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A LEI

9696/98
EA
ADI 3428/2005

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9.696/98
A LEI
A9696/98
LEI
E9696/98
A
EADI
A 3428/2005
ADI 3428/2005

DIRETORIA DO CONSELHO FEDERAL


DE EDUCAÇÃO FÍSICA

Jorge Steinhilber
(CREF 000002-G/RJ) - Presidente
João Batista Andreotti Gomes Tojal
(CREF 000003-G/SP) - 1º Vice Presidente
Iguatemy Maria de Lucena Martins
(CREF 000001-G/PB) - 2º Vice Presidente
Almir Adolfo Gruhn
(CREF 000001-G/PR) - 1º Secretário
Sebastião Gobbi
(CREF 000183-G/SP) – 2º Secretário
Sérgio Kudsi Sartori
(CREF 000003-G/RJ) – 1º Secretário
Marcelo Ferreira Miranda
(CREF 000002-G/MS) - 2º Tesoureiro

2020
Direitos reservados para o CONSELHO FEDERAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA - CONFEF
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.

A Lei 9696/98 e a ADI 3428/2005


Diretoria do Conselho Federal de Educação Física
Rio de Janeiro: CONFEF, 2020.
122p.
ISBN. 978-65-991836-0-7
1. Lei 9696/98. 2. Educação Física. 3. Profissional de Educação Física.

SEDE:
Av. República do Chile, 230 – 19º andar – CEP: 20031-170 – Rio de Janeiro – RJ
Tel.: (21) 22423670 / 2215-6100 / 3852-6355 / 38526803
www.confef.org.br
APRESENTAÇÃO

A Regulamentação da Profissão de Educação Física sempre se consti-


tuiu aspiração de muitos Profissionais e entidades da Educação Física bra-
sileira. Todo o processo histórico que se estendeu por vários anos, culmi-
nou com a promulgação da Lei nº 9.696, de 1º de setembro de 1998.
Desde então, um fato pontual, que se estende num tempo que já al-
cança os 21 (vinte e um) anos da regulamentação da Profissão e da cria-
ção do Sistema CONFEF/CREFs, tenta por em causa parte do texto da Lei
nº 9.696/1998, o instrumento jurídico regulador da Profissão de Educação
Física. Esta proposição se converteu na Ação Direta de Inconstitucionali-
dade – ADI 3428, protocolizada em 11 de março de 2005.
Antes, porém, é importante esclarecer que não está em causa a regu-
lamentação da Profissão de Educação Física. Este ato, assim como a rele-
vância do Profissional dessa área, são aspectos repetidamente enaltecidos
nos diferentes pareceres jurídicos associados ao tema.
Assim fica evidenciado que a gênese do problema aqui tratado está na
propositura feita pela Procuradoria Geral da República – PGR ao Supre-
mo Tribunal Federal – STF apontando a existência de vício de iniciativa na
apresentação do Projeto de Lei, que resultou na Lei 9.696/1998, particular-
mente nos seus artigos 4º e 5º. Isto significa que esta lei foi apresentada
por um órgão que não tinha competência para fazê-lo, ou seja: Para a PGR
o Projeto de Lei deveria ter tido origem no Executivo e não no Legislativo,
como de fato ocorreu.
É inegável que, em questões de natureza jurídica surgem questiona-
mentos, interpretações e posições conflitantes. Contudo, também existem
doutrinadores que entendem ser competência do Congresso Nacional a
criação de Conselhos de Fiscalização do Exercício Profissional.
Desde 2005, o poder do tempo tem predominado sobre este assunto,
postergando o seu desfecho e consolidando um entendimento sobre a
legitimidade de todo o conjunto da Lei nº. 9.696/1998. Entretanto, impõe-
-se que os fatos sobre a ADI nº. 3428/2005 sejam devidamente registrados,
preservando esta parte da história da Educação Física brasileira.
Trata-se, dessa forma, de juntar documentos e memórias e aqui trans-
crevê-las. Elas ficarão disponíveis para os Profissionais de Educação Física,
como um repositório de evidências que possam informar e esclarecer so-
bre o Movimento desencadeado pelo Conselho Federal de Educação Físi-
ca - CONFEF para demonstrar a base legal que fundamentou a construção,
a aceitação e a aprovação da Lei nº. 9.696/1998, frente a compreensão, ou
incompreensão, dos que propuseram e defendem a ADI nº. 3428/2005.
A existência ou não de vício de iniciativa. Este é o centro de todo o em-
bate travado no Supremo Tribunal Federal e que hoje, passados 21 anos
da Regulamentação da Profissão e criação do Sistema Conselho Federal e
Regionais de Educação Física reaparece para os seus 500 mil Profissionais
registrados em 21 Conselhos Regionais presentes em todo o país.
É com o propósito de demonstrar como se deu a tramitação da Lei nº.
9.696/1998, e permitir que todos conheçam os caminhos seguidos pelo
CONFEF, muitas vezes com a aceitação dos trajetos mais difíceis, porém
mais corretos sob o ponto de vista dos notáveis juristas e parlamentares
que acompanharam e se posicionaram pela legalidade e correção deste
processo.
No enfrentamento da ADI nº. 3428/2005, nada foi deixado para trás pe-
los que estiveram à frente da regulamentação da Profissão, desde a propo-
situra do Projeto de Lei até os dias de hoje. Tudo foi cumprido exatamente
como a legislação vigente determinava, dentro da norma constitucional.
Tanto é assim, que a Ministra do Superior Tribunal Federal, Dr.ª Cármen
Lúcia Antunes Rocha, quando advogada do CONFEF, manifestou-se favo-
ravelmente à constitucionalidade da Lei nº. 9.696/1998, afastando qual-
quer indício de vício de iniciativa. Já em 2005, a Advocacia Geral da União
na pessoa de seu então Advogado Geral Gilmar Mendes Moraes, também
afirmou não haver vício de iniciativa na propositura do Projeto que culmi-
nou na Lei nº. 9.696/1998 e, portanto, nada nela haveria de inconstitucio-
nal. Da mesma forma, a Câmara e o Senado pronunciaram-se favoráveis
ao cumprimento dos trâmites percorridos pela Lei nº. 9.696/1998, afirman-
do que tudo correu dentro dos estreitos preceitos constitucionais.
Hodiernamente, assim como aconteceu em 1995, 1998 e 2020, existem
parlamentares, juristas e setores da área executiva que afirmam o caráter
constitucional do conjunto a Lei nº. 9.696/1998, entendendo a importân-
cia do Sistema CONFEF/CREFs enquanto entidade de defesa da sociedade
no que tange a atividade física e desportiva.
Tais entendimentos se devem, indubitavelmente, aos 21 anos de atu-
ação ininterrupta do trabalho consistente do Sistema CONFEF/CREFs e
o que esta Lei agregou de positivo ao desenvolvimento da sociedade.
Orientando esta compreensão, está o fato de que na ADI nº. 3428/2005,
não existe qualquer questionamento quanto a Regulamentação da Pro-
fissão O que está sob o foco do STF é a forma de apresentação do PL que
resultou na Lei 9.696/98.
PARTE I

