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OUTUBRO/2012

PLANO DE BACIA DO RIO


TAQUARI-ANTAS
“Água de boa qualidade é como a saúde ou a
liberdade: só tem valor quando acaba”.
João Guimarães Rosa

2 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Índice Editorial...................................................................5

Apresentação .......................................................................6

A Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas..........................7

A Construção do Plano de Bacia..........................................12

Qual a Qualidade da Água na Bacia?.................................19

O Diagnóstico dos Usos Atuais das Águas..........................15

Quanta Água Temos Disponível?........................................ 20

Enquadramento das Águas Superficiais............................. 22

Ações Sugeridas............................................................... 28

Consequências do Enquadramento.................................... 29

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 3


Expediente
REALIZAÇÃO: Secretaria Estadual do Meio Ambiente (SEMA)
Departamento de Recursos Hídricos do RS (DRH/SEMA)
Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM
Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas

EXECUÇÃO: STE - Serviços Técnicos de Engenharia S.A.

COORDENAÇÃO TÉCNICA: Adriano Panazzolo - STE - Serviços Técnicos de Engenharia S.A. (Coordenador Geral)

ACOMPANHAMENTO: Depto. de Recursos Hídricos da Secretaria de Estado do Meio Ambiente – DRH/SEMA


Biólogo Tiago Brasil Loch
Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler – FEPAM
Bióloga Maria Dolores Piñeda
Fundação Estadual de Planejamento Metropolitano e Regional – METROPLAN
Engenheiro Paulo Renato Paim
Agência da Região Hidrográfica do Guaíba
Geógrafa Shirlei Dini Nielsen (METROPLAN)
Comitê de Gerenciamento de Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas
COMITÊ DE GERENCIAMENTO DA Nestor Halmenschlager (Membro Titular da Categoria Navegação e Mineração)
BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO Cíntia Agostini (Secretária Executiva)
TAQUARI-ANTAS
(Gestão 2012/2014) TEXTOS: Equipe Técnica do setor de Meio Ambiente, STE - Serviços Técnicos de Engenharia S.A.
Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas.

Presidente:
DESIGN GRÁFICO: Claudio Santos/Artevisual
Daniel Schmitz (UCS)
ILUSTRAÇÕES: Silvana Santos
Vice-Presidente:
Julio Cesar Salecker (CERTEL) IMAGENS: Acervo Técnico - STE - Serviços Técnicos de Engenharia S.A.
Acervo Técnico - Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas.

Secretária:
CONTRIBUIÇÃO ESPECIAL: Tiago Loch
Cíntia Agostini

4 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Editorial
A água é o elemento da natureza essencial Para planejarmos é importante termos res-
para a sobrevivência do homem e para a manu- postas as perguntas buscadas na estrutura do
tenção de todos os ecossistemas, além de ser plano de bacia, como: o rio que temos, analisado
primordial para o desenvolvimento econômico da no diagnóstico; o rio que queremos, definido nas
sociedade. Contudo, sofre diretamente os efeitos consultas públicas à sociedade; e, na sequência,
do descontrole dos seus usos, o que a degrada e obtermos o rio que podemos ter, ou seja, o concei-
provoca sua escassez ou impossibilidade de uso. to de compatibilização dos usos para atingirmos
Em concordância com estes conceitos, a as metas futuras definidas no enquadramento.
legislação do Estado do Rio Grande do Sul e do A sociedade foi chamada a participar, conhe-
Brasil estabeleceram diretrizes e princípios para cendo o diagnóstico e respondendo as perguntas
a gestão das águas, considerando a bacia hidro- para expressar os desejos de usos futuros, esta-
gráfica a unidade oficial de planejamento. A legis- belecidos pela população e pelos usuários, sem-
lação faz a leitura da nossa organização social, pre tutorados pelo gestor do Sistema de Recursos
onde os usos múltiplos são previstos e aceitos, Hídricos.
e, através da aglutinação das partes interessadas,
Fica o desafio da interlocução entre a socieda-
define uma rica metodologia para a participação
de, usuários da água e governo para que em breve
descentralizada no processo de planejamento e
se tenha a nova etapa de planejamento, onde se-
gestão das águas da bacia.
rão estabelecidas as intervenções necessárias e
Os comitês de bacia hidrográfica o parlamen- os custos a serem gerados para atingirmos estas
to das águas com representação da população, metas de qualidade no prazo de 20 anos.
dos usuários das águas e do governo, têm a in-
Parabéns a todos que participaram deste pro-
cumbência de harmonizar as intenções de uso e
cesso de planejamento e se inseriram num mo-
preservar os recursos hídricos, garantindo água
mento ímpar de tomada de decisão para a nossa
em quantidade e qualidade para as atuais e futuras
e futuras gerações. Parabéns as entidades e aos
gerações.
membros do Comitê de Gerenciamento da Bacia
Assim, o sistema de recursos hídricos consi- Hidrográfica Taquari-Antas que acreditam no exer-
dera a água como bem ambiental, público, finito e cício da democracia e na representação, e assim
vulnerável, dotado de valor econômico, elemento se viabilize a harmonia e a sustentabilidade dos
essencial para o desenvolvimento da sociedade, recursos hídricos.
sobrevivência dos ecossistemas e para a harmo- Daniel Schmitz
nização da paisagem. Soma-se a estes, o conceito
Presidente do Comitê de Gerenciamento da
dos usos múltiplos das águas, sem a priorização
de nenhum uso. Estes formam os elementos para Bacia Hidrográfica Taquari-Antas
a administração das águas da bacia. Gestão 2010/2012

