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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Educação e Comunicação

O CONTRIBUTO DA TÉCNICA DO DRP NO PROCESSO DE


PLANIFICAÇÃO EM PROJECTOS COMUNITÁRIOS: ESTUDO DE CASO
COMUNIDADE X DA PROVÍNCIA DE NAMPULA

Estudante: Maria Helena Francisco De Sousa

Nampula, Janeiro de 2023


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Faculdade de Educação e Comunicação

O CONTRIBUTO DA TÉCNICA DO DRP NO PROCESSO DE


PLANIFICAÇÃO EM PROJECTOS COMUNITÁRIOS: ESTUDO DE CASO
COMUNIDADE X DA PROVÍNCIA DE NAMPULA

Trabalho de monografia submetido a UCM-FEC como requisito parcial para obtenção


do grau de licenciatura no curso de Desenvolvimento Comunitário e Serviço Social

Estudante: Maria Helena Francisco De Sousa

Supervisora: Teófila Manuel, MA.

Nampula, Janeiro de 2023


Índice
DECLARAÇÃO DE HONRA .......................................................................................... i

AGRADECIMENTOS ..................................................................................................... ii

DEDICATÓRIA .............................................................................................................. iii

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ..................................................................... iv

RESUMO ......................................................................................................................... v

Introdução ..................................................................................................................... 1

Problematização ............................................................................................................ 2

Objectivos ..................................................................................................................... 4

Objectivo geral .............................................................................................................. 4

Objectivos específicos .................................................................................................. 4

Questões de investigação .............................................................................................. 5

Justificativa ................................................................................................................... 5

Limitações do estudo .................................................................................................... 5

CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA ............................................................... 7

1.1 História do Diagnóstico Rural Participativo .......................................................... 7

1.2 Diagnóstico ............................................................................................................ 7

1.3 Diagnóstico Rural Participativo ............................................................................ 8

1.4 Planificação ........................................................................................................... 9

1.5 Comunidade ......................................................................................................... 10

1.6 Participação ......................................................................................................... 10

1.7 Tipos de participação ........................................................................................... 11

1.8 Principais grupos de intervenção nos projectos comunitários ............................. 12

1.9 Ferramentas de diagnóstico rural participativo ................................................... 13

1.9.1 Observação participante ................................................................................... 13

1.9.2 Entrevista Semi-Estruturada ............................................................................ 13

1.9.3 Mapa da Comunidade ...................................................................................... 14


1.9.4 Diagrama de Venn ........................................................................................... 14

1.9.5 Rotina Diária .................................................................................................... 15

1.9.6 Cronologia de Acontecimentos ........................................................................ 15

1.9.7 Perfil Transversal ............................................................................................. 16

2.6.8 Calendário Sazonal ................................................................................................ 16

1.9.8 Priorização de Problemas ................................................................................. 17

1.10 Importância do Diagnóstico Rural Participativo ................................................. 17

CAPITULO III: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ........................................... 19

2.1 Quanto a abordagem ........................................................................................ 19

2.2 Quanto aos objectivos ...................................................................................... 19

2.3 Técnicas e instrumentos de recolha de dados .................................................. 19

2.3.1 Entrevista...................................................................................................... 20

2.4 Técnicas e instrumentos de análise de dados ................................................... 20

2.5 Participantes da pesquisa ................................................................................. 21

2.6 Descrição do local da investigação .................................................................. 21

2.7 Considerações éticas. ....................................................................................... 21

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E DISCUSSÃO


DOS RESULTADOS ..................................................................................................... 23

3.1 Os instrumentos do DRP usados para os processos de identificação e solução de


problemas na comunidade .............................................................................................. 23

3.2 O contributo do DRP para a Planificação na Comunidade ................................. 26

3.3 O envolvimento da comunidade no processo de planificação de projectos


comunitários ................................................................................................................... 28

CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 32

Sugestões ........................................................................................................................ 34

Referencia Bibliográfica ................................................................................................. 35

Apêndices ....................................................................................................................... 38
DECLARAÇÃO DE HONRA
Eu, Maria Helena Francisco De Sousa, declaro por minha honra que a presente
monografia nunca foi apresentada em nenhuma universidade para obtenção de qualquer
grau académico, e o mesmo constitui o resultado da minha pesquisa, mostrando no texto
e nas referências bibliográficas as fontes que foram utilizadas.

Maria Helena Francisco De Sousa


______________________________________________

Nampula, Janeiro de 2023

i
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar, agradeço à Allah, por me ter dado a vida, sabedoria e coragem de
enfrentar os momentos mais complicados desta longa caminhada.

Em seguida a minha supervisora Teófila Manuel M.A, pela dedicação, atenção e por ter
guiado meus passos para conclusão deste trabalho, que com seu conhecimento,
experiência profissional e avaliação criteriosa, priorizou a qualidade e excelência
exigíveis numa monografia.

Ao meu marido Ali Mchemba, fico grato pelas orações, amor, incentivo e apoio
incondicional que sempre me proporcionou. Ainda sou grato por acreditar em mim e ter
interesse em minhas escolhas.

Aos meus pais Jorge de Sousa e Lurdes Zacarias, maiores exemplos e fontes de
inspiração da minha vida.

A minha irmã, Maria Genoveva de Sousa pelo apoio, e aos demais familiares que, de
forma singela, souberam acompanhar-me ao longo do processo também vai a minha
eterna gratidão.

A minha querida amiga Nilza Bárbara de Castro por todos momentos vividos em
conjuntos, pela amizade, pelo auxílio e pela compreensão das ausências e pelo
afastamento temporário.

Aos docentes da Universidade católica de Moçambique, particularmente da Faculdade


de Educação e Comunicação, pelos ensinamentos transmitidos.

O meu muito obrigado!

ii
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia ao meu esposo Ali Machemba pela paciência, compreensão,
amor e apoio incondicional.

iii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DRP – Diagnóstico Rural Participativo

ELP - Equipa Local de Planificação

LC – Líder Comunitário

MADER - Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural

MAE - Ministério da Administração Estatal

MPD – Ministério de Planificação e Desenvolvimento

MPF - Ministério do Plano e Finanças

RL – Residente Local

iv
RESUMO
O presente trabalho tem como tema “o contributo da técnica do DRP no processo de planificação em
projectos comunitários: estudo de caso comunidade x da província de Nampula”. As técnicas do DRP e a
Planificação relacionam-se entre si, pelo facto dos dois elementos ocorrerem no mesmo espaço que é a
comunidade e envolvendo os mesmos sujeitos que são os cidadãos. A temática em análise apresenta o
seguinte objectivo geral analisar o contributo da técnica do DRP no processo de planificação em projectos
comunitários: estudo de caso comunidade X da Província de Nampula, na base do objectivo geral,
formularam-se três (3) objectivos específicos: identificar os instrumentos do DRP usados para os
processos de identificação e solução de problemas na comunidade descrever o contributo do DRP para a
planificação de projectos comunitários; e verificar o envolvimento da comunidade no processo de
planificação de projectos comunitários. Quanto aos procedimentos metodológicos, utilizou-se a pesquisa
de natureza qualitativa e quanto aos objectivos a pesquisa é descritiva. A técnica utilizada para o processo
empírico que é a entrevista semi-estruturada que tem como instrumento o guião de entrevista, neste
estudo participaram: um (1) líder comunitário e dois (3) residentes locais. Tendo em conta o objectivo
geral, analisar o contributo da técnica do DRP no processo de planificação em projectos comunitários:
estudo de caso comunidade X da Província de Nampula, com base no objectivo acima exposto pretende-
se responder a pergunta de partida: De que forma a Técnica do DRP pode contribuir no processo de
Planificação de Projectos Comunitários: estudo de caso comunidade de X da província de Nampula?
Concluiu-se que, a técnica de diagnóstico rural participativo, não contribui na resolução de problemas
como dever ser, porque os entrevistados não têm conhecimento suficiente para aplicação do mesmo.

Palabras chaves: contributo, DRP, planificação, projectos comunitários.

v
Introdução
O presente trabalho de investigação representa a monografia de Licenciatura em
Desenvolvimento Comunitário e Serviço Social, que será desenvolvido posteriormente,
no contexto do tema: O Contributo da Técnica do DRP no processo de planificação em
projectos comunitários: estudo de caso comunidade X da Província de Nampula.

Este trabalho pretende “entender o DRP e sua relação com a planificação de projectos
na Comunidade X”, uma vez que em comunidades rurais, constitui o local onde vivem
pessoas com diversos problemas mas sem poder para os solucionar devido a falta de
domínio de técnicas que lhes facilite a identificação e a definição de prioridades dos
seus problemas e destino da comunidade.

As técnicas do DRP e a Planificação relacionam-se entre si, pelo facto dos dois
elementos ocorrerem no mesmo espaço que é a comunidade e envolvendo os mesmos
sujeitos que são os cidadãos. Por isso, DRP e a Planificação têm sido vistos como
instrumentos pelo qual qualquer sociedade, principalmente para as comunidades rurais
usam na preparação dos seus membros para enfrentar a vida, embora estes processos se
caracterizem agora por problemas como a falta de educadores comunitários ou técnicos
que facilitariam a comunidade a entender a sua realidade através das técnicas do DRP,
em jeito de resposta e busca a novas situações ou realidade (capacidade de resolução de
problemas) com acções de realização de projectos de comunidades com envolvimento
dos seus próprios membros.

