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DIREITOS DIFUSOS E COLETIV OS – JOSÉ A URÉLIO

A ULA 19 JOSÉ A URÉLIO - PROCEDIMENTOS ESPECIA IS

1. INTRODUÇÃO

Nesta aula serão abordados os procedimentos especiais dos Direitos Difusos e C oletivos,

como Ação P opular, Mandado de Segurança C oletivo e Mandado de Injunção C oletivo, e um

panorama geral da legislação específica acerca dos procedimentos especiais para ter

conhecimento geral sobre o assunto.

2. PROCEDIMENTOS ESPECIAIS

A C onstituição de 1934, no Governo de Getúlio Vargas, trouxe a previsão da ação

popular, na transposição do Estado liberal para o Estado Social, que somente foi

verdadeiramente regulamentada pela Lei nº 4.717/1965.

C omeça no Brasil a ter a perspectiva de um Estado liberal para um Estado social, depois

de 1937 onde o Estado fascista sob uma intervenção maior dentro do ambiente da sociedade, de

um Estado mais interventor, refletindo no C ódigo C ivil de 1939.

Apesar disso, em atenção as palavras do professor Barbosa Moreira, que afirna que os

Estados autoritários e não democráticos produzem uma legislação liberal e democrática, como foi

o caso da C onstituição de 1934 com a previsão da Ação P opular, sendo apenas regulamentada

em 1965, no período de exceção.

2.1 DÉCA DA DE 80

Na década de 80, há uma estrutura política nacional do meio ambiente e depois, em 1985,

regulamentou-se a Ação C ivil P ública, inicialmente limitada ao meio ambiente e ao consumidor.

P osteriormente, veio a C onstituição Federal de 1988, fundando no Brasil o Estado

Democrático de Direito, o Estado substantivo e social de direito. P revendo o acesso à ordem

jurídica justa, nascendo o constitucionalismo ou neoconstitucionalismo, com sinais fundados nas

garantias fundamentais e nos Direitos Humanos, que na Europa C ontinental começou em 1948

com o processo de constitucionalização, e no Brasil inciou-se em 88 com a C onstituição da

República.

A C onstituição de 1988 trouxe uma estrutura processual de garantias e remédios

constitucionais para efetivar o conjunto de direitos fundamentais individuais sociais e coletivos.

C omo o Mandado de Segurança C oletivo, a Ação P opular e também a Ação C ivil P ública,

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diretamente no art. 5º, incisos LXXIII, LXIX e LXX e nas atribuições do Ministério P úblico no art. 129,

III, C onstituição.

P osterior à C onstituição de 1988, evidentemente houve um incremento de toda a

legislação processual que tutela de direitos difusos coletivos e individuais homogêneos, na Lei nº

7.853/1989, regulamentação da Ação C ivil P ública e interesses coletivos de deficientes.

P or fim, a Lei nº 7.913/89 acerca da Ação C ivil P ública de responsabilidade por danos aos

investidores do mercado de valores mobiliários.

2.2 DÉCA DA DE 90

A década de 90 trouxe uma grande revolução às tutelas dos direitos difusos e coletivos,

especialmente com a célebre obra legislativa do C ódigo de Defesa do C onsumidor (C DC ).

O C DC , Lei nº 8.078/1990, contou com a participação de diversos grandes juristas, como a

professora Ada P ellegrini Grinover e o professor Kazuo Watanabe.

Houve um grande impulso à alteração legislativa do C ódigo de Defesa do C onsumidor

impactando evidentemente nas relações de consumo e nas tutelas de direitos difusos e coletivos

trazendo um conceito de direitos individuais e homogêneos no art. 81, bem como a

regulamentação da coisa julgada do art. 103, da litispendência. Todos esses institutos

fundamentais e gerais que passaram a compor um microssistema de tutela coletiva de proteção

de direitos difusos coletivos, o C DC .

A Lei de Improbidade Administrativa, nº 8.429/92, no qual será tratada em um curso

específico.

A Lei nº 8.884/94, denominada Lei Antitruste, que posteriormente foi revogada pela Lei nº

12.529/11, a qual visa combater as infrações contra a ordem econômica e proteger o livre

mercado, responsável pela criação do C ADE.

