Maia 3 Palhoça 2
Planalto Alegre 3 Palma Sola 2
Ponte Serrada 3 Passo de Torres 2
Porto União 3 Presidente Getúlio 2
GRANIZO 59
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
75 60 75 60

Municípios Atingidos 33 30 30 Municípios Atingidos 33 30 30


37,5 25 24 24 28 28 37,5 25 24 24 28 28
por Granizo 21 18 21 por Granizo 21 18 21
12 10 9 11 10 12 13 10 12 10 9 11 10 12 13 10

0 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Rio do Campo 2 Jacinto Machado 1
Rio Negrinho 2 Jupiá 1
Santa Terezinha 2 Lacerdópolis 1
Santa Terezinha do Progresso 2 Lages 1
São Bento do Sul 2 Laguna 1
São Francisco do Sul 2 Laurentino 1
São João do Sul 2 Leoberto Leal 1
São José do Cedro 2 Lontras 1
São José do Cerrito 2 Luiz Alves 1
São Lourenço do Oeste 2 Major Gercino 1
São Martinho 2 Major Vieira 1
São Miguel do Oeste 2 Modelo 1
Taió 2 Nova Itaberaba 1
Tigrinhos 2 Orleans 1
Timbó 2 Painel 1
Três Barras 2 Paulo Lopes 1
União do Oeste 2 Balneário Piçarras 1
Urupema 2 Pomerode 1
Vargeão 2 Pouso Redondo 1
Vidal Ramos 2 Presidente Nereu 1
Witmarsum 2 Princesa 1
Zortéa 2 Rio do Oeste 1
Agrolândia 1 Rio Fortuna 1
Agronômica 1 Salete 1
Alfredo Wagner 1 Saltinho 1
Alto Bela Vista 1 Santa Cecília 1
Apiúna 1 Santa Helena 1
Araranguá 1 São Bernardino 1
Balneário Camboriú 1 São Domingos 1
Balneário Barra do Sul 1 São João do Itaperiú 1
Balneário Gaivota 1 São Ludgero 1
Bandeirante 1 São Pedro de Alcântara 1
Barra Velha 1 Sombrio 1
Bom Jesus do Oeste 1 Treviso 1
Bom Retiro 1 Treze de Maio 1
Caibi 1 Treze Tílias 1
Campo Alegre 1 Turvo 1
Campos Novos 1 Urussanga 1
Capinzal 1 Vargem Bonita 1
Coronel Martins 1 Xavantina 1
Criciúma 1 Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 2 Registros 1 Registro 429
Descanso 1
Galvão 1
Garopaba 1
Gaspar 1
Gravatal 1
Guarujá do Sul 1
Herval d'Oeste 1
Ibicaré 1
Ibirama 1
Ilhota 1
Itapiranga 1
Itapoá 1
60 GRANIZO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

REFERÊNCIAS

CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres


naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

CPTEC - CENTRO DE PREVISÃO DE TEMPO E ESTUDOS CLIMÁTICOS.


INPE - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. El Niño e La Niña.
El Niño: ocorrências de El Niño. 2011. Disponível em: <http://enos.
cptec.inpe.br/tab_elnino.shtml>. Acesso em: 27 nov. 2011

KNIGHT, C. A.; KNIGHT, N. C. H. In: DOSWELL III, C. A. Severe


convective storms. Boston: American Meteorological Society, 2001.
Meteorological Monographs, v. 28, n. 50, 2001. p. 223-249.

KULICOV, V. A.; RUDNEV, G. V. Agrometeorologia tropical. Havana:


Científico-Técnica, 1980.

MARCELINO, I. P. V. O.; MENDONÇA, M.; RUDORFF, F. M. Ocorrências


de granizo no Estado de Santa Catarina. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO
DE DESASTRES NATURAIS, 1., Florianópolis. Anais... Florianópolis:
GEDN/UFSC, 2004. p. 795-805. (CD-ROM). Disponível em: <http://
www.inpe.br/crs/geodesastres/conteudo/artigos/Marcelino-
etal_2004_Granizo_no_Estado_de_Santa_Catarina.pdf>. Acesso em:
27 nov. 2011.

MARCELINO, E. V.; NUNES, L. H.; KOBIYAN, M. Mapeamento de


risco de desastres naturais do Estado de Santa Catarina. Revista
Caminhos de Geografia, vol. 8, n. 17, p. 72-84, fev., 2006. Disponível
em: <http://www.seer.ufu.br/index.php/caminhosdegeografia/article/
viewFile/10087/5958>. Acesso em: 27 nov. 2011.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do Estado de Santa


Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
atuam durante o ano. Revista Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p 69-
78, jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/
geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 20 nov. 2011.
GEADA 61
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

GEADA 1991 a 2010), verifica-se que 15, dos 293 municípios, do Estado nevoeiro, fenômenos típicos da estação. As geadas têm maior
foram atingidos por geadas. Esses municípios localizam-se no frequência no Planalto e nos municípios mais ao norte das regiões
As geadas estão incluídas na classificação de desastres planalto, nas mesorregiões Serrana e Oeste Catarinense. Dentre meio oeste e oeste. Na faixa costeira as chances de ocorrência
naturais relacionados com a geodinâmica terrestre externa. eles, os municípios de Bom Jardim da Serra e Iomerê foram desse fenômeno são bem menores, porém, as possibilidades de
O fenômeno da geada consiste no congelamento do atingidos duas vezes. geadas aumentam nas proximidades das encostas das serras
orvalho, o qual é formado pela condensação do vapor d’água Este tipo de desastre natural é considerado comum no Geral e do Mar (MONTEIRO, 2001).
existente na atmosfera. O orvalho congelado deposita-se em inverno, quando a temperatura fica mais baixa e a penetração Na primavera, algumas massas de ar polar podem
forma de agulhas ou prismas, escamas ou de leque sobre de massas polares é maior e mais frequente. deslocar-se sobre o Estado, causando declínio acentuado de
superfícies expostas ao ar livre (VAREJÃO-SILVA, 2006). Em Santa Catarina as geadas adquirem características temperatura e geadas fracas no planalto, principalmente entre
A geada ocorre com mais frequência em regiões elevadas distintas e sazonais, relacionadas a incursões de massas setembro e outubro. Em casos excepcionais, nas áreas mais
e frias, onde as massas polares (MP) são mais atuantes. Conforme polares que provocam queda na temperatura, e localizam-se altas,pode gear em novembro e até em dezembro, embora de
Castro (2003), as madrugadas de noites frias, estreladas e principalmente na região serrana e no planalto do Estado, que forma pontual e bem fraca (MONTEIRO, 2001).
calmas são mais propensas ao fenômeno, que ocorre com maior apresentam efeito da altitude. De acordo com a caracterização Em Santa Catarina, como pode ser observado no Gráfico
intensidade nos fundos de vales e em regiões montanhosas e, climática de Köppen (1948), esta região do Estado pertence ao 16 (Frequência mensal de geadas 1991-2010), os meses em que
de forma menos intensa, nas encostas mais ensolaradas. tipo climático mesotérmico úmido (Cfb), apresentando verão houve incidência de geadas foram os de inverno e primavera,
Quanto aos processos de formação, as geadas podem brando e inverno com geadas severas e frequentes. entre julho e novembro. Os meses que apresentaram o maior
ser divididas em: geada de advecção, provocadas por ventos No verão, o planalto apresenta temperaturas mais número de registros, foram agosto e setembro, com 6 e 5
fortes com temperaturas muito baixas, em decorrência da amenas. As mínimasficam em torno dos 15 graus e as máximas registros, respectivamente.
passagem de massas polares, e capazes de atingir grandes chegam a 26 graus. Apesar do predomínio de massas de ar No período entre 1991 a 2010, somente em agosto de
extensões de áreas; e geada de radiação, que ocorre devido ao quente, por vezes há incursão de massas polares sobre a 1999 foi encontrada a primeira ocorrência de geada registrada
resfriamento intenso da superfície, que perde energia durante as Argentina, ocasionando queda na temperatura no Planalto Sul oficialmente, como pode ser verificado no Infográfico 6
noites de céu limpo e sob o domínio de sistemas de alta pressão, e favorecendo, nesta região, a ocorrência de algumas horas de (Municípios atingidos por geadas). O episódio ocorreu no
sendo essa mais localizada (AYOADE, 1998 apud KOBIYAMA, frio e poucos episódios de geada fraca (MONTEIRO, 2001). município de São José do Cedro, localizado na Mesorregião
et al, 2006). Quanto ao aspecto visual podem ser reconhecidas No início do outono, são observadas as primeiras
como geada negra e geada branca. A geada negra é mais rara e incursões de massas polares, ainda fracas, porém provocam Gráfico 16 – Frequência mensal de geadas no Estado de Santa Catarina,
severa e sua formação ocorre em condições de pouca umidade. queda de temperatura. No planalto, meio oeste e em áreas de período de 1991 a 2010
A geada branca é formada em condições de maior umidade do encosta da Serra Geral, no litoral sul, podem ser observadas
ar, existindo efetivamente o congelamento de água. temperaturas negativas, favorecidas pelo efeito da altitude. Frequência mensal de geada
(1991 a 2010)
Este fenômeno provoca o congelamento da seiva das Nestas regiões ocorrem as primeiras geadas que são, em sua
7
plantas, podendo causar grandes prejuízos às culturas perenes maioria, de intensidade fraca (MONTEIRO, 2001). 6
6
e às culturas de inverno, plantadas nas regiões com climas No inverno, as condições de tempo deste período são 5
5
subtropicais de altitude. No Brasil, os maiores prejuízos ocorrem influenciadas por sucessivas massas de ar polar provenientes do 4
3
com as plantações de café, de frutas cítricas e demais frutas de continente antártico. O ar frio é trazido pela aproximação de 3
2
clima temperado e produtos hortigranjeiros (CASTRO, 2003). anticiclones que se deslocam sobre a Argentina em direção à 2
1
No Estado de Santa Catarina, entre os anos de 1991 e Região Sul do Brasil. Quando instalados sobre Santa Catarina, 1
2010, as geadas foram responsáveis por 17 registros oficiais de esses sistemas ocasionam tempo estável, com predomínio de 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
desastres. Ao espacializar esses registros no Mapa 7 (Desastres céu claro e acentuado declínio de temperatura em todas as
naturais causados por geada em Santa Catarina no período de regiões do Estado, o que favorece a formação de geada e de Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
62 GEADA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 7 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR GEADA


EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S

Paraná
Argentina

São José do Cedro

Marema
Iraceminha Faxinal dos Guedes
Xanxerê

Vargem Bonita
Iomerê
Videira
Fraiburgo
Pinheiro Preto
Ipumirim

Tangará

28°S Urupema
Urubici
28°S

Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 51° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ OCEANO
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Convenções
Santa Rosa do Sul

Número de
Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião registros AT L Â N T I C O
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 1 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 2 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
GEADA 63
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Oeste Catarinense, onde geadas fortes afetaram todo o Infográfico 6 – Municípios atingidos por geadas no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
município. Em 2000, ocorreram 3 registros nos municípios de 10 8

Ipumirim, Santa Rosa do Sul e Xanxerê e, no ano seguinte,teve Municípios Atingidos


5
por Geada 3
registros em Marema e Faxinal dos Guedes, neste último,70% 1
2
1
2

da área rural do município foi atingida, provocando destruição Município


0
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
das culturas de milho, trigo, feijão, aveia e triticale. Os próximos Bom Jardim da Serra 2
Iomerê 2
registros ocorreram nos anos de 2006, 2007 e 2010. Faxinal dos Guedes 1
Fraiburgo 1
Percebe-se que grande parte das ocorrências foi Ipumirim 1
Iraceminha 1
registrada na segunda década de análise (2001-2010), com 82,3% Marema 1
do total dos registros. O ano de 2006 foi o que mais apresentou Pinheiro Preto 1
Santa Rosa do Sul 1
episódios do evento, com 8 registros. Neste ano, 7municípios São José do Cedro 1
Tangará 1
foram atingidos, com Bom Jardim da Serra apresentando 2 Urubici 1

ocorrências, registradas oficialmente nos meses de setembro e Urupema 1


Videira 1
novembro, respectivamente. Xanxerê 1
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 2 Registros 1 Registro 17
As geadas estão mais associadas a danos materiais
do que humanos. Os danos possíveis ocasionados por geadas
são grandes prejuízos à agricultura, pela perda da lavoura. No
município foi atingido, e devido ao intenso frio, com nevasca VAREJÃO-SILVA, M. A. Meteorologia e climatologia. Recife: [s.n.],
caso dos danos humanos causados pelas geadas durante as
e fortes geadas, houve um acréscimo significativo no número 2006. 449 p. [Versão digital 2].
ocorrências registradas no Estado de Santa Catarina, no Gráfico
de internações e consultas médicas por problemas respiratórios,
17 (Danos humanos causados por geadas 1991-2010), soma-se
necessitando de medicação. Além disso, houve necessidade de
63.823 pessoas afetadas e 347 enfermas.
distribuir colchões, acolchoados e agasalhos para a população
O município que apresentou o maior número de
de Xanxerê.
afetados, com 38.000 habitantes, foi Xanxerê, durante o evento
de geada, ocorrido em julho de 2000. Naquele ano, todo o
REFERÊNCIAS

Gráfico 17 – Danos humanos ocasionados por geadas, no Estado de Santa CASTRO,Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
Catarina, período de 1991 a 2010
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.