O presente trabalho baseou-se no uso da metodologia qualitativa voltada à consulta


bibliográfica, auxiliada pela entrevista semi-estruturada. Em termos de estrutura do
presente trabalho, é de destacar que é organizado em quatro capítulos assim ordenados:

i. Para o primeiro capítulo faz-se a fundamentação teórica onde fica reflectido a


revisão de conceitos para o presente trabalho: diagnóstico, DRP, planificação,
comunidade e das técnicas do DRP;
ii. No segundo capítulo apresenta-se a metodologia utilizada para a realização do
trabalho como a estratégia, aos procedimentos de pesquisa, as técnicas da
colecta de dados;
iii. A terceira e última parte faz a análise e interpretação de dados, conclusão e
sugestões.

1
Problematização
Segundo Verdejo (2006), os enfoques de desenvolvimento rural nas décadas de 60 e 70
se baseavam na transferência de tecnologias e na ausência de participação das/os
supostas/os beneficiárias/os, tanto na elaboração como na execução dos projectos. No
final da década de 70, o fracasso da "transferência tecnológica" causou uma mudança
radical de estratégias: o conhecimento das condições locais, dos grupos beneficiários e
de suas tradições se transformou no enfoque principal da identificação e planeamento de
projectos de desenvolvimento rural.

Nos anos 80, a estratégia mudou de novo: o levantamento de informação foi reduzido ao
necessário, levando em consideração as opiniões e o ponto de vista dos grupos
beneficiários. Os instrumentos clássicos de pesquisa deram lugar a novos conceitos,
mais participativos, muitos deles baseados nas teorias e metodologias da educação
popular, esta foi a hora do nascimento do ‘‘Diagnóstico Rural Participativo’’ (Verdejo,
2006).

O DRP propõe, principalmente, um levantamento de dados participativo e menos


trabalhoso que um levantamento tradicional. Além disso, procura uma maior
participação do chamado beneficiário, para se aproximar mais das suas necessidades e
realidade. Em geral o DRR é utilizado para se obterem os dados necessários para um
projecto novo ou para analisar o desenvolvimento de um projecto.

A planificação é vista como um instrumento importante que facilita a tomada de


decisões do indivíduo na família, no grupo bem como na comunidade ou sociedade em
geral. Como se pode ver, cada país tem a responsabilidade de colocar à disposição a
planificação munida de instrumentos que possa melhor responder com os interesses dos
seus membros sob ponto de vista político, económico e social (Menezes, 2011)

Desde a época da revolução industrial, a maior parte dos projectos comunitários eram
feitos num sistema de cima para baixo, sem respeitar as prioridades das comunidades.
Hoje urge a necessidade de envolver a comunidade no desenho, e na implementação dos
projectos comunitários, para torna-los mais sustentáveis (Jeremias, 1999).

No cômputo geral, tem se assistido paradigmas de desenvolvimento onde concebe-se o


desenvolvimento como um movimento transformador do tradicional para o moderno,
onde as sociedades tradicionais aceitam o mundo como ele é, mas a sociedade tenta
buscar mudanças e reconhece que os indivíduos e as sociedades podem desempenhar

2
um papel importante na busca de soluções para o seu bem-estar (Jeremias (1999), no
caso de Moçambique, com fim da guerra da fase de emergência, viu-se a necessidade de
elaborar projectos de desenvolvimento rural mais participativos. Este tipo de
intervenção devia garantir o desenvolvimento das capacidades dos membros das
comunidades para poderem analisar, definir propriedades e participar no processo de
implementação do projecto, de tal forma que estes possam continuar normalmente com
as suas actividades quando o suporte do projecto cessa. Mas, em Moçambique há
poucas experiências desta natureza baseada nas comunidades, com o intuito de melhorar
o nível de vida das comunidades.

Partindo disso, Muchanga (2010), sustenta que “o Governo de Moçambique iniciou um


processo gradual de descentralização da Administração Pública que tinha objectivos de
agilizar os processos de planificação e gestão do Desenvolvimento Local no País” (p.
12).

Ainda, priorizava-se áreas chaves para a modernização dos instrumentos de


programação de recursos públicos aos níveis Provincial e Distrital, acompanhado de
ensaios de articulação entre a Administração do Estado e as comunidades locais
(Ministério da Administração Estatal-MAE, Ministério da Agricultura e
Desenvolvimento Rural-MADER, Ministério do Plano e Finanças - MPF, 2003).

Desta feita, o sucesso de uma organização depende fortemente da contribuição dos


membros que a compõem e a forma como estes membros estão organizados, são
estimulados e capacitados para que possam estar em ambiente que satisfaça os
interesses locais.

Pode-se assim afirmar que, o DRP, é o aprofundamento das dinâmicas de mudança,


potencialidades e obstáculos de uma determinada situação, sendo um processo
permanente e sempre participado, pelo que está sempre inacabado (MPD, 2007). Dai
que, envolvimento da comunidade no processo de tomada de decisão e análise de
problemas que os afecta, constitui um pressuposto para alcançar o desenvolvimento
sustentável a longo prazo porque as pessoas têm uma aposta no seu sucesso.

Não obstante, em Nampula, ainda hoje certas regiões são consideradas para efeito da
política social e económica, como «regiões-problema», merecendo do Governo central
ou provincial uma atenção particular, o que não é uma tarefa fácil. Então, segundo o
Conselho de Ministros (2000), as autoridades locais articulem, ou seja, envolvam as

3
comunidades locais em diferentes áreas, conforme as necessidades de serviços, com
vista a não condicionar as necessidades básicas de vida e de desenvolvimento local.

É certo que actualmente há mudanças em vários domínios, mas continua a registar-se


fragilidade em matéria de Planificação nas distritos em particular nas comunidades onde
ainda não há habilidades para que as populações possam definir as suas prioridades
como pode se dar o caso da Comunidade de X. pois. Durante um trabalho de campo
realizado no decorrer do curso, verificou-se que várias comunidades da cidade de
Nampula, apresentam enormes problemas, como falta de água, falta de saneamento
básico, desigualdade social, falta de saúde, falta de segurança, falta de acesso ao
emprego, etc.

O DRP constitui um dos importantes conceitos para uma comunidade que precisa
melhorar a sua qualidade de vida, ou seja, a participação pode facilitar o
desenvolvimento de uma consciência crítica da população, pode aumentar a
possibilidade de resolver ou encontrar soluções dos problemas existentes e pode
também ajudar a encontrar soluções para os problemas e desafios do dia-a-dia.

É neste conjunto de estratégias de desenvolvimentos com enfoque na participação, ou


seja, envolvimento dos indivíduos, que assenta a presente pesquisa e para a sua
consecução levanta-se a seguinte pergunta de partida: De que forma a Técnica do DRP
pode contribuir no processo de Planificação de Projectos Comunitários: estudo de
caso comunidade de X da província de Nampula?

Objectivos
Os objectivos orientam-nos a alcançar os nossos fins com precisão, uma vez tratarem-se
de caminhos que são percorridos com firmeza naquilo onde queremos chegar. (Libâneo,
1999, p. 122). A definição de objectivos determina o que o pesquisador quer atingir com
a realização do trabalho, ou seja, as metas que se deseja alcançar.

Objectivo geral
➢ Analisar o contributo da Técnica do DRP no processo de planificação em
projectos comunitários: estudo de caso comunidade X da Província de Nampula.

Objectivos específicos
➢ Identificar os instrumentos do DRP usados para os processos de identificação e
solução de problemas na comunidade;

4
➢ Descrever o contributo do DRP para a planificação de projectos comunitários;
➢ Verificar o envolvimento da comunidade no processo de planificação de
projectos comunitários.

Questões de investigação
➢ Quais são os instrumentos do DRP usados para os processos de identificação e
solução de problemas na comunidade?
➢ Como o DRP contribui para a planificação de projectos comunitários?
➢ Qual é o envolvimento da comunidade no processo de planificação de projectos
comunitários?

Justificativa
No ponto de vista pessoal, durante um trabalho de campo que desenvolve para Helvetas
Moçambique, visitei várias comunidades que o governo não visita e não dá nenhuma
assistência, e as mesmas comunidades apresentam uma variedade de problemas. Face a
este trabalho de campo, deveu-se a motivação cultivada durante esta experiência
profissional, onde a autora sentiu a necessidade de ajudar as comunidades a serem mais
fortes para que possam decidir quais os seus problemas e trabalhem para os solucionar.

Sob ponto de vista social, a escolha do tema reveste-se de importância para o contexto
Moçambicano, na medida que o envolvimento da Comunidade no uso de Técnicas de
DRP para à Planificação, poderá contribuir bastante no fortalecimento de poder de
decisão para os membros da comunidade poderem definir prioridades para a satisfação
das suas necessidades com projectos que beneficiem a própria comunidade.

Por fim, sob ponto de académico, irá despertar que o Diagnostico Rural Participativo, é
um instrumento importante para planificação de projectos comunitários, dando em conta
a inclusão de cidadãos no processo de governação, tomando base que na comunidade é
onde vivem pessoas (mulheres, homens, velhos e crianças), com mais necessidades,
com menos capacidades e fraco poder de decisão sobre os seus próprios problemas e
destino.

Limitações do estudo
Em termos espaciais, o estudo foi realizado na comunidade X na Província de Nampula,
em direcção ao distrito de Liúpo, entre (2021-2022).

