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GOVERNANÇA DAS ÁGUA NO SEMIÁRIDO: O CASO DO CONSELHO

DE USUÁRIOS DO AÇUDE POÇO DA CRUZ, IBIMIRIM, PE.


Pedro Henrique Rodrigues Ferreira1, Maria do Carmo Martins Sobral2, Renata Maria
Caminha Mendes de Oliveira Carvalho3

RESUMO
Os conselhos participativos para a gestão dos recursos hídricos são espaços importantes para a inclusão e
debates. Um destes colegiados são os Conselhos de Usuários de Açude em Pernambuco, que, embora não
mencionados, são apoiados pela principal lei de recursos hídricos do Estado. Objetivo deste trabalho é discutir
as fragilidades da gestão participativa e os contextos dos desafios envolvidos num Conselho Participativo de
Recursos Hídricos em a região semiárida, com base na situação dos Conselho de Usuários de Açude Poço
da Cruz, Ibimirm. Este colegiado é relevante pois está inserido em contextos de grande relevância, como as
alterações climáticas, o Projeto de Integração do Rio São Francisco, o aumento dos conflitos, governança
das águas e os ODSs. Por isso frente aos desafios mencionados, é necessário reforçar a gestão participativa,
empoderamento/capacitação dos membros deste colegiado, a fim de estabelecer uma base plena e plural
para a gestão. É impossível negar a importância dos grandes reservatórios na gestão dos recursos hídricos
em Pernambuco, dessa maneira a gestão dos recursos hídricos só alcançará uma plenitude a partir do
fortalecimento de órgãos participativos como o Conselho de Usuários de Açude Poço da Cruz.
PALAVRAS-CHAVE: CONSU. Governança das Águas. Semiárido.

ABSTRACT
Participatory councils for water resources management are important spaces for inclusion and debates. One
of the examples of these collegiates are the Councils of Water Users of Pernambuco State, which, although
not mentioned, are supported by the main water resources law of the state he objective of this work is to
discuss the weaknesses of participatory management and the contexts of the challenges involved in a Councils
of Water Users in the Brazilian semiarid region, based on the situation of the Councils of Water Users Poço
da Cruz, Ibimirm. This collegiate is relevant because it is inserted in the main reservoir. of the state and in the
context of issues of great importance such as climate change, the São Francisco River Integration Project,
increasing conflicts, water governance and SDGs. in face of the mentioned challenges, it is necessary to
strengthen the participative management, empowerment/capacity building of the members of this collegiate,
in order to establish a full basis and plurality for the management. It is impossible to deny the importance of
large reservoirs in the management of water resources in Pernambuco, as in the Northeast, so it is clear that
the fullness of the management will only happen with the strengthening and training of collegiate bodies such
as the Poço da Cruz Water Users Council.
KEYWORDS: CONSU. Semi-arid. Water Governance.

INTRODUÇÃO

Pernambuco contém dezenove Conselhos de Usuários de Açudes (CONSU),


contudo o CONSU Poço da Cruz merece maior destaque pelo caráter mais ativo,
representar o maior reservatório do Estado e conter um perímetro irrigado, o Perímetro
Irrigado Moxotó (PIMOX).
O conselho Poço da Cruz torna-se fundamental na temática da gestão dos recursos
hídricos pois está envolto a contextos de grande importância, como: governança das águas,
1
Aluno da Universidade Federal de Pernambuco. Regulação e Gestão de Recursos Hídricos. Recife,
Pernambuco, Brasil. E-mail: pedro.phrf@ufpe.br.
2
Docente no Mestrado em Regulação e Gestão de Recursos Hídricos /CTG/PROFAGUA. Universidade
Federal de Pernambuco. Recife, Pernambuco, Brasil. E-mail: maria.msobral@ufpe.br.
3
Docente no Mestrado em Regulação e Gestão de Recursos Hídricos/CTG/PROFAGUA. Instituto Federal de
Pernambuco. Recife, Pernambuco, Brasil. E-mail: renatacarvalho@ifpe.edu.br.

1
Projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF), gestão de conflitos, mudanças
climáticas, PIMOX e o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
Esse artigo propõe discutir as fragilidades da gestão participativa e os contextos dos
desafios envolvidos em um Conselho de Açude no semiárido pernambucano.