Danos humanos por geada KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
(1991 a 2010) básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
70000 63.823
60000 MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do Estado de Santa
abitantes

50000
40000 Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
30000 atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78,
20000
Ha

10000 jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/


347
0 geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 5 dez. 2011.

TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres


naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto
Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>. Acesso em: 28 nov. 2011.
64 TORNADO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 8 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR TORNADO


EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S

Paraná
Três Barras
Argentina

Palma Sola

Papanduva
Corupá

Guaraciaba

Vargeão
Macieira

Faxinal dos Guedes


Ponte Serrada
Coronel Freitas Salto Veloso

Catanduvas

Aurora
São João Batista

Campos Novos

Florianópolis

Rancho Queimado

28°S 28°S
Garopaba

Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul


Laguna

Sangão

Criciúma

Forquilhinha

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000 Turvo

Meridiano Central: 51° W. Gr.


Paralelo de Referência: 0°

µ OCEANO
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Convenções Número de
Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião registros AT L Â N T I C O
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 1 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 2 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
TORNADO 65
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

TORNADO danos à superfície terrestre, assim como à população local Gráfico 18 – Frequência mensal de tornados no Estado de Santa Catarina, no
período de 1991 a 2010
(CASTRO, 2003).
Os tornados incluem-se na classificação de desastres Dentre as perturbações atmosféricas, o tornado é Frequência mensal de tornados
naturais de causa eólica, pois estão relacionados com a considerado uma das mais violentas. Como um tornado pode (1991 a 2010)
intensificação do regime dos ventos ou com a forte redução da atingir até 320 km/h, esse fenômeno supera a violência do furacão, 7
6
circulação atmosférica. pois seu poder destrutivo é altamente concentrado e violento, 6
5 5
Tornados são definidos como vórtices ou redemoinhos mas com duração e área afetada menor (CASTRO, 2003). 5
4 4
de vento formados na baixa atmosfera. Apresentam-se com Episódios de tornados muitas vezes são confundidos 4
3 3 3
3
nuvens escuras, de formato afunilado, que tocam a superfície com vendavais intensos, pelo fato de a população não ter bem
2
terrestre com grande velocidade de rotação e forte sucção, claro a definição e as características que remetem a este evento 1 1 1
1
representando grande potencial destrutivo. São formados natural. 0
em processos convectivos, caracterizados pela formação de As trombas d’água compõem esta classificação, pois jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
grandes nuvens cumulonimbus e em situações do encontro são fenômenos semelhantes aos tornados, porém ocorrem Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
de massas de ar altamente diferenciadas e de grande somente sobre uma superfície aquosa, no mar ou num lago.
intensidade. A partir dessas condições é instalada uma célula Nesses casos, a sucção no centro da tempestade eleva para os
Gráfico 19 – Danos humanos ocasionados por tonado, no Estado de Santa
de baixa pressão nas camadas superiores da atmosfera ares a água da superfície. Geralmente, desaparecem quando Catarina, período de 1991 a 2010
que ocasiona o efeito chaminé e a ascensão do ar para a entram em contato com a superfície da terra (CASTRO, 2003).
alta troposfera. Este arranjo caracteriza o efeito de vórtice, Entre os desastres analisados no Estado de Santa Danos humanos por tornados
responsável pela forte sucção, que provoca o arrancamento (1991 a 2010)
Catarina, os tornados somam 27 registros oficiais, entre os
de árvores, a destruição de edificações e a elevação no ar de 60000
anos de 1991 e 2010. 50000
53.075

abitantes
destroços e objetos. Portanto, o ar em movimento é o que Ao espacializar esses desastres naturais causados por 40000
30000
forma o tornado, com força suficiente para causar grandes tornados no Mapa 8 (Desastres Naturais causados por tornado 20000

Ha
em Santa Catarina no período de 1991 a 2010), verifica-se 10000 3.324 1.110 485 128 17 5 3
Figura 16 – Efeitos da passagem de tornado em Santa Catarina 0
que os municípios atingidos estão localizados em diferentes
mesorregiões do Estado. Dos 293 municípios, 24 foram atingidos
por tornados, sendo que destes, os municípios de Laguna,
Coronel Freitas e Aurora apresentaram 2 registros cada.
Os sistemas atmosféricos que podem causar desastres Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

naturais associados à ocorrência de tornados são os sistemas


frontais, que geram tempo instável. As instabilidades associadas frentes frias em regiões onde o ar está mais quente e instável,
às passagens de sistemas frontais podem também provocar favorecendo o desenvolvimento de uma tempestade, que,
vendavais intensos, descargas elétricas e chuvas fortes. Os por sua vez, impulsiona a formação desse tipo de ciclone
Complexos Convectivos de Mesoescala são sistemas com (TOMINAGA et al., 2009). Algumas regiões são mais propícias
intensidade suficiente para gerar chuvas fortes, ventos, tornados para a formação de tornados, pois apresentam aspectos
e granizo, ou seja, também são capazes de desencadear desastres favoráveis para a ocorrência desse fenômeno; no Brasil, destaca-
naturais (TOMINAGA et al., 2009). se o sul e sudeste (SEDEC, 2011).
Os tornados são fenômenos tipicamente continentais, A ocorrência de tornados está associada à estação
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
coordenadorias municipais. sua formação ocorre normalmente através da chegada de das chuvas, principalmente às chuvas intensas, sendo mais
66 TORNADO
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

suscetíveis em Santa Catarina nos meses de verão. Segundo Infográfico 7 – Municípios atingidos por tornados no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
6
o Gráfico 18 (Frequência mensal de tornados 1991-2010) 4 4
5

percebe-se que, com exceção do mês de junho, em todos Municípios Atingidos


3 2
3
2
por Tornado
os demais meses ocorreram registros de tornados e trombas 1 1 1 1 1 1 1

0
d’água. Os meses que apresentaram a maior frequência desses Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Aurora 2
eventos foram janeiro, com 6 ocorrências e setembro e outubro, Coronel Freitas 2
Laguna 2
com 5 registros cada. Bom Jardim da Serra 1
Há registros de desastres por tornados desde 1991 Campos Novos 1
Catanduvas 1
e em quase todos os anos no período pesquisado, conforme Corupá 1
Criciúma 1
Infográfico 7 (municípios atingidos por tornados). O rastro de Faxinal dos Guedes 1
Florianópolis 1
destruição de um tornado pode variar de dezenas de metros Forquilhinha 1
Garopaba 1
a quilômetros de extensão, sendo altamente concentrado e Guaraciaba 1
extremamente violento. O efeito chaminé dos tornados derruba Macieira 1
Palma Sola 1
e arrasta árvores, causa danos às plantações, derruba a fiação e Papanduva 1
Ponte Serrada 1
provoca interrupções no fornecimento de energia elétrica e nas Rancho Queimado 1
Salto Veloso 1
comunicações telefônicas, provoca enxurradas e alagamentos, Sangão 1
São João Batista 1
produz danos em habitações mal construídas e/ou mal situadas, Três Barras 1
provoca destelhamento em edificações e a elevação no ar dos Turvo
Vargeão
1
1
destroços resultantes, causando traumatismos provocados pelo Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro 27

impacto de objetos transportados pelo vento, por afogamento


e por deslizamentos ou desmoronamentos (SEDEC, 2011).
No período analisado, um total de 31.737 pessoas deslizamentos, queda de edificações, destelhamento e
foi afetado em Santa Catarina pela ocorrência de tornados, destruições de galerias pluviais. No ano de 2002, todo o
como pode ser observado no Gráfico 19 (Danos humanos por município foi afetado por um tornado em janeiro, causando
tornados 1991-2010). Além disso, 3.127 foram desalojadas, muitos prejuízos às edificações e infra-estrutura.
837 desabrigadas, 431 deslocadas, 96 levemente feridas, 15
gravemente feridas, 5 enfermas e há 1 registro de óbito. REFERÊNCIAS
A vítima fatal relacionada à passagem de tornado
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
ocorreu no município de Criciúma, em janeiro de 2005, quando naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
2 tornados em pontos distintos do município, com ventos em
movimentos circulares com velocidade aproximada de 130 SEDEC - SECRETARIA NACIONAL DE DEFESA CIVIL. Ocorrência de
km/h, atingiram alguns bairros. desastres: recomendações – saiba como: tornados. Disponível em:
<http://www.defesacivil.gov.br/desastres/recomendacoes/tornado.
Dentre os 24 municípios atingidos por tornados,no
asp>. Acesso em: 29 nov. 2011.
período de 1991 a 2010, o de Laguna, localizado na Mesorregião
Sul Catarinense, foi o que apresentou o maior número de pessoas TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres
afetadas, com 20.000. Em 2001, o fenômeno ocorreu no mês naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto
de outubro afetando todo o município com um forte vendaval Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/
downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>. Acesso em: 29 nov. 2011.
seguido de chuva com enxurrada, provocando alagamentos,
MOVIMENTOS DE MASSA 67
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MOVIMENTO DE MASSA terra (earthflows), fluxos de lama (mudflows) e fluxos de detrito causados por movimentos de massa em Santa Catarina no
(debrisflows). período de 1991 a 2010).
Os movimentos de massa compõem o grupo de desastres Os rastejos são caracterizados como movimentos de Os municípios que foram afetados por movimentos
naturais relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, massa lentos, porém contínuos ou pulsantes. O processo não de massa por mais de uma vez durante os vinte anos, foram:
a erosão e a acomodação do solo. Na classificação adotada no apresenta superfície de ruptura bem definida e os limites entre Presidente Getúlio e Florianópolis, com 2 registros cada, e Gaspar,
Atlas foram agrupados os seguintes eventos naturais no grupo: a massa em movimento e o terreno estável são transicionais com 3 registros. Florianópolis localiza-se na Mesorregião da
escorregamentos ou deslizamentos; corridas de massa; rastejos e (CASTRO, 2003). Podem preceder movimentos mais rápidos, Grande Florianópolis, enquanto que os outros dois municípios
quedas, tombamentos e/ou rolamentos de matacões e/ou rochas. como os escorregamentos. Embora lentos, os rastejos podem localizam-se na Mesorregião do Vale do Itajaí.
Dentre as formas de movimentos de massa, os ser facilmente identificados pela mudança na verticalidade das A região costeira de Santa Catarina, entre o
escorregamentos, também denominados deslizamentos, árvores, postes, etc. (AUGUSTO FILHO, 1994). Oceano Atlântico e o Planalto da Serra Geral, se constitui,
são os mais importantes desta classificação, haja vista ser As quedas e os tombamentos de rochas caracterizam-
Figura 17 – Queda de matacão rochoso, Santa Catarina
o mais recorrente dentre todos os tipos aqui apresentados. se por movimentos extremamente rápidos de blocos ou
São provocados pela movimentação de materiais sólidos fragmentos em queda livre, em planos de cisalhamento ou
(solo, vegetação, etc.) ao longo de terrenos inclinados, tais clivagem, enquanto que os rolamentos de matacões são
como encostas, pendentes ou escarpas. Caracterizam-se por provocados por processos erosivos que removem os apoios das
movimentos gravitacionais rápidos de massa, cuja superfície bases (CASTRO, 2003). Nestes fenômenos, a maior preocupação
de ruptura é bem definida por limites laterais e profundos. No é com a trajetória dos blocos, ou seja, durante a queda e o
momento em que a força gravitacional vence o atrito interno rolamento (AUGUSTO FILHO, 1994).
das partículas, responsável pela estabilidade, a massa de solo A identificação da tipologia é de fundamental
movimenta-se encosta abaixo. Esses movimentos gravitacionais importância para o entendimento das causas dos fenômenos
de massa relacionam-se com a infiltração de água e a saturação ocorridos (CEPED UFSC, 2009). Assim, conhecendo-se as causas,
do solo das encostas, o que provoca a diminuição ou perda procura-se alcançar, por meio do entendimento dos processos
total do atrito entre as partículas. Por esse motivo, no Brasil, os envolvidos, respostas às questões: por que ocorrem os
escorregamentos são nitidamente sazonais e guardam efetiva escorregamentos, quando, onde e quais são seus mecanismos,
relação com os períodos de chuvas intensas e concentradas permitindo a predição da suscetibilidade (VARNES, 1978).
(CASTRO, 2003). Todos esses eventos são tratados como movimentos
As corridas de massa, embora mais lentas que os de massa, que envolvem fenômenos diretamente relacionados
escorregamentos, desenvolvem-se de forma implacável, com o processo natural de evolução das vertentes. Além disso,
atingindo grandes áreas e provocando danos extremamente pertencem a um grande grupo classificado com base na atuação
intensos. Esses movimentos têm grande capacidade de dos processos geológicos que regem a dinâmica da crosta
transporte, mesmo em áreas planas, pois são gerados a partir terrestre e promovem as mudanças sobre o relevo terrestre. Em
de um grande aporte de material de drenagem, sobre terrenos sua maioria, esses desastres relacionam-se com a dinâmica das
pouco consolidados, que, ao ser misturado com grandes encostas e são regidos por movimentos gravitacionais de massa
volumes de água infiltrada, formam uma massa semifluida, que e processos de transporte de massas (CASTRO, 2003).
adquire um alto poder de destruição (CASTRO, 2003). Conforme No Estado de Santa Catarina, os desastres relacionados
Kobiyamaet al. (2006), dependendo da viscosidade e do tipo a movimentos de massa somam 24 registros oficiais,
de material, podem receber outros nomes como fluxos de espacializados em 20 municípios no Mapa 9 (Desastres naturais Fonte: Acervo CEPED UFSC.
68 MOVIMENTOS DE MASSA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 9 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR MOVIMENTOS DE