A ORIGEM DA LEI Nº 9.696/98

• O Projeto de Lei nº. 4559/1984 e 330/1995

É preciso retroceder ao início do processo de regulamentação da pro-


fissão na década de 1980, para registrar que já naquela época, o Proje-
to de Lei nº 4.559/1984 teve sua propositura a partir do Legislativo, sem
que houvesse qualquer questionamento sobre este ponto, ou seja: Em 30
de outubro de 1984, o então Deputado Darcy Pozza apresentou o PL nº
4.559/1984, o qual tramitou no Congresso Nacional e, apesar de ser apro-
vado no final de 1989, foi vetado 5 de janeiro de 1990, pelo então Presi-
dente da República, José Sarney, em atendimento ao Parecer do Ministé-
rio do Trabalho.
Importa observar que o veto Presidencial ao PL nº 4.559/1984 não teve
como justificativa o vício de iniciativa e, mesmo já estando em vigência a
Constituição Cidadã de 1988, não foi levantado qualquer impedimento
pelo fato daquele PL ter se iniciado na Câmara dos Deputados.
Paralelamente aos acontecimentos decorrentes do veto ao PL nº
4.559/1984, já estava em curso por todo o país articulações políticas im-
portantes, a maioria delas promovidas pelas Associações dos Profissionais
de Educação Física. Essas entidades atuavam junto à parlamentares para
demonstrar a importância de regulamentar a Profissão, de modo a garan-
tir o direito da sociedade ser atendida nos serviços em atividades físicas
e esportivas por Profissionais de Educação Física. Progressivamente, essas
iniciativas foram reunidas e capitaneadas pelo que se denominou “Movi-
mento pela Regulamentação da Profissão de Educação Física”.
Em razão dessa movimentação política, o então Deputado Federal Edu-
ardo Mascarenhas se interessou pelo assunto e abraçou a causa, passando
a defender a importância do Profissional de Educação Física e apontando
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os riscos que a sociedade correria, caso qualquer pessoa pudesse orientar


a prática de exercícios físicos e esportivos.

