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Nº68 / abril 2016 / 3,40 Euros (CONT.

)
prémios
Randstad
Awards Portugal
Quem é que vai
ganhar?
especial
Outsourcing
exclusivo
Como a equidade
no trabalho afecta o
empenho
saber Ouvir
Incrivelmente
paciente
disponível a
Ser curioso novas culturas

Como ser admitir que se

um Gestor de está errado e


mudar o rumo

Pessoas
multi
saber gerir a
frustração

Atenção
incansável ao
pormenor

Fazer com que


as pessoas
respirem fundo
A posição de um Gestor de Pessoas criar empatia
de topo não é para todos e está
a tornar-se cada vez mais difícil.
Eis as qualidades e aptidões exigidas. confortável com
a ambiguidade

Entrevista Gestor de Pessoas Boas práticas XI conferência

A Gestão de
Empresas e
Equipas
Multi...

José Theotónio Paulo Jorge Pinto da Silva João Delgado Dia 14 de Abril
CEO do Grupo Pestana Director de Recursos Humanos Director de Comunicação Hotel Dom Pedro - Lisboa
Corporativos Grupo Águas de Portugal da Volkswagen Autoeuropa
Índice
58

Especial
Outsourcing 8
O novo Almoço
paradigma Editorial

64
Livros
12 Radar

20 Entrevista
josé theotónio
CEO do Grupo Pestana

54 Internacional
Como a
equidade no
trabalho 26
afecta o
empenho temA de capa

Como ser
48 Internacional um gestor de
O que os
emails
revelam
Pessoas multi
sobre a sua A posição de um director
empresa 32 Gestor
de Gestão de Pessoas não
de Pessoas
é para todos. Deixamos-lhe
o que o mercado exige. Paulo Jorge
Pinto da Silva
Director de Recursos
44 Internacional Humanos Corporativos
da Águas de Portugal
Quebrar
as más
barreiras

40 Boas
Práticas 36 Randstad
Awards
Volkswagen
Autoeuropa Quem é que
vai ganhar?

«o pior naufrágio é não partir»


amyr klink

Human Resources Portugal 3


Editorial

Conselho Editorial
António Henriques · Carla Gouveia · Catarina Horta · Catarina Tendeiro
· Diogo Alarcão · Eduardo Partidário · Felipa Oliveira Serrão
· Fernando Magalhães · Fernando Neves de Almeida · Isabel Barata
· Isabel Barros · Isabel Borgas · Isabel Peres · João Antunes
· Joana Queiroz Ribeiro · Luís Roberto · Margarida Barreto · Maria João Martins
Ricardo · Mário Ceitil · Patrícia Fernandes · Paula Carneiro · Pedro Fontes Falcão
· Pedro Ramos · Pedro Raposo · Sofia Tenreiro · Tiago Brandão
Florêncio Director
Ricardo Florêncio · ricardo.florencio@hrportugal.pt
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TitiAna Amorim Barroso · titiana.barroso@hrportugal.pt · Tel. 210 123 454
ricardo.florencio@hrportugal.pt Sandra M. Pinto · sandra.pinto@multipublicacoes.pt
Redacção
Ana Alves (tradução e revisão) · Flávia Brito
Colaboradores
Alfredo Enrione · Ed deHaan · Elizabeth Blankespoor · Felipe A. Csaszar
Acordos Internacionais e Exclusivos

As Universidades
Human Resources UK · Management Today · MIT
Arte
Projecto Gráfico DesignGlow · Editor de Arte Bernardo Ferraz / DesignGlow
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e o Mundo Real!
Nuno Carrancho NC Produções · PAF! Paulo Alexandrino Fotografia · Thinkstock
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t
Nº Registo ERC 125841 · Depósito Legal 312131/10 · ISSN 1647-7472 ·
Tiragem 15 mil exemplares · Periodicidade Mensal
al como já referi noutras ocasiões, infelizmente no nosso dia- Impressão e Acabamento Jorge Fernandes, Lda.
Distribuição Urbanos Press - Rua 1º de Maio, Centro Empresarial da Granja
-a-dia fazemos muitas vezes o que temos de fazer, e não o que - Junqueira - 2625 - 717 Vialonga
devemos fazer. Do mesmo modo, os temas mais importantes
são frequentemente afogados pelos mais mediáticos. Penso
que um dos assuntos mais prementes a debater é o possível
Av.ª Sidónio Pais, n.º 24 - r/c Dto - 1050-215 Lisboa
desequilíbrio entre a formação que é dada nas universidades, faculdades, Tel. 210 123 400 · Fax. 210 123 444 · geral@multipublicacoes.pt
institutos, ao nível do curso básico, face as necessidades reais do mundo · NIPC: 506 012 905 · CRCL: 11061
Conselho de Administração
de trabalho. Estarão os cursos básicos actualizados em comparação ao Ricardo Florêncio
mundo real? Não tenho dúvidas do interesse, actualidade e qualidade Comercial e Publicidade
das acções subsequentes e da panóplia de opções, como mestrados, MBA, Tel. 210 123 413 · Fax. 210 123 444 · publicidade@multipublicacoes.pt
Margarida Sousa (Directora de Publicidade)
pós-graduações, programas para executivos, etc. E, sejamos objectivos, · margarida.sousa@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 413
neste tipo de programas muito se tem evoluído, havendo uma maior Gestores de Conta
Tânia Rodrigues · tania.rodrigues@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 411
sintonia entre necessidades, objectivos e acções. Mário Serra · mario.serra@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 450
A questão centra-se assim nos cursos básicos das mais diversas áreas Miguel Camacho · miguel.camacho@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 441
de intervenção. E do que se vai falando, e comentando, há um certo dis- Gestão de Materiais
Filipa Pereira · filipa.pereira@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 412
tanciamento entre as matérias, cadeiras e métodos com que se vão muni- Margarida Henriques · comercial@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 413
ciando os alunos nos estabelecimentos de ensino, e os conhecimentos e Marketing e Comunicação
marketing@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 441
características que são necessários nas empresas. Não é uma questão de Filipa Pereira · filipa.pereira@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 412
agora, mas que se vem prolongando no tempo, sem resolução aparente. Sónia Almeida · sonia.almeida@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 418
É preciso admitir, contudo, que não existe uma resposta concreta, nem Online
Filipa Pereira · filipa.pereira@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 412
se sabe muito quem tem a razão do seu lado. Se por um lado poderá haver Flávia Brito · noticiasonline@multipublicacoes.pt · Tel. 210 123 454
algum conservadorismo da parte das instituições, também é verdade Departamento Administrativo e Assinaturas
que a proliferação de cursos tem levado a que haja um naipe de opções Teresa Vultos · teresa.vultos@multipublicacoes.pt
Carla Barbosa · carla.barbosa@multipublicacoes.pt
enorme. Talvez mesmo demasiadas. E aqui entra-se noutra discussão. Tel. 210 123 400 · Fax. 210 123 444
Faz sentido existirem cursos que não têm procura, e que, como tal, têm
poucos alunos? Faz sentido existirem cursos que notoriamente não têm
saídas profissionais, nem agora, nem num futuro próximo? E tem de
existir assim tantas opções logo nos cursos básicos? Tantas Engenharias,
em que em algumas delas de Engenharia nada têm. Tantos cursos com a
denominação de Gestão, mas que, no fim, os conhecimentos de Gestão
de Empresas são muito reduzidos.
São temas que certamente ficarão no nosso radar para discussão futura.