MASSA EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S

Paraná
Argentina

Itaiópolis

Santa Terezinha

Pomerode

José Boiteux

Witmarsum
Gaspar

Videira

Presidente Getúlio

Brusque
Rio do Oeste

Ouro
Nova Trento

Leoberto Leal Major Gercino

Florianópolis

São José do Cerrito

28°S Urubici
28°S
Garopaba

Grão Pará

Orleans

Rio Grande do Sul

Projeção Policônica
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 51° W. Gr.
Paralelo de Referência: 0°

µ OCEANO
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Número de
Convenções registros
Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião
AT L Â N T I C O
Nacional para Gestão do Risco - PNGR 1
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 2 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 3 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
MOVIMENTOS DE MASSA 69
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

generalizadamente, em área de alto risco de ocorrência de Gráfico 20 – Frequência mensal de movimentos de massa no Estado de San- Gráfico 21 – Danos humanos ocasionados por movimentos de massa em
ta Catarina, período de 1991 a 2010 Santa Catarina no período de 1991 a 2010
desastres naturais relacionados a movimentos de massa, devido
às suas condições regionais climáticas, geológicas, pedológicas, Frequência mensal de movimentos Danos Humanos por Movimentos de Massa
geomorfológicas e de uso da terra (CEPED UFSC, 2009). de massa (1991 a 2010) 120000
113697
A distribuição das localidades mais atingidas ocorreu 12

Habitantes
10 80000
predominantemente nas encostas da Serra do Mar e da Serra 10
Geral. Devido às suas características geológicas e climáticas, o 8 40000
manto de intemperismo que recobre as rochas nestas regiões 6 1005 604 551 2
pode atingir até várias dezenas de metros de espessura, sendo 4 0
3 2 2
este um dos importantes fatores contribuintes para a ocorrência
2 1 1 1 1 1 1 1
de movimentos de massa de grande amplitude (CEPED UFSC,
0
2009). Dentre os processos de movimentos de massa, os mais jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
frequentes na Serra do Mar, são os escorregamentos (TOMINAGA
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
et al., 2009).
Com relação aos aspectos climáticos, na região e 14 decretaram estado de calamidade pública. Neste
tropical úmida brasileira, a ocorrência dos escorregamentos muitas vezes, deflagram escorregamentos que, não raro, podem evento, a concentração excessiva de chuvas em poucos dias,
está associada à estação das chuvas, principalmente às chuvas se tornar catastróficos (TOMINAGA et al., 2009). antecedida por um período longo de precipitações, provocou o
intensas durante a estação chuvosa, que em Santa Catarina Essas informações vão ao encontro dos dados escorregamento de milhares de cortes de terreno e de encostas
corresponde aos meses de verão. As frentes frias originadas apresentados no Gráfico 20 (Frequência mensal de movimentos naturais e uma grande e rápida enchente na bacia do Rio Itajaí.
no Círculo Polar Antártico encontram as massas de ar quente de massa 1991-2010), onde é possível observar que os meses Estes escorregamentos atingiram indiscriminadamente morros
tropicais, provocando fortes chuvas e tempestades. Estas chuvas, de verão foram os que apresentaram a maior frequência de cobertos de vegetação nativa e desmatados, bairros pobres e de
movimentos de massa no Estado, no período de 1991 e 2010. classe média alta (CEPED UFSC, 2009).
O mês de fevereiro apresenta o maior número de registros – 10 Os fatores condicionantes dos movimentos de massa
Figura 18 – Deslizamento de terra no Morro dos Cavalos, Santa Catarina ocorrências, seguido do mês de janeiro, com 3 ocorrências. correspondem principalmente aos elementos do meio físico e,
Com relação ao Infográfico 8 (Municípios atingidos por secundariamente, do meio biótico. Entre os fatores diretamente
movimentos de massa),o primeiro registro oficial levantado foi responsáveis pelo desencadeamento de movimentos de massa,
em fevereiro de 1993, no município de Florianópolis. A grande podemos citar a elevada pluviosidade, erosão pela água ou
parte das ocorrências (54,2%) foi registrada na primeira década vento, oscilação de nível dos lagos e marés e do lençol freático,
de análise, entre os anos de 1991 e 2000. ação de animais e a ação humana (TOMINAGA et al., 2009).
O ano com o maior número de registros foi o de 1997, A ação humana exerce importante influência favorecendo
com 9 ocorrências distribuídas entre os municípios de Gaspar, a ocorrência dos movimentos de massa ou minimizando seus
Grão Pará, Itaiópolis, Leoberto Leal, Nova Trento, Orleans, Ouro, efeitos. Entre as causas antrópicas está a retirada da vegetação,
Rio do Oeste e Witmarsum. o acúmulo de lixo, a construção de edificações nas encostas, os
Em novembro de 2008, o Estado de Santa Catarina foi vazamentos de água e esgoto e cortes de taludes e/ou aterros.
acometido por inúmeros desastres relacionados a inundações No que diz respeito às ocorrências de desastres naturais
e movimentos de massa que afetaram principalmente a região por movimentos de massa e os respectivos danos humanos,
do Vale do Itajaí e deixaram um grande número de afetados, constatou-se um número de 113.697 habitantes afetados, de
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
coordenadorias municipais. quando 99 municípios decretaram situação de emergência acordo com o Gráfico 21 (Danos humanos por movimentos de
70 MOVIMENTOS DE MASSA
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

massa 1991-2010). Além disso, 1.005 pessoas foram desalojadas, Infográfico 8 – Municípios atingidos por movimentos de massa no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
604 desabrigadas, 551 deslocadas e 2 enfermas. 10 9

O município que apresentou o maior número de Municípios Atingidos


5 4
por Movimento de Massa 2 2 2 2
afetados durante o período analisado foi Brusque, localizado na 1 1 1
0
Mesorregião do Vale do Itajaí, com 99.000 pessoas atingidas. Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
Gaspar 3
No Brasil, um dos principais processos associados a Florianópolis 2

desastres naturais são os movimentos de massas, relacionado ao Presidente Getúlio 2


Brusque 1
maior número de vítimas fatais (BAPTISTA et al., 2005). Os dados Garopaba 1
Grão Pará 1
oficiais coletados para este Atlas não apresentaram vítimas fatais Itaiópolis 1
José Boiteux 1
nestes eventos. No entanto, de acordo com outras fontes de Leoberto Leal 1
informação da Defesa Civil de Santa Catarina, os movimentos de Major Gercino 1
Nova Trento 1
massa, sobretudo os ocorridos em novembro de 2008, deixaram Orleans 1
Ouro 1
elevado números de óbitos. Segundo a Defesa Civil de Santa Pomerode 1
Rio do Oeste 1
Catarina, até abril de 2009 estavam confirmados 135 óbitos e 2 Santa Terezinha 1
desaparecidos. Dentre os municípios que apresentaram o maior São José do Cerrito 1
Urubici 1
número de vítimas fatais,estão: Ilhota (41 mortos), Blumenau (24 Videira 1
Witmarsum 1
mortos), Gaspar (17 mortos), Luis Alves (10 mortos), Rodeio (4
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro 24
mortos) e Benedito Novo (2 mortos) (CEPED UFSC, 2009).
Além dos aspectos fisiográficos, as áreas atingidas
sofrem também grande influência das alterações do homem REFERÊNCIAS
no meio, principalmente nas áreas urbanas, as mais populosas.
Nessas áreas, os movimentos gravitacionais de massa ocorrem AUGUSTO FILHO, O. Cartas de risco de escorregamentos: uma CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
com relativa frequência em áreas de encostas desestabilizadas proposta metodológica e sua aplicação no município de Ilhabela, naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
SP. São Paulo. 162p. Dissertação (Mestrado em Engenharia) - Escola
por ações antrópicas, provocando graves desastres súbitos.
Politécnica - Universidade de São Paulo, 1994. KOBIYAMA, M. et al. Prevenção de desastres naturais: conceitos
Assim, os desastres relativos a movimentos de massa têm
básicos. Curitiba: Organic Trading, 2006. 109 p.
componentes mistos (naturais e antrópicos) e assumem BAPTISTA, A. C. et al. Suscetibilidade das áreas de risco a
características de evolução aguda (CASTRO, 2003). movimentos de massa na APA Petrópolis-RJ. Revista Natureza TOMINAGA, L. K. Avaliação de metodologias de análise de risco
Os principais fatores que contribuem para a ocorrência & Desenvolvimento, v. 1, n. 1, p. 51-58, 2005. Disponível em: a escorregamentos: aplicação de um ensaio em Ubatuba, SP. 2007.
<http://www.cbcn.org.br/arquivos/p_suscetibilidade_petropolis- 220 p. Tese (Doutorado) - Departamento de Geografia da Faculdade
dos escorregamentos são os relacionados com a geologia,
rj_1285218608.pdf>. Acesso em: 27 out. 2011. de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São
geomorfologia, aspectos climáticos e hidrológicos, vegetação e
Paulo, São Paulo, 2007.
ação do homem relativa às formas de uso e ocupação do solo CEPED - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS TOMINAGA, L. K.; SANTORO, J.; AMARAL, R. (Orgs.). Desastres
(TOMINAGA, 2007). SOBRE DESASTRES. Universidade Federal de Santa Catarina - naturais: conhecer para prevenir. 1. ed. São Paulo: Instituto
Apesar dos danos causados pelos movimentos de UFSC. Resposta ao desastre em Santa Catarina no ano de 2008: Geológico, 2009. Disponível em: <http://www.igeologico.sp.gov.br/
avaliação das aeras atingidas por movimentos de massa e dos danos downloads/livros/DesastresNaturais.pdf>.Acesso em: 27 out. 2011.
massa, estes fenômenos são um processo natural que faz parte
em edificações durante o desastre. Florianópolis: CEPED UFSC, 2009.
da evolução da paisagem, sendo o mais importante processo
VARNES, D. J. 1978. Slope movement types and processes. In:
geomorfológico modelador da superfície terrestre (BIGARELLA BIGARELLA, J. J. et al. Estrutura e origem das paisagens tropicais e SCHUSTER & KRIZEK (Eds.). Landslides: analysis and control.
et al., 1996). subtropicais. v. 2. Florianópolis: Editora da UFSC, 1996. Transportation Research Board Special Report 176, National
Academy of Sciences, Washington DC. p. 11-33.
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
71
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO Figura 19 – Erosão fluvial com o desbarrancamento da margem do rio Gráfico 22 – Frequência mensal de erosão fluvial no Estado de Santa Catari-
na, período de 1991 a 2010
FLORESTAL

