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Universidade de Évora – Escola de Ciências e Tecnologia

Mestrado em Engenharia Geológica

Tecnologia Mineira

Mina de Sal-gema em Maceió

Daniel Lopes Silva

João Paulo Brinquete Pinhel

Docente: Rúben Sílvio Varela

Évora, 2024
Índice
1. Introdução 2
2. Enquadramento Geológico 2
3. Enquadramento Geográfico 4
4. Componente Histórica 6
5. Componente Mineira 8
6. Ciclo de trabalhos mineiros 15
Perfuração 15
Carregamento com explosivos e desmonte 16
Ventilação 17
Saneamento 18
Remoção 19
Sustimento 20
7. Componente Ambiental 21
8. Conclusão 28
9. Bibliografia 29
1. Introdução

O presente trabalho é referente à exploração mineira de Sal-gema Maceió,


Brasil. Este trabalho insere-se no âmbito da UC de Tecnologia mineira, do Mestrado em
Engenharia Geológica pela Universidade de Évora e tem como principal objetivo
apresentar tanto a componente histórica, como mineira e ambiental da zona de estudo.
Ao longo do presente trabalho é também retratado o ciclo de trabalhos mineiros,
evidenciando cada uma das etapas do mesmo.

O sal é um elemento essencial para a nossa vida quotidiana, possuindo mais de


14000 usos conhecidos, muitos deles derivam das propriedades químicas do sódio e do
cloro e dos seus papéis essenciais na nutrição humana e animal, como também muitos
outros usos comuns, contudo, igualmente importantes. O sal é utilizado pela indústria
química, alimentar, na agricultura, para tratamento de águas, entre outros. Podendo ser
utilizado de diversas maneiras, por exemplo para o degelo nas estradas e de forma mais
residual podendo chegar a ser utilizado no combustível para aviões.

2. Enquadramento Geológico

Do ponto de vista geológico a área está inserida dentro do contexto das bacias
sedimentares da margem continental brasileira, mais especificamente na Bacia Sergipe-
Alagoas (Sub-bacia Alagoas), originada há 150 milhões de anos, em decorrência da
separação entre os atuais continentes africano e sul-americano e consequente
formação do oceano Atlântico. A figura 1 apresenta o mapa geológico do estado de
Alagoas.
Figura 1 - Mapa geológico do estado de Alagoas.

De modo geral, a Bacia Sergipe-Alagoas subdivide-se em blocos ou


compartimentos tectônicos, limitados por grandes falhas. O rifte da bacia, em escala
regional, está localizado sob grandes blocos antitéticos basculados e limitados por
falhas sintéticas normais, compatível com modelos evolutivos que assumem
movimentos predominantemente distensivos durante a gênese do rifteamento, que
afetou esta entidade tectônica. A deposição da Bacia Alagoas sobre o embasamento
iniciou-se no período Neopaleozóico, quando foram depositadas as formações Batinga
e Aracaré do Grupo Igreja Nova. Sobrepostas a estas, foram depositadas as rochas
clásticas flúvio-lacustres neojurássicas e eocretáceas pertencentes ao Grupo Perucaba,
composto pelas formações Candeeiro, Bananeiras e Serraria.

No período Cretáceo foram depositados os sedimentos clásticos e evaporíticos


do Grupo Coruripe (Formações Barra de Itiúba, Penedo, Coqueiro Seco, Poção, Ponta
Verde e Maceió), caracterizados pelas rápidas variações de fácies, correspondentes
aproximadamente às fases rift e transicional das bacias de Sergipe e Alagoas.
Sobrepostas a estas, foram depositadas as rochas carbonáticas de origem marinha do
Grupo Sergipe, compostas pelas formações Riachuelo e Cotinguiba no período albiano-
cenomaniano. Durante os períodos neocretáceo e terciário foram depositados os
sedimentos clásticos e carbonáticos de origem marinha do Grupo Piaçabuçu, composto
pelas formações Calumbi, Mosqueiro e Marituba. No período neocenozoico foram
depositados os sedimentos clásticos continentais finos e grossos do Grupo Barreiras.
Na região metropolitana de Maceió afloram apenas rochas do Grupo Barreiras,
compostas por clásticos continentais finos e grossos, de coloração variada e grau de
compactação insignificante. Em Maceió afloram arenitos quartzosos com intercalações
de argilas arenosas e conglomeráticos. Do ponto de vista geomorfológico, o bairro do
Pinheiro ocupa a superfície aplainada do topo do tabuleiro, em cotas que variam entre
42 e 55 metros de altitude, à exceção de áreas abaciadas naturalmente suscetíveis à
inundação.

O Mutange localiza-se na superfície de alta declividade da falésia que se estende


paralelamente à borda da lagoa e em parte da planície fluviolagunar situada entre o pé
da escarpa e a borda da lagoa. O Bebedouro assenta-se na região situada a noroeste
do Pinheiro e do Mutange, entre o tabuleiro e a planície fluviolagunar revestida por
manguezais, margeando a lagoa Mundaú, estando suscetível à ocorrência de
inundações, em especial, durante a combinação de chuvas intensas na bacia do rio
Mundaú com períodos de maré alta.