4 Human Resources Portugal Abril 2016


Conselheiro
Human Resources

Como uma onda…


ou será um tsunami?
Um dos maiores desafios que se colocará às empresas nos
próximos anos é a gestão multi-geracional.

Diogo definidas, enquanto a Geração X está enquanto a Geração X privilegia a autono-


Alarcão mais preocupada com a sua realização mia e a Geração Y espera dos líderes um
Partner da Mercer profissional e com o work-life balance. papel de mentoring.
Por outro lado, a Geração Y parece focada R Comunicação. Reunião e telefone (Baby
nos objectivos e valores pessoais e vêem as Boomers), email e voice-mail (Geração

F
chefias como um coach e uma ferramenta X), redes sociais, IM e blogue (Geração Y)
ruto do aumento da longevi- para o seu autodesenvolvimento. Face a realidades tão díspares podemos
dade e consequente aumento Vejamos a forma como as diferentes fazer uma de duas coisas: fazer como as
da idade da reforma, por um gerações reagem ou vêem as políticas de avestruzes ou adoptar uma gestão mul-
lado, e da entrada no mercado Recursos Humanos: tigeracional que contemple as diferentes
de trabalho de quadros qualificados cada R Carreira. Os Baby Boomers vêem a carreira perspectivas, e que permita conciliar in-
vez mais novos, como consequência do como “única” e com uma recompensa no teresses por vezes conflituantes, diminuir
processo de Bolonha, as empresas terão final, enquanto a Geração X percepciona a zonas de atrito e potenciar sinergias.
na sua força de trabalho activa pelo menos carreira como o acumular de competên- Se optarmos por uma solução de “ta-
quatro, senão mesmo cinco (!), gerações: R cias adquiridas em diferentes projectos/ manho único” arriscamo-nos a ser levados
Traditionalists/Maturists – nascidos antes desafios; já a Geração Y vê a carreira como por este tsunami multigeracional. Se, pelo
de 1946 (hoje com 70 anos) R Baby Boo- sinónimo de promoção rápida assente em contrário, desenvolvermos estratégias
mers – nascidos entre 1946-1963 R Geração múltiplas experiências. inteligentes, seremos geradores de uma
X – nascidos entre 1964-1979 R Geração R Benefícios. Os mais valorizados pelos “onda intergeracional” positiva.
Y/Millennials – nascidos entre 1980-1995 Baby Boomers são a saúde e apoio a as- Como fazê-lo então? As organizações
R Geração Z – nascidos depois de 1996. cendentes; para a Geração X os apoios à que estão a enfrentar o desafio de frente
É, pois, fácil perceber que a convivência família e a customização dos benefícios são procuram perceber quais as expectativas
de pessoas de gerações tão distintas numa críticos; a Geração Y está mais interessada das pessoas das diferentes gerações,
mesma empresa pode ser geradora de uma nos chamados benefícios voluntários. quais as sinergias dos interesses comuns
“onda” de entendimento, colaboração e R Liderança. Os Baby Boomers ainda a e individuais, e quais as correlações mais
entreajuda ou de um “tsunami” de tensões, percepcionam como hierárquica e directa, favoráveis. E, a partir daí, tentam criar
destruição de status quo e disrupções que a melhor proposta de valor individual
podem ser muito prejudiciais ao negócio.
Com base em diversos estudos reali- As pessoas são (EVP) corporativa.
R Perceber o pacote de remuneração
zados, verifica-se que os Traditionalists/
Maturists têm uma visão muito hierar-
diferentes e, como R Alinhar motivações e valores R Antecipar

tal, devem ser


potencial de carreiras R Gerir a saúde e
quizada do trabalho que é sinónimo de bem-estar R Construir um património finan-
hard work/long hours e assente na ideia
de “um trabalho para a vida”. Os Baby vistas e geridas de ceiro R Liderar a sua equipa R Descobrir a
comunidade em que se insere.
Boomers, por seu lado, têm uma concepção
do trabalho mais assente em modelos
forma diferente. Entre ser arrastado pelo tsunami ou surfar
na onda multigeracional, parece-me que
organizacionais estáveis e carreiras bem a escolha é fácil.

6 Human Resources Portugal Abril 2016


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Conselho
Editorial

Cerimónia de entrega
de Prémios

Fotos Cristina Carvalho

No próximo dia 5 de Maio serão conhecidos os vencedores


dos Prémios Human Resources Portugal, os galardões que
reconhecem as melhores empresas e gestores em Portugal. A
discussão do formato e da apresentação da cerimónia, a qual irá
juntar todos os profissionais e interessados na área de Gestão
de Pessoas, foi o tema central do almoço.
O encontro editorial serviu para ultimar os pormenores da
XI Conferência Human Resources Portugal já no próximo dia
14 deste mês sobre “A Gestão de Empresas e Equipas Multi”, a
ter lugar no hotel Dom Pedro, em Lisboa.
Estiveram presentes no almoço os conselheiros: Carla Gou-
veia (Popular); Catarina Horta (Montepio); Catarina Tendeiro
(KPMG); Paula Carneiro (EDP); Joana Queiroz Ribeiro (Fi-
delidade); Pedro Fontes Falcão (CGD, INDEG/ISCTE); Pedro
Ramos (Groundforce); António Henriques (Grupo CH) e Mário
Ceitil (CEGOC).

