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XXIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE RECURSOS HIDRÍCOS

PROPOSTA DE UM SISTEMA DE SUPORTE À DECISÃO PARA


CONCESSÃO DE OUTORGAS DE ÁGUAS SUPERFICIAIS PARA O
ESTADO DE RONDÔNIA
Cristiane Araújo Amaro 1 & Maíra Hilgemberg Alves 2

RESUMO – A água é uma fonte natural e limitada, imprescindível para a vida dos seres vivos e para
o desenvolvimento econômico. O aumento crescente pelo seu consumo, mesmo em regiões onde se
localiza o estado de Rondônia, com uma disponibilidade hídrica proveniente de uma extensa rede
hidrográfica, a quantificação do balanço hídrico torna-se um parâmetro essencial na gestão dos
recursos hídricos, principalmente diante da tomada de decisão para outorga de direito de uso da água.
Com o objetivo de fornecer uma ferramenta que auxilie os gestores da SEDAM/RO nas análises
técnicas e tomadas de decisão, adotou-se o SSD OutorgaLS para o desenvolvimento da rede de
simulação composta por um banco de dados personalizado que inclui, dentre outras informações, os
valores de disponibilidade e demanda hídricas superficiais, inseridos de acordo com a disposição
espacial da rede hidrográfica e com os critérios definidos no Plano Estadual de Recursos Hídricos de
Rondônia para a bacia do rio Machado. Os resultados mostraram uma situação de déficit hídrico,
confirmada pela existência real de conflitos pelo uso das águas nesta bacia. Concluiu-se também a
importância da atualização constante das informações que subsidiam os cálculos do balanço hídrico.
Palavras-Chave – Gestão de recursos hídricos; Sistema de Suporte à Decisão; Outorga

PROPOSAL OF A DECISION SUPPORT SYSTEM FOR SURFACE WATER


RIGHTS FOR THE STATE OF RONDÔNIA
ABSTRACT – Water is a natural and limited source, indispensable for the life of living beings and
for economic development. The increasing increase in consumption, even in regions where the state
of Rondônia is located, with a water availability from an extensive hydrographic network, the
quantification of the water balance becomes an essential parameter in the management of water
resources, mainly for decision to water rights. In order to provide a tool to assist SEDAM/RO
managers in the technical analysis and decision making, the decision support system OutorgaLS was
adopted for the development of the simulation network composed by a customized database that
includes, among other information, the water availability and water demand values, inserted
according to the spatial layout of the hydrographic network and with the criteria defined in the State
Plan of Water Resources of Rondônia for the Machado river basin. The results showed a situation of
water deficit, confirmed by the real existence of conflicts over the use of the waters in this basin. It
was also concluded the importance of constant updating of the information that subsidizes the
calculations of the water balance.
Keywords – Water resources management; Decision support system; Water rights

1) Pesquisador de Campo no Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) - Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) -
cristiane.amaro@ipea.gov.br; policrisamaro@alumni.usp.br
2) Assistente de Pesquisa no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) - Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais
(Dirur) - maira.alves@ipea.gov.br; mairahilgemberg@hotmail.com