3. Enquadramento Geográfico

O município de Maceió abrange uma área de 509,5km² e uma população que


atingiu recentemente a marca de 1 milhão de habitantes (IBGE, 2018). Maceió é a
capital de Alagoas, o segundo menor estado da Federação Brasileira e representa o 32º
maior PIB municipal do país (IBGE, 2015). Atualmente, Maceió é subdividido em 50
bairros, sendo o Pinheiro o 17º mais populoso (19.062 habitantes), Bebedouro o 29°
(10.103hab.) e Mutange o 46° (2.632hab.) (IBGE -2010). O bairro do Pinheiro é
predominantemente residencial com uma população diversificada e uma clara tendência
a um padrão de renda mais elevado. Este bairro oferece comércio e serviços mais
variados, em especial, na Avenida Fernandes Lima, um dos mais importantes eixos
viários de Maceió. Os bairros do Bebedouro e do Mutange, por sua vez, apresentam
predomínio de uma população com baixo poder aquisitivo e um comércio simples
voltado para as necessidades básicas da comunidade local.

A economia é voltada principalmente para o comércio e o setor de serviços, no


qual o turismo se destaca como uma importante fonte de renda. No setor industrial,
Maceió conta com uma planta de cloro-soda e seus derivados, fábricas de alimentos,
equipamentos eletromecânicos, além da indústria de açúcar e álcool, responsável por
grande parte da movimentação do Porto de Maceió, atingindo 2,7 milhões de toneladas
em 2002, dos quais 2 milhões para exportação. No setor mineral se destacam a extração
de sal-gema, água mineral, produção de petróleo e gás, como também, unidades de
beneficiamento de rochas ornamentais. As figuras 2 e 3 apresentam o Estado de
Alagoas no mapa do Brasil e a cidade de Maceió, respectivamente.

Figura 2 - Localização do estado de Alagoas.

Figura 3 - Localização da cidade de Maceió, em Alagoas.


4. Componente Histórica

A exploração mineira de sal-gema tem sido realizada desde 250 a.C. na China,
onde são realizados os primeiros registos de perfuração de poços de sal, e a salmoura
era produzida com recurso a tubos artesanais de bambu (WARREN, 2006). No Brasil,
a exploração de sal-gema só teve início em 1975, na cidade de Maceió, estado de
Alagoas, e um ano mais tarde, em 1976, na ilha de Itaparica, Bahia, ambas descobertas
ocorrem no decorrer da perfuração de poços para exploração de petróleo.
Prevê-se que a origem do sal no estado de Maceió remonta a 140 milhões de
anos, quando ocorreu a separação dos continentes. Durante este período, a água do
mar invadiu o continente ocupando regiões mais baixas principalmente nas zonas
costeiras formando assim grandes lagos de água salgada. A água começou então a
evaporar intensamente, permitindo que o sal dissolvido se acumulasse lentamente no
fundo. Posteriormente, fragmentos de rochas de regiões mais altas cobriram o sal,
sendo que nos dias que correm a camada de sal tem entre 900 e 1.200 metros de
profundidade.
De acordo com o último relatório de produção de 2016 divulgado pelo
Departamento Nacional Departamento Nacional de Produção Mineral – (DNPM), o
Brasil produziu cerca de 1,47Mt de sal-gema nessas duas regiões citadas acima, o que
representa praticamente 20% de toda a produção de sal do país (DNPM, 2017).
A exploração de sal-gema em Maceió foi suspensa em 2018 devido a problemas
superficiais ocorridos na região. Hoje em dia o único local onde o sal-gema é explorado
no país é na Ilha de Itaparica, na Bahia, que também enfrenta problemas superficiais,
devido ao aparecimento de um sumidouro, contudo este aparecimento não apresenta
risco para a população devido à sua localização.