5
Este estudo abarca unicamente na área de Estudos de Desenvolvimento, onde as
técnicas do DRP e a Planificação relacionam-se entre si, as duas ferramentas são
utilizadas na comunidade e envolvendo os mesmos sujeitos (cidadãos). Por isso, DRP e
a Planificação são vistos como instrumentos pelo qual qualquer sociedade,
principalmente as comunidades rurais usam na preparação dos seus membros para
enfrentar a vida.

6
CAPÍTULO II: REVISÃO DE LITERATURA
Neste ponto, faz-se o enquadramento teórico sobre a temática em causa. São aqui
apresentados os principais conceitos que vão moldar este trabalho, e apresentados
alguns dos seus autores que relatam sobre os assuntos.

1.1 História do Diagnóstico Rural Participativo


Segundo Verdejo (2006):

No final da década de 70, o fracasso da “transferência tecnológica” causou uma


mudança radical de estratégias: o conhecimento das condições locais, dos grupos
beneficiários e de suas tradições se transformou no enfoque principal da identificação e
planeamento de projectos de desenvolvimento rural.
Utilizando métodos tradicionais de pesquisa, como questionários e análises de dados
regionais, foram gerados dados em grande quantidade, que acabaram não tendo como
ser geridos e se transformaram em “cemitérios de dados.

Nos anos 80, a estratégia mudou de novo, com o levantamento de informações reduzido
ao necessário, levando em consideração as opiniões e pontos de vista dos grupos
beneficiários. Os instrumentos clássicos de pesquisa deram lugar a novos conceitos,
mais participativos, muitos deles baseados nas teorias e metodologias da educação
popular, nascendo assim o Diagnóstico Rural Rápido (Verdejo, 2006).

Chambers (1992), citado por Ribeiro et al. (1997), afirma que:

Em meados da década de 80, os termos participação e participativo foram incluídos no


Diagnóstico Rural Rápido, de modo a estimulá-los a analisar as suas condições de vida.
O principal objectivo era o de estimular a consciência crítica da população rural,
cabendo aos técnicos o papel de catalisadores do processo. Mas, mesmo com estas
mudanças, as medidas tomadas pelos projectos acabaram sendo pouco sustentáveis (p.
23).
Como consequência, o processo de identificação participativa se estendeu a execução
participativa dos projectos, aliada a educação popular.

1.2 Diagnóstico
De acordo com Neto (2010), o termo diagnóstico provém do adjectivo grego
diagnostikós, que significa “capaz de distinguir” (p.20). Assim, podemos entender o
diagnóstico como sendo o conhecimento necessário para discernir ou distinguir.

Pode-se assim afirmar que o diagnóstico consiste na investigação, na análise da natureza


ou da causa de um problema, devendo este instrumento do conhecimento incluir no seu
7
estado final a formulação dos resultados dessa análise, bem como a exposição das
conclusões, pelo que pode não se reduzir apenas à constatação e à explicação. Implícita
ou explicitamente orienta a decisão, sugere alternativas, leva a novas investigações
(Bauman, 2003).

Em dimensão comunitária, o diagnóstico pode-se entender um processo que envolve a


participação dos actores locais sob os seus olhares e saberes que possam identificar e
compreender os problemas e as possíveis soluções.

O diagnóstico, pode portanto ser definido “como o aprofundamento das dinâmicas de


mudança, potencialidades e obstáculos de uma determinada situação, sendo um
processo permanente e sempre participado, pelo que está sempre inacabado. Ou seja,
trata-se de um levantamento de informações para compreender uma determinada
realidade/situação.

1.3 Diagnóstico Rural Participativo


Na óptica de Franco (2007), “DRP é um processo de aprendizagem, conseguido através
da utilização de diálogos, de observação, de diagramas e de análise realizadas no
campo” (p.13).

Segundo Chambers (1994), “o DRP é definido como “uma família crescente de


enfoques e métodos dirigidos a permitir que a população local compartilhe, aumente e
analise seus conhecimentos sobre a realidade, com o objectivo de planear acções e
actuar nesta realidade” (p. 953).

O Diagnóstico Rural participativo - DRP é um conjunto de técnicas e ferramentas que


permite que as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e a partir dai a
autogerenciar o seu planeamento e desenvolvimento (Verdejo, 2006, p.6).

Segundo Prety (1994):

O DRP é provavelmente o método mais usado nas intervenções de projectos de


desenvolvimento comunitário, por este oferecer um potencial e estratégias benéficas
para o desenvolvimento comunitário. Não só, o DRP está sendo usado por um crescente
número de governos, instituições não-governamentais como qualquer outra ferramenta
de colecção de dados e extrair informação de uma comunidade local, mas também para
análises das comunidades das suas próprias condições.

8
Assim, pode-se concluir que o diagnóstico rural participativo é instrumento da
comunidade, permite que as pessoas colectivamente possam identificar e procurar
soluções sobre os seus problemas.

Além do objectivo de impulsionar a auto-análise e a autodeterminação de grupos


comunitários, o propósito do DRP é a obtenção directa de informação primária ou de
“campo” na comunidade, conseguida por meio de grupos representativos de seus
membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado de seus recursos naturais,
situação económica e social e outros aspectos importantes para a comunidade (Verdejo,
2006).

Entende-se que, o diagnóstico rural participativo é um dos métodos de investigação da


realidade. Para entender em que consiste o método é importante termos a compreensão
dos conceitos e elementos básicos que orientam qualquer método de diagnóstico social.
Ou seja, “é um processo de aprendizagem, conseguido através da utilização de diálogos,
de observações, de diagramas e de análises realizadas no campo.

1.4 Planificação
Para Chiavenato (2003), “o planeamento define onde se pretende chegar, o que deve ser
feito, quando, como e em que sequência” (p. 168).

Segundo MPD (2007), define que a “Planificação é vista como um processo cíclico,
envolvendo uma sequência de etapas que ligam a formulação de objectivos com a
definição de estratégias, a afectação de recursos e a implementação”.

Planificação é um método de análise, contínuo e permanente que se destina para


resolver de forma racional, os problemas que afectam uma sociedade situada num
determinado espaço e tempo, através de uma previsão ordenada capaz de antecipar suas
ulteriores consequências (Ministério da Planificação e Desenvolvimento - MPD, 2007).

Desta forma, pode-se definir a planificação é o processo que determina o que se


pretende fazer, para posteriormente se tome decisões práticas para a implementação de
determinada actividade com o fim de resolver problemas inicialmente identificados.

9
1.5 Comunidade
Por sua vez, Bauman (2003), “a comunidade é um lugar “cálido”, um lugar confortável
e aconchegante. É como um tecto sob o qual nos abrigamos da chuva pesada, como uma
lareira diante da qual esquentamos as mãos num dia gelado” (p. 7).

A participação é um instrumento importante no sentido de promover a articulação entre


os actores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade e melhorando a qualidade das
decisões, tornando mais fácil alcançar objectivos de interesse comum. No entanto, as
práticas participativas não podem ser encaradas como procedimentos infalíveis, capazes
de sempre proporcionar soluções adequadas para problemas de todos os tipos
(Bandeira,1999).

A comunidade é conjunto de população e pessoas colectivas compreendidas numa


determinada unidade de organização territorial, nomeadamente província, distrito, posto
administrativo, localidade e povoação, agrupando famílias que visam a salvaguarda de
interesses comuns, tais como a protecção de áreas habitacionais, áreas agrícolas, quer
sejam cultivadas ou em pousio, florestas, lugares de importância cultural, pastagens,
fontes de água, áreas de caça e de expansão, (artigo 104 do decreto 11/2005 de 10 de
Junho).

Dando ênfase do exposto acima, pode-se concluir que o conceito de comunidade viria
ser conjunto de pessoas que vivem num determinado espaço partilhando os mesmos
costumes e problemas de natureza política, económica e social.

1.6 Participação
A participação deve ser entendida como acto e efeito de um processo em que a
sociedade civil, a sociedade política e a sociedade económica tenham tomado uma
decisão em conjunto. Klausmeyer e Ramalho (1995) entendem que ela acontece quando
há acesso efectivo dos envolvidos no planeamento das acções, na execução das
actividades e em seu acompanhamento e avaliação.

A participação é um instrumento importante no sentido de promover a articulação entre


os actores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade e melhorando a qualidade das
decisões, tornando mais fácil alcançar objectivos de interesse comum. No entanto, as
práticas participativas não podem ser encaradas como procedimentos infalíveis, capazes

10
de sempre proporcionar soluções adequadas para problemas de todos os tipos
(Bandeira,1999).

Sendo assim, participação significa estar presente activamente no designar e no escolher


alternativas, caminhos e em ter possibilidades reais de utilizar toda e qualquer
alternativa, bem como combiná-las. Ela gera a possibilidade de superação da injustiça
social.

