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Amauri POLLACHI1
ABSTRACT: The uncertainties related to climate change induce the governance of water
structured according to the Integrated Water Resources Management (IWRM) to associate
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Universidade Federal do ABC (UFABC), Santo André – SP – Brasil. Mestre em Planejamento e Gestão do
Território. Universidade de São Paulo (USP), São Paulo – SP – Brasil. Graduado em Engenharia Mecânica e
História. É pesquisador no Projeto Temático MacroAmb, financiado pela FAPESP. ORCID: https://orcid.org/0000-
0003-0103-4707. apollachi@gmail.com.
KEYWORDS: water governance; adaptive management; alto tiete water basin committee;
water scarcity
Introdução
gestão adaptativa “defendida como uma extensão da GIRH para lidar com estes
desafios, pois visa aumentar a capacidade de adaptação das bacias hidrográficas
com base em uma compreensão profunda dos principais fatores que determinam
sua vulnerabilidade.” (PAHL-WOSTL et al., 2005, p.4).
Os conflitos e as tensões em torno da escassez e da qualidade da água
fizeram surgir, primeiramente nas instâncias da ONU, os conceitos da Gestão
Adaptativa (GA) alicerçados em teorias de resiliência e envolvidos com a gestão
de incertezas por meio da experimentação formal e da aprendizagem baseada em
processos sociais (ENGLE et al., 2011).
A combinação de GIRH e GA permite uma conjugação de teoria e prá-
tica, a reunir diferentes instituições e mecanismos voltados para o incremento
de eficácia, a participação e a democratização do público em geral e das partes
interessadas, a ampliação do conhecimento por diferentes formas e a promo-
ção de flexibilidade e adaptabilidade. Trata-se de uma transição sociotécnica,
compreendida como a mudança de um regime sociotécnico para outro. Para
García-Soler, Moss e Papasozomenou (2018, p.97), esse regime alude a “uma
configuração particular de elementos materiais e sociais que, ao longo do tempo,
se auto fortalece e, consequentemente, é difícil de mudar.”. Esquematicamente,
os princípios da GIRH e da GA e as possíveis tensões de sua associação são
demonstrados na Fig. 1.
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“Art. 21. Compete à União: (...) XIX – instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir
critérios de outorga de direitos de seu uso;” (BRASIL, 1988).
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Após São Paulo, Ceará (Lei nº 11.996/1992), Minas Gerais (Lei nº 11.504/1994) e Rio Grande do Sul (Lei
nº 10.350/1994).
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Conforme a Lei nº 9.034, de 27 de dezembro de 1994 (SÃO PAULO, 1994), posteriormente revogada pela Lei
nº 16.337, de 14 de dezembro de 2016, que revalidou a divisão do estado nessas 22 UGRHIs.
Em destaque, está a UGRHI-6, área de abrangência do Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê.
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Criado pelo Decreto nº 27.576 de 11 de novembro de 1987.
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A implantação de Agência de Bacia ocorreu em apenas três CBHs (Piracicaba, Capivari e Jundiaí; Sorocaba
e Médio Tietê; e Alto Tietê), pois dependem da viabilidade econômica da sua fonte de receita que provém,
essencialmente, da dotação de até dez por cento dos recursos arrecadados com a cobrança pelo uso dos recursos
hídricos da respectiva UGRHI, prevista no art. 8º da Lei estadual nº 10.020/1998.
Deliberação CBH-AT nº 02, de 04 de junho de 2013, que aprovou reforma do Estatuto do CBH-AT.
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O Decreto nª 61.111 foi publicado no Diário Oficial do Estado (DOE) em 4 de fevereiro de 2015 e republicado
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no DOE em 5 de fevereiro de 2015 para inclusão na sua composição das Secretarias Estaduais de Agricultura e
Abastecimento e de Energia, e do Prefeito de Campinas. Também foi alterado pelo Decreto Estadual nº 61.135, de
25 de fevereiro de 2015, tão somente para incluir a Confederação Nacional do Turismo.
Processo nº 1000437-05.2018.8.26.0451.
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nª 116, sobre o Plano de Aplicação dos Recursos da Cobrança pelo Uso da Água de 2021. Disponível em: https://
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da UGRHI 6; (iii) cobrança pelo uso de recursos hídricos e gestão dos valores
arrecadados; (iv) atuação como órgão técnico das APRMs; e, (v) gerenciamento
dos recursos do FEHIDRO vinculados ao CBH-AT. O Plano de Trabalho da
FABHAT para 2021, aprovado por seu Conselho Deliberativo (FABHAT, 2020),
apresenta um conjunto de ações para o aperfeiçoamento e a consolidação de
suas funções.
Em comparação com o período da crise hídrica é possível depreender
que o CBH-AT, em 2021, possui uma tendência a maior pluralidade em sua
composição; possui um patamar superior de transparência e fidedignidade de
informações; e está mais bem aparelhado e mais independente do aparato do
estado para o exercício de suas atribuições.
Considerações finais
Agradecimento
REFERÊNCIAS
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