Segundo Asmus e Porto (1972) a origem e a evolução das bacias sedimentares


da margem continental brasileira estão ligadas ao processo de ruptura da litosfera e
deriva continental divergente, que resultaram na separação das atuais placas da África
e América do Sul, conforme modelo evolutivo de margem continental tipo Atlântica. Os
sais evaporíticos, são minerais formados pela evaporação lenta da água em bacias
sedimentares, dentre os quais, se destacam os carbonatos representados pela calcita
(CaCO3) e a trona (Na2CO3.NaHCO3.2H2O), os sulfatos formados pela gipsita
(CaSO4.2H2O) e a anidrita (CaSO4), e os cloretos que são altamente solúveis e são
representados pela halita (NaCl), a silvita (KCl), a carnalita (KCl.MgCl2.6H2O) e a
taquidrita (2(MgCl).CaCl2.12H2O) (SILVA, 2011). A maioria dos depósitos subterrâneos
de sais evaporíticos no mundo, em camadas ou em domos, foi descoberta durante
pesquisas exploratórias de hidrocarbonetos (MELO et al., 2008). Isto decorre da
existência de uma forte correlação do ambiente evaporítico com a deposição de rochas
geradoras de petróleo (MOHRIAK; SZATMARI; ANJOS 2009). Segundo Warren (2006),
os chineses no século XVIII já operavam mais de 10 mil poços com o objetivo de extrair
sal através desta tecnologia, mas foi apenas em 1835 que os chineses superaram a
marca de 1.000 m de profundidade. Conhecido como Xinhai, o poço foi perfurado
através da tecnologia percussiva e atingiu 1.001,42 m de profundidade na cidade de
Zingong.
No Brasil, a Bacia Sergipe/Alagoas está situada na margem continental
brasileira, entre a borda interna, na parte emersa, limite com o continente, até a borda
externa, representada pela zona de transição crustal, na porção submersa. Estima-se
que a sua área total seja de 42.400 km2 , dos quais 12.000 km2 estão emersos
(PONTES et al., 1991). Segundo Florêncio (1996), os sais Paripueira representam a
sequência mais antiga, sendo encontrados na base da Formação Muribeca, Membro
Maceió. Posteriormente, por meio de sondagens realizadas pela Petrobras, foram
localizados depósitos evaporíticos, dentre os quais, o da localidade de Paripueira na
porção norte da Bacia. Teixeira et al. (1968), num trabalho sobre a ocorrência desses
sais na bacia, verificaram que a sua distribuição estava relacionada aos baixos regionais
existentes, sendo estes, bem delineados pelos levantamentos gravimétricos realizados
pela Petrobras. Assim, os evaporitos estariam distribuídos em três importantes feições
estruturais, formando sub-bacias aparentemente isoladas, nas áreas de Paripueira,
Maceió e Coruripe. Na formação do domo de sal, a pressão que é exercida sobre a
camada salina, devido ao peso estático dos sedimentos que estão capeando-a e/ou a
forças tectónicas laterais, faz com que o sal flua de forma ascendente, devido à sua
propriedade física visco-elástica. Inicialmente, ocorre a formação de um anticlinal e
posteriormente um domo, quando a pressão aumenta, fazendo com que as rochas que
capeiam o corpo salino sejam rompidas, podendo chegar próximo à superfície. Alguns
domos possuem diâmetro variando de 1.000 m a 6.400 m, e a dimensão vertical, mesmo
sem confirmação, pode ultrapassar 13 km (MELO; CARVALHO; PINTO, 2008).

O mais conhecido dos sais evaporíticos é a halita e geralmente eles são


utilizados comercialmente como matéria-prima de várias indústrias. A halita, é
consumida na indústria de alimentos, na pecuária e na indústria de cloro e soda
cáustica. O cloro é utilizado na produção de hipoclorito de sódio, ácido clorídrico,
defensivos agrícolas, Policloreto de Vinil (PVC), dentre outros. A soda cáustica é
matéria-prima para a produção de alumínio, sabão, papel e celulose e vidro, podendo
ser obtida através da trona (Na2CO3.NaHCO3.2H2O) ou da nacolita (NaHCO3) que são
carbonatos (WARREN, 2006). Os sais de potássio, cujos minerais mais comuns são
silvita (KCl) e carnalita (KCl.MgCl2.6H2O), são utilizados na sua grande maioria na
indústria de fertilizantes. Entretanto, existem outras aplicações voltadas para a produção
de sabão e detergentes, vidro, medicamentos, corantes e borracha sintética
(FLORÊNCIO, 2009).

5. Componente Mineira

A exploração subterrânea de Sal-gema pode ser realizada de duas formas


distintas, sendo que a maneira mais convencional é a exploração dos depósitos de sal
que se encontram a menos de 900 metros de profundidade, sendo o sal extraído
utilizando-se o processo denominado “câmaras e pilares”, como é utilizado na mina de
Loulé (Figura 4). Podendo também ser explorado com recurso a um método mais
convencional de extração pela dissolução do sal. Este método é aplicado não só a Sal-
gema, mas também a outros minerais solúveis em água, é indicado em jazidas de sais
solúveis entre 400 m e 2.000 m de profundidade, uma vez que acima dos 2.000 m, a
fluência do sal tende a interferir significativamente no crescimento da cavidade salina
(WARREN, 2006). A exploração de sais solúveis é realizada por meio do bombeamento
de água, a qual pode ser aquecida ou não, através de poços tubulares concêntricos,
instalados dentro da camada ou do domo salino, podendo ser verticais ou direcionais.
Figura 4 – Mina de Sal-gema Loulé.

