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Universidade Estadual de Feira de Santana

Programa de Pós-Graduação em Computação Aplicada

ELLEN LIMA DE LIMA

Módulo de sensores para


monitoramento da qualidade da água
com transmissão sem fio utilizando
plataforma de prototipagem

Feira de Santana
2018
ELLEN LIMA DE LIMA

Módulo de sensores para monitoramento da qualidade da água com


transmissão sem fio utilizando plataforma de prototipagem

Dissertação apresentada à Universidade


Estadual de Feira de Santana como requisito
de avaliação para a obtenção do título de
mestre em Computação Aplicada

Orientador: Germano Pinto Guedes

Feira de Santana
2018
Está página deverá ser substituída por uma folha contendo as assinaturas dos
membros da banca, e deve ser posta após a ficha catalográfica.
ABSTRACT

The quality of water used in everyday activities in any environment is important


information and therefore needs to be monitored frequently to ensure all users. For
this, it is proposed to use sensors module to monitor some variables and send the
data over the Internet, with IoT (Internet of Things) technology. The practice of
checking water quality is constant, in cities where they have sensor networks
connected for various monitoring, but not all users have access to this information.
This project proposes a module of sensors with data availability through the Internet,
through the use of the Arduino prototype platform and its accessories. The idea of
the module could be worked with other types of sensors and other communication
modules, and is able to be adapted for local reality. The proposal is to test at State
University of Feira de Santana, monitoring some water variables, and it should be
extended to other fields of applications such as river, lagoon, reuse or rainwater
monitoring.

Keywords: Arduino. Internet of things. Sensor module. Water quality.


RESUMO

A qualidade da água utilizada nas atividades diárias em qualquer ambiente é uma


informação de grande importância e necessita, portanto, ser monitorada com
frequência para assegurar a todos os usuários. Para isso, propõe-se o uso de
módulo sensores para monitorar algumas variáveis e enviar esses dados pela
Internet, com a tecnologia da IoT (Internet das coisas). A prática da verificação da
qualidade da água é constante, nas cidades onde possuem redes de sensores
conectados para diversos monitoramentos, mas nem todos os usuários têm acesso
a essas informações. Esse projeto propõe um módulo de sensores com
disponibilização dos dados pela Internet, através do uso da plataforma de
prototipagem Arduino e seus acessórios. A ideia do módulo pode ser trabalhada com
outros tipos de sensores e outros tipos de comunicação, podendo ser adaptada para
a realidade local. A proposta é testá-lo na Universidade Estadual de Feira de
Santana, monitorando algumas variáveis da água dessa Instituição, podendo ser
ampliado para outros campos de aplicações como monitoramento de água de rios,
lagoas, de reuso ou de chuva.

Palavras-chave: Arduino. Internet das coisas. Módulo de sensores. Qualidade da


água.
PREFÁCIO

Esta dissertação de mestrado foi submetida a Universidade Estadual de Feira de


Santana (UEFS) como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em
Computação Aplicada.
A dissertação foi desenvolvida dentro do Programa de Pós-Graduação em
Computação Aplicada (PGCA) tendo como orientador o Dr. Germano Pinto
Guedes.
AGRADECIMENTOS

Agradeço aos profissionais do PGCA, que dedicaram parte do seu tempo a esse
importante projeto em nossa cidade, aos meus familiares pela paciência neste
período de dedicação ao mestrado, aos amigos, aos colegas do laboratório Labensol
que muito me ajudaram, ao meu orientador que soube me guiar com sua
experiência, ideias inovadoras e paciência nesta caminhada e por último, mas não
menos importante, a Deus, o Senhor da minha vida.
SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................ 1


1.1 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES ........................................................ 8
1.2 OBJETIVOS ....................................................................................... 9
1.3 CONTRIBUIÇÕES .............................................................................. 10
1.4 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO .......................................................... 11
CAPÍTULO 2 TRABALHOS RELACIONADOS .................................................. 12
CAPÍTULO 3 METODOLOGIA ........................................................................... 20
3.1 PLATAFORMA DE PROTOTIPAGEM: ARDUINO ..................................... 24
3.2 PROGRAMAÇÃO .............................................................................. 25
3.3 COMUNICAÇÃO ................................................................................ 30
3.3.1 GSM .............................................................................................. 31
3.3.2 ETHERNET ...................................................................................... 32
3.3.3 WIFI ............................................................................................... 33
3.4 BANCO DE DADOS E SITE ................................................................. 35
3.5 SENSORES ...................................................................................... 37
3.6 SHIELD TENTACLE ........................................................................... 38
3.7 AQUISIÇÃO DE DADOS DOS SENSORES .............................................. 39
3.8 CALIBRAÇÃO................................................................................... 41
CAPÍTULO 4 RESULTADOS ............................................................................. 45
4.1 MÓDULO DE SENSORES .................................................................... 45
4.2 DADOS INICIAIS ............................................................................... 50
4.3 RESULTADOS EXPERIMENTAIS .......................................................... 52
CAPÍTULO 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................... 60
5.1 PERSPECTIVAS DE APLICAÇÕES ....................................................... 62
5.2 PESQUISAS FUTURAS ...................................................................... 62
REFERÊNCIAS ............................................................................ 65
APÊNDICE A PROGRAMAÇÃO ................................................. 69
APÊNDICE B LAYOUT DE MONTAGEM ................................... 77
APÊNDICE C COMANDO ........................................................... 78
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Distribuição da água na Terra.................................................................. 4


Quadro 2 – Valores limites em vigência para água potável dos parâmetros desta
pesquisa ................................................................................................................... 21
Quadro 3 – Custo em dólar do módulo de sensores ................................................ 22
Quadro 4 – Comparativo entre Arduino Uno e Mega ............................................... 24
Quadro 5 – Pinagem cartão SD para conexão com o Arduino ................................. 26
Quadro 6 – Pinagem do módulo Ethernet (HR911105A) para conexão com Arduino
................................................................................................................................. 33
Quadro 7 – Pinagem do módulo WiFi (ESP8266) para acoplamento ao Arduino .... 34
Quadro 8 – Pinagem da placa Tentacle com 4 canais para Comunicação UART .... 39
Quadro 9 – Valores medidos dos parâmetros de qualidade da água após perfuração
dos poços da UEFS .................................................................................................. 51
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Ilustração de Aplicações de IoT................................................................. 2


Figura 2 – Saída do poço subterrâneo próximo a Casa do índio na UEFS ................ 5
Figura 3 – Etapas da metodologia para as atividades experimentais ....................... 20
Figura 4 – Esquema elétrico da Fonte de Alimentação para pHmetro de bancada.. 22
Figura 5 – Diagrama de Blocos que representa o módulo de integração de sensores
................................................................................................................................. 23
Figura 6 – Foto dos Arduino Mega e UNO (genérico / original) ................................ 25
Figura 7 – Clock RTC ............................................................................................... 26
Figura 8 – Placa de comunicação GSM ................................................................... 32
Figura 9 – Foto do módulo Ethernet (HR911105A) .................................................. 33
Figura 10 – Foto da Placa de Comunicação Yun ..................................................... 35
Figura 11 – Imagem do Kit de sensores e soluções padrão da AtlasScientific......... 38
Figura 12 – Figura do Módulo de isolação Tentacle com transmissores EZO para
sensores da AtlasScientific ....................................................................................... 39
Figura 13 – Montagem experimental para medição das variáveis de qualidade da
água no Labensol (DFIS/UEFS) ............................................................................... 41
Figura 14 – Procedimento de Calibração do sensor de pH da AtlasScientific .......... 43
Figura 15 – Range e indicação dos pontos de Calibração das soluções padrão de pH
................................................................................................................................. 44
Figura 16 – Fluxograma da programação................................................................. 47
Figura 17 – Site para publicação dos dados medidos .............................................. 48
Figura 18 – Planilha Google com dados das variáveis medidas de qualidade da água
................................................................................................................................. 49
Figura 19 – Arquivo das pastas de backup do Pen Drive com os dados medidos ... 50
Figura 20 – Layout de Montagem do Arduino com módulo de sensores no Labensol
................................................................................................................................. 77
LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Dados de valores de Temperatura (°C) medidos no Labofis UEFS durante


um dia ....................................................................................................................... 53
Gráfico 2 - Dados de valores de Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis
UEFS durante um dia ............................................................................................... 54
Gráfico 3 - Dados de valores de Potencial de Redução - ORP (mV) – medidos no
Labofis UEFS durante um dia................................................................................... 54
Gráfico 4 - Dados de valores de Oxigênio Dissolvido - OD (mg/L) medidos no Labofis
UEFS durante um dia ............................................................................................... 55
Gráfico 5 - Dados de valores de Temperatura (°C) medidos no Labofis UEFS ao
longo de uma semana .............................................................................................. 56
Gráfico 6 - Dados de valores de Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis
UEFS ao longo de uma semana ............................................................................... 56
Gráfico 7 – Detalhe em menor escala no eixo vertical da região de valores de
Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis UEFS ao longo de uma semana
................................................................................................................................. 57
Gráfico 8 - Dados de valores de Potencial de Redução - ORP (mV) – medidos no
Labofis UEFS ao longo de uma semana .................................................................. 57
Gráfico 9 – Dados de valores de Oxigênio Dissolvido - OD (mg/L) – medidos no
Labofis UEFS ao longo de uma semana .................................................................. 58
Gráfico 10 – Detalhe em menor escala no eixo vertical da região dos valores de
Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis UEFS ao longo de uma semana
................................................................................................................................. 58
LISTA DE ABREVIAÇÕES

Abreviação Descrição
2G/3G/4G Segunda, Terceira ou Quarta Geração
AESBE Associação Brasileira das Empresas Estaduais de Saneamento
AT Attention command
CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
CR Carriage Return
DDP Diferença de Potencial
DoT Database of Things
E.Coli Escherichia coli
E+H Endress+Hauser
GND Ground
GPRS General Packet Radio Services
GSM Global System for Mobile Communications
I2C Inter-Integrated Circuit
IDE Integrated Development Enviroment
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
IoT Internet of Things
IP Internet Protocol
IQA Índice de Qualidade da Água
LED Light Emitting Diode
Mux Multiplexador
OD Dissolved Oxygen
ORP Oxidation Reduction Potential
MAC Media Access Control
MySQL Structured Query Language
PERH Plano Estadual de Recursos Hídricos
pH Potencial Hidrogeniônico
PHP Personal Home Page
PWM Pulse-Width Modulation
RFID Radio-Frequency Identification
RTC Real Time Clock
RX Receptor
SCL Serial Clock
SD Secure Digital
SDA Serial Data
SMS Serviço de Mensagens Curtas
SPI Serial Peripheral Interface
TX Transmissor
UART Universal Asynchronous Receiver-Transmitter
UEFS Universidade Estadual de Feira de Santana
VCC Volts corrente contínua
WSN Wireless Sensor Networks
WiFi Wireless Fidelity
1

Capítulo 1

INTRODUÇÃO

A conexão dos equipamentos à Internet é comum atualmente, veio de forma


intuitiva e tem crescido pela comodidade e acesso à informação. As grandes
empresas já possuem uma divisão dedicada à pesquisa e desenvolvimento de
“coisas” conectadas. O conforto e nível de controle dos equipamentos que este
advento traz tem sido muito bem recebido por toda a população, além de que os
governantes tem visto essa tecnologia como uma aliada para colaborar com a
administração pública.
O conceito de Internet das Coisas (IoT) foi dado em 1999 por Kevin Ashton
que “para chamar a atenção dos executivos, ele colocou no título da apresentação a
expressão Internet of Things” (MANCINI, 2017, p.2). O número de sensores que
podem ser conectados à Internet cresce diariamente, trazendo esse benefício à
população que está cada dia mais conectada à rede, como mostrado na Figura 1 a
gama de aplicações de IoT.
A IoT converte as cidades em cidades inteligentes, utilizando essas
ferramentas para melhorar o acompanhamento e controle de muitos elementos:
monitoramento ambiental, auxílio ao gerenciamento de resíduos sólidos urbanos,
gerenciamento da energia utilizada, iluminação pública, entre outros. A qualidade ou
poluição do ar pode ser monitorada e acompanhada pela Internet, assim como a
qualidade da água, temperatura, umidade, aumentando o controle e reduzindo
despesas com coleta de lixo e energia, gerenciando os recursos ambientais,
otimizando os transportes, monitorando a segurança pública, melhorando a saúde
da população e consequentemente a satisfação e qualidade de vida.
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 2

Figura 1 – Ilustração de Aplicações de IoT

Fonte: MANCINI, 2017.


Esta pesquisa propõe um protótipo a ser utilizado para monitoramento
ambiental, através de sensores de potencial hidrogeniônico (pH), temperatura,
condutividade, oxigênio dissolvido (OD), e potencial de redução (ORP), conectados
como uma ferramenta da IoT e em benefício das pessoas que utilizam a água,
disponibilizando as informações remotamente e online.
Segundo o conceito da IoT existem três características importantes:
1. Coleta de dados frequentemente e em qualquer lugar;
2. transmissão confiável através de redes de comunicação;
3. processamento inteligente de dados na nuvem e tratamento dessas
informações.
A rede de sensores conectados traz uma nova plataforma de medição para o
mundo, podendo ser aplicada na área militar, na Indústria, agricultura, cidades
inteligentes, biomedicina, etc. Essa rede consiste em grande número de nós de
sensores que se comunicam. Esses sensores distribuídos ao longo da área
monitorada, seja ela uma cidade, floresta, rio, empresa, casa, entre outros, geram e
enviam grande volume de dados e estes precisam ser trabalhados de alguma forma,
se não, o sistema é vão. Essa é a ideia do Big Data: conseguir identificar as
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 3

informações relevantes no meio de centenas, milhares, milhões de informações.


Desta forma, não basta criar essas informações através do monitoramento dos
sensores e envio para a rede, é necessário tratá-las.
A Internet ubíqua traz essa automação para as coisas, estando conectadas, o
nível de automação do sistema poderá fazer com que ele também tome decisões,
execute a ação, a depender do valor da variável monitorada, automatizando todo o
sistema, sem que a computação seja “percebida” por traz daquilo.
Essa disponibilidade de informação traz segurança, por exemplo, sabendo
que os níveis das variáveis da qualidade da água estão estáveis, a segurança para
usar essa água será maior, ao fornecer o horário que o transporte estará disponível,
o tempo gasto no ponto esperando o ônibus será menor, assim como a indicação
das vias engarrafadas e o melhor trajeto em menor tempo. O monitoramento da
energia ou da água pode trazer uma economia ou pode indicar onde o serviço está
sendo desperdiçado. A rede de sensores pode mapear, monitorar e sugerir a
provável causa de um desastre ambiental, prevendo os acontecimentos e indicando
os prováveis responsáveis, como uma empresa que lança nos rios poluição
indevida. Além de tudo isso, possibilita economia de tempo, transferindo-o para
outras atividades.
O conceito de qualidade é muito popular, utilizado, geralmente, para definir o
nível de excelência de determinado produto ou serviço, podendo ser maior ou menor
a depender da percepção pessoal. Qualidade pode ser entendida também como a
essência, propriedade, atributo ou condição de algo ou alguém, desta forma torna-se
um conceito subjetivo e multidimensional. Para transformar essa definição em
objetiva, independente da opinião, mensura-se a qualidade de forma quantitativa ou
qualitativa através de fixações de padrões.
Com o intuito de checar as variáveis da qualidade da água que é utilizada
pela pessoas que frequentam a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS),
este estudo sugere um meio facilitador para desempenhar tal função, a partir de
determinados parâmetros, com a utilização de um módulo de sensores baseado em
plataforma de prototipagem de prática implementação.
A verificação da qualidade da água é muito importante atualmente e,
combinada com a utilização de sensores conectados à rede, faz com que essa
averiguação seja simplificada e facilitada, uma vez que a água é um dos elementos
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 4

essenciais para a manutenção da vida na Terra. Entretanto, apesar de conhecer a


sua enorme importância, a poluição dos mananciais é contínua, em decorrência de
atividades praticadas por empresas, cidades ou pessoas que exploram as águas e
despejam resíduos diretamente nos lagos, rios, praias e, até mesmo no solo
poluindo o aquífero. Segundo a Associação Brasileira das Empresas Estaduais de
Saneamento (AESBE, 2016), a água contaminada pode ser um vetor de doenças
como Febre Tifóide, Cólera, Hepatite A e Amebíase dentre outras.
O Quadro 1 indica a porcentagem e o volume de como está distribuída a água
na Terra. Percebe-se através dele, que a água doce e de fácil acesso é apenas uma
pequena parcela do volume total da água no planeta, como no Rio Amazonas, que
possui grande reserva de água doce e, no lago Baikal na Rússia – maior lago de
água doce na Ásia. É possível perceber através desses dados a importância de
manter a água livre de poluição.
Quadro 1 – Distribuição da água na Terra
Locação Volume, 1012 m3 % do Total
a. Lagos de água doce 125 0,009
Águas Terrestres

b. Lagos salinos e mares interiores 104 0,008


c. Rios 1,25 0,0001
d. Umidade do solo 67 0,005
e. Água subterrânea 8.350 0,61
f. Geleiras e Glaciares de altitude 29.200 2,14
Águas Terrestres - Total 37.800 2,8
Atmosfera 13 0,001
Oceanos 1.320.000 97,3
Fonte: adaptado de TOOD, D. K. apud RICHTER, 2009, p.65

A qualidade da água pode ser definida ou avaliada a partir de parâmetros


físicos, químicos e biológicos. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA),
responsável pela política nacional do meio ambiente, definiu na Resolução nº 357/05
os quesitos para considerar a água limpa (sem tratamento), assim como o Ministério
da Saúde publicou na Portaria nº 2.914 em 2011 os “procedimentos de controle e de
vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de
potabilidade” (BRASIL, 2011, p.1).
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 5

A Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) utiliza água de poços


(fonte subterrânea) para abastecimento e uso pela comunidade acadêmica, antes de
ser distribuída passa por tratamento de desinfecção. Os poços da UEFS foram
perfurados na década de 80 e dependendo da sua localização, estão muito expostos
à contaminação, como o poço perfurado próximo à quadra e à piscina, em virtude de
contaminação do manancial, foi desativado. Estão sendo explorados mais 2 (dois)
poços, que hoje abastecem a comunidade acadêmica, o primeiro poço está situado
próximo a Residência Universitária (Casa do Índio) e o segundo próximo ao Projeto
Pau Brasil.
Figura 2 – Saída do poço subterrâneo próximo a Casa do índio na UEFS

Fonte: Autoria própria, 2017.