Frequência mensal de erosão fluvial


Erosão fluvial (1991 a 2010)
2
A erosão fluvial corresponde ao processo erosivo que
ocorre na calha dos rios e enquadra-se em desastres naturais
relacionados com a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a 1 1
1
acomodação do solo.
Esse processo, resultante da ação dos rios sobre a
superfície, inicia com a erosão laminar e em sulcos ou ravinas,
0
prosseguindo através da erosão fluvial. Depende da interação de
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
quatro diferentes mecanismos gerais.
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
Um deles é a ação hidráulica da água, que ocorre quando a
Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
corrente hídrica é suficientemente forte, levando pelo curso do rio coordenadorias municipais.
areia e detritos de rochas, depositados no leito do rio, prosseguindo de 1991 e 2010. Os municípios afetados, Itapoá e Araquari, estão
assim até uma nova sedimentação e uma nova intensificação da O desbarrancamento dos rios pode ocorrer de duas formas localizados na Mesorregião do Nordeste Catarinense, conforme o
corrente hídrica. A ação corrosiva das partículas em suspensão na genéricas: lateral, quando o desgaste é efetuado nas margens, Mapa 10 (Desastres naturais causados por erosão fluvial, erosão
água ocorre quando fragmentos de rochas ou areia, em suspensão contribuindo para o gradual alargamento dos vales, ou vertical, marinha e incêndio em Santa Catarina, no período de 1991 a 2010).
no fluxo, atritam sobre camadas rochosas das margens e dos fundos quando a erosão atua no aprofundamento gradual do leito dos A recorrência de erosões está ligada às maiores
dos rios, provocando a escavação das mesmas. Já a ação abrasiva é o rios (CASTRO, 2003). concentrações de precipitação que,em Santa Catarina, podem
processo onde o material em trânsito nos rios é erodido, formando O fenômeno denominado terras caídas ocorre quando a ser esperadas para os meses de primavera e verão. Com relação
partículas cada vez menores ao atritar com superfícies rochosas, água atua sobre uma das margens e provoca um processo de erosão à erosão fluvial, que, de certa maneira, também está atrelada ao
formando pedras roladas, cascalhos, areia grossa e areia fina pela subterrânea e minagem. Esta ação erosiva abre extensas cavernas elevado índice das precipitações e aumento da velocidade do
suspensão e transporte das partículas na água. E por último, a subterrâneas até que uma súbita ruptura provoca a queda do solo escoamento dos rios, apresentou os registros nos meses de março
corrosão ou diluição química, processo segundo o qual a água, na da margem, que é tragado pelas águas. Acontece, normalmente, e agosto, de acordo com o Gráfico 22 (Frequência mensal de
condição de solvente universal, dilui os sais solúveis, liberados das em terrenos sedimentares, de natureza arenosa (CASTRO, 2003). erosão fluvial 1991-2010).
rochas, em consequência da ação mecânica, e os transporta sob a No Estado de Santa Catarina, ocorreu somente 2 registros Os registros são dos municípios de Itapoá, que ocorreu
forma de soluções (CASTRO, 2003). oficiais de desastre natural causado por erosão fluvial, entre os anos em agosto do ano de 2000, e de Araquari, em março de 2004,
conforme o Infográfico 9 (Municípios atingidos por erosão
fluvial). De acordo com o documento oficial do registro em
Infográfico 9 – Municípios atingidos por erosão fluvial no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010 Araquari, a erosão fluvial ocorreu devido a fortes chuvas com
2
vento, no decorrer da madrugada, aumentando o nível do rio, o
Municípios Atingidos 1 1
por Erosão Fluvial
1 que provocou a subsidência do solo com a consequente erosão da
margem, por cerca de 70 m.
0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total No litoral do Estado, durante o verão, é comum a
Araquari 1
Itapoá 1 ocorrência de tempestades, caracterizadas por chuvas de grande
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro 2 intensidade, com presença de ventos fortes e até granizo, podendo
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
72
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 10 - DESASTRES NATURAIS CAUSADOS POR EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO


MARINHA E INCÊNDIO EM SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Itapoá
Paraná
Argentina

Araquari

Ipuaçu

Piçarras

Florianópolis

28°S 28°S
Garopaba

Rio Grande do Sul

Número de
Projeção Policônica registros
Datum: SIRGAS 2000
Meridiano Central: 51° W. Gr. Erosão Fluvial
Paralelo de Referência: 0°

µ
1
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Convenções
Erosão Marinha OCEANO
Dados de Desastres Naturais gerados
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião
1
3
AT L Â N T I C O
Nacional para Gestão do Risco - PNGR
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal Incêndio 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 1 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
73
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Gráfico 23 – Danos humanos ocasionados por erosão fluvial, no Estado de Erosão marinha Figura 20 – Efeitos da erosão marinha na praia da Armação do Pântano do
Santa Catarina,período de 1991 a 2010 Sul, Santa Catarina

A erosão marinha está inserida na classificação de


Danos humanos por erosão fluvial
(1991 a 2010) desastres naturais relacionados com a geomorfologia, o
intemperismo, a erosão e a acomodação do solo, influenciada
200
150 pelos processos geológicos que regem a dinâmica da crosta
abitantes

150
terrestre e promovem mudanças no relevo.
100
Com a atuação dos movimentos das águas oceânicas
50
Ha

0
sobre as bordas litorâneas, há um modelamento destrutivo
do relevo, bem como construtivo, resultando em acumulação
marinha e, como consequência, originando praias, recifes,
restingas e tômbolos (CASTRO, 2003).
Os desastres incluídos nessa classificação relacionam-se
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.
com a dinâmica das encostas e, no caso da erosão marinha, são
regidos por processos de transporte de massa promovidos pela Fonte: Acervo da Secretaria de Estado da Defesa Civil de Santa Catarina e
coordenadorias municipais.
ação hídrica. Na condição de agente de erosão, o mar atua com
provocar aumento do nível dos rios e interferir na intensificação
os mecanismos de ação hídrica sobre o relevo litorâneo, com a A complicada variabilidade nos processos físicos se
dos processos de erosão fluvial (MONTEIRO, 2001).
desagregação das rochas; de ação corrosiva (erosão mecânica), reflete na complexa morfologia dos canais, bancos e flechas
A ocupação das planícies de inundação e até das margens
com o desgaste do relevo pelo atrito de fragmentos de rocha arenosas adjacentes que, como consequência, promovem
dos rios, com a supressão da mata ciliar, deixam o solo vulnerável
e areia em suspensão; de ação abrasiva, com o desgaste dos o aumento da vulnerabilidade da costa à erosão. Enquanto
e aumentam as chances de desestabilização do solo facilitando a
fragmentos de rochas em suspensão; e de ação corrosiva, desastre natural, a erosão marinha implica no desequilíbrio
ocorrência de processos erosivos.
diluindo os sais solúveis provenientes da desagregação das de vários pontos da costa, causando um processo de erosão
As erosões são processos de erosão hídrica que atuam
rochas e de restos de animais marinhos (CASTRO, 2003). progressiva variando de moderada a severa, onde praias
como modeladores da paisagem e podem, ou não, ocasionar
Os processos erosivos atuantes na costa estão adjacentes à desembocadura de estuários se caracterizam por
danos econômicos e sociais. Enquanto desastre, a erosão fluvial
relacionados às características geológicas do relevo litorâneo um intenso dinamismo (OLINTO et al., 1998).
(desbarrancamentos e terras caídas) afeta principalmente as
e topográficas da faixa de contato entre o mar e o litoral; à O Estado de Santa Catarina, em todo o seu limite leste,
habitações e as estruturas edificadas às margens dos rios.
intensidade, duração e sentido dos ventos dominantes na faz divisa com o Oceano Atlântico, totalizando 773,58 km de
Os danos humanos causados por erosão fluvial foram
região; intensidade e sentido das correntes marinhas locais; extensão, em 29 municípios (IBGE, 2010). Desse modo, todos
registrados apenas no evento do município de Araquari, afetando
intensidade e altura das marés; intensidade das ondas; maior ou esses municípios são suscetíveis à ocorrência de erosão marinha
um total de 150 pessoas, conforme Gráfico 23 (Danos humanos
menor proximidade da foz de rios; e atividades antrópicas que em seu litoral, que podem ocorrer durante tempestades geradas
causados por erosão fluvial 1991-2010).
contribuam para alterar o equilíbrio dinâmico local (CASTRO, pela passagem de sistemas frontais (KLEIN et al., 2006).
Os processos erosivos fluviais causam maiores danos
2003). Entre os anos de 1991 foram registrados 5 eventos de
à medida que a urbanização se aproxima das margens dos rios.
Na maioria das vezes, as erosões marinhas são desastres causados por erosão marinha no Estado de Santa
A retirada da mata ciliar e a construção de edificações no local
intensificadas por atividades antrópicas, relacionadas com a Catarina. Somente na capital do Estado (Florianópolis) foram
podem acelerar e intensificar os processos de desestabilização
concentração de atividades econômicas, industriais, de recreação registradas 3 ocorrências, todas no ano de 2010, conforme
do solo, aumentando as chances de erosão fluvial causada pelo
e turismo em áreas de restinga, e/ou dunas frontais junto à Infográfico 10 (Municípios atingidos por erosão marinha).
solapamento, que se torna mais intenso e evidente quando em
faixa litorânea, que, em conjunto com os diversos processos Quanto aos outros 2 registros, um ocorreu no município de
época das cheias dos rios e, de forma perturbadora, nas cheias
hidrodinâmicos, modificam o ambiente costeiro. Garopaba, localizado na Mesorregião Sul Catarinense, também
excepcionais (PETRY; VERDUM, 2004).
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
74
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Gráfico 24 – Frequência mensal de erosão marinha no Estado de Santa Ca- Gráfico 25 – Danos humanos ocasionados por erosão marinha, no Estado de sistema lagunar adjacente, e de um aterro hidráulico, realizado
tarina, período de 1991 a 2010 Santa Catarina, período de 1991 a 2010
em 1998/1999 (KLEIN et al., 2006).
Frequência mensal de erosão marinha
Esses casos de erosão marinha muitas vezes estão
Danos humanos por erosão marinha
(1991 a 2010) (1991 a 2010) associados à intensa urbanização em grandes cidades na zona
2 3.130 costeira brasileira, onde está inserida quase 30% da população
3500
3000 do país (IBGE, 2011). Em Santa Catarina, 68% de sua população

abitantes
2500
2000 estão assentados na costa (POLLETE et al, 1995 apud HORN
1500
1 1 1 1 1
1000 FILHO; SIMÓ, 2004). A ocupação desordenada da zona costeira
193