Na exploração pelo método de dissolução, a primeira fase de trabalhos deve ser


iniciada pela parte inferior da camada ou do domo salino, onde a água é injetada pelo
tubo central do poço, cuja extremidade está localizada próxima do fundo do poço. O
solvente, neste caso a água, quando entra em contato com o sal, promove a dissolução
do mineral, gerando-se uma cavidade na zona salífera, fruto da extração do evaporito.
Nesta fase inicial o caudal de água deve ser elevado de modo a promover o rápido
crescimento da cavidade, gerando assim, espaço suficiente na base da camada que
permita a acumulação de fragmentos insolúveis, os rejeitos, sem causar danos ao poço.
A salmoura, produto que resulta do processo de dissolução dos sais, é então conduzida
para a superfície através do espaço anular entre o revestimento e tubo central do poço,
sendo utilizada a energia residual promovida pelo bombeamento da água (Silva, 2011).
Este método consiste então na injeção de água pela coluna de perfuração e retorno da
salmoura pelo espaço anular, ou seja, injeção direta encontra-se retratado na figura 5.
Figura 5 - Desenvolvimento ascendente de uma caverna salina (Silva, 2011).

Como foi referido anteriormente neste trabalho, a atividade mineira em Maceió


teve início em 1975, estima-se que a origem do sal data de 140 milhões de anos atrás
durante a separação dos continentes. Durante estes períodos a água do mar invadiu o
continente ocupando regiões mais baixas, principalmente áreas litorais, formando assim
grandes lagos de água salgada. Posteriormente a água começou a evaporar de forma
intensa, permitindo que o sal dissolvido se acumulasse lentamente no fundo.
Posteriormente, fragmentos de rochas de regiões mais altas, encobriram o sal e hoje a
camada salina encontra-se entre os 900 m e 1.200 m de profundidade (BRASKEM,
2019). Como exemplo de um modelo de deposição de evaporitos em águas profundas
temos a Figura 6.
Figura 6 - Modelo de deposição de evaporitos em águas profundas.

A área de concessão da mina de Maceió ocupa cerca de 1900 hectares, sendo


que nos últimos anos de exploração a empresa explorava apenas 83 hectares, o que
equivale a cerca de 4% do total da área. Na figura 7 é possível verificar a localização de
todos os poços explorados em Maceió.

Figura 7 - Localização dos poços da mina de sal-gema em Maceió.


A estratigrafia é variada apresentando vários tipos de camadas rochosas, as
quais são: areias, argilas, arenitos, calcários e uma camada bastante resistente de
conglomerado. Esta última camada encontra-se localizada entre os e 350 e 700 m de
profundidade e funciona como se fosse uma laje natural presente acima da camada de
sal. A camada de sal, por sua vez, possui uma espessura de aproximadamente 300 m
e encontra-se localizada entre os 900 e 1200 m. Na figura que se segue é possível
observar com detalhe a camada de sal.

Figura 8 - Perfil litológico da Bacia Sergipe-Alagoas com detalhe da camada de sal (ANM
2019).

De forma que seja possível alcançar a formação salina recorre-se a uma técnica
onde é realizada a perfuração de poços e o sal explorado por dissolução. Os poços, por
sua vez, podem ser direcionais ou verticais. Os poços direcionais podem apresentar um
afastamento de até 300 m do ponto em que se iniciou a perfuração, enquanto os
verticais se encontram diretamente abaixo da superfície onde ocorreu a perfuração. Na
figura 9 podemos verificar a diferença entre os dois diferentes tipos de poços.
Figura 9 – Esquema de poços verticais e direcionais.

Como referido anteriormente, o método de exploração em Maceió é através da


injeção direta, formando cavidades com um formato cilíndrico, figura 10.

Figura 10 - Método de dissolução por injeção direta (Silva 2011).

Quando se encontrava ainda em fase de exploração, os 35 poços existentes


eram monitorizados com recurso a uma ecossonda, a qual se encontra dentro da
cavidade salina, a mesma emite ondas sonoras em certas frequências as quais se
propagam em meio aquoso, sendo possível medir a direção preferencial da dissolução,
a altura, o diâmetro, o volume e a configuração da cavidade salina gerada (Silva 2011).
Os dados obtidos pelas ondas permitem criar uma imagem 3D. As ecossondas chegam
a cada poço com recurso a um camião, sendo então feita a inspeção de cada um de
forma individual.

Figura 11 – Esquema 2D, ecossonda e camião de perfilagem (ANM 2019)

Em Maceió o procedimento após a extração consistia em transportar o material


até uma zona industrial, onde era processado. O transporte era efetuado através de
tubos metálicos ao longo de 8 km de extensão, sendo que esta seria a fase final.

Figura 12 – Transporte da salmoura em Maceió (ANM 2019)


6. Ciclo de trabalhos mineiros

O método de perfuração mais utilizado nas explorações mineiras de todo o


mundo subterrâneas é o “Drill and Blast”.