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 5


Apresentação
Esta publicação visa trazer as informações ge-
radas e as deliberações referentes à construção do
Plano de Bacia do rio Taquari-Antas nestes dois anos
de trabalho. A STE - Serviços Técnicos de Engenha-
ria S.A esteve presente em todas as reuniões ordi-
nárias durante este processo, sendo a consultora
contratada para auxiliar o Comitê na elaboração das
fases “A” (Diagnóstico e Prognóstico dos Recursos
Hídricos) e “B” (Cenários Futuros para a Gestão dos
Recursos Hídricos e Enquadramento das Águas Su-
perficiais). O Plano teve início em outubro de 2010
e findou no mesmo mês do ano de 2012 e foi viabili-
zado e coordenado pelo Departamento de Recursos
Hídricos da Secretaria Estadual de Meio Ambiente
(DRH/SEMA).
Para se atingir os objetivos do processo de
planejamento de recursos hídricos na Bacia do
Rio Taquari-Antas foi necessário sensibilidade para
transmitir as informações geradas de forma clara e racterização da qualidade da água. Subsidiado pelo
objetiva para todos os interessados. Afinal, o desen- diagnóstico, na fase “B” o foco volta-se para os ce-
volvimento deste Plano envolve uma equipe multi- nários futuros projetando-se os usos atuais com a
disciplinar para subsidiar tecnicamente este traba- qualidade da água identificada, um breve histórico
lho que certamente possui características técnicas, de como se deu a definição nas reuniões plenárias
mas que não tem como acontecer sem a incessante do cenário intermediário e final de enquadramento
e qualificada participação da sociedade da Bacia, da Bacia e as intervenções necessárias para se che-
representada em última instância pelo Comitê da gar nestas metas estabelecidas.
Bacia Hidrográfica.
A equipe da STE sentiu-se honrada pela opor-
Os temas abordados referentes a fase “A” do tunidade de fazer parte deste envolvente processo
plano, permeiam a caracterização da bacia nos de construção que contou com a cumplicidade e
seus aspectos geográficos, sua diversidade e criti- trabalho do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hi-
cidade biológica, a identificação e mapeamento do drográfica Taquari-Antas, observado, entre outros
uso do solo, os usos que consomem água e os que tantos momentos, na mobilização da sociedade que
não consomem, a disponibilidade de água, o balan- esteve presente em grande número para decidir o
ço entre os usos e disponibilidade hídrica e a ca- futuro da sua Bacia.

6 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


A Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas
Características da Bacia
A Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-An-
tas abrange total ou parcialmente 118 muni-
cípios, sendo que 83 estão totalmente e 35
estão parcialmente inseridos na Bacia, vive
em sua área uma população de 1.281.866
milhão de pessoas em uma área de 26.415
Km². (IBGE, 2010). A densidade média po-
pulacional da Bacia é de 48,5 hab./km², en-
quanto o Estado corresponde a 39,8 hab./
km².
Adotou-se, para fins de elaboração do
Plano de Bacia, a sua divisão em 7 Unida-
des de Gestão (UGs), tendo como critérios
não somente os limites hidrográficos, mas
também as diferenciações de cunho socio-
econômico.
O Rio Taquari-Antas nasce no extremo
leste da Bacia com a denominação de Rio
das Antas até a foz do Rio Carreiro, quando
passa a denominar-se Taquari, desembocan-
do no Rio Jacuí. Possui uma extensão de 546
km desde as nascentes até a foz, sendo que
por 359 km é denominado Rio das Antas e
por 187 km, Rio Taquari.