A averiguação da qualidade da água da UEFS é feita de forma manual,
exigindo a presença de um agente para realizar a coleta periódica de amostras.
Ademais, a análise completa demora alguns dias/meses para ser concluída e os
seus resultados são de difícil acesso ao público em geral. A coleta manual pode
expor o profissional a situações difíceis, como acesso a lugares com animais
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 6

perigosos, ambiente contaminado, além de que é preciso conhecer as técnicas de


coleta de amostras para evitar a contaminação. Ao levar a amostra para o
laboratório algumas características podem ser perdidas, pois a amostra já não
estará no mesmo cenário, até a mudança da temperatura ambiente pode mascarar o
resultado final.
Apesar da fonte de água de poço não receber descarte de esgotos
diretamente, como acontece com os rios e lagos, não significa que ela seja própria
para consumo. Pode haver contaminação por resíduos jogados no solo que
penetram até o aquífero, como acontece com as fossas sanitárias, muito frequente
nos bairros periféricos de Feira de Santana por falta de saneamento, conforme
ratifica Macêdo (2009, p. 14).
Da mesma forma que os poços, a utilização da água da chuva tem crescido
no Brasil, principalmente no semiárido, devido à escassez das chuvas, limitação dos
reservatórios e crescimento populacional das zonas urbanas. O estudo de
viabilidade da utilização da água da chuva envolve também a verificação da
qualidade da água captada, o que geralmente não é feito, como cita Cohim et al
(2008) em seu trabalho.
Por outro lado, as águas pluviais também impactam a qualidade das águas
disponíveis nos poços de captação. Esta hipótese já foi comprovada por Germán
Lobón et al (2015) ao avaliar a qualidade da água em municípios de Goiás,
utilizando “a variável meteorológica e climática da precipitação, com a finalidade de
estabelecer uma relação entre as estações climáticas e a variação dos parâmetros
da água distribuída à população”. (LOBÓN et al, 2015, p. 2).
Outro estudo realizado por Oliveira e Cunha (2014, p. 12,13) com águas
superficiais num trecho do Rio Jari, sul do Amapá, demonstrou o aumento da
contaminação por Ferro e Escherichia coli (E.Coli) nos mananciais por conta do
lançamento de esgoto sanitário in natura, especialmente nas proximidades de um
centro urbano. Assim, o monitoramento contínuo de parâmetros da qualidade da
água pode fornecer alerta de contaminação para potencial prevenção de
calamidades de saúde pública.
Variados autores corroboram com a importância de manter um monitoramento
constante da água: “deve haver um melhor monitoramento do sistema de tratamento
de água. Isso pode ser realizado por meio de análises periódicas e mapeamento de
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 7

pontos alimentados, pois, caso ocorra contaminação em algum dos pontos de


utilização, ficará mais fácil identificar a origem da mesma” (MACÊDO, 2009, p. 52).
“Neste sentido, o monitoramento do meio aquático, como um dos principais métodos
de gestão dos recursos hídricos e de controle da contaminação da água, é cada vez
mais indispensável.” (JIANG et al, 2009, p. 6412).
Existem instrumentos que fazem medidas de parâmetros físicos e químicos e
podem ser instalados no local, ou monitores industriais automáticos que fazem
coleta de amostras e verificação instantânea de diversos parâmetros. A proposta
deste trabalho é averiguar a qualidade da água utilizada pela comunidade da UEFS
e, envio dessas informações de forma remota e em tempo real. É propor medições
que indiquem a qualidade da água para a comunidade, para os pesquisadores
regionais, para os estudantes, de forma a propiciar acompanhamento de
determinados parâmetros.
Através da utilização de um módulo com sensores para medição de diversos
parâmetros (sonda multiparamétrica) e visualização online, por meio do conceito
recente de Internet das Coisas e com a ferramenta Arduino, este projeto presume
provar a viabilidade de um sistema de supervisão para analisar a qualidade da água
em tempo real, ou seja, a hipótese é que este sistema proposto seja mais adequado
pela exequibilidade que o atual e seus métodos manuais, utilizando o aparato similar
ao utilizado em Faustine et al (2014). Não será possível averiguar variáveis
biológicas como coliformes fecais com o módulo proposto, mas outros desvios
poderão ser detectados.
Em comparação com os métodos atuais, o módulo para monitoramento sem
fio possui vantagens, como a possibilidade de acompanhamento online de diversos
parâmetros, arranjos convenientes e a manutenção de uma rede de supervisão.

O monitoramento do meio aquático deve ser contínuo, dinâmico, macro-


escala e veloz; a previsão da qualidade da água deve ser rápida e precisa.
Neste sentido, investigação e desenvolvimento sobre tecnologias dinâmicas
de monitoramento do meio aquático, que satisfaçam as necessidades
devem ser conduzidas com urgência, a fim de obter precisão e abrangência
em relatórios sobre a evolução da situação do meio aquático e, finalmente,
reduzir a contaminação da água. (JIANG et al, 2009, p. 6412).

A verificação da qualidade da água dos cursos de água da Bahia é feito


Capítulo 1 INTRODUÇÃO 8

através do Programa Monitora. O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos –


INEMA (2016) divulga que 134 rios são monitorados num total de 315 pontos de
amostragem. Uma aplicação futura desse trabalho será investigar a qualidade da
água dos rios da Bahia, através de medidas de mais variáveis, comparando os
valores com a regulamentação vigente e propondo o cálculo do IQA (Índice de
Qualidade da Água). Esse índice, mundialmente conhecido, indica de forma
simplificada a qualidade da água, porém para conseguir esse resultado, segundo a
Companhia Ambiental do Estado de São Paulo – CETESB (2015), seria necessário
verificar ao menos nove parâmetros específicos e, por isso, ele não será usado
nesta pesquisa.
Esse módulo com multiparâmetros poderá ter muitas atribuições futuras: ser
usado por comunidades marginais em sistemas lóticos (sistemas de água corrente,
corredeiras, rios, riachos, etc.); para acompanhamento da qualidade da água em
cisternas de água de chuva; verificação da qualidade da água distribuída por
empresas de saneamento; estudos da qualidade da água; monitoramento da
poluição; registro temporal de alguma alteração desses parâmetros propostos e
perícia posterior, entre outras atividades.
Este trabalho propõe uma evolução tecnológica no monitoramento da
qualidade da água, neste caso piloto, nas fontes de água da UEFS, uma vez que a
tecnologia permite esse avanço e seu custo é acessível. A vantagem do
desenvolvimento e da implementação do monitoramento online é nítida, sendo a
água de grande importância para a manutenção da saúde da comunidade que a
utiliza.

1.1 Considerações preliminares

A evolução tecnológica permite o acesso a informações de forma muito mais


rápida e facilitada, as pesquisas cientificas podem ser feitas na Internet, a
computação contribui para aquisição de dados e autonomia de sistemas, a
automação permite ter o controle do processo de forma mais segura e precisa. Essa
tecnologia tem avançado para as residências, trazendo conforto e mais informação,
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 9

aumentando as possibilidades de supervisão e acesso a diversos tipos de dados


para melhor tomada de decisões. A Internet das Coisas e a computação ubíqua têm
saído da ficção científica para fazer parte do dia a dia da população.

Nesse contexto de evolução tecnológica, este projeto propõe o


monitoramento de variáveis que identificam a qualidade da água em tempo real,
informando ao usuário a situação da água, possibilitando maior conhecimento da
qualidade do que está sendo consumido, permitindo a intervenção mais rápida em
caso de problemas com contaminação da água. Através da Internet das Coisas, o
status das variáveis monitoradas poderá ser visto pela Internet, de forma rápida e
intuitiva, e como indica a computação ubíqua, futuramente a dosagem do cloro
poderia ser feita condicionada à qualidade da água medida, evitando-se o excesso
ou a falta de cloro na água, com o auxílio da computação.

Com esse sistema será possível estudar a evolução temporal da qualidade da


água na UEFS, pois a informação estará disponível a pesquisadores de diversas
áreas, verificando inclusive as possíveis correlações entre as variáveis medidas a
fim de identificar parâmetros interelacionados e, com um histórico contínuo de
parâmetros da qualidade da água na UEFS pode-se correlacioná-los com índices
pluviométricos registrados na Estação Meteorológica da mesma.

1.2 Objetivos

A finalidade desta pesquisa é propor um módulo eletrônico de sensores para


monitoramento de algumas variáveis da qualidade da água da Universidade
Estadual de Feira de Santana, de forma simplificada e remota, apontando que este
método é adequado e viável para o caso em estudo.

Os objetivos específicos que norteiam a pesquisa foram listados abaixo:

a) Criar um sistema de monitoramento remoto com sensores, comunicação sem


fio e consequente implementação do banco de dados com acesso aos dados em
tempo real pela nuvem;

b) Realizar análise comparativa dos resultados a serem obtidos na UEFS com


Capítulo 1 INTRODUÇÃO 10

os limites informados na legislação vigente para a qualidade da água potável;

c) Registrar um histórico contínuo de parâmetros da qualidade da água na


UEFS.

1.3 Contribuições

A diversidade de aplicações mostra a importância e relevância deste projeto,


o qual pode ser usado no monitoramento da água utilizada por uma comunidade,
escolas, condomínios, empresas, seja ela fornecida por empresa de saneamento,
por poço, captada do rio, armazenada em cisternas da chuva, etc. O monitoramento
da qualidade da água é de grande importância para o gerenciamento hídrico e,
também, para garantir à população a qualidade no consumo. Pode ser utilizado na
esfera de gerenciamento ambiental para monitoramento da qualidade da água de
rios, lagos e lagoas, verificação da água de poços, entre outros. Não existe outra
maneira de verificar a qualidade da água se não for medindo, contudo,
imediatamente após a coleta manual para verificação da qualidade, pode-se
contaminá-la através de poluentes, desta forma, a amostra coletada já não retrataria
o estado real da água.

A forma de comunicação proposta e a quantidade de sondas utilizadas ao


mesmo tempo, também mostram a importância do desenvolvimento tecnológico,
mesmo em lugares com dificuldades para passar cabos de rede de computador e
energia elétrica. O acompanhamento online das variáveis permite comodidade e
informação em tempo real da verdadeira situação da água consumida e geração de
dados para acesso posterior, permitindo que os pesquisadores tenham dados
disponíveis para trabalhos futuros, podendo vir a ser um modelo a ser utilizado em
diversas aplicações, alterando até o modelo dos sensores ou o tipo de comunicação.

Esta pesquisa contribui com a sugestão de método simplificado para


monitoramento da qualidade da água, de forma contínua, como alerta para mudança
de algum parâmetro observado. Ele pode ser aplicado em regiões distantes dos
centros de monitoramento, lugares com difícil acesso, em condomínios e grandes
empresas que precisam controlar e testar a qualidade da água a ser consumida.
Capítulo 1 INTRODUÇÃO 11

O trabalho com o hardware e software também é outra contribuição, pois


pode ser adaptado a outros sensores para monitoramento remoto, como por
exemplo, medição de nível em caixa d’água, medição de temperatura e umidade
ambiente, entre outros sensores, mostrando a diversidade de possibilidades da
Internet das Coisas.

O estudo das opções de comunicação remota também é uma ajuda para os


pesquisadores que pretendem iniciar um trabalho com plataforma de prototipagem
(Arduino) e com esses módulos de comunicação.

1.4 Organização do Trabalho

Este trabalho foi organizado da seguinte maneira, neste capítulo de


Introdução foram feitas as considerações preliminares, as metas são citadas no
Objetivo e são mostradas também as Contribuições deste Trabalho. No Capítulo 2,
encontra-se a Revisão Bibliográfica e os trabalhos relacionados, seguido do Capítulo
3 com a Metodologia utilizada, onde são listados os equipamentos utilizados,
interação entre eles, montagem do módulo de sensores, o desafio da comunicação
remota e, a criação do banco de dados para acesso remoto, propondo uma inovação
para o modelo de verificação atual, tendo também uma parte específica sobre
calibração.

A viabilidade do sistema de supervisão para analisar a qualidade da água em


tempo real é mostrada através dos Resultados da avaliação experimental do
Capítulo 4, e finalmente, o Capítulo 5 conclui esta pesquisa desafiadora, em que
propõe uma pesquisa de campo e não apenas um modelo teórico para verificação
da qualidade da água. Algumas informações adicionais como código proposto, e
outras informações estão disponíveis nos Apêndices.
12

Capítulo 2

TRABALHOS RELACIONADOS

A verificação da qualidade da água é realizada a partir de estudos de


determinadas variáveis físicas (como cor, temperatura, turbidez), químicas (Oxigênio
Dissolvido – OD, potencial hidrogeniônico – pH, redox, entre outras) e biológicas
(Coliformes, protozoários, bactérias, etc.). A qualidade da água tratada deve ser
verificada frequentemente e o padrão de potabilidade é definido pelo Ministério da
Saúde conforme Portaria 2.914/11.

Podem-se fazer cálculos com ponderação da importância de cada parâmetro


e com a finalidade da verificação da qualidade para cada atividade: consumo,
recreação, agricultura, geração de energia, entre outras, e chegar a um resultado
que identificará se aquela água está apropriada para o uso específico.

A Portaria nº 2.914/11 substitui à nº 518/04 e anteriores, trata do padrão da


qualidade da água potável de abastecimento, e seu controle, independente do tipo
da fonte. Ela define as responsabilidades dos governos, os planos de amostragem, e
os limites de variáveis físicas, químicas e biológicas. O Brasil também define os
requisitos da qualidade da água de corpos de água superficiais na Resolução n° 357
de 2005 do Conselho Nacional do Meio Ambiente, através da fixação de limites para
diversos parâmetros, conforme descreve Araújo et al (2013).

A água de poços subterrâneos, objeto dessa pesquisa, também é passível de


poluição e por isso está sob a vigência da Portaria 2.914/11.

