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Ondas Sísmicas e Descontinuidades

As ondas sísmicas propagam-se em todas as direcções a partir do hipocentro, podendo ser


detetadas quando emergem à superfície.

Estas ondas podem ter diferentes comportamentos dependendo das características dos
materiais que atravessam, entre as quais a rigidez e a densidade.

Se o meio for sempre o mesmo a onda não é reflectida nem refratada sendo denominada,
onda direta.

Se encontrar um meio com propriedades diferentes, a onda pode ser reflectida voltando para
trás ou refratada, sendo transmitida para o segundo meio a uma velocidade diferente.

Se o interior da Terra fosse homogéneo, as ondas seriam sempre diretas.

No entanto, ao analisarem sismogramas, os sismólogos conseguem verificar que para além das
ondas diretas, há ondas reflectidas e ondas refratadas.

Com base nesses comportamentos, foram detetadas três descontinuidades, de Mohorovicic,


de Gutenberg, e de Lehmann.

Uma descontinuidade é uma superfície na qual as ondas sísmicas mudam de velocidade ou de


direcção, ou deixam de se propagar, devido a uma mudança das propriedades dos materiais.

Descontinuidade de Mohorovicic

× Em 1909, o sismólogo Mohorovicic verificou que sismógrafos de estações afastadas do


hipocentro registavam primeiro as ondas P e S refratadas e só depois as ondas P e S
diretas.
× Este registo era diferente do esperado, uma vez que se partia do princípio de que as
ondas diretas chegavam primeiro, já que descrevem uma trajectória mais curta.
× E de facto, era isso que acontecia nas estações mais próximas do hipocentro.
× Mohorovicic deduziu então, que as ondas refratadas aumentavam de velocidade ao
passarem para uma camada mais profunda com maior rigidez, e por isso chegavam
primeiro.
× Foi assim estabelecida a descontinuidade de Mohorovicic, que separa a crusta do
Manto, permitindo descobrir a existência de duas camadas distintas.
× Mais tarde, o estudo de outros registos sísmicos permitiu calcular a profundidade
desta descontinuidade, e consequentemente a espessura da crusta continental e da
crusta oceânica.
Descontinuidade de Gutenberg

× Analisando sismogramas obtidos em diferentes estações, verificou-se que se as


estações estiverem localizadas entre cerca de 102º e cerca de 143º do epicentro, não
são registadas as ondas P.
× Definiu-se então que existe uma zona de sombra sísmica à superfície para as ondas P
entre os 102º e os 143º.
× Por sua vez, as ondas S não são registadas a partir de cerca de 102º do epicentro, ou
seja, a zona de sombra sísmica para as ondas S está acima dos 102º, ou por outras
palavras, entre os 102º e os 180º.
× Juntando as informações fornecidas pelas ondas P e pelas ondas S, concluiu-se que a
zona de sombra sísmica, ou seja, a região onde os sismogramas não registam atividade
sísmica significativa durante um sismo, está entre os 102º e os 143º.
× Com base nestes dados, e tendo em conta que as ondas S não se propagam em meios
líquidos, Gutenberg pressupôs a existência de uma camada líquida a seguir ao manto
sólido.
× Foi definido então, a descontinuidade de Gutenberg ou CMB.
× Esta descontinuidade está a 2900 km de profundidade e separa o manto do núcleo,
tendo conduzido à descoberta de uma nova camada no interior da Terra.

Descontinuidade de Lehmann

× Em 1936, Lehmann verificou que no interior do núcleo algumas ondas P são reflectidas
e outras ondas P são refratadas aumentando a velocidade.
× Estes dados, sugeriram a existência de uma nova camada no interior do núcleo, a 5100
km de profundidade.
× A fronteira é designada por descontinuidade de Lehmann ou ICB, e separa o núcleo
externo (líquido) do núcleo interno (sólido).

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