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INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DO ACRE

CURSO EM BACHARELADO DE ENGENHARIA CIVIL (NOTURNO)

BARRAGENS DE DERIVAÇÃO

RIO BRANCO – ACRE


2019
FERNANDO VITOR CAMPOS
FREED WILLIAM DE FREITAS SANTOS
KATHERYNNE LAMEIRA SAADI
LARISSA MOURA DE OLIVEIRA
VITÓRIA OTSUKA IWAI
WESLEY BRITO DE ALMEIDA

BARRAGENS DE DERIVAÇÃO

Trabalho apresentado como


exigência parcial à disciplina de
Hidráulica II do Curso de
Engenharia Civil em Bacharelado
Noturno do Instituto de Ensino
Superior do Acre.

Sob a orientação da Prof.º:


Orlan Aguilar.

RIO BRANCO – ACRE


2019
O engenheiro sempre se preocupa quando
seus planos começam a se tornar realidade. Como
ficará o produto final? Qual será o resultado do
trabalho? Nos planos uma planta impecável onde
todas as peças se encaixam perfeitamente, mas a
realidade pode não ser bem assim. Mesmo atentos ao
projeto o que não se encaixar pode estabelecer o mau
funcionamento.

Aleksander Kótov
RESUMO

As barragens de derivação possuem o intuito de desviar o fluxo hídrico natural


de uma vertente, e a escolha de um caminho alternativo é de extrema importância
para a segurança e o desempenho da obra a ser executada. As ensecadeiras são
estruturas capazes de fazer tais desvios de fluxo, podendo ser provisórias (maioria
dos casos) ou serem incorporadas como estruturas permanentes de uma barragem.
Este trabalho possui a finalidade de discorrer sobre as principais
características construtivas, de utilização e aplicabilidade das ensecadeiras.
ABSTRACT

Bypass dams are intended to divert the natural water flow from a slope, and
the choice of an alternative path is of utmost importance for the safety and
performance of the work to be performed. Cofferdams are structures capable of
making such flow deviations, which may be temporary (most cases) or incorporated
as permanent structures of a dam.
This work has the purpose to run on the main constructive characteristics, of
use and applicability of the caissons.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: :Ensecadeiras .............................................................................................9


Figura 2: Ensecadeira de enrocamento com terra de cordão simples e duplo........10
Figura 3: Ensecadeira com cortina empermeável.....................................................11
Figura 4: Tipos de ensecadeira celular ................................................................... 12
Figura 5: Forças atuantes na barragem ................................................................. 14
Figura 6: Esquema de desvio por túneis. ................................................................ 19
Figura 7: Esquema de desvio de rio..........................................................................20
Figura 8: Esquema típico de desvio por canal lateral .............................................. 21
Figura 9: Representação da derivação do Rio Jordão............................................. 22
Figura 10: Barragem de derivação no Rio Cubatão................................................ .23
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8
2. CONCEPÇÃO ......................................................................................................... 9
3.TIPOS DE BARRAGEM DE DERIVAÇÃO ................................................................ 9
3.1 ENSECADEIRAS ................................................................................................ 9
3.1.1 ENSECADEIRAS DE ENROCAMENTO COM TERRA.....................................10
3.1.2 ENSECADEIRAS COM CORTINA IMPERMEÁVEL.........................................10
3.1.3 ENSECADEIRA GALGÁVEL.............................................................................11
3.1.4 ENSECADEIRA INCORPORADA.....................................................................11
3.1.5 ENSECADEIRA CELULAR...............................................................................12
4.ORGÂOS REGULAMENTADORES .......................................................................13
5.FORÇAS ATUANTES...............................................................................................13
6. ASPECTOS DE PROJETO......................................................................................15
7. ASPECTOS CONSTRUTIVOS ................................................................................17
8.DESVIOS DE RIOS...................................................................................................18
8.1 DESVIOS...........................................................................................................18
8.2 TÚNEIS.............................................................................................................19
8.3 CANAL DE DESVIO......................................................................................... 20
8.4 GALERIA ASSOCIADA AO VERTEDOR (“ADUFAS”) ................................... 21
8.5 GALERIAS.........................................................................................................21
9. EXEMPLOS DE BARRAGENS DE DERIVAÇÃO.................................................. 22
9.1 RIO JORDÃO..................................................................................................... 22
9.2 RIO CUBATÃO....................................................................................................22
10.IMPACTOS AMBIENTAIS.......................................................................................23
11. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................24
12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................25
8