MATERIAS E MÉTODOS

O Açude Poço da Cruz (figura 1) está sob responsabilidade do Departamento


Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS). É uma barragem de 504.000.000 m³. O
principal objetivo é a fomentação da agricultura irrigada, que acontece por meio do PIMOX.

Figura 1 - Reservatório Poço da Cruz.

Fonte: Autor (2022).

A metodologia utilizada é de revisão bibliográfica adotando um caráter exploratório


embasado no método qualitativo.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Poço da Cruz será beneficiado pelas águas do eixo leste do PISF. Contudo, tais
projetos podem acarretar na movimentação de poluentes entre bacias hidrográficas. Em
estudo recente no eixo leste do PISF, Marques et. al. (2020, p.34), encontraram resultados
de que os parâmetros pH, fósforo total, DBO, coliformes termotolerantes e nitrogênio total
apresentaram desconformidades em relação a resolução CONAMA 430/2011.
Em um dos últimos relatório disponibilizados pelo Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC), o órgão elucida que os impactos proporcionados pelas
mudanças climáticas em regiões de semiárido estão acarretando em impactos como
períodos de secas mais prolongados e diminuição anual das chuvas (IPCC, 2022, p.2223).
Devido à escassez hídrica os conflitos em regiões semiáridas tendem a se
intensificar. A Comissão Pastoral da Terra (CPT), aludi que o Nordeste é uma das regiões
que apresentam maiores índices Brasil, com 33% dos conflitos de água registrados em todo
o território nacional (CPT, 2020, p.170).
Ainda não existem trabalhos que abordem a gestão participativa e governança
dentro do CONSU Poço da Cruz. Desse modo, foi feito o levantamento a partir de pesquisas
que abordassem outros conselhos de açude em Pernambuco.
Dessa maneira, dois trabalhos merecem ser destacados. São o de Almeida (2021,
p.114) e Gonçalves (2019, p.146), os dois encontraram problemáticas como falta e baixa
participação dos membros em conselhos de açudes.

2
A atuação do CONSU Poço da Cruz é fundamental para o alcance dos ODS, a
principal relação é com o ODS 6 (água potável e saneamento). Contudo, existem relações
com outros ODS, como o 13 (ações contra a mudança global do clima), o 5 (igualdade de
gênero) e 2 (fome zero e agricultura sustentável).

CONCLUSÃO

É possível assumir que tanto os aspectos da governança como da gestão


participativa devem estar bem longe do ideal;
O produto da final da pesquisa consiste na formulação de uma oficina de
capacitação, onde juntamente com a Agência Nacional de Águas e Saneamento (ANA),
colaborar para o fortalecimento do CONSU Poço da Cruz.

AGRADECIMENTOS

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento


de Pessoal Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001, agradeço
também ao Programa de Mestrado Profissional em Rede Nacional em Gestão e Regulação
de Recursos Hídricos - ProfÁgua, Projeto CAPES/ANA AUXPE No. 2717/2015, pelo apoio
técnico científico aportado até o momento.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, J. A. Governança da água do açude Bitury na bacia hidrográfica do


Ipojuca – Pernambuco. Dissertação (Mestrado em Rede Nacional em Gestão e
Regulação de Recursos Hídricos), Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2021,
136 f.

CPT. Conflitos no campo no Brasil. 2020. Disponível em:


Comissão Pastoral da Terra - Conflitos no Campo Brasil 2020 - Resumo do Download
(cptnacional.org.br). Acesso em: 16 de ago. 2022.

GONÇALVES, M. L. A. Governança das águas na bacia hidrográfica do Rio Pajeú,


Pernambuco, brasil: percepções dos atores e desempenho dos colegiados.
Dissertação (Mestrado em Rede Nacional em Gestão e Regulação de Recursos Hídricos),
Universidade Federal de Pernambuco. Recife, 2019. 171 f.

IPCC. Climate Change 2022: impacts, adaptation and vulnerability. 2022. Disponível em:
AR6 Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability — IPCC. Acesso em: 25
de ago. 2022.

MARQUES, E. A. T.; CARDOSO, A. S.; CUNHA, M. C. C.; SOBRAL, M. C. Qualidade da


água em trecho do eixo leste do projeto de transposição do Rio São Francisco,
Brasil. In: BARBOSA, F. C. (Org.). Meio ambiente e saneamento: impactos e desafios no
Brasil. 1 ed. Editora Conhecimento Livre, 2020. Cap. 2, p. 21-36.

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