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FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO

LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL

ANÁLISE DO IMPACTO DA EXTRACÇÃO DE ARGILA NO DISTRITO DE


JANGAMO, POVOADO DE INDUDO (2015-2021)

Leonel Carlos Alfredo Guiamba

Inhambane, Março de 2023


FACULDADE DE ECONOMIA E GESTÃO
LICENCIATURA EM GESTÃO AMBIENTAL

ANÁLISE DO IMPACTO DA EXTRACÇÃO DE ARGILA NO DISTRITO DE


JANGAMO, POVOADO DE INDUDO (2015-2021)

O Estudante O Supervisor

……………………………………..… ……………………………………
(Leonel Carlos Alfredo Guiamba ) ( Eng. Gabriel Chico Viegas)

Monografia a ser entregue na UnISCED

como requisito para obtenção do grau

de Licenciatura em Gestão Ambiental

Inhambane, Março de 2023


Dedicatória

Dedico este trabalho a aqueles que acreditam que podemos respeitar o meio ambiente. De
igual modo, dedico aos meus familiares, em especial a sua filha Yarin da Esa Leonel
Guiamba, e a sua esposa Teresa Inocência Francisco Vuma, que são a razão de suas lutas
constantes, com vista, a melhorar cada vez mais a sua condição de vida.
Agradecimentos

Em primeiro lugar a Deus por me dar saúde e proteção. Aos meus pais por terem-me colocado
no mundo, e pelo apoio e proteção. Ao meu supervisor Eng. Gabriel Chico Viegas, pela
paciência, orientação e compreensão durante a fase da produção do trabalho de final de curso
(Monografia). Ao Serviço Provincial de Infra-Estruturas de Inhambane especialmente ao
Departamento de Recursos Minerais, e sua equipe técnica pela colaboração e disponibilização
do espaço para a realização do estágio. Aos presidentes das Associações e Cooperativas
mineiras pelo apoio e compreensão durante a fase de coleta da informação para a compilação
da presente monografia. Em fim, agradeço a todos que, de alguma forma ou de outra
contribuíram para minha formação académica.
Epigrafe

“Eu sou a videira, vós as varas: quem está em


mim, e Eu nele, esse dá muito fruto; porque sem
mim nada podeis fazer”.

(João 15.5)
Declaração de Compromisso de honra

Declaro que este trabalho com o título intitulado, Análise do Impacto da Extração de Argila
no distrito de Jangamo, Povoado de Indudo (2015-2021), foi por mim realizado e nunca foi
usado para a obtenção de nenhum grau académico é composto por investigações feita pelo
autor do presente trabalho. Importa referenciar que para a elaboração da monografia foram
usadas as legislações mineiras, ambientais e referências bibliográficas. Este trabalho é
realizado como requisito para a obtenção de grau de licenciatura em Gestão Ambiental na
UnISCED-Centro de Recursos da Maxixe

Inhambane, Março de 2023

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(Leonel Carlos Alfredo Guiamba)

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Resumo

O presente estudo, tem por objetivo trazer a luz a análise dos danos ambientais verificados ao
longo das margens do Rio Mutamba, no Povoado de Indudo, Distrito de Jangamo de modo a
adotar melhores medidas, de mitigação dos seus efeitos nefastos. Para alcançar este objetivo,
primeiro fez-se a planificação da pesquisa, definição do assunto, escolha e delimitação do
tema, busca de fontes e fundamentação, elaboração dos objetivos e da justificativa do projeto,
a metodologia adequada à pesquisa, bem como os instrumentos a serem utilizados no decorrer
do trabalho.

Seguidamente fez-se a execução da pesquisa propriamente dita, a definição das áreas a serem
observadas e estudadas no Povoado de Indudo, formulou-se as hipóteses da pesquisa; coletou-
se os dados e informações por meio de visitas, observações, fotografias, digitalização de
imagens de abrangência do Rio, adquiridas pelo satélite online do Sistema de Informação
Geográfica (SIG) disponível no software Google Earth e entrevistas. Por último foi verificado
os dados coletados, analisou-se criticamente os dados, deduziu e criou significadas,
comparações e argumentação e apresentação dos resultados que estão expostos adiante. E por
fim concluiu-se o trabalho mostrando os resultados obtidos, verificando as teorias, deduzindo
causas e consequências.

ii
Abstract
The present study aims to shed light on the analysis of the environmental damage verified
along the banks of the Mutamba River, in Povoado de Indudo, District of Jangamo, in order to
adopt better measures to mitigate its harmful effects. To achieve this objective, first the
research was draped, subject definition, theme choice, theme delimitation, search for sources
and justification, elaboration of the objectives and justification of the project, the appropriate
methodology for the research, as well as the instruments to be used in the course of the work.
Then, the research itself was carried out, the areas to be observed and studied in the town of
Indudo were defined, the research hypotheses were formulated; data and information were
collected through visits, observations, photographs, digitization of images of the river's scope,
acquired by the online satellite of the Geographic Information System (GIS) available in
Google Earth software and interviews.
Finally, the collected data was verified, the data was critically analyzed, deduced and created
meanings, comparisons and, argumentation and presentation of the results that are exposed
below. Finally, the work was concluded, showing the obtained results, verifying the theories,
deducing causes and consequences.

iii
Lista de Abreviaturas

SIG………………………………………Sistema de Informação Geográfica

EPI……………………………………….Equipamentos de Proteção Individual

QGIS………………………………..Quantum GIS/Informação Geográfica

iv
Lista de Figuras

Figura 1: Camadas de Deposição das matérias .................................................................................... 14


Figura 2: Área de exploração delimitada por meio de curvas de nível ................................................ 23
Figura 3: Localização Geográfica da área de Estudo ........................................................................... 23
Figura 4: Disposição do relevo e as suas isolinhas da área de estudo.................................................. 24
Figura 5 –A, B: Frente de extração ativa e Processo de Secagem ao ar livre do Tijolo ..................... 25
Figura 6: Fluxograma das fases de extração até a comercialização ..................................................... 26
Figura 7: Cava abandonada (C), cava restaurada naturalmente (D)..................................................... 30
Figura 8: Áreas de Extração/focos ambientalmente degradadas 2015 a 2021 ..................................... 32
Figura 9-E: Exposição ao perigo do Buraco abertos 24° 03"00Sˮ 35° 18"10ˮ ................................... 33
Figura 10-F: Lixo depositado dentro de cavas abandonadas ............................................................... 34
Figura 11: Fatores que influenciam a degradação ambiental 2015 a 2021 .......................................... 35
Figura 12: G,H,I,J, abate de coqueiros I,J e cajueiros G, H ................................................................. 36
Figura 13: Exposição de resíduos sólidos a céu aberto ........................................................................ 37
Figura 14 L-M: Operador mineiro lavando Roupa e Braços na planície de inundação ao longo do rio,
Mutamba ............................................................................................................................................... 38
Figura 15: Residências construídas junto aos fornos de queima de tijolo N e Operador mineiro
inalando a fumaça durante a queima do tijolo O. .................................................................................. 39
Figura 16: Alpendres Feitos de Material não Convencional para a secagam de blocos de Tijolos ..... 52
Figura 17: Via de acesso principal que da acesso a diferentes frentes de extração na mina ................ 53
Figura 18: Bloco de Tijolo após a queima ........................................................................................... 54
Figura 19: Rio Mutamba ...................................................................................................................... 55
Figura 20: Futura área de exploração................................................................................................... 56

Gráficos

Gráfico 1: Perfil Topográfico da área em estudo com a cota mais alta de 15m de altitude ................. 24

Tabelas

Tabela 1: Ilustra a distribuição percentual dos principais impactos ambientais na área de estudo. ..... 44

v
ÍNDICE
CAPITULO I. INTRODUÇÃO.................................................................................................. 8
1.1.Introdução ............................................................................................................................. 8
1.2.Problematização.................................................................................................................... 9
1.3.Objetivos............................................................................................................................... 9
1.3.1.Geral .............................................................................................................................. 9
1.3.2.Específicos ......................................................................................................................... 9
1.4.Justificativa ......................................................................................................................... 10
1.5.Delimitação do Tema.......................................................................................................... 10
1.6.Limitação do Trabalho de Pesquisa .................................................................................... 10
1.7.Questões de Pesquisa .......................................................................................................... 11
CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA....................................................................... 12
2.1.Breve Historial do Povoado de Indudo............................................................................... 12
2.2.Argila .................................................................................................................................. 14
2.3.Mineração e Impactos Ambientais ..................................................................................... 16
2.4.Impactos Causados ............................................................................................................. 19
2.5.Avaliação dos Impactos Ambientais .................................................................................. 19
CAPITULO III: METODOLOGIA .......................................................................................... 21
3.1. Tipo de Pesquisa ................................................................................................................ 21
3.1.1. Quanto aos Objetivos ..................................................................................................... 21
3.1.2. Quanta abordagem .......................................................................................................... 21
3.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos ............................................................................... 21
3.2. Universo e Amostra ........................................................................................................... 21
3.2.1. Universo ......................................................................................................................... 21
3.2.2. Amostra .......................................................................................................................... 22
3.2.2.1. Tipo de Amostra .......................................................................................................... 22
3.3. Identificação das áreas de extração a partir de imagens de satélite ................................... 22
3.4. Localização da Área de Estudo ......................................................................................... 23
3.5. Geologia da área de estudo ................................................................................................ 24
3.6. Processo Extrativo ............................................................................................................. 25
3.7. Fluxograma das fases do ciclo da extração da argila até a comercialização dos seus
derivados ................................................................................................................................... 26
3.8. Organização dos operadores mineiros no povoado de Indudo .......................................... 27

