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Trabalho de ciência política

Tema: Os fins e as funções do Estado

Trabalho feito pela:


Treicy Rola.
A22207725

Antes de sabermos quais são as finalidades e as funções do estado precisamos de entender o


que é o estado e como é constituído que por sua vez o Estado é um modo de organização que
permite a vida em sociedade e inclui uma população, num determinado território e com um
governo que o administra.

Do ponto de vista jurídico, o estado é a organização do direito que tem um governo por meio
de instituições públicas e legislação democrática.

A autoridade do Estado é legítima, desde que compreenda e coordene a vontade soberana dos
seus cidadãos, que devem eleger o governo de forma democrática.

Existem estruturas de governo que não respeitam a primazia dos cidadãos e que se tornam
sistemas de ditaduras ou totalitarismos, que fazem do Estado um instrumento ilegítimo de
poder, administrado por uma minoria da sociedade. Para evitar esse abuso, a divisão de
poderes é necessária.

O poder do estado– Na observação de qualquer sociedade humana revela sempre, mesmo nas
mais rudimentares, a presença de uma ordem jurídica e de um poder político. Assim, mesmo
que o poder se apresente com a aparência de mero poder político, ele é essencialmente poder
jurídico, visto que tem sua legitimidade reconhecida pela ordem jurídica, objetivando fins
jurídicos ou não, fazendo-se obedecer através de normas jurídicas com as quais exerce a
dominação estatal. Formas de estado é a formação material do Estado, sua estrutura. São as
variações existentes na combinação dos três elementos morfológicos do Estado: povo,
território e governo.
 Povo – conjunto de pessoas ligadas a uma determinada coletividade
territorial pelo vínculo jurídico da nacionalidade.

 Território – espaço físico de uma coletividade territorial delimitado por fronteiras


terrestres, marítimas e aéreas;

 Soberania ou poder político soberano – que constitui um sistema de órgãos


que desempenham funções de autoridade qualificadas pela sua supremacia e que
sujeitas a um grau variável de limites jurídicos e políticos, impõem coercivamente a
sua vontade aos governados no plano interno e representam os interesses
independentes da mesma coletividade no plano internacional;

 Ordenamento jurídico – sistema regido pelo Direito e composto por atos


jurídicos que, encimados por normas, são produzidos, aplicados e controlados
por decisões emanadas de autoridades competentes, encontrando-se as componentes
do mesmo sistema (atos e autoridades) articuladas em torno de exigências de
unidade, coerência e relação de pertença (logo, este elemento está relacionado com a
soberania).

Tradicionalmente, os fins principais ou existenciais do Estado consistem na


segurança, justiça e bem-estar. Esses fins principais do Estado encontram-se,
parcialmente, enunciados na Constituição, no seu artigo 9.º, a par de
outros objetivos também enunciados no referido art.º que são objetivos que são
específicos da mesma ordem jurídica e que são «logicamente secundários em face
dos primeiros», tais como: a promoção da igualdade de género; a promoção
de desenvolvimento harmonioso do território; a proteção e promoção do património
cultural, ambiente recursos naturais; e a valorização do ensino e da
língua portuguesa. Blanco de Morais considera que os segundos seriam
«logicamente secundários em face dos primeiros», o que não é líquido.
Com efeito, a cláusula do artigo 9.º enuncia o grosso das grandes tarefas do
Estado, não se vislumbrando decorrer da Constituição uma primazia dos
primeiros sobre os segundos (salvo mediante uma interpretação sistemática da
mesma, mas que nos coloca muitas dúvidas). Os fins do Estado parecem ser
todos aqueles impostos objetiva e positivamente pelos direitos fundamentais, por
todos os direitos fundamentais (sociais e de liberdade). Os tarefas impostas
constitucionalmente ao Estado parecem, assim, estar relacionadas com a proteção,
garantia e promoção de todos os bens protegidos fundamentalmente (sejam aqueles
relacionados com os direitos de liberdade, como os atinentes aos direitos
sociais).Duas notas: primeiro, não existindo apenas uma forma de como prosseguir
esses fins, cabe, então, aos poderes eleitos democraticamente, ainda que
no quadro constitucional, efetuar escolhas sobre como executar as tarefas,
até porque não existe consenso na sociedade sobre como as prosseguir (mediante,
por exemplo, mais intervenção estatal, menos intervenção, mais regulação, menos
regulação, etc.). Não cabe, contudo, a esses mesmos poderes, pura e simplesmente,
abdicar de prosseguir os referidos fins). Segundo, partindo da existência de uma
escassez moderada (podendo, em determinadas alturas, essa escassez agudizar-se,
como no presente), os poderes públicos terão de efetuar escolhas sobre onde aplicar
os meios (financeiros, materiais, etc.) existentes. Enfim, ainda que a Constituição
imponha determinadas tarefas ao Estado, a sua prossecução depende da
possibilidade material e financeira existente (por isso se diz que os direitos
fundamentais se encontram sob reserva do possível (seja a reserva do
financeiramente possível ou do materialmente possível; ex. há ou não meios
financeiros para criar mais hospitais; é ou não possível, em termos
materiais, ao Estado conceder vacinas contra a SIDA). Por outro lado, é também em
virtude desta escassez, que obriga os poderes a efetuar escolhas, que se
pode falar de uma reserva do politicamente adequado – cabe aos poderes
eleitos democraticamente escolher, dentro das possibilidades deixadas pela
Constituição, prosseguir de uma ou outra forma as tarefas estaduais [note-se que se,
por acaso, a Constituição impuser de forma precisa uma determinada tarefa, não há
escolha; exemplo a proteção da saúde faz-se mediante a criação de um sistema
nacional de saúde (cfr. art. 64.º)].