1.7 Tipos de participação


De acordo com Pretty (1994), classifica diversos tipos ou maneiras de como as
instituições de desenvolvimento interpretam e usam o termo participação:

a) Participação passiva: as pessoas participam sendo informadas do que vai


acontecer ou já aconteceu. É uma decisão unilateral, sem qualquer tipo de
consulta ou diálogo;

b) Participação via extracções de informações: as pessoas participam


respondendo a perguntas formuladas através de questionários fechados. Os
métodos não são discutidos e não há retorno de dados ou de resultados;

c) Participação consultiva: as pessoas participam sendo consultadas por agentes


externos, os quais definem problemas e propõem soluções com base na consulta,
mas sem dividir a tomada de decisão;

d) Participação por incentivos materiais: as pessoas participam fornecendo


recursos como mão-de-obra e terra em troca de dinheiro, equipamentos,
sementes ou outra forma de incentivo. A maioria dos experimentos em
propriedades e projectos agrícolas se encaixa neste tipo. Quando a ajuda é
retirada, o entusiasmo logo termina;

e) Participação funcional: as pessoas participam formando grupos para atender a


objectivos pré-determinados e definidos por agentes externos. Estes grupos em
geral dependem dos facilitadores, mas às vezes se tornam independentes;

f) Participação interactiva: as pessoas participam de forma cooperativa,


interagindo através de planos de acção e análise conjunta, os quais podem dar
origem a novas organizações ou reforçar as já existentes. Estes grupos têm

11
controle sobre as decisões locais. É dada ênfase a processos interdisciplinares e
sistemas de aprendizado que envolvem múltiplas perspectivas;

g) Participação por auto-mobilização: as pessoas participam tomando iniciativas


para mudar os sistemas independentemente de instituições externas. O resultado
dessa acção colectiva pode ou não mudar uma situação social indesejável (por
exemplo, distribuição desigual de renda e de poder).

Ainda Nelson e Wright (1995), fazem a distinção da participação como meio e


participação como fim. O objectivo da participação como meio é realizar um projecto
mais eficiente, envolvendo as pessoas a participar num projecto elaborado por pessoas
de fora.

Quanto ao objectivo da participação como fim, é que o grupo ou comunidade monta um


processo para controlar seu próprio desenvolvimento, e as pessoas de fora apenas tem a
função de capacitar as comunidades para decidirem nas suas próprias prioridades, o
objectivo é a auto-sustentabilidade.

Importa salientar que um dos factores importantes que limita o uso de participação nos
projectos de desenvolvimento participativo é a formação dos grupos, especialmente
num pais como Moçambique onde quase não existe qualquer organização formal da
população rural e em alguns casos uma ausência de lideranças.

1.8 Principais grupos de intervenção nos projectos comunitários


Nas palavras de Pijnenburg (1998), distingue dois tipos de grupos formados nas
intervenções de projectos de desenvolvimento participativos:

i. Grupo de serviços formados no processo "top-down": por iniciativas do


projecto/governo que usam incentivos para motivar a formação de grupos; em
geral, as instituições/agências de intervenção formam estes grupos para poderem
canalizar os seus serviços com mais eficiência.

ii. Grupos de interesse: são grupos formados nas comunidades, por comunidades
com o objectivo de alcançar um interesse ou resolver um problema comum
membros desse grupo, e que na altura de intervenção os projectos aproveitam- se
destes grupos para fortalecer as actividades.

12
Salientar que, no caso de Moçambique existem poucos grupos de interesse e se existem,
poucas vezes são aproveitados pelas intervenções. Experiências de outros países
indicam que a maior parte dos grupos de serviços desfazem-se imediatamente quando o
suporte das intervenções cessa as suas actividades.

1.9 Ferramentas de diagnóstico rural participativo


As ferramentas utilizadas no DRP são diagramas visuais e interactivos que representam
aspectos de uma determinada realidade e vão sendo construídos por um grupo de
pessoas em discussão. Cada ferramenta tem usos e procedimentos específicos, mas
todas elas são instrumentos de abstracção acerca da realidade passada, actual e futura
(Faria, 2006, p.19). Abaixo apresenta-se as ferramentas de DRP:

1.9.1 Observação participante


Segundo Verdejo (2006), quando utilizá-la: ‘‘é claramente, uma ferramenta para a
primeira fase de pesquisa. Serve, também, para conhecer a realidade da comunidade e
criar certa confiança para compartilhar tempo com os comunitários’’ (p. 22).

A observação participante é um método de recolha de dados mais utilizado na


investigação qualitativa. A observação oferece informação sobre os comportamentos
dos sujeitos. A observação participante consiste em “recolher dados através da
observação sobre os fenómenos em estudo” (Merrian, 1991, p. 87).

Portanto, a observação é uma técnica que permite obter a informação real da situação da
comunidade através do “olho”, sendo crucial em todas fases da investigação.

1.9.2 Entrevista Semi-Estruturada


De acordo com Verdejo (2006), as entrevistas desempenham um papel muito
importante no DRP. Trata-se de uma entrevista que é guiada por 10-15 perguntas-chave
determinadas anteriormente. Esta ferramenta facilita criar um ambiente aberto de
diálogo e permite à pessoa entrevistada se expressar livremente sem as limitações
criadas por um questionário. A entrevista semi-estruturada pode ser realizada com
pessoas chave ou com grupos (p. 22).

Quanto a esta ferramenta, busca evitar alguns dos efeitos negativos dos questionários
fechados, onde não há possibilidade de explorar outros temas e há pouco espaço para o

13
diálogo. É mais indicado que seja feito pelo menos em dupla, para que enquanto um
conversa o outro anote. A conversa pode também ser gravada e posteriormente ouvida
para colher as informações.

1.9.3 Mapa da Comunidade


Segundo Verdejo (2006), levanta-se informações sobre as condições de vida, como
podem ser o acesso à água potável, energia eléctrica, qualidade de moradia. Além disso,
visualiza a estrutura social da comunidade, de seus habitantes, etc. cujo o seu objectivo
é criar uma concepção compartilhada sobre a situação actual da comunidade em relação
a seus potenciais e suas limitações no âmbito produtivo, social e sanitário, etc.

Conhecer os ecossistemas, tipo de solo, relevo, recursos naturais existentes, culturas,


criações, recursos hídricos, infra-estrutura existente. É uma importante fonte de
observação da realidade. Os participantes, orientados pelo facilitador, têm uma óptima
oportunidade de observar tudo que está ao seu redor, verificando até mesmo mudanças
que tenham ocorrido sem que eles se dêem conta (Kummer, 2007).

O mapeamento participativo é a imagem das terras e de todos os diferentes recursos que


a comunidade utiliza para o seu sustento e para o crescimento e desenvolvimento, e
simplesmente. O objectivo do mapa é ser um registro gráfico onde se pode identificar,
por exemplo, a área ocupada pela actividade produtiva, a área de preservação e a
distribuição dos lotes.

1.9.4 Diagrama de Venn


Esta técnica é utilizada para “explorar o ambiente interno e externo da comunidade,
identificando e caracterizando as relações com as instituições e grupos existentes”
(Kummer, 2007).

Para Verdejo (2006) diz que o “diagrama identifica os grupos organizados da


comunidade e as relações que estes têm entre si e com outras instituições locais e
regionais fora da comunidade” (p. 37). Perante, esta ferramenta o objectivo é colocar em
evidência as relações que se estabelecem entre os membros da comunidade e as
instituições para reconhecer a importância destes factores nos processos de decisão e
desenvolvimento comunitário.

14
Assim, esta técnica nota-se que apresenta características que possibilitam a identificação
de grupos e suas relações e a visão geral das relações entre organizações e grupos
sociais existentes na comunidade (instituições interna e externa). A bola central
representa a comunidade. Os parceiros são representados em outras bolas, no qual o
tamanho é proporcional à relevância, ou seja, quanto menor o círculo, menor a
relevância da parceria, e quanto maior, maior a relevância. Se o parceiro é próximo e
acessível, sua bola é representada mais próximo, ou mesmo dentro, do círculo da
comunidade.

1.9.5 Rotina Diária


Segundo Verdejo (2006), a descrição de actividades das mulheres e dos homens de um
grupo social específico ajuda a colocar em evidência a sua distribuição, torna visível o
trabalho que desempenha cada membro da família e permite compreender a dinâmica
das relações sociais de género, o apoio mútuo, os esforços de uns e outros, o
intercâmbio e também os conflitos (p.45). Aqui, o objectivo é visualizar a divisão de
trabalho entre homens e mulheres. Tornar evidente a carga de trabalho real da mulher e
contribuir para a valorização do trabalho da mulher.

É necessário, portanto compreender que rotina diária é uma técnica muito apropriada
para a abordagem da relação de género, sendo uma relação que se estabelece no
processo de desenvolvimento das diversas actividades ao longo do curso normal da
vida, pelo requer uma abordagem cautelosa para que se evite conflitos de interesses
dentro de grupos de homens e mulheres, eventualmente rapazes e raparigas ou idosos de
ambos sexos.

1.9.6 Cronologia de Acontecimentos


Verdejo (2006), afirma que, o calendário histórico que “representa sucessões históricas
com as mudanças ocorridas no sistema de produção e ambiente histórico num tempo
predeterminado”.

Por isso que, o objectivo é visualizar factos, experiências e mudanças que influenciaram
de forma decisiva sobre o desenvolvimento comunitário e o uso de recursos naturais.

Com o trabalho de grupos, é preciso realçar a discussão e a importância de conhecer a


história da comunidade e dos principais acontecimentos que marcaram e influenciaram

15
a vida da comunidade. Estes acontecimentos reflectem o passado e determinam
comportamentos actuais, daí é preciso buscar esses acontecimentos para que possamos
saber suas influências no comportamento actual da comunidade para se poder preparar
qualquer intervenção.

1.9.7 Perfil Transversal


Verdejo (2006) refere que:

A travessia permite obter informação sobre os diversos componentes dos recursos


naturais, a vida económica. é realizada por meio de uma caminhada que percorre um
espaço geográfico com várias áreas de uso e recursos diferentes. Ao longo da
caminhada se anotam todos os aspectos que surgem pela observação dos participantes
em cada uma das diferentes zonas que se cruzam (p. 30).
O objectivo primordial deste instrumento é demonstrar aos participantes a importância
da observação directa e é feito em trabalho em grupo de ambos os sexos, indicando a
rota para as diversas equipas realizarem a caminhada transversal. Estas rotas podem ser
próximas do local onde se realiza a formação (tais como o centro de formação, nos
arredores do local de hospedagem, etc.); num local mais afastado (numa aldeia ou
comunidade próxima).