vi
3.9. Analise dos Impactos Ambientais e as suas medidas estratégicas de Mitigação .............. 27
3.9.1. Impactos Negativos no meio Biofísico, Durante a fase de construção .......................... 27
3.9.2. Perturbação e/ou perda de Habitat para a Fauna e Flora ................................................ 28
3.9.3. Geração de Resíduos Sólidos e Líquidos ....................................................................... 28
3.9.4. Poluição das Águas Superficiais .................................................................................... 29
3.9.5. Degradação da Qualidade do Ar ..................................................................................... 29
3.9.6. Exposição das covas resultantes da extração da argila ................................................... 30
3.9.7. Plano de Recuperação Ambiental e Paisagista das áreas lavradas ou covas abandonadas
.................................................................................................................................................. 30
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ...... 32
4.1. Apresentação dos resultados.............................................................................................. 32
4.1.1. Identificação das áreas de extração a partir de imagens de satélite ................................ 32
4.1.2. Discussão de Resultados................................................................................................. 39
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ...................................................... 47
5. 1. Conclusão ......................................................................................................................... 47
5.2. Recomendação ................................................................................................................... 48
6.REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 49
Apêndices ................................................................................................................................. 51

vii
CAPITULO I. INTRODUÇÃO
1.1. Introdução

A argila pode ser definida como um material terroso, de granulação muito fina, que adquire
plasticidade, quando humedecida com água. Este mineral é de grande importância para o
segmento de construção civil, pois, através dele se obtém tijolos, telhas, entre outros produtos
derivados da argila. O uso e exploração intensivos deste recurso natural têm degradado o meio
ambiente de forma significativa, e gera impactos ambientais como, por exemplo, alteração da
paisagem, formação de lagoas, alteração da topografia, alteração na estrutura e biologia do
solo (Cabral & Gustavo (2005).

Os utensílios provenientes de material cerâmico são utilizados desde a antiguidade por


diversos tipos de pessoas e com várias finalidades económicas e simbólicas (Schmitt &
Avello, 2013). Atividade no ramo da cerâmica, tem apresentado uma grande expansão no
sector económico bem como, uma acentuada importância para o desenvolvimento urbano
(Silva, 2003).

Umas das atividades económicas no Distrito de Jangamo no Povoado de Indudo é a


fabricação de tijolos, telhas, panelas de barro, o que contribui para seu desenvolvimento
urbano, o seu produto primordial para a realização de sua produção é a argila, um recurso
natural renovável.

No distrito de Jangamo assim como em diversas partes da província de Inhambane a


exploração mineira de Argila para atender a indústria cerâmica é um problema muito
frequente que tem preocupado tanto a comunidade assim como autoridades ligados ao meio
ambiente. Por isso o presente estudo tem por objetivo trazer os impactos ocasionados ao meio
ambiente devido a extração e queima de Argila para o fabrico de tijolos em decorrência do
processo de extração da mesma de modo a adotar melhores medidas, que poderão mitigar os
efeitos nefasto desta atividade.

Este trabalho encontra-se estruturado em seis partes, a primeira é referente ao presente


capítulo de introdução que encontra-se destinado a fazer uma breve apresentação do tema em
estudo, o problema de pesquisa, os objetivos que conduzem esta pesquisa. No segundo é
apresentado a revisão da literatura que foi desenvolvida para dar suporte a elaboração da

8
presente pesquisa, nesse capítulo são apresentados os principais conceitos sobre o tema em
alusão.

O terceiro capítulo, encontra-se exclusivamente reservado para a apresentação dos caminhos


que foram seguidos para a realização dessa pesquisa, ou seja, a metodologia. Na quarta parte
do trabalho encontra-se a apresentação dos resultados, a sua análise e discussão. As
conclusões obtidas como fruto da realização dessa pesquisa encontram-se no capítulo V. E
finalmente na sexta parte do trabalho são apresentadas as referências bibliográficas
consultadas durante a realização desse estudo.

1.2. Problematização

A Extração massiva de Argila para produção de tijolos vem sendo uma estratégia encontrada
para a redução de construção de casas feitas de material precária, com maior incidência no
Distrito de Jangamo, Povoado de Indudo na Província de Inhambane, provocando impactos
ambientais a curto e longo prozo.

O Crescimento demográfico, construção em espaços de risco por parte da população local,


extração desordenada da Argila, corte de árvores para o uso como combustível na queima de
tijolos, poluição atmosfera resultado da queima de tijolo, remoção da cobertura superficial do
solo, queimada de vegetação para abertura de novos campos agrícolas de cultivo de
hortícolas, corte de espécies vegetais como caniço, entre outros aspetos podem estar por
detrás dos danos ambientais que fustiga o povoado de Indudo, no distrito de Jangamo.

O problema que se levanta nessa pesquisa é baseado mediante as observações feitas pelo autor
do presente trabalho nas baixas de inundação ao longo do Rio Mutamba no povoado de
Indudo, localizada no Distrito de Jangamo. Face a estes cenários levanta-se o seguinte
problema:

✓ Até que ponto a extração da Argila no Povoado de Indudo na Baixa de Mutamba


resulta em Impactos Ambientais?
1.3. Objetivos
1.3.1. Geral
✓ Identificar os impactos ambientais ocasionados pela extração da argila no solo no
povoado de Indudo, Distrito de Jangamo (2015-2021).
1.3.2. Específicos

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✓ Identificar os impactos ambientais ocasionados pela extração e queima da argila para
produção de Tijolo;
✓ Analisar os fatores que mais contribuem para ocorrência de danos ambientais, num
período de 2015 – 2021;
✓ Descrever todo o processo de extração, processamento e comercialização deste a
matéria-prima até ao produto final o tijolo.
1.4. Justificativa
✓ A realização dessa pesquisa justifica-se pela vocação pessoal do autor em resolver um
dos principais problemas ambientais que afetam o distrito e ainda pelo nível de
perigosidade que –se verifica pela extração de Argila sem observância de normas
básicas de gestão ambiental, no Povoado de Indudo, Distrito de Jangamo.

O desenvolvimento desta pesquisa, visa solucionar a problemática de danos ambientais, não


só, na área de estudo, mas também, irá servir de fonte bibliográfica para estudos a nível do
país, visto que, há grande escassez de artigos científicos abordando esta temática.

O estudo poderá ser útil ao Governo do Distrito de Jangamo, Serviço Provincial do Ambiente,
Serviço Provincial de Infra-Estruturas, AQUA, (Agência Nacional de Controle de Qualidade
Ambiental), na tomada de decisões, pois, através dessa pesquisa poderá despertar ainda mais
sobre a necessidade de elaboração de políticas com vista a preservação do meio ambiente.

1.5. Delimitação do Tema

A pesquisa foi realizada nas baixas de inundação ao longo do Rio Mutamba no Povoado de
Indudo, localizada no Distrito de Jangamo, através de questionários feitos aos exploradores
mineiros, estruturas de base locais, Centro de Saúde localizado no Povoado de Indudo,
Serviço Provincial de Infra-estruturas de Inhambane, uso de imagem de satélites através do
Google Eart, Software QKIS versão 3.24.2, fotografias e pesquisas bibliográficas.

1.6.Limitação do Trabalho de Pesquisa

As limitações encontradas na elaboração da pesquisa, foram escassos devido a falta de artigos


científicos, que abordam a cerca dos danos ambientais na região, a falta de recursos ou meios
financeiros e materiais para dar maior cobertura em termos de dados a serem analisados na
área de pesquisa.

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1.7. Questões de Pesquisa
✓ Quais são as áreas mais afetadas pela extração de Argila no Povoado de Indudo no
Distrito de Jangamo?
✓ Que atividade era exercida antes da extração de argila no povoado de Indudo Distrito
de Jangamo?
✓ Quais são os impactos ambientais que podem ser levantados ao longo do período em
estudo?
✓ Como é que os exploradores mineiros de Argila no Povoado de Indudo estão
organizados?

11
CAPÍTULO II. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. Breve Historial do Povoado de Indudo

Povoado de Indudo, localizado na baixa de Mutamba é uma comunidade com um histérico de


cerâmica de uma beleza incrível, com o tempo a maioria dos mestres oleiros estão a
envelhecer, a tradição esta a desvanecer e há cada vez menos jovens interessados em receber
este conhecimento para continuar a desenvolver as práticas costumeiras locais. A prática da
olaria já não é apetecível pois oferece uma possibilidade reduzida de uma vida
financeiramente decente.

Para alterar esta realidade precisa-se de lidar com os desafios da realidade contemporânea,
redefinir a tradição e ter acesso a mercados onde o produto manufaturado, com vista a dar ou
acrescer o valor na sua utilização.

Ao revitalizar-se esta tradição, recupera-se a dignidade dos mestres oleiros do Povoado de


Indudo, facto que reconquista a possibilidade de recuperar-se os hábitos costumeiros locais,
contribuído no melhoramento e incremento do rendimento financeiro justo pelo trabalho.

Todo este ciclo de valores, a médio a longo prazo, aumenta as oportunidades de emprego e os
meios de subsistência, criando um impacto positivo na qualidade da vida das comunidades.

Para o benefício direto das comunidades locais o Ministério dos Recursos Minerais e Energia
designou uma área designada n°5312AD, de 3.521.46Ha para o exercício da atividade
mineira, que abrange o Distrito de Jangamo e Cidade da Maxixe, de acordo com n° 1 do
Artigo 49 da Lei nº20/2014 de 18 de Agosto (Lei de Minas), conjugado com o Artigo 116,
Decreto 31/2015 de 31 de Dezembro.