• O Projeto de Lei nº 330/1995

Em 1995, o Deputado Federal Eduardo Mascarenhas, representante da


população junto ao Poder Legislativo, apresentou à Câmara dos Deputados
o Projeto de Lei nº 330/1995, dispondo sobre a Regulamentação da Profis-
são de Educação Física e a criação dos Conselhos Federal e Regionais de
Educação Física. A justificativa deste PL encontra-se no Anexo I deste livro.
Em resposta à questionamentos surgidos em torno do referido PL, o De-
putado Eduardo Mascarenhas argumentou quanto à propriedade e ade-
quação da sua apresentação ter se dado por iniciativa de Parlamentar, fato
que não configurava vício de iniciativa, haja vista que suas pesquisas sobre
os Conselhos Profissionais existentes, a exemplo da Ordem dos Advogados
do Brasil, Conselho Federal de Medicina e Conselho Federal de Psicologia,
deixaram claro que PL sobre o tema poderia ser apresentado pela Câmara
dos Deputados, haja vista não haver qualquer matéria impeditiva. Ressal-
tou, ainda, que a competência da Câmara dos Deputados estava respaldada
no inciso XIX do artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil,
a qual, antes da Emenda Constitucional nº 019/1998, assim versava:
“Art. 37 – [...]
XIX – somente por lei específica, poderão ser criadas empresa pública,
sociedade de economia mista, autarquia e fundações públicas; [...]”
Destaca-se que o aludido inciso, muito embora, hodiernamente, tenha
sua redação alterada, continua com o mesmo princípio, dispondo:
“Art. 37 – [...]
XIX - somente por lei específica, poderá ser criada autarquia e autorizada
a instituição de empresa pública, de sociedade de economia mista e de
fundação, cabendo à lei complementar, neste último caso, definir as áreas
de sua atuação;”
Em sua explanação, o Deputado Eduardo Mascarenhas reforçou a com-
petência da Câmara dos Deputados para propor Projetos de Lei criando
Conselhos de Fiscalização e citou o CD P.L. nº 3.903/1989 (SF PLC 0019/1991),
de autoria da então Deputada Federal, Benedita da Silva, o qual dispunha
sobre a profissão de Assistente Social e dava outras providências, e que
gerou a Lei nº 8.662/1993, publicada no D.O.U. de 08/06/1993.
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O Deputado também salientou que a criação de um Conselho de Fis-


calização do Exercício Profissional não gera despesas nem custo para o
executivo, e, portanto, no seu entendimento, não estaria enquadrado no
Art. 61 da Constituição da República Federativa do Brasil. Ratificou tal tese,
explicitando que a intencionalidade do legislador em relação ao art. 61 da
CRFB foi no sentido de ser privativo da Presidência da República somente
as leis que criam despesas ou custos, situação que não atinge a criação do
Conselho Federal de Educação Física.
Em continuação, o Parlamentar sustentou com propriedade e profundi-
dade de conhecimento, que os Conselhos Profissionais são pessoas jurídi-
cas de direito público, autarquias públicas corporativas diferentes das au-
tarquias públicas sujeitas ao controle ou tutela da Administração Pública.
Ressaltou também que os Conselhos de Fiscalização do Exercício Pro-
fissional são pessoas jurídicas e possuem natureza peculiar, constituindo-
-se em autarquias sui generis, pois, são prestadoras de serviço por outor-
ga legal, no entanto, sem vínculo ou subordinação a qualquer órgão ou
entidade da Administração Pública.
Continuando, o Deputado Eduardo Mascarenhas deixou claro que a
criação, por lei, do Conselho Federal de Educação Física geraria uma en-
tidade de direito público, com capacidade de auto administração, para
desempenho de serviço público descentralizado, não recebendo da Ad-
ministração Pública recursos para sua implementação e funcionamento.
Expressou formalmente que as contribuições por ela instituídas e arreca-
dadas não se destinam a compor a receita da Administração Pública e,
portanto, não são incorporadas ao planejamento e orçamento da União.
Explicou, ainda, que as autarquias administrativas são entes autôno-
mos criados por lei, com personalidade jurídica de direito público, patri-
mônio próprio e atribuições estatais específicas, estando sob o controle
da entidade estatal a que pertencem e enfatizou que o Conselho Federal
de Educação Física não teria tais características, pois, assim como a OAB
e demais Conselhos de Fiscalização do Exercício Profissional, seria uma
autarquia sui generis, de regime especial, com características diferenciadas
em relação às autarquias propriamente ditas, posto serem autônomas,
com patrimônio e receita própria, e terem sido criadas por lei para exe-
cutar de forma descentralizada, serviço delegado, caracterizando-a como
entidade auxiliar da Administração Pública, além de não estarem sujeitas
a subordinação ministerial.
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Na argumentação do Deputado consta a informação de que o Decre-