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 7


A Biodiversidade As Áreas de Preservação Permanente (APP) ao longo dos principais cursos
d’água da Bacia são consideradas 2.396 km² segundo a Lei nº 4.771 de 15/09/1965.
A Bacia Hidrográfica do Taquari-Antas apresenta Através do uso do solo da Bacia identificaram-se 43% de vegetação arbórea em APP,
quatro tipologias vegetais distintas, sendo a Floresta sendo os restantes 57% da área ocupados por diversos usos (agropecuária, cam-
de Araucária a mais expressiva (IBGE, 2004), como pos, pastagens, área úmida, área urbana e silvicultura), alguns destes, impróprios
pode ser verificado no detalhamento a seguir: para uso nestas áreas.

Tipos de Vegetação da Bacia

28% 1%

36%
35%

Floresta de Araucária

Floresta Tropical

Campos do Sul do Brasil


Fazem parte da Bacia, total ou parcialmente, 4 Unidades de Conservação (UCs)
Floresta Estacional Federais e 4 Estaduais. Além disso, são reconhecidos 18 Monumentos Naturais
ligados aos recursos hídricos da região.

8 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Por percorrer uma série de formações fitogeográficas e ecossiste-
mas, a Bacia Taquari-Antas possui uma fauna bastante diversificada, in-
clusive espécies ameaçadas a nível estadual (Dec. Est. nº 41.672/02) e
nacional (IN nº 03/03).
A região do Planalto das Araucárias, onde insere-se a Bacia, se
destaca pelo elevado número de espécies de aves sob risco de extin-
ção. Dentre elas se destacam o narcejão (Gallinago undulata), o cabo-
clinho-de-barriga-preta (Sporophila melanogaster), a noivinha-de-rabo-
-preto (Xolmis dominicanus), a veste-amarela (Xanthopsar flavous), o
junqueiro-de-bico-reto (Limnoctites rectirostris) e o gavião-de-penacho
(Spizaetus ornatus). Para os mamíferos ameaçados no RS, registrou-se
a anta (Tapirus terrestris), o puma (Puma concolor), o gato-maracajá
(Leopardus wiedii), a jaguatirica (Leopardus pardalis), o tamanduá-mirim
(Tamandua tetradactyla) e três espécies de veados (Mazama americana,
Mazama gouazoupira, Ozotoceros bezoarticus).
Para o grupo dos anfíbios registram-se as espécies Melanophrinis-
cus cambaraensis, endêmica do Planalto (DI-BERNARDO et al., 2003),
M.macrogranulosus, Thoropa saxatilis, Elachistocleis erithrogaster.
Dentre as espécies da ictiofauna, destaca-se o dourado (Salminus
brasiliensis) espécie ameaçada de extinção no RS.
Para o grupo dos invertebrados, destaca-se a espécie de esponja
Oncosclera jewelli, ameaçada a nível estadual e nacional.

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 9


O Uso e Ocupação do Solo
Com auxílio de imagens de satélite, datadas entre os me-
ses de janeiro de 2008 e fevereiro de 2009, mapas auxiliares e
amostras obtidas em visita realizada à bacia, foram mapeadas
11 classes de Uso e Ocupação do Solo, agrupando usos seme-
lhantes ou predominantes em uma determinada área:

O mapeamento de uso e ocupação do solo permite identificar


de maneira rápida e unificada as características físicas quanto à
cobertura e ocupação dos solos. A Bacia abrange 118 dos 496
municípios do estado do Rio Grande do Sul, maior abrangência
de municípios por uma bacia hidrográfica em um Comitê es-
tadual instalado no Brasil. Estas características imprimem uma
variedade de usos e cobertura do solo bastante diversificada.