Diversos fatores podem comprometer a qualidade da água subterrânea. O


destino final do esgoto doméstico e industrial em fossas e tanque sépticos,
a disposição inadequada de resíduos sólidos urbanos e industriais, postos
de combustíveis e de lavagem e a modernização da agricultura representam
fontes de contaminação das águas subterrâneas por bactérias e vírus
patogênicos, parasitas, substâncias orgânicas e inorgânicas. (SILVA et al,
2003, p.1020).
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 13

O pH, potencial hidrogeniônico, é uma escala logarítmica que indica a acidez


ou alcalinidade de uma solução aquosa. Ele pode ser medido de diversas formas
como através de papel de tornassol, com o uso de indicadores químicos (métodos
colorimétricos) e através de pHmetros (medidores de pH). Para monitoramento em
tempo real da qualidade da água utilizam-se medidores eletrônicos de pH, composto
por um sensor, o cabo de comunicação e a eletrônica que converte a diferença de
potencial gerada entre o sensor e a solução em unidade de pH.

Segundo Harold Soisson (2002), a alteração de pH, num valor fora dos
limites estabelecidos, demonstra um desequilíbrio, indicando se a amostra está
ácida ou alcalina, mas não mostra diretamente o contaminante. Assim também, a
condutividade é um importante indicador de poluente e passa a ser causa se não for
corrigido a tempo. A CETESB (2009) ratifica essa ideia e confirma a importância da
medição de pH e os valores limites da portaria.

Reações químicas e processos biológicos podem ser favorecidos ou


prejudicados com a alteração do pH, por isso ele é muito importante. A calibração do
sensor de pH é feita a partir de soluções padrão com valores de pH definidos, após
a limpeza do sensor com água destilada, insere-o na solução com valor conhecido e
calibra-se o conjunto de medição.

A medição temperatura é feita através de um sensor de temperatura que


normalmente é de composto por resistência, termistor ou termopar. Segundo
Soisson (2002) os termômetros de resistência utilizam metais com alto grau de
linearidade de resistência na faixa de temperatura para a qual o termômetro é
projetado. Os termistores também são semicondutores, cuja resistência elétrica varia
com a temperatura, já os termopares são mais robustos e suportam até altas
temperaturas. Termopar é formado pela junção de dois metais diferentes que gera
uma diferença de potencial (ddp) por causa da diferença de temperatura. Caso o
sensor de temperatura esteja descalibrado, pode-se fazer a comparação da medição
com um sensor calibrado, através da imersão em um líquido com temperatura
conhecida e utilizar correções para as medições feitas com o sensor inicial.

A temperatura também é importante para correção de outros parâmetros a


serem medidos, segundo Souza (2010) e CETESB (2009) as mudanças na
temperatura podem alterar a qualidade da água acarretando em condições
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 14

ambientais desfavoráveis às necessidades humanas.

Condutividade de uma solução é a capacidade de determinado fluido de


conduzir eletricidade, podendo indicar presença de sólidos dissolvidos. Sua medição
é feita através de um sensor de condutividade, que pode ser com sensor
(amperométrica) ou com toróide (indução eletromagnética), um sensor de
temperatura ajuda a compensar e corrigir os valores de condutividade, pois a
atividade iônica varia com a temperatura.

Segundo a CETESB (2009) o potencial de Oxidação e Redução (ORP)


demonstra deficiência de elétrons (meio redutor) ou transferência de elétrons (meio
oxidante) e a toxidade do ambiente aquático, muitas vezes, associada à
transferência de elétrons entre as espécies químicas, que será medido em milivolts
por um sensor de ORP ligado à sua eletrônica.

Outra medição feita é do oxigênio (O2) dissolvido na água. Conforme a


CETESB (2009) as águas poluídas apresentam baixa concentração deste, que é
imprescindível também para a vida aquática. Sua manutenção é feita por aeração
através de quedas d’águas, turbulência e fotossíntese das plantas aquáticas, porém
esse oxigênio em excesso também é prejudicial para a vida aquática. “A
determinação de oxigênio dissolvido em conjunto com outros parâmetros indica o
nível de qualidade de um corpo d’água, conforme a Resolução 357/05 do CONAMA,
tendo como valor mínimo permitido 5 mg/L”. (SOUZA, 2010, p.30).

Em questão de potabilidade, as pessoas associam a qualidade da água à sua


coloração ou turbidez (embora a presença em excesso de ferro afete a coloração
sem afetar à qualidade). Por exemplo, ela é um dos parâmetros para indicar a
qualidade da água no Rio Doce, após a queda da barragem em Mariana. A turbidez
não será medida, apesar de ser também significante para verificação da qualidade
da água, desta forma, será uma sugestão para aprimoramento futuro do trabalho.

O monitoramento ambiental na Bahia é feito pelo INEMA, órgão executor da


Política Estadual de Recursos Hídricos, através do Programa Monitora, que visa
verificar a qualidade da água nos rios do estado, além das características e usos das
águas, vegetação e observações do entorno de cada ponto de monitoramento. “O
Plano Estadual de Recursos Hídricos – PERH – deverá conter o balanço entre
disponibilidades e demandas futuras dos recursos hídricos em quantidade e
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 15

qualidade, além de metas de melhoria da qualidade dos recursos hídricos


disponíveis” (SOUZA, 2010, p.20).

A avaliação da qualidade deve ser feita de forma adequada, a fim de que as


ações preventivas e corretivas coerentes sejam tomadas. Concordando com essa
ideia de Souza (2010), Soisson (2002) cita que a instrumentação é uma ferramenta
essencial para esse monitoramento, e que deve-se aumentar a quantidade de
medições e fazer de forma contínua.

A medição manual tem alguns inconvenientes, como: demora em apresentar


os resultados, envio do técnico especializado ao local, a amostra ao ser verificada
em laboratório estará em outro ambiente, podendo gerar resultados falsos, entre
outros.

Os inconvenientes mencionados podem ser superados com o advento de


sistemas de monitoramento in situ, on-line e remoto de aquisição de dados.
Sistemas desse tipo são caracterizados pela realização do monitoramento
de parâmetros de qualidade sem a necessidade da presença regular de um
operador. No âmbito da pesquisa, sistemas de monitoramento remotos têm
sido utilizados nos mais diversos campos da ciência, tais como análises
ambientais de solos e águas de rios, rastreamento por imagem de animais
em regiões polares e monitoramento de vulcões ativos utilizando a
tecnologia via satélite para a prevenção de catástrofes. (LIMA et al, 2011,
p.135).

Além da instrumentação, é necessário processar e comandar esse sistema e


o advento computacional auxilia nesse controle. A proposta desta pesquisa é utilizar
o hardware e software livres do Arduino, plataforma de prototipagem que permite
construir sistema com entradas e saídas microcontroladas. “Hoje em dia, podem-se
encontrar diversas bibliotecas com programação em C/C++, basta ter um
conhecimento básico em eletrônica é possível criar sistemas de monitoramento com
boa precisão e com variedade de tecnologia de comunicação, com possível
minimização de custos” (MESAS-CARRASCOSA et al, 2015).

Será feita checagem dos valores medidos com a legislação atual, conforme
feito por Siqueira (2012), que utilizou a Resolução do CONAMA nº 357/05 para
comparação dos dados obtidos em águas não tratadas, e em águas tratadas a
comparação será feita com a Portaria do Ministério da Saúde, conforme Macêdo
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 16

(2009) em seus resultados da pesquisa. Em seu trabalho, Siqueira (2012) cita a


importância do monitoramento da água, criação de banco de dados para registro, a
fim de que as medidas corretivas sejam tomadas para recuperação ambiental, outro
fator importante é a transparência para a comunidade: “entende-se que a adoção de
indicadores perceptivos constitui-se uma maneira de envolver a comunidade no
monitoramento da qualidade ambiental e despertar a motivação para a proteção
ambiental” (CPRH, p.99).

Em pesquisa sobre a qualidade da água em poços de água de Feira de


Santana, “mais de 90% das amostras indicavam água imprópria para consumo
humano” (SILVA et al, 2003, p. 1022), mostrando a importância e necessidade do
monitoramento constante da água a ser consumida na cidade.

Com o avanço computacional observa-se que muitos trabalhos científicos têm


buscado o monitoramento de importantes variáveis, de diversas formas e
tecnologias, além do baixo custo e baixo consumo, avanço dos estudos e
tecnologias de rádio de baixa potência, tudo isso impulsiona o monitoramento de
áreas remotas, segundo Manjarrés (2016),

O monitoramento de água em tempo real vem sendo disseminado em


trabalhos científicos de diversos autores:

Os sistemas de monitoramento de ambiente de água em tempo real típicos


baseados em WSNs (Wireless Sensor Networks) encontrados no exterior
são sistemas como EMNET (por Heliosware, EUA), Fleck (por CSIRO,
Austrália), LakeNet (pela Universidade de NotreDame, EUA) e SmartCoast,
projetado por pesquisadores da Irlanda. China também tem realizado
investigação sobre a tecnologia essencial para sistemas de monitoramento
em tempo real para ambientes de água com base em WSNs. (JIANG et al,
2009, p. 6413).

Outros autores também citam o desenvolvimento de sensores de baixo custo


wireless como Wang et al (2011) em seu artigo, ratificado por Li (2011), eles
mostram sistema de monitoramento com sensores wireless com transmissão de
dados via GPRS (Serviços Gerais de Pacote por Rádio) e transferência de dados
para web. Souza et al (2015) mostra um sistema de medição de pH baseado em
Arduino e sua conclusão foi o funcionamento eficiente do sistema: “O sistema
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 17

elaborado para medição do pH baseado no Arduino demonstrou-se viável,


apresentando-se preciso, além de apresentar baixo custo em comparação ao
pHmetro de bancada comumente encontrado no comércio”. (SOUZA et al, 2015,
p.3).

A importância deste monitoramento é explicitada também em trabalhos


variados como em Usali (2010), conclamando as autoridades para atualização
tecnológica do modo de medição e acompanhamento das águas. “Estes sistemas,
característicos de ampla cobertura de rede, de alta segurança e permanentes on-
line, podem auxiliar as agências de proteção ambiental na provisão monitoramento
contínuo de água com mínima interferência e interação do homem.” (WANG et al,
2011, p.2680).

Ratificando a importância deste tipo de pesquisa Faustine et al (2014,), em


seu texto, fala também sobre a importância da transparência da divulgação os dados
pesquisados, simplicidade de entendimento acesso à informação em tempo real.

“O monitoramento e avaliação da qualidade da água é, portanto, muito crítico


para a gestão sustentável dos recursos hídricos e programas de utilização e tem
atraído cada vez mais uma grande quantidade de investigação e desenvolvimento”
(FAUSTINE et al, 2014, p. 289). Além disso a saúde da população pode ser afetada
se a água estiver contaminada, gerando graves riscos principalmente para as
crianças, portanto, o acompanhamento da qualidade da água, seja ela subterrânea,
dos rios, distribuída por empresas de saneamento é uma questão governamental,
como cita Silva et al (2003).

O advento da Internet trouxe uma revolução tecnológica para o mundo, que


passou a ter ligações e informações anteriormente desconhecidas. Uma nova etapa
dessa evolução que se vive é a Internet das Coisas, mais conhecida como IoT
(Internet of Things). Essa ideia traz a conectividade aos acessórios, sensores,
ferramentas, às coisas, contribuindo para a comodidade e acesso a informações à
distância, além de outras vantagens. Com essa geração de informações, é preciso
guardar essa quantidade enorme de dados disponíveis, o que impulsiona outros
estudos na área da computação como banco de dados, nuvem, inteligência artificial,
computação ubíqua, veículos autônomos, etc.

A IoT também pode ser utilizada para promover melhorias ambientais, pois
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 18

com maior monitoramento, maior conhecimento promovido pelo acesso às


informações, pode-se fazer as correções de forma mais rápida e efetiva, a fim de
diminuir os impactos ambientais. Por exemplo, pode ser utilizado sensor de diversos
tipos e esses dados podem ser enviados para a Internet, facilitando o acesso a
informações e criando um banco de dados que pode ser acessado de forma remota
e em tempo real.

Wong e Kerkez (2016) em seu artigo discutem o avanço recente em


sensoreamento, computação e comunicação que permite implantação de sistemas
de dados em tempo real para aplicações ambientais, com o advento da IoT esses
sistemas podem ser conectados à Internet permitindo um alcance maior desses
experimentos e poderosa ferramenta para tomada de decisões.

Essa tecnologia traz a intuitividade das novas ciências, a fim de melhorar a


interface entre o humano e a máquina e tem sido muito estudada pela comunidade
científica, a qual tem desenvolvido diversos sistemas de monitoramento. O uso do
Arduino e outros processadores facilitam a expansão da IoT, pois ele disponibiliza
bibliotecas com programas padrões e permite uma gama de opções, uma vez que
possui muitos acessórios.

Chandrappa et al (2017) descreve a criação de um instrumento para medir a


qualidade da água conectado à internet utilizando o microcomputador Rapbery Pi,
eles descrevem alguns autores que também sugeriram a criação de instrumentos
conectados, com diversas tecnologias diferentes. Seu sistema pode ser verificado
por computador ou smartphone, pode também enviar mensagens SMS de alerta aos
usuários. Os seus resultados mostram o funcionamento do protótipo e a comparação
dos valores medidos com o resultado da análise em um laboratório. O sistema
proposto por eles possui sensores de temperatura, turbidez e pH, medindo a cada 5
minutos, armazenando os valores em banco de dados. O sistema de alarme notifica
o usuário registrado enviando SMS de texto com os valores se ultrapassar os limites
definidos.

Outros autores, Vijayakumar e Ramya (2015), utilizam sensores de


temperatura, condutividade, turbidez, oxigênio dissolvido e pH, com o controlador
Raspberry PI e um módulo IoT para envio de informações para nuvem por WiFi,
podendo ser utilizado para monitoramento ambiental, de ecossistemas, etc. e pode
Capítulo 2 TRABALHOS RELACIONADOS 19

ser visto em qualquer parte do mundo.

Já Wong e Kerkez (2016) em seu artigo mostra trabalhos com IoT, internet
ubiqua, tecnologias atuais em ambientes, faz comparação dos sites IoT, desafios e
dificuldades, interfaces, avanços recentes em sensoriamento, computação e
comunicações permitiram a rápida implantação de sistemas de dados em tempo real
para aplicações ambientais. Em particular, a maioria dos sensores modernos
interligados aos sistemas agora podem se conectar à Internet, permitindo o uso de
serviços web como um mecanismo de interoperabilidade entre sensores, atuadores,
modelos e sistemas de apoio à decisão.

Desafios de uma rede de sensores para monitoramento da qualidade da


água, processamento de dados, são citados por Dong et al (2016), seu artigo
apresenta os desafios de projetar um sistema de monitoramento da qualidade da
água em tempo real e propõe enfrentar desafios de design. Também discute várias
abordagens pelas quais o componentes do sistema podem alcançar a detecção
autônoma, comunicação eficiente de dados e análise, com sensores autônomos
desempenhando um papel de sistemas de sensores sem fio (WSNs).

As cidades inteligentes podem utilizar essa nova fase da Internet para ter um
gerenciamento contínuo do clima, da qualidade da água, do trânsito, e promover
melhorias ou prevenir catástrofes. Para isso seria necessário ter uma rede de
sensores interligados e que disponibilizassem esses dados de forma remota. A IoT
também pode ser usada de forma a permitir a interação com o usuário e receber
comandos a depender da situação detectada pelo sensor, por exemplo, o sensor de
qualidade da água ao detectar mais, ou menos poluição na água, poderia aumentar
ou diminuir a dosagem de cloro na água ou enviar um alerta à comunidade que a
utiliza.
20

Capítulo 3

METODOLOGIA

A pesquisa indicada é experimental, aplica


aplicada e quantitativa. A metodologia
proposta nesta análise é estudo de campo. Essa pesquisa foi feita através da
medição de parâmetros da qualidade da água e comparação dos resultados dos
d
testes em campo com os limites estabelecidos pela legislação vigente.