to-lei nº 968, de 13 de outubro de 1969 (que está vigendo até os dias de
hoje), ratificava tal entendimento, uma vez que versa, in verbis:
“Art. 1º As entidades criadas por lei com atribuições de fiscalização do
exercício de profissões liberais, que sejam mantidas com recurso, próprios e
não recebam subvenções ou transferências à conta do orçamento da união
regular-se-ão pela respectiva legislação específica, não se lhes aplicando as
normas legais sobre pessoal e demais disposições de caráter geral, relativas
à administração interna das autarquias federais.”
Nessa mesma linha, o Parlamentar ressaltou a revogação, por meio do
Decreto de 10/05/1991, do Decreto nº 81.663, de 16 de maio de 1978, que
no artigo 3º determinava:
“Art. 3º - São vinculadas ao Ministério do Trabalho as seguintes Entidades:
I - Entidades incumbidas da fiscalização do exercício de profissões liberais
Decreto-lei nº 968, de 13 de outubro de 1969;
II - Entidades com personalidade jurídica de Direito Privado - Art. 183, do
Decreto-lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967:
a) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Industrial - SENAI.
b) Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC.
c) Serviço Social da Indústria - SESI.
d) Serviço Social do Comércio - SESC.
III Entidades incumbidas dos assuntos relacionados com a Segurança e
Medicina do Trabalho - Art. 3º do Decreto-lei nº 900, de 29 de setembro de
1969 e Lei número 5.161, de 21 de outubro de 1966:
- Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho
-FUNDACENTRO.” (negrito nosso)
Por fim, esclareceu que os Conselhos atuam respeitando os preceitos da
Administração Pública e prestam contas ao Tribunal de Contas da União.
No entanto, não fazem parte do orçamento da União, não geram custos
nem despesas para o executivo, e que, portanto, o PL nº 330/1995 podia
ser gerido a partir do Congresso Nacional. Por conseguinte, o PL iniciando
na Câmara dos Deputados estava respaldado legalmente.
O Projeto de Lei nº 330/1995 tramitou no Congresso Nacional onde foi
aprovado por todas as Comissões, recebendo pareceres favoráveis das
suas Assessorias Jurídicas. Parece legítimo acreditar que, caso houvesse
qualquer vício de iniciativa, os setores jurídicos teriam indicado e o Presi-
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dente o teria vetado. Assim, foi promulgada a Lei 9.696, de 1º de setembro


de 1998, assinada pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso.

• A Lei nº. 9.696/1998

Publicada a Lei nº. 9.696/1998, deu-se início a formação do


Conselho Federal de Educação Física e, paulatinamente foram criados
os 21 Conselhos Regionais, devidamente instalados pelo país, um
conjunto que forma o Sistema CONFEF/CREFs, hoje com quinhentos
mil profissionais registrados.
Ressalte-se que o Conselho Federal de Educação Física foi
criado sem receber nenhuma subvenção do Governo Federal, nem
mesmo para iniciar seus trabalhos. Os recursos necessários para
instalação do CONFEF e, em 1999, a criação dos seis primeiros
Conselhos Regionais, foram conseguidos com a mobilização e o
empenho dos primeiros dezoito Conselheiros Federais e dos muitos
Profissionais de Educação Física de todas as regiões do país.
PARTE II

A LEI Nº. 9.696/98 E A ADI Nº. 3428/2005

Em vias de completar sete anos de existência, mais precisamente em


março do ano de 2005, o Conselho Federal de Educação Física foi surpre-
endido com a petição da Procuradoria Geral da Republica – PGR, ajuizan-
do Ação Direta de Inconstitucionalidade - ADI nº. 3428/2005, em face dos
artigos 4º e 5º da Lei 9.696/98.
A propositura da ADI nº. 3428/2005 se deu em função da representação
enviada à Procuradoria Geral da República - PGR, na qual o representante
aduz que o texto normativo impugnado é violador dos preceitos inscritos
na alínea “e” do inciso II, do § 1º do artigo 61 e inciso III do art. 84, ambos
da Constituição Federal, que preveem:
Art. 61. A iniciativa das leis complementares e ordinárias cabe a qualquer
membro ou Comissão da Câmara dos Deputados, do Senado Federal ou
do Congresso Nacional, ao Presidente da República, ao Supremo Tribunal
Federal, aos Tribunais Superiores, ao Procurador-Geral da República e aos
cidadãos, na forma e nos casos previstos nesta Constituição.
§ 1º São de iniciativa privativa do Presidente da República as leis que:
..................................................................
II - disponham sobre:
.........................................................................................
e) criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública,
observado o disposto no art. 84, VI;  
Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
........................................................................................
III - iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta
Constituição;
Em sua peça exordial, a PGR expõe:
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“[...] Observa-se, portanto, na espécie, inconstitucionalidade formal dos


