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O
O USO DOS CARROS AUTÔNOMOS, SEUS RISCOS E PERIGOS JURÍDICOS
EX
THE USE OF AUTONOMOUS CARS, THEIR RISKS AND LEGAL DANGERS

ANTÔNIO CARLOS EFING

CL
Doutor em Direito das Relações Sociais pela PUC-SP. Professor titular da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná (PUCPR), onde leciona na graduação, especializações, mestrado e doutorado.
Professor da Escola da Magistratura do Paraná. Membro do Instituto dos Advogados do Paraná.
Advogado militante em Curitiba/PR. Presidente da Comissão de Direito do Consumidor da OABPR.
U
Membro Consultor da Comissão Especial de Defesa do Consumidor, Conselho Federal da OAB.
ace@eradv.com.br
SI
JAILSON DE SOUZA ARAÚJO
Doutorando em Direito Econômico e Desenvolvimento pela Pontifícia Universidade Católica do
Paraná (PUC-PR). Advogado. Professor de graduação e pós-graduação em Direito. Coordenador do
VO
Programa de Graduação em Direito do Centro Universitário Internacional Uninter.
araujoad@yahoo.com.br

Recebido em: 16.01.2019

Pareceres: 19.09.2019, 22.09.2019 e 27.09.2019
BR

ÁREAS DO DIREITO: Consumidor; Digital

RESUMO: O presente estudo propõe a análise do sis- ABSTRACT: It is proposed to analyze the system of
tema de responsabilidade civil e garantias previs- civil liability and guarantees provided for in the
AS

tos no Código de Defesa do Consumidor, avaliando
juridicamente os riscos e perigos inerentes à co-
mercialização e utilização de veículos autônomos
em vias públicas, bem como os riscos intrínsecos ao
desenvolvimento de novas tecnologias disruptivas.
Consumer Protection Code, assessing in a legal way
the risks and dangers inherent in its commercializa-
tion and effective use in public roads, as well as the
risks inherent in the development of new disruptive
technologies. Given this analysis, it was concluded
ILC

Diante de tal análise, concluiu-se que, através da
soma das propostas sugeridas e superado o período
de amadurecimento da tecnologia, os riscos atuais
poderão ser compensados no futuro por uma série
de benefícios sob o ponto de vista econômico, so-
cial e ambiental, eis que a promessa mais desejada
that, by summing up the suggested proposals and
overcoming the technology maturation period, the
current risks can be offset in the future by a series
of benefits from the economic, social and environ-
mental point of view. that the most desired and ex-
pected promise of autonomous cars is to prevent
ON

e esperada dos carros autônomos é a de evitar aci-
dentes, danos, lesões e mortes no trânsito através
da condução por Inteligência Artificial. Para isso, a
metodologia empregada foi a pesquisa bibliográfi-
ca, por meio do método hipotético-dedutivo.
accidents, damage, injuries and traffic fatalities by
driving by Artificial Intelligence. For this, the meth-
odology employed was the bibliographic research
through the hypothetical-deductive method.

EFING, Antônio Carlos; ARAÚJO, Jailson de Souza. O uso dos carros autônomos, seus riscos e perigos jurídicos.
Revista de Direito do Consumidor. vol. 126. ano 28. p. 81-102. São Paulo: Ed. RT, nov.-dez./2019.
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PALAVRAS-CHAVE: Carros autônomos  – Acidente KEYWORDS: Self-driving cars  – Traffic accident  –

de trânsito – Teoria do risco do desenvolvimento – Theory of development risk – Civil responsibility –
O
Responsabilidade civil – Código de Proteção e Defe- Consumer Protection Code.
sa do Consumidor.
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SUMÁRIO: Introdução. 1. A importância de se reduzir acidentes e mortes no trânsito. 2. O des-
compasso entre a atual legislação brasileira de trânsito e os carros autônomos. 3. O sistema de
responsabilidade civil e garantias no Código de Defesa do Consumidor. 4. Os riscos e perigos
jurídicos do uso de carros autônomos. 5. A ética no uso dos carros autônomos. Considerações
CL
finais. Referências Bibliográficas.

INTRODUÇÃO
U
A ineficiência do trânsito nas metrópoles brasileiras pode ser percebida a partir
dos problemas jurídicos, econômicos e sociais decorrentes do desperdício de tempo
SI
em congestionamentos, da poluição, da baixa eficiência econômica e dos acidentes
com vítimas.
VO
Diante das dificuldades apresentadas relacionadas à mobilidade, os meios de
transporte de uso individual têm sido priorizados, com o crescente número de novos
veículos entrando em circulação nas cidades brasileiras, sem que haja o proporcio-
nal crescimento em obras de infraestrutura viária e mobilidade urbana. A falta de in-
vestimento nesses setores tem gerado uma crise crescente de mobilidade, muito bem
BR