Os métodos
todos de análise de água atual tendem a evoluir com novas
ferramentas e tecnologia
tecnologias de transmissão de dados, como proposto pelo modelo
estudado, “com
om o seu uso, as amostras podem ser monitoradas de forma rápida e
sem a necessidade de coleta, transporte e a
armazenamento,
rmazenamento, o que reduz o custo por
análise e os erros na manipulação das amostras.” (LIMA et al,, 2011, p.139).

Entre as etapas de atividades experimentais desta pesquisa estão:


implementação dos instrumentos de coleta de dados, teste dos instrumentos, teste
t
de comunicação, construção do banco de dados, medição, coleta de dados, análise
e interpretação dos dados.

Figura 3 – Etapas
tapas da metodologia para as atividades
vidades experimentais

implementação dos
instrumentos

teste dos instrumentos e


teste de comunicação

construção do banco de
dados

medição, coleta de dados

análise e interpretação
dos resultados
Fonte: Autoria própria, 2018
Capítulo 3 METODOLOGIA 21

Os instrumentos necessários para o levantamento de campo foram adquiridos


em parceria com o Laboratório de Pesquisa em Instrumentação Nuclear e Energia
Solar do Departamento de Física da UEFS (Labensol). O objetivo é utilizar sensores
para medição de variáveis de análise da água e observar especialmente se, pela
Portaria 2.914/11 do Ministério da Saúde (água potável), as variáveis medidas
estarão nas faixas do Quadro 2.

Quadro 2 – Valores limites em vigência para água potável dos parâmetros


desta pesquisa

PARÂMETRO Valor na Portaria 2.914/11 Informação de outras fontes

pH 6 – 9,5 unidades
Menor 30° (valores de
Temperatura
tratamento da água)
50 a 500 µS/cm
Condutividade
(fabricante do sensor)
Turbidez 1 uT (Unidade de Turbidez)
250 mV
ORP
(fabricante do sensor)
Não inferior a 6mg/L O2
OD
(Resolução 357/05 CONAMA)
Fonte: Autoria própria, 2017
Alguns desses sensores foram adquiridos acompanhados de suas soluções
padrão, para calibração dos mesmos durante o uso. O laboratório recebeu um
pHmetro industrial doado pela empresa Endress+Hauser Controle e Automação
Ltda. (E+H) para esse trabalho de pesquisa, que é utilizado na comparação dos
valores medidos em campo, visto que o pH é uma das principais medidas verificadas
em qualquer coleta de análise de qualidade da água, como proposto por Jiang et al
(2009) e por Lima et al (2011).

Para ligar o pHmetro industrial da E+H foi construída uma fonte de


alimentação de tensão contínua 24 Vcc e corrente suficiente para seu
funcionamento (próximo a 1A). Os componentes da fonte montada e suas
especificações foram baseados na Figura 4 abaixo:
Capítulo 3 METODOLOGIA 22

Figura 4 – Esquema elétrico da Fonte de Alimentação para pHmetro de bancada

Fonte: Silva, 2011

Os procedimentos de calibração foram feitos e documentados no final deste


capítulo, de forma a criar uma orientação padronizada.

A plataforma de prototipagem escolhida foi o Arduino por conta da grande


quantidade de bibliotecas e exemplos disponíveis e proximidade da linguagem de
programação com a linguagem C, conforme matérias cursadas. Por conta do
reduzido prazo para o projeto, os sensores não foram desenvolvidos, uma vez que o
foco do trabalho não é a fabricação destes sensores, portanto eles foram adquiridos
da empresa Atlas Scientific (www.atlas-scientific.com). Esses sensores contam com
transmissores/conversores com comunicação Serial, com modo Transmissão e
Recepção Assíncrona Universal (UART) ou Circuito Inter-Integrado (I2C).

O custo do módulo de sensores está destacado abaixo, sem acréscimo de


impostos e do custo de importação, os demais acessórios utilizados durante o
estudo não foram listados.

Quadro 3 – Custo em dólar do módulo de sensores

Item Custo aproximado em dólar US $


Arduino Mega Original 38,50
Kit de sensores 879,00
Shield Tentacle 127,00
Placa de comunicação 25,00
Pen Drive 10,00
Fonte 9V 5,00
Total US $ 1.084,50
Fonte: Autoria própria, 2018
A plataforma de prototipagem envia os dados via placa de comunicação para
Capítulo 3 METODOLOGIA 23

Internet e visualização no computador à distância, armazenando essas informações


em um banco de dados, pois é proposta comunicação sem fio para transmissão de
dados, conforme testado anteriormente por Jiang et al (2009). Segue na Figura 5
diagrama de blocos representando a ligação dos sensores conectados ao módulo
central do Arduino, com comunicação para o servidor Web para visualização no
computador.

Figura 5 – Diagrama de Blocos que representa o módulo de integração de sensores

Fonte: Autoria própria, 2018

Afim de guardar as informações da coleta dos dados, foi necessário criar um


servidor para receber, publicar essas variáveis na Web e promover a interface com o
usuário e, como forma de backup implementou-se a impressão dos dados Pen Drive
(ou Cartão SD).

A medição de condutividade não foi constante nesse primeiro projeto por


conta do módulo receptor os dados dos sensores (tentáculo) ter apenas 4 entradas.
O desenvolvimento do projeto poderá implementar o quinto sensor através de uma
das entradas Seriais adicionais do Arduino Mega.
Capítulo 3 METODOLOGIA 24

3.1 Plataforma de Prototipagem: Arduino

A plataforma de prototipagem utilizada, que possui o microprocessador, é o


equipamento essencial deste projeto. O Arduino é uma placa com entradas e saídas
pré-definidas, desenvolvida na Itália com o intuito de facilitar a programação de
microcontroladores, com linguagem de programação mais simplificada do que
Assembly utilizada com os PICs (Peripherical Interface Controller) e baixo custo. O
software de programação é gratuito e possui diversos exemplos disponíveis para
utilização, tanto na IDE, como na Internet.

O Arduino possui diversos modelos, com variação no tamanho da placa, I/Os


(entradas e saídas), memórias, etc. Neste projeto, o controlador escolhido para
desenvolver o módulo foi Arduino Mega, por conta da quantidade de portas
(analógica, digital, serial, PWM - Pulse-Width Modulation), sua memória e linguagem
de programação próxima ao que foi estudado ao longo do curso. Durante estudo foi
usado o Arduino Uno para alguns testes iniciais, por ter mais exemplos diretos e
bibliotecas disponíveis, o quadro 4 mostra o comparativo entre o Arduino Uno e o
Mega.

Quadro 4 – Comparativo entre Arduino Uno e Mega

Entrada / Entrada
CPU Saída Digital EEPRO Flash
Nome Processador Tensão Velocidade Analógica /PWM M [Kb] [Kb] UART
5V/
Mega ATmega2560 16 MHz 16/0 54/15 4 256 4
7-12 V
5V/
Uno ATmega328P 16 MHz 6/0 14/6 1 32 1
7-12 V
Fonte: Arduino, 2017

Existem vários fabricantes de placas semelhantes (genéricas) ao Arduino,


porém apesar da semelhança, algumas diferenças são notórias, como as
bibliotecas, a compatibilidade com outras placas, a comunicação com o
computadores. Nesta pesquisa foi possível perceber que apesar do preço mais
barato das placas genéricas, a dificuldade para trabalhar com elas é bem maior,
ocasionando uma perda de tempo neste estudo. Seguem abaixo fotos do Arduino
Mega original e Uno genérico.
Capítulo 3 METODOLOGIA 25

Figura 6 – Foto dos Arduino Mega e UNO (genérico / original)

Fonte: Autoria própria, 2018

3.2 Programação

O projeto do sensor, a programação e sua comunicação foram divididos em


etapas, a fim de facilitar o andamento da pesquisa. A programação do Arduino
iniciou-se com o armazenamento de dados no cartão Secure Digital (SD), que é
necessário para backup e armazenamento de informações em caso de problemas
de comunicação. Implementou-se o clock RTC (Real Time Clock) para gravar a data
e horário da medição.

Após definição do controlador, trabalhou-se com o objetivo de armazenar os


dados no cartão SD, criando-se um Datalogger. O cartão SD armazena dados
permitindo a criação de arquivos, leitura ou supressão, entre outros; é muito usado
em projetos e eletroeletrônicos em geral. É necessário utilizar alguns resistores para
queda de tensão de alguns pinos do cartão, pois esses cartões trabalham com 3,3
Volts e o Arduino fornece 5 V. As conexões para o Mega foram listadas no Quadro 5
abaixo.
Capítulo 3 METODOLOGIA 26

Quadro 5 – Pinagem cartão SD para conexão com o Arduino

Pinos de Conexão
Pino # Nome do Pino Função do Sinal no Arduino Mega
1 CS ou SS Chip Select – SlaveSelect 53
2 SI ou MOSI Serial Input – Master Out Slave In (SPI) 51
3 GND Ground GND
4 Vcc Tensão CC de 2.7 à 3.6 Volts 3,3 VCC
5 SCK Serial Clock (SPI) 52
6 GND Ground GND
7 SO ou MISO Serial Output – Master In Slave Out (SPI) 50
8 Não Conectado
9 Não Conectado
Fonte: Arduino e Cia, 2014

A ideia foi criar um arquivo de texto (.txt) para cada dia de medição, por isso,
o relógio RTC - Real Time Clock - foi utilizado inicialmente para indicar o horário de
leitura das medições e armazenamento dessas informações no arquivo e nomeá-lo,
trabalhou-se com a biblioteca SD.h do próprio Arduino.

Figura 7 – Clock RTC

Fonte: Autoria própria, 2018

Nesta etapa a dificuldade maior foi nomear o arquivo, por isso foi necessário
transformar a data em uma função, fazendo uma conexão entre o nome do arquivo e
a data do dia informada pelo RTC e, criar uma lógica de programação para que um
novo arquivo fosse criado após as 23h59min59s.

Inicialmente foi utilizado um sensor de temperatura e umidade analógicos


para testes, após domínio dessas funcionalidades, implementou-se a leitura do
sensor serial, que também funcionou satisfatoriamente com a impressão dos dados
de temperatura e horário no arquivo de texto nomeado com a data do dia, além da
programação estar organizada em funções para melhor disposição do programa.
Capítulo 3 METODOLOGIA 27

Após essa etapa, começou o trabalho com os sensores que possuem


comunicação serial com o Arduino, com o desafio de utilizar cinco sensores com
saída serial com o Arduino Mega, que possui número restrito de portas seriais: três.
Utilizou-se então o shield Tentacle da Atlas Scientific, essa placa permite a
comunicação dos sensores adquiridos com o Arduino de forma facilitada,
aproveitando apenas uma porta serial do mesmo ou SoftwareSerial.

O estudo com a placa de comunicação GSM / GPRS iniciou-se também com


o sensor analógico e depois evoluiu para o sensor serial, porém foi observado que o
sensor serial imprime a variável como palavra (string) e foi necessário transformar
esse valor para número (float) para entendimento da placa de comunicação e
impressão na mensagem enviada. Os dados guardados no arquivo de texto
poderiam ser acessados durante o dia para envio do “pacote” de informações
principais via SMS, pode-se programar a frequência de envio a critério de cada
projeto, 10 minutos, por exemplo, ou a cada hora.

O código e biblioteca estão disponíveis na IDE do Arduino, tanto para a


tecnologia GSM quanto para GPRS. Para acesso a Internet, com a mesma placa,
utiliza-se a tecnologia GPRS / 2G/ 3G/4G, porém é necessário verificar se a placa
está configurada para isso através do comando AT (Attention command) e é
necessário também utilizar o APN da operadora do chip.

Para configurar o shield, através dos comandos AT, pode-se implementar o


código no Arduino ou baixar um software que auxilia nesta configuração. Esse
processo foi feito com o software AT comandTester e o Serial debugging tool, a
configuração pode ser vista no apêndice C.

Inicialmente essa forma de configuração com comando AT não é intuitiva,


mas após entender a lógica e a linguagem disponível a configuração flui. Após
configuração, o GPRS não funcionou por falha na rede da Oi (operadora testada). O
shield GSM/GPRS funcionou como esperado no teste do GSM, com o envio de
mensagens por SMS, porém a comunicação com a Internet não foi satisfatória.

Em seguida houve o estudo da comunicação sem fio, existem muitas opções


de placas de comunicação com o Arduino e algumas delas foram testadas ao longo
da pesquisa, porém por conta de alguma incompatibilidade com a pesquisa,
testaram-se diversas formas, para que fosse escolhida a que melhor se adaptava.
Capítulo 3 METODOLOGIA 28

Outro módulo utilizado foi o Ethernet, esse funcionou durante os testes e foi
aceitável, mas necessita do cabeamento para conectar ao Arduino.

O módulo WiFi que se mostrou mais satisfatório foi o shield Yun, que conecta
com a rede de forma simplificada, mas não opera como servidor web por causa da
sua memória interna, mas fazê-lo comunicar com uma página na Internet necessita
de estudo ou conhecimento na área. Por conta de todas essas dificuldades,
observou-se a importância de aumentar o estudo nessa parte de comunicação.

As próximas etapas do projeto dos sensores constituíram da criação do banco


de dados e site. Com o domínio das etapas separadamente, partiu-se para
interligação de todos os sensores, armazenamento destes dados medidos no cartão
SD, e envio dos mesmos através da Internet.

Com a implementação do módulo WiFi Yun ao Arduino, a utilização do


módulo RTC foi trocada por uma função própria do módulo Yun que fornece o
horário atualizado, sem necessidade de módulo adicional, e o cartão SD foi trocado
por um Pen Drive, que possui mesma funcionalidade. Para correto funcionamento do
módulo de sensores, por conta do módulo de comunicação Yun, deve-se usar uma
fonte de 9V.

Uma grande questão, que poderá ser melhor trabalhada posteriormente, é o


proxy da rede dos laboratórios de Física. Foi necessário trocar o acesso à Internet
para uma rede sem proxy, para finalização da comunicação.

A pesquisa da programação do Arduino perpassou pelo estudo da linguagem


do Arduino (parecida com C/C++), rotinas para criar arquivos, organizar o scktech
em funções, além de ser necessário adaptar o código para o Mega, ler e imprimir
pela serial, utilizar as bibliotecas disponíveis e adaptá-las ao projeto.

Após recebimento dessas informações, foi desenvolvido o banco de dados


com essas informações e efetivação dos demais objetivos detalhados no capítulo 1.
Um trabalho particularmente análogo foi executado e confirma a viabilidade do
sistema, composto por Arduino, um conjunto de sensores e módulo de conexão de
rede:

Os resultados experimentais mostraram que o sistema tem grande


perspectiva e pode ser usado para operar em ambiente real [...] Os
sensores foram calibrados para garantir o funcionamento e precisão dos
Capítulo 3 METODOLOGIA 29

valores dos parâmetros resultantes da qualidade da água. (FAUSTINE et al,


2014, p.282, 283).

A teoria da funcionalidade deste sistema é confirmada também em trabalhos


como o de Jiang et al (2009), Souza et al (2015), Wang et al (2011), Lima et al
(2011) e Li et al (2011), porém este projeto propõe hardware e sensores diferentes,
com mais variáveis a serem monitoradas. O monitoramento remoto é comum nos
Estados Unidos, com disponibilização desses dados via web (telemetria de dados),
com instrumentos com tecnologia moderna, comunicação online e remota e,
sensores robustos, “monitorando constantemente a água e até reagindo às
medições que poderiam indicar um evento notável, como uma tempestade, maior
fluxo ou uma descarga ilegal de poluentes.” (YSI, 2015, p.7). Como confirma Jiang et
al (2009), é possível ir além, através do avanço da pesquisa científica nesta área,
sugerindo o avanço tecnológico que permite monitoramento ambiental constante que
possibilitará atitudes corretivas de forma automática ou mais rápida.

Durante a pesquisa o foco foi sendo aperfeiçoado, mudado, amadurecido, até


chegar à proposta atual, assim como o desenvolvimento da programação, que se
mostrava com diversas possibilidades e infinidade de caminhos. Portanto, pode-se
utilizar este estudo mudando o tipo de sensor ou aplicabilidade, mas aproveitar a
estrutura da comunicação online proposta, assim esse projeto abre espaço para
adaptações e pesquisas futuras.