10 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Uso do Solo na Bacia

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 11


A construção do Plano de Bacia
Preparação Equipe Unidades de Gestão Lançamento PBTA Entrevistas Entrevistas Lajeado Guaporé
Consultora (nov/10) (Março/2011) (01/04/11) Abril 2011 Abril 2012 (08/03/12) (15/03/12)

2010 2011 2012


DRP Lançamento PBTA Mini Oficina Fiema
(03/12/10) (08/04/11) (01/07/11) (25/07/12)

Porta-Vozes
(22/11/11)

FASES

Preparação

Primeira Rodada

Segunda Rodada

Processo de Enquadramento

12
12 PLANO
PLANODA
DABACIA
BACIAHIDROGRÁFICA
HIDROGRÁFICADO
DORIO
RIOTAQUARI-ANTAS
TAQUARI-ANTAS
Bento Gonçalves Vacaria Caxias do Sul
(22/03/12) (29/03/12) (12/04/12)

2012 2012 2012


Pré-Enquadramento Enquadramento
(31/08/12) (29/09/12)

Lajeado (03/07/12)

Guaporé (05/07/12)

Bento Gonçalves
(06/07/12)

Vacaria (12/07/12)

Caxias do Sul
(13/07/12)

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 13


O Planejamento da Fases de Construção do Plano e seus Objetivos:
Gestão das Águas
da Bacia Etapa A - Diagnóstico e Prognóstico

O Plano da Bacia Hidrográ- Conhecer em detalhe a situação atual da bacia. Avaliar a qualidade e quantidade dos recursos hídricos disponí-
fica do Rio Taquari-Antas é um veis. Identificar os usos múltiplos, intervenções, ações projetadas e diagnosticar a compatibilidade das demandas
instrumento de planejamento com a situação da bacia.
do Sistema Estadual de Recur- Os usos estudados são: abastecimento público, esgotamento sanitário e drenagem, geração de energia, agrope-
sos Hídricos, com abrangência cuária, indústria, turismo e lazer e navegação. As demandas comunitárias e de preservação ambiental são também
territorial da totalidade da área consideradas nestes levantamentos.
da bacia. Coordenada pelas ins-
tâncias estaduais relacionadas Como resultado desta etapa sabemos o rio que temos hoje.
à Gestão Recursos Hídricos, é
elaborado por uma equipe téc- Etapa B - Cenários Futuros e Enquadramento
nica com a participação da so-
ciedade, sendo aprovado pelo
Identificar os usos desejados pela população em cada trecho do rio Taquari-Antas e afluentes. Definir as classes
Comitê de Bacia.
de qualidade necessárias para atender os usos desejados. Avaliar as intervenções para atingir os objetivos.
O objetivo final deste Pla-
no é a elaboração, no âmbito Como resultado desta etapa conhecemos o rio que queremos ter.
do Comitê, de uma proposta de
enquadramento das águas da Etapa C – Programas de Intervenções
Bacia Hidrográfica, acordando
os usos da água em termos de Definir e acordar as intervenções e a gestão adequada dos recursos hídricos a curto, médio e longo prazo. Esta
qualidade e quantidade, em um etapa não faz parte desta fase do Plano.
determinado horizonte temporal
de planejamento. São consen- Como resultado desta etapa será acordado o rio que poderemos ter.
sadas metas de qualidade de
água necessárias a estes usos,
desta maneira também definin- Mobilização social
do as ações necessárias para
esta realização. No processo de informação e mobilização social a Consultora propôs estratégias de trabalho interno para os
membros do Comitê e de envolvimento da sociedade. Durante a construção do Plano de Bacia, entre as várias ações
propostas estavam: mobilização da imprensa com o lançamento oficial; preparação dos porta-vozes; elaboração de
programetes de áudio e press kit para imprensa.

14 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


O Diagnóstico dos Usos Atuais das Águas
Usos da água (consuntivos e não consuntivos)
Diariamente a população da Bacia faz uso da água de forma direta e indiretamente para as atividades domésti-
cas, profissionais e de lazer. Esses usos são divididos em duas categorias: usos consuntivos - usos que consomem
água e os usos não consuntivos - precisam de água para ocorrer, mas não a retiram do rio.