8 Human Resources Portugal Abril 2016


LOCAL
Restaurante Il Gattopardo
Hotel Dom Pedro, Lisboa

Human Resources Portugal 9


A Revista Human Resources Portugal premeia

As empresas mais
em Portugal
1 Melhor Empresa Qual a empresa em que mais gostaria de trabalhar?
2 Qual a empresa que melhor gere e
Gestão de Talentos
promove o desenvolvimento dos seus talentos?
3 Qual a empresa que tem a melhor política
Gestão de Seniores
na optimização dos colaboradores seniores?
4 Espírito de Equipa Qual a empresa que tem melhor espírito de equipa?
5 Qual a empresa com maior
Equilíbrio Empresa/Família
equilíbrio entre a vida profissional e pessoal?
6 Responsabilidade Social Qual a empresa mais socialmente responsável?
7 Responsabilidade Social - PME Qual a PME socialmente mais responsável?
8 Inovação Qual a empresa que tem os processos de Gestão de Pessoas mais inovadores?
9 Comunicação Interna Qual a empresa que tem melhores práticas de Comunicação Interna?
10 Igualdade de Género Qual a empresa que mais promove e defende a Igualdade de Género?
Qual a empresa com melhores políticas relativas
11 Envelhecimento Activo
ao envelhecimento activo e preparação para a reforma?
Qual a empresa com melhores políticas para a
12 Saúde e Bem-Estar
promoção da saúde e bem-estar dos seus colaboradores?
13 Mobilidade Qual a empresa que tem as melhores políticas e práticas para a mobilidade?
Qual a empresa que presta melhor
14 Prestação de Serviços
serviço a terceiros na área de Gestão de Pessoas?
Qual a PME que presta melhor
15 Prestação de Serviços - PME
serviço a terceiros na área de Gestão de Pessoas?
16 Qual o estabelecimento de ensino que
Estabelecimento de Ensino
apresenta melhores acções de formação sobre Gestão de Pessoas?
17 Qual a empresa pública com melhor
Empresa Pública
performance ao nível de Gestão de Pessoas?
18 Director de Recursos Humanos Qual o melhor Director de Pessoas/Recursos Humanos?
19 Presidente/CEO Qual o Presidente/CEO que mais gostaria de ter?
prémios 2015

As empresas mais
em Portugal
Saiba mais em:
www.hrportugal.pt

entrega de prémios
em abril de 2016
radar

O que tem acelerado


o crescimento
das PME?
As pequenas e médias empresas
(PME) que já adoptaram a tecnologia
digital apresentam um crescimento
mais rápido em comparação com
as que ainda não o fizeram. Esta
conclusão encontra-se patente no
Como podemos ser mais novo estudo “Prosperar na Economia
Digital”, conduzido pela IDC e
felizes no trabalho? revelado pela SAP, que analisou
os dados de 3210 inquiridos de 11
países, que trabalham em empresas
Tanto empresas como colaboradores têm um papel activo com 10 a 999 colaboradores.
no desenvolvimento de um percurso que faça as pessoas «A principal conclusão que se destaca
sentirem-se bem, felizes e realizadas numa organização. deste relatório é que a transformação
digital também tem um grande impacto
nos pequenos negócios a nível mundial»,
afirmou Rodolpho Cardenuto, presidente
Deixamos-lhe uma lista de R 6. Torne o escritório “a sua casa”. Trans- da Global Channels & General Business da
hábitos que o vão ajudar a ser formar o seu espaço de trabalho numa ex- SAP. «O nosso portefólio – SAP Business
mais feliz no trabalho e a con- tensão da sua casa ou de si próprio trar-lhe-á One, S/4HANA edição SAP Business All-
um sentimento de pertença e conforto, o que
tribuir para a felicidade dos facilitará a motivação e até a criatividade.
in-One, e a experiência digital de cliente,
SAP Anywhere – é a base digital para as
outros e da própria organização:
R 7. Sorria. Mesmo quando aparentemente PME prosperarem na nova transformação
não temos motivos para tal, indica ao nosso digital de hoje. Está comprovado que as
R 1. Comece o dia a fazer algo de que gosta. cérebro que estamos felizes e vai proliferan- empresas que utilizam estas tecnologias
Vai fazer com que se sinta muito melhor do esse sentimento. têm uma operação mais simples e um
o resto do dia. Podem ser as coisas mais crescimento mais rápido. Também é
simples, como beber um café enquanto lê as R 8. Mantenha uma alimentação saudável e
beba água. Parece conselho de nutricionista,
evidente que as ligações pessoais e
notícias, antes de começar a trabalhar, ou até os instintos de negócio continuam a
mesmo apanhar 10 minutos de ar fresco. mas o facto é que terá um impacto significa-
tivo na energia que tem e de que precisa. desempenhar um papel importante no
R 2. Ajude um colega. Até pode parecer momento de tomar a decisão certa. As
senso comum para alguns, ou algo desca- R 9. Faça uma pausa. Saltitarmos de uns PME deveriam pensar neste percurso
bido para outros, uma vez que, no meio da projectos para os outros, sem uma pequena para a era da transformação digital,
agitação profissional, pouco ou nenhum tem- pausa no raciocínio, é contraproducente, combinando o melhor dos dois mundos.»
C

po nos sobra. Há estudos que afirmam que pois não dá tempo ao cérebro para “mudar M

as pessoas mais felizes com o seu trabalho o chip” . O estudo indica uma forte tendência
ajudam 33% mais os seus colegas. R 10. Não atenda o telefone de imediato. das PME em todo o mundo para Y

Este ligeiro compasso de espera faz com que compreenderem e beneficiarem do valor
R 3. Faça progressos e celebre-os. Quem CM

a sua atitude seja mais pensada. do software de análise, do software


é que não gosta de ir riscando itens de uma MY
colaborativo e da gestão da relação com
“to do list”? Ora, se terminar uma tarefa ou R 11. Evite o multitasking. Apesar de pare-
o cliente (CRM), que as ajudam não só na
projecto é algo que nos traz felicidade, por cer a melhor coisa do mundo, o multitasking CY

que não organizar o nosso dia? Comece logo simplificação das suas operações, como
faz com que o foco esteja disperso. CMY

a manhã com três coisas a terminar. também a competirem com as empresas


R 12. Tome menos decisões. Ritualizar de maior dimensão. K
R 4. Termine o dia com gratidão. Este senti- algumas práticas pode ajudar a diminuir a
mento está associado à felicidade, por isso, pressão da decisão constante. Por exemplo,
chegue ao fim do dia e aponte algo de bom planeie as refeições que vai fazer durante
que lhe aconteceu. Ou, melhor ainda, partilhe a semana, poupando decisões sucessivas.
essa situação com alguém. Definir, à partida, algumas decisões em bloco
R 5. Sinta que o que faz tem significado. Sa- vai ajudar a que não tenha de tomar tantas
ber que o nosso trabalho tem um propósito decisões no mesmo dia, poupando assim
e gera impacto no mundo que o rodeia cria alguma energia.
felicidade e motivação. Fonte: Jason Associates