A novidade desta pesquisa pode ser percebida na proposta de atualização


tecnológica para medição de variáveis de monitoramento da qualidade da água, a
partir da proposta de medição constante e com a atualização dessas informações
em tempo real, utilizando equipamentos simplificados, que podem ser programados
a partir de exemplos disponibilizados nesta pesquisa.

Pesquisas semelhantes foram encontradas no Brasil e em outros países,


porém poucas com essa quantidade de sensores com o Arduino e comunicação sem
fio e esta indicou diversas opções de comunicação. A inovação desta pesquisa se
mostra em propor soluções atuais de forma simplificada.

A ideia de utilização dos princípios da IoT para os sensores conectados pode


ser utilizada de enésima formas, como o monitoramento da temperatura e umidade
Capítulo 3 METODOLOGIA 30

em estações meteorológicas, sensores de automação predial, monitoramento


agrícola, entre outros, com o intuito de obtenção e publicação de dados para
melhorar o monitoramento seja na cidade, Indústria, no campo, instituições,
empresas, comunidades ou residências. O uso de microprocessadores transforma
esse projeto em único, e abre um leque de possibilidades para futuras
implementações.

3.3 Comunicação

As cidades inteligente utilizam a proposta da Internet das Coisas para agilizar


os processos e dar celeridade às tomadas de decisões. A IoT permite o acesso a
informações antes restritas, atualmente disponíveis e acessíveis na web. Diversos
tipos de sensores podem ser utilizados e enviam enorme quantidade de
informações.

Sensores para monitoramento de parâmetros ambientais são utilizados para


monitorar o clima, poluição, qualidade da água, qualidade do ar, por exemplo. Esse
crescimento da IoT foi impulsionado graças ao desenvolvimento tecnológico dos
sensores, transmissores, microprocessadores, dos meios de comunicação,
computação em nuvem e, das formas de análise desses dados, como o Big Data e
Analytics.

A fim de ter esse monitoramento contínuo é preciso ter os “3 I’s”:


instrumentos, inteligentes e interconectados. Esses instrumentos inteligentes
interconectados é uma tendência mundial, de acordo com Mancini (2017), a
quantidade de coisas conectadas no mundo deve saltar para mais de 25 bilhões em
2020.

A proposta desta pesquisa é utilizar o Arduino como microprocessador, com


sensores a ele conectados e com comunicação para visualização remota dessas
informações através da Internet. Diversas tecnologias podem ser aplicadas para
comunicação dos sensores com a rede. Em locais sem acesso à Internet é possível
utilizar o envio de dados por GSM (Global System for Mobile Communications).
Capítulo 3 METODOLOGIA 31

Onde tiver acesso à Internet cabeada pode-se utilizar o shield Ethernet, caso tenha
Internet sem fio, utiliza-se o módulo WiFi (Wireless Fidelity) ou o shield Yun.

Durante essa pesquisa algumas dessas tecnologias foram testadas e serão


discutidas, tecnologias essas que são compatíveis com Arduino. Neste âmbito, os
principais tipos de módulos de comunicação disponíveis para IoT e Arduino são:

• GSM/GPRS/3G (Terceira Geração),

• WiFi/Yun,

• Ethernet,

• Bluetooth,

• RFID (Radio-Frequency Identification),

• Zigbee, entre outros.

3.3.1 GSM

Para locais distantes de casas e edifícios, sem conexão de Internet local


disponível, é possível enviar dados através da tecnologia GSM/GPRS. A placa de
comunicação conectada ao Arduino acessa a rede de dados da telefonia móvel
através de um chip de celular, podendo assim enviar os dados coletados por
mensagem de texto SMS (Serviço de Mensagens Curtas) ou por acesso à rede
2G/3G/4G (segunda, terceira ou quarta geração) por Internet móvel como o celular.

O módulo GSM funciona da seguinte forma: ao receber o sinal do sensor,


“imprime” uma mensagem com essa informação e envia por mensagem de texto
SMS ao número de celular pré-definido. Pode ser usado também como sistema de
alarme, se a variável medida ultrapassar os limites máximo ou mínimo definidos,
uma mensagem de texto pode ser enviada a pessoa responsável para averiguação.
Capítulo 3 METODOLOGIA 32

Figura 8 – Placa de comunicação GSM

Fonte: Autoria própria, 2018

Esse módulo pode ainda efetuar ou receber ligações, acessar a Internet, entre
outras funções. Neste projeto o módulo GSM foi testado com o Arduino Mega e com
o Uno e, funcionou de forma satisfatória com as duas placas. Ele permite a
comunicação Serial ou através da biblioteca SoftwareSerial. Para utilizar com o
Arduino Mega é necessário fazer uma adaptação no módulo, afastando a conexão
do pino 10 para não conectar ao Arduino e fazer um jumper entre os pinos 2 e 10 da
placa.

Desta forma poderia ser utilizado como servidor Web, enviar os dados
diretamente para o site e ter essas informações disponíveis na rede. O código
também é encontrado como exemplo na IDE (Integrated Development Enviroment)
do Arduino.

3.3.2 Ethernet

Se a instalação do sensor for em área com cabo Ethernet disponível, pode-se


utilizar a placa Ethernet para Arduino e fazer a comunicação com a rede. Essa forma
é simples para quem já tem experiência com modem de Internet. É necessário
fornecer um endereço IP (Internet Protocol) para o Arduino com a placa compatível
com a rede e, programar o Arduino com esse IP, além das informações do Gateway
e máscara. Pode-se definir também o MAC (Media Access Control) para maior
segurança. As informações sobre a ligação do módulo com o Arduino são mostradas
abaixo no Quadro 6.
Capítulo 3 METODOLOGIA 33

Quadro 6 – Pinagem do módulo Ethernet (HR911105A) para conexão com Arduino

Nome do Pino Função do Sinal Pinos de Conexão no


Arduino Uno / Mega
GND Ground GND
VCP Tensão CC de 5 Volts 5 VCC
CKL Clock -
SO ou MOSI Serial Output – Master In Slave Out 12 / 50
(SPI)
SCK Serial Clock (SPI) 13 / 52
ST ou SI Serial Input – Master Out Slave In 11 / 51
(SPI)
RST Reset Reset
CS ou SS Chip Select 10 / 53
Fonte: Thomsen, 2014

O uso deste chip com o cartão SD (Secure Digital) necessita de conhecimento


de SPI (Serial Peripheral Interface), pois as portas de conexão são as mesmas,
então é necessário definir quem vai trabalhar em cada momento, definir mestre e
escravos.

Figura 9 – Foto do módulo Ethernet (HR911105A)

Fonte: Autoria própria, 2018

3.3.3 WiFi

O módulo WiFi conectado ao Arduino permite conexão deste com a Internet,


sem fio, como um celular conectado à rede. O módulo mais comum é o ESP8266,
Capítulo 3 METODOLOGIA 34

que também já possui diversas bibliotecas disponíveis e exemplos prontos. Segue


no Quadro 7 a indicação da conexão com o Arduino.

Quadro 7 – Pinagem do módulo WiFi (ESP8266) para acoplamento ao Arduino

Nome do Pino Função do Sinal Pinos de Conexão no Arduino Mega


GND (Ground) Terra GND
Vcc (Volts corrente Tensão CC de 3,3 3,3 VCC
contínua) Volts
TX (Transmissor) Transmissor RX (ou pino correspondente do
software serial)
RX (Receptor) Receptor Divisor de tensão que fornece 3,3V. No
divisor, o Resistor menor conecta ao
TX do Arduino (ou pino correspondente
do software serial) e o Resistor maior
ao GND
Fonte: Autoria própria, 2018
Existe também uma placa preparada para o Arduino que permite
comunicação via Ethernet ou Wifi e facilita o envio dos dados para a nuvem, chama-
se Yun. Ela pode ser encontrada original do fabricante do Arduino ou genérica de
diversos fabricantes. Segue o passo a passo para conectá-la a rede local, para a
placa Iduino, do fabricante Geeetech.

1. Antes de conectar o Arduino genuíno, deve-se fazer um jumper entre os pinos


Reset para deixar o Arduino no modo reset, sendo comandado pelo shield
Yun.

2. Conectar a placa Yun e alimentar com 9V

3. Para resetar o WiFi ou trocar o WiFi é necessário segurar o botão de reset


(preto) por mais de 5 segundos, o LED (Light Emitting Diode) deverá piscar.

4. Identificar a rede do Yun na lista das redes WiFi, na lista de conexão de rede
sem fio e conectar o computador a ela. Se pedir senha, colocar a senha do
shield ou a informada pelo fabricante.

5. Acessar o IP genérico da placa pelo browser, normalmente é 192.168.240.1


(sem Proxy).

6. Acessar às configurações da placa e fazer as alterações necessárias, como


indicar o módulo do Arduino que está conectado no shield e o SSID (Service
Set Identifier) e a senha da rede WiFi do local.
Capítulo 3 METODOLOGIA 35

7. Conectar o computador nesta mesma rede a fim de comunicar os dois, o Yun


receberá um novo IP.

8. Abrir a IDE do Arduino na versão mais recente e escolher a opção “Arduino


XXX (Mega, Uno...) – Iduino Yun. Para que essa opção apareça na lista de
placas é necessário adicionar ao final do arquivo “boards.txt” um texto
descrito pelo fabricante, esse passo está descrito no site Iduino Yun Shield
Geeetech.

9. A partir daí a programação da placa poderá ser feita sem fio, assim como a
configuração da placa pelo IP. Na IDE é necessário conectar à porta do
Arduino Yun, onde ele atualiza e mostra o seu IP na rede.

10. Pode-se testar um exemplo da Bridge com Console, que deverá funcionar. A
partir de agora ao invés de Serial será necessário utilizar a biblioteca Console
e ela deverá sempre ser chamada após a Bridge na estrutura da
programação, se não, não vai funcionar corretamente.

Figura 10 – Foto da Placa de Comunicação Yun

Fonte: Autoria própria, 2018

3.4 Banco de Dados e Site

A Iot pode gerar uma gama de informações que devem ser utilizadas para
que essa tecnologia tenha validade. O backup desses dados e atualização dos
Capítulo 3 METODOLOGIA 36

mesmos também é de grande importância para promover pesquisas na área, por


isso, o banco de dados também faz parte dos projetos de Internet das Coisas,
nomeado de DoT- Dados das Coisas (Database of Things), sendo tendência salvar
esses dados na nuvem.

O banco de dados é uma aglomeração de informações, normalmente de


mesmo domínio, ou seja, agrupa dados que tratam do mesmo assunto. O banco de
dados, que irá armazenar as informações das variáveis de qualidade da água, pode
ser feito em site ou através da planilha do Google.

Para publicação em site, define-se a função do sistema pelo Arduino, ou seja,


coletar informações através de sensores programado em linguagem C/C++, dentro
da programação usamos comandos de internet: GET que é obter ou POST
publicação, que são comandos comuns dos navegadores de internet (browser), já
dentro do banco de dados online ou local, usa-se linguagem PHP (Personal Home
Page), MySQL (Structured Query Language) entre outras que trata os dados
recebidos e armazena a informação no banco de dados ou em arquivos de texto (txt)
no servidor (localhost). Para salvar as informações na planilha do Google, pode-se
utilizar um site que faz essa interface, neste caso o Temboo, através das
autorizações/autenticações necessárias, a própria planilha do Google salva as
informações postadas para verificação futura.

Mantendo um banco de dados ativo no site, as informações estarão


guardadas no próprio banco de dados online, pois existe em nuvem um arquivo no
formato de texto (txt) que realiza o arquivamento de todos os dados coletados pelos
sensores, ou diretamente na nuvem, no caso da planilha do Google, onde as
informações ficam nas linhas e colunas, além disso, é possível através de um
dispositivo móvel como cartão SD ou Pen Drive realizar o backup das informações.

Essas informações são acessadas e visualizadas através de um servidor


online que armazena páginas HTML com suporte a PHP e outras linguagens de
programação ou através do endereço da página da planilha do Google, podendo o
usuário ter permissão de apenas visualizar ou modificar o documento. Após o prazo
de validade do contrato de hospedagem do site host é possível que os dados sejam
apagados, porém é notificado por e-mail para uma renovação. O site Temboo
também possui um prazo definido para permitir a comunicação, podendo renovar a
Capítulo 3 METODOLOGIA 37

conta do usuário, mas os dados armazenados na planilha do Google não são


perdidos.

O limite de armazenagem de site ou de arquivos para usuários é definido em


contrato, no caso deste projeto o contrato permite uso ilimitado, tanto para
armazenar dados ou número de domínios no site. Para o Temboo, foi disponibilizada
conta educacional, por conta do perfil do projeto, esta conta permite o uso por seis
meses sem custo, com dez mil (10.000) troca de informações (impressões) na
planilha mensalmente, e ilimitadas aplicações.

O site armazenado no servidor em nuvem tem um design simples e de fácil


entendimento, o qual tem uma tabela com os dados e possui uma caixa de rolagem
para melhor visualização. Além de outras informações descritas na página, existe
também um slide no layout com algumas curiosidades, ou seja, é possível editá-lo
no formato desejado. A planilha do Google possui formato definido, mas pode ser
editado como as planilhas eletrônicas já conhecidas e é intuitiva, o título das colunas
e troca de informações serão definidas na programação.

É possível fazer a programação com comunicação diretamente com o Google,


sem a utilização de sites para fazer esta interface e existem outros sites que
permitem a publicação dos dados na Internet como o Thingspeak, Dweeio, porém o
Temboo permitiu um tempo maior de licença gratuita e mostrou ser uma interface
mais fácil de se trabalhar com o Arduino.

3.5 Sensores

Os sensores utilizados foram adquiridos da empresa AtlasScientific, que


possui uma gama de instrumentos voltados para conexão com robôs e automação.
Foi adquirido o Kit com os seguintes sensores: pH, temperatura, condutividade,
redox e oxigênio dissolvido. Esses kits vieram com os transmissores e cabos para
conexão com o Arduino, é disponibilizado no site do fabricante o código para
programação básica dos sensores com o Arduino, para coleta de dados e
calibração. As soluções padrão para calibração também foram adquiridas.
Capítulo 3 METODOLOGIA 38

Os sensores se mostraram robustos, mas o transmissor é sensível a


sobrecargas, por isso a conexão deles deve seguir o orientado pelo fabricante.
Segue na figura abaixo a foto do kit dos sensores.

Figura 11 – Imagem do Kit de sensores e soluções padrão da AtlasScientific

Fonte: AtlasScientific, 2018

3.6 Shield Tentacle

A fim de facilitar a comunicação de quatro sensores ao mesmo tempo com o


Arduino, foi adquirido, com o mesmo fabricante dos sensores, a placa Tentacle, a
qual permite a isolação dos transmissores, faz a leitura de múltiplos parâmetros de
forma rápida e fácil. O fabricante indica exemplos para o Arduino que foram
adaptados no programa proposto, essa placa utiliza o SoftwareSerial e assim libera
as demais portas Serial do Arduino. Segue quadro que indica os bornes utilizados
pela placa Tentacle e figura 12 que ilustra a montagem com os transmissores (EZO).
Capítulo 3 METODOLOGIA 39

Quadro 8 – Pinagem da placa Tentacle com 4 canais para Comunicação UART


Borne da placa Tentacle Função de comunicação com Arduino
SCL (Serial Clock) I2C
SDA (Serial Data) I2C
10 TX (Transmissor)
11 RX (Receptor)
7 Mux S0 (Multiplexador)
6 Mux S1
5 Mux Enable
Fonte: AtlasScientific, 2018

Figura 12 – Figura do Módulo de isolação Tentacle com transmissores EZO para


sensores da AtlasScientific

Fonte: AtlasScientific, 2018

3.7 Aquisição de dados dos sensores

A medição foi feita no laboratório Labensol, a fim de possibilitar melhorias


constantes no software do sistema. A montagem dos sensores foi feita através de
conexões em tubo de ¾ polegadas (pol.) utilizando-se conexões em “T”. Essa
montagem foi satisfatória e permite que os sensores fiquem imersos o tempo todo,
pois a saída possui uma mangueira de um metro mantendo o nível da água acima
da tubulação. Esse modelo pode ser facilmente adaptado em outros lugares, o custo
foi baixo e muito material utilizado estava disponível no Labensol. A saída da água
possui uma válvula esfera de ½ pol. para controle da vazão e fluxo da água.

