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RESUMO – A água é uma fonte natural e limitada, imprescindível para a vida dos seres vivos e para
o desenvolvimento econômico. O aumento crescente pelo seu consumo, mesmo em regiões onde se
localiza o estado de Rondônia, com uma disponibilidade hídrica proveniente de uma extensa rede
hidrográfica, a quantificação do balanço hídrico torna-se um parâmetro essencial na gestão dos
recursos hídricos, principalmente diante da tomada de decisão para outorga de direito de uso da água.
Com o objetivo de fornecer uma ferramenta que auxilie os gestores da SEDAM/RO nas análises
técnicas e tomadas de decisão, adotou-se o SSD OutorgaLS para o desenvolvimento da rede de
simulação composta por um banco de dados personalizado que inclui, dentre outras informações, os
valores de disponibilidade e demanda hídricas superficiais, inseridos de acordo com a disposição
espacial da rede hidrográfica e com os critérios definidos no Plano Estadual de Recursos Hídricos de
Rondônia para a bacia do rio Machado. Os resultados mostraram uma situação de déficit hídrico,
confirmada pela existência real de conflitos pelo uso das águas nesta bacia. Concluiu-se também a
importância da atualização constante das informações que subsidiam os cálculos do balanço hídrico.
Palavras-Chave – Gestão de recursos hídricos; Sistema de Suporte à Decisão; Outorga
1) Pesquisador de Campo no Instituto de Pesquisa Econômica (Ipea) - Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais (Dirur) -
cristiane.amaro@ipea.gov.br; policrisamaro@alumni.usp.br
2) Assistente de Pesquisa no Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) - Diretoria de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais
(Dirur) - maira.alves@ipea.gov.br; mairahilgemberg@hotmail.com
2. CONTEXTUALIZAÇÃO
Com o objetivo de promover a efetiva articulação entre os processos de gestão das águas e de
regulação de seus usos, bem como o fortalecimento do modelo brasileiro de governança das águas,
em 2013 foi instituído o Programa de Consolidação do Pacto Nacional pela Gestão de Águas
(Progestão), regulamentado pela Resolução ANA nº 379, no qual o estado de Rondônia participa
desde o primeiro ciclo.
Dentre as diversas metas do Progestão, Rondônia precisaria desenvolver ferramentas que
melhorassem a tomada de decisão para os processos de outorgas das águas superficiais. Portanto, este
artigo apresenta o desenvolvimento de um sistema de suporte à decisão para a outorga de águas
superficiais em Rondônia, capaz de auxiliar os técnicos da Secretaria de Estado do Desenvolvimento
Ambiental (SEDAM/RO) nas análises dos pedidos de outorga e nos pareceres técnicos, concluindo
com a emissão do termo de outorga.
Neste contexto, com o intuito de desenvolver uma ferramenta, no âmbito do projeto
“Aperfeiçoamento de Ferramentas Estaduais de Gestão de Recursos Hídricos no Âmbito do
Progestão” e assim atingir os objetivos estratégicos finalísticos e de gestão em Rondônia, o Ipea por
meio de seus pesquisadores, visa buscar resultados para a melhoria do modelo de suporte à decisão
para outorga de águas superficiais em Rondônia.
4. METODOLOGIA
Área de Estudo
A área de estudo é a bacia hidrográfica do rio Machado no estado de Rondônia, a qual é
subdividida, para fins de gerenciamentos dos recursos hídricos da região, em quatro Unidades
Hidrográficas de Gestão: Alto Rio Machado, Médio Rio Machado, Rio Jaru e Baixo Rio Machado
(Figura 1).
A bacia hidrográfica do rio Machado está totalmente inserida no estado de Rondônia com seu
exutório no rio Madeira, tem como principais afluentes os rios Comemoração, Machadinho, Jaru e
Urupã
Desenvolvimento da Ferramenta
O software escolhido como ferramenta de suporte à decisão para a concessão de outorga do uso
da água superficial para o estado de Rondônia foi o aplicativo OutorgaLS (Plataforma Generalizada
para Análise de Concessão de Outorga para Captação de Água e para Lançamento de Efluentes).
Figura 2 – Botões do programa para desenhar a topologia (Fonte: adaptado EPUSP, 2012)
Foram considerados como dados de entrada para o cálculo do balanço hídrico no OutorgaLS,
as demandas provenientes dos usuários inseridos no CNARH e, como disponibilidade hídrica, as
vazões de referências oriundas do PERH de Rondônia (RHA, 2018).
Os dados de demanda hídrica importados da base de dados do CNARH40 foram analisados
para a identificação de incoerências e trabalhados para selecionar as demandas cabíveis para a
simulação, no caso, os usuários com outorgas vigentes.