Ha
1
500 9 12 6 ocorre na maioria das vezes sobre o sistema de dunas frontais
0
com a implantação de avenidas à beira-mar e construção de
calçadões sobre o prisma ativo da praia (como por exemplo, a
0
praia de Piçarras, Barra Velha, Gravatá e Balneário Camboriú)
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
(KLEIN et al., 2006). A crescente urbanização na costa além de
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010. Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.
causar impactos negativos a diversos ambientes e ecossistemas
O evento do mês de novembro ocorreu no município costeiros e marinhos, coloca em risco a população local
no ano de 2010, e o outro no município de Balneário Piçarras,
de Garopaba, que apresenta 26,91 km de extensão em divisa devido à dinâmica natural dos processos erosivos que atuam
localizado na Mesorregião Vale do Itajaí, no ano de 1998. Os três
com o Oceano Atlântico (IBGE, 2010). De acordo com o na modificação e evolução das feições do relevo junto à costa
municípios que apresentaram registros de erosão marinha na
documento oficial, as causas foram o avanço brusco do mar, (HORN FILHO; SIMÓ, 2004).
escala temporal adotada estão situados em regiões diferentes
com ondas chegando a 1,5m e picos de até 2 m, atingindo a Segundo Dillenburg e Mazzer (2009), na ilha de Santa
do litoral, um ao norte, outono centro e o último, no sul do
Praia da Barra, onde algumas residências à beira-mar foram Catarina, onde se localiza o município de Florianópolis, problemas
Estado, de acordo com o Mapa 10 (Desastres naturais causados
danificadas. decorrentes de ocupação e uso da orla marítima de forma
por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio em Santa Catarina,
Em Balneário Piçarras, que tem 6,32 km de divisa com o desordenada ocasionam problemas de erosão costeira e perda
no período de 1991 a 2010).
mar (IBGE, 2010), o registro foi em setembro de 1998 e, conforme de qualidade ambiental. Simó (2003) realizou um levantamento
O município de Florianópolis, é margeado pelo mar,
documento oficial, ocorreu uma “ressaca” causando perigo das áreas com risco de destruição e/ou danificação de edificações
fazendo divisa com o Oceano Atlântico, em 190,16 km (IBGE,
imediato aos prédios edificados ao longo da praia. Conforme e identificou seis praias possuindo edificações com alto grau de
2010). De acordo com o IPUF (1998), o município de Florianópolis
registros fotográficos, estudos efetuados pelo Instituto de risco: Naufragados, Pântano do Sul, Armação, Barra da Lagoa,
tem um total de 90 praias, distribuídas em 72 praias oceânicas,
Pesquisas Hidroviárias (INPH) e análises de fotografias aéreas, Canasvieiras e Ingleses. As ocupações irregulares junto à praia,
11 praias continentais e 7 lagunares. Seus registros de erosão
conclui-se que os problemas de erosão marinha no município além de diminuírem a faixa de areia e o consequente recuo da
marinha ocorreram nos meses de maio, junho e julho, conforme
tiveram início após a construção do guia corrente e aterro do linha de costa, impedem a troca e reposição de sedimentos
apresenta o Gráfico 24 (Frequência mensal de erosão marinha
1991-2010). Segundo os documentos oficiais, os desastres Infográfico 10 – Municípios atingidos por erosão marinha, no Estado de Santa Catarina, período 1991 a 2010
ocorreram devido à presença de um ciclone extratropical no 6
4
oceano, com rajadas de vento de até 100 km/h, em alto mar. Esses Municípios Atingidos
3
ventos fortes provocaram agitação marítima, principalmente na por Erosão Marinha
1

costa, entre os municípios de Florianópolis a Passo de Torres, 0


Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
com ondas de 2 a 3 metros e maré alta, provocando avanço Florianópolis 3
Garopaba 1
do mar nas praias da Armação do Pântano do Sul, Campeche e Balneário Piçarras 1
Barra da Lagoa, em Florianópolis. Fonte: Documentos oficiais do Estado do Espírito Santo, 2011. 3 Registros 2 Registros 1 Registro 5
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
75
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

entre os ambientes, favorecendo e propiciando a intensificação precipitações hídricas. Este fenômeno compõe esse grupo, pois altitudes no planalto serrano e ambientes transformados (como
dos processos erosivos (HORN FILHO; SIMÓ, 2004). a propagação do fogo está intrinsecamente relacionada com a capoeiras, pastagens e áreas desmatadas). De acordo com Silva
Os processos erosivos costeiros causaram alguns redução da umidade ambiental, e ocorre com maior frequência et al., (2007) os campos e os ambientes antropizados são mais
danos humanos aos municípios de Florianópolis e Garopaba, e intensidade nos períodos de estiagem e seca. sujeitos à ocorrência e propagação de incêndios.
como pode ser observado no Gráfico 25 (Danos humanos por A classificação dos incêndios florestais está relacionada: Durante os vinte anos de análise, o desastre causado
erosão marinha 1991-2010), principalmente à capital do Estado, ao estrato florestal, que contribui dominantemente para a por incêndio florestal em Santa Catarina, foi registrado somente
que foi atingida. O número de pessoas afetadas no município manutenção da combustão; ao regime de combustão e ao 1 registro oficial no município de Ipuaçu, localizado na
correspondeu a 98% do número total de afetados no Estado, substrato combustível (CASTRO, 2003). Mesorregião Oeste Catarinense, conforme o Mapa 10 (Desastres
de 3.130 pessoas. A erosão marinha em Florianópolis deixou Os incêndios florestais podem ser provocados por: naturais causados por erosão fluvial, erosão marinha e incêndio
ainda 193 pessoas desalojadas, 9 desabrigadas, 12 deslocadas causas naturais, como raios, reações fermentativas exotérmicas, em Santa Catarina no período de 1991 a 2010), em agosto de
e 6 levemente feridas. No município de Garopaba, 42 pessoas concentração de raios solares por pedaços de quartzo ou cacos de 1999 Gráfico 26 (Frequência mensal de incêndios 1991 - 2010).
foram afetadas pelo único evento na região. Nenhum dano vidro em forma de lente e outras causas; imprudência e descuido De acordo com o documento oficial da ocorrência, o incêndio
humano foi relatado no documento oficial do evento ocorrente de caçadores, mateiros ou pescadores, através da propagação foi na Reserva Indígena Chapecó, localizada no município de Ipuaçu,
no município de Balneário Piçarras, no entanto, processos de de pequenas fogueiras, feitas em seus acampamentos; fagulhas atingindo uma área de aproximadamente 6.000 hectares, destruindo
erosão marinha geralmente causam transtornos à população provenientes de locomotivas ou de outras máquinas automotoras, totalmente a flora e a fauna e comprometendo os mananciais de água.
residente, que usufrui e/ou tem estabelecimentos comerciais consumidoras de carvão ou lenha; perda de controle de queimadas, Ainda conforme os dados oficiais, a causa principal foi o fator climático,
junto à orla do mar. realizadas para limpeza de campos ou de sub-bosques; além devido à ocorrência de grande estiagem e geadas na região, aliado à
Embora seja um processo natural e não represente um de incendiários e/ou piromaníacos. Podem iniciar-se de forma falta de conhecimento e orientação sobre os perigos e consequências
problema quando ocorre em áreas desabitadas, a erosão marinha espontânea ou em consequência de ações e/ou omissões das queimadas, principalmente em épocas secas. O mês de agosto, em
torna-se um problema social e econômico quando são construídas humanas. Mesmo neste último caso, os fatores climatológicos e que ocorreu o registro, conforme Infográfico 11 (Município atingido
estruturas rígidas e fixas, tais como casas ou muros, num ambiente ambientais são decisivos para incrementá-los, pois facilitam a sua por incêndio florestal), não está inserido no período de estiagem do
que é naturalmente variável (MORTON et al., 1983). propagação e dificultam o seu controle (CASTRO, 2003). Estado, normal nos meses de janeiro a março. Nesse mesmo ano, o
Cabe destacar que o litoral dos municípios afetados Para que um incêndio se inicie e se propague, é município não registrou nenhuma ocorrência de estiagem e seca.
apresenta características que lhe confere um alto grau de necessária a conjunção dos seguintes elementos condicionantes: Todavia, os incêndios localizados, principalmente a
vulnerabilidade, causado principalmente pela ocupação combustíveis, comburente, calor e reação exotérmica em cadeia. oeste do Estado, podem estar relacionados ao uso da terra e
inadequada da linha de costa e em área de dunas, além de uma A propagação é influenciada por fatores como: quantidade e
Gráfico 26 – Frequência mensal de incêndios, no Estado Santa Catarina, pe-
geologia que favorece a erosão marinha. qualidade do material combustível; condições climáticas, como
ríodo de 1991 a 2010
Neste sentido, evidencia-se no litoral costeiro, umidade relativa do ar, temperatura e regime dos ventos; tipo
principalmente nos setores mais ocupados e irregularmente de vegetação e maior ou menor umidade da carga combustível Frequência mensal de incêndio
urbanizados, uma tendência de que o fenômeno torne-se e a topografia da área (CASTRO, 2003). (1991 a 2010)
recorrente no Estado, devido à dinâmica costeira e às intervenções De uma maneira geral, queimam mais facilmente: os 2

antrópicas, uma vez que, alterada a faixa de costa pela ocupação restos vegetais, as gramíneas, os liquens e os pequenos ramos
humana, os sedimentos costeiros são indisponibilizados ao e arbustos ressecados. A combustão de galhos grossos, troncos 1
transporte, causando o processo erosivo marinho. caídos, húmus e de raízes é mais lenta (CASTRO, 2003). 1
O Estado de Santa Catarina apresenta regiões com
Incêndio florestal cobertura vegetal de Floresta Ombrófila Densa, no litoral e
vales úmidos, Floresta Ombrófila Mista, no planalto, Floresta 0
Os incêndios florestais correspondem à classificação Estacional Decidual, próxima ao Rio Uruguai e seus afluentes, jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez

dos desastres naturais relacionados com a intensa redução das formações pioneiras, na faixa costeira, campos, em elevadas Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010.
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
76
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Gráfico 27 – Danos humanos ocasionados por incêndio, no Estado de Santa Infográfico 11 – Município atingido por incêndio florestal no Estado de Santa Catarina, período de 1991 a 2010
Catarina, período de 1991 a 2010 2

Danos humanos por incêndio Município Atingidos


1
1
por Incêndio Florestal
(1991 a 2010)
2.846
3000 0
Município 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 Total
2500
Ipuaçu 1
Habitantes

2000
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. 1 Registro 1
1500
1000
H