É uma técnica do DRP feita a partir pelos membros da comunidade usando onde os
olhos observam e regista-se todos aspectos de interesse para informação. Por isso,
facilita a observação de diferentes realidades (problemas, recursos naturais e
oportunidades) da comunidade, sobretudo a localização de habitação, serviços
comunitários e privados, água, vegetação, produção agrícola, solos, recursos de solo e
fauna bravia, etc. Enfim, esta técnica consiste em visitas à área da comunidade
(previamente indicada), caminhando a pé ou com outro meio de transporte, dependendo
das circunstâncias.

2.6.8 Calendário Sazonal


Para Faria (2006), define calendário sazonal que : trata-se de uma tabela na qual um dos
eixos é sempre o tempo, dividido em meses ou dias. Geralmente é riscada no chão e
nela vão sendo inseridos elementos simbólicos, conforme o desenrolar da discussão. Os
aspectos que irão compor o outro eixo da tabela estão em função do conhecimento do
grupo e também do interesse da investigação (p. 37).

16
Verdejo (2006) diz que: ‘‘os calendários permitem analisar todos os aspectos
relacionados ao tempo. Podem ser destacadas as actividades que mais tempos ocupam e
as épocas dos diferentes cultivos e seus respectivos trabalhos num período agrícola’’ (p.
31).

Sendo assim, objectivo é identificar os produtos que são cultivados na comunidade e em


que tempos são realizados. Permite revisar se os produtos estão sendo cultivados no
tempo adequado ou se é necessário identificar técnicas mais adequadas. Também mostra
a rotação de cultivos nas diferentes épocas do ano.

O calendário a época da safra dos produtos para que a comunidade possa se organizar
com relação ao tempo para a colheita. Associado a este calendário pode-se, por
exemplo, criar um mapa com a localização das áreas de produção.

1.9.8 Priorização de Problemas


Para Verdejo (2006), esta ferramenta ‘‘permite de maneira fácil priorizar os problemas
identificados durante o diagnóstico, segundo sua importância e ou urgência’’ (p. 45).
Logo, objectivo é estabelecer a hierarquia dos problemas identificados que permita à
comunidade se concentrar nos problemas que considera mais importantes.

Entretanto, a priorização de problemas é também designada por jogo de feijões, inicia


com a preparação de uma ficha onde ficam apresentados os principais problemas
expressos à base de um símbolo que ilustra o problema identificado, a qual pode ser
desenhado no chão ou no papel, seguido de votação e globalização dos resultados dos
problemas o que permite verificar os sentimentos de todos participantes e sobre os
problema mais grave e que gostariam soluções imediatas.

Não só, pode-se abrir também um momento em que as pessoas justificam sua escolha,
podendo assim levar o grupo a aprofundar melhor a discussão. Se não for possível
trabalhar com todos os problemas ao mesmo tempo em um projecto, a matriz ajuda a
priorizar aqueles mais urgentes e/ou estratégicos.

1.10 Importância do Diagnóstico Rural Participativo


Segundo Varaschin (2002), na medida em que um cidadão em uma comunidade não
possui suas necessidades satisfeitas, sobram-lhe duas opções de acção: a primeira é
reunir os amigos e os vizinhos e discutir o problema, uma equipe começa a funcionar

17
para tratar da sua resolução; a segunda é esperar que o governo venha a suprir essa
necessidade. O desenvolvimento das nossas municipalidades aconteceu porque os
antepassados tinham a capacidade de “arregaçar as mangas” e enfrentar as dificuldades,
ou seja, eles eram capazes de resolver os problemas com iniciativa própria.

Um projecto de desenvolvimento local deve buscar um desenvolvimento em que todos


os sectores da sociedade atinjam um patamar mínimo de qualidade de vida e de renda.
As políticas públicas devem ser diferenciadas para os sectores mais empobrecidos do
campo e voltados para a ampliação da capacidade de produção dos agricultores
familiares (Magalhães & Bittencourt, 1997). A participação torna os processos de
desenvolvimento local democráticos e direccionados aos objectivos que a sociedade
deseja.

Gomes, et al, (2001), afirmam que:

Os projectos participativos têm como meta principal apoiar grupos específicos na


selecção de alternativas que assegurem melhoria da qualidade de vida da população.
Mediante um diálogo entre o facilitador e os grupos, os projectos participativos
permitem aos usuários decidir que mudanças, inovações ou intervenções seriam mais
adequadas para melhorar suas condições de vida. As soluções podem ser mais
apropriadas e eficazes quando se baseiam numa análise dos problemas pelas pessoas
afectadas e em suas opiniões (p. 45).
No processo de análise participativa, os membros da comunidade participam na
caracterização da realidade e na identificação das causas dos problemas relacionados,
segundo sua própria compreensão da realidade. O papel da pessoa que está coordenando
o processo de diagnóstico é de um facilitador.

Por isso que, as comunidades devem participar explorando as características e


potencialidades próprias, na busca de especialização de actividades que lhes tragam
vantagens comparativas de natureza económica, social, política e tecnológica,
aumentando a renda e as formas de riqueza, respeitando a preservação dos recursos
naturais renováveis. Seus objectivos devem procurar o envolvimento das relações entre
a dimensão ambiental, socioeconómica, cultural, tecnológica e político-institucional.

18
CAPITULO III: METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO
A metodologia de investigação, aplica-se as técnicas e instrumentos que serão utilizados
neste estudo, têm-se como foco do alcance de todos objectivos traçados.

De acordo com Gil (1999), metodologia é método ou conjunto de procedimentos


intelectuais e técnicos adoptados para atingir um determinado conhecimento ou maneira
de chegar a um resultado.

2.1 Quanto a abordagem


De acordo com o objectivo geral da pesquisa que é entender o contributo da Técnica do
DRP no processo de planificação em projectos comunitários: estudo de caso
comunidade X da Província de Nampula, optou-se por usar a abordagem qualitativa, e
neste sentido, os autores Rodrigues e Lemana (2006), consideram que meio da
abordagem qualitativa, o pesquisador tenta descrever a complexidade de uma
determinada hipótese, analisar a interacção entre as variáveis e ainda interpretar os
dados, factos e teorias. É utilizada para investigar problemas que os procedimentos
estatísticos não podem alcançar ou representar, em virtude de sua complexidade.

2.2 Quanto aos objectivos


De acordo com Gil (1999), as pesquisas descritivas têm como finalidade principal a
descrição das características de determinada população ou fenómeno, ou o
estabelecimento de relações entre variáveis. São inúmeros os estudos que podem ser
classificados sob este título e uma de suas características mais significativas aparece na
utilização de técnicas padronizadas de colecta de dados

Para o sucesso dessa investigação, vai se escolher a pesquisa descritiva porque


pretende-se entender o contributo da Técnica do DRP no processo de planificação em
projectos comunitários: estudo de caso comunidade X da Província de Nampula.

2.3 Técnicas e instrumentos de recolha de dados


As técnicas usadas na recolha de dados começaram pela pesquisa bibliográfica, e por
fim a entrevista mais especificamente a semi-estruturada. Logo, somente através de
junção e complementaridade entre as técnicas de pesquisa acima mencionadas será
possível desenvolver da melhor maneira a veracidade do presente estudo.

19
2.3.1 Entrevista
Levando em consideração os objectivos da presente pesquisa, para a recolha dos dados
na local do estudo optou-se conveniente fazer o uso da entrevista. Conforme Gil (1999),
a entrevista refere-se a uma técnica em que o investigador se apresenta frente ao
investigado e lhe formula perguntas, com o objectivo de obtenção dos dados que
interessam à investigação.

Neste sentido usou-se mais especificamente a entrevista semi-estruturada, que


possibilita a liberdade de opinião e da expressão do entrevistado. Para Pacheco (1995),
na execução das entrevistas tenta-se não limitar as respostas dos entrevistados,
deixando-os desenvolver de uma forma livre de acordo com a questão previamente
desenvolvida. Considerando a entrevista mais especificamente do tipo semi-estruturada,
o entrevistador tem um referencial de perguntas, bastante abertas, que serão lançadas a
medida do desenvolver da conversa, não absolutamente pela ordem estabelecida no
guião do entrevistador (Pardal & Correia, 1995).

De forma a garantir uma recolha de dados credível e que pudessem responder aos
objectivos desenhos na pesquisa, a entrevista foi conduzida a (1) um líder comunitário
que trabalha directamente com a comunidade X e (3) três membros assíduos a esta
mesma comunidade.

2.4 Técnicas e instrumentos de análise de dados


Neste ponto, visa fazer a análise e interpretação de dados colectados a partir das
técnicas de recolha acima mencionados na metodologia que se usou na presente
pesquisa.

Toda acção que exige informação é preciso primeiramente escolher os métodos mais
apropriados para a sua obtenção. Entretanto, para o conseguimento dos dados deste
trabalho, se vai socorrer a abordagem metodológica qualitativa auxiliando-se assim na
utilização de várias técnicas de recolha de dados nomeadamente o guião de entrevista.
De acordo com Gil (1996), há pesquisas que se privilegiam a discussão de em torno dos
dados obtidos, de onde decorre a interpretação dos seus resultados, sendo muitas vezes,
o trabalho interpretativo elaborado com base nos dados obtidos empiricamente.