artigos 4º e 5º da Lei 9.696/98, por vício de inciativa, uma vez que em
sendo dos Conselhos Fiscalizadores das Atividades Profissionais autarquias,
conforme lição de Hely Lopes Meirelles, sua criação somente pode ocorrer
por lei de iniciativa do Presidente da República.” (negritos nossos)
A íntegra da petição inicial da ADI nº. 3428/2005 encontra-se no ANEXO
II desta obra.
Em 15 de março de 2005, a ADI nº. 3428/2005 foi distribuída para rela-
toria da Ministra Ellen Gracie Northfleet. Imediatamente, o Conselho Fe-
deral de Educação Física contatou escritório de advocacia com o escopo
de ingressar no feito na qualidade de amicus curiae, de forma a defender
a constitucionalidade dos artigos questionados. Igualmente, o Conselho
Federal de Farmácia e o de Técnicos em Radiologia, também requereram
o ingresso nos autos como amicus curiae.
A título de informação, acrescenta-se que o termo “Amicus curiae” ou ami-
go da corte, ou também amigo do tribunal, é uma expressão originária do
Latim, sendo utilizada para designar uma instituição que tem por finalidade
fornecer subsídios às decisões dos tribunais, oferecendo-lhes melhor base
para questões relevantes e de grande impacto. As Ações Diretas de Inconsti-
tucionalidade têm sua tramitação perante o Supremo Tribunal Federal e, uma
vez que alguma entidade se sinta prejudicada poderá ingressar na ação na
qualidade de “amigo do Tribunal” a fim de que apresente sua tese de defesa.
Em resposta ao pedido da relatora Ministra Ellen Gracie, em 07 de abril
de 2005, foram juntadas as informações da Advocacia Geral da União –
AGU, por meio de Ofício declarando ser improcedente a alegada violação
a alínea “e” do inciso II do parágrafo 1º do art. 61 da Constituição Federal,
cuja íntegra consta no ANEXO III deste documento. O que aconteceu antes
do CONFEF se manifestar.
Nesse mesmo sentido, se pronunciou o Senado Federal, cujas informa-
ções foram juntadas nos autos da ADI nº. 3428, em 18 de abril de 2005. A
íntegra desse pronunciamento encontra-se no ANEXO IV.
Importante ressaltar que tanto o Deputado Eduardo Mascarenhas, o
Congresso Nacional, quanto a Advocacia Geral da União entendiam, e de-
fendiam, não haver nenhuma inconstitucionalidade no fato do Legislativo
ter tido a iniciativa da Lei 9.696/98. Com isso, apenas a PGR afirmava exis-
tir vício de iniciativa.
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• As Ações do CONFEF e o Julgamento no STF

Preocupado com o desenrolar dos fatos, com a defesa da legalidade do


processo que culminou com a promulgação da Lei nº. 9.696/1998 e com a
própria existência do Sistema CONFEF/CREFs, o CONFEF contratou a então
Advogada, Dr.ª Cármen Lúcia Antunes Rocha, a qual, após analisar a ação,
aceitou o encargo de defender os interesses do Conselho e mostrar que
não há inconstitucionalidade na Lei nº. 9.696/1998. A competência da Ad-
vogada era inquestionável e viria a ser ratificada posteriormente, com a
sua ascendência ao cargo de Ministra do Supremo Tribunal Federal.
A defesa que a Dra. Cármen Lúcia Antunes Rocha apresentou ao Supre-
mo Tribunal Federal - STF, em 17 de maio de 2005, levanta aspectos impor-
tantes sobre a natureza dos Conselhos Profissionais ao afirmar que estes
não têm vinculo direto com a União. Embora a integra desta peça conste
do ANEXO V, segue aqui algumas de suas passagens relevantes:
““[...] Assim, as entidades corporativas não integram a Administração Pública,
não se inserem na máquina burocrática que desempenham as atividades
que lhe são inerentes. São pessoas jurídicas constituídas lealmente para
auxiliar o Estado na tarefa de impedir que funções regulamentadas sejam
exercidas sem o devido respeito ao quanto disposto para a prestação dos
serviços aos cidadãos. O desempenho de atividades inerentes às profissões
dá-se básica e geralmente pelos particulares, os quais precisam de se ater ao
quanto legalmente estatuído a fim de que não se insiram, indevidamente,
no espaço das liberdades daqueles a quem são prestados os serviços sem
atendimento dos requisitos e habilidades devidas. A não regulamentação
das atividades profissionais conduz a abusos pelos seus prestadores,
muitas vezes pondo em riscos direitos daqueles que as recebem ou delas
necessitam”.
Na peça encaminhada ao STF, a Dra. Cármen Lúcia Antunes Rocha de-
monstra a “ausência de qualquer mácula formal que se pretenda ver no
processo legislativo inaugurado por membro do Poder Legislativo quanto
às normas questionadas da Lei n. 9.696/1998”.
Ao finalizar, Dra. Cármen Lúcia Antunes Rocha requereu:
“[...] seja julgada improcedente a presente ação, uma vez que a iniciativa
parlamentar da qual decorreu o Projeto de Lei, depois transformada na
Lei nº. 9.696/1998, cujos arts. 4º e 5º são arguidos como inconstitucionais,
não se vicia de qualquer mácula ou nódoa, repousando na esfera de
consequências constitucionais do Poder Legislativo, pois não se criou,
naqueles dispositivos, órgãos administrativos, não se alterou o organograma
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do Poder Executivo ou de sua administração, senão que foram constituídas