500
0 Com o objetivo de prevenir e melhor combater os Civil, sendo inclusive membro do Conselho Gestor do FUNDEC.
incêndios florestais mitigando os danos causados, a nível Atualmente, a ABVESC atende 41 municípios no Estado, entre eles
nacional, dentro da estrutura do IBAMA há o Centro Nacional Joinville, São Bento do Sul, Jaraguá do Sul, Caçador, Concórdia,
de Prevenção e Combate aos Incêndios Florestais - PREVFOGO, Ibirama, Pomerode, Ilhota e Passo de Torres (ABVESC, 2010).
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2010. responsável pela política de prevenção e combate aos incêndios
florestais em todo o território nacional, incluindo atividades REFERÊNCIAS
ao tipo de agricultura predominante na região, além de fatores relacionadas a campanhas educativas, treinamento e capacitação
climáticos como atenuantes na ocorrência do evento. Segundo ABVESC - ASSOCIAÇÃO DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS NO
de produtores rurais e brigadistas, monitoramento, pesquisa e
ESTADO DE SANTA CATARINA. Cidades atendidas. 2010. Disponível
Parizzoto et al. (2004), na região do Alto Irani, situada no manejo de fogo nas Unidades de Conservação (BRASIL, 2011). em: http://www.abvesc.com.br/cidades-atendidas/>. Acesso em: 7
oeste catarinense, onde está inserido o município de Ipuaçu, Em Santa Catarina, o serviço voluntário do Corpo de dez 2011.
a silvicultura, atividade bem característica da região, registra Bombeiros Militar do Estado, viabilizado através dos Corpos de
índices preocupantes de incêndios florestais, principalmente em Bombeiros Comunitários, tem sua origem em 1989. Inicialmente, BARBOSA, R. I.; FEARNSIDE, P. M. Incêndios na Amazônia Brasileira:
áreas de reflorestamento. Na região, ainda é típico o uso por estimativa da emissão de gases do efeito estufa pela queima de
esse tipo de organização teve a denominação de Bombeiro
diferentes ecossistemas de Roraima na passagem do evento “El
agricultores de técnicas antigas, como a prática da queimada, Misto, em razão dos diversos componentes que participavam da Niño” (1997/98). Acta Amazonica, Manaus, v. 29, n. 4, p. 513-
para o preparo do terreno para o plantio, contribuindo para a sua formação, num trabalho de parceria entre o Poder Público 534, 1999. Disponível em: <http://agroeco.inpa.gov.br/reinaldo/
ocorrência e/ou intensificação de incêndios, sendo o da Reserva Estadual, Poder Público Municipal e comunidade da cidade RIBarbosa_ProdCient_Usu_Visitantes/1999IncAmazBras_AA.pdf>.
Indígena Chapecó o maior já registrado. ou microrregião, organizada através das associações civis de Acesso em: 26 set. 2011.
Os incêndios quando atingem áreas florestais provocam bombeiros comunitários (voluntários). A primeira organização de
danos à flora e à fauna, pela perda de hábitat e alimentos; ao bombeiros comunitários foi implantada em Santa Catarina, em 18 BRASIL. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
solo, com a perda de nutrientes e organismos decompositores, e de dezembro de 1996, na cidade de Ituporanga, composto de 7 Naturais Renováveis – IBAMA. Centro Nacional de Prevenção e
liberam grande volume de gás carbônico que, segundo Barbosa Combate aos Incêndios Florestais – PREVFOGO. 2011. Disponível
Bombeiros Militares e 17 Bombeiros Comunitários (voluntários). A
em: <http://www.ibama.gov.br/prevfogo>. Acesso em: 26 set. 2011.
e Fearnside (1999), pode ser emitido instantaneamente para a implantação do serviço de bombeiros voluntários foi estimulada
atmosfera e/ou estocado na forma de carvão sobre o solo ou no em todas as regiões do Estado, e até março de 2008, já tinham
CASTRO, Antônio Luiz Coimbra de. Manual de desastres: desastres
material vegetal morto pelo fogo em processo de decomposição. sido implantados Corpos de Bombeiros Comunitários em 64
naturais. Brasília (DF): Ministério da Integração Nacional, 2003. 182 p.
Com relação aos danos causados diretamente à população municípios, a par de 88 municípios que dispõem do Serviço dos
durante o único registro de incêndio em 1999, conforme Gráfico Bombeiros Militares do Estado de Santa Catarina (MASNIK, 2004).
DILLENBURG, S.; MAZZER, A. M. Variações temporais da linha de
27 (Danos humanos por incêndios 1991-2010), apresentou 2.846 A Associação dos Bombeiros Voluntários no Estado
costa em praias arenosas dominadas por ondas do sudeste da
ipuaçuenses afetados. No entanto, nenhuma morte foi registrada de Santa Catarina (ABVESC), legalmente instituída desde 1998, Ilha de Santa Catarina (Florianópolis, SC, Brasil). Pesquisas em
no Estado associada a incêndios florestais. pela Lei 10.925, passou a integrar o Sistema Estadual de Defesa Geociências, Porto Alegre, v. 1, n. 36, p. 117-135, jan./abr. 2009.
EROSÃO FLUVIAL, EROSÃO MARINHA E INCÊNDIO FLORESTAL
77
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

HORN FILHO, N. O.; SIMÓ, D. H., Caracterização e distribuição 2004. Disponível em: <http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/floresta/
espacial das “ressacas” e áreas de risco na ilha de Santa Catarina, article/download/2381/1990>. Acesso em: 21 nov. 2011.
SC, Brasil. Revista Gravel, Porto Alegre, n. 2, v. 9, 2004. Disponível
em: <http://www.ufrgs.br/ceco/gravel/2/CD/docs/Gravel_2_09.pdf>.
SILVA, L. de C. V. da; ARGENTO, M. S. F.; FERNANDES, M. do C.
Acesso em 22 nov. 2011.
Modelagem ambiental de cenários de potencialidade a ocorrência
de incêndios no Parque Nacional do Itatiaia/RJ. In: SIMPÓSIO
IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. BRASILEIRO DE SENSORIAMENTO REMOTO, 13., Florianópolis. Anais...
Anuário estatístico do Brasil. v. 70. Rio de Janeiro: IBGE, 2010. Florianópolis: INPE, 2007. p. 3117-3124. Disponível em: <http://marte.
Disponível em: <http://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/ dpi.inpe.br/col/dpi.inpe.br/sbsr@80/2006/11.16.02.01.04/doc/3117-
monografias/GEBIS%20-%20RJ/AEB/AEB2010.pdf>. Acesso em: 26 3124.pdf>. Acesso em: 25 out. 2011.
nov. 2011.

SIMÓ, D. H. Ressacas e áreas de risco no litoral da ilha de


IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Santa Catarina, SC, Brasil. 2003. 130p. Trabalho de Conclusão de
Atlas geográfico das zonas costeiras e oceânicas do Brasil. 2011. Curso(Graduação) - Departamento de Geociências, Universidade
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/ Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2003
imprensa/ppts/0000000666071211201107550533427.pdf>. Acesso
em: 6 dez. 2011.

IPUF - INSTITUTO DE PLANEJAMENTO URBANO DE FLORIANÓPOLIS.


Mapa de localização das praias do município de Florianópolis.
Florianópolis, 1998.

KLEIN, A. H. da F. et al. Santa Catarina. In: MUEHE, D. (Org.). Erosão e


progradação do litoral brasileiro. Brasília: MMA, 2006. p. 403-436.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_sigercom/_
publicacao/78_publicacao12122008091427.pdf>. Acesso em: 12 dez 2011.

MASNIK, J. L. O serviço voluntário nos corpos de bombeiros


militares. 2004. Florianópolis: ACORS - Associação de Oficiais
Militares de Santa Catarina. Disponível em: <http://www.acors.org.
br/index.php?mod=pagina&id=693>. Acesso em: 7 dez. 2011.

MORTON, A.R. et al. Living with the texas shore. Durham, North
Carolina: Duke University Press, 1983. 185p.

OLINTO, A. et al. Estudo da erosão marinha da região de


Maracaípe, Ipojuca. Pernambuco: Gerco/PE, 1998.

PARIZZOTO, W.; SILVA, N. F. da; TÉOS, G. Capacitação para o


combate e prevenção de incêndios florestais na Região do Alto Irani
– SC. Revista Floresta, v. 34, n. 2, mai/ago, pg. 113-118, Curitiba,
Fonte: Acervos das Coordenadorias Estaduais de Defesa Civil dos Estados de Alagoas e Pernambuco.
Diagnóstico
Diagnóstico dos Desastres
dos Desastres Naturais
Naturais no Estado de Alagoas
no Estado de Santa Catarina
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
80
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

MAPA 11 - TOTAL DE REGISTROS DE DESASTRES NATURAIS POR


MUNICÍPIO DE SANTA CATARINA NO PERÍODO DE 1991 A 2010
53°W 51°W 49°W

26°S 26°S
Garuva
Itapoá
Paraná Canoinhas Mafra
Campo Alegre
Três Barras

São Francisco
Joinville do Sul
São Bento do Sul
Porto União
Argentina

Dionísio Cerqueira Irineópolis


Palma Sola
Bela Vista Schroeder
São Lourenço Jupiá
Guarujá do Sul do Toldo
do Oeste Papanduva
Princesa Rio Negrinho Corupá Balneário
Campo Erê Galvão
São Novo Horizonte Matos Costa Major Vieira Itaiópolis Araquari Barra do Sul
Bernardino Jaraguá do Sul Guaramirim
São José do Cedro Coronel São
Anchieta Martins Domingos
Abelardo Luz
Calmon São João
Santa Terezinha Saltinho
Guaraciaba Formosa Santiago do Itaperiú
do Progresso Timbó Grande Rio dos Cedros
Irati do Sul do Sul Massaranduba
Romelândia Bom Jesus Monte Castelo Santa Terezinha
Paraíso Tigrinhos do Oeste Sul Ipuaçu Barra Velha
Barra Bonita
São Miguel Serra Brasil Passos Maia
da Boa Vista Jardinópolis Bom Ouro Verde Doutor Pedrinho
São Miguel Alta Quilombo Pomerode Luiz Alves
Entre Rios Jesus
do Oeste Água Doce Caçador Balneário
Flor do Sertão Maravilha Modelo União do Vargeão Piçarras
Bandeirante Macieira
Oeste Benedito Novo Timbó
Marema Faxinal Vitor Meireles Penha
Iraceminha Pinhalzinho Águas Navegantes
Lajeado dos Lebon Régis
Frias Coronel Ponte Serrada José Boiteux Ilhota
Belmonte Descanso Grande Xanxerê Guedes Blumenau
Cunha Porã Nova Freitas Salto Veloso Rio do Campo
Rio das Antas Rodeio
Erechim Arroio Trinta
Saudades Santa Cecília Witmarsum
Santa Helena Nova Vargem Bonita Gaspar
Cordilheira Treze Tílias
Itaberaba Xaxim Salete Ascurra
Riqueza Cunhataí Alta Iomerê Dona Emma Itajaí
Águas de Videira Indaial
Tunápolis Iporã do Oeste Ibirama
Chapecó Xavantina Lindóia do Sul Irani Fraiburgo Balneário Camboriú
Caibi Pinheiro Preto
São Carlos Planalto
Ipumirim Catanduvas
São João Alegre Arvoredo Ibicaré Taió Presidente Getúlio Camboriú
Luzerna
Palmitos
Itapiranga do Oeste Mondaí Guatambú Guabiruba
Itapema
Chapecó Apiúna Brusque
Seara Arabutã Jaborá Joaçaba Tangará
Caxambu do Sul Rio
Ponte Alta do Norte Rio do Oeste
Monte Carlo Frei Rogério do
Herval D'Oeste Lontras Porto BeloBombinhas
Presidente Ibiam Mirim Doce Laurentino Sul
Paial Botuverá
Concórdia Castelo Branco Lacerdópolis Canelinha
Itá Tijucas
Ouro Erval Velho Presidente Nereu
São Cristovão do Sul Pouso Redondo
Curitibanos Trombudo
Central Aurora Nova Trento
Peritiba Brunópolis São João Batista
Braço do Agronômica Governador
Ipira
Alto Bela Trombudo Celso Ramos
Vidal Ramos
Vista Capinzal Campos Novos Ponte Alta
Atalanta Leoberto Leal Major Gercino Biguaçu
Piratuba Vargem Agrolândia Ituporanga
Zortéa
Imbuia Florianópolis
Antônio Carlos
Otacílio Costa
Petrolândia Angelina
Palmeira Chapadão
Abdon Batista
São José do Cerrito Correia Pinto do Lageado São Pedro São José
de Alcântara
Celso Ramos
Rancho Queimado
Alfredo Wagner
Anita Garibaldi Santo Amaro
Águas Mornas da Imperatriz
Bocaina do Sul
Bom Retiro Palhoça