Usos Consuntivos (Consomem água)

Pecuária
As principais criações na Bacia são
a bovinocultura, suinocultura e avicul-
tura. Os sistemas de criação destas Agricultura irrigada
espécies são distintos, configurando
diferentes demandas quali-quantitati- A área plantada total na Bacia é de 702 mil hectares.
vas de água. A demanda total de água Usualmente existe a necessidade de complemento de água
da pecuária por ano é de aproximada- nas culturas temporárias, como no caso da orizicultura e da
mente 72 milhões de m³/ano (2,28 m³/s). olericultura. Os sistemas de irrigação que apresentam maior
demanda são a inundação e aspersão, sendo que o total de
demanda de água das principais culturas irrigadas é de apro-
ximadamente 188 milhões de m³/ano (5,96 m³/s).

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 15


Usos Consuntivos (consomem água)

Abastecimento Público
Anualmente, este setor demanda 104 milhões de m³/ano de
água (3,3 m³/s). Em relação à população total da Bacia, temos
72% atendidas por mananciais superficiais (75 milhões m³/ano)
e 28% por mananciais subterrâneos (29 milhões m³/ano). O per-
centual de municípios abastecidos por mananciais subterrâneos
chega a 68%. Para os mananciais superficiais temos 19% dos
municípios e 13% são abastecidos de ambos os mananciais (sis-
tema misto).

Uso industrial
O setor industrial na Bacia do Taquari-Antas conta com 10.447
empreendimentos licenciados, segundo dados da FEPAM (Funda-
ção Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler). Os
ramos de atividades com maior expressividade na Bacia são as
indústrias de produtos alimentares, de móveis, metalúrgica bási-
ca, e de processamento de madeira, entre outros. A demanda de
água para uso industrial informada pelos processos de outorgas
é realizada em captações superficiais e subterrâneas, totalizando
em um ano mais de 30 milhões de m³ (0,95 m³/s).

16 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Usos Não Consuntivos (não consomem água)

Transporte Hidroviário
Partindo-se da foz em direção a nascente, o trecho navegável do rio
Taquari começa na confluência deste com o rio Jacuí e termina no Porto
Fluvial de Estrela. A capacidade de carga máxima das embarcações na
hidrovia é de 2.500 toneladas. Atualmente são transportados grãos e fa-
relo de soja, trigo, materiais de construção e insumos para a agricultura.

Pesca Extrativa e Aquicultura


Os principais pontos de pesca na Bacia concentram-se ao
longo do percurso baixo do rio Taquari e no arroio Castelhano,
próximo a cidade de Venâncio Aires. A principal área de criação
de peixes na Bacia localiza-se na UG do Baixo Taquari-Antas, em-
bora existam outros pólos de produção como o percurso Médio
Taquari-Antas e o Forqueta. Destacam-se o sistema de produção
extensivo e o semi-intensivo.

Mineração
De acordo com dados do DNPM (Departamento Nacional de Pro-
dução Mineral) os principais minerais extraídos na Bacia são: basalto,
água mineral, argila, saibro, areia, cascalho e lavra garimpeira de ame-
tista para uso e comercialização de pedras semipreciosas. As principais
atividades referem-se à extração de pedras (para obtenção de basalto
e saibro) e nos leitos dos principais cursos de água (para obtenção de
areia e cascalho).

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 17


Usos Não Consuntivos (não consomem água)

Geração de energia
Com base em dados de órgão reguladores (ANEEL) e licenciado-
res (FEPAM), no período de outubro a novembro de 2011, há 3 Usinas
Hidrelétricas (UHEs) em operação somando 360 MW (55%); 9 Cen-
trais de Geração Hidrelétrica (CGHs) totalizando 6,54 MW(1%); e 15
Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que somam 291 MW (44%),
totalizando 27 empreendimentos gerando aproximadamente 658 MW.
Turismo e lazer
A Bacia possui diversos atrativos
naturais utilizados para turismo e lazer
e também para práticas esportivas que
necessitam do Rio Taquari-Antas e seus
afluentes para sua realização, em ativida-
des com contato secundário e primário com
suas águas. Neste diagnóstico foram mapeados
118 pontos, esses dos mais diversos segmentos, desde banho em rio até
mesmo em escaladas em cachoeiras, ou então na prática de rafting. Há lo-
cais que já possuem o turismo consolidado, como os Campos de Cima da
Serra e a Serra Gaúcha, mas destaca-se que em todas as regiões da Bacia
são encontrados usos atrativos.
18 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS
Resolução CONAMA nº 357, de 17/03/2005
A gestão do planejamento de recursos hídricos visa à qualidade da água, Através do Conselho Nacional de Meio Ambiente que dispõe por meio da
de maneira que sejam garantidos os usos pretendidos. As águas de melhor Resolução CONAMA nº 357/2005 sobre a classificação dos corpos de águas
qualidade podem ser aproveitadas em usos menos exigentes, desde que não superficiais e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, apresenta-se
prejudiquem as características da mesma. os usos possíveis em cada classe. Os padrões de qualidade determinados
nesta deliberação estabelecem limites individuais para cada parâmetro em
cada classe.