XXIII Simpósio Brasileiro de Recursos Hídricos (ISSN 2318-0358) 1


1. INTRODUÇÃO
A água é uma fonte natural e limitada, imprescindível para a vida dos seres vivos, visto que o
seu consumo tende a aumentar com o passar dos anos, devido ao desenvolvimento da sociedade, tanto
em termos populacionais como de atividade econômica. No entanto, o desenvolvimento das
atividades econômicas que necessitam de água deve estar atrelado à disponibilidade hídrica para que
não haja conflitos por água no presente e no futuro.
De acordo com o Conjuntura (ANA, 2017), em 2016, no Brasil a atividade de irrigação (46,6%)
indicou uma maior retirada de água, seguida pelas demais atividades, como abastecimento urbano
(23,3%), indústria (9,2%), abastecimento rural (1,6%), mineração (1,6%), termelétrica (10,3%) e uso
animal (7,9%). Para este mesmo ano, de acordo com a RHA (2018), o estado de Rondônia apresentou
um maior consumo de água para a atividade de uso animal (42%), em relação às outras atividades,
como abastecimento urbano (29%), termelétrica (12%), irrigação (10%), indústria (5%), e
abastecimento rural (2%).
Para suprir esta demanda hídrica, o estado de Rondônia tem uma disponibilidade hídrica
proveniente de uma extensa rede hidrográfica, a qual é compartimentada em 7 bacias hidrográficas
(rio Abunã, rio Guaporé, rio Jamari, rio Machado, rio Madeira, rio Mamoré e rio Roosevelt). E para
facilitar a gestão dos recursos hídricos no estado de Rondônia, estas bacias hidrográficas foram
subdivididas em 19 Unidades Hidrográficas de Gestão (UHG), conforme proposto pelo PERH/RO
(RHA, 2018). Este Plano sugere também que a disponibilidade hídrica do estado deve corresponder
a Q95% (vazão que em 95% do tempo é igualada ou superada), porém, o percentual da real
disponibilidade hídrica passível de outorga depende das características de cada UHG, a qual pode
variar de 60% a 80% da Q95% (RHA, 2018).
Diante deste panorama, a quantificação do balanço hídrico, ou seja, a determinação da diferença
entre a disponibilidade hídrica e a demanda hídrica torna-se um parâmetro essencial na gestão dos
recursos hídricos, principalmente diante da tomada de decisão para outorga de direito de uso da água
superficial.
Com o objetivo de fornecer uma ferramenta que auxilie os gestores da SEDAM no suporte à
decisão para outorga do uso do recurso hídrico superficial, o Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea) em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), possibilitaram o
desenvolvimento de uma pesquisa aplicada na área de sistemas de informação de recursos hídricos,
que visa o desenvolvimento de ferramentas para auxiliar na gestão dos recursos hídricos.
Desta forma, a pesquisa aplicada convergiu para a seleção de um software de uso livre capaz
de aperfeiçoar a decisão dos pedidos de concessão de outorgas de águas superficiais no estado de
Rondônia. Depois de pesquisas sobre a existência de opções com as características desejadas, optou-
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se pelo SSD OutorgaLS, programa composto por algoritmos capazes de realizar a alocação da água
de forma otimizada, o qual possibilitou a elaboração da rede de simulação composta por um banco
de dados personalizado que incluem, dentre outras informações, os valores de disponibilidade e
demanda hídricas superficiais, inseridos de acordo com a disposição espacial da rede hidrográfica e
com os critérios definidos no Plano Estadual de Recursos Hídricos do estado de Rondônia.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Com o objetivo de promover a efetiva articulação entre os processos de gestão das águas e de
regulação de seus usos, bem como o fortalecimento do modelo brasileiro de governança das águas,
em 2013 foi instituído o Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão de Águas
(Progestão), regulamentado pela Resolução ANA nº 379, no qual o estado de Rondônia participa
desde o primeiro ciclo.
Dentre as diversas metas do Progestão, Rondônia precisaria desenvolver ferramentas que
melhorassem a tomada de decisão para os processos de outorgas das águas superficiais. Portanto, este
artigo apresenta o desenvolvimento de um sistema de suporte à decisão para a outorga de águas
superficiais em Rondônia, capaz de auxiliar os técnicos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento
Ambiental (SEDAM/RO) nas análises dos pedidos de outorga e nos pareceres técnicos, concluindo
com a emissão do termo de outorga.
Neste contexto, com o intuito de desenvolver uma ferramenta, no âmbito do projeto
“Aperfeiçoamento de Ferramentas Estaduais de Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito do
Progestão” e assim atingir os objetivos estratégicos finalísticos e de gestão em Rondônia, o Ipea por
meio de seus pesquisadores, visa buscar resultados para a melhoria do modelo de suporte à decisão
para outorga de águas superficiais em Rondônia.