Na mesma area designada do lado do Distrito de Jangamo que é area de estudo da pesquisa
existem duas cooperativas legalmente constituida, (Oleiros de Mutamba), com 22 membros
sendo 10 mulheres e 11 homens dedicados a exploração e venda de Argila,( Sonho de
Indudo), com 13 homens e uma 1 mulher, igualmente dedicados a exploração e venda de
Tijolos e uma associação mineira legalmente constituida,( Josina Machel), com 11 mulheres
e 1 um homem dedicada a exploração e venda de produtos derivados da argila sendo potes,
panelas de barro entre outros, existem igualmente mais de 500 operadores mineiros informais
que não tem nenhuma filiação legal.

Na década de 1960, a comunidade de Indudo na baixa de Mutamba dedicava-se a prática de


produção e processamento de arroz e cana-de-açúcar de acordo com as condições favoráveis e

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fértil das zonas baixas, com a falência da fábrica de processamento por sabotagem por parte
dos trabalhadores por falta de pagamento dos seus salários/ordenados em 1970, os
trabalhadores que muito deles eram viventes dos outros distritos mas próximos procuraram
outras formas de sustento e descobriram a Argila e começaram a produzir os tijolos.

Por saber que era uma região com uma quantidade de Argila significativa para ser explorada,
o Serviço Provincial de Infra-estruturas de Inhambane, promoveu campanhas de
sensibilização aos operadores mineiros para se constituírem em associação ou cooperativas
para aderirem ao licenciamento mineiro.

Dentre os segmentos da mineração existe um que tem como objeto de extração mineral
considerados como de interesse social. São assim denominados por serem consumidos
diretamente pela sociedade nas obras e melhorias de infra-estrutura e em edificações, trata-se
dos agregados minerais de emprego imediato na construção civil. Esses minerais desfrutam de
um regime de concessão mineral diferenciado em relação às demais categorias de minério,
trata-se do regime de licenciamento, para o poder privado e regime de extração para o poder
público, que segundo a legislação mineira autorizam a extração mineral de certas substâncias
de grande interesse social, como areias, cascalhos e Argilas.

A mineração, como toda atividade que intervém no meio ambiente, gera impactos no local e
ao redor do empreendimento, esse conceito também vale para os minerais de interesse social
que impõe relativa intervenção antrópica no meio em que se encontram, resultando assim em
impactos que comprometem a qualidade do meio ambiente.

Possivelmente pela maior facilidade na obtenção na autorização de extração mineral, a


questão ambiental é geralmente negligenciada nessa categoria de mineração. Os impactos
causados pela mineração de agregados para construção civil podem ser mais percetíveis
dentro dos centros urbanos em razão da proximidade das áreas produtoras com estes, ou seja,
as externalidades são mais evidentes nesse tipo de mineração.

Como o presente estudo teve como objetivo a realização da análise dos impactos ambientais
de áreas mineradas de Argila com base em geotecnologias, serão apresentados alguns
conceitos importantes que deram suporte a realização desse trabalho, o primeiro desses, é um
apanhado conceitual sobre o objeto principal da pesquisa: o minério de Argila.

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2.2.Argila

A argila é um material proveniente da decomposição, durante milhões de anos, das rochas


feldspáticas, muito abundantes na crosta terrestre (Figura 1).

Figura 1: Camadas de Deposição das matérias

Fonte: Departamento de Cartografia Geológica Maputo 2011


Classificam-se em argilas primárias e argilas secundárias ou sedimentares. As argilas
primárias são formadas no mesmo local que a rocha mãe e têm sido pouco atacadas pelos
agentes atmosféricos. As argilas secundárias são as que foram transportadas para mais longe
da rocha mãe pela água, pelo vento ou desgelo. As secundárias são mais finas e plásticas do
que as primárias, podendo, no entanto, conter impurezas ao se misturarem com outras
matérias orgânicas. As argilas usadas para o fabrico do tijolo barro no Povoado de Indudo são
as secundárias.

As Argilas são materiais terrosos naturais que, quando misturados com água, adquirem a
propriedade de apresentar alta plasticidade (Kerry, 2008).

Argilas são materiais terrosas naturais, que misturadas com a água adquirem a
propriedade de apresentar alta plasticidade. As argilas são compostas de partículas
coloidais de diâmetro inferior a 0,005 mm, com alta plasticidade quando húmidos e que
formam torrões de difícil desagregação quando sob pressão (Bar, 2003).

Durante muito tempo se conceituou argila como derivada da Caulinita (Al2O3.2SiO2.2H2O),


porem hoje se sabe que podem ter outras origens. A argila é constituída por partículas
cristalinas extremamente pequenas chamadas de argilo minerais, das quais a Caulinita é a
mais abundante e importante encontrada na natureza nas margens dos rios.

14
Quimicamente, as argilas são formadas essencialmente por silicatos hidratados de alumínio,
ferro e magnésio. Designa ainda o nome argila, um grupo de partículas do solo cujas
dimensões se encontram entre uma faixa especificada de valores (Santos, P., 1975).

A argila se origina da desagregação de rochas que comummente contém feldspato, por


intemperismo. O intemperismo é a ação física e química do ambiente sobre as rochas. A ação
química caracteriza-se pelo ataque o ataque químico é feito, por exemplo, pelo
ácido carbónico presente na atmosfera e outros elementos agressivos de chuvas e águas,
ação física se refere à erosão, vulcanismos, pressão, descompressão. (Bastos, 2003).

As substâncias capazes de formar argilas são denominadas de argilo-minerais. São


silicatos hidratados de alumínio ferro e magnésio, comummente com percentagem de
álcalis e alcalinoterrosos. Junto com estes minerais vem a sílica pura, alumina, ferro,
cálcio, magnésio e matéria orgânica. Observa-se que os elementos formadores de vidro estão
presentes (sílica, álcalis e calcário), (Reis, 2000).

De acordo com (Bar, 2003), a argila é um conjunto de minerais, compostos principalmente de


silicatos de alumínio hidratados, que possuem a propriedade de formarem com a água uma
pasta plástica suscetível de conservar a forma moldada, secar e endurecer sob a ação do calor.

Santos (1989) citado por (Bastos, 2003) define argila como um material natural, terroso, de
granulometria fina, que geralmente adquire, quando humedecido em água, certa plasticidade

Conforme (Bauer,1994), as argilas podem ser encontradas:

✓ Na superfície de rochas, como resultado da decomposição superficial das mesmas;


✓ Nos veios e trincas das rochas;
✓ Nas camadas sedimentares, onde foram depositadas por ventos e chuvas.

Segundo (Bauer, 1994) as argilas podem ser chamadas de residuais e sedimentares. São
residuais quando o depósito é no próprio local onde houve a decomposição, e são
sedimentares quando o depósito fica longe da localização da pedra e de uma forma geral.

Conforme (Bar, 2003), as argilas podem ser classificadas em:

✓ Argilas de cor de cozimento branca (caulins e argilas plásticas);


✓ Argilas refratárias (caulins, argilas refratárias e argilas altamente aluminosas);
✓ Argila para produtos de grés;
✓ Argila para materiais cerâmicos estruturais (amarelas ou vermelhas).

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A principal matéria-prima para a produção de blocos cerâmicos é a argila. As indústrias de
cerâmica vermelha empregam duas ou mais argilas para a obtenção de uma massa com as
características desejadas (Bastos, 2003).

As argilas ideais para fabricação de blocos cerâmicos devem, de modo geral, ser de fácil
desagregação e permitir moldagem adequada; apresentar granulometria fina e distribuição
granulométrica conveniente (para garantir o controle das dimensões finais do produto);
possuir teor de matéria orgânica que possa conferir, juntamente com a granulometria, boa
plasticidade e resistência mecânica suficiente para evitar deformações e permitir o manuseio
das peças cruas; apresentar baixo (ou nenhum) teor de carbonatos, sulfatos e sulfitos, ABC,
(2002).

Chama-se de cerâmica à pedra artificial obtida pela moldagem, secagem e cozimento de


argilas ou misturas argilosas. Em alguns casos pode ser suprimida alguma das etapas citadas,
mas a matéria-prima essencial de uma cerâmica é a argila.
Nos materiais cerâmicos a argila fica aglutinada por uma pequena quantidade de vidro,
que aparece pela ação do calor de cozimento sobre os componentes da argila, (Araújo &
Ribeiro, 2005).
2.3. Mineração e Impactos Ambientais
A mineração como todas as atividades de intervenção no meio ambiente causa impactos, entre
esses podemos destacar impactos socio ambientais como desmatamento, assoreamento de
cursos d’água, destruição da biodiversidade, apropriação de terras, problemas na saúde, na
infraestrutura urbana e migração (Simões, 2009)

Sobre esses impactos, (Silva, 2007) afirma que eles alteram intensamente a área minerada e as
áreas vizinhas, onde são realizados os depósitos de estéril e de rejeito. Além do mais, quando
temos a presença de substâncias químicas nocivas na fase de beneficiamento do minério, isto
pode significar um problema sério do ponto de vista ambiental.

Segundo (Bitar,1997) a mineração provoca um conjunto de efeitos não desejados que podem
ser denominados de externalidades. Algumas dessas externalidades são: alterações
ambientais, conflitos de uso do solo, depreciação de imóveis circunvizinhos, geração de áreas
degradadas e transtornos ao tráfego urbano.

16
O autor destaca ainda que estas externalidades geram conflitos com a comunidade, e que
normalmente tem origem quando da implantação do empreendimento, pois o empreendedor
não se informa sobre as expectativas, anseios e preocupações da comunidade que vive nas
proximidades das áreas de mineração. Neste especto se torna favorável que o operador
mineiro cumpra com as normas ambientais, a fim de minimizar esses transtornos.

Sobre o assunto, (Silva, 2007) ressalta que esse processo é ainda mais evidente nas áreas de
extração de agregados para a construção civil, pois a produção desses minerais, por fatores
mercadológicos, impõe sua atuação próxima dos centros consumidores, caracterizando-se
como uma atividade típica das regiões metropolitanas e urbanas.