entidades encarregadas de dar cumprimento ao controle, à fiscalização e à
garantia da boa prestação das atividades profissionais na área da Educação
Física, em resguardo aos direitos fundamentais dos indivíduos e do interesse
de toda a sociedade”.
Com a aprovação do nome da Dra. Cármen Lúcia Antunes Rocha para
Ministra do STF, o que se deu em maio de 2006, com a sua posse em 21 de
junho do mesmo ano, o CONFEF foi obrigado a contratar outro advogado,
vez que Ministros são impedidos de advogar. Nesse novo cenário, assumiu
o caso o Dr. Claudio Araújo Pinho, que já atuava no escritório da Dra. Cár-
men Lúcia e que, desde então, passou a defender as causas que envolvem
o Sistema CONFEF/CREFs.
É preciso lembrar que a Ministra Ellen Gracie Northfleet seria a primeira
relatora da ADI nº. 3428/2005, mas ela não chegou a pautar a ação no ple-
nário do STF. Entretanto, na condição de eleita para Presidente da Corte,
em abril de 2006, todos os seus processos foram distribuídos para outros
Ministros. Neste contexto, a Ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha foi de-
signada para relatar a ADI 3428/2005. Como era de se esperar, a Ministra
se declarou impedida de fazer a relatoria em razão de ter atuado no pro-
cesso como procuradora do CONFEF.
Em razão do impedimento da Ministra Carmen Lúcia Antunes Rocha, foi
designado, em 29 de junho de 2006, o novo relator da ADI nº. 3428/2005,
desta feita o Ministro Eros Roberto Grau.
Passado dois anos, em 16 de dezembro de 2008 o Presidente do STF
incluiu o processo na pauta de julgamento, previsto para a sessão de 19
de dezembro de 2009, o que também não se concretizou. Novamente o
STF coloca-o na pauta da sua sessão de 04 de agosto de 2010. Porém, em
razão da aposentadoria do Ministro Eros Grau, não foi apresentado o voto
do relator da ADI nº. 3428/2005. Até o ano de 2011 o processo desta ADI
ficou parado. Só em 03 de março de 2011, um novo relator foi designado,
desta vez caberia ao Ministro Luiz Fux esta tarefa.
Nesse ínterim, Dr. Cláudio Pinho, que assumiu a defesa do CONFEF após a
ida da Dr.ª Cármen Lúcia Antunes Rocha para o STF, realizou inúmeras incur-
sões àquele Tribunal Superior apresentando memoriais e tendo audiências
com os Ministros, visando esclarecer o ponto nodal da questão, qual seja: a
criação do Sistema CONFEF/CREFs não gerou custos para a União e, como
essa entidade não é autarquia vinculada ao Governo, não é necessário que
a Lei que o criou tenha sido de iniciativa da Presidência da República.
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Entretanto, em 02 de maio de 2019, foi determinado pelo Ministro