12 Human Resources Portugal Abril 2016


Acompanhe a actualização diária de notícias em hrportugal.pt Radar

No âmbito da sua política de Responsabilidade Corporativa, o


programa “Mulheres em Movimento” pretende ser um exemplo
para o desenvolvimento profissional de muitas mulheres que
trabalham neste sector de actividade.
«A Europcar tem mantido ao longo dos tempos uma política destinada
a incentivar o desenvolvimento pessoal e profissional das mulheres,
numa indústria que é predominantemente dominada por homens.
Este projecto engloba todas as mulheres que trabalham na Europcar
programa desde o departamento de Operações até à sede e estamos confiantes

Europcar lança
que irá produzir resultados de grande valor para a empresa», comenta
Caroline Parot, CEO da área Financeira do Grupo Europcar e membro do
conselho de administração.
“Mulheres De acordo com dados de 2015, a Europcar integra um balanço equitativo

em Movimento”
entre homens (50,3%) e mulheres (49,7%) ao nível do grupo. Ao nível da
gestão de topo, o grupo conta com 25% de mulheres no conselho de
administração e 30% no conselho de supervisão.
O programa resulta de uma parceria com a O projecto “Mulheres em Movimento” será aplicado em todas as
Professional Women’s Network (PWN) Global unidades do grupo. Em cada país, o programa contará com um
e pretende reforçar a igualdade de género e o embaixador, encarregue de o implementar e liderar a nível operacional
desenvolvimento profissional das mulheres que e, como mentor, de prestar formação e apoiar o desenvolvimento
trabalham no grupo de aluguer de carros. pessoal e profissional das colaboradoras.

AF_HumanResources_220x142mm_2015.pdf 1 23/12/14 10:04

ELEVAMOS AS SUAS
POTENCIALIDADES.
Nuno No Grupo Multipessoal, elevamos as suas
potencialidades. Identificamos o melhor de cada
candidato e adaptamo-lo ao mercado de trabalho.
Deste modo, potenciamos o que de mais positivo
há em todas as áreas em que intervimos:
outsourcing, trabalho temporário, formação e
consultoria, recrutamento e seleção e outsourcing
especializado na saúde e nas TI's. Para que
qualquer processo seja um êxito, existe uma
fórmula simples: envolver o Grupo Multipessoal na
operação. O resultado final será sempre o sucesso
elevado às suas melhores expetativas.
pub
Ana
radar

SCML cria seguro


de saúde para
colaboradores Sente-se confiante
Cerca de três mil profissionais vão beneficiar desta
para mudar
medida, o que representa cerca de 70% do universo dos
de emprego?
colaboradores com vínculo definitivo à organização.
Portugal é um dos países onde mais
desceram os valores do Mobility Index,

E
ste seguro abrange os colabo- cimentos», refere Pedro Santana Lopes, o indicador que traça a confiança dos
trabalhadores para mudar de emprego
radores que, à data de Janeiro provedor da SCML. O seguro de saúde foi
nos próximos seis meses, de acordo
de 2016, sejam titulares de adjudicado por um período de três anos, com o último Randstad Workmonitor,
um contrato individual de com início previsto para Abril deste ano. referente ao primeiro trimestre do ano.
trabalho sem termo há três anos, não A SCML pretende assim promover
Apesar de o indicador se manter estável
tenham registo de faltas injustificadas e melhores condições de acesso à saúde,
desde 2012, a análise mostra que a
auferiram uma retribuição-base mensal especialmente para os colaboradores mobilidade diminuiu em Portugal cinco
até dois mil euros. No total, serão mais cujos recursos dificultam a aquisição pontos percentuais, bem como nos Estados
2800 os profissionais que vão beneficiar deste benefício. As condições do seguro Unidos da América e na Alemanha (ambos
desta medida. garantem a cobertura de hospitalização com menos 4 pp). Em sentido inverso, a
mobilidade aumentou em alguns países,
«Atribuímos um seguro de saúde a até 15 mil euros, despesas de parto até
comparativamente ao último trimestre,
cerca de três mil trabalhadores que estão 1500 euros e assistência ambulatória como na Turquia (mais 5 pp), Canadá,
nos lugares mais baixos da escala de ven- até 1500 euros por ano. Austrália e Grécia (os três com mais 4 pp).
O estudo mostra ainda que 23% dos
colaboradores inquiridos mudaram de
5.º 3.º 1.º emprego nos últimos seis meses, um
Portugal frança Coreia do Sul aumento de 1% face aos últimos três meses.
R 21 R 28 R 53
semanas semanas semanas A mudança de emprego aumentou em
Portugal, de 8% para 10%, bem como na
4.º 2.º posição dos Índia e na Hungria. Na Bélgica, Dinamarca,
Luxemburgo japão
R 26 R 52 países Na lista Japão, Nova Zelândia, Noruega, Singapura,
semanas semanas
elaborada Suíça e nos EUA, a mudança de emprego
pela OCDE diminuiu. Já o Luxemburgo mantém a
menor taxa entre os países analisados,
nomeadamente de 3%.
Portugal Em relação ao trimestre anterior, o desejo
de mudar de emprego aumentou na
É pai? Então isto interessa-lhe Malásia e na Nova Zelândia, enquanto a
Índia mostrou as taxas mais altas. Portugal
está no leque de países onde a vontade de
Os pais portugueses são dos que têm mais tempo de licença parental paga, no mudar de emprego diminuiu (de 3% para
conjunto dos 23 países da OCDE. 2%), juntamente com a Austrália, Dinamarca,
Alemanha, Noruega, Polónia, Singapura,
De acordo com um relatório da OCDE, divulgado a propósito do Dia Internacional da Suíça, Turquia e os EUA. Em consonância,
Mulher, Portugal é o quinto país da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento o número de portugueses que se dizem
Económico (OCDE) a dar mais tempo de licença parental paga aos pais. muito satisfeitos com o trabalho aumentou
Ao todo estes podem usufruir de 21 semanas, pagas, para cuidar dos filhos. O nosso país de 68% para 74%, e nos colaboradores que
situa-se assim a par de alguns países nórdicos, onde a taxa de uso da licença parental se dizem muito insatisfeitos registou-se
pelo homem ultrapassa os 40%. uma queda de 11% para 7%.
Segundo a organização, três quartos dos países da OCDE dão, pelo menos, alguns dias O estudo Randstad Workmonitor analisa as
de licença paga a ser usada exclusivamente pelo homem, seja por meio de licença de tendências do mercado de trabalho em 34
paternidade paga ou de licença parental específica do pai. países de todo o mundo.