Portanto, para se analisar e fazer a interpretação dos dados neste trabalho, terá como
base fundamental o guião de entrevista, como foi acima mencionado nas técnicas de

20
recolha de dados. Essa análise será feita pela comparação das respostas do nosso
questionário e o que se vai vivenciar no terreno, auxiliando-se também de várias
abordagens que alguns autores dizem sobre esta temática.

2.5 Participantes da pesquisa


Para obtenção de informações relevante, a presente pesquisa teve vários participantes
que de certa forma auxiliaram a responder todos os objectivos deste estudo. Neste
sentido, em termos práticos trabalhamos com o líder comunitário e seus residentes.

Marconi e Lakatos (2009), a escolha dos participantes representa essencialmente nesta


combinação, na medida em que a pesquisadora esta interessada na opinião de
determinados indivíduos ainda que não representativos. Esta encaminha-se somente a
aquelas, que na sua percepção dirigem a opinião da comunidade e possuem a
propriedade de influenciar a opinião dos demais. Portanto, o estudo contou com (4)
participantes, nomeadamente um (1) líder comunitário (LC), três (3) residentes locais
(RL), os quais direccionamos a entrevista.

2.6 Descrição do local da investigação


A comunidade de X, esta localizada na província de Nampula, acima de 26Km,
concretamente em direcção ao distrito de Liúpo. Tratando-se de uma comunidade rural
como outras, ao anoitecer e amanhecer pode-se ouvir o cantar das rolas, dos mochos e
outros bichos. Pode-se ver na comunidade, barracas, edifícios da EPC, residências de
Chefes da comunidade, dos Directores da Escola, do Enfermeiro, casas incluindo
plantas como cajueiros, mangueiras e arbustos. As casas são palhotas com pavimento de
terra batida, tecto de capim e parede de adobe ou pau-a-pique.

2.7 Considerações éticas.


Para Vilelas (2009), a realização de qualquer pesquisa implica por parte do investigador
o levantamento de questões éticas e morais. O investigador deve proteger o inquerido
contra todos os possíveis inconvenientes que podem o prejudicar, porém o pesquisador
deve ter muito cuidado para não interferir na dignidade humana.

Segundo as elucidações do autor acima citado, pode-se entender que a realização de um


estudo científico tem que ser suportada pela observação de preceitos sobre a ética, que
contribuem para salvaguarda da integridade, quer da pesquisadora, dos participantes,
respondentes, entrevistados e também das instituições envolvidas na pesquisa.

21
Vamos registar os depoimentos do líder e seus residentes, de alguns funcionários desta
comunidade que efectuamos o nosso estudo com recurso a técnica de guião de
entrevista. Porém, avançamos com a recolha destas declarações mediante a autorização
dos mesmos e a garantia da confidencialidade, protecção dos dados e anonimato. A
utilização de fotografia, o gravador e outras técnicas para recolher as informações será
com o consentimento dos entrevistados, os mesmos serão representados por siglas e não
pelos nomes.

22
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE, INTERPRETAÇÃO E
DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Esta secção, está reservada a apresentação e discussão dos resultados obtidos da
entrevista semi-estruturada. Ao discutirmos os resultados dos dados colectados na
comunidade X. Assim, os resultados foram organizados em categorias obtidas através
da técnica de análise de conteúdo.

3.1 Os instrumentos do DRP usados para os processos de identificação e solução de


problemas na comunidade
Nesta primeira categoria, procurávamos colher a percepção dos entrevistados a cerca da
definição do diagnóstico rural participativo. Diante desta indagação os entrevistados
responderam o seguinte:

LC: é uma ferramenta que permite as comunidades façam o seu próprio diagnóstico e
a partir daí começam a autogerenciar o seu planeamento e desenvolvimento.

RL1: diagnóstico rural participativo é uma auto-análise feito pelos habilitantes


inseridos num determinado meio social, que vivenciam todos problemas e situações que
ocorre em todos tempos na comunidade, principalmente quando se fala de zonas rurais.

RL2: é uma forma que permite que as comunidades façam as suas próprias escolhas,
para iniciar a fazer autogerenciar para o desenvolvimento.

RL3: é uma técnica que tem a finalidade de identificar os problemas existentes


relacionados com as condições de vida de uma comunidade.

Em conformidade com, Verdejo (2006), o Diagnóstico Rural participativo - DRP é um


conjunto de técnicas e ferramentas que permite que as comunidades façam o seu próprio
diagnóstico e a partir dai a autogerenciar o seu planeamento e desenvolvimento (p.6).

Ao passo que Prety (1994), o DRP é provavelmente o método mais usado nas
intervenções de projectos de desenvolvimento comunitário, por este oferecer um
potencial e estratégias benéficas para o desenvolvimento comunitário. Não só, o DRP
está sendo usado por um crescente número de governos, instituições não-
governamentais como qualquer outra ferramenta de colecção de dados e extrair
informação de uma comunidade local, mas também para análises das comunidades das
suas próprias condições.

23
Tal como a autora ilustra nos parágrafos anteriores dos entrevistados e dos autores,
constata-se aspectos comuns nas respostas dos entrevistados, que dão a conhecer a
definição do diagnóstico rural participativo. Há uma divergência entre os autores e os
entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), que consideram o DRP como uma ferramenta
que aplica-se na identificação de problemas, diferentemente dos autores que salientam o
DRP sendo um conjunto de técnicas e ferramentas que permitem as comunidades façam
seu próprio diagnóstico.

Na primeira subcategoria buscou-se dos participantes da pesquisa, entender quais são os


problemas que a comunidade enfrenta. Diante desta questão os entrevistados
apresentara-nos as seguintes respostas:

LC: dificuldades ou problemas dos serviços de saúde, saneamento e falta de água


potável.

RL1: há falta de organização em casos ou iluminação pública. E isso faz com que os
ladrões roubem facilmente. Mas sobretudo temos problemas, falta de água e centro de
saúde.

RL2: a comunidade tem certos problemas mais a falta de apoio do governo é o mais
essencial. Porque com ajuda do governo os problemas seriam minimizados.

RL3: falta de unidade sanitária. alta de água e faltas de vias de acesso.

No entanto, a planificação é um método de análise, contínuo e permanente que se


destina para resolver de forma racional, os problemas que afectam uma sociedade
situada num determinado espaço e tempo, através de uma previsão ordenada capaz de
antecipar suas ulteriores consequências (Ministério da Planificação e Desenvolvimento -
MPD, 2007).

Na base das declarações dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), a comunidade
apresenta diversos problemas, que precisam de uma resolução na base das suas
respostas acima expostas. Tal como se pode ver, os autores apresentam a planificação
sendo uma das formas de identificar e solucionar os problemas da comunidade.

Para segunda a subcategoria, foi colocada a pergunta, quais são as soluções que a
comunidade apresenta diante dos seus problemas? Eis algumas respostas obtidas pelos
entrevistados:

24
LC: uma vez que não temos o suporte do governo, procuramos resolver os problemas
que a comunidade tem condições, por exemplo: na falta de água, a comunidade faz
poço, como forma de solucionar este problema da falta de água.

RL1: sentar e pensar como resolver os problemas que possivelmente a comunidade


consegue, no caso da água.

RL2: as soluções que a comunidade apresenta é que o governo tem que se intervir nos
problemas da comunidade intervindo, fornecendo materiais para resolver alguns
problemas.

RL3: quando há problemas, marcamos reunião e de forma conjunta pensamos na sua


solução, no caso da falta de via de acesso, a comunidade reconstruiu uma ponte que
passam motorizadas e viaturas, este acto foi pela iniciativa da comunidade.

De acordo com Pijnenburg (1998), os grupos de interesse, são grupos formados nas
comunidades, por comunidades com o objectivo de alcançar um interesse ou resolver
um problema comum membros desse grupo, e que na altura de intervenção os projectos
aproveitam- se destes grupos para fortalecer as actividades.

Em relação as respostas dadas pelos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), importa
dizer que os entrevistados foram unânimes quando questionados sobre as soluções que a
comunidade apresenta diante dos seus problemas, tendem a mesma ideia, realçando
planos para a resolução dos mesmos sem o contributo de nenhuma instituição, além dos
membros pertencentes da comunidade. Aqui, há ponto de concordância conforme as
palavras do autor acima mencionado, ressaltando a união de membros da comunidade
para resolução de um problema comum.

Para esta subcategoria, a pergunta colocada aos entrevistados é, quais são os


instrumentos que a comunidade utiliza na resolução de seus problemas? Em relação a
questão acima colocada, declararam o seguinte:

LC: dialogo, negociação, desenvolver empatia, e mostrar assertividade.

RL1: os instrumentos utilizados para a resolução de problemas, depende da natureza


do problema.

RL2: diálogo é o instrumento que usamos para resolver qualquer tipo de problema.

25
RL3: diálogo e negociação.

As ferramentas utilizadas no DRP são diagramas visuais e interactivos que representam


aspectos de uma determinada realidade e vão sendo construídos por um grupo de
pessoas em discussão. Cada ferramenta tem usos e procedimentos específicos, mas
todas elas são instrumentos de abstracção acerca da realidade passada, actual e futura
(Faria, 2006, p.19). E há diversas ferramentas do DRP, nomeadamente: a observação
participante, entrevista semi-estruturada, mapa da comunidade, diagrama de venn,
rotinas diárias, cronologia de acontecimentos, perfil transversal, e calendário sazonal.