3. SISTEMAS DE SUPORTE À DECISÃO


As variáveis que envolvem a questão da outorga (disponibilidade hídrica, vazões de referência,
vazão outorgável, qualidade da água, entre outras) juntamente com as suas incertezas associadas,
tornam a tomada de decisão para a outorga um desafio complexo, sendo necessária a adoção de
abordagens mais sistêmicas para encontrar soluções satisfatórias ao problema decisório (Cruz, 2001),
bem como para otimizar os seus processos, nos quais são consideradas as informações mais relevantes
para a solução, divididas entre dados de entrada (hidrológicos, demandas, prioridades entre os
usuários e qualidade da água) e a resposta do sistema, no caso a bacia hidrográfica (volumes
outorgados, vazões remanescentes e qualidade da água).
O SSD vem para auxiliar nestes processos decisórios, as quais são ferramentas computacionais
fundamentadas em base de dados, modelos matemáticos e de interfaces amigáveis entre o usuário e

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o computador (Porto e Azevedo, 1997 apud Cruz, 2001).
E como o gerenciamento da oferta e da demanda, no Brasil, tem o embasamento na legislação
federal, a qual dispõe que a outorga deve ser vinculada a estudos referentes ao balanço hídrico, estes
sistemas contemplam em sua metodologia o cálculo do balanço hídrico para auxiliar as análises
necessárias para a concessão ou dispensa dos pedidos de outorga.

4. METODOLOGIA
Área de Estudo
A área de estudo é a bacia hidrográfica do rio Machado no estado de Rondônia, a qual é
subdividida, para fins de gerenciamentos dos recursos hídricos da região, em quatro Unidades
Hidrográficas de Gestão: Alto Rio Machado, Médio Rio Machado, Rio Jaru e Baixo Rio Machado
(Figura 1).
A bacia hidrográfica do rio Machado está totalmente inserida no estado de Rondônia com seu
exutório no rio Madeira, tem como principais afluentes os rios Comemoração, Machadinho, Jaru e
Urupã

Figura 1 – Unidades Hidrográficas de Gestão da Bacia do rio Machado no Estado de Rondônia

Desenvolvimento da Ferramenta
O software escolhido como ferramenta de suporte à decisão para a concessão de outorga do uso
da água superficial para o estado de Rondônia foi o aplicativo OutorgaLS (Plataforma Generalizada
para Análise de Concessão de Outorga para Captação de Água e para Lançamento de Efluentes).

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O OutorgaLS é uma ferramenta de SSD utilizada para solucionar problemas relacionados à
outorga por meio do cálculo do balanço hídrico. É uma adaptação do AcquaNet desenvolvido pelo
LabSid da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o qual adota o modelo de rede de fluxo
composto por uma topologia (Figura 2) para a simulação de bacias hidrográficas: reservatórios,
demandas e trechos de canais (EPUSP, 2012).
O modelo tem como características principais: o armazenamento das informações em bancos
de dados, uma interface gráfica composta por um sistema de informações geográficas (SIG) e dois
modelos de simulação (alocação e qualidade da água), na presente pesquisa foi utilizado somente o
módulo de quantidade. As vantagens do programa consistem na facilidade de uso e da interface
gráfica permitir a avaliação dos resultados da simulação na tela, empregando nos cálculos de alocação
da água, a otimização do algoritmo out-of-kilter.

Figura 2 – Botões do programa para desenhar a topologia (Fonte: adaptado EPUSP, 2012)

Material e Dados de Entrada


Como o OutorgaLS é um programa que permite a consulta de informações por meio de feições
geográficas (layers), a montagem da rede de simulação foi iniciada pela organização de arquivos tipo
shapes (.shp) que serviram como “pano de fundo” para o traçado da topologia (nós e links).
Os shapes necessários para a montagem da topologia da rede de simulação foram levantados
do site da ANA (http://metadados.ana.gov.br/geonetwork/srv/pt/main.home), mais especificamente a
BASE HIDROGRÁFICA OTTOCODIFICADA MULTIESCALAS 2017 5K (BHO5K), na qual
foram utilizados os seguintes arquivos:
• Trechos de Drenagem (gpkg): utilizados para o traçado da rede (nós de passagem e links) e
cálculo da disponibilidade hídrica;
• Áreas de Contribuição Hidrográfica (gpkg): base ottocodificada 1:1.000.000 (nível 6), são as
ottobacias que serviram para a definição dos nomes dos elementos da rede de simulação e para o
cálculo da disponibilidade hídrica.
As informações para a inserção das demandas foram provenientes da base de dados do
CNARH40.
Além dos arquivos para desenhar a rede, foram também utilizadas as delimitações das Unidades
Hidrográficas de Gestão (UHG) da bacia do rio Machado, provenientes do Plano Estadual de

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Recursos Hídricos do Estado de Rondônia (PERH/RO).
Todas essas informações foram trabalhadas em um ambiente de Sistema de Informações
Geográficas (SIG) e inseridas posteriormente no OutorgaLS, a Figura 3 mostra a base de dados para
a bacia do Alto Machado.