O ciclo típico de escavação por detonação é realizado nas seguintes etapas (figura 13):

● Perfuração sucedida de carregamento com explosivos;


● Carregamento com explosivos e desmonte;
● Ventilação;
● Saneamento;
● Remoção;
● Sustimento, caso seja necessário.

Figura 13 - Ciclo de trabalhos mineiros

Perfuração

Antes de se iniciar a perfuração é necessário ter em conta a litologia e a


estratificação, pois é o fator determinante para o tipo de furação a ser utilizada, podendo-
se recorrer a furos paralelos ou em cunha, sendo que a profundidade dos furos também
irá influenciar o avanço. Geralmente o avanço nunca corresponde a 100%, que seria as
condições ideais, onde o desmonte coincide com a profundidade total da furação. Assim
sendo um avanço considerado aceitável por disparo deve ser de 85 a 90% do
comprimento do furo.

Os métodos de perfuração evoluíram ao longo do último, desde a execução


manual e hoje em dia à execução de furos realizados de forma automatizada. Os
principais métodos de perfuração são a rotativa, a percussiva e a rotopercussiva
(Jimeno et al., 1995). Sendo que a perfuração roto-percussiva é vista como padrão em
subterrâneo, o processo consiste em fragmentar o maciço rochoso por uma combinação
de movimentos de rotação do bit e impactos percussivos de alta frequência transmitidos
pelo bit para a rocha (Rostami e Hambley, 2011).

Hoje em dia as furações são realizadas com recurso a jumbos (figura 14), os
quais possuem 2 ou mais braços de perfuração. Estes vêm equipados com software e
hardware possibilitando melhor rentabilidade durante a operação, permitindo perfuração
de longo alcance, maior produção e se necessário, perfuração para sustimento de
cabos.

Figura 14 – Jumbo de furação.

Carregamento com explosivos e desmonte

Os explosivos usados nos dias que correm são essencialmente o ANFO e as


emulsões explosivas. O carregamento dos furos pode ser realizado manualmente com
emulsões encartuchadas ou mecanicamente através de um equipamento com bomba,
de explosivo a granel. No segundo caso a quantidade de explosivo por metro pode ser
ajustada consoante as necessidades de fragmentação e dependente do avanço
pretendido. O ANFO dado ao seu baixo custo já foi o explosivo mais utilizado, porém
perdeu viabilidade devido ao facto de o mesmo degradar a qualidade do ambiente
subterrâneo e das águas. Por outro lado, as emulsões são caracterizadas por três
propriedades importantes: a segurança que proporcionam, a energia específica e a
resistência à água. Estas são caracterizadas também pelo seu baixo custo, elevadas
velocidades de detonação, excelente resistência à água, elevada segurança na
produção e manuseamento e a possibilidade de realizar carregamentos mecânicos.
Quando os furos se encontram preenchidos com explosivos, os detonadores são fixados
aos dispositivos explosivos e os dispositivos explosivos individuais são conectados uns
aos outros. Embora mais de 100 explosões possam ser desencadeadas, uma após a
outra, a sequência de explosões é concluída em vários segundos. Os dispositivos não
devem explodir ao mesmo tempo, mas sim um após o outro em intervalos especificados.
Somente quando o responsável pela detonação garanta que não há ninguém na zona
de perigo a explosão poderá então ser desencadeada.

Figura 15 – Carregamento de explosivos.

Ventilação

A ventilação é muito importante quando nos encontramos a trabalhar numa mina


subterrânea. Esta corresponde a uma técnica de fazer circular o ar numa mina ou túnel,
com vista à diluição de gases, poeiras e a manutenção do conforto térmico dos
trabalhadores. Tendo como principais objetivos: a respiração humana, a combustão das
máquinas a diesel, a diluição dos gases nocivos, de modo a torná-los mais inofensivos
promovendo a sua evacuação, baixar a temperatura da mina e melhorar
consequentemente as condições de trabalho (Martins, R.).

Os métodos utilizados para que a atmosfera subterrânea se torne o mais idêntica


possível à atmosfera necessária consistem na distribuição do caudal de ar, ser realizada
periodicamente uma manutenção dos equipamentos a diesel, evitar empoeiramentos
com recurso a processos de humidificação e deve existir sempre um controlo apertado
sobre todo o sistema de modo a identificar e resolver qualquer situação anómala.

A explosão vai criar uma nuvem de poeira que se misturam com os gases de
combustão da explosão. Para que os mineiros possam retomar o trabalho no túnel, o ar
nocivo deve ser removido do túnel. Com recurso a condutas de ar, que pode ser tubaria
flexível ou metálica, que são fixados ao teto do túnel e sopram ar fresco na superfície
de trabalho (figura 16). Isto dá origem a um excesso de pressão localizado e o ar nocivo
é empurrado para a saída do túnel.

Figura 16 - Tubaria flexível de adução de ar.