Como aponta Verdejo (2006), a priorização dos problemas ‘‘permite de maneira fácil
priorizar os problemas identificados durante o diagnóstico, segundo sua importância e
ou urgência’’ (p. 45). Logo, objectivo é estabelecer a hierarquia dos problemas
identificados que permita à comunidade se concentrar nos problemas que considera
mais importantes.

De um modo geral, os entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3) apresentam respostas de


um total desconhecimento sobre as técnicas do diagnóstico rural participativo que são
utilizadas na resolução de seus problemas. Notando-se a fraca resolução dos problemas
que esta comunidade enfrenta diariamente. Considerando, as palavras dos autores
percebe-se que há uma pequena divergência entre autores e os entrevistados (LC, RL1,
RL2 e RL3), sendo que a ferramenta utlizada pelos entrevistados é uma e única a
priorização de problemas. Sendo que os autores, apresentam diversas ferramentas de
diagnóstico rural participativo.

3.2 O contributo do DRP para a Planificação na Comunidade


Nesta primeira categoria, submeteu-se a seguinte pergunta, a participação de resolução
de problemas, é iniciativa do líder local ou da comunidade em geral? Ora vejamos a
afirmação dos entrevistados:

LC: a comunidade em geral, por ver que há carência ou dificuldade de alguma coisa.

RL1: em relação a participação isso varia, há situações que é líder, e noutros casos é
iniciativa de algum membro da comunidade.

RL2: a iniciativa é a própria comunidade

26
RL3: comunidade em geral

A participação é um instrumento importante no sentido de promover a articulação entre


os actores sociais, fortalecendo a coesão da comunidade e melhorando a qualidade das
decisões, tornando mais fácil alcançar objectivos de interesse comum. No entanto, as
práticas participativas não podem ser encaradas como procedimentos infalíveis, capazes
de sempre proporcionar soluções adequadas para problemas de todos os tipos
(Bandeira,1999).

Para Prety (1994), a participação interactiva, as pessoas participam de forma


cooperativa, interagindo através de planos de acção e análise conjunta, os quais podem
dar origem a novas organizações ou reforçar as já existentes. Estes grupos têm controle
sobre as decisões locais. É dada ênfase a processos interdisciplinares e sistemas de
aprendizado que envolvem múltiplas perspectivas;

Neste rol das declarações dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), entende-se que a
participação comunitária é impulsionada pelos membros pertencentes a comunidade em
estudo, logo a participação na resolução dos problemas é pela iniciativa da comunidade
em geral, sendo que o líder comunitário, não apresenta ideias claras sobre a participação
comunitária face aos problemas da comunidade. No caso dos autores ressaltam que, a
participação comunitária sendo um meio de habilitar pessoas a iniciarem acções
baseadas em suas próprias iniciativas, logo nestas linhas de ideias acima, há uma
concordância clara nos depoimentos dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3) e os
autores.

Para se obter a resposta sobre a contribuição do governo na resolução dos problemas da


comunidade, foi colocada a pergunta: o governo contribui na resolução de problemas da
comunidade? Contudo, obteve-se as seguintes declarações:

LC: o governo não contribui na resolução de problemas. É pela iniciativa da


comunidade que resolve se os problemas existentes.

RL1: Não resolve, porque nesta comunidade o líder é que resolve problemas com
ajuda comunidade.

27
RL2: o governo não contribui e muito menos apoia a comunidade nas suas escolhas
para o sei desenvolvimento. Com isso a comunidade se encontra do mesmo jeito que se
encontrava ontem.

RL3: pelos problemas da comunidade, o governo não ajuda na sua resolução.

Portanto, a partir das declarações provenientes dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e
RL3), o governo não contribui na resolução de problemas da comunidade. Nas palavras
de Pijnenburg (1998), os Grupo de serviços formados no processo "top-down", por
iniciativas do projecto/governo que usam incentivos para motivar a formação de grupos;
em geral, as instituições/agências de intervenção formam estes grupos para poderem
canalizar os seus serviços com mais eficiência. Sendo assim, pela lógica do autor e
entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3) concordam que, o governo deve implementar
projectos para ajudar a comunidade na resolução de seus problemas.

3.3 O envolvimento da comunidade no processo de planificação de projectos


comunitários
Nesta terceira e última categoria, procurávamos colher a percepção dos entrevistados a
cerca dos desafios que a comunidade enfrenta na resolução de problemas. Diante desta
indagação os entrevistados apresentaram as seguintes declarações:

LC: os desafios que a comunidade enfrenta na resolução de problemas é o dialogar e


ser ouvido pelos outros.

RL1: desobediência de alguns habitantes e a falta de apoio por parte do governo.

RL2: falta de apoio do governo, mesmo sendo que a iniciativa de resolução dos
problemas é da comunidade.

RL3: respeito pela opinião dos outros.

Segundo Varaschin (2002), na medida em que um cidadão em uma comunidade não


possui suas necessidades satisfeitas, sobram-lhe duas opções de acção: a primeira é
reunir os amigos e os vizinhos e discutir o problema, uma equipe começa a funcionar
para tratar da sua resolução; a segunda é esperar que o governo venha a suprir essa
necessidade. O desenvolvimento das nossas municipalidades aconteceu porque os
antepassados tinham a capacidade de “arregaçar as mangas” e enfrentar as dificuldades,

28
ou seja, eles eram capazes de resolver os problemas com iniciativa própria. Um projecto
de desenvolvimento local deve buscar um desenvolvimento em que todos os sectores da
sociedade atinjam um patamar mínimo de qualidade de vidae de renda.

Em relação as respostas dadas pelos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), importa
dizer que apresentam vários desafios na resolução de seus problemas, não sendo fácil
resolver os problemas visto que o governo não ajuda e outras instituições na resolução
de problemas da comunidade. A análise do autor, entende-se que, as comunidades
quando não têm as suas necessidades satisfeitas sempre irão apresentar problemas,
podendo esperar a intervenção do governo, ou a intervenção dos membros da
comunidade. Face as ideias acima expostas dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3) e
do autor, concorda-se que a falta de interacção do governo sendo o maior desafio.

Quanto a subcategoria acima, foi colocada a pergunta, a comunidade sabe que é


importante participar na resolução de seus problemas? Eis algumas respostas obtidas
pelos entrevistados:

LC: sim, pois é participando que resolve os problemas da comunidade, individualmente


não é possível resolver um problema que a comunidade enfrenta.

RL1: alguns habitantes sim, e outros não.

RL2: sim, a participação da comunidade nos problemas é importante por esse motivo
que a comunidade pede interferência do governo.

RL3: sim.

Um projecto de desenvolvimento local deve buscar um desenvolvimento em que todos


os sectores da sociedade atinjam um patamar mínimo de qualidade de vida e de renda.
As políticas públicas devem ser diferenciadas para os sectores mais empobrecidos do
campo e voltados para a ampliação da capacidade de produção dos agricultores
familiares (Magalhães & Bittencourt, 1997). A participação torna os processos de
desenvolvimento local democráticos e direccionados aos objectivos que a sociedade
deseja.

No processo de análise participativa, os membros da comunidade participam na


caracterização da realidade e na identificação das causas dos problemas relacionados,

29
segundo sua própria compreensão da realidade. O papel da pessoa que está coordenando
o processo de diagnóstico é de um facilitador.

Concernentes as declarações dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), entende-se que
os membros da comunidade, sabem a enorme importância da participação na resolução
de seus problemas sendo que os mesmos não recebem assistência do governo, muito
menos de outras instituições. Por isso que, as comunidades devem participar explorando
as características e potencialidades próprias, na busca de especialização de actividades
que lhes tragam vantagens comparativas de natureza económica, social, política e
tecnológica. Considerando as palavras dos autores e as declarações dos entrevistados
(LC, RL1, RL2 e RL3) há um ponto de concordância sobre a importância da
participação comunitária na resolução dos problemas, sendo a participação é um
processo fundamental e crucial para as comunidades.

Aqui submeteu-se a seguinte pergunta, quais são os projectos realizados pela iniciativa
da comunidade? Ora vejamos a afirmação dos entrevistados:

LC: os projectos realizados pela iniciativa da comunidade são: escavação de poços,


reconstrução de vias de acesso e saneamento.

RL1: combate a marginalidade, e aumentar o número de poços.

RL2: participação nas decisões, água.

RL3: reabilitação de pontes e escavação de pontes.

Gomes, et al, (2001), afirmam que, os projectos participativos têm como meta principal
apoiar grupos específicos na selecção de alternativas que assegurem melhoria da
qualidade de vida da população. Mediante um diálogo entre o facilitador e os grupos, os
projectos participativos permitem aos usuários decidir que mudanças, inovações ou
intervenções seriam mais adequadas para melhorar suas condições de vida. As soluções
podem ser mais apropriadas e eficazes quando se baseiam numa análise dos problemas
pelas pessoas afectadas e em suas opiniões (p. 45).

No que tange as respostas dos entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), conclui-se que, os
membros da comunidade têm trabalhado em grupo para realização de vários projectos
da comunidade, apesar que os mesmos não são de qualidade, pois não têm recursos
necessários para implementação de projectos que durem a longo prazo.

30
No caso das declarações dos autores acima mencionados, entende-se que os projectos
comunitários, é um conjunto organizado de actividades para atender as prioridades e
desejos da comunidade. Nesse caso pelos projectos comunitários apresentados pelos
entrevistados (LC, RL1, RL2 e RL3), sustentam as mesmas ideias, porque a clara
organização de seus problemas.