2.3 SÉCULO XXI

No Século XXI, existe um incremento da estrutura protetiva dos direitos difusos e coletivos

com o Estatuto do Idoso, Lei nº 10.741/2003. P osteriormente, a Lei nº 12.846/2013 com a

responsabilização administrativa objetiva nos casos de prática de atos contra a Administração

P ública.

A Lei nº 11.340/2006 expõe o objetivo de coibir a violência doméstica, também

contemplando a tutela coletiva nos art. 26, II e 37. A Lei nº 11.448/2007, que por meio do art. 2º

conferiu a redação ao art. 5º da Lei nº 7.347/85, dando legitimidade ativa ad causum à Defensoria

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P ública como um dos legitimados extraordinários na tutela de direitos difusos e coletivos, tendo

em vista que já era reconhecida pelos Tribunais Superiores.

A Lei nº 12.016/09 que regulamenta o Mandado de Segurança Individual e o Mandado de

Segurança C oletivo, em dois artigos o 20 e 21. Em 2014, houve a regulamentação da proteção à

honra e dignidade de grupos raciais e éticos religiosos com a Lei nº 12.966. Enquanto a Lei nº

13.465/2017 trata da regularização fundiária rural e urbana, trazendo um arcabouço de direitos

fundiários difusos e coletivos, sendo muito utilizados pela Defensoria P ública.

O Mandado de Injunção C oletivo regulamentado pela Lei nº 13.300/2016, no qual será

dado ênfase aos seus pontos relevantes.

2.4 DOIS RETROCESSOS

Notadamente o sistema de direitos difusos coletivos e individuais homogêneos evoluíram

bastante, entretanto destaca-se que dois retrocessos acerca da limitação do objeto. A primeira

limitação de objeto está com a alteração do parágrafo único do art. 1º, da Lei nº 7.347/1985,

excluindo a possibilidade de tributos e contribuições previdenciárias. A segunda é a limitação da

eficácia da sentença aos limites territoriais da competência do juízo aos limites territoriais.

São esses grandes limitadores de retrocesso legislativos impostos aos microssistema a

tutela coletiva de direitos difusos e coletivos, principalmente a barbaridade da segunda limitação

trazida no art. 16 da Lei nº 7.347/1985, que confunde a eficacia da sentença com competência,

sendo a tendência é o STJ afastar a aplicação desse artigo.

2.5 A NTEPROJETO Nº 5.139/2009

Outra questão relacionada aos procedimentos do microssistema da tutela de direitos

difusos e coletivos e especiais é o Anteprojeto nº 5.139, encaminhado pelo IBDP para o C ongresso

Nacional.

A doutrina brasileira sobre direitos difusos e coletivos se desenvolveu bastante a partir do

desenvolvimento desse anteprojeto criado pela USP sob a orientação da professora Ada P ellegrini

Grinover. Um outro anteprojeto no Rio de Janeiro, na UERJ com a Universidade Estácio de Sá,

com o professor Luiz e Humberto Dalla, que construíram um anteprojeto de código que acabou

resultando no Anteprojeto nº 5.139/2009, o qual teve como relator o Deputado Antônio C arlos

Biscaia.

P ortanto, esse anteprojeto era um projeto de um código de processo coletivo, com um

sistema inteiro de proteção de direitos difusos e coletivos, no qual tratava de diversos aspectos

gerais como a ação coletiva passiva e, o mais importante, tratavam dos procedimentos especiais

dos direitos coletivos.

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C ontudo, apesar de ter tramitado, esse projeto de lei acabou sendo arquivado sob a

justificativa de que “não ocorreu o devido debate com a sociedade”. Evidentemente, forças

políticas produtivas abateram o anteprojeto quando já caminhava para fase final de aprovação.

De qualquer forma, esse anteprojeto serve como parâmetro interpretativo, ou seja, as

normas que foram criadas, mesmo não sendo convertidas em lei, representam um produto da

doutrina de como deveriam ser as regras relacionadas ao microssistema de tutela de direitos

difusos e coletivos.

P ortanto, essa é uma perspectiva geral da evolução legislativa dos direitos difusos e

coletivos.

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