Figura 3 – Base de arquivos shape para a montagem da rede de simulação

Foram considerados como dados de entrada para o cálculo do balanço hídrico no OutorgaLS,
as demandas provenientes dos usuários inseridos no CNARH e, como disponibilidade hídrica, as
vazões de referências oriundas do PERH de Rondônia (RHA, 2018).
Os dados de demanda hídrica importados da base de dados do CNARH40 foram analisados
para a identificação de incoerências e trabalhados para selecionar as demandas cabíveis para a
simulação, no caso, os usuários com outorgas vigentes.
Já os valores de disponibilidade hídrica foram obtidos, primeiramente, por meio de uma
verificação da adequabilidade das equações de regionalização elaboradas para o PERH/RO para as
quatros UHGs, em que foram comparadas as vazões de permanência teóricas com as observadas em
campo e caso fossem encontradas diferenças entre estes valores, foram elaborados outros critérios
para a determinação das disponibilidades hídricas que alimentaram os trechos de drenagem da rede
de simulação. Esta análise teve o objetivo de disponibilizar valores mais próximos daqueles que
realmente ocorrem, diminuindo os erros de estimativa provenientes quando se adotam as equações
de regionalização, principalmente em regiões com pouca cobertura de postos fluviométricos.
A disponibilidade hídrica passível de outorga das UHGs do rio Machado foi proposta pelo
PERH/RO, a partir de critérios mais ou menos restritivos, que levaram em consideração questões
ambiental, social, cultural e de densidade populacional destas áreas.

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A Tabela 1 mostra os critérios adotados na montagem da rede de simulação.
Tabela 1 - Vazões outorgáveis adotadas
UHG Observação Vazão outorgável
Alto Rio Machado critérios padrões 70%Q95%
Médio Rio Machado menos restritivo 80%Q95%
Rio Jaru menos restritivo 80%Q95%
Baixo Rio Machado critérios padrões 70%Q95%
Fonte: adaptado RHA (2018).

A adequação dos dados de disponibilidade hídrica foi realizada mediante uma esquematização
da rede hidrográfica da bacia do rio Machado em planilha eletrônica. Cada UHG foi montada em uma
planilha eletrônica, a qual foi subdividida de acordo com a hidrografia, com seus rios principais e
afluentes, a Figura 4 ilustra parte da planilha montada para a UHG do Alto Machado. A
esquematização da hidrografia foi feita a partir da ordenação dos trechos de drenagem e das ottobacias
correspondentes, uma vez que o valor da disponibilidade hídrica está atrelado às áreas de drenagem
provenientes das ottobacias.

Figura 4 – Planilha de esquematização da rede de simulação – Subdivisão hidrográfica

Esquematização para a montagem da rede de simulação


A montagem da rede de simulação para a bacia do rio Machado foi realizada por partes,
iniciando com a UHG do Alto rio Machado, seguida da UHG do Médio Rio Machado e assim por
diante.
Como a disponibilidade hídrica é obtida pelo uso de equações de regressão e de vazões
específicas, as quais usam como variável determinante a área de drenagem e, como se tem essa
informação nas ottobacias (shape “Áreas de Contribuição Hidrográfica”), a rede foi montada (Figura
5) baseando-se no princípio de que as ottobacias seriam delimitadas pelos nós de passagem e entre
estes estaria o link, no qual foi inserida a disponibilidade hídrica (vazão outorgável).
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Figura 5 – Esquema de montagem
As topologias da rede de simulação foram nomeadas para que pudessem ser identificadas e
localizadas facilmente, por meio de uma nomenclatura que indicasse em qual curso d´água o elemento
está inserido.
Com o intuito de colocar os nós de demanda mais próximos possível do ponto real de captação
no rio, os trechos de drenagem foram subdivididos por subtrechos, a disponibilidade hídrica, neste
caso, foi determinada considerando a vazão proporcional ao comprimento do subtrecho. A Figura 6
ilustra um exemplo da obtenção das vazões dos subtrechos para o primeiro “cotrecho” do rio
Comemoração e para o afluente igarapé Pires de Sá, na planilha eletrônica.