1.INTRODUÇÃO

A execução de barragens de desvio de recurso hídrico possuem em sua


grande maioria caráter provisório, com a intenção de garantir a segurança e a
possibilidade de execução de obras em leitos de corpos de água.
As ensecadeiras garantem a seguridade e a estanqueidade necessária para a
execução de obra, garantindo uma área seca para a realização de trabalhos no
leito do rio. Em geral, essas estruturas são construídas a partir do material
praticabilidade, entre os tipos existentes, podemos citar:
 Enrocamento e terra
 Celulares
 Com cortina impermeável
 Ensecadeira galgável
 Ensecadeira incorporada
Os tipos a serem escolhidos precisam partir das premissas de condições
geológicas, topográficas, hidrológicas, físicas e financeiras, para a então
determinação de aspectos dimensionais de altura e espessura da estrutura como um
todo, de forma a garantir o desempenho e execução para a sua implantação.
É importante ser levado em consideração que as obras de barragens de
desvio, possuem por si só um grande fator de risco envolvido, onde, quanto maior o
nível de desempenho e segurança, maior será o custo, colocando-se na balança a
relação proporcional entre custo e segurança. Em casos de falhas, o prejuízo
envolvido pode facilmente superar quaisquer custos de segurança a serem
adotados. Portanto, em obras de médio e grande porte, deve-se dar uma maior
ênfase para os riscos envolvidos, considerando inclusive os impactos ambientais
possivelmente gerados, que dependendo da sua magnitude, não devem ser
desconsiderados, pois podem ter efeitos devastadores.
9

2.CONCEPÇÃO
A barragem de derivação tem a finalidade de desviar o fluxo d’agua dos rios
através de estruturas provisórias, sendo que são de grande importância para
garantir a segurança da construção e do trabalhador de uma maneira mais
econômica, levando em consideração que para toda construção feita próxima dos
leitos dos rios é necessário que tenha um desvio do mesmo, principalmente para
construção de uma barragem. Contudo deve-se ressaltar que o desvio de um fluxo
d´água sempre está interligada a maneira de avaliar os riscos de falha e o custo
tanto econômico como ambiental, para tanto, deve-se avaliar para caso de falhas, os
danos acarretados na construção que está em andamento e de toda população
próxima, assegurando principalmente os riscos que podem atingir os trabalhadores.

3. TIPOS DE BARRAGEM DE DERIVAÇÃO


Para execução das obras de barragens de derivação é necessário que sejam
elaboradas estruturas que são utilizadas para o desvio do fluxo d´água, como:
túneis, canais, galerias vertedouro com soleiras rebaixadas e circuito hidráulico de
geração.

3.1 ENSECADEIRAS
As ensecadeiras são barragens provisórias com o objetivo de impedir uma
região do curso d´água, de modo a deixar seca uma área onde vai ser executada a
obra ao leito do rio, as ensecadeiras são as mais utilizadas, ressaltando que,
existem vários tipos que podem ser executadas dependendo do tipo de material a
ser utilizado, layout e do método construtivo.

Figura 1:Ensecadeiras
10

3.1.2 ENSECADEIRAS DE ENROCAMENTO COM TERRA


As ensecadeiras de enrocamento com terra são as mais utilizadas por conta do
custo baixo, esse encoronamento são feitos para o fechamento do rio e com a
finalidade também de proteger a impermeabilização, sendo que a argila (principal
material) é responsável de estanqueidade da ensecadeira.Caso as velocidades
sejas baixas do fluxo pode-se retira-la.
Esse tipo de ensecadeira são constituídas através da pré-ensecadeira de
fechamento do rio, que podem ser executadas principalmente por duas formas, que
são, por “ponta de aterro” e “Em camadas”. O primeiro tipo pode apresentar duas
classificações de formatações, por cordão simples e duplo.