Abastecimento doméstico sem prévia ou com simples desinfecção;


Especial Preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas.

Abastecimento doméstico após tratamento simplificado;


Proteção das comunidades aquáticas;
Recreação de contato primário (natação, esqui aquático e mergulho);
1 Irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desen-
volvem rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película;
Criação natural e/ou intensiva (aquicultura) de espécies.

Abastecimento doméstico após tratamento convencional;


Proteção das comunidades aquáticas;
2 Recreação de contato primário;
Irrigação de hortaliças e plantas frutíferas;
Aquicultura.

Abastecimento doméstico após tratamento convencional;


3 Irrigação de culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras;
Dessedentação de animais.

Navegação;
4 Harmonia paisagística;
Usos menos exigentes.

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 19


Qual é a Qualidade da Água na Bacia?
A caracterização da qualidade atual da água superficial na Bacia ocorreu através
de 63 pontos de monitoramento distribuídos em 25 sub-bacias. O Diagnóstico da qua-
lidade da água superficial considerou a sua conformidade com as diferentes classes
definidas pela Resolução CONAMA nº 357/2005, que estabelece os padrões de quali-
dade da água e os limites para seus diferentes usos.
Entre os principais poluentes que a caracterizam como classe 4 têm-se principal-
mente o fósforo, seguido de coliformes termotolerantes, matéria orgânica e oxigênio
dissolvido. O parâmetro fósforo não tem ainda seus processos de origem perfeitamen-
te identificados, sejam eles naturais ou antrópicos.
Deste modo, o quadro de qualidade utilizado para discutir a proposta de enqua-
dramento foi focado na redução dos parâmetros coliformes termotolerantes e matéria
orgânica. Em decisão dos órgãos licenciadores, em um momento posterior os estudos
relativos ao fósforo serão aprofundados para esta Bacia Hidrográfica.
No lançamento de cargas orgânicas (poluentes de origem urbana e animal), desta- Cargas da Bacia (tDBO/ano)
ca-se com 32% a UG do Baixo Taquari-Antas. Neste caso, a pecuária desponta como
fator principal com 55% das cargas. A segunda UG de maior influência com 28% é o 4%
Médio Taquari-Antas, tendo os esgotamentos urbanos como os maiores geradores de
carga.
43%

53%

Urbano

Pecuária

Industrial

Total da Bacia: 21.910 t/ano

20 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Pontos de Monitoramento da Qualidade da Água

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 21


Quanta Água Temos Disponível?
O Balanço Hídrico possibilita o pla-
nejamento dos usos múltiplos das águas Balanço hídrico anual
na Bacia, é essencial a relação entre a
quantidade de água disponível e quanto
dela é utilizado para cada uso.

Demandas da Bacia (m3/s)

8%
24%

2%

48%
18%

Urbano

Rural

Pecuária
Para o balanço superficial da Bacia Hidrográfica do Rio Taquari-Antas
Irrigação foram confrontadas as demandas de água para diversos setores e as dis-
ponibilidades hídricas totais nas vazões médias diárias de Q95%, Q90%,
Industrial Q85% e Q7,10 a serem superadas de cada sub-bacia.
Total da Bacia: 12,5 m3/s

22 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


O comprometimento hídrico é maior no período de dezembro a
março, devido ao aumento da demanda hídrica. As sub-bacias que
apresentam maior comprometimento são o Baixo Taquari, Rio Tega,
Rio Taquari-Mirim, Arroio Castelhano, Arroio Sampaio/Estrela.

Balanço hídrico do período mais crítico

A demanda de água total da Bacia corresponde a 5,98 m³/s, ou


188.760 milhões m³/ano, sendo a irrigação com 67% (4 m³/s, ou
126.770 milhões m³/ano) o uso de maior influência.