Por esse motivo pode-se dizer que esse tipo de mineração, se não administrado de maneira
correta, também se configura um problema de gestão ambiental urbana, uma vez que essas
jazidas estão em áreas onde existe certa concentração populacional e afetam direta ou
indiretamente a qualidade ambiental nessas áreas.

Sobre a mineração em áreas urbanas e periurbanas, o (Ibama, 2006) afirma ser um dos fatores
responsáveis pela degradação do subsolo. Atualmente, junto as cidades, é comum a existência
de enormes áreas degradadas, resultante das atividades de extração de argila, entre outros
minerais.

A exploração da Argila tende a crescer de forma diretamente proporcional ao aumento da


população. Uma vez que o número de habitantes cresce aumenta também a pressão nos
recursos naturais voltados para a construção civil, como argila e outros minerais.

Sobre a extração de Argila (Silva, 2010) afirma:

Provoca grandes alterações no terreno, pois para atingi-lo é


necessário retirar a cobertura superficial do solo que pode ser
muito espessa, como no caso de algumas jazidas em
Moçambique se encontra Argila em camadas de solo, podendo
chegar a profundida ate 4 metros, levando a intensificação de
processos erosivos.

Sobre as áreas degradas pela extração de Argila (Brollo et al 2008) afirmam:

Verificam-se diversos graus de degradação, a qual está


associada à remoção do solo superficial e residual (os quais

17
constituem a Argila) e muitas vezes do próprio solo Argiloso,
sem qualquer cuidado de proteção do entorno ou de
panejamento da extração. Como resultado, verifica-se a quase
impossibilidade de recuperação vegetal, uma vez que não há
mais substrato fértil para o seu desenvolvimento e sim um
substrato árido (quase rocha fresca), com alto índice de acidez,
devido a característica da rocha. Além disso, a degradação pode
encontrar terreno com alta suscetibilidade a movimentos de
massa, ampliando ainda mais a área degradada, especialmente se
houver interferência antrópica, neste caso gerando áreas de
risco.

Segundo (Guerra, 2005) outro impacto da extração mineral é a perda do solo por erosão, que
consiste num problema ambiental que debilita extensas áreas funcionais à agricultura e à
ocupação urbana, além de provocar assoreamento nos mananciais. Isto é devido à falta de
panejamento no uso e manejo dos solos a qual vem despertando grande preocupação das
ciências ambientais.

18
2.4. Impactos Causados
Consideram-se impactos ambientais todos e qualquer alteração oriunda das atividades
antropológicas capazes de modificar as características físicas, químicas ou biológicas do meio
natural e social. Cortes de árvores (madeira utilizada como lenha no processo de queima da
cerâmica), degradação ambiental (exploração das jazidas de argila da área local), erosão do
solo na localidade, poluição atmosférica e destinação dos resíduos cerâmicos, são alguns dos
impactos ambientais cuja definição legal, pode ser encontrada no art.º. 1 da Resolução
001/1986 – CONAMA, assim expressa:

Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades


físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, que, direta ou
indiretamente, afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população;
as atividades sociais e económicas; a biota (flora e fauna); as condições
estéticas e sanitárias do meio ambiente, e a qualidade dos recursos
ambientais

Analisando essa resolução, percebemos que qualquer atividade que o homem exerça no meio
ambiente provocará um impacto ambiental. Esse impacto, no entanto, pode ser positivo ou
não. Infelizmente, na grande maioria das vezes, os impactos são negativos, acarretando
degradação e poluição do ambiente.

Os impactos negativos no meio ambiente estão diretamente relacionados com o aumento


crescente das áreas urbanas, o aumento de veículos automotivos, o uso irresponsável dos
recursos, o consumo exagerado de bens materiais e a produção constante de lixo. Percebemos,
portanto, que não apenas atividade mineira afetam o meio, nós, com pequenas atitudes,
provocamos impactos ambientais diariamente.

2.5. Avaliação dos Impactos Ambientais

Os impactos ambientais podem ser avaliados como positivos e negativos. Os negativos estão
em maior destaque por gerarem maiores efeitos danosos na sociedade, no entanto os impactos
positivos não são tão destacados, todavia acontecem frequentemente por meio das inúmeras
ações destinadas à preservação do meio ambiente. Nas olarias de processamento cerâmico o
principal impacto está relacionado com a queima do tijolo pois as cinzas, como produto final
da queima da lenha, por ter origem orgânica e possuir diversas quantidades de micronutrientes
em sua composição pode também auxiliar na agricultura como adubo. Por outro lado, como

19
impacto ambiental negativo, o processo de combustão na fabricação do tijolo cerâmico pode
ocasionar problemas a população vizinha dessas olarias, tais como: irritação e ardência nos
olhos, problemas respiratórios podendo ainda ocasionar danos na vegetação local, (Pires,
2001)

20
CAPITULO III: METODOLOGIA
Este capítulo encontra-se reservado para a apresentação de todos os procedimentos e métodos
que foram aplicados para a materialização dessa pesquisa. De acordo com (Prodanov &
Freitas 2017), a metodologia refere-se a caminhos que são usados para o alcance dos objetivos
delimitados nessa pesquisa.

3.1. Tipo de Pesquisa


3.1.1. Quanto aos Objetivos
Quanto aos objetivos a presente pesquisa é de natureza exploratória, que de acordo com (Gil
2002), tem como propósito proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a
torná-lo mais explícito”, que é o objetivo e expectativa dessa pesquisa.

3.1.2. Quanta abordagem


Essa pesquisa possui uma abordagem mista, pois ao longo da pesquisa são coordenadas as
abordagens quantitativas e qualitativas. A abordagem qualitativa foi feita mediante os dados
recolhidos por intermédio da entrevista, onde por meio das sensibilidades dos entrevistados
foi feita o levantamento e processamento de informações para a satisfação de uma parte dos
objetivos específicos. A abordagem quantitativa nesse estudo serviu para analisar outros
dados que dada a sua natureza precisaram de um processamento estatístico e o uso de imagens
de satélite para a interpretação de dados mediante o programa QGIS versão 3.22.11 e Google
Earth.

3.1.3. Quanto aos procedimentos técnicos


Quanto aos procedimentos técnicos no que referir-se aos procedimentos técnicos esse estudo é
uma pesquisa de campo, onde para a obtenção dos dados que materializam esse trabalho, o
pesquisador dirigiu-se diretamente para o Povoado de Indudo, na baixa de Mutamba Distrito
de Jangamo.

3.2. Universo e Amostra


3.2.1. Universo
De acordo com (Gil 2008, p. 91), universo é um conjunto definido de elementos que possuem
determinadas características. Constitui universo dessa pesquisa aos residentes do Povoado de
Indudo Baixa de Mutamba Distrito de Jangamo, com maior incidência aqueles que dedicam –
se na extração e processamento de argila, existem duas cooperativas mineiras legalmente
constituída, sendo (Sonho de Indudo e Oleiros de Mutamba) uma associação, (Josina

21
Machel), maior parte dos operadores mineiros exercem atividade mineira ilegalmente isto é
sem a obtenção de nenhum titulo mineiro.

3.2.2. Amostra
Em concordância com (Gil2008 p. 109), a amostra refere-se ao Subconjunto do universo ou
da população, por meio do qual se estabelecem ou se estimam as características desse
universo ou população. Para representar aos moradores e responderem as questões que são
relacionadas com os impactos ambientais resultados pela extração e queima da argila no
Povoado de Indudo, baixa de Mutamba, Distrito de Jangamo.

3.2.2.1. Tipo de Amostra


Para a satisfação dos objetivos delineados ao longo desse trabalho, a pesquisa envolveu uma
amostragem bola de neve, uma estratégia em que os entrevistados são amostrados com base
na resposta de outros entrevistados na mesma cadeia de valor da mineração artesanal,
(escavadores, transportadores, processadores). (Untar, 2018). Essa estratégia foi útil para
recolher dados dos entrevistados que são difíceis de verificar como toda estrutura de base
local, representantes legais das associações/cooperativas mineiras e revendedores.

O princípio consistiu no autor perguntar aos inquiridos mineiros ou membros das


associações/cooperativas no final de uma entrevista, quantos operadores mineiros da sua
especialidade existem na mina. Neste trabalho foram entrevistados 16 pessoas na área de
estudo selecionados segundo alguns critérios como tipo de minério no foco, produto final
resultante da argila e adoção de diferentes práticas de mineração.

3.3. Identificação das áreas de extração a partir de imagens de satélite


A identificação das áreas de extração no povoado de Indudo ao longo da baixa do Rio
Mutamba foi feita a partir da digitalização de imagens de abrangência do rio Mutamba,
adquiridas pelo satélite online de Sistema de Informação Geográfica (SIG) disponível no
software Google Earth QKIS, entre os anos 2015 a 2021, a digitalização foi feita de forma
intercalada, olhando para a qualidade das imagens disponíveis, dentro do intervalo sugerido
na delimitação temporal do tema.

22
Figura 2: Área de exploração delimitada por meio de curvas de nível
Fonte: Leonel Guiamba 2022
3.4. Localização da Área de Estudo
O Rio Mutamba, também conhecido por rio de Inhambane, é um rio de Moçambique, que
nasce próximo da Lagoa Nhangela, no distrito de Inharrime, e que correndo de oeste para
leste desagua na baía de Inhambane. Antigamente teve os nomes de rio do Cobre e rio dos
Reis. O rio tem um comprimento de 65 km e a sua bacia hidrográfica uma área de 748 km2.

Figura 3: Localização Geográfica da área de Estudo


Fonte: Leonel Guiamba 2022

23
Gráfico 1: Perfil Topográfico da área em estudo com a cota mais alta de 15m de altitude

Fonte: Leonel Guiamba 2022


Importa referenciar que a baixa do Rio Mutamba para além de terras para exploração de argila
é constituída de terras férteis para agricultura, pisciculturas, pesca artesanal, com condições
naturais para construção de pequenas represas.