A AtlasScientific publica gratuitamente programações que podem ser


implementadas com a placa Tentacle, facilitando o uso deste equipamento. O
programa Setup faz a leitura dos sensores conectados e permite a leitura individual,
Capítulo 3 METODOLOGIA 40

além da mudança da taxa de comunicação. A placa Tentacle pode fazer leituras com
o programa contínuos ou assíncrono, os dois podem ser utilizados para medição das
variáveis, mas o programa contínuos é necessário para definir o modo de leitura das
variáveis.

A cada troca ou acréscimo de sensores, é necessário passar o scan do


programa Setup (basta carregar o programa e pela tela de comunicação serial digitar
“scan” enter) para releitura e, com isso o Tentacle para de ler continuamente. Para
retornar à leitura contínua, é necessário rodar o programa principal ou contínuos e
digitar:

• “Número do canal” (0,1,2,3) “:” “atividade” (r – leitura, i – informação, c –


contínuo) “enter” (<CR> Carriage Return). Para leitura contínua a cada 1
segundo, alternando os canais digita-se “0:c,1” enter, esse código deve ser
repetido trocando o primeiro número para cada canal: 0, 1, 2 e 3.

O levantamento de campo foi feito na UEFS, instalando-se os sensores


próximos à tubulação de saída da água no laboratório Labensol, com coleta de
valores de temperatura, pH, ORP e OD. Após disponibilização e coleta dos dados,
estes foram comparados com os limites definidos pela legislação vigente citados no
Quadro 2 e com os valores documentados medidos na UEFS de forma manual, essa
comparação foi feita em outros trabalhos, a exemplo de Araújo et al (2013).

A Figura 13 mostra a Montagem experimental para medição das variáveis de


qualidade da água no Labensol. A letra A na figura indica o módulo sensor composto
de: Arduino, Módulo de comunicação Yun, Módulo Transmissor Tentacle, a letra B
indica a montagem em tubos plásticos para permitir o encaixe dos sensores e
mangueira para circulação da água da torneira, a letra C indica o sensor de oxigênio
dissolvido, a letra D o sensor de pH, a letra E o sensor de ORP e a letra F o local de
conexão do sensor de temperatura. Observa-se que a estrutura é de fácil adaptação
em diversos lugares.
Capítulo 3 METODOLOGIA 41

Figura 13 – Montagem experimental para medição das variáveis de qualidade da


água no Labensol (DFIS/UEFS)

Fonte: Autoria própria, 2018

Além dessas medidas feitas em laboratório, planejou-se fazer medidas dos


parâmetros de qualidade na saída da água dos poços, mas por conta de não ter a
estrutura necessária no local, a medida foi feita em apenas uma hora.

3.8 Calibração

A calibração é uma etapa muito importante para a medição de variáveis,


através de instrumentação. A partir dela, pode-se corrigir o erro e confiar que o valor
a ser medido estará com o erro mínimo aceitável.

Prioritariamente calibrou-se o sistema de medição de pH, uma das principais


variáveis examinadas testes de qualidade da água. Neste projeto dispõe-se de um
medidor de pH de bancada da E+H, além do sensor de pH do módulo conectado ao
Arduino. A calibração de pHmetro pode ser feita pelo buffer de calibração, através
Capítulo 3 METODOLOGIA 42

do qual o valor de pH da solução é conhecido. Utiliza-se no mínimo dois valores


diferentes ou através da entrada de dados para o slope (angulação da reta) e zero
point (ponto inicial).

A temperatura ambiente também influencia a medição de pH, então se


possível, seu valor deve ser medido durante a calibração e informado ao transmissor
do sistema que será calibrado. Os manuais dos fabricantes detalham essa etapa,
pois ela precisa ser feita antes do uso do sensor (se ele não vier calibrado de
fábrica) e deve ser repetida frequentemente. Essa frequência vai depender do uso e
da qualidade do conjunto. Para a Indústria, as calibrações devem ser feitas com
padrões rastreáveis, a fim de se ter certificação e rastreabilidade, neste caso, por ser
um estudo, a precisão e a rastreabilidade não serão prioridades, apenas o
funcionamento do sensor de modo admissível.

O medidor de pH da AtlasScientific, que está conectado ao Arduino, também


permite calibração, porém como esta aplicação não é industrial ou laboratorial, o
fabricante recomenda que a calibração seja feita uma vez por ano.

A calibração deverá ser feita inicialmente pelo buffer 7, depois o menor 4 e


por último o maior 10, mas segundo o fabricante, com apenas um ponto o medidor já
estaria com a calibração aceitável. Os comandos são dados pelo computador
através da interface Serial do Arduino, no programa de cada sensor, digitando o
comando determinado para cada calibração. Após a calibração, é possível saber
como está a sonda em relação a um medidor ideal, ver a porcentagem da calibração
ou do erro, etc. Assim como o pH, os outros sensores podem ser calibrados. Segue
figura 14 mostrando os passos de calibração do sensor de pH e as etapas descritas
logo abaixo.
Capítulo 3 METODOLOGIA 43

Figura 14 – Procedimento de Calibração do sensor de pH da AtlasScientific

Fonte: AtlasScientific, 2018

1. Passo 1, retire a sonda do ponto de medição / da caixa.

2. Coloque um pouco do buffer em um copo/recipiente limpo de forma que cubra


a cabeça do sensor. OBS: o primeiro ponto de calibração é o pH 7.

3. Se a temperatura estiver distante de 25°C para mais ou para menos 2°C, a


compensação de temperatura deverá ser feita primeiro, a diferença de até 2°
é insignificante.

4. Espere de 1 a 2 minutos, rode o programa no modo UART, leitura contínua no


Arduino e digite “cal, mid 7.00”enter (solução 7).

5. Não devolva a solução utilizada para a garrafa do buffer, ela deverá ser
descartada ao final.

6. Enxágue a sonda e repita o procedimento para a solução de pH 4,0, digitando


“cal, low,4.00”enter.

7. Enxágue a sonda e repita o procedimento para a solução de pH 10,0,


Capítulo 3 METODOLOGIA 44

digitando “cal, high,10.00”enter.

Em caso de dúvidas, consultar o arquivo datasheet do sensor de pH do


fabricante.

Figura 15 – Range e indicação dos pontos de Calibração das soluções padrão de pH

Fonte: AtlasScientific, 2018

A calibração é um processo metódico, que deve ser seguido conforme


recomendações do fabricante para melhor funcionamento do equipamento. Após
calibração dos sistemas de pH, percebeu-se que o conjunto sensor com Arduino
mostrou um erro de aproximadamente +0.2 pH acima do valor de calibração, ou
seja, com o buffer de valor pH 7, a sonda do Arduino indicou o valor 7,2 unidades
aproximadamente, no entanto observou-se a repetibilidade do sensor e medição
próxima aos valores das demais soluções padrão de pH 4 e 10, validando a
calibração do mesmo.

O sistema tem se mostrado confiável e estável, por conta da limitação da


conta educacional do site Temboo, o limite máximo são 322 mensagens por dia,
limitou-se a impressão dos dados a no mínimo 5 minutos, o que daria 288
mensagens diárias. A corrente de consumo do sistema é cerca de 500 mA, podendo
diminuir se os sensores forem colocados em modo sleep.

Ser referência para trabalhos futuros é, ao mesmo tempo, uma expectativa


desse projeto. Após a conclusão do sistema, os procedimentos de calibração dos
sensores, definidos de acordo com a orientação dos fabricantes, foram feitos
conforme métodos científicos e documentados. Os resultados encontrados poderão
ser publicados em revista cientifica da área.

Com a finalização do projeto e confirmação da operação do sistema de forma


contínua, com protocolo de comunicação bem estabelecido, outros sensores podem
ser incluídos (turbidez, solarimétricos), enriquecendo o banco de dados.
45

Capítulo 4

RESULTADOS

É sabido que a aquisição mais rápida de dados permite o gerenciamento mais


eficiente, assim como o acompanhamento dos resultados em tempo real consente
em tomada de decisão mais célere. O resultado da investigação sobre a qualidade
da água da UEFS é importante para toda a comunidade Universitária, é uma
oportunidade para testar o sistema, embora este módulo permita o uso em outros
ambientes além da Universidade, servindo como exemplo para ser implantado em
outras aplicações: que envolvem água como o monitoramento de rios, cisternas,
sistema de distribuição, entre outras.

O protótipo pronto, calibrado e operacional, transmitindo sem fio dados de


sensores, neste caso de parâmetros da água, pode servir como base para
implementação de diversos sensores diferentes, permitindo armazenamento dos
dados e disponibilização para acesso via web.

4.1 Módulo de sensores

O desenvolvimento da programação embarcada, utilizando a plataforma de


prototipagem Arduino, permite uma gama de possibilidades e faz com que o trabalho
sempre possa ser melhorado. Este estudo permitiu uma evolução no conhecimento
da comunicação e avanço no estudo e desenvolvimento das comunicações: Serial,
Interface Periférica Serial (SPI) e Transmissão e Recepção Assíncrona Universal
(UART), além do estudo do funcionamento do shield de comunicação para envio dos
dados.

O estudo das técnicas de armazenamento de dados no cartão SD foi


Capítulo 4 RESULTADOS 46

aprofundado por conta da necessidade da criação de arquivos diários e compactado.


Nesse sentido, o conjunto criado de hardware e sensores opera na função de
Datalogger, para isso foi utilizada também uma função de relógio para definir e
gravar os horários das medições. O estudo das opções de placas de comunicação
também foi extenso e resultou na comunicação efetiva do sistema.

A integração com o Arduino foi feita através de um Ethernet shield, módulo


WiFi ESP8266, ou através do módulo Yun que possui diversas opções de
conectividade com a internet, entre outros. Com o Arduino conectado à Internet e
através do código programado, a conexão é realizada e o envio das informações é
feito, dentro do código é possível alterar o tempo de recebimento e/ou de envio de
informações.

O fluxograma ilustra os passos resumidos do desenvolvimento da


programação embarcada. O projeto atual adquire as informações em tempo
programável e salva em arquivo de texto, podendo enviar essa mesma informação
para a Internet, poderia ser também por mensagem SMS. O projeto pode ainda ser
ampliado para a leitura de mais sensores com saída serial, analógica ou digital.
Inicialmente está programado para aquisição de dados a cada 5 min.
aproximadamente, com disponibilização dessas informações para a Internet, mas
poderia ser uma vez ao dia ou a cada 5 segundos.

Conforme fluxograma, após a inicialização de cada módulo conectado ao


Arduino, há uma atualização da data/hora e, o reset dos sensores, pois caso falte
energia elétrica a medição volta para o início do ciclo do primeiro sensor, o ciclo da
leitura dos sensores é feito a partir da ordem do canal na placa tentáculo, no
primeiro ciclo são tomadas algumas leituras do canal um, que neste caso é o sensor
de temperatura, como a leitura é rápida (cerca de 1 segundo), a variação entre os
valores é mínima, faz-se uma média desses valores de forma a evitar falsas leituras
e erros gerados pelo sensor e processamento. O valor médio medido pelo sensor é
armazenado na memória do Arduino e esse processo é repetido até o último sensor.

Com as informações armazenadas, pode-se fazer a impressão desses dados


e do horário, se o computador estiver conectado ao Arduino, os valores são
mostrados na tela do computador pelo monitor serial, impressos no arquivo de texto
do Pen Drive, e impressos na planilha do Google, conforme programação do
Capítulo 4 RESULTADOS 47

Temboo. Conta-se um tempo para delay e o ciclo é feito novamente a partir do reset
dos sensores.

Figura 16 – Fluxograma da programação

Fonte: Autoria própria, 2018

O estudo e avanço do trabalho foi feito por etapas, a comunicação do Arduino


com cada placa separadamente e, a implementação paulatina de cada grupo de
função que fosse funcionando. Na primeira fase de testes os estudos progrediram
até a etapa de comunicação GSM, depois avançou na programação para
comunicação com a Internet através da placa Ethernet, depois WiFi até o shield Yun
e finalizou-se o envio dos dados para visualização via web, com a criação do banco
de dados e do site para visualização, mostrando o avanço permitido pelas novas
Capítulo 4 RESULTADOS 48

tecnologias e conceito da Internet das Coisas ambiental (denominação dada a


projetos ambientais).

Na prática o site foi implementado com muito empenho, após programação do


módulo com os códigos iniciais dos sensores de pH, ORP, temperatura,
condutividade e oxigênio, uniu-se todos os códigos em um único, junto com o de
conexão à internet, e o site foi desenvolvido em paralelo a isso, foi criado com layout
simples e, todo projeto foi desenvolvido no laboratório da Universidade Estadual de
Feira de Santana (UEFS), em parceria com os estudantes de graduação. O link
externo do site é: http://sensoragua.com/. Segue abaixo imagem ilustrativa do
mesmo.

Figura 17 – Site para publicação dos dados medidos

Fonte: Autoria Própria, 2018

Este projeto desenvolveu duas possibilidades de publicação da informação na


internet: uma através de um site em PHP e a outra através de planilhas do Google
Docs (spreadsheets).

A publicação dos dados na planilha do Google foi possível com o auxílio do


site Temboo, que forneceu uma licença gratuita de estudante para desenvolvimento
desta pesquisa. Esse site possui modelos de aplicações para IoT, auxilia na
implementação da programação e publica os resultados na internet. Pode-se utilizar
a comunicação na nuvem e publicar na internet através de Dashboards - painéis
indicadores que simulam a interface de equipamentos como gráfico de barras,
porcentagem, etc. - gráficos, entre outros, ou sites como o Google, Twitter, além de
facilitar a comunicação com os microcontroladores, como o Arduino.
Capítulo 4 RESULTADOS 49

Segue endereço da planilha e figura ilustrativa que mostra a coleta de


informações:
https://docs.google.com/spreadsheets/d/1NQwx9LnMxMhz98DnnU3lmNpbXvlRN9qh
HlKJ8iRUJ4I/edit#gid=0

Figura 18 – Planilha Google com dados das variáveis medidas de qualidade da água

Fonte: Autoria própria, 2018

Os dados são guardados como backup no Pen Drive, como mostra a figura
19. Caso o módulo de sensores tenha problema na comunicação sem fio, tenha
dificuldade de comunicação WiFi ou com o servidor do Google, os dados estão
armazenados diariamente em arquivo de texto no Pen Drive para consulta, se for
necessário, no formato predefinido na programação.

O impacto previsto com essa pesquisa está no avanço tecnológico proposto


para monitoramento da água, em contrapartida ao monitoramento manual, utilizando
técnicas e equipamentos com tecnologia atuais comprovados por estudos similares
internacionais.

Essa pesquisa visa indicar a importância do monitoramento em tempo real de


variáveis analíticas, propondo um modelo físico simplificado e possibilidade de
monitoramento remoto, chamando atenção para a importância do acompanhamento
destes parâmetros e alerta para a comunidade que a utiliza em caso de valores
Capítulo 4 RESULTADOS 50

discrepantes.

Figura 19 – Arquivo das pastas de backup do Pen Drive com os dados medidos

Fonte: Autoria própria, 2018

4.2 Dados iniciais

Após montagem dos sensores no módulo do Arduino, as amostras foram


coletadas no Departamento de Física na UEFS, no laboratório Labensol conforme
figura 13. Esses dados são mostrados abaixo através dos gráficos. A medição foi
contínua, porém a variação do fluxo da água não, dependeu da vazão da torneira
que estava conectada aos sensores.

Além da coleta diária no Labensol, foi feita uma medição na saída da água
nos poços para verificar os parâmetros e a compará-los com os dados históricos
mostrados no quadro 9 abaixo. Os valores informados são a média da medição feita
no dia 10 de agosto de 2018, no período da manhã de 9 até 10 horas no poço da
Casa do Índio e posteriormente no poço do Projeto Pau Brasil.

O Quadro 9 mostra os valores de algumas varáveis da água dos poços da


UEFS, as primeiras colunas dos Poços, após o nome dos parâmetros, indicam os
Capítulo 4 RESULTADOS 51

valores medidos em laboratório, a partir da coleta feita logo após perfuração dos
poços. Esses dados podem servir de parâmetros para comparação e evolução
temporal dos valores das variáveis dos poços.