31
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a realização do trabalho monográfico com tema “o Contributo da Técnica do DRP
no processo de planificação em projectos comunitários: estudo de caso comunidade X
da Província de Nampula”. Tendo em conta o objectivo geral analisar o contributo da
Técnica do DRP no processo de planificação em projectos comunitários: estudo de caso
comunidade X da Província de Nampula., com base no objectivo acima exposto
pretende-se responder a pergunta de partida: De que forma a Técnica do DRP pode
contribuir no processo de Planificação de Projectos Comunitários: estudo de caso
comunidade de X da província de Nampula? Com base nessa pergunta obtivemos os
seguintes resultados:

Embora encaradas varias dificuldades a nível da realização da pesquisa como a falta de


disponibilidade de fornecimento de informações úteis. A pesquisa realizada com os
membros entrevistados é de referir que os objectivos da pesquisa foram alcançados.

Deste modo, os instrumentos de diagnóstico rural participativo usado para identificação,


e resolução de ´problemas é a priorização de problemas, notou-se que os membros da
comunidade estudada, eles priorizam os problemas urgentes, e o mesmo instrumento
associa-se a outras técnicas como a observação, mapa da comunidade, diagrama de
venn, rotinas diárias, cronologia de acontecimentos, perfil transversal, e calendário
sazonal, os quais facilitam para os processos de planificação de projectos e a tomada de
decisões a partir da comunidade sobre qualquer interesse local, reconhecendo que nem
todos problemas podem ser solucionados pela comunidade, é um instrumento de
partilha de responsabilidades. Dentre vários instrumentos acima mencionados, os
entrevistados desconhecem.

Nota-se ainda que, a técnica de diagnóstico rural participativo, não contribui na


resolução de problemas como dever ser, porque os entrevistados não têm conhecimento
suficiente para aplicação do mesmo. Pois, a técnica de DRP pode contribuir para a
melhoria de Planificação com o envolvimento da comunidade é a forma participativa
com os grupos de interesses na tomada de decisões.

No cômputo geral, pode se concluir que, há um forte envolvimento pela parte


comunidade, o que não torna possível na concretização de muitos projectos, é por falta
de recursos, sendo que problemas que custos que a comunidade não dispõe. E, é aqui
onde há necessidade do envolvimento do governo para resolução de problemas desta

32
comunidade, porque com envolvimento de todos actores no processo de planificação de
projectos comunitários contribui para que as prioridades definidas e decisões tomadas
sejam mais sustentáveis.

33
Sugestões
Como forma que a técnica de DRP pode contribuir para a melhoria da planificação com
envolvimento da comunidade, há que dar em conta as seguintes sugestões:

a) Os trabalhos de DRP e outras pesquisas realizados na comunidade devem ser


documentados em relatórios, ficando a cópia para uso e consulta da própria
comunidade para que possa ajudar e servir de fonte em trabalhos futuros;
b) Criar e capacitar Equipa Local de Planificação (ELP) em matéria de introdução à
técnica de DRP e elaboração de planos de acção local;
c) Capacitar líderes comunitários e ELP em noções do decreto 8/2000 de 20 de
Junho e 11/2005 de 10 de Junho sobre a articulação das autoridades
comunitárias e a Lei dos Órgãos Locais do Estado com vista a desempenharem
melhor as suas funções.

34
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37
Apêndices

38
Apêndices A: roteiro de questões

GUIÃO DE ENTREVISTA

O presente guião de entrevista é dirigida ao líder comunitário e três residentes locais


para recolha de dados para a elaboração da monografia de licenciatura em
Desenvolvimento Comunitário e Serviço Social, com o tema de investigação: o
Contributo da Técnica do DRP no processo de planificação em projectos
comunitários: estudo de caso comunidade X da Província de Nampula. Por isso
pede-se a colaboração do visado para a conclusão do estudo.

A investigadora compromete-se que por motivos de privacidade e respeito da


identidade da organização e dos entrevistados não se pode revelar o nome. Por fim,
toda informação que for obtida só será para propósitos investigativos.

Sexo:

Idade:

1. O que é Diagnostico Rural Participativo?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

2. A participação da comunidade é iniciativa do líder local ou da comunidade em


geral?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________

3. O governo contribui na resolução de problemas da comunidade?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

39
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

4. Quais são os problemas que a comunidade enfrenta?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

5. Quais são as soluções que a comunidade apresenta diante dos seus problemas
problemas?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

6. Quais são os instrumentos do DRP que a comunidade utiliza para resolução de


seus problemas?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

7. Quais são os desafios que a comunidade enfrenta na resolução de problemas?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

40
8. A comunidade sabe que é importante participar na resolução de seus problemas?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________

9. Quais são os projectos realizados pela iniciativa da comunidade?

R:____________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
___________________________

41
Apêndice B: resposta das entrevistas

Perguntas Respostas

1. O que entendes por diagnóstico LC: é uma ferramenta que permite as


rural participativo? comunidades façam o seu próprio
diagnóstico e a partir daí começam a
autogerenciar o seu planeamento e
desenvolvimento.

RL1: diagnóstico rural participativo é


uma auto-análise feito pelos habilitantes
inseridos num determinado meio social,
que vivenciam todos problemas e
situações que ocorre em todos tempos na
comunidade, principalmente quando se
fala de zonas rurais.

RL2: é uma forma que permite que as


comunidades façam as suas próprias
escolhas, para iniciar a fazer
autogerenciar para o desenvolvimento.

RL3: é uma técnica que tem a finalidade


de identificar os problemas existentes
relacionados com as condições de vida de
uma comunidade.

2. Quais são os problemas que a LC: dificuldades ou problemas dos


comunidade enfrenta? serviços de saúde, saneamento e falta de
água potável.
RL1: há falta de organização em casos ou
iluminação pública. E isso faz com que os
ladrões roubem facilmente. Mas sobretudo
temos problemas, falta de água e centro
de saúde.
RL2: a comunidade tem certos problemas

42
mais a falta de apoio do governo é o mais
essencial. Porque com ajuda do governo
os problemas seriam minimizados

3. Quais são as soluções que a LC: uma vez que não temos o suporte do
comunidade apresenta diante dos governo, procuramos resolver os
seus problemas? problemas que a comunidade tem
condições, por exemplo: na falta de água,
a comunidade faz poço, como forma de
solucionar este problema da falta de água.
RL1: sentar e pensar como resolver os
problemas que possivelmente a
comunidade consegue, no caso da água.
RL2: as soluções que a comunidade
apresenta é que o governo tem que se
intervir nos problemas da comunidade
intervindo, fornecendo materiais para
resolver alguns problemas.
RL3: quando há problemas, marcamos
reunião e de forma conjunta pensamos na
sua solução, no caso da falta de via de
acesso, a comunidade reconstruiu uma
ponte que passam motorizadas e viaturas,
este acto foi pela iniciativa da
comunidade.
4. Quais são os instrumentos que a LC: dialogo, negociação, desenvolver
comunidade utiliza na resolução de empatia, e mostrar assertividade.
seus problemas? RL1: os instrumentos utilizados para a
resolução de problemas, depende da
natureza do problema.
RL2: diálogo é o instrumento que usamos
para resolver qualquer tipo de problema.
RL3: diálogo e negociação.

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5. A participação de resolução de LC: a comunidade em geral, por ver que
problemas, é iniciativa do líder há carência ou dificuldade de alguma
local ou da comunidade em geral? coisa.
RL1: em relação a participação isso
varia, há situações que é líder, e noutros
casos é iniciativa de algum membro da
comunidade.
RL2: a iniciativa é a própria comunidade
RL3: comunidade em geral
6. O governo contribui na resolução LC: o governo não contribui na resolução
de problemas da comunidade? de problemas. É pela iniciativa da
comunidade que resolve se os problemas
existentes.
RL1: Não resolve, porque nesta
comunidade o líder é que resolve
problemas com ajuda comunidade.
RL2: o governo não contribui e muito
menos apoia a comunidade nas suas
escolhas para o sei desenvolvimento. Com
isso a comunidade se encontra do mesmo
jeito que se encontrava ontem.
RL3: pelos problemas da comunidade, o
governo não ajuda na sua resolução.
7. Os desafios que a comunidade .LC: os desafios que a comunidade
enfrenta na resolução de enfrenta na resolução de problemas é o
problemas? dialogar e ser ouvido pelos outros.

RL1: desobediência de alguns habitantes


e a falta de apoio por parte do governo.
RL2: falta de apoio do governo, mesmo
sendo que a iniciativa de resolução dos
problemas é da comunidade.
RL3: respeito pela opinião dos outros.

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8. A comunidade sabe que é LC: sim, pois é participando que resolve
importante participar na resolução os problemas da comunidade,
de seus problemas? individualmente não é possível resolver
um problema que a comunidade enfrenta.
RL1: alguns habitantes sim, e outros não.
RL2: sim, a participação da comunidade
nos problemas é importante por esse
motivo que a comunidade pede
interferência do governo.
RL3: sim.
9. Quais são os projectos realizados LC: os projectos realizados pela iniciativa
pela iniciativa da comunidade? da comunidade são: escavação de poços,
reconstrução de vias de acesso e
saneamento.
RL1: combate a marginalidade, e
aumentar o número de poços.
RL2: participação nas decisões, água.
RL3: reabilitação de pontes e escavação
de pontes.

45

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