3.5. Geologia da área de estudo


Localmente a área de estudo enquadra-se nas Formações Quaternárias da chamada Bacia de
Moçambique a Sul do Save. A bacia do Rio Mutamba se enquadra geologicamente em
depósitos aluvionares recentes e dunas interiores do quaternário (GTK, 2006). Os depósitos
aluvionares recentes cobrem áreas planas e consistem em areia, silte e cascalho, estes
depósitos estão relacionados à processos de posicionais fluviais. Quando depositados por água
corrente eles mostram uma grano-classificação com os cascalhos na base, diminuindo de
tamanho do grão para cima para areia e depósitos argilosos. Importa referenciar que a região
de estudo de estudo é caracterizado por planícies ou zonas baixas cuja elevação mínima parte
de 3 metros e máximo 27 metros de acordo com o mapa em abaixo.

Figura 4: Disposição do relevo e as suas isolinhas da área de estudo

24
3.6. Processo Extrativo
A argila se encontra a 1/1.5 a 3 metros de profundidade (de qualquer forma não poderiam
extrair a maior profundidade por causa da lâmina de água e matope). O potencial de produção
é grande, porém na época das chuvas, de Dezembro a Fevereiro, a produção é menor.

A B

Figura 5 –A, B: Frente de extração ativa e Processo de Secagem ao ar livre do Tijolo


As etapas de produção são constituídas pela extração, transporte, preparação da argila,
moldagem de tijolos e outros produtos cerâmicos (vasos e fogões), secagem (duas etapas),
queima em fornos artesanais e acabamento dos produtos para serem comercializados. Em
termos de equipamentos para extração e transporte da argila se usa pás, catanas, carrinha de
mão e carroças puxadas por bois. Alguns detalhes adicionais sobre a produção de tijolos:
✓ Extraem a argila em covas de mais ou menos 2x2 m;
✓ Põem a argila a secar por 2-3 dias uma vez extraída;
✓ A argila é colocada em covas com água para amaçar e é “tirada” por um dia;
✓ A argila é colocada em moldes para formar os tijolos que são colocados ao ar livre
para secar por 2 dias. Posteriormente, o processo de secagem é finalizado em local
coberto por, aproximadamente, 3 semanas.
Os tempos dependem muito das condições climáticas (por exemplo, temperaturas baixas
requerem tempos maiores e quanto maior for a corrente de ar menor tempo de secagem)

✓ São produzidos por volta de 150 a 250 tijolos diários (nos dias em que se produzem).
Ou seja, aproximadamente 1000 tijolos em duas semanas
✓ Preços e especificações;
✓ O Preço do tijolo é de 8 meticais e de 10 meticais no período das chuvas

Os trabalhadores sazonais recebem 1.4 meticais por tijolo produzido as Dimensões do tijolo:
30 x15 x 8 cm.

25
3.7. Fluxograma das fases do ciclo da extração da argila até a comercialização dos seus
derivados

Exploração
Matéria-prima

Etapa primária
(Argila)

Transporte
Matéria-prima
(Argilas)

Desagregação

Mistura
Etapa de transformação

Moldagem

Secagem
(ao ar)

Queima/forno 850°C

Estocagem

Comercialização

Figura 6: Fluxograma das fases de extração até a comercialização

Fonte; Leonel Guiamba Autor (2022)

26
3.8. Organização dos operadores mineiros no povoado de Indudo
Em termos de organização do trabalho, as cooperativas sonho de Indudo, Oleiros de Mutamba
e associação Josina Machel mantém contratos verbais, e para aceder á área de extração os
mineiros tem que obter autorização e pagar uma taxa. Os mineiros sazonais são pagos pelos
tijolos produzidos por dia. Cada mineiro é responsável por todas as fases até à venda do
produto. Em termos de comercialização, os fogões são vendidos a um único comprador, mas
os tijolos têm diferentes compradores.

Os mineiros incorrem em custos adicionais para a produção do produto final, tendo sido
identificados os seguintes:

✓ Transporte de carroças – 100 meticais por cada viagem;


✓ Lenha (custo por carroça de boi são 500 meticais);
✓ Fornos: 300 meticais para usar o forno e 80 meticais para queimar (forneiro) .
No referente à rentabilidade e sustentabilidade das atividades mineiras, as cooperativas
aparentemente não possui poupanças, mas por outro lado, o autor constatou que a
rentabilidade não é boa. O modelo de negócio das cooperativas e dos seus membros necessita
de maior claridade.

3.9. Analise dos Impactos Ambientais e as suas medidas estratégicas de Mitigação


3.9.1. Impactos Negativos no meio Biofísico, Durante a fase de construção
As atividades de remoção dos solos superficiais, a implantação de construção desordenadas de
alpendres e fornos para queima de produtos cerâmicos desarmonizam o especto estético-
visual da paisagem existente no povoado de Indudo. Estas atividades são as principais
causadoras da alteração da estética natural da paisagem, tratando-se de um impacto de
ocorrência certa de intensidade media e significância estará confinada na área de estudo a
longo prazo.

Medidas de Mitigação
Para minimizar este impacto sobre o cenário estético-visual da paisagem na área de estudo
caso concreto no Povoado de Indudo na baixa de mutamba é necessário -se observar o
seguinte;

✓ As atividades de construção devém-ser limitadas apenas em locais destinados para o


efeito e devidamente demarcadas;

27
✓ As infra-estruturas precisam ser executadas com material que permita reduzir o
contraste paisagístico na área em estudo e nos seus arredores.

3.9.2. Perturbação e/ou perda de Habitat para a Fauna e Flora


As atividades de construção de alpendres, fornos, desmatamento estão a perturbar ou provocar
a perda de habitat para a flora devido a destruição localizada da mesma, é notável na área de
estudo o corte excessivo de ramos de árvores para a construção de alpendres, queima de
produtos cerâmicos e fixação de bancos usados como moldes no processamento da argila. A
fauna por sua vez esta sendo perturbada devido a destruição do seu habitat, é visível na área
de estudo alguns insetos ou formigas envia de extinção.

Por outro lado os ecossistemas terrestre que dependem de águas da baixa de Mutamba caso
concreto de gado bovino entre outras espécies de aves que habitam estão sendo afetados
devido a modificações do terreno. Medidas de Mitigação‫׃‬

A área de estudo é composto por uma flora que a comunidade local e os exploradores
mineiros aproveitam para a produção de lenha usado para queima de tijolo, entre outros fins.
Assim sendo os efeitos acima descritos considera-se negligenciáveis;

✓ Propõe-se contudo, que as árvores temporariamente perturbadas sejam reabilitadas


após a construção;
✓ Os animais que atualmente habitam na área de estudo podem facilmente estabelecer as
suas colónias nos arredores da área perturbada;
✓ Todos trabalhadores envolvidos na construção de alpendres e residências para suporte
a mineração devem ser sensibilizados em matéria de gestão ambiental e dos recursos
naturais bem como na conservação do meio ambiente.

3.9.3. Geração de Resíduos Sólidos e Líquidos


No que concerne a geração de resíduos sólidos e líquidos na área de estudo, há disposição de
entulhos de lenhas, garrafas plásticas, latas, vidros, cascas de cana-de-açúcar usados pelos
operadores mineiros o que coloca em risco o meio ambiente recetor, incluídos as águas, o solo
e o ar. Importa referenciar que na área de estudo não foi identificado o impacto provocado
pelo derrame de combustível porque atividade extrativa é 100 porcento rudimentar ou manual
deste a extração até obtenção dos derivados resultantes da argila. O autor considera como um
impacto de ocorrência certa, de média intensidade e significância, circunscrito ao local e de
curto prazo. Medidas de mitigação‫׃‬

28
✓ As garrafas plásticas, latas, vidros, cascas de cana-de-açúcar devem ser depositadas
em latas de lixos devidamente etiquetados;
✓ Aos entulhos de lenhas dispersos podem ser reaproveitados para confeição das suas
refeições uma vez que grande parte de operadores tem as suas residências instaladas
na área estudo.

3.9.4. Poluição das Águas Superficiais


Na área de estudo foi possível observar que os cursos hídricos locais ou do rio mutamba são
poluídos porque que o operador mineiro não tem sanitários construídos para satisfazer as suas
necessidades fazendo que os mesmos façam fetalismo a céu aberto. Por outro lado a lavagem
de roupa, moldes de fabrico de tijolos dispersão de partículas pela ação dos ventos durante as
atividades de remoção da vegetação. Neste contexto o autor considera ser um impacto de
ocorrência provável, de baixa significância e de curto prazo que ficara circunscrito ao local se
medidas adequadas de mitigação forem adequadamente estabelecidas‫׃‬

✓ Construir sanitários a menos de 300 metros dos cursos de água em áreas onde possa
perturbar ou afetar a segurança das comunidades locais;

✓ Deve-se dar atenção ao armazenamento de material fora das linhas dos cursos
existentes e terras húmidas, de forma a minimizar a sedimentação ao longo dos corpos
hídricos

3.9.5. Degradação da Qualidade do Ar


A qualidade do ar presente na área de estudo é extramente contaminado pela dispersão de
fumaça resultante pela queima de tijolos nos fornos o que poem em causa a contração de
doenças respiratórias das comunidades residentes em algures da área de exploração mineira
bem como aos próprios operadores mineiros que inalam a fumaça pela falta e não uso de
mascara de proteção durante o manuseio dos fornos de queima. O autor considera o impacto
como sendo de ocorrência definitiva, de média significância que ficara circunscrito ao local e
arredores, é de curto prazo. Medidas de mitigação‫׃‬

✓ Revestir com chaminés os fornos de queima de produtos cerâmicos para a


contenção de dispersão de fumaça;
✓ Os operadores mineiros devem usar regularmente as mascaras de proteção sempre
que se fizerem a mina;

29
✓ Fazer consultas permanentes nos centros de saúde de modo a estar informado sobre
o seu estado de saúde.