Já os valores de disponibilidade hídrica foram obtidos, primeiramente, por meio de uma
verificação da adequabilidade das equações de regionalização elaboradas para o PERH/RO para as
quatros UHGs, em que foram comparadas as vazões de permanência teóricas com as observadas em
campo e caso fossem encontradas diferenças entre estes valores, foram elaborados outros critérios
para a determinação das disponibilidades hídricas que alimentaram os trechos de drenagem da rede
de simulação. Esta análise teve o objetivo de disponibilizar valores mais próximos daqueles que
realmente ocorrem, diminuindo os erros de estimativa provenientes quando se adotam as equações
de regionalização, principalmente em regiões com pouca cobertura de postos fluviométricos.
A disponibilidade hídrica passível de outorga das UHGs do rio Machado foi proposta pelo
PERH/RO, a partir de critérios mais ou menos restritivos, que levaram em consideração questões
ambiental, social, cultural e de densidade populacional destas áreas.
A adequação dos dados de disponibilidade hídrica foi realizada mediante uma esquematização
da rede hidrográfica da bacia do rio Machado em planilha eletrônica. Cada UHG foi montada em uma
planilha eletrônica, a qual foi subdividida de acordo com a hidrografia, com seus rios principais e
afluentes, a Figura 4 ilustra parte da planilha montada para a UHG do Alto Machado. A
esquematização da hidrografia foi feita a partir da ordenação dos trechos de drenagem e das ottobacias
correspondentes, uma vez que o valor da disponibilidade hídrica está atrelado às áreas de drenagem
provenientes das ottobacias.
Esses resultados estão de acordo com os relatos de conflitos pelo uso da água existentes na área
de estudo, contudo, convém realizar uma consistência mais detalhada do cadastro dos usuários para
a confirmação destes volumes não atendidos, bem como adotar as parcelas de retorno das vazões
captadas (irrigação, abastecimento público e etc.) nos cálculos do balanço hídrico.
6. CONCLUSÕES
A ferramenta em elaboração nesta pesquisa aplicada será importante para subsidiar a gestão dos
recursos hídricos em Rondônia, visto que já existem conflitos por água na região e porque uma vez
adotada na bacia hidrográfica do rio Machado, ela poderá ser replicada para todo o estado. Também
auxiliará os gestores nas análises técnicas necessárias para a tomada de decisão da outorga,
principalmente se a demanda hídrica pleiteada é factível de ser atendida com a disponibilidade hídrica
existente, diante do balanço hídrico calculado pelo programa.
A pesquisa em andamento também tem demonstrado a importância da atualização e geração
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constante de informações necessárias aos cálculos do balanço da disponibilidade hídrica das bacias
hidrográficas frente às demandas solicitadas, para que o tomador de decisão tenha sempre uma visão
da situação hídrica mais próxima do que realmente está acontecendo, conforme o desenvolvimento
da região. Esta atualização precisa ser feita por meio da manutenção e consistência periódicas do
cadastro de usuários, bem como das reservas hídricas por meio do aumento da rede de monitoramento
hidrometeorológico e de estudos hidrológicos pertinentes.
AGRADECIMENTOS
As bolsistas Cristiane Araújo Amaro e Maíra Hilgemberg Alves agradecem ao Instituto de
Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e à Agência Nacional de Águas (ANA) o apoio financeiro para
a realização desta pesquisa através do projeto "Aperfeiçoamento de Ferramentas Estaduais de Gestão
de Recursos Hídricos no Âmbito do Progestão" e à Secretaria de Desenvolvimento do Meio Ambiente
do Estado de Rondônia (SEDAM/RO) por disponibilizar a estrutura e os subsídios necessários para
o desenvolvimento deste trabalho.
REFERÊNCIAS
ANA – Agência Nacional de Águas. Conjuntura dos Recursos Hídricos no Brasil: relatório pleno.
Brasília: ANA, 2017. 169 p.
EPUSP – Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Sistema de suporte à decisão para
análise e concessão de outorga para captação de água e para lançamento de efluentes: manual
de utilização do SSD OutorgaLS - Plataforma generalizada para análise de concessão de outorga. São
Paulo: EPUSP/DEHS, 2012. 48 p.
RAVANELLO, M. M. Análise técnica, legal e social para subsídios à outorga de direito de uso
de recursos hídricos na bacia hidrográfica do rio Ibicuí – RS. 2007. 130 p. Dissertação (Mestrado)
– Universidade Federal de Santa Maria, Centro de Tecnologia, Santa Maria, 2007.
RHA – Recursos Hídricos Ambientais - Engenharia e Consultoria Ltda. Plano Estadual de Recursos
Hídricos. Curitiba: RHA/SEDAM/MMA, 2018. 579 p. (Relatório Final).
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