Cerro Negro Campo Belo do Sul

Anitápolis
Rio Rufino

Painel São Bonifácio


Paulo Lopes
Lages Santa Rosa de Lima
28°S Urupema
Urubici
28°S
Capão Alto Garopaba

Rio Fortuna
São Martinho
Grão Pará

Imbituba
Braço do Norte Imaruí
Armazém
Orleans
São Joaquim Bom Jardim da Serra

Rio Grande do Sul Lauro Muller


São Ludgero Gravatal

Capivari de Baixo
Laguna
Treviso UrussangaPedras Grandes Tubarão

Treze de Maio
Siderópo lis Cocal do Sul
Morro da Fumaça
Sangão Jaguaruna
Nova Veneza
Criciúma
Morro Grande

Forquilhinha Içara
Timbé do Sul
Meleiro
Projeção Policônica Maracajá
Datum: SIRGAS 2000 Turvo

Meridiano Central: 51° W. Gr. Araranguá

Paralelo de Referência: 0° Número de Jacinto Machado Ermo

µ
Balneário Arroio do Silva
registros
Base cartográfica digital: IBGE 2005.
Convenções
Sombrio
Santa Rosa do Sul
Praia Grande
OCEANO
2-8
AT L Â N T I C O
Balneário Gaivota
Dados de Desastres Naturais gerados
São João do Sul
a partir do levantamento do Planejamento Mesorregião 9 - 12
Nacional para Gestão do Risco - PNGR 13 - 17 Passo de Torres
CEPED UFSC 2010/2011. Divisão Municipal 18 - 24 1:1750000
Elaborado por Renato Zetehaku Araujo Curso d´água 25 - 34 0 17,5 35 52,5 70 87,5 km
53°W 51°W 49°W
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
81
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO naturais. Eles estão relacionados à cheia e extravasamento dos Todavia, essa dinâmica sazonal que ocorre em Santa
ESTADO DE SANTA CATARINA rios, que ocorrem com certa periodicidade e de forma paulatina Catarina pode ser modificada quando há interferências do
e previsível. Ao contrário das inundações bruscas, que ocorrem Fenômeno El Niño-Oscilação Sul (ENOS), que tanto em sua fase
Para analisar os desastres naturais que afetaram o Estado quando há chuvas intensas e concentradas, as inundações positiva (El Niño), quanto negativa (La Niña), influencia no ritmo
de Santa Catarina ao longo do intervalo temporal adotado, de graduais relacionam-se mais com períodos demorados de climático de cada região, podendo causar chuvas e estiagens,
1991 a 2010, foram utilizados os registros computados em 3.903 chuvas contínuas. respectivamente. O ENOS ao atuar no ritmo de deslocamento
documentos oficiais. Os eventos naturais adversos que ocorrem Os demais desastres naturais ocorridos no Estado:
no Estado são: estiagens e secas, inundações graduais e bruscas, tornados, geadas, incêndios florestais, erosões fluvial e marinha Gráfico 28 – Percentual dos desastres naturais mais recorrentes no Estado
de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010
vendavais e/ou ciclones, tornados, granizos, geadas, incêndios e movimentos de massa, foram menos expressivos no intervalo
florestais, erosão fluvial e marinha e movimentos de massa. temporal analisado. Estão classificados, portanto, na categoria Desastres mais recorrentes em Santa Catarina
Os fenômenos de estiagem e seca e de inundação brusca Outros, representados no Gráfico 28 com 2% do total, referente (1991 a 2010)
e alagamentos, juntos, corresponderam a 64% das ocorrências a 85 registros, sendo 27 de tornados, 24 de movimentos de
de desastres naturais no Estado nos anos analisados, conforme massa, 17 de geadas, 5 de erosão marinha, 2 de erosão fluvial e
o Gráfico 28 (Desastres naturais mais recorrentes em Santa 1 de incêndio florestal. 8% 2%
Catarina 1991-2010). As Inundações bruscas estão diretamente O Estado de Santa Catarina, por sua localização 11% 32%
relacionadas ao aumento das precipitações pluviométricas e geográfica, é um dos estados do Brasil que apresenta melhor
sua concentração em curto período de tempo. Os episódios de distribuição de precipitação pluviométrica durante o ano. 15%
estiagens e secas relacionam-se com a redução das precipitações Os principais sistemas meteorológicos responsáveis pelas
e estão entre os desastres naturais mais frequentes em Santa chuvas no estado são as frentes frias, os vórtices ciclônicos, os 32%
Catarina. Além dos efeitos adversos relacionados ao fenômeno, cavados de níveis médios, a convecção tropical, a ZCAS (Zona
as inundações, muitas vezes, ocorrem associadas a tempestades, de Convergência do Atlântico Sul) e a circulação marítima inundação brusca estiagem e seca
(MONTEIRO, 2001). vendaval e/ou ciclone granizo
granizos e vendavais, podendo desencadear outros eventos,
inundação gradual outros
que potencializam o efeito destruidor, aumentando assim os Essa característica deve-se, particularmente, a atuação
danos causados. O Estado sofre anualmente com o excesso de de massas de ar intertropicais e polares úmidas e especialmente Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.

chuvas, mas por outro lado, também com a sua escassez. As aos encontros dessas massas, que produzem as chuvas Gráfico 29 – Frequência mensal dos desastres mais recorrentes em Santa
estiagens e secas, enquanto desastres produzem reflexos sobre fartamente distribuídas de maneira regular nos meses do ano, no Catarina, período de 1991 a 2010

as reservas hidrológicas locais, causando prejuízos à agricultura verão predomina as chuvas convectivas e no inverno as chuvas Frequência mensal dos desastres mais recorrentes
e à pecuária, e assim, à sociedade como um todo. frontais. Alguns sistemas meteorológicos atuam praticamente (1991 a 2010)
Os desastres por vendavais e/ou ciclones também foram o ano inteiro, porém sua maior influência ocorre em certas 250

expressivos em Santa Catarina, apresentando 567 registros, ou estações do ano, contribuindo para a diferenciação sazonal das 200

seja, 15% do total. Eles estão relacionados à atuação de sistemas condições do tempo (HERRMANN et al, 2009). Assim, quando se 150

atmosféricos na Região Sul, como as frentes frias. Outro analisa as médias mensais de precipitação disponibilizadas pela 100

fenômeno relacionado à atuação de sistemas atmosféricos no ANA/SGH (2010), entre os anos de 1991 e 2010, para o Estado, 50

Estado é a precipitação de granizo, que foi a terceira tipologia verifica-se que os menores índices ocorreram no inverno, com 0
jan fev mar abr mai jun jul ago set out nov dez
mais recorrente, com 428 registros, equivalentes a 11% dos destaque ao trimestre de junho, julho e agosto, chegando a
inundação gradual inundação brusca
desastres ocorridos no período de análise. precipitar menos de 100 mm em agosto, com 95,1 mm. E os outros vendavais e/ou ciclones
Os desastres por inundações graduais também foram meses em que a precipitação esteve mais concentrada foram estiagem e seca granizos

expressivos, apresentando 323 registros, 8% do total de desastres os de verão, sendo janeiro o mês mais chuvoso, com 200,3 mm. Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
82
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

das frentes, também influencia nas temperaturas, que tendem com os sistemas atmosféricos tornando-os estáveis ou instáveis. sendo a média máxima de 25,04°C e média mínima 14,18°C,
a apresentarem-se mais altas em anos de El Niño e mais baixas A influência desses fatores determina as variações climáticas ocorrendo geadas de julho a agosto, e tardias em setembro.
em anos de La Niña (HERRMANN et al, 2009). locais e a suscetibilidade aos riscos e desastres climáticos. A vegetação de Chapecó é predominantemente composta pela
A atuação do El Niño e La Ninã e as consequencias Ao espacializar no Mapa 11 (Total de registros de Floresta Subtropical da Bacia do Uruguai, onde ocorrem espécies
nas ocorrências de desastres naturais no Estado pode ser desastres naturais por município de Santa Catarina, no período que perdem suas folhas no outono e inverno, mas também há
comprovada através do Gráfico 29 (Frequência mensal dos de 1991 a 2010) as ocorrências levantadas, se verificam que,
desastres mais recorrentes 1991-2010). Percebe-se que nos todos os 293 municípios do Estado foram afetados por alguma Gráfico 30 – Municípios mais atingidos de Santa Catarina, classificados pelo
total de registros, no período de 1991 a 2010
meses de verão o número de registros de estiagens e secas, tipologia de desastre. Desses, os mais afetados, foram: Chapecó,
relacionadas à diminuição das precipitações pluviométricas, com o total de 34 eventos, e, Canoinhas e Tangará com 32 Municípios mais atingidos em
e inundações bruscas, ao seu excesso e com pouca duração, eventos cada, incluídos na classe 34-25 registros do mapa. Santa Catarina (1991-2010)
foram quase equivalentes, apresentando em janeiro 212 e 214 Em termos de total de registros, os municípios localizados
registros, respectivamente. na Mesorregião Oeste do Estado foram os mais atingidos (Mapa Guaraciaba
No geral, as estiagens e secas ficaram mais concentradas 11). Com relação às precipitações, o relevo de Santa Catarina
Erval Velho
nos primeiros meses do ano, podendo estar relacionadas também contribui, fundamentalmente, em sua distribuição diferenciada
a atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), em distintas áreas do Estado. Naquelas mais próximas às Dionísio Cerqueira
definida como sendo uma persistente faixa de nebulosidade, encostas de montanhas, do lado barlavento, as precipitações
influenciando em período de estiagem durante os meses de são mais abundantes. Efeito similar é verificado no Oeste e Irani
novembro a março (PARMEZANI et al, 1998). Enquanto que as Meio-Oeste, onde a quantidade precipitada nas áreas próximas
Águas de Chapecó
inundações distribuíram-se por todo o ano, porém, com menos ao vale do Rio Uruguai é bem inferior às áreas mais ao norte,
registros nos meses de inverno. Segundo Monteiro (2001) no próximas às encostas das Serras do Capanema, da Fortuna e do Itá
verão, a intensidade do calor associada aos altos índices de Chapecó, onde ocorrem os maiores índices pluviométricos do
umidade, favorece a formação de convecção tropical, resultado Estado (MONTEIRO, 2001). Abelardo Luz
em pancadas de chuvas, principalmente no período da tarde e A Tabela 9 (Registros de desastres naturais por evento,
S
Seara
noite, contribuindo com volumes significativos de chuvas, entre nos municípios de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010)
novembro e março. apresenta todos os municípios do Estado afetados e especifica o Concórdia
Com relação aos registros de vendavais e/ou ciclones, número de ocorrências oficiais que possuem para cada tipologia
no Gráfico 29, segundo Finotti (2010), os meses de maior de desastre natural abordada neste Atlas. A partir dela, verifica- Tangará
ocorrência de rajadas e ventos iguais ou superiores a 22m/s se que o município que apresentou o maior número de registros
Canoinhas
em Santa Catarina são os de inverno e primavera e as primeiras foi Chapecó, com 34 eventos adversos, sendo 14 desastres
semanas do verão, possivelmente relacionados com a entrada por estiagens e secas, 11 por vendavais e/ou ciclones, 3 por Chapecó
de sistemas frontais. Relacionados também às instabilidades inundações bruscas, 3 por inundações graduais e 3 por granizos.
atmosféricas, como os sistemas convectivos isolados, a atuação Chapecó localiza-se na Mesorregião Oeste de Santa Catarina. 0 10 20 30 40
dos CCMs (Complexos Convectivos de Mesoescala) e as frentes O município apresenta um relevo diversificado, sendo Número de registros
frias, estão os granizos, sendo os meses mais propícios os da composto 20% por relevo plano e suave ondulado, 30%
vendaval e/ou ciclone granizo
primavera e verão (MONTEIRO, 2001). ondulado, 40% forte ondulado e 10% montanhoso e escarpado.
inundação gradual inundação brusca
De acordo com Herrmann et al. (2009), no estado A sede do município situa-se a 674 m de altitude. Seu clima é
estiagem e seca outros
catarinense, o relevo, a altitude, a continentalidade e a Mesotérmico super úmido com precipitação pluviométrica de
maritimidade são os fatores que apresentam maior interação 2.610,8 mm por ano. A temperatura média anual é de 19,6°C, Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
83
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

grande número de espécies perenes (PREFEITURA MUNICIPAL Gráfico 31 – Total de danos humanos em Santa Catarina, no período de agravar o impacto gerado pelo aumento e acúmulo de chuvas
1991 a 2010
DE CHAPECÓ, 2008). ou por sua escassez. É necessário compreender que a recorrência
Os registros de inundações bruscas e movimentos Total de danos humanos (1991 a 2010) das inundações e estiagens e secas, não são provenientes apenas
de massa estão espacializados em municípios com relevo 12000000 de fatores climáticos e meteorológicos, mas sim do resultado de
10.540.910
mais acidentado. Enquanto que as inundações graduais estão 10000000 um conjunto de elementos, naturais e antrópicos.