3.9.6. Exposição das covas resultantes da extração da argila


O impacto ambiental da extração de argila na área de estudo pode ser definido, conforme já
mencionado por (Kopezinski, 2000), como negativo, e resulta da ação que induz o dano à
qualidade de um fator ambiental. A ação refere-se à forma de exploração que não atende às
especificações ambientais.
Uma grave consequência ambiental, resultante do processo de mineração: uma cava
abandonada. O abandono ocorre devido à forma de extração, que é manual e desordenada e
não permite ir além do nível do lençol freático, que pode chegar até 4 metros dependendo de
cada ponto. Os oleiros procuram logo outra parte da jazida para começar uma nova escavação,
ao mesmo tempo que a água da cava abandonada serve para o fornecimento para a fabricação
dos tijolos. Algumas cavas têm aproximadamente 2m e são abandonadas, mesmo com o
potencial para exploração.
No terreno o autor ficou sabendo que as cavas abandonadas são restauradas por um processo
natural durante a regeneração da argila. Por exemplo uma cava com dimensões de 8 metros de
comprimento 4 quatro de largura e 2 de profundida a sua restauração leva aproximadamente
de aproximadamente de 9 a 12 anos.

C D

Figura 7: Cava abandonada (C), cava restaurada naturalmente (D)


Fonte; Leonel Guiamba Autor (2022
3.9.7. Plano de Recuperação Ambiental e Paisagista das áreas lavradas ou covas
abandonadas
✓ Depois de se terminar com a extração do material/argila num determinado local, deve-
ser preenchido com solo orgânico de cobertura da remoção superficial de outros locais

30
imediatamente com as mesmas características da área inicial, e manter a vegetação
indígena ao redor do buraco.
✓ Quando a paisagem a recuperação é lenta por isso as atividades de reabilitação devem
ocorrer de forma progressiva com os trabalhos de exploração, procurando-se na
medida do possível a restauração das condições ambientais antes existentes.

✓ As superfícies escavadas devem ser drenadas e niveladas para evitar acumulações de


águas que podem converter-se em focos de incubação de agentes patogénicos e
vetores de doenças, com maior incidência para a malária

31
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
4.1. Apresentação dos resultados
4.1.1. Identificação das áreas de extração a partir de imagens de satélite
A figura 8 ilustra a digitalização dos contornos das áreas ou focos de extração massiva e
desordenada adjacente ao rio Mutamba, referentes aos seguintes anos, 2015 (cor vermelha),
2016 (cor amarela), 2017 (cor rosa claro), 2018 (cor verde-carregado) 2019 (castanho
carregado) 2020 (cor amarelo). A escolha dos anos para digitalização, levou-se em
consideração dois fatores, a saber: disponibilidade das imagens de satélite e qualidade das
imagens, devido a nebulosidade que apresentavam algumas das imagens. Da digitalização
feita na área de estudo nos anos escolhidos, numa extensão de aproximadamente de 12
hectares, identificou-se 6 pontos críticos de extração desordenada de argila sendo que o ponto
6 e 7 é diretamente influenciado pelos afluentes do rio Mutamba.

Figura 8: Áreas de Extração/focos ambientalmente degradadas 2015 a 2021

Fonte: Leonel Guiamba 2022

32
Na mesma figura acima mostra a disposição dos focos em extração, abandonados e em
processo de restauração ao longo dos afluentes das margens do rio Mutamba, no tempo (2015
a 2021). No ponto do foco 2, observa-se um buraco abandonado com as seguintes dimensões
12M de comprimento, 6 M de Largura e 1.5M de profundidade, cuja sua extração teve o seu
início em 2015, do cálculo de reserva do material extraído consta que foi extraído 108metros
cúbicos de argila como matéria-prima para produção de produtos cerâmicos. Porque a
extração de argila é exercida sem a observação de normas básicas de gestão ambiental
verifica-se a exposição do buraco sem nenhuma ação de reabilitação da área, proporcionado
um perigo iminente de acidentes para os residentes adjacentes área. Nos pontos dos focos 5,
3,e 4, tem quase as mesmas características no que concerne as dimensões sendo de 6M de
comprimento 2M de largura e 40 a 60cm de profundida, notou-se claramente que as
escavações são feitas a céu aberto, de qualquer forma não ultrapassaram 1M de profundidade
por causa da lâmina de água e matope o que faz com que os operadores mineiros abandonem
as frentes de extração para uma outra deixando as áreas sem reabilitação das mesmas. Nos
pontos dos focos 5 e 6, trata-se de focos cuja atividade extrativa Noé muito avança e pela sua
localização próxima aos afluentes das margens do Rio Mutamba, existem tensões e conflitos,
relacionadas ao uso da terra. Basicamente, os agricultores se apropriaram de algumas áreas
dentro da área designada e começaram a plantar bananeiras, inclusive, na área de extração.
Para além deste facto, existe um outro, relacionado com a manutenção das vias de acesso que
têm que ser compartilhadas. Em todos os pontos com a exceção de 6 a7, caracterizou-se com
uma tendência de insegurança devido aos buracos abandonados sem a sua reabilitação.

Figura 9-E: Exposição ao perigo do Buraco abertos 24° 03"00Sˮ 35° 18"10ˮ
Fonte, Leonel Guiamba 2022

33
F

Figura 10-F: Lixo depositado dentro de cavas abandonadas


Fonte: Leonel Guiamba 2022

Os moradores dos bairros vizinhos, e também dos próprios oleiros, destinam lixo de forma
inadequada dentro de cavas abandonadas. É possível encontrar estofados inutilizados, garrafas
plásticas, pneus, lixo orgânico, dentre outros. O lixo dificulta o processo de drenagem natural
da água e contamina as mesmas.

34
Figura 11: Fatores que influenciam a degradação ambiental 2015 a 2021
Fonte: Leonel Guiamba 2022

A figura acima ilustra claramente os principias fatores que influenciam negativamente na


degradação ambiental resultado da atividade da olaria no povoado de Indudo, na baixa de
Mutamba. Da analise feita a vários ecossistemas ameaçados com maior incidência para o
ponto 5 na figura acima, na qual destaca—se uma área de aproximadamente 9h totalmente
sem a vegetação devido ao abate indiscriminado de árvores tais como cajueiros e coqueiros
utilizado como combustível para a queima dos produtos cerâmicos e para a fixação como
suporte dos moldes no âmbito do processamento mecânico da argila, de certa forma criando
uma espécie de desertificação e esgotamento da vegetação proporcionado a vulnerabilidade
extrema aos desastres naturais. De acordo com as fotos abaixo.

35
G

I J

Figura 12: G,H,I,J, abate de coqueiros I,J e cajueiros G, H

Fonte: Leonel Guiamba 2022

36
No ponto1 na figura 11 há exposição de resíduos sólidos de garrafas plásticos expelidas pelos
operadores mineiros no chão adjacente ao rio Mutamba, causando inúmeros impactos
ambientais a destacar, o assoreamento do curso normal das águas do rio, perda da
Biodiversidade. Aumento da quantidade de lixo e desequilíbrio dos ecossistemas
prejudicando a vida dos animais marinhos; de acordo com a foto abaixo;

Figura 13: Exposição de resíduos sólidos a céu aberto

Fonte: Leonel Guiamba, 2022

No ponto 3 na figura11 há contaminação das águas, na área de estudo regista-se nas


planícies de inundação ao longo do rio Mutamba, condicionada pela falta de sanitários na área
designada para os operadores mineiros obrigando os mesmos na pratica de fetalismo a céu
aberto, banho, lavagem de roupa e equipamentos de mineração no rio, o que resulta na
turbidez da água, mau cheiro associada ao consumo da água contaminada pelas comunidades
locais residentes no raio da exploração.

37
L M

Figura 14 L-M: Operador mineiro lavando Roupa e Braços na planície de inundação ao


longo do rio, Mutamba

Fonte: Leonel Guiamba 2022

No ponto 2 da figura 11 área de queima de tijolos o beneficiamento da argila, há a queima


dos tijolos em fornos que são construídos de forma artesanal, localizados a céu aberto e
utilizando-se lenha como matriz energética, de forma que a fumaça resultante da queima é
lançada livremente na atmosfera por horas a fio (em alguns casos, de madrugada ou à noite), o
que representa também desconforto para os próprios operadores mineiros bem como
moradores vizinhos cujas suas casas encontram-se construídas em locais inadequados dentro
da área designada explorada pelos operadores mineiros. Das doenças reportadas pelo
representante do centro de saúde de Indudo há maior contração de doenças respiratórias, bem
com problemas de coceira da visão contraídas pela inalação da fumaça porque as operações
mineiras são exercidas sem uso de equipamento de proteção individual. De acordo com as
fotos abaixo.

38
N
O
Figura 15: Residências construídas junto aos fornos de queima de tijolo N e Operador
mineiro inalando a fumaça durante a queima do tijolo O.

Fonte: Leonel Guiamba 2022

4.1.2. Discussão de Resultados


4.1.3. Identificação dos impactos ambientais ocasionados pela extração e queima da
argila para produção de Tijolo;

Após a visita in locu, aos focos de extração da argila no terreno culminou na identificação e
classificação dos impactos ambientais de acordo com as várias escalas de tempo, com a
indicação da duração do impacto de 0 a 40 anos. Sendo de curto prazo (0 a 1 ano), médio
prazo (1 a 20 anos), de longo prazo, (20 a 40 anos), permanente (mais de 40 anos), Dessa
forma, observou-se que a maior parte dos impactos afeta o solo e o ar, além desses, há
impactos nos recursos hídricos e construções de habitações em locais propensos a inundações
de acordo com a figuras 22 P.