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 23


Enquadramento das Águas Superficiais

O que realmente significa o enquadramento?


Enquadrar é estabelecer a qualidade da água a ser alcançada ou mantida num
corpo d’água, de acordo com os usos pretendidos, ao longo do tempo. As metas de
qualidade de água definidas no Plano de Bacia necessitam buscar avanços do nível
de qualidade do corpo de água superficial num prazo definido pelo Comitê.

O Enquadramento
O Enquadramento é um instrumento de planejamento de recursos hídricos, resul-
tante de um amplo processo de participação da sociedade. As Consultas Públicas,
por intermédio do Comitê oportunizaram a manifestação das intenções futuras de
uso das águas da Bacia, dentro do processo de construção da respectiva proposta
de enquadramento das águas, de acordo com o disposto principalmente pela Reso-
lução CONAMA nº 357/2005.
O enquadramento dos corpos de água não se baseia necessariamente no seu
estado atual, mas nos níveis de qualidade que um corpo de água deveria possuir para
atender às necessidades definidas pela sociedade. Partindo da votação dos membros
do Comitê em reunião plenária realizada em agosto/2012 definiu-se preliminarmente
a proposta de enquadramento, sendo esta, consolidada no mês de setembro/2012.

24 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 25
Manifestações para intenção de uso
O Processo de consulta à comunidade foi cons-
truído por intermédio de duas rodadas de Consultas
Públicas e também trabalhos internos com as repre-
sentações de usuários, comunidade e poder público
instituídas no Comitê Taquari-Antas. As Consultas
Públicas ocorreram inicialmente para informar e au-
xiliar a população quanto aos resultados obtidos no
Diagnóstico da Bacia e a partir disso, recolher as in-
tenções de uso das águas desta população.
Participaram da primeira rodada 990 pessoas,
destas, 600 registraram suas intenções de uso tota-
lizando 2.899 manifestações. As Consultas Públicas
foram realizadas nas cidades de Lajeado, Guaporé,
Bento Gonçalves, Vacaria e Caxias do Sul.
A segunda rodada de Consultas Públicas, retor-
nando nas mesmas cidades, teve como objetivo di-
vulgar para os participantes os resultados sobre as
intenções almejadas e colher subsídios adicionais
para o processo final de elaboração da proposta de
enquadramento. O número de participantes nesta se-
gunda etapa foi de 195 pessoas, entre elas, 92 insti-
tuições (sindicatos; escolas; câmaras de vereadores;
câmaras de indústria e comércio; prefeituras; secre-
tarias municipais; ONGs; associações civis; coope-
rativas; secretarias e autarquias estaduais; empresas
públicas e privadas; universidades).
Os grupos temáticos formados para apreciação
do diagnóstico tiveram a oportunidade de contribuir
com a construção dos cenários futuros, através de
intenções de uso espacializadas em mapas temáti-
cos, sendo estas, incorporadas aos resultados finais
de intenção de uso.

26 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Resumo das Consultas Públicas (primeira rodada):
• Público presente: 990 pessoas
• Público votante: 600 pessoas
• Manifestações: 2.899

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 27


Metas Intermediárias de enquadramento para 10 anos
Para alcançar o enquadramento desejado, são necessárias metas interme-
diárias, um fator importante na gestão de ações, medidas e programas prioritá-
rios para cada sub-bacia. Estas metas ajudam a definir as variáveis de mudan-
ças. Desta forma, torna-se mais possível detalhar a magnitude das ações para
se chegar à meta definida para 20 anos.

28 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Metas de enquadramento para 20 anos

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 29


Ações sugeridas Para garantir que as metas intermediárias de enquadramento sejam alcançadas
no tempo pretendido de 10 anos, sugere-se possíveis ações aplicáveis conforme as
características de cada sub-bacia.

30 PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS


Consequências do Enquadramento

Após aprovado, o mesmo segue para a homo-


logação junto ao Conselho de Recursos Hídricos
do Estado do Rio Grande do Sul.
Este enquadramento irá balizar:
• Outorgas pelo uso da água;
• Licenças ambientais;
• Planejamentos regionais e locais.

PLANO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO TAQUARI-ANTAS 31


Execução:

Acompanhamento:

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