14 Human Resources Portugal Abril 2016


Radar

A
o longo de mais de 25 anos em Portugal, a Accen-
ture tem vindo a apostar nas pessoas, revelando
Top uma preocupação constante em desenvolver e
fazer crescer os seus recursos», refere Fernanda
Employer Barata de Carvalho, directora de Recursos Humanos da con-
sultora em Portugal. «A proposta de valor diferente e inovadora
da Accenture reflecte-se na aposta na formação das pessoas,
2016 num conjunto de benefícios que vão muito além da remune-
ração e no facto de apoiarmos novos modelos de avaliação de
desempenho que promovem as capacidades e pontos fortes de
cada indivíduo na organização e a todos os níveis», acrescenta.
Accenture Portugal A Accenture foi também distinguida com o primeiro lugar
distinguida da Certificação Top Employers 2016 a nível europeu e em
países como Alemanha, Bélgica, Espanha, Itália e Polónia.
Esta pesquisa anual, realizada pelo Top Employers
Institute, reconhece as organizações a nível mundial que
A consultora foi reconhecida pelo garantem as melhores condições de trabalho, promovem
Top Employers Institute como a melhor o talento e procuram continuamente optimizar as suas
empresa para trabalhar em Portugal. práticas de Recursos Humanos.

PLANO
PLANO
PLANODE
PLANO DEDE
DE
FIDELIZAÇÃO
FIDELIZAÇÃO
FIDELIZAÇÃO
FIDELIZAÇÃO
PARA
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USUFRUIRDE
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USUFRUIRDE
DE
VANTAGENS
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VANTAGENSEXCLUSIVAS!
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11 BEYOND
BEYONDLIKES
BEYOND
BEYOND
Para
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empresas
Para
LIKES
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empresas
empresas
que
empresas
inscrevam
que
que
inscrevam
inscrevam
que
3 a3 5a participantes
inscrevam
5 participantes
3 a3 5a participantes
5 participantes

22 BEYOND
BEYONDREWARDS
BEYOND
BEYOND
Para
Para
Para
empresas
Para
REWARDS
REWARDS
REWARDS
empresas
empresas
que
empresas
inscrevam
que
que
inscrevam
inscrevam
que
6 a6 10
inscrevam
a 10
6 a6 10
participantes
a 10
participantes
participantes
participantes

33 BEYOND
BEYONDFANS
BEYOND
BEYOND
Para
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Para
FANS
FANS
FANS
empresas
empresas
que
empresas
inscrevam
que
que
inscrevam
inscrevam
que
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inscrevam
ouou
1111
+ participantes
ouou
+ participantes
+ participantes
+ participantes

DESCUBRA
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PLANOQUE
QUEMELHOR
MELHORSESE
ADEQUA
ADEQUA
ÀSÀS
SUAS
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NECESSIDADES
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VANTAGENS
EMEMWWW.CEGOC.PT/BEYOND-LOYAL
WWW.CEGOC.PT/BEYOND-LOYAL
Sabe identificar R Birras diárias. As birras do chefe defi-
nem um tom emocional negativo que
um mau líder? marca o local de trabalho. Este ambiente
faz as pessoas sentirem-se cautelosas e
pouco criativas. Se existir ou souber de
75% dos colaboradores americanos classificam o seu chefe um ambiente assim, é melhor não aceitar
como o pior e maior factor de stresse no trabalho, revela o emprego ou seguir em frente.
uma investigação da Associação Americana de Psicologia. R Pedidos ou ordens irracionais. Alguns
líderes esquecem-se que os seus colabo-
radores têm obrigações fora do trabalho,
Ter um mau líder pode mesmo terem arranjado um novo, 27% deixam a pedindo-lhe que trabalhem mais por
prejudicar a saúde e sanidade organização assim que conseguem um novo razões menores ou dão ordens sem um
dos profissionais. A preocu- trabalho e 59% mantêm-se na empresa racional que as sustente. Se todas as
pação em ser despedido faz apesar do mau líder e das implicações que vezes que sair, sai com uma sensação de
com que os colaboradores sejam mais o mesmo tem na sua saúde e sanidade. irracionalidade nas decisões tomadas,
propensos a ter problemas de saúde em então trabalha num ambiente poluído.
O especialista Travis Bradberry aponta
50%, revelam estudos da Harvard Business R Líder por via administrativa ou “amizade”.
School e da Universidade de Stanford, que quatro sinais que deve identificar para
Uma das coisas mais negativas é o líder
mostram ainda que ter um trabalho ex- descobrir se está perante um mau líder:
que não ascende pelo exemplo. Este tipo
cessivamente exigente aumenta em 35% R Constante depreciação. Se nota que o de líder normalmente não sabe do que
as probabilidades de as pessoas desenvol- seu chefe está sempre a relembrar o lu- fala, mete-se em tudo e não segue os
verem uma doença. gar dos seus colaboradores, a criticar e a padrões que define para outros. Se o seu
11% dos colaboradores que lidam com uma culpar sem mais nem menos, então para chefe é assim, então está na hora de sair
mau líder saem do emprego mesmo sem bem da sua saúde saia rapidamente. ou de não entrar.