Habittantes
8000000
espacializadas em áreas mais planas, situadas às margens de
6000000
rios. As estiagens e secas estiveram concentradas nos municípios 4000000
470.051 133.403
localizados a oeste do Estado de Santa Catarina, na Mesorregião 2000000 8.314 371 5.527 207
121.731 115
0
Oeste, enquanto que as geadas são mais frequentes em áreas
altas, nas mesorregiões Oeste e Serrana.
Ao considerar o total de 3.903 registros oficiais
de desastres naturais ocorridos em Santa Catarina, foram
selecionados os doze municípios mais atingidos pelas tipologias Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
mais recorrentes, apresentados no Gráfico 30 (Municípios mais
atingidos em Santa Catarina 1991-2010). graduais com 37, vendavais e/ou ciclones com 4, tornados
Conforme mencionado anteriormente, o município de com 3 e granizos com 2. Os municípios que apresentaram o
Chapecó lidera o ranking dos municípios com o maior número de maior número desses óbitos foram Blumenau e Ilhota, ambos
registros, apresentando 5 tipos diferentes de desastres naturais. localizados na Mesorregião do Vale do Itajaí, com 26 mortes por
Os municípios de Canoinhas e Tangará aparecem em segundo inundação brusca cada.
lugar, com 32 ocorrências e com os mesmos tipos de eventos No entanto, o município com o maior número de pessoas
de Chapecó, adicionando as geadas, codificada como Outros. afetadas por desastres naturais entre os anos analisados (1991 a
Em terceiro, com 29 ocorrências cada, estão os municípios de 2010) foi Joinville, com 983.250.
Concórdia e Seara, e com os mesmos tipos de eventos que Com base no total de registros levantados, verifica-se
Chapecó: estiagens e secas, vendavais e/ou ciclones, granizos que o Estado de Santa Catarina é recorrentemente afetado por
e inundações brusca e gradual. Os demais municípios Abelardo inundações e estiagens, responsáveis em grande parte pela
Luz, Itá, Águas de Chapecó, Irani, Dionísio Cerqueira, Erval Velho decretação dos estados de emergência e de calamidade pública.
e Guaraciaba, apresentaram números de registros decrescentes, Catástrofes recentes, relativas aos últimos anos, revelam que
de 28 a 25. esses eventos naturais, comuns ao Estado, passaram a causar
Esses eventos naturais, comuns ao Estado, causam danos danos à população, na medida em que quase todos os anos
à população recorrentemente, de forma direta ou indireta. Ao há registros confirmados e caracterizados como desastre. Isso
longo dos vintes anos analisados, foram afetadas 10.540.910 porque qualquer desequilíbrio mais acentuado no regime hídrico
catarinenses. Além disso, foram registradas 207 mortes, 5.527 local gera impactos significativos sobre a dinâmica econômica
enfermos, 371 gravemente feridos, 8.314 levemente feridos, e social.
115 desaparecidos, 133.403 deslocados, 121.731 desabrigados O modelo de planejamento da ocupação nas áreas
e 470.051 desalojados, de acordo com o Gráfico 31 (Total de urbanas, com a impermeabilização dos solos e ocupação das
danos humanos 1991-2010). margens de rios, bem como a estruturação da rede de drenagem
Os desastres naturais que ocasionaram vítimas fatais das águas precipitadas e das formas de armazenamento e
foram as inundações bruscas com 158 mortes, as inundações distribuição de água no município ou região atingida, pode
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
84
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Tabela 9 – Registros de desastres naturais por evento, nos municípios de Santa Catarina, no período de 1991 a 2010 Continuação...
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
85
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... Continuação...
DIAGNÓSTICO DOS DESASTRES NATURAIS NO ESTADO DE SANTA CATARINA
86
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

Continuação... REFERÊNCIAS

ANA - AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS. SGH - Superintendência


de Gestão da Rede Hidrometeorológica. Dados pluviométricos de
1991 a 2010. Brasília: ANA, 2010.

FINOTTI, E. Análise de ocorrência de vendavais na região sul do


Brasil: Relatório Final de Projeto de Iniciação Cientifica (PIBIC/CNPq/
INPE). Santa Maria: INPE, 2010. Disponível em: <http://urlib.net/rep
/8JMKD3MGP7W/389BLJP?languagebutton=en>. Acesso em: 5 dez.
2011.

HERRMANN, M. L. P et al. Frequência dos desastres naturais


no Estado de Santa Catarina no período de 1980 a 2007. In:
ENCUENTRO DE GEÓGRAFOS DE AMERICA LATINA, 12., Montevidéu
– Uruguai. Anais... Uruguai, 2009. Disponível em:
<http://egal2009.easyplanners.info/area07/7254_Maria_Lucia_Maria_
Lucia_de_Paula
_Herrmann.pdf>. Acesso em: 5 dez. 2011.

IBGE - INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Santa


Catarina. In: IBGE Estados. 2010a. Disponível em: < http://www.ibge.
gov.br/estadosat/perfil.php?sigla=sc>. Acesso em: 7 dez. 2011.

MONTEIRO, M. A. Caracterização climática do estado de Santa


Catarina: uma abordagem dos principais sistemas atmosféricos que
atuam durante o ano. Geosul, Florianópolis, v. 16, n. 31, p. 69-78,
jan./jun. 2001. Disponível em: <http://150.162.1.115/index.php/
geosul/article/viewFile/14052/12896>. Acesso em: 5 dez. 2011.

PARMEZANI, J. M. et al. Associação entre ZCAS e a ocorrência de El


Niño e La Niña. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE METEOROLOGIA, 10,
Brasília. Anais... Brasília: CBMET, 1998.. Disponível em: <http://www.
cbmet.com/cbm-files/13-879946ab30aec9d0f49591c8b4420a58.
Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011. pdf>. Acesso em: 22 nov. 2011.

PREFEITURA MUNICIPAL DE CHAPECÓ. Chapecó em dados. 2008.


Disponível em: <http://www.chapeco.sc.gov.br./attachments/site_
chapeco_dados/1/chapecoemdados220811.pdf>. Acesso em: 7 dez.
2011.
CONSIDERAÇÕES FINAIS 88

Fonte: Acervo da Secretaria Nacional de Defesa Civil.


CONSIDERAÇÕES FINAIS 89
Atlas Brasileiro de Desastres Naturais | 1991 a 2010 | Volume Santa Catarina

CONSIDERAÇÕES FINAIS É, portanto, por meio da capacitação e profissionalização Gráfico 32 – Comparativo de registros de ocorrência de desastres entre as
décadas de 1990 e 2000
dos agentes de defesa civil que se busca sanar as principais
O acordo de cooperação entre a Secretaria Nacional de limitações no registro e produção das informações de desastres. Comparativo de registros entre as décadas de
Defesa Civil e o Centro Universitário de Estudos e Pesquisas sobre É a valorização da história e seus registros que irá contribuir 1990 e 2000
Desastres da Universidade Federal de Santa Catarina destaca-se para que o país consolide sua política nacional de defesa civil e
pela sua capacidade de produzir conhecimento referente aos suas ações de redução de riscos de desastres.
desastres naturais dos últimos vintes anos, e marca o momento Os dados coletados sobre o Estado de Santa Catarina
37%
histórico que vivemos diante da recorrência de desastres e de e publicados neste volume, por exemplo, demonstram que o
iminentes esforços para minimizar perdas em todo território registro de ocorrência de desastres cresceu 71,61% nos últimos
63%
nacional. dez anos, mas não permite, sem uma análise mais detalhada,
Neste contexto, o Atlas Brasileiro de Desastres afirmar que houve um aumento de ocorrências na mesma
Naturais torna-se capaz de suprir a necessidade latente dos proporção. É o que ilustram os Gráficos 32 e 33.
gestores públicos de olhar com mais clareza para o passado, Apesar de não poder assegurar a relação direta entre
registros e ocorrências, o presente documento permite uma 1991-2000 2001-2010
compreender as ocorrências atuais, e então pensar em estratégias
de redução de risco de desastres adequadas à sua realidade série de importantes análises, ao oferecer informações – nunca Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
local. Além disto, deve fundamentar análises e direcionar as antes sistematizadas – que ampliam as discussões sobre as
Gráfico 33 – Total de registros coletados entre 1991 e 2010
decisões políticas e técnicas da gestão de risco. causas das ocorrências e intensidade dos desastres. Com esse
Total de registros por ano em Santa Catarina
O Atlas é também matéria-prima para estudos e levantamento, podem-se fundamentar novos estudos, tanto
500
pesquisas científicos mais aprofundados, e fonte para a de âmbito nacional, quanto local, com análises de informações 397
400
compreensão das séries históricas de desastres naturais no da área afetada, danos humanos, materiais e ambientais, bem 300
277
238
303 300
254 238 229 259
Brasil, e análise criteriosa de causas e consequências. como prejuízos sociais e econômicos. Também é possível 200 168 124
215
157 155 155
88 106 86 93
Há que se registrar, contudo, que durante a análise estabelecer relações entre as informações sobre desastres e sua 100 61

dos dados coletados foram identificadas algumas limitações da contextualização com as variáveis geográficas regionais e locais. 0

pesquisa. Limitações que menos comprometem o trabalho, mas No Estado de Santa Catarina, por exemplo, percebe-se a
muito contribuem para ampliar o olhar dos gestores públicos incidência de tipologias fundamentais de desastres, inundações Fonte: Documentos oficiais do Estado de Santa Catarina, 2011.
às lacunas presentes no registro e cuidado da informação sobre bruscas, estiagens e secas e vendavais, que possibilitam verificar
desastres. a sazonalidade e recorrência, e assim subsidiar os processos
Destacou-se entre as limitações a clara observação decisórios para direcionar recursos e reduzir danos e prejuízos,
de variações e inconsistências no preenchimento de danos assim como perdas humanas.
humanos, materiais e econômicos. Diante de tal variação, a A partir das análises que se derivem deste Atlas, se
opção para garantir a credibilidade dos dados foi de não publicar pode afirmar que este estudo é mais um passo na produção
os danos materiais e econômicos, e posteriormente aplicar um do conhecimento necessário para a construção de comunidades
instrumento de análise mais preciso para validação dos dados. resilientes e sustentáveis.
As inconsistências retratam certa fragilidade histórica do O Atlas Brasileiro de Desastres Naturais marca o
Sistema Nacional de Defesa Civil, principalmente pela ausência de início do processo de avaliação e análise das séries históricas de
profissionais especializados em âmbito municipal, e consequente desastres naturais no Brasil. Espera-se que o presente trabalho
ausência de unidade e padronização das informações declaradas possa embasar projetos e estudos de instituições de pesquisa,
pelos documentos de registros de desastres. órgãos governamentais e centros universitários.

Você também pode gostar