Figura 2: Seção transversal típica de ensecadeira de enrocamento com terra de cordão


simples e duplo.

3.1.3 ENSECADEIRAS COM CORTINA IMPERMEÁVEL


Em alguns casos é necessário a utilização de ensecadeiras com cortinas
impermeáveis, a cortina facilita a vedação da ensecadeira, que diminui a infiltração
ou percolação de água pela ensecadeira.
A estanqueidade da ensecadeira é importante para manter o local de trabalho
seco, também para proporcionar a estabilidade dela, em que caso ocorra vazão
enorme de água possa prejudicar bastante, ela é utilizada em três casos, o primeiro
quando ocorre problemas na impermeabilização, segundo quando material que foi
utilizada não consegue impedir o fluxo de água e terceiro caso ,quando a
ensecadeira está apoiada sobre uma camada mais grossa de um material ruim,
sendo que se existir uma alta permeabilidade desse material, vai existir uma
facilidade da passagem de água.
11

Figura 3 –Esquema típico de ensecadeira com cortina impermeável.

3.1.4 ENSECADEIRA GALGÁVEL


Ensecadeiras galgáveis são geralmente utilizadas quando temos uma vazão
superior no período chuvoso do que a de estiagem. Essas ensecadeiras permite
uma segurança maior durante as cheias, trazendo segurança aos trabalhadores.
Geralmente estes são utilizadas em rios localizados em vales estreitos, como nos
rios da Amazônia, que durante as cheias aumentam, deixando a vazão
relativamente maior. Nos períodos onde tem um risco de galgamentos, deve ter-se
um plano de evacuação da área ensecada, para que haja uma proteção aos
funcionários e equipamentos, em certos casos torna-se necessário uma proteção
das estruturas principais para minimizar danos às mesmas.

3.1.5 ENSECADEIRA INCORPORADA

Em algumas construções pode-se incorporar a ensecadeira ao corpo de


barragem, isso proporciona vantagens como na redução do volume de aterro que
será utilizado e evitar a remoção da ensecadeira quando não for preciso.

A utilização desta solução não é feita em qualquer situação, pois a sua


viabilidade técnica é limitada pelo tipo de maciço da barragem principal e pelo tipo
de ensecadeira utilizada, verificando tanto o material usado como a forma
construtiva.
12

3.1.6 ENSECADEIRA CELULAR

A ensecadeira celular é utilizada quando não é possível executar outros tipos


de ensecadeiras, pelo fato do rio ser demasiadamente estreito, ou quando não tem
material suficiente para impermeabilizar, como por exemplo a argila. Basicamente as
ensacadeiras celulares consiste de estacas pranchas verticais encaixadas umas às
outras formando cilindros ou “células”, que são preenchidos com material solto. As
estacas dão impermeabilidade e o material solto garante a estabilidade. De início
pode-se dizer que o diâmetro da célula deve ser igual a altura da célula, estas são
formadas por células iguais ou por um conjunto de células chamadas de células
principais e células de ligação, que tem por finalidade ligar as células principais
umas às outras, onde as células principais tem formato cilíndrico.

Para reduzir a infiltração temos um cordão de vedação no contato com a


base, e internamente a célula possui um lado de montante hidráulico. O principal
problema em relação a essa estrutura é a infiltração de água pela parte inferior da
célula no contato com o leito do rio, para evitar esse problema deve-se retirar o solo
inadequado e até mesmo chegar a fazer uma base de concreto para a ensecadeira.

As ensecadeiras celulares podem ser construídas tanto a seco ou submersa,


neste caso adotando uma pré-ensecadeira para possibilitar a construção da
ensecadeira a seco. Estas ensecadeiras devem ser montadas garantindo um
estufamento natural destas, primeiramente sendo preenchidas as duas células
adjacentes. Após as ensacadeiras celulares serem desmontadas, pode ser utilizadas
novamente, assim reduzindo os custos com desvio.