39
Rio Mutamba

Figura 22 P- Exposição de casas em zonas propensas a inundações


A maior procura de áreas para a extração de argila associada ao crescimento da população que
dedica-se ao exercício extrativo faz com que haja maior número da população a construir
casas em locais próximos a fontes de extração estando expostas a inundações em tempos
chuvosos e a contração de doenças de origem hídrica devido ao acumulo de muita água
estagnada. A prevalecer o ritmo extrativa por mais 20 anos espera-se o alastramento em
grande escala de problemas ambientais maior em relação aos existentes. Este impacto
classifica-se como sendo de Médio prazo, (1-20anos).

40
Através desse estudo foi possível notar as alterações no ambiente devido à retirada da argila,
o segundo impacto observado foi a perda da camada superficial, (Ademais & Cardoso
2019), afirma que a retirada dessa camada se dá sem um mínimo de estudos e sem as devidas
licenças, o que agrava os impactos.

Ressalta-se que também foram observadas, escavações desordenadas devido ao uso de


equipamentos rudimentares para extração da argila nas frentes de desmonte o que propicia a
exposição aceu aberto de cavas ocasionando a modificação da paisagem e perigo para as
comunidades locais.

Outro impacto observado, foi a redução da biodiversidade devido à retirada da vegetação, o


qual foi classificado como de Médio Prazo, (1-20anos). Isso ocorre devido ao afugentamento
de animais, consequência do desmatamento necessário para abertura das lavras e acessos de
transporte do minério de acordo com as figuras 22, S e T.

S T

Figura 22, S e T- Devastação da vegetação em S e espécies faunísticas em vias de mudança


de habitat

A formação de lagoas artificiais em cavas abandonadas é bastante comum na área de estudo


de acordo com a Figura 23U e V

41
U v

Figura 23.U e V-Exposição de covas abandonadas

Além do mais, o local em que acontece a extração da argila, ficam enormes crateras a céu
aberto, que não passam por um processo de recuperação, ou seja, estas crateras deveriam ser
recobertas pelos rejeitos. O resultado é que estas crateras inundam com a água da chuva, e por
vez, esta água não serve para a comunidade, pois fica barrenta, imprópria para o consumo
humano. Este impacto classifica-se como sendo de longa duração, (20-40anos).

De acordo com a figura 9 do presente trabalho, da digitalização feita na área de estudo, nos
anos escolhidos, numa extensão de aproximadamente de 5 hectares, identificou-se 6 pontos
críticos de extração desordenada de argila, com maiores incidências para os focos 1e 2, cuja
extração segue em direção a estrada pavimentada que liga Mutamba e Agostinho neto. Esta
extração pode condicionar a circulação de bens e serviços nos próximos 5 anos caso não haja
uma intervenção de quem é de direito.

Observou-se também a alteração da qualidade do ar sob um especto: através da emissão de


gases advindos da queima da lenha para a produção do tijolo, a queima dos tijolos é feita em
fornos à lenha, sem nenhuma medida para minimizar a liberação de gases e partículas para a
atmosfera, com duração de 2 (dois) dias para queima de 1000mil tijolos. Após a queima,
podem ser retirados para comercialização.

Este impacto afeta não só as pessoas que estão trabalhando sem EPI, mas também os
moradores do entorno das áreas em exploração, pois, as plumas de vento transportam o ar
para vários quilómetros do seu local de origem. De acordo com a figura 24 X

42
X

Figura 24 X- Operador mineiro sem o EPI

Este impacto classifica-se como sendo de curta duração, (0 a1ano).

✓ Analise dos fatores que mais contribuem para ocorrência de danos ambientais,
num período de 2015 – 2021;
O impacto ambiental da extração de argila nas olarias pode ser definido, conforme já
mencionado por (Kopezinski, 2000), como negativo, e resulta da ação que induz o dano à
qualidade de um fator ambiental. A ação refere-se à forma de exploração que não atende às
especificações ambientais.

Os fatores ambientais que mais contribuíram param ocorrência de danos ambientais, num
período de 2015 – 2021; envolvem o desmatamento da vegetação nativa, a poluição do ar, a
poluição do solo, a extração desordenada, a construção de moradias nas planícies de
Inundação, o aumento da superfície lacustre, o descumprimento da legislação e a
possibilidade de esgotamento da jazida de argila.

43
✓ Processo de extração, processamento e comercialização desde a matéria-prima
até ao produto final o tijolo.
Ainda por meio das entrevistas e conversas com os operadores mineiros e membros das
comunidades de tal forma a perceber deles sobre os problemas socioeconómicos, ambientais e
culturas que mais afetam a comunidade no processo de exploração mineira de argila. Foram
entrevistadas 7 (sete) membros das comunidades selecionadas de acordo com a idoneidade e
influencia na comunidade local de Indudo, sendo líderes comunitários do 1° 2° e 3° escalão, 2
chefes de bairros, professores. Igualmente entrevistou-se presidentes das associações
mineiras, Josina Machel e cooperativas Sonho de Indudo e Oleiros de Mutamba, enfermeiros
do centro de saúde de indudo e operadores mineiros ilegais que não estão associados a
nenhuma cooperativa ou associação trabalhando por conta própria.

DISTRIBUIÇÃO PERCENTUAL DE PESSOAS INQUERIDAS DE ACORDO COM O


IMPACTO AMBIENTAL QUE MAIS AFECTA A COMUNIDADE
Total N°
Poluição Exposição de Construção Contaminação Desmatamento 100%
atmosférica covas/buracos de moradias das águas do da vegetação
nas planícies rio mutamba
Pessoas
de
Inqueridas
inundação
Lideres 2.0 70 9.0 12.0 9.0 100%
Comunitários
Chefes de 4.0 65 0.5 0.5 30 100%
Bairros
Professores 17.5 19.4 33.5 21.5 8.1 100% 16
Presidentes da 33 0.4 0.4 1.2 65 100%
Ass Josinal
Presidentes da 2.9 5.0 3.6 8.5 80 100%
coop. Sonho
Presidentes da 1.2 10 54.9 3.9 30 100%
coop.oleiros
Enfermeiros 85 0.5 0.5 12.5 1.5 100%
Operadores 0.5 90 0.5 0.5 8.5 100%
mineiros ilegais

Tabela 1: Ilustra a distribuição percentual dos principais impactos ambientais na área de estudo.

Há esgotamento completo da vegetação nativa na área onde se explora a argila, por isso os
oleiros compram lenha de outras localidades para a queima do tijolo. Segundo os
representantes das Associações e cooperativas, quando havia árvore nas proximidades, o custo

44
da produção era bem menor; atualmente, a utilização de madeira consome grande parte dos
lucros de produção. De referenciar que outro impacto negativa com maior destaque de acordo
com os inqueridos é a exposição de covas/ou buracos abandonados a pós a extração o que
resulta no afogamento de crianças e animais domésticos.

Por causa da retirada da vegetação para o processo de escavação e retirada da argila, parte do
solo local fica desprotegido provocando processos de compactação em determinadas situações
e em lixiviação por outra. “Lixiviação do solo é um processo erosivo ocasionado a partir da
lavagem da camada superficial pelo escoamento das águas superficiais” (Ribeiro, 2020).

Uma vez o solo lixiviado fica impróprio para a agricultura, sendo assim, os terrenos que são
utilizados para a extração da argila acabam sendo abandonados pelos donos, que sobrevivem
da agricultura de subsistência

Além do mais, o local em que acontece a extração da argila, ficam enormes crateras a céu
aberto, que não passam por um processo de recuperação, ou seja, estas crateras deveriam ser
recobertas pelo rejeitos, camada superficial de solo com matéria orgânica que é removida do
local e não serve para a construção de peças cerâmicas para a construção civil. O resultado é
que estas crateras inundam com a água da chuva, e por vez, esta água não serve para a
comunidade, pois fica barrenta, imprópria para o consumo, em certos casos as escavações
transforma-se em cativeiro para a criação do peixe que é sustento para a comunidade local de
cordo com a figura 25 Y e Z.

y
Z

Figura 25-Y e Z, procura e captura de peixe em cavas abandonadas

O processo de exploração da argila nos locais de extração é feito de forma completamente


irregular, uma vez que não obedece a distância dos leitos do rio, provocando desmoronamento

45
das encostas tendo como consequências o assoreamento e a desmoronada da mata ciliar
contribuindo para que estes recursos hídricos tornarem mais secos.

Ao extrair a argila, os operadores mineiros deitam o rejeito, ou seja, a parte superficial do solo
que é retirado, no leito do rio. Onde tira a argila fica uma cratera sem nenhuma proteção
vegetal, fazendo com que a área fique inabitável para o desenvolvimento da vegetação. O
rejeito é lançado ao rio e quando vem a enchente no período das chuvas ele é arrastado pela
correnteza da água contribuindo para o assoreamento destes e das lagoas.

46
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES

5. 1. Conclusão
Em termos de impactos sócio ambiental conclui-se que os fornos encontra-se perto das
residências o que propicia que a poluição gerada pelo cozimento do tijolo e do uso de
combustíveis lenhosos altamente poluentes não só afeta aos operadores mineiros e a
população onde estão localizados os fornos, mas também para cidades próximas porque os
fumos viajam, levando cinzas no ar e espalhando através da nuvem de fumaça que é gerada;
além do mal que está causando ao meio ambiente também, identificou-se a degradação de
vegetação nativa, essencialmente, pelo corte de árvores para obter lenha para o forno.

Em termos de segurança e saúde no local de trabalho, alguns aspetos foram identificados:

✓ Luvas não são usadas no manuseio dos produtos cerâmicos no processo de queima
✓ Botas não são usadas nas diferentes etapas de produção
✓ Máscaras de proteção não são usadas durante o manuseio dos fornos de queima.