16 Human Resources Portugal Abril 2016


Em trânsito

Glintt tem nova APG tem novo presidente


direcção de RH C&A com Mário Ceitil
Patrícia Valente novo CEO torna-se no 14.º
assume a coordena- para Portugal presidente da
Associação Portu-
ção do departamento
de RH da tecnológica.
e Espanha guesa de Gestão das
A profissional possui Pessoas (APG) –
mais de 15 anos de desde a fundação
experiência em em 1964. O novo
Estratégia e Desenvol- presidente exercia o
vimento de Recursos cargo de vice-presidente da direcção
Humanos, tendo desempenhado cargos em cessante. Licenciado em Psicologia
PME e multinacionais no sector Farmacêuti- Social e das Organizações pelo ISPA, é
co, Retalho, Logística, Distribuição e managing partner da CEGOC e docente
Transportes. Licenciada em Gestão pelo na Católica Lisbon e na Universidade
Instituto de Estudos Superiores Financeiros Lusófona. Tem a qualificação de
e Fiscais do Porto e pós-graduada em Executive Coach pelo Columbia
Gestão de RH pela Universidade do Minho, University/FranklinCovey Executive
Patrícia Valente iniciou a sua carreira como Coaching Program, é membro do Grupo
consultora de RH na Team Work Consulto- Português de Coaching da APG e
res e colaborou com empresas como a Conselheiro Editorial da revista Human
MSD, Chronopost e Alliance Healthcare. A Resources Portugal. Neste mandato, os
nova DRH conta com uma vasta experiência três vice-presidentes que irão coadjuvar
no desenvolvimento e implementação de
Domingos Esteves Mário Ceitil são os sócios Elsa Carvalho,
já ocupou diferentes cargos de Damasceno Dias e Luís Botelho. Jorge
programas de Gestão de Talentos, Forma-
responsabilidade na C&A. Primeiro Marques e Fernando Moreira da Silva
ção, Avaliação de Desempenho e Feedback
em Espanha como trainee no seu são os novos presidentes da Mesa da
360⁰, Clima Organizacional e na área de
período de formação em Madrid Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.
Recrutamento e Selecção.
e Barcelona, posteriormente em
Portugal como store manager de
SGS Portugal com nova equipa em diferentes lojas e, mais Fujitsu anuncia nova
responsável de Pessoas tarde, como director regional da liderança no Centro
região Norte. Em 2009, aceitou
tornar-se director de Lojas na C&A
de Competências
Ana Raposo é a
nova directora de China e, em 2012, voltou a Portugal Sofia Barbosa
People Management para desempenhar as funções de passa a liderar uma
and Internal Commu- director de Vendas no mercado equipa de 900
nication, até aqui nacional. Desde 2013 assumia colaboradores que
responsável pela também o cargo de director de prestam serviços
Comunicação Interna Vendas para Portugal e Espanha. para mais de 350
da multinacional suíça Licenciado em Administração e mil utilizadores em
em Portugal. Direcção de Empresas pelo Instituto 100 países e em
A criação desta nova área enquadra-se Superior de Línguas e Administração 23 idiomas.
na diferenciação pelo desenvolvimento de Lisboa e com várias pós- Nomeada com o objectivo de fazer
e inovação e na eficiência dos processos graduações em Gestão de Stock, crescer o Centro de Competências, Sofia
que tem vindo a ser implementada na SGS Coaching e Formação para gestão Barbosa irá ainda garantir a qualidade e
Portugal desde Março de 2014. de empresas, Domingos Esteves excelência dos serviços, assegurando a
Exerceu funções de Corporate Affairs and concluiu também um programa de adaptação do modelo de negócio a um
Social Responsability no Barclays e foi res- Liderança de Talento na Ashridge mercado em constante evolução. Inte-
ponsável do Gabinete de Comunicação na Business School no Reino Unido e grou a Fujitsu em 2008 e foi responsável
Escola Superior de Tecnologia da Saúde do uma pós-graduação em Liderança pela Gestão de Formação e Operações,
Instituto Politécnico de Lisboa. É doutorada Empresarial na IMD Business School e Service Delivery Management.
em Ciências da Comunicação pelo ISCTE- de Lausane, na Suiça. É licenciada em Gestão e Administração
-IUL e mestre em Gestão Estratégica das Pública pelo ISCSP e pós-graduada em
Relações Públicas pela ESCS-IPL. Marketing pelo IPAM.

18 Human Resources Portugal Abril 2016


A NOVA Área VIP.
Mais um grande espetáculo do Rock in Rio Lisboa.
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«Apesar de sermos
reconhecidos em
Portugal como o
grupo líder, não
nos acomodámos,
temos uma
constante
inquietação por
procurar fazer
sempre melhor»
Entrevista
José Theotónio
CEO do Grupo Pestana

Cultura
de serviço

Mais de quatro décadas de vida fizeram dele o mais importante grupo hoteleiro nacional.
Nascido em Novembro de 1972, na ilha da Madeira, o Grupo Pestana apresenta-se hoje
como detentor de uma posição de prestígio e liderança no sector.
Por Sandra M. Pinto

C
imentando o seu crescimento no Nos últimos anos o turismo português tem vindo num crescendo de
bons resultados. A que se deve esta situação favorável?
fortalecimento da sua posição a
Há destinos em Portugal que têm vantagens comparativas,
nível nacional e num processo apresentando-se como um bom produto. No caso de Lisboa e
de internacionalização geogra- do Porto, houve a conjugação de vários factores, como a abertura
ficamente transversal, o Grupo de novas linhas de transporte aéreo. E quem chega, depois de
Pestana apresenta-se hoje com experimentar o produto, gosta, ficando o seu maior divulgador.
uma posição consolidada. O maior grupo ho- Relativamente aos destinos resort, penso que há claramente a
teleiro português nunca diz não a um desafio influência da instabilidade que se vive no lado oriental do Me-
diterrâneo, além da desvalorização do euro, pois não podemos
com o intuito de continuar a crescer, como esquecer que foi a existência de um euro muito forte face a outras
revela José Theotónio, CEO do grupo. moedas que afastou parte do fluxo turístico dos destinos europeus.