Figura 4 – Tipos de ensecadeira celular. a) perfil e vista superior de ensecadeira celular com célula
de ligação. b) vista superior de ensecadeira celular com células iguais.
13

4.ÓRGÃOS REGULAMENTADORES

A ANA (Agência Nacional das águas) foi criada pela lei nº 9.984 de 2000
tendo como caráter regulador, fazendo cumprir os objetivos e diretrizes da lei das
águas do Brasil, a lei nº 9.433 de 1997.
A agência segue uma linha de quatro ações que são de regular, monitorar,
aplicar a lei e planejar.
Procura regular o uso de recursos hídricos do domínio da União, ou seja, são
os que fazem fronteiras com outros países ou que de alguma atravessam mais de
um estado, tem também como responsabilidade regular os serviços públicos de
irrigação, (isso se estiver em regime de concessão) e transporte de água do
manancial ao tratamento, ou da água tratada ao sistema de distribuição. Além
dessas atribuições, ainda emite e fiscaliza o comprimento de normas, em especial
as outorgas, e a segurança de barragens outorgadas por ela.
Além disso, a ANA tem como responsabilidade monitorar a real situação dos
recursos hídricos do Brasil, além de coordenar as redes de captação junto com os
órgãos apoiadores do estado e outros parceiros, com isso à o levantamento de
informações primordiais para prevenir eventos desagradáveis como as secas e
inundações, planejando os setores de reserva de água (reservatórios).
Coordenar a implantação de políticas nacionais de recursos hídricos é de
suma importância para a ANA, além de realizar e apoiar programas, projetos, órgãos
gestores do estado e instalações de Agências e comitês de bacias, e também
elaborar estudos estratégicos, como planos de bacias hidrográficas, relatórios de
conjuntura dos recursos hídricos, e geralmente nessas ações à o apoio dos órgãos
do poder público e instituições.

5.FORÇAS ATUANTES

Os cálculos da força de pressão ou empuxo causado pelos fluidos em

repousos exercem em superfície solida pode ser explicada pelo princípio da


hidrostática. No caso das barragens, as forças que atuam são: empuxos horizontais,

verticais, sobrepressão de água a montante e jusante e o peso próprio da estrutura.

O esquema demostra as forças atuando na estrutura da barragem:


14

Figura 5: Forças atuantes na barragem

Os cálculos para estabilidade da barragem estão relacionados ao


escorregamento, tombamento, pressões na base e cisalhamento. Além disso, é

importante analisar, dependendo da localidade, empuxos de sedimentos, sismo, gelo,

ondas, etc.
A) Tombamento: Considera todos os momentos atuantes causados no pé da
barragem, aderindo um coeficiente de segurança próximo de 2.

B) Escorregamento: Calcula-se a força de atrito que atua entre a barragem e o

solo, adotando o coeficiente de segurança próximo de 1,5.


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C) Pressão na base: Analise todas as forças que atuam sobre a estrutura em

relação ao seu núcleo central de inércia. Calcula-se as tensões máximas que

a barragem exerce sobre o solo base.

D) Cisalhamento: Analise-se o somatório das forças horizontais em relação à


resistência do concreto. Adota-se um coeficiente de segurança superior a 4

6. ASPECTOS DE PROJETO

Os projetos das construções de barragens devem ser analisados e


ponderados às condições de operação, manutenção, inspeção, monitoramento e
instrumentação da obra ao longo do tempo. Diferentes estudos terão importância
significativa para as corretas fases de projeto, sejam eles hidrológicos, geotécnicos,
sondagens e ensaios dos materiais de fundação e de construção, estudos dos
comportamentos, especificação das boas técnicas de construção e, além disso,
projetos de instrumentação para observação do comportamento da barragem.
Segundo MATOS ALMEIDA (1998), o que tem colaborado para a crescente
preocupação com a segurança de barragens foi a aquisição de novas informações
hidrológicas, novas tecnologias construtivas e a constatação de um crescimento das
populações nos vales a jusante, além da proteção contra riscos observados em
sociedades democráticas (percepção do risco).
Um ponto importante a ser destacado no projeto de desvio de rios é o
julgamento pessoal da equipe de engenharia envolvida, que terá fundamental
importância para o sucesso da obra de desvio, já que muitas decisões são tomadas
com base subjetiva, como, por exemplo, o risco que será aceitável. O objetivo final
do projeto de desvio é a escolha da solução ótima, maximizando a eficiência,
praticidade e minimizando custos e riscos de projeto.
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Portanto, podem ser levados em consideração alguns aspectos na fase de