Figura 6 – Exemplo de obtenção das vazões dos cotrechos

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5. RESULTADOS
A metodologia adotada para o desenvolvimento da ferramenta possibilitou a montagem de duas
redes de simulação, a primeira para as UHGs do Alto Rio Machado e Médio Rio Machado e a segunda
para as UHGs do Jaru e Baixo Rio Machado de forma parcial (Figura 7).

Figura 7 – Redes de Simulação


De um modo geral, as simulações feitas até o momento permitiram ter uma ideia de como a
bacia do rio Machado está em relação ao atendimento de suas demandas, como é mostrado na Tabela
2. A UHG do Jaru apresenta uma situação mais confortável, enquanto as do Alto e Médio Machado
apresentam os maiores déficits de atendimento, inclusive em relação aos volumes outorgados.
Tabela 2 – Atendimento das demandas
Demandas % de não Vazão Vazão %
UHG Demandas
não atendidas atendimento solicitada (L/s) outorgada (L/s) atendimento
Alto e Médio 1.198 177 15% 97.264 14.833 15%
Jaru 232 22 9% 2.980 2.596 87%
TOTAL 1.430 199 14% 100.244 17.429 17%

Esses resultados estão de acordo com os relatos de conflitos pelo uso da água existentes na área
de estudo, contudo, convém realizar uma consistência mais detalhada do cadastro dos usuários para
a confirmação destes volumes não atendidos, bem como adotar as parcelas de retorno das vazões
captadas (irrigação, abastecimento público e etc.) nos cálculos do balanço hídrico.

6. CONCLUSÕES
A ferramenta em elaboração nesta pesquisa aplicada será importante para subsidiar a gestão dos
recursos hídricos em Rondônia, visto que já existem conflitos por água na região e porque uma vez
adotada na bacia hidrográfica do rio Machado, ela poderá ser replicada para todo o estado. Também
auxiliará os gestores nas análises técnicas necessárias para a tomada de decisão da outorga,
principalmente se a demanda hídrica pleiteada é factível de ser atendida com a disponibilidade hídrica
existente, diante do balanço hídrico calculado pelo programa.
A pesquisa em andamento também tem demonstrado a importância da atualização e geração
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constante de informações necessárias aos cálculos do balanço da disponibilidade hídrica das bacias
hidrográficas frente às demandas solicitadas, para que o tomador de decisão tenha sempre uma visão
da situação hídrica mais próxima do que realmente está acontecendo, conforme o desenvolvimento
da região. Esta atualização precisa ser feita por meio da manutenção e consistência periódicas do
cadastro de usuários, bem como das reservas hídricas por meio do aumento da rede de monitoramento
hidrometeorológico e de estudos hidrológicos pertinentes.
AGRADECIMENTOS
As bolsistas Cristiane Araújo Amaro e Maíra Hilgemberg Alves agradecem ao Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e à Agência Nacional de Águas (ANA) o apoio financeiro para
a realização desta pesquisa através do projeto "Aperfeiçoamento de Ferramentas Estaduais de Gestão
de Recursos Hídricos no Âmbito do Progestão" e à Secretaria de Desenvolvimento do Meio Ambiente
do Estado de Rondônia (SEDAM/RO) por disponibilizar a estrutura e os subsídios necessários para
o desenvolvimento deste trabalho.
REFERÊNCIAS
ANA – Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil: relatório pleno.
Brasília: ANA, 2017. 169 p.

BRASIL. Agência Nacional de Águas. Resolução nº379, de 21 de março de 2013. Aprova o


Regulamento do Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão de Águas - PROGESTÃO
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http://arquivos.ana.gov.br/resolucoes/2013/379-2013.pdf?102929 >. Acesso em: 12 jul. 2018.

CARVALHO, M. A. et al. Sistema de suporte à decisão para alocação de água em projetos de


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CRUZ, J. C. Disponibilidade hídrica para outorga: avaliação de aspectos técnicos e conceituais.


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Outorga para Captação de Água e para Lançamento de Efluentes. São Paulo:
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RHA – Recursos Hídricos Ambientais - Engenharia e Consultoria Ltda. Plano Estadual de Recursos
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