Human Resources Portugal 21


Entrevista

Como vê o mercado hoteleiro nacional? últimos anos. Há coisas que permane-


Na altura em que o dinheiro era muito cem imutáveis, como a importância da
barato e em que se vivia uma certa euforia
pelo investimento no imobiliário, não
Perfil localização e a qualidade do serviço, mas,
nomeadamente ao nível da distribuição
apenas hoteleiro, cometeram-se muitos do produto e dos serviços requeridos
erros, sendo que grande parte do inves- José Theotónio pelos hóspedes, assistiu-se a uma enorme
Nascido em Beja, licenciou-se
timento não teve qualquer retorno com e constante mudança.
em Administração e Gestão de
unidades que até eram boas a fechar. No Empresas na Universidade Católica Não podemos esquecer que a tecnologia
fundo, houve uma destruição de valor em Portuguesa, onde leccionou durante tem provocado um impacto crescente
termos do sector que nunca mais vai ser 13 anos. Tendo iniciado a sua carreira no sector, pelo que para nos mantermos
recuperado. Algumas dessas unidades já profissional na Nutrinveste em competitivos temos de mostrar perma-
1987, foi adjunto do Secretário de
estão a funcionar muito devido a fundos nentemente uma atitude de mudança e
Estado das Finanças destacado
de restruturação e outras soluções, mas na Secção Especializada para as de adaptação às novas conjunturas.
apesar de serem rentáveis, o seu custo Reprivatizações, entre 1990 e 1993, e Um dos pontos fortes do Grupo Pestana
nunca mais vai ser recuperado. Chefe de Gabinete do Secretário de é o facto de não ser uma organização
Mas tenhamos em atenção que essa destrui- Estado do Turismo de 1994 a 1995. acomodada e que não determina o seu
Entre o final de 1995 e Junho de
ção de valor não foi só no sector hoteleiro, o futuro no sucesso alcançado no passado.
2000 desempenhou as funções de
mesmo passou-se no sector imobiliário. Por Administrador do Fundo de Turismo, O Grupo encara sempre de forma positiva
outro lado, estas situações deram origem tendo acumulado com funções a mudança. Sabemos que precisamos
a que tenhamos hoje um parque hoteleiro de Administração na F. Turismo – de estar atentos ao mercado, com vista
relativamente novo e, nesse sentido, pode Sociedade Gestora de Fundos de a melhorar procedimentos e a adaptar
Investimento Imobiliário, SA e na F.
haver uma melhoria do nosso produto. novas formas de actuação.
Turismo – Capital de Risco, SA. Foi
membro da direcção da Associação
Ao fim de quase 44 anos de actividade, qual Comercial e Industrial do Funchal, o Qual a importância da internacionalização?
o segredo do sucesso do Grupo Pestana? que o levou a desempenhar a função Num sector como o nosso, no qual tí-
Nos primeiros 20 anos, o fundador do de vice-presidente da direcção nhamos a pretensão de desenvolver uma
da Associação de Promoção da
Grupo, Manuel Pestana, e depois o filho, marca própria de forma a nos impormos
Região Autónoma da Madeira. Em
Dionísio Pestana, geriram uma unidade Outubro de 2000 entrou no Grupo nos mercados internacionais, o estar con-
que tinha a sigla da prestigiada cadeia Pestana como administrador da finado aos destinos portugueses não era
internacional Sheraton. Durante esse Holding Grupo Pestana, SGPS com suficiente. Tínhamos de marcar presença
tempo ficaram a conhecer muito bem o responsabilidade corporativa pelas noutros mercados para levar o nome da
Áreas Financeira e das Tecnologias
que é e como funciona o sector do turismo, marca mais longe, ganhando, obviamente,
da Informação. Em Março de 2015 foi
pelo que quando resolveram lançar a sua nomeado CEO do Grupo Pestana. sinergias ao fazer com que passasse a ser
marca própria já tinham um know-how conhecida em mercados como o inglês, o
acumulado sobre aquilo que é a gestão alemão ou o norte-americano.
hoteleira de uma grande brand adaptada Por outro lado, se queremos ter uma orga-
à especificidade do nosso país. nização motivada e com capacidade para
Além deste conhecimento intrínseco, enfrentar novos desafios é preciso marcar
o Grupo teve sempre a capacidade de presença nos mercados mais competitivos,
assumir riscos, abrindo novas unidades
e crescendo, mantendo sempre a visão
de que este é um projecto de longo prazo.
Com base nesta premissa, os passos foram
O Grupo encara sempre de forma positiva
sempre dados com calma e de forma pon- a mudança. Sabemos que precisamos
derada, trazendo para a empresa colabora-
dores que aportassem alguma mais-valia
de estar atentos ao mercado com vista
à organização, com novas competências e
capacidades de gestão.
a melhorar procedimentos e a adaptar
novas formas de actuação.
Em que eixos assenta a vossa estratégia?
O sector do turismo mudou muito nos

22 Human Resources Portugal Abril 2016


Entrevista

passando pelas unidades de luxo que agora


integram a Collection. Tínhamos uma única
marca porque a nossa dimensão, no nosso
ponto de vista, ainda não tinha escala para
fazermos submarcas, o que implica sempre
um maior investimento em termos de
marketing com a consequente dispersão
de recursos, que hoje são escassos, por
vários produtos.
Com a maior visibilidade junto de merca-
dos internacionais, em especial os anglo-
-saxónicos para quem as marcas são a
cara do produto com uma perspectiva
muito mais estandardizada da hotela-
ria, percebemos que estava na altura de
distinguir as unidades, arrumando um
pouco a casa de maneira a não defraudar
expectativas. A criação das submarcas foi
um passo importante, pois permite que
nos apresentemos no mercado de uma
forma mais clara.

Quantos são os colaboradores do grupo?


Hoje o Grupo Pestana marca presença em
16 países, sendo que temos à volta de sete
mil colaboradores.

Quais são os principais alicerces da cultura


daí ter sido muito importante para o Grupo a abertura da Pousada de Lisboa, duplicar do grupo?
entrar em mercados como Londres, Berlim o hotel do Porto, na Ribeira, e construir Um dos nossos pilares mais importante
ou Barcelona, onde actuam os grandes o hotel South Beach, no Algarve. Estes é a cultura pelo serviço. Mesmo quando
players do sector. foram os primeiros a serem lançados, até acontecem, raramente, é um facto, mas
porque o investimento nos três andou à quando acontecem experiências menos
Têm crescido nos últimos anos com a aber- volta dos 20 milhões de euros, sendo que positivas, o feedback dos clientes refere
tura de novas unidades hoteleiras. Há limi- os resultados têm sido muito positivos, que os colaboradores tentaram sempre
tes para o crescimento? quer nos níveis de satisfação dos clientes, solucionar os problemas. Somos um grupo
Entre 2008 e 2013 tínhamos alguns pro- quer nos resultados financeiros. empresarial, pelo que procuramos ter
jectos em andamento, os quais foram todos Simultaneamente, a equipa internacional, resultados e crescimento, mas somos
finalizados, como o caso da Cidadela, do liderada pelo José Roquette, percebeu que hoteleiros, logo o serviço e a sua qualidade
Freixo, de Viseu e Estói, em Portugal, e as existiam mais oportunidades, avançando é de extrema importância. Ser profissional
unidades de Londres e Berlim, interna- com novos projectos, como Nova Iorque sem ser serviçal, é isso que procuramos.
cionalmente. Durante esse período não e Amesterdão. Outro alicerce importante assenta na nossa
lançámos nenhum novo produto, o que atitude perante a mudança.
não significa que estivéssemos parados, Com vista à obtenção de um novo po- Apesar de sermos reconhecidos em
pois não deixámos de ir preparando o sicionamento estratégico no sector turístico Portugal como o grupo líder, não nos acomo-
futuro analisando novas oportunidades internacional, apresentam uma nova identi- dámos, temos uma constante inquietação
para quando acontecesse uma inversão dade gráfica. O que pretendem transmitir ? por procurar fazer sempre melhor.
do ciclo de crise então vivido. Até então tínhamos uma única marca,
Em finais de 2013 e início de 2014 começá- Pestana Hotels & Resorts, e nela coexis- Tendo em conta a extrema importância das
mos a dar andamento a alguns projectos que tiam unidades completamente diferentes: pessoas na hotelaria, o que procuram hoje
sabíamos serem claramente vencedores: desde o “middle scale” ao “upper scale”, nos vossos colaboradores?