Quadro 9 – Valores medidos dos parâmetros de qualidade da água após perfuração


dos poços da UEFS

Poço: CASA DO ÍNDIO Poço: PAU BRASIL


Valor Valor Valor Valor
Res.357/05
medido no medido medido medido
PARÂMETRO Portaria Unidade
Inicio do durante este no Inicio durante este
2.914/11
poço estudo do poço estudo
pH 8,3 5,28 6,9 5,01 6 – 9,5
Temperatura 29,11 27,18 < 40 °C
Condutividade 1000 482 445 - 50 a 500 µS/cm
ORP 311,2 471,1 >250 mV
OD 5,51 5,94 >6 mg/L O2
Fonte: Adaptado da Unidade de Infraestruturas e Serviços da UEFS, 2017

Os dados históricos indicam que a água do poço da Casa do Índio possui alta
condutividade, provavelmente por conta de sais dissolvidos, tornando-a salobra e
que ao longo dos anos o perfil de alguns parâmetros está mudando.

Este quadro mostra que os parâmetros atuais estão próximos dos limites
definidos pelo Ministério da Saúde. Não foi possível medir os parâmetros biológicos,
por isso, sua informação não está apresentada no quadro acima. O pH e o OD estão
um pouco abaixo, porém na torneira do consumidor final nos módulos da
Universidade, esses valores estarão em níveis aceitáveis, pois a bomba ajudará a
oxigenar a água, embora o valor de oxigênio dissolvido não seja tão importante para
água potável, e o cloro dosado já terá feito sua ação, conforme confirma o texto
abaixo:

O objetivo primordial do uso do cloro em sistemas de abastecimento de


água é a desinfecção. Contudo, devido ao seu alto poder oxidante, sua
aplicação nos processos de tratamento tem servido a propósitos diversos
como controle de sabor e odor, prevenção de crescimento de algas,
remoção de ferro e manganês, remoção de cor e controle do
desenvolvimento de biofilmes em tubulações. [...] Como a reação finaliza-se
em menos de 60 minutos, a aplicação do cloro comumente ocorre na
unidade de mistura rápida.(LIBÂNIO, 2016, p. 561).
Capítulo 4 RESULTADOS 52

4.3 Resultados Experimentais

O tempo de aquisição de dados pode variar conforme a definição do usuário


(programado no software), porém durante a programação observou-se o
congelamento dos dados coletados e, foi necessário utilizar um reset no software.
Inicialmente implementou-se o “watchdog”, porém ele resetava o programa a cada
nova leitura e por isso, a aquisição de dados precisou ser mais rápida que ele, se
não, seria impossível a leitura das informações. O programa foi adaptado,
melhorado e a necessidade do reset foi eliminada, assim a “impressão dos valores”
dos sensores foi feita num período maior de tempo. Essa medição não está baseada
em grande volume de dados, necessita ter confiabilidade, poderia ser uma
aquisição diária e, sendo eficiente, atingiria o objetivo.

As medições iniciais mostram o comportamento de cada variável ao longo dos


dias examinados. Em alguns dias as medidas foram feitas em segundos, o que
gerou um grande volume de dados. Foi percebido que os valores não mudam muito
ao longo do dia, exceto a temperatura e varia conforme o fluxo térmico diário.

Observa-se que a temperatura se manteve dentro dos limites aceitáveis pela


legislação. A medição de pH em alguns dias se mostrou muito próxima ao limite
inferior, e às vezes um pouco abaixo desse valor de 6 unidades de pH, mas por
considerarmos que esse sensor, como qualquer outro, pode ter uma porcentagem
de erro na medição, esse valor estaria aceitável, com recomendação para que a
instituição monitore e tente aumentá-lo futuramente.

Os valores de ORP variaram bastante, porém, ainda assim se mantiveram


dentro dos valores indicados pelos fabricantes de sensores de ORP. A medição de
oxigênio dissolvido variou bastante, inicialmente foi pensado que esse perfil talvez
era por conta da água estar parada em alguns momentos dessas medidas de menor
valor, por isso essa medição se apresentou abaixo do limite esperado de 6mg/l. Mas
aprofundando os estudos, foi percebido que houve perda do fluido eletrolítico
durante a montagem, e por isso houve um decréscimo nos valores. Após reposição
do fluido, a correção melhorou consideravelmente o desempenho deste sensor.

Seguem abaixo os gráficos mostrando o resultado da medição na UEFS. Os


Capítulo 4 RESULTADOS 53

valores mostrados abaixo foram feitos ao longo de um dia de medição e mostra o


comportamento de cada variável medida.

Gráfico 1 - Dados de valores de Temperatura (°C) medidos no Labofis UEFS durante


um dia

TEMP
40
38
36
34
32
30
28
26
24
22
20
00:00:00 04:48:00 09:36:00 14:24:00 19:12:00 00:00:00 04:48:00

Fonte: Autoria própria, 2018

A temperatura se manteve mais de 12,5% abaixo do valor máximo de 40°C e


variou conforme as horas do dia, observa-se que há uma demora para aquecer e
resfriar, em relação à temperatura ambiente, isso se deve ao calor específico da
água coletada na torneira e à influencia do aquecimento do tanque e da tubulação.
Capítulo 4 RESULTADOS 54

Gráfico 2 - Dados de valores de Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis


UEFS durante um dia

PH
6,9
6,7
6,5
6,3
6,1
5,9
5,7
5,5
00:00:00 04:48:00 09:36:00 14:24:00 19:12:00 00:00:00 04:48:00

Fonte: Autoria própria, 2018

O pH se manteve acima do valor indicado na legislação vigente de 6 pH, a


variação do valor ao longo do dia foi pequena e esta variável se mostrou estável. A
medição diária indica que está cerca de 5% acima do valor mínimo determinado pelo
Ministério da Saúde.

Gráfico 3 - Dados de valores de Potencial de Redução - ORP (mV) – medidos no


Labofis UEFS durante um dia

ORP
900
890
880
870
860
850
840
830
820
810
800
00:00:00 04:48:00 09:36:00 14:24:00 19:12:00 00:00:00 04:48:00

Fonte: Autoria própria, 2018


Capítulo 4 RESULTADOS 55

O potencial de redução variou um pouco durante o dia e se manteve acima de


250 mV, conforme indicação dos fabricantes.

Gráfico 4 - Dados de valores de Oxigênio Dissolvido - OD (mg/L) medidos no Labofis


UEFS durante um dia

OD
9

8,5

7,5

6,5

6
00:00:00 04:48:00 09:36:00 14:24:00 19:12:00 00:00:00 04:48:00

Fonte: Autoria própria, 2018

O oxigênio dissolvido sofre influência da temperatura e por isso o gráfico


mostra sua variação ao longo do dia. Os pontos que mostram um pouco de
turbulência no gráfico pode indicar o acionamento da bomba no sistema, por
exemplo. Mas seu comportamento diário se manteve de 20 a 40% acima da
recomendação de 6 mg/L.

Os gráficos abaixo mostram o comportamento das variáveis medidas em


cinco dias úteis de coleta de dados, no Labensol no DFIS/UEFS.
Capítulo 4 RESULTADOS 56

Gráfico 5 - Dados de valores de Temperatura (°C) medidos no Labofis UEFS ao


longo de uma semana

Fonte: Autoria própria, 2018

É possível observar no gráfico acima a variação de temperatura ao longo da


semana, os valores mínimos e máximos ao longo de cada dia, mas não excedendo
o limite máximo de 40°C.

Gráfico 6 - Dados de valores de Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis


UEFS ao longo de uma semana

Fonte: Autoria própria, 2018


Capítulo 4 RESULTADOS 57

Gráfico 7 – Detalhe em menor escala no eixo vertical da região de valores de


Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis UEFS ao longo de uma semana

Fonte: Autoria própria, 2018

O pH se manteve estável ao longo da semana e acima do limite inferior de 6


pH, de forma semelhante ao gráfico diário mostrado anteriormente.

Gráfico 8 - Dados de valores de Potencial de Redução - ORP (mV) – medidos


no Labofis UEFS ao longo de uma semana

Fonte: Autoria própria, 2018


Capítulo 4 RESULTADOS 58

Houve variação no ORP ao longo da semana, provavelmente por conta de


matéria orgânica na água, o valor indicado se manteve acima de 250 mV indicado
pelo fabricante.

Gráfico 9 – Dados de valores de Oxigênio Dissolvido - OD (mg/L) – medidos no


Labofis UEFS ao longo de uma semana

Fonte: Autoria própria, 2018

Gráfico 10 – Detalhe em menor escala no eixo vertical da região dos valores de


Potencial hidrogeniônico – pH – medidos no Labofis UEFS ao longo de uma semana

Fonte: Autoria própria, 2018


Capítulo 4 RESULTADOS 59

O oxigênio dissolvido variou pouco em relação a sua faixa de medição (0-10


mg/L) ao longo da semana, ao ampliarmos o gráfico é possível ver um
comportamento semelhante ao gráfico de temperatura, indicando a influência da
mesma sobre o oxigênio dissolvido.

Em resumo, a variação de temperatura ao longo dos dias é perceptível no


gráfico, o pH se manteve estável durante a semana, o valor de oxigênio dissolvido
pode variar com a mudança de temperatura e o valor de ORP pode mudar em caso
de variação matéria orgânica . Esses mesmos comportamentos são percebidos nos
gráficos que mostram o comportamento de cada variável em um dia de medição.
60

Capítulo 5

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho mostra a importância da computação aplicada em diversos


segmentos. A atualização tecnológica proporciona monitoramento em tempo real e
integral, trazendo tomada de decisão célere, aumentando a confiabilidade do
processo. A utilização de microcontroladores pré-configurados facilitou a
disseminação da eletrônica, como no monitoramento da qualidade da água, que
pode servir de exemplo para ser implementado em cidades inteligentes, com
gestores preocupados com a saúde da população e a sustentabilidade. Assim como
esse projeto, que utilizou o tema de qualidade da água, diversos sensores podem
ser configurados para transmissão de dados remotos, podendo ser caracterizados
como Iot.

A importância do monitoramento constante da qualidade da água foi mostrada


e através dos dados estudados comprovou-se que é possível o maior
monitoramento e divulgação desses dados.

As dificuldades encontradas foram em relação à programação do Arduino,


pois foi preciso fazer diversas adaptações, implementações de bibliotecas e
comunicação entre placas genéricas e junções de códigos. Durante os testes com
os sensores, houve problemas também por conta da compra de placas genéricas e
alguns shields não se comunicavam com esses tipos de placas.

A montagem e adaptação das placas utilizadas foi evoluindo de forma


gradativa. O envio de dados por SMS foi conseguido, mas a quantidade limitada de
caracteres impulsionou uma mudança. O envio via GPRS não foi bem sucedido e o
shield comprado era defasado, sem comunicação 3G, a comunicação Ethernet
funcionou, mas o desenvolvimento do site demorou mais que o previsto, o módulo
WiFi não funcionou como previsto e, a conexão com o módulo Yun também foi
demorada, pois ele só se comunica com o Arduino original e não com o módulo
Capítulo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 61

genérico que estava sendo utilizado com as demais placas.

O maior desafio deste projeto foi a implementação da comunicação do


Arduino com a Internet. O ineditismo pessoal nesta área foi um dos fatores dessa
dificuldade e desconhecimento dos problemas com as placas de comunicação
(shields). Outro grande empecilho ao estudo foi o Proxy utilizado para segurança da
rede do laboratório, já que o mesmo bloqueia o acesso dos módulos à internet e por
isso foi preciso testar em outros lugares com Internet sem Proxy. O tipo de
comunicação foi mudado ao longo da pesquisa, ou por dificuldades ou por vontade
de apresentar uma proposta atual. As dificuldades que surgiram, apesar de atrasar o
desenvolvimento do protótipo e a finalização dos estudos, serviram para
aprendizagem e amadurecimento em relação à programação.

O objetivo inicial desta proposta foi atendido, o protótipo dos sensores foi
montado e servirá de pontapé inicial para outras pesquisas. As variáveis foram
medidas e colocadas em gráfico para mostrar esses valores ao longo dos dias. O
módulo desta pesquisa também foi testado em outros locais para confirmar a
mudança dos valores.

Os índices da legislação vigente nortearam os valores limites das variáveis


medidas, indicando que a medição do pH está bem próximo ao valor recomendado,
a temperatura e o OD se mostraram dentro dos limites, o resultado esperado para a
água de uma instituição deste porte. Não era intuito deste trabalho julgar a
potabilidade ou qualidade da água, mas mostrar as ferramentas e novos caminhos
para esse tema.

O funcionamento do módulo se mostrou estável e confiável, algumas falhas


durante o período de teste foram por conta da comunicação WiFi. A medição
indicada pelos sensores foi comparada com outros equipamentos e a medida ficou
próxima uma da outra (diferença de cerca de 0,5 unidades). A implementação do
sistema é simples e com essas orientações da pesquisa ele pode ser facilmente
adaptado em diversos locais.
Capítulo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 62

5.1 Perspectivas de Aplicações

O monitoramento remoto da qualidade da água é de grande valia para


empresas públicas e privadas. Esse trabalho pode ser aplicado em diversos locais,
em condomínios, em rios e lagoas, em faculdade e universidades, etc. Ele pode ser
ajustado, a comunicação pode ser trocada para o que melhor se adapta ao local.
Pode-se também utilizar a ideia base da comunicação remota e adequar outro tipo
de sensor, para monitoramento da temperatura, umidade, vazão, nível, pressão,
alarmes diversos, implementando a ideia da IoT em vários tipos de sensores.

Uma aplicação sugerida é o monitoramento da qualidade da água em lagos,


rios, represas, que fazem parte de barragem de usinas hidrelétricas, pois esse
monitoramento deve ser constante, a fim de verificar o impacto no rio que ela foi
construída e muitas vezes esse local a montante ou a jusante é de difícil acesso .
Dessa forma, o monitoramento remoto facilitaria o controle da pesquisa da qualidade
da água, sendo essa mesma água utilizada pela comunidade próxima, que necessita
da confirmação que a água usada está em boa qualidade para diversos usos.

5.2 Pesquisas Futuras

Para trabalhos futuros sugere-se que os sensores sejam adaptados a rios e


lagoas e que seja calculado de forma automática o IQA do local, com medições
adicionais, a fim de auxiliar o monitoramento da água em diversos pontos, formando
uma rede de sensores WSN ao longo do rio e, disponibilizando essas informações
na Internet para pesquisadores, estudantes e comunidade.

Para complementar esse trabalho, a medição de turbidez poderia ser


implementada através da utilização de um Circuito Integrado (MAX44006EDT+), e
adaptação de novos tipos de sensores ao módulo.

Os objetivos foram atingidos através desta pesquisa, mas algumas hipóteses


não foram comprovadas, pois a comunicação remota atrasou a finalização do
projeto. Com o sistema em funcionamento poderá ser feito um histórico relevante de
Capítulo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 63

dados para estudo das possíveis conexões entre as variáveis medidas e


correlacioná-las com índices pluviométricos registrados na Estação Meteorológica
da mesma.

No caso específico da UEFS, esse monitoramento pode ser mantido e a


informação pode seguir para a Unidade de Infraestruturas e Serviços e em breve ser
criado um sistema de dosagem de cloro de forma automática, com decisões
autônomas, a depender dos parâmetros indicados de qualidade da água, para que a
dosagem não seja padrão em qualquer situação, mas que seja a necessária para
aquela determinada qualidade da água. Para melhorar essa pesquisa da automação
da dosagem de cloro, pode-se pesquisar o contexto da computação ubíqua, onde a
informática está presente, tomando as decisões, passando as informações de forma
onipresente na vida das pessoas, de forma sutil.

A utilização desta informação em aplicativos de celulares seria um avanço


considerável na pesquisa, principalmente em caso de patente e comercialização,
pois seria de grande valia para condomínios e empresas que prezam pela qualidade
da água consumida, facilitando o entendimento e observação destas variáveis
medidas e disponibilizando o monitoramento remoto e móvel.

Outra melhoria sugerida seria a verificação de variáveis biológicas como


coliformes fecais, pois é mais uma variável importante e muito verificada quando se
trata de qualidade da água e saúde da população.