projeto, são eles: Reconhecimento preliminar, que engloba uma análise de
fotografias aéreas, imagens de satélites, mapas geológicos, mapas topográficos,
documentação técnica, relatórios técnicos, visitas de reconhecimento de campo, etc;
Inventário: Busca permitir determinadas comparações entre diversas alternativas,
visando à seleção da melhor sob o ponto de vista técnico-econômico e ambiental;
Pré-viabilidade: Permite a elaboração de planos e programas gerais de obras e a
avaliação dos investimentos correspondentes; Anteprojeto: Abrange a montagem de
um conjunto de desenhos e relatórios que apresentem e justifiquem as soluções
técnicas; Viabilidade: Compreende a elaboração de estimativas de custo das obras;
Projeto básico: Integram memoriais descritivos, cálculos estruturais, desenhos de
projetos, quantitativos de materiais e serviços, planilhas de orçamento, cronograma
básico de execução e outros documentos necessários ao processo de licitação das
obras e ainda o projeto executivo, que enquadra o detalhamento do projeto básico.
De forma geral, os critérios de projeto incluem as características do local da
obra: geologia, morfologia, disponibilidade de materiais de construção, controle de
desvio do rio durante a construção, etc. Fatores hidrológicos para o projeto de
desvio do rio e do sangradouro e controle durante o enchimento do reservatório;
Aspectos estruturais, de estabilidade e hidráulicos.
Por esse motivo, é fundamental que se adotem esses aspectos a obra que se
pretende construir, de maneira a aproveitar os sucessos e evitar falhas de soluções
que foram utilizadas previamente, garantindo a segurança das barragens, que
segundo GUERRA (1996), a segurança de barragens pode ser definida como sendo
sua capacidade máxima de resistir à variação das características operacionais e
funcionais, oferecendo determinado grau de confiabilidade, o qual projeta a
durabilidade do empreendimento segundo parâmetros técnicos, físicos e
econômicos.
Já o controle de segurança de barragens é entendido como o conjunto de
atividades de observação, cálculo, análise e diagnóstico das condições de existência
e de funcionamento, o que equivale a acompanhar o seu desempenho, desde o
processo de projeto, passando pelo período construtivo até o fim de sua vida útil,
detendo-se no cumprimento satisfatório das respectivas finalidades, das novas
características do empreendimento, como um todo, e da região em que está
edificado.
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7. ASPECTOS CONSTRUTIVOS
Na Etapa preliminar da construção, é importante considerar aspectos básicos
como o volume de água do rio e sua largura, para a determinação do melhor tipo de
estrutura de desvio a ser utilizado. Em casos de obras de médio e grande porte, as
barragens provisórias do tipo ensecadeiras constituem a melhor opção de projeto,
garantindo uma área protegida e com estanqueidade para a construção que será
disposta no leito do rio.
As obras de desvio do rio em obras hidráulicas são dimensionadas para um
tempo de recorrência de 25 ou 50 anos. Essa escolha depende do risco admissível
de acontecer uma cheia maior do que a suportável pelo projeto da obra de desvio e
das possíveis consequências decorrentes da superação da cheia de projeto.
As ensecadeiras são construídas com material lançado dentro do rio, com o
objetivo de formar uma barreira parcial ao fluxo d’água, transferindo-o e
estrangulando-o, para a parte onde não foi construída a ensecadeira. Desta
maneira, na parte onde esta foi construída, procede-se ao esgotamento da água que
ficou em seu interior, para que parte da barragem seja construída.
As etapas construtivas de qualquer estrutura são iniciadas com as
escavações da fundação em solo e rocha e, caso previstas, com as escavações
subterrâneas para os túneis de desvio ou forçados. Dependendo do planejamento,
os materiais de escavação adequados podem ser utilizados diretamente para
construção das obras em aterro, no caso de solos e enrocamento e concreto para
rocha. Uma vez concluída a escavação até a cota estabelecida em projeto, a obra
passa a ser liberada no campo pelo engenheiro ou geólogo para a continuação da
construção para o lançamento do aterro. Para esta liberação é quase sempre
necessário realizar os trabalhos de captação das eventuais surgências.
Uma das primeiras obras deve ser a estrutura de controle do desvio, a qual é
equipada com comportas para o fechamento do rio na fase final de desvio. A
estrutura de controle pode ser uma estrutura temporária separada da barragem ou
fazer parte da barragem.
A escolha da capacidade de descarga da estrutura que vai promover o desvio
temporário do rio influencia diretamente na dificuldade do fechamento do rio, em
razão do nível de água a montante da ensecadeira de fechamento do rio ser
determinado pela soma da capacidade de descarga da brecha ainda existente no
18