Dias Toffoli, Presidente do Supremo Tribunal Federal, a inclusão da ADI
nº. 3428/2005 na pauta de julgamento daquele Tribunal, cuja sessão se
daria em 15 de maio de 2019. No dia anterior ao julgamento, o proces-
so foi retirado de pauta, mas não foi possível identificar o motivo que
ensejou este fato. Novamente, em 19 de novembro de 2019, o processo
volta a ser incluído na pauta de julgamento do dia 29 de novembro de
2019. Observe-se que desta vez a sessão de julgamento do STF seria de
forma virtual.
Ciente do modelo a ser adotado para o julgamento, o Dr. Claudio Pinho
requereu ao STF que a ADI nº. 3428/2005 fosse incluído em pauta de julga-
mento presencial. O pedido foi atendido e em 25 de novembro de 2019 o
processo foi retirado de pauta virtual, sendo, de pronto, incluído, na pauta
de sessão presencial do dia 5 de dezembro de 2019.
Contudo, mais uma vez, especificamente no dia 27 de novembro de
2019, o Presidente do STF, Ministro Dias Tofolli, decidiu pela exclusão do
calendário do referido órgão. Com essa medida, os julgamentos previstos
para o dia 05 de dezembro de 2019, não ocorreram, sendo adiado outra
vez o julgamento da ADI nº. 3428/2005.
Os fatos narrados demonstram que o julgamento da ADI nº. 3428/2005
consubstancia uma longa história de inclusões e retiradas de pauta junto
ao STF.
Nesse período, o Sistema CONFEF/CREFs acompanhou e atuou junto a
autoridades constituídas, formadoras de opinião, ratificando a importân-
cia do Profissional de Educação Física para a sociedade e, principalmente,
reforçando a tese de que por não ser uma autarquia propriamente dita
(ligada a nenhum órgão do executivo), não há inconstitucionalidade na
criação da Lei nº. 9.696/1998, mesmo que se considere que esta norma
jurídica foi de iniciativa do Poder Legislativo.

• O Ano de 2020 - Retomada do Julgamento do STF

No dia 24 de março de 2020, o Ministro Luiz Fux incluiu a ADI nº.


3428/2005 na pauta de Julgamento do Superior Tribunal Federal, cuja ses-
são virtual foi marcada para 03 de abril de 2020.
A partir dessa definição, em 25 de março de 2020, o Dr Cláudio Pinho
requereu que a ADI nº. 3428/2005 fosse remetida para uma pauta presen-
20

cial. A sua petição não foi respondida pelo Ministro Luiz Fux que manteve
o julgamento no modelo definido, ou seja: virtual.
No dia 03 de abril de 2020 foi aberta a sessão de julgamento virtual,
tendo o Ministro Relator, apresentado seu voto nos seguintes termos:
“voto conheço da Ação e julgo procedente o pedido para declarar a
inconstitucionalidade dos artigos 4º e 5º da Lei Federal 9.696/1998, com
eficácia ex nunc a partir de vinte e quatro meses após a data do presente
julgamento”.
Até o dia 13 de abril de 2020, os Ministros Edson Fachin, Alexandre de
Moraes e Ricardo Lewandowski votaram acompanhando o Relator.
Também no dia 13 de abril de 2020, o CONFEF, mesmo no meio da crise
da Pandemia do Coronavírus, com o mundo em estado de tensão e alerta
permanentes, e com o Brasil ainda processando os desdobramentos da
COVID-19 que já se apresentava com proporções devastadoras para a po-
pulação, por intermédio do Dr. Claudio Pinho, reiterou ao STF o pedido de
retirada da ADI nº. 3428/2005 da pauta virtual, alegando que a condução
do julgamento nos moldes em que estava acontecendo, violava os prin-
cípios da publicidade, do contraditório e da ampla defesa, além da oitiva
dos demais Ministros em relação à possibilidade de requererem destaque.
No mesmo sentido, e no mesmo dia, a Ordem dos Advogados do Brasil
– OAB peticionou nos autos o seu posicionamento, reforçando a impor-
tância do julgamento presencial pelo STF, de modo a permitir a sustenta-
ção oral dos advogados, considerada por aquela entidade, prerrogativa
jurídica de essencial importância na realização do princípio constitucional
da ampla defesa.
Com um placar de quatro votos favoráveis ao voto do Relator Luiz Fux
na ADI nº. 3428/2005, o julgamento no STF foi interrompido pelo Ministro
Gilmar Mendes que pediu vistas ao processo. Até 12 de maio de 2020, não
havia sido indicada a nova data para retomada do julgamento no STF.
É verdade que todo esse itinerário que está sendo feito pelo CONFEF,
tem trazido inquietações a todo o Sistema CONFEF/CREFs. Particularmen-
te, os Conselhos Regionais têm acumulado os problemas gerados pela
Pandemia do Coronavírus, agravado com o encerramento das empresas
prestadoras de serviços na área de exercícios físicos e esportivos, em ra-
zão das determinações sanitárias e do isolamento social. Essa situação tem
gerado perda de receita para muitos profissionais, com impacto social e
econômica negativos para a categoria.
                        21

Contudo, e em qualquer que seja o cenário futuro, o Sistema CONFEF/


CREFs seguirá buscando o melhor encaminhamento para tratar a questão
da ADI nº. 3428/2005 e continuará a exercer a sua missão de defender o
direito da sociedade brasileira ter os serviços em atividades físicas e espor-
tivas prestados por Profissionais de Educação Física, condição imprescin-
dível para garantir os benefícios decorrentes dessas práticas.