A próxima etapa a ser proposta seria a utilização de alarmes para comunicar


os responsáveis, através de mensagem de texto SMS ou e-mail, caso algum
parâmetro ultrapasse os níveis máximo e mínimo estabelecidos, a fim de que uma
intervenção seja feita em caso de discrepância do valor medido.

O monitoramento de cisternas de chuva também seria um bom trabalho a ser


feito, a fim de colaborar com a população que utiliza essa água, informações sobre
a qualidade e o nível da água nesses tanques aumentaria a utilidade desse sistema,
pois uma tomada de decisão poderia ser feita de forma mais planejada, a fim de
evitar os transtornos causados pela seca nesta região.

Esse estudo proporcionou grande amadurecimento em relação à


programação e à eletrônica, que irão fazer parte de nossas vidas cada vez mais,
Capítulo 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS 64

além da superação de dificuldades e crescimento acadêmico, na esperança de ter


colaborado com pesquisas futuras.
65

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<http://www.scielo.br/scielo.PHP?script=sci_arttext&pid=S0044-
59672012000300014&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 10 nov. 2016.

SOISSON, Harold E. Instrumentação industrial. São Paulo: Hemus, 2002, 687 p.

SOUZA, Giancarlos da Silva. Avaliação da Bacia Hidrográfica do Rio Paraguaçu


Utilizando Análise Multivariada. 2010, 113 p. Dissertação – Programa de Pós
Graduação em Química, Instituto de Química, Universidade Federal da Bahia,
Salvador, 2010.

SOUZA, Thaís Inês Marques de, PEREIRA, Sidney, DURÃES, Carla Adriana
Ferreira, OLIVEIRA, Jocilane Pereira de. Desenvolvimento de um medidor de pH
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REFERÊNCIAS 68

da Engenharia e da Agronomia, CONTECC’ 2015, Fortaleza, 2015.

THOMSEN, Adilson. Comunicação pela rede com o Módulo Ethernet ENC28J60.


2014. Disponível em https://www.filipeflop.com/blog/modulo-ethernet-enc28j60-
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USALI, Norsaliza, ISMAIL, MohdHasmadi. Use of Remote Sensing and GIS in


Monitoring Water Quality. Journal of Sustainable Development, vol. 3, n. 3, p.
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VIJAYAKUMAR, N., RAMYA, R. The Real Time Monitoring of Water Quality in IoT
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WONG , Brandon P., KERKEZ, Branko. Real-time environmental sensor data: An


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YSI Inc. The Evolution of Water Quality Monitoring.Ohio: 2015, 54 p.


69

Apêndice A

PROGRAMAÇÃO

Segue a programação feita no Arduino para enviar os dados para a planilha


do Google, o programa foi adequado com base em outros códigos disponíveis, mas
foi adaptado principalmente dos sites: https://temboo.com e https://www.atlas-
scientific.com/_files/code/4-port-board.pdf. Este exemplo está na IDE do Arduino. O
código é para receber as informações dos sensores e do horário da medição,
mostrar no monitor serial (caso o computador esteja conectado), guardá-las no
cartão SD/Pen Drive e imprimir na Internet.

A.1 – Programa no Arduino


//----------------------------------------------------------------------------------
-----------
///////////Bibliotecas
#include <Bridge.h>
#include <SoftwareSerial.h> //Include the software serial library
#include <TembooYunShield.h>
#include "TembooAccount1.h" // contains Temboo account information,
// as described in the footer comment below
#include <Process.h>
#include <FileIO.h>
#include <Console.h>

///////// Declaração das variáveis


const String GOOGLE_CLIENT_ID = "1076035613078-
bvsilddj8ilavt5f6dpect608ohelocc.apps.googleusercontent.com";
const String GOOGLE_CLIENT_SECRET = "tzu7pP5BRLXGco9MsmuC7yNu";
const String GOOGLE_REFRESH_TOKEN = "1/YxPmnfmVeoDpUYHEeXgO0Nq2ELV_o0S8HZc-
Rv2FbCY";
const String SPREADSHEET_ID = "1NQwx9LnMxMhz98DnnU3lmNpbXvlRN9qhHlKJ8iRUJ4I";
int numRuns = 1; // execution count, so this doesn't run forever
int maxRuns = 1000; // the max number of times the Google Spreadsheet Choreo should run
String sensorValue, t, p, o, od ;
String now;
char c;
int i;
SoftwareSerial sSerial(11, 10); // RX, TX - Name the software serial library sftSerial (this
cannot be omitted)
// assigned to pins 10 and 11 for maximum compatibility
byte s0 = 7; // Tentacle uses pin 7 for multiplexer control S0
byte s1 = 6; // Tentacle uses pin 6 for multiplexer control S1
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 70

byte enable_1 = 5; // Tentacle uses pin 5 to control pin E on shield 1


byte enable_2 = 4; // Tentacle uses pin 4 to control pin E on shield 2
char sensordata[30]; // A 30 byte character array to hold incoming data from the
sensors
byte sensor_bytes_received = 0; // We need to know how many characters bytes have been
received
int x = 0;
String sensorname;
String w;
String dataString;
String dataString2;
float a, y, yi;
int n;
float soma;
int med;
char filename1[30];
void impressao();
void imprimenet();
void zerarchannel();
void imprimeusb();

///////// Setup
void setup() {
Serial.begin(9600); // Set the hardware serial port to 9600
sSerial.begin(9600); // Set the soft serial port to 9600 (change if all your devices
use another baudrate)
Serial.flush();
Bridge.begin();
Console.begin();

Console.println("Initializing the bridge... ");


Console.println("Done!\n");
pinMode(s0, OUTPUT); // set the digital output pins for the serial multiplexer
pinMode(s1, OUTPUT);
pinMode(enable_1, OUTPUT);
pinMode(enable_2, OUTPUT);
Console.println("card initialized.");
FileSystem.begin();
}

void loop() {
for (x; x < 5; x++) { // if channel==0 then we open channel 0
// sSerial.print("c,0\r");
zerarchannel(); //RESETAR OS SENSORES
delay (250);
}
// make a string that start with a timestamp for assembling the data to log:
delay(180000);
dataString = getTimeStamp();
dataString2 = getHoraStamp();
sSerial.print("c,0\r");
for (x == 5; x < 10; x++) { // then we open channel 0
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 71

channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,1\r");
delay (250);
sensorname = "temp";
impressao();
}
sSerial.print("c,0\r");
for (x == 10; x < 15; x++) { // then we open channel 1
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,1\r");
delay (250);
sensorname = "PH";
impressao();
}
sSerial.print("c,0\r");
for (x == 15; x < 20; x++) { // then we open channel 2
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,1\r");
delay (250);
sensorname = "DO";
impressao();
}
sSerial.print("c,0\r");
for (x == 20; x < 25; x++) { // then we open channel 3
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,1\r");
delay (250);
sensorname = "ORP";
impressao();
}
if (x == 25) {
x = 0;
}
}

//////////FUNÇÕES//////////
void impressao() {
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 72

for (i = 0; i <= 5; i++) { // loop through all the sensors


if (sSerial.available() > 0) { // If data has been transmitted from an Atlas
Scientific device
sensor_bytes_received = sSerial.readBytesUntil(13, sensordata, 30); //we read the data sent
from the Atlas Scientific device until we see a <CR>. We also count how many character have been
received
sensordata[sensor_bytes_received] = 0; // we add a 0 to the spot in the array just
after the last character we received. This will stop us from transmitting incorrect data that may have
been left in the buffer
w = sensordata;
if ((x != 5 ) && (x != 10) && (x != 11) && (x != 15) && (x != 20)) {
if (w.toFloat() > 0) {
//a = w.toFloat();
if (n == 1) {
y = w.toFloat();
n++;
}
else {
yi = w.toFloat();
if ((((yi - y) / y) < 0.2) && (((y - yi) / yi) < 0.2)) {
soma = yi + soma;
med++;
n++;
}
else {
y = w.toFloat();
soma = 0;
med = 0;
}
}
}
}
else {
y = 0;
yi = 0;
n = 1;
soma = 0;
med = 0;
}
}
delay(1000);
if ((x == 9 && i == 5) || (x == 14 && i == 5) || (x == 19 && i == 5) || (x == 24 &&
i == 5)) {

if (sensorname == "temp") {
t = (soma / med);
}
if (sensorname == "PH") {
p = (soma / med);
}
if (sensorname == "DO") {
od = (soma / med);
}
if (sensorname == "ORP") {
o = (soma / med);
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 73

imprimenet();
imprimeusb();
}
Console.print(sensorname);
Console.print(":");
Console.println((soma / med));
n = 1;
soma = 0;
med = 0;
y = 0;
yi = 0;
}
}
}

void imprimenet() {

// get the number of milliseconds this sketch has been running


// unsigned long now = millis();
// run again if it's been 60 seconds since we last ran
// if (now - lastRun >= RUN_INTERVAL_MILLIS) {
// remember 'now' as the last time we ran the choreo
// lastRun = now;
// while we haven't reached the max number of runs...
if (numRuns <= maxRuns) {
Console.println("Running AppendValues - Run #" + String(numRuns++));

// get the number of milliseconds this sketch has been running


now = millis(); //

Console.println("Getting sensor value...");


// get the value we want to append to our spreadsheet
// unsigned long sensorValue = getSensorValue();

Console.println("Appending value to spreadsheet...");

// we need a Process object to send a Choreo request to Temboo


TembooYunShieldChoreo AppendValuesChoreo;

// invoke the Temboo client


// NOTE that the client must be reinvoked and repopulated with
// appropriate arguments each time its run() method is calLED.
AppendValuesChoreo.begin();

// set Temboo account credentials


AppendValuesChoreo.setAccountName("ellenlimalima");
AppendValuesChoreo.setAppKeyName("Sensoragua1");
AppendValuesChoreo.setAppKey("9RasqIdeLnNzig5lewK50KzMwr3Tykgt");

// identify the Temboo Library choreo to run (Google > Sheets > AppendValues)
AppendValuesChoreo.setChoreo("/Library/Google/Sheets/AppendValues");

// set the required Choreo inputs


// see https://www.temboo.com/library/Library/Google/Sheets/AppendValues/
// for complete details about the inputs for this Choreo
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 74

// your Google Client ID


AppendValuesChoreo.addInput("ClientID", GOOGLE_CLIENT_ID);

// your Google Client Secret


AppendValuesChoreo.addInput("ClientSecret", GOOGLE_CLIENT_SECRET);

// your Google Refresh Token


AppendValuesChoreo.addInput("RefreshToken", GOOGLE_REFRESH_TOKEN);

// the ID of the spreadsheet you want to append to


AppendValuesChoreo.addInput("SpreadsheetID", SPREADSHEET_ID);

// convert the time and sensor values to a comma separated string


String rowData = "[[\"" + String(dataString2) + "\", \"" + String(t) + "\", \"" + String(p) +
"\", \"" + String(od) + "\", \"" + String(o) + "\"]]";
AppendValuesChoreo.addInput("Values", rowData);

// run the Choreo and wait for the results


// The return code (returnCode) will indicate success or failure
unsigned int returnCode = AppendValuesChoreo.run();

// return code of zero (0) means success


if (returnCode == 0) {

Console.println("Success! Appended " + rowData);


Console.println("");
} else {
// return code of anything other than zero means failure
// read and display any error messages
while (AppendValuesChoreo.available()) {
char c = AppendValuesChoreo.read();
Console.print(c);
}
}
AppendValuesChoreo.close();
}
Console.println("Waiting...");
delay(5000); // wait 5 seconds between AppendValues calls
}
void zerarchannel() {
switch (x) {
case 0:
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,0\r");
//sSerial.print("Sleep\r");
delay (250);
break;
case 1:
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 75

0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,0\r");
//sSerial.print("Sleep\r");
delay (250);
break;
case 2:
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, LOW); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,0\r");
//sSerial.print("Sleep\r");
delay (250);
break;
case 3:
digitalWrite(enable_1, LOW); // setting enable_1 to low activates primary channels:
0,1,2,3
digitalWrite(enable_2, HIGH); // setting enable_2 to high deactivates secondary
channels: 4,5,6,7
digitalWrite(s0, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
digitalWrite(s1, HIGH); // S0 and S1 control what channel opens
sSerial.print("c,0\r");
//sSerial.print("Sleep\r");
delay (250);
break;
case 4:
Console.println("Zerado!");
delay (250);
n = 1;
soma = 0;
med = 0;
y = 0;
yi = 0;
break;
}
}
// This function return a string with the time stamp
String getTimeStamp() {
String result;
Process time;
// date is a command line utility to get the date and the time
// in different formats depending on the additional parameter
time.begin("date");
time.addParameter("+%F");
// time.addParameter("+%D-%T"); // parameters: D for the complete date mm/dd/yy
// T for the time hh:mm:ss
time.run(); // run the command
// read the output of the command
while (time.available() > 0) {
APÊNDICE A - PROGRAMAÇÃO 76

char y = time.read();
if (y != '\n') {
result += y;
}
}
return result;
}

// This function return a string with the time stamp


String getHoraStamp() {
String result2;
Process time;
// date is a command line utility to get the date and the time
// in different formats depending on the additional parameter
time.begin("date");
time.addParameter("+%D-%T"); // parameters: D for the complete date mm/dd/yy
// T for the time hh:mm:ss
time.run(); // run the command

// read the output of the command


while (time.available() > 0) {
char hora = time.read();
if (hora != '\n') {
result2 += hora;
}
}
return result2;
}
void imprimeusb() {

dataString = "/mnt/sd/" + dataString + ".txt";


Console.println(dataString);
dataString.toCharArray(filename1, 23);
// open the file. note that only one file can be open at a time,
// so you have to close this one before opening another.
// The FileSystem card is mounted at the following "/mnt/FileSystema1"
Console.println(filename1);
File dataFile = FileSystem.open(filename1, FILE_APPEND);
if (FileSystem.exists(filename1)) {
Console.println(dataString2);
dataFile.println(dataString2);
dataFile.print("TEMP:");
dataFile.println(t);
dataFile.print("PH:");
dataFile.println(p);
dataFile.print("OD:");
dataFile.println(od);
dataFile.print("ORP:");
dataFile.println(o);
dataFile.close();
}
else {
Console.println("error opening datalog.txt");
}
}
77

Apêndice B

LAYOUT DE MONTAGEM

Figura 20 – Layout de Montagem do Arduino com módulo de sensores no Labensol

Fonte: Autoria própria, 2018


78

Apêndice C

COMANDO

Segue uma parte da programação dos comandos AT utilizados para programar a


placa GSM/GPRS para configuração de acesso à internet, conforme manual da
placa.
“Port not selected. Press 'Find Ports'.
Found ports :COM4
Sending AT query..
AT
OK
Successful response for AT query..
AT+CGMM
SIMCOM_SIM900
OK
Model Number : SIMCOM_SIM900
AT+CGMI
SIMCOM_Ltd
OK
Manufacturer : SIMCOM_Ltd
AT
OK
Successful response for AT query..
AT+CPIN?
+CPIN: READY

OK
SIM is ready.
AT+CREG?
+CREG: 0,1
OK
The device is registered in home network.
AT+CGATT?
+CGATT: 1
OK
Device is attached to the network
AT+CIPSHUT
SHUT OK
AT+CIPSTATUS
OK
STATE: IP INITIAL
AT+CIPMUX=0
OK
AT+CGEQREQ?
APÊNDICE C - COMANDO 79
+CGEQREQ: 3,4,0,0,0,0,2,0,"0E0","0E0",3,0,0
OK
AT+CGCLASS?
+CGCLASS: "B"
OK
The device supports station class "B"
AT+CGDCONT?

+CGDCONT: 3,"IP","","0.0.0.0",0,0
OK
Following connection profiles are available,
AT+CGACT?
+CGACT: 3,0
OK
AT+CGPADDR=?
+CGPADDR: (1,2,3)
OK
AT+COPS?
+COPS: 0,0,"Oi"
OK
Device is currently on "Oi" network.
Following connection profiles are available,
CID-> 3
PDP Type->IP
APN->
PDP Address->0.0.0.0
Data Compression->0
Header Compression->0
AT+CSTT= "gprs.oi.com.br", "Oi", "Oi"
OK
AT+CIICR
OK
GPRS Connection bring up sucessful.”

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