Artigo 9.º
(Tarefas fundamentais do Estado)
São tarefas fundamentais do Estado:
a) Garantir a independência nacional e criar as condições políticas, económicas,
sociais e culturais que a promovam;
b) Garantir os direitos e liberdades fundamentais e o respeito pelos princípios do
Estado de direito democrático;
c) Defender a democracia política, assegurar e incentivar a participação
democrática dos cidadãos na resolução dos problemas nacionais;
d) Promover o bem-estar e a qualidade de vida do povo e a igualdade
real entre os portugueses, bem como a efetivação dos direitos económicos, sociais,
culturais e ambientais, mediante a transformação e modernização das estruturas
económicas e sociais;
e) Proteger e valorizar o património cultural do povo português, defender a
natureza e o ambiente, preservar os recursos naturais e assegurar um correto
ordenamento do território;
f) Assegurar o ensino e a valorização permanente, defender o uso e promover a
difusão internacional da língua portuguesa;
g) Promover o desenvolvimento harmonioso de todo o território nacional,
tendo em conta, designadamente, o carácter ultraperiférico dos arquipélagos dos
Açores e da Madeira;
h) Promover a igualdade entre homens e mulheres.
Há no texto constitucional uma sequência programática, um grau crescente de
densificação (aliás, muito relativa) no enunciar dos grandes objetivos do Estado:
— Em primeiro lugar, o preâmbulo, com “a decisão do povo português de defender a
independência nacional …”, etc.;
— Em segundo lugar, o artigo 1.º, empenhando a República “na construção de uma
sociedade livre, justa e solidária”;
— Depois, o artigo 9.º, ao prescrever “tarefas fundamentais do Estado” e cuja quatro
primeiras alíneas correspondem às cinco componentes da decisão do preâmbulo;
— Por último, os preceitos das partes I e II e alguns da parte III [como os artigos
199.º, alínea g), 229.º, n.º 1, e 267.º, n. º1], que recortam “incumbências” do Estado.
As tarefas mais não são do que fins ou grandes metas a atingir pelo Estado;
as incumbências, conexas com as funções como atividades típicas (política,
legislativa, administrativa, jurisdicional), correspondem a especificações das tarefas
ao serviço de direitos e interesses a salvaguardar ou a promover».
Ou seja, o Estado, como sociedade política, tem um fim geral, constituindo-se em
meio para que os indivíduos e as demais sociedades, situadas num determinado
território, possam atingir seus respetivos fins (manter a ordem, assegurar a defesa,
e promover o bem-estar e o progresso da sociedade). Assim, conclui-se que o
fim do Estado é o bem comum, entendido este como conjunto de todas as condições
de vida que possibilitem e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade
humana.

Assim, as funções do Estado são todas as ações necessárias a execução do bem comum.

• Função Legislativa – Exercido pelo Poder Legislativo que tem a função de elaborar leis;

• Função Executiva – Exercida pelo Poder Executivo e tem como função administrar o
Estado visando seus objetivos concretos. Assim acontece quando o Estado nomeia
funcionários, cria cargos, executa serviços públicos, impostos, etc.

• Função Judiciária – Exercida pelo Poder Judiciário, tem a função precípua interpretar e
aplicar a lei nos dissídios surgidos entre os cidadãos ou entre os cidadãos e o Estado. Em
síntese, declara o Direito.