Saneamento

O saneamento corresponde à remoção de possíveis pedaços de rochas solta


que não foram completamente libertados do maciço quando ocorreu a detonação. Este
processo é muito importante no que diz respeito à segurança, uma vez que podem
ocorrer desabamentos. Hoje é em dia é possível recorrer a sistemas de controlo remoto
para se efetuar o saneamento, tornando assim este processo mais seguro, permitindo
que os operacionais trabalhem à distância sem correrem qualquer tipo de risco. Sendo
utilizado um equipamento do género scaler com o propósito de retirar os blocos instáveis
que não se libertaram do maciço aquando do desmonte da rocha, os blocos que não foi
possível remover antes da limpeza da frente e também os blocos que ficaram instáveis
devido à operação da pá mineira.

A hierarquia do saneamento de uma frente deve começar pelo teto, de seguida


os hasteais e finalmente o próprio topo, face da galeria. O saneamento é muito
importante não só para a segurança das pessoas e dos equipamentos, mas também
para permitir uma correta realização das subsequentes operações de sustimento,
furação e carregamento da frente.

Remoção

A remoção da rocha, a qual se encontra fragmentada, é realizada com recurso a


equipamentos como a pá mineira, LHD (Load-Haul-Dump, LHD) (figura 17), extraindo o
material que resulta da detonação para um ponto de descarga, onde é armazenado
temporariamente, ou então é carregado diretamente em dumpers e transportado para o
exterior da galeria.

Figura 17 - LHD
Sustimento

De modo a realizar um sustimento eficaz recorre-se a sistemas de classificação


geomecânicos para caracterizar a qualidade do maciço rochoso, o sistema Q, proposto
por Barton em 1974, faz recomendações específicas segundo o método de sustimento
a adotar consoante o índice de qualidade do maciço rochoso, como se pode verificar na
figura 18.

Figura 18 - Classificação geomecânica de maciços rochosos (Palmstrom e Broch, 2006)

De um modo geral, quando é necessário aplicar sustimento este consiste na


colação de parafusos e também aplicação de betão projetado. Os parafusos reforçam a
estrutura interna da abertura criada, sendo definidos como elementos de reforço
primário. Como se pode verificar na figura 19 um exemplo de parafusos de heli-aço com
ancoragem de resina (Bawden, 2011). Por outro lado, o betão projetado consiste numa
mistura de cimento, agregados finos e grossos, geralmente areia e brita, existindo
sempre um ligante hidráulico, a água e caso seja necessário pode ter na sua
composição fibras de aço para reforço (Bawden, 2011).
Figura 19 - Parafuso Heli-aço (Hoek, 1987)

7. Componente Ambiental

Os principais impactos estruturais visualizados em Maceió são: o aumento da


frequência de abalos sísmicos (desde fevereiro de 2018) e de entulhos (resíduos de
construção, domésticos e vegetais); infiltrações; afundamentos; surgimento de crateras
e rachaduras em prédios comerciais (figura 20), apartamentos e residências populares,
dentre outros, agravando a atual situação encontrada na parte alta da cidade.
Figura 20 – Consequências dos assentamentos nas ruas e casas dos Bairros próximos à mina

No Pinheiro, em especial, é possível encontrar uma grande quantidade de


moradias a disposição para aluguel e venda (Figuras 21 a 24) em decorrência da
necessidade de realojamento das populações, aumentando exponencialmente o
sentimento de insegurança e o abandono maciço das moradias. Além disso, pode-se
constatar casos de furto e arrombamento em alguns apartamentos da região. Estes
aspectos são os principais responsáveis pela diminuição do fluxo cotidiano na
localidade, que passa por um processo constante de êxodo. Em alguns casos, o
deslocamento compulsório, em que ocorre a perda da moradia e de referências
culturais, simbólicas e sociais, é resultante de um processo de reprodução do capital
imposto por empresas em troca de flexibilização de normas do Estado, designado como
chantagem locacional (WANDERLEY, 2009).
Figura 21 – Imóveis para aluguel e venda no bairro do Pinheiro em Maceió/AL

Figura 22 – Casas abandonadas em Maceió


Figura 23 - Casas abandonadas em Maceió

Figura 24 - Casas abandonadas em Maceió

Coletas de amostras de água feitas bimensalmente apontaram que a lagoa está


poluída por esgotos, agrotóxicos e outras substâncias contaminantes. Foram
encontrados metais pesados em alguns níveis altos, três grandes fontes de esgoto do
município de Maceió, que trazem muitos contaminantes, solventes, BTEX, entre outros
compostos, que eutrofizam o ambiente e trazem doenças, bactérias e verminoses.
Compostos que são cancerígenos que vêm via esgoto. Além de esgotos de Maceió e
da região metropolitana que chegam à lagoa sem tratamento, agrotóxicos também
contaminam a água. Agrotóxicos que vêm via Rio Mundaú com os processos erosivos
nas áreas marginais, com desflorestação dessas áreas e com lançamento de
agrotóxicos nesses terrenos, trazidos pelo rio Mundaú, acabam vindo parar na lagoa.
Então esses são os maiores problemas da lagoa atualmente.