• A ADI nº. 6260/2020 do PARTIDO SOCIAL CRISTÃO

Não obstante o fato da existência da ADI nº. 3428/2005, em 18 de no-


vembro de 2019, o Partido Social Cristão – PSC protocolizou uma outra
Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI nº. 6260/2019, apontando vício
de iniciativa da Lei nº 9.696/1998. Em 19 de novembro de 2019, esta Ação
foi distribuída ao Ministro Luiz Fux, em razão de ser ele o relator da ADIN
nº. 3428/2005, a fim de que se verificasse a prevenção do processo.
Ressalta-se que, em 12 de dezembro de 2019, o Ministro Luiz Fux so-
licitou ao Presidente da República, do Senado Federal e da Câmara dos
Deputados que se manifestassem acerca das alegações apresentadas nos
autos da ADI nº. 6260/2019.
Na data de 04 de fevereiro de 2020, o Senado Federal prestou as in-
formações abaixo transcritas, e cuja íntegra está no Anexo VI desta obra,
onde retrata o seu entendimento sobre a constitucionalidade da Lei nº
9.696/1998, bem como relevância desta norma jurídica para a sociedade:
“[...] a inconstitucionalidade formal do Processo Legislativo só é alegável até
a publicação do ato”. Logo, se o ato foi confirmado e aprovado, quando da
sanção e consequente promulgação da lei impugnada, e não fora apontado
nenhum vício, por parte do Presidente da República, que também é
responsável pelo controle de constitucionalidade, o ato consubstanciou
se de forma eficaz, vindo a produzir efeitos que devem ser resguardados
pela SEGURANÇA JURÍDICA4, com vistas ao interesse social, que se mostra
evidenciado pela prática profissional dos milhares de profissionais de
Educação Física, espalhados pelo País. Portanto, tal Princípio Constitucional
não pode ser ignorado, pois exerce o papel fundamental na efetivação real
dos fundamentos e desígnios permanentes do Estado Democrático de
Direito.
Sendo assim, diante da grande importância desses profissionais para
educação, desporto, cultura, trabalho, enfim para toda sociedade, qual seria
o benefício5 de se declarar inconstitucional os artigos 4º e 5º da Lei nº 9.696,
de 1º de setembro de 1998 [...]” (negritos no original)
22

Finalizando a informação o parecer do Senado Federal faz a seguinte


consideração:
“Considerando, sobretudo, que a interferência do Poder Judiciário nas
funções típicas do Poder Legislativo só pode ser tolerada em casos
excepcionalíssimos e constitucionalmente permitidos, o que não ocorre
na ação em tela, requer-se a denegação da medida cautelar e, no mérito,
a decisão pela improcedência do pedido veiculado na Ação Direta de
Inconstitucionalidade”. (negritos no original)
Também no dia 04 de fevereiro de 2020, a Câmara dos Deputados se
pronunciou nos autos, relatando que:
“[...] o Projeto de Lei n. 330/1995, que deu origem a Lei Federal nº. 9.696/1998,
foi processado nesta Casa dentro dos estritos trâmites constitucionais e
regimentais inerentes a espécie, [...]”
Em 11 de fevereiro de 2020, a Advocacia Geral da União - AGU declara
não merecer prosperar as razões suscitadas pela parte autora da ADI nº.
6260/2019. A íntegra da manifestação da AGU, encontra-se no Anexo VII
deste documento.
Até o dia 12 de maio de 2020, não havia tido quaisquer decisões nos
autos da ADI nº 6260/2019.
                        23

CONSIDERAÇÕES FINAIS

No atual momento, a expectativa é a de que o pedido de vistas do Mi-


nistro Gilmar Mendes possa provocar uma releitura dos documentos que
foram juntados à ADI nº. 3248/2005, permitindo-lhe encontrar um ponto
de equilíbrio no dualismo que se estabeleceu entre os posicionamentos
que consagram a inexistência do vício de iniciativa da Lei nº 9.696/1998,
e a manifestação contrária a essas teses, tal como foi posto no parecer do
Ministro Luiz Fux.
Os propósitos e o empenho dessa narrativa objetivam permitir que os
interessados entendam a complexidade inerente ao tema e também ava-
liem o esforço do CONFEF para mostrar a lisura com que conduziu cada
uma das etapas e todo o processo. O que sempre esteve amparado nas
declarações do deputado Eduardo Mascarenhas, na defesa da Ministra
Cármen Lúcia Antunes Rocha, à época advogada do CONFEF e nos pare-
ceres da Advocacia Geral da União – AGU e do Congresso Nacional.
ANEXO 1
ANEXO 2
ANEXO 3
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ANEXO 4
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ANEXO 5
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ANEXO 6
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104
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106
                        107
ANEXO 7
                        109
110
                        111
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