Em suma, os fins e as funções do estado são questões fundamentais na teoria política e na


ciência política. Embora existam várias perspetivas e teorias diferentes, há algumas
conclusões gerais que podem ser tiradas sobre esses assuntos. Vamos explorá-las:

1. Manutenção da ordem e da segurança: Uma das principais funções do estado é garantir a


ordem e a segurança dentro do seu território. Isso envolve a criação e aplicação das leis, o
estabelecimento de um sistema judicial para resolver conflitos, bem como a manutenção de
forças de segurança para proteger os cidadãos contra ameaças internas e externas.

2. Promoção do bem-estar e desenvolvimento: O estado tem a responsabilidade de promover


o bem-estar geral e o desenvolvimento econômico e social. Isso pode envolver a provisão de
serviços públicos essenciais, como saúde, educação, infraestrutura, transporte e habitação,
além da implementação de políticas para reduzir a desigualdade e a pobreza.
3. Proteção dos direitos e liberdades individuais: O estado deve proteger os direitos e
liberdades individuais dos seus cidadãos. Isso inclui direitos fundamentais, como liberdade de
expressão, liberdade de religião, direito à privacidade, entre outros. O estado também deve
garantir a igualdade perante a lei e proteger os cidadãos contra discriminação e violações dos
direitos humanos.

4. Promoção da justiça e equidade: O estado deve buscar a justiça e a equidade na sociedade.


Isso implica na criação de um sistema legal justo, onde todos sejam iguais perante a lei, e na
implementação de políticas que reduzam as disparidades socioeconômicas e garantam
oportunidades justas para todos os cidadãos.

5. Representação e participação política: O estado deve garantir a representação política e a


participação dos cidadãos no processo de tomada de decisão. Isso envolve a realização de
eleições livres e justas, a proteção dos direitos políticos dos cidadãos e a promoção da
participação ativa da sociedade civil na formulação de políticas públicas.

Essas são algumas das conclusões gerais que podem ser tiradas sobre os fins e as funções do
estado. No entanto, é importante notar que diferentes teorias políticas e abordagens podem ter
ênfases e interpretações variadas dessas questões.

Os fins e as funções do estado têm um impacto significativo na ciência política. Eles moldam
a forma como os sistemas políticos são projetados e operam, bem como as teorias e
abordagens usadas para analisar e compreender a política.

1. Teorias e modelos políticos: Os fins e as funções do estado influenciam as teorias e


modelos políticos desenvolvidos na ciência política. Por exemplo, diferentes conceções sobre
o papel do estado na economia levaram ao desenvolvimento de teorias econômicas como o
liberalismo, o socialismo e o neoliberalismo. Da mesma forma, as visões sobre o equilíbrio
entre liberdade individual e autoridade estatal moldaram teorias políticas como o liberalismo
clássico, o republicanismo e o autoritarismo.
2. Análise de políticas públicas: Os fins e as funções do estado são fundamentais na análise
de políticas públicas. Os estudiosos examinam como o estado busca alcançar seus objetivos e
quais estratégias são utilizadas para implementar políticas específicas. A ciência política
estuda as diferentes abordagens governamentais para problemas sociais, como saúde,
educação, meio ambiente e segurança, e avalia sua eficácia e impacto.

3. Estruturas e instituições políticas: Os fins e as funções do estado têm um impacto direto


nas estruturas e instituições políticas de um país. O sistema de governo, a divisão de poderes,
os mecanismos de representação e participação política são moldados pelos objetivos do
estado e pelas funções atribuídas a ele. A ciência política analisa a forma como essas
estruturas e instituições operam e como elas influenciam o funcionamento do sistema
político.

4. Relações internacionais e políticas comparadas: Os fins e as funções do estado também


têm implicações nas relações internacionais e na política comparada. A forma como um
estado exerce sua autoridade e busca seus objetivos afeta suas interações com outros estados
e atores internacionais. Além disso, as diferentes abordagens adotadas pelos estados em
relação a questões políticas, sociais e econômicas permitem comparações e análises
comparadas entre diferentes sistemas políticos.

Em resumo, os fins e as funções do estado são um elemento central no estudo da ciência


política. Eles moldam a forma como a política é entendida, analisada e praticada, e têm um
impacto direto nas estruturas, instituições e políticas que governam as sociedades.
Compreender esses fins e funções é fundamental para uma análise abrangente e informada da
política.

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