ilustrada nos congestionamentos de centenas de quilômetros, experimentados ro-

tineiramente nas metrópoles brasileiras, tornando a mobilidade urbana difícil, one-
rosa, além dos impactos ambientais (poluição sonora, ambiental e perda de espaços
para abertura ou ampliação de novas vias para circulação de carros). Por sua vez, a
condução humana de veículos tem sido trágica, eis que 90% dos acidentes de trânsi-
AS

to são atribuídos à conduta humana, conforme será demonstrado.1

São inúmeros os problemas jurídicos, econômicos, ambientais e sociais ocasio-
nados pela mobilidade urbana deficitária no Brasil (sistema de trânsito baseado no
ILC

transporte individual e congestionamentos – aspecto econômico; veículos automo-

tores barulhentos, poluentes, movidos a combustíveis fósseis e biomassa – aspecto
ambiental; veículos automotores individuais ou coletivos conduzidos por seres hu-
manos passíveis de causar acidentes – aspectos social e jurídico).
ON

1. OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SEGURANÇA VIÁRIA (ONSV). 90% dos acidentes são

causados por falhas humanas, alerta observatório. 15 jul. 2019. Disponível em: [www.onsv.
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redução dessas estatísticas e de preservação da vida. Sob a perspectiva econômica, os

engarrafamentos de trânsito e as horas perdidas (ineficiência econômica) poderão
O
ser minimizados, com ganho de produtividade.
Regulamentar tecnologia inovadora, disruptiva e em constante evolução pode,
em alguma medida, inibir o avanço tecnológico. Entretanto, ela se faz necessária para
EX
que sejam observadas diretrizes éticas e para assegurar o adequado amadurecimen-
to da tecnologia. Testes devem ser conduzidos em ambientes controlados e em lo-
cais previamente autorizados pelo poder público. As margens de tolerância a erro na
programação da Inteligência Artificial devem ser mínimas. Medidas preventivas de
CL
segurança devem ser adotadas antes de se permitir que sistemas de Inteligência Ar-
tificial assumam a condução dos veículos. Dessa forma, se evitará que o consumidor
seja exposto a riscos desnecessários, promovendo um trânsito efetivamente seguro.
Para tanto, há que se harmonizar os diversos interesses conflitantes envolvidos.
U
As montadoras de veículos automotores e empresas de tecnologia precisam de regras
claras para atuar nesse mercado, investir e obter retorno financeiro. A sociedade quer
SI
usufruir de tecnologias que sejam úteis e confiáveis e espera-se poder desfrutar os
benefícios prometidos pelos carros autônomos, em especial, um deslocamento mais
rápido, confortável e seguro, sem se sujeitar a riscos desnecessários e falhas catastró-
VO

ficas que coloquem vidas em perigo.

Há um caminho perigoso a ser percorrido. Veículos semiautônomos de nível 3 já
estão em circulação e empresas estão competindo para lançar, o mais rápido possível,
carros totalmente autônomos. A regulamentação do setor deve ser precedida por au-
diências públicas, ser revista periodicamente e priorizar a segurança das pessoas em
BR

detrimento de qualquer outro objetivo, em especial, interesses meramente econômi-

cos ou mercadológicos de lançar níveis de automação em carros de forma prematura,
em busca de lucro imediato e posicionamento nesse promissor e relevante mercado.
Por meio da soma das propostas sugeridas e superado o período de amadureci-
AS

mento da tecnologia, os riscos atuais poderão ser compensados no futuro por uma
série de benefícios sob o ponto de vista econômico, social e ambiental: a melhoria na
mobilidade urbana, os cidadãos poderão usufruir de veículos que proporcionarão
deslocamentos mais rápidos, mais tempo livre para realizar atividades produtivas
ILC

durante o deslocamento e, principalmente, veículos mais seguros, eis que a promes-

sa mais desejada e esperada dos carros autônomos é a de evitar acidentes, danos, le-
sões e mortes no trânsito através da condução por Inteligência Artificial.

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PESQUISAS DO EDITORIAL

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• A indústria 4.0 e o futuro da prática jurídica no século XXI, de Edimur Ferreira de Faria e
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SI
• A responsabilidade civil dos fornecedores de inteligência artificial, de Diogo Ramos Ferreira –
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VO
• Inovações disruptivas sob abordagem jurídica: por que as novas tecnologias podem afetar o
direito brasileiro?, de Denis Vieira Gomes – RDTec 2 (DTR\2019\26031); e
• Novo paradigma tecnológico, mercado de consumo digital e o direito do consumidor, de
Bruno Miragem – RDC 125/17-62 (DTR\2019\40949).
BR
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EFING, Antônio Carlos; ARAÚJO, Jailson de Souza. O uso dos carros autônomos, seus riscos e perigos jurídicos.
Revista de Direito do Consumidor. vol. 126. ano 28. p. 81-102. São Paulo: Ed. RT, nov.-dez./2019.