Por causa do impacto ambiental causado pelo afundamento do solo na área


onde era feita a mineração, o Instituto do Meio Ambiente (IMA) multou a Braskem em
mais de R$ 72 milhões. O trecho em um raio de 1 km na lagoa Mundaú foi
interditado para navegação logo após a divulgação do alerta de colapso, feita no dia 29
de novembro. Segundo a Superintendência Federal de Pesca e Aquicultura de Alagoas,
não há prazo para o fim da proibição. Isso afetou a economia na região e a vida de
aproximadamente 6 mil pescadores e marisqueiros que sobrevivem diretamente da
pesca na lagoa e da extração de sururu, um molusco bastante consumido na
gastronomia local.

A interdição no mar também afetou quem trabalha com passeios turísticos na


lagoa. Donos de catamarã alegam que os passeios têm reunido cada vez menos gente
e os barcos, que antes navegavam cheios, agora não atingem sequer 50% de sua
capacidade.

Além deles, os artesãos do Pontal da Barra, bairro que fica na outra margem do
ponto onde está localizada a mina da Braskem, lamentam a queda no movimento desde
o alerta. Embora o local não esteja incluído na área de risco, os comerciantes sentem o
reflexo do problema.

A mineração e extração de sal-gema se iniciou na região da Lagoa Mundaú, área


urbana de Maceió, em 1976, por meio da empresa Salgema Indústrias Químicas S/A.
Em 1996 a empresa passou a se chamar Trikem, com a mudança da controladora, e,
finalmente, em 2002, com a fusão da Trikem com outras empresas do setor, surgiu a
Braskem. De 1976 até 2019, ou seja, durante um período de mais de 40 anos, a atual
Braskem explorou com autorização e “fiscalização” do Poder Público, em especial dos
órgãos ambientais do Estado do Alagoas, do Ibama e da Agência Nacional de
Mineração (ANM), um total de 35 minas de sal-gema, as quais tornaram a empresa a
maior produtora de PVC do continente americano.
No entanto, em 3 de março de 2018, após fortes chuvas, um tremor de terra de
2,5 pontos na escala Richter, até então sem precedentes na região, fez com que fendas
se abrissem nas ruas e rachaduras fossem identificadas em casas do bairro Pinheiro.
Um ano depois, o fenômeno foi registrado nos bairros Mutange, Bebedouro e Bom
Parto, todos bairros vizinhos.

Em 8 de maio de 2019, mais de um ano depois dos primeiros tremores, após


estudos que envolveram a participação de mais de 50 especialistas, o Serviço Geológico
do Brasil (CPRM) concluiu que a principal causa para o surgimento das fendas e
rachaduras era a atividade da Braskem na exploração de sal-gema. Em razão da
extração realizada de forma inadequada, a integridade das cavernas subterrâneas ficou
comprometida, desestabilizando suas estruturas, que foram sofrendo deformações nas
rochas e causando o deslocamento da superfície, ou seja, o afundamento do solo. Nas
áreas mais críticas, em 2018, o solo chegou a afundar de 1,5 a 2 metros.

As conclusões do estudo do CPRM levaram a duas consequências maiores: o


encerramento de qualquer operação das minas pela Braskem, que passaram a ser
desativadas em um plano de contingências, e a evacuação forçada de mais de 60 mil
pessoas dos seus lares. Mais de 14 mil imóveis foram abandonados, transformando os
bairros Bebedouro, Bom Parto, Pinheiro, Mutange e Farol em verdadeiras cidades
fantasmas.

A evacuação dos bairros trouxe diversas consequências, como o fechamento de


empresas e comércios locais, o desemprego, o aumento do valor dos aluguéis nos
imóveis dos locais “seguros” de Maceió, que mais do que duplicou, além do caso do
isolamento social do bairro do Flexal. O Flexal é vizinho dos bairros afetados
diretamente e, em tese, não corre perigo de afundamento, mas o isolamento das demais
regiões impactou fortemente os pequenos comerciantes. Psicologicamente, ainda
houve a ruptura das relações sociais, e no que se refere às crianças e adolescentes, o
fechamento e abandono de escolas nas áreas de risco afetou substancialmente a
educação.

Desde 2018, Ministério Público Federal, órgãos municipais, estaduais e federais,


em especial Defesa Civil e órgãos ambientais, acompanham o caso. A empresa enfrenta
no Judiciário diversas ações ajuizadas pelo MPF, Defensoria Pública, entre outros
órgãos, além de ações individuais apresentadas por moradores buscando
ressarcimento pelos prejuízos.
Até o momento a Braskem afirma já ter gastado R$ 9,2 bilhões em
compensações financeiras ao poder público e moradores, tendo provisionado um total
de R$ 14,4 bilhões para ações relativas ao caso. Braskem, MPF e órgãos do poder
público já assinaram alguns acordos relativos à destinação de recursos, mas até o
momento a Braskem não assumiu oficialmente a culpa e a responsabilidade pelos fatos
ocorridos, se resguardando ao direito de ser ressarcida na hipótese de vir a ser
considerada inocente.