leito natural do rio (antes do fechamento total) e da capacidade de descarga da


estrutura de desvio do rio
Em vales mais abertos, o desvio pode ser efetuado em duas fases principais,
uma primeira com estrangulamento parcial da calha do rio para construção das
estruturas de controle do desvio nas áreas ensecadas e nas margens, e uma
segunda com o fechamento do leito natural, o rio passando a escoar pelas
estruturas de controle. Nestes casos não há canal ou túnel de desvio e a estrutura
de controle faz parte da própria barragem.
Os materiais mais usados nos fechamentos são de pedreiras, portanto é
importante verificar a disponibilidade desse material na região. Materiais mais finos
como cascalho podem ser usados em fechamentos mais fáceis ou na fase inicial de
fechamentos. Outro material que pode ser utilizado para fechamento é o bloco de
concreto, mas este envolve maior custo, portanto, utilizado em caso de falta de
material natural.

8. DESVIO DE RIOS

8.1 DESVIOS
Os métodos de desvios estão ligados as características topográficas e geológicas
do local do empreendimento, e por final ao cronograma da obra. Os desvios podem
ser feitos em uma única fase ou em fases múltiplas.
Desvios feitos planejados à uma fase, é usual em bacias caracterizadas por vales
estreitos, onde é viabilizado a construção de tuneis, galerias ou canais. A partir da
execução dessas estruturas o rio pode ser completamente fechado por ensecaderas
de jusante e montante e o fluxo pode então seguir pela estrutura de desvio, que
após a construção prevista no leito do rio pode ser fechada ou incorporada ao
empreendimento principal.
Os desvios de múltiplas fases são viabilizados quando trata-se de rios largos,
onde na primeira fase o rio deve ser estrangulado, para a implantação
primeiramente da estrutura de desvio (galeria ou vertedores nesse caso), e
posteriormente o ensecamento da outra parte do leito e abertura do desvio, que
passara a receber o fluxo hídrico.
Entre os principais fatores condicionantes para a determinação do melhor desvio,
visto o empreendimento, podemos levar em conta os fatores físicos ligados a
19

topografia, geologia, regime hidráulico e localização. E aspectos técnicos que


englobam os arranjos gerais, cronograma de obra, métodos e materiais construtivos,
impacto socioambiental, riscos de falha aceitáveis e por último, mas não menos
importante, o custo da obra.

8.2 TÚNEIS

Os túneis são opções de desvio onde a situação topográfica e geológica facilita


e viabiliza sua aplicação. Estas possuem a vantagem de não interferir diretamente
na construção da barragem e na escavação de outras estruturas, e são indicadas
em vales estreitos com rios encaixados, onde não seja possível o estrangulamento
do rio e ao mesmo tempo não seja necessária a construções de canais. Por
consequente, os tuneis como alternativa provisória de desvios, tornam-se viáveis a
partir de baixos fluxos de vazão, onde a implantação seja propícia topograficamente
e geologicamente, pois trata-se de uma solução mais cara e difícil de executar do
que as demais.

1 Barragem 3 Ensecadeira de montante


2 Túnel 4 Ensecadeira de jusante

Figura 6 –Esquema de desvio por túneis.