A ausência de licenciamento ambiental em grande parte das olarias da região, demonstra o


descaso com o meio ambiente, falta de fiscalização pelos órgãos ambientais da região e
comprometimento dos empreendedores.

47
5.2. Recomendação
A extração de argila no Povoado de Indudo, na baixa de Mutamba, distrito de Jangamo é
considerada uma atividade lucrativa e que gera renda. Mas o processo de extração é feito sem
preocupação com a recuperação das áreas de onde é retirado o material argiloso. Nesse
sentido o processo de exploração desse recurso causa uma série de impactos ambientais.

Dentre esses impactos existe um positivo, que é a geração de renda. Os demais foram
negativos como: assoreamento dos afluentes do rio Mutamba, retirada da mata ciliar,
compactação do solo, crateras a céu aberto que são inundadas com águas do próprio rio
Mutamba e da chuva e impróprias para a utilização humana. Impactos esses provocando
repercussões socioeconómicas uma vez que compromete a realização das atividades agrícolas
nas áreas em que realizam tal atividade extrativa.

Para a prevenção e controle dos danos ambientais futuros recomenda-se as instituições de


tutela a dar continuidade com processos de monitorias sobre boas práticas ambientais através
de palestras com imagens ilustrativas e claras do que estar sendo disseminado.

48
6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICA
✓ Andrade, O. (1998), Estudo da Dinâmica da Cobertura Vegetal e Uso da Terra na
Região de Ji-Paraná/RO. Anais IX Simpósio de Sensoriamento Remoto, Santos,
Brasil, 11-18 de Setembro, p. 89-98.
✓ Araújo, G. H. S. (2005), Gestão Ambiental de áreas degradadas. Rio de Janeiro,
Bertrand Brasil.
✓ Batista, F. G. (2004), Caracterização física e mecanística dos agregados de argila
calcinada produzidos com solos finos na BR 163/PA. Rio de Janeiro Dissertação
(Mestrado).
✓ Bitar, O. Y. (1997), Avaliação da recuperação de áreas degradadas para mineração
Região Metropolitana de São Paulo.
✓ Bitar, O. Y. (1997), Avaliação da recuperação de áreas degradadas por mineração na
região metropolitana de São Paulo. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo.
✓ Cabral, G. L. (2005), Metodologia de produção e emprego de agregados de argila
calcinada para pavimentação Dissertação (Mestrado).
✓ Decreto 54/2015 de 31 de Dezembro.
✓ Decreto n° 31/2015-aprova o Regulamento da Lei de Minas e seus anexo;
✓ Decreto n°20/2011-aprova o Regulamento de Comercialização de Produtos Minerais;
✓ Decreto n°26/2004-Regulamento Ambiental para Actividade Mineira;
✓ Farias, C.E.G.(2002), Mineração e meio ambiente no Brasil. Relatório do
CGEE/PNUD.
✓ Guerra, A. J. (2005), Experimentos e Monitoramentos. 16, 32-37. São Paulo:
In:Revista do Departamento de Geografia.
✓ Henriques . et al. (1993), Manual de conservação de energia na indústria de
cerâmica vermelha. Ministério de Ciência e Tecnologia/Setembro 2022.
✓ Imap – Instituto de Meio Ambiente e Ordenamento Territorial do Estado do Amapá.
Disponível em < http://imap-ap.com.br/infotexto.php?rg=1655894849>. Acessado em
14/9/2022 ás 16:46.
✓ Junior, A. M. B. et al. (2013), ESTUDO PARA ANÁLISE DE CICLO DE VIDA DE
PRODUTOS CERÂMICOS. Revista Jovens Pesquisadores, v. 3, n. 2
2237-048X.

49
✓ Kemerich, P. D. C. et al. .(2011), Avaliação de impactos ambientais na implantação e
operação de olaria. Engenharia Ambiental - Espírito Santo do Pinhal, v. 8, n. 1, p. 134-
150.
✓ Kerry, J. (2008) Antes que a terra acabe: um relato real dos desafios ambientais. São
Paulo.
✓ Mendonça, B. et al. (2006), Ambiente de Olaria: Cidadania a prova. Universidade
Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões, Santo Ângelo, RS.
✓ Mota, S. et al. (2002), Proposta de uma matriz para avaliação de impactos ambientais.
In: SIMPÓSIO ITALO BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E
AMBIENTAL, 6. p. 1-9.
✓ OLiveira, R.A. at all. (2009), REGO W.A., FERREIRA S. Romero de Melo, MOTA
J.M.F. Manifestações patológicas em revestimentos de argamassas com saibro. X
Congresso Latinoamericano de Patología y XIII Congresso de Calidad em la
construcción – CONPAT,Valparaíso – Chile.
✓ Pires, J. N. (2021), Meio Ambiente – Gerenciamento de resíduos sólidos gerados no
processo produtivo de uma cerâmica vermelha. Disponível em:
<http://www.terraconsult.com.br/ceramicav.html>. Acesso em: 22 abr. 2021.
✓ Portela et al (2005), Os danos ambientais resultantes da extração de argila no bairro
Olarias em Teresina – PI. (Programa de pós-graduação em políticas públicas).
✓ Resende. G. A. M.(1977), Argilas nobres e zeolitas na bacia do Parnaíba: relatório
final do projeto. Belém: CPRM. 33p.
✓ Silva, (2010), Diagnóstico de área degradada por extração de saibro. Vianna Sapiens,
Juiz de Fora, v.1, edição especial.
✓ Souza, S.(2008), Geoprocessamento aplicado à identificação de áreas potencia à
degradação da qualidade da água. XI curso de especialização em geoprocessamento,
UFMG, departamento de cartografia.
✓ Valverde, F. Mendes. ( 2001) Agregados para Construção Civil. Balanço Mineral
Brasileiro.

50
Apêndices

51
Figura 16: Alpendres Feitos de Material não Convencional para a secagam de blocos de
Tijolos

Fonte: Leonel Guiamba 2022

52
Figura 17: Via de acesso principal que da acesso a diferentes frentes de extração na mina

Fonte: Leonel Guiamba 2022

53
Figura 18: Bloco de Tijolo após a queima

Fonte: Leonel Guiamba 2022

54
Figura 19: Rio Mutamba

Fonte: Leonel Guiamba 2022

55
Figura 20: Futura área de exploração

Fonte: Leonel Guiamba 2022

56
57
58
59
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61
Guião de Entrevista aplicado aos operadores mineiros e Agregados Familiares
residentes no Povoado de Indudo, na Baixa de Mutamba Distrito de Jangamo.

Córdias Saudações,

Meu nome é Leonel Carlos Alfredo Guiamba, sou estudante da Universidade Aberta
ISCED e estou a desenvolver uma pesquisa, sobre Análise do Impacto da Extracção de Argila
no distrito de Jangamo, povoado de Indudo (2015-2021).Gostaria de convida-lo a responder
as seguintes questões.

Questionário feito aos operadores mineiros

1. A quanto tempo mora nesse Povoado ?--------------------------------------------------------


2. Qual foi a motivação que lhe levou a praticar a mineração da argila?----------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
3. Quantas Crianças com menos de12 anos estão envolvidas na mineração?-----------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
4. Como olha para os problemas ambientais nos últimos 6 nos últimos anos?---------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
-----------------------------------------------------
5. Alguém na residência apresenta problemas respiratórios ou alérgicos?--------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------

62
6. Na sua opinião que impactos socioeconómicos a mineração criou nesse Povoado
nos últimos 6 anos?--------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
7. O que acha que o governo poderia fazer junto aos operadores mineiros mineiros para
minimizar os problemas ambientais existente no Povoado de Indudo para?---------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
-------------------------------------------------------------------------------------------------------
8. Actividade que desenvolve tem senha mineira?-----------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
9. A quanto tempo pratica a mineração nessa área?----------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
10. A mineração sua principal fonte de rendimento?---------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
11. Em que período do ano pratica a mineração? --------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
12. Nos últimos 12 meses, qual foi o valor mais elevado das suas vendas nesta actividade?
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
13. Nos últimos 12 meses, qual foi o valor mais baixo das suas vendas nesta actividade----
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
14. Quantas pessoas prestam serviço para si-------------------------------------------------------
15. O senhor trabalha para uma associação ou cooperativa---------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
16. Dois mineiros explorados qual foi a sua produção em quantidade da ultima vez nos
ultimos12 meses-----------------------------------------------------------------------------------
17. Para quem vende a sua produção-----------------------------------------------------------------

63
Questionário feito aos membros das comunidades

Este questionário foi direcionado a pessoas idóneas e influentes na comunidade local; lideres
comunitários, chefes das povoações, anciões isto é pessoas que conhecem a realidade da
comunidade local.

1. Na vossa opinião o que é atividade mineira ?--------------------------------------------------


--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
2. Porque atividade mineira é importante na comunidade?--------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
3. Qual e a principal fonte de rendimento da população local nesta comunidade?-----------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
4. Quem pratica a mineração artesanal nesta comunidade?-------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
5. Na vossa opinião, quantos membros da comunidade praticam a mineração nesta
comunidade?----------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
6. Que impactos sociais e económicos atividade mineira trouxe para a comunidade?------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
7. Que problemas ambientais são causados pela mineração?-----------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
8. Que problemas de saúde causados pela mineração são frequentes nesta comunidade?--
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
9. Existem uma unidade sanitária nesta comunidade?-------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

64
10. Existem conflitos entre mineradores e moradores locais?------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
11. Quais são as principais causas de conflitos?----------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
12. Na vossa opinião acham que a mineração artesanal devia continuar nessa área?--------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------
--------------------------------------------------------------------------------------------------------

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