A revolta da população e as críticas à Braskem são de toda ordem: falta de


indenização para as famílias que ainda não foram realocadas, pedido de indenização
mais justas para moradores que receberam valores abaixo do valor de mercado para os
imóveis evacuados e, ainda, indenização para moradores que foram removidos no
episódio de 2023, e que não sabem se perderão ou não suas casas. Quanto aos
moradores indenizados, estes se dizem insatisfeitos. Alguns relatos referem que
algumas pessoas foram individualmente indenizadas em R$ 25 mil e outros que
receberam apenas R$ 81 mil para todo núcleo familiar.

Os alertas e a situação de emergência decretada agora, no final de 2023, são


decorrentes de uma situação de intensificação do afundamento do solo e da
possibilidade de colapso iminente de uma das minas. Especialistas ainda alertam acerca
de uma possível reação em cadeia, com o colapso de uma mina impactando em minas
próximas. A tragédia de Maceió parece não ver uma luz no fim do túnel.

Desde 2020 a Braskem já sofreu mais de 20 autuações ambientais englobando


diversas infrações, tais como dano ambiental, omissão de informações,
descumprimento de licenças ambientais, entre outras. A responsabilidade da empresa,
no entanto, abrange as três esferas de responsabilização, a administrativa, em
decorrência das infrações cometidas, a cível em razão dos danos ambientais e dos
danos materiais e morais à população, e a criminal, em decorrência dos crimes
ambientais perpetrados.

Estudiosos afirmam que dentre as principais falhas técnicas cometidas pela


Braskem está a instalação da mineração em área sem estudo geológico aprofundado
sobre a ocorrência de falhas geológicas, a inexistência do Estudo de Impacto Ambiental
(EIA), jamais apresentado, bem como o diâmetro excessivo da exploração das minas,
que teriam um tamanho técnico seguro de 60 metros, no máximo, e no caso de Maceió
chegam a ter 140 metros. Também não foi respeitado o distanciamento mínimo entre o
centro de uma mina e outra, que deve ser de no mínimo 140 metros, o que traz a
preocupação referente ao colapso em cadeia das demais minas. Soma-se a isso a
omissão dos órgãos públicos na concessão das licenças e autorizações para a operação
das minas, bem como para a fiscalização da atividade, e a receita para a tragédia está
pronta.

8. Conclusão

O caso Braskem em Maceió tão somente demonstra e reforça a importância e a


imprescindibilidade do licenciamento ambiental e dos estudos ambientais levados à
sério e realizados com excelência técnica. O licenciamento ambiental de atividades
potencialmente poluidoras é um dos instrumentos de gestão ambiental estabelecidos
pela Política Nacional de Meio Ambiente. O licenciamento avalia os impactos ambientais
e prevê um sistema tríplice para obtenção das licenças prévia, de instalação e de
operação que, se tivesse sido devidamente utilizado, poderia ter evitado o pior.

No âmbito da licença prévia, são exigidos todos os estudos ambientais capazes


de atestar a viabilidade ambiental do empreendimento ainda em fase de planejamento.
Esta fase é essencial, pois os estudos, que são entregues antes mesmo de qualquer
intervenção, devem ser realizados por equipe técnica multidisciplinar e subsidiarão o
estabelecimento de medidas de controle da poluição e da degradação ambiental.
Cumprida a contento tal fase, no caso da Braskem, os estudos eventualmente poderiam
indicar a inviabilidade de tal atividade em meio à área urbana. Já na licença de operação
são previstas condicionantes e restrições para a atividade, que devem obrigatoriamente
ser obedecidas pelo empreendedor. No caso, poderiam ter sido previstas, por exemplo,
a limitação no diâmetro das minas, dentre outras condições para a exploração. Na
vigência das licenças ambientais, a fiscalização do devido cumprimento das obrigações
assumidas pela empresa é de obrigação dos órgãos públicos, em especial do órgão
ambiental competente que expediu a licença.

A causa da tragédia não se deu apenas pelos danos e crimes ambientais


cometidos pela Braskem, mas também pela omissão dos órgãos públicos que
autorizaram a mineração da forma como foi realizada durante mais de 40 anos e
concorreram com a conduta danosa da empresa ao se omitir do dever de fiscalizar
adequadamente a atividade da empresa. É indiscutível que a tragédia de Maceió
poderia ter sido evitada pelo uso adequado de instrumentos fundamentais do Direito
Ambiental pelos órgãos competentes, o licenciamento e a fiscalização ambientais.
9. Bibliografia

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https://www.braskem.com.br/esclarecimento-alagoas Acesso em: 30 abr. 2019

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2011, 60 f. Monografia (Especialização) – Escola Politécnica, Universidade Federal da
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