20

8.3 CANAL DE DESVIO

Geralmente os canais de desvio são utilizados em vales abertos que tenham


uma topografia suave, ou seja, que facilite a viabilização na construção. É
interessante usar na construção de canais de desvio materiais que possuem uma
certa resistência à erosão, para manter o fluxo do rio em vazão constante e
proporcional a dimensão de saídas, os canais de desvios podem ser utilizados
geralmente em duas situações, sendo a primeira delas quando o rio é estrangulado
por ensacadeiras deixando a seção de desvio incapacitada de transportar a vazão
do rio, neste caso especifico escavamos as ombreiras para aumentar a seção do
fluxo, ou até mesmo alterar o leito do rio de maneira a aprofunda-lo.
A segunda situação acontece quando o leito do rio é completamente fechado,
assim permitindo a construção de estruturas permanentes, onde não se torna viável
utilizar túneis ou galerias, pois a vazão pode ser de grande magnitude, assim
podemos adotar canais laterais. Na maioria das vezes quando a magnitude de
vazão é maior utilizamos os canais de desvio, assim tornando-se viável, ao contrário
disso seria vantajoso o uso de galerias. O desvio por canal lateral assemelha-se ao
de túneis, tendo uma ensacadeira montante e a jusante na obra, no leito do rio,
viabilizando o desvio do fluxo por esta estrutura.

1 Área ensecada de 2 Ensecadeira de


Figura 7 –Esquema de desvio de rio
1ª fase 1ª fase
com aprofundamento da calha
3 Desvio de 1ª fase pelo estrangulada
leito do rio
21

LEGENDA
A Fluxo F Canal
B Ensecadeira lateral G Ensecadeira de montante
C Barragem principal H Ensecadeira de jusante
D Aberturas temporárias

Figura 8 –Esquema típico de desvio por canal lateral.

8.4 GALERIA ASSOCIADA AO VERTEDOR (“ADUFAS”)

Este tipo de galeria torna-se permanente a estrutura, sendo construída


usualmente em conjunto a vertedores. Possibilitada a partir de um planejamento de
duas fases, onde primeiramente o rio deve ser estrangulado ou desviado por canal
lateral, para a então construção da galeria e vertedor, após conclusão, a estrutura já
pode receber a vazão de fluxo hídrico e a região original do leito pode ser ensecada,
para quaisquer tipos de obra alvo.

8.5 GALERIAS

Existe duas formas de utilização de geleiras para desvio de rio: Galeria


independente (“culverts”) e Associadas ao vertedor (“adufos”). As independentes
podem ser utilizadas de maneira isolada e independente de outras estruturas
permanentes. O uso de túnel é mais frequente, porém a utilização de galerias só é
viabilizada em situações onde a topografia é plana ou em condições geológicas das
ombreiras são inadequadas para construção de túneis. As galerias possuem
desvantagem em relação aos túneis, o fato de poder interferir nas obras de
estruturas permanentes do empreendimento: nas escavações das fundações e a
interface da galeria com o maciço da barragem. Ela pode ser feita no leito do rio (sob
o maciço da barragem) ou ser feita na ombreira. Quando situada no leito, é usado o
desvio em duas: o rio é estrangulado por ensecadeira ou então o rio é desviado
pelas galerias.
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A galeria associada ao vertedor é relacionado com estruturas permanentes da


obra. O vertedor é feito, deixando uma abertura no seu maciço, para a passagem de
água. É usada esse tipo de galeria quando o desvio é constituído por duas ou mais
fases, na qual a primeira o rio é desviado pelo leito estrangulado ou por canal lateral.
Quando o vertedor e a galeria estiverem concluídas, inicia-se a segunda parte:
fechamento do rio por ensecadeira de montante e jusante.

9. EXEMPLOS DE BARRAGENS DE DERIVAÇÃO

9.1 RIO JORDÃO

No estado do Paraná, sul do Brasil, encontra-se a barragem situada do rio


Jordão à montante de sua foz, localizada entre os municípios de Reserva do Iguaçu
e Foz do Jordão. A sua finalidade foi para derivar parte da vazão do rio Jordão para
o reservatório da Usina Hidrelétrica Governador Ney Aminthas de Barros Braga.

Figura 9 – Representação da derivação do Rio Jordão

9.2 RIO CUBATÃO


No estado de Santa Catarina, município de Joinville, foi construído uma
barragem de derivação e um canal extravasado, para dividir a vazão máxima estima
de 400 m³/s entre o leito original do rio Cubatão e o novo canal, aguentando 75% da
vazão da bacia. Em 1995 houve um grande volume de água devido ao indicie
pluviométrico que chegou atingir mais de 300 milímetros, ocupando o leito e houve o
rompimento dique da margem. Para conter novas cheias, foi construído no mesmo
ano uma barragem de derivação.
23

Figura 10 – Barragem de derivação no Rio Cubatão

10.IMPACTOS AMBIENTAIS
Comumente as obras de barragens em geral tem impactos ambientais em
caso de falhas estruturais ou desastres naturais. Nas barragens de derivação o
impacto ambiental não toma grandes proporções, porque geralmente as construções
destas são de pequeno porte por apenas desviar o leito do rio ou conter
provisoriamente por um curto intervalo de tempo, mas independentemente da
proporção do impacto, ainda é importante leva-lo em consideração, pode-se dizer
que os impactos podem ser ambientais e até mesmo sociais.
Geralmente as barragens podem chegar a romper por falhas durante o
processo construtivo, mas também pode ocorrer por um período extenso de cheias,
ultrapassando o limite de volume projetado no leito do rio, quando ocorre o
rompimento da barragem os danos podem ser tanto ambientais quanto sociais,
levando os responsavéis pela obra a responder por seus atos constitucionalmente,
como recuperação de área afetada, e indenizações de trabalhadores e demais
vítimas de quaisquer acidentes decorrentes de sua ruptura, quando o dano é
estrutural acaba que atrasando o cronograma das atividades em um modo geral.
Portanto, vale lembrar que é importante prever e criar medidas protetivas
durante todo o andamento da obra, para também cobrir eventuais danos decorrentes
de quaisquer falhas, para isso deve ser feita uma análise financeira para diversos
riscos socioambientais, conforme a obra cresce os riscos crescem exponencialmente
em caso de ruptura, por conta disso deve-se pensar em sistemas de segurança para
possíveis desastres no geral.
24

11.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em virtude dos fatos mencionados este trabalho apresentou os principais


tipos de desvio de fluxo d´água em rios de diferentes dimensões e também a sua
aplicabilidade para a construção das Barragens de Derivação, mesmo sendo
provisórias na maioria dos casos é de grande importância para segurança da obra
e dos trabalhadores. Além disso foi relatado as principais estruturas da barragem
sendo discutidas suas aplicações, aspectos de projetos e execução.

Sendo assim, ao se executar a implantação de uma barragem de derivação


é necessário fazer um estudo prévio para um desvio adequado que atenda a vazão
do leito do rio para que a obra se torne viável, assim aplicando o tipo ideal de
barragem e seus desvios, evitando problemas que comprometam a instabilidade da
estrutura. Contudo antes da execução de qualquer tipo de obra é de
responsabilidade profissional dos envolvidos no projeto ter um plano de medidas
protetivas, contra falhas e respectivos danos socioambientais.
25

12.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

NAKAZATO, D. Alguns aspectos que influenciam a concepção e o projeto de


desvios em rios. Dissertação de mestrado apresentada à EPUSP. São Paulo,
1988.

MELLO, F. M. de. A história das barragens no Brasil, Séculos XIX, XX e XXI :


cinquenta anos do Comitê Brasileiro de Barragens Rio de Janeiro : CBDB, 524
p. (2011).

REDE INTERATIVA VIRTUAL DE EDUCAÇÃO. Estabilidade de barragens.


Disponível em:
http://rived.mec.gov.br/atividades/fisica/EXTERNOS/barragem/Objeto/teoria.html.
Acesso em 16 mar. 2019.

ROCHA,G.S e TAMADA, K.D. Desvio de rios para a construção de barragens.


São Paulo, 2006.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS.Sobre a Agência Nacional de Águas (ANA).


Disponível em: http://www3.ana.gov.br/portal/ANA/acesso-a-informacao/institucional/sobre-
a-ana. Acesso em 16 mar. 2019

CURI, M.F.S. Fechamento do rio e estruturas normalmente utilizadas para o


desvio. Dissertação de mestrado apresentada à EPUSP. São Paulo, 1986.

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