Human Resources Portugal 23


Entrevista

liderança
«Procuro ser uma
pessoa que trabalha
em equipa, não
gosto de grandes
protagonismos
individuais, até
porque numa
organização como
a nossa isso não
funciona.»

Procuramos pessoas que gostem desta São ambos muito importantes. No fundo ambiente está a aniquilar o seu produto.
actividade e do contacto com as pessoas. o que gera esse orgulho é perceber que Já existe uma preocupação com a pou-
Simultaneamente, e porque cada vez mais a empresa tem capacidade para levar a pança energética, a utilização racional do
é preciso suplantar as expectativas dos cabo esses processos de adaptação a este consumo de água, entre tantos outros, e
clientes, precisamos de colaboradores novo mundo tecnológico, demonstrando isso é muito positivo.
que consigam mostrar sempre boa cara e capacidade para evoluir. No que diz respeito à responsabilidade
boa disposição perante todas as situações. Medimos muito aquilo que é a qualidade do social, organizações como a nossa, com
Queremos pessoas que tenham vontade serviço que prestamos através de sistemas alguma escala, têm de ter essa responsa-
de crescer, de experimentar novas unida- próprios de avaliação, mas também através bilidade como uma preocupação basilar.
des, nunca se acomodando. Pessoas que das opiniões expressas nas redes sociais, Há uns anos que o nosso Grupo tem vin-
estejam disponíveis para aprender. Nas e a maioria são positivas. Divulgamos do a definir uma política de intervenção
áreas de Vendas, Revenue Management sempre estes bons resultados junto das em que as unidades têm de interferir
e Back-Office procuramos também boas pessoas que trabalham connosco e isso efectivamente na sua zona de influência.
aptidões para a utilização de tecnologias é, obviamente, motivo de orgulho para Veja-se o caso da Madeira, onde criámos
e que tragam novas competências, por todos os colaboradores. uma associação de solidariedade social
exemplo na área de Gestão de Sistemas, da que presta apoio a crianças institucio-
Matemática ou do Comércio Electrónico. De que forma se fundamenta o sentido de nalizadas, proporcionando actividades
Tudo competências que se tornaram cada responsabilidade social e sustentabilidade culturais, desportivas para que elas, no
vez mais importantes na actividade hoteleira no Grupo Pestana? fundo, tenham uma visão mais alargada da
e que ajudam ao seu desenvolvimento. Hoje, a actividade tem, obrigatoriamente, de vida. No Continente temos vindo a efec-
ter uma preocupação com a sustentabilidade, tivar parcerias com algumas associações
E no meio deste turbilhão de mudanças sendo ela essencial ao seu desenvolvimento. que vamos desenvolvendo, e em África
onde fica o orgulho e o sentimento de per- No fundo, se o turismo não prestar uma apoiamos projectos em concreto, como
tença à equipa e à organização? atenção redobrada aos recursos e ao meio no caso de Moçambique, em que estamos

24 Human Resources Portugal Abril 2016


Entrevista

envolvidos na melhoria das condições de


vida da comunidade que vive no Bazaruto.
Orgulho-me de ter hoje uma equipa
Dentro da própria organização mantemos que tem valências muito diferentes e
igualmente esta preocupação com a res-
ponsabilidade social, pelo que, devido à personalidades também elas distintas.
crise, houve uma política de contenção
de salários que passou pelos salários mais
Apesar disso, nos momentos cruciais, está
elevados e não pelos mais baixos. Hoje, unida de forma a fazer evoluir a empresa.
aquele que apelidamos de salário mínimo
Pestana anda nos 575 euros.

Na sua óptica quais as melhores práticas de a capacidade de ouvir, de aprender. Gosto Das coisas que mais me orgulho é de ter
Gestão de Pessoas? de trabalhar com pessoas que, nas suas hoje uma equipa que tem valências muito
Em primeiro lugar temos de ter muito áreas, tenham melhores aptidões do que eu. diferentes e personalidades também elas
cuidado aquando da selecção para termos Por fim, é preciso ter capacidade para deci- distintas e que, nos momentos cruciais, está
na organização as pessoas certas, com a dir, pois se há momentos consensuais em unida de forma a fazer evoluir a empresa.
atitude certa. que a tomada de decisão é simples, outros
Um segundo factor a ter em linha de conta há em que não, e nessa altura o líder tem Integra o Grupo desde 2000. Neste mo-
é a formação, não só em acções específicas, de demonstrar capacidade para decidir mento quais os grandes desafios que se
mas como uma formação contínua, tendo sozinho, assumindo o risco da decisão. colocam ao Grupo Pestana?
as chefias e as equipas certas que permitam O Grupo Pestana venceu o grande desafio
ir formando as pessoas no seu dia-a-dia. da internacionalização, sendo que hoje,
Além disso, para nós é importante fazer Áreas de actividade com os projectos que temos em curso,
um misto entre o desenvolvimento das como Madrid, Nova Iorque ou Marra-
pessoas que já pertencem ao Grupo e que Pestana quexe, unidades muito importantes em
vão evoluindo dentro dele, com um recru-
tamento de pessoas que venham de fora,
Hotel Group mercados muito concorrenciais, esse
desafio ganha nova forma e dimensão.
inclusive de outros sectores de actividade, Em termos de gestão éramos um grupo
· O Grupo tem e gere 87 unidades em
e que tragam novas perspectivas. Portugal e no estrangeiro, e ainda seis com uma estrutura muito polarizada,
campos de golfe, dois casinos, três facto que hoje já não se verifica, pois com
Qual o papel do CEO na construção de uma empreendimentos de imobiliário turístico, a criação dos serviços partilhados e com
política de Recursos Humanos? 13 empreendimentos Vacation Club, um trabalho conjunto evoluímos para um
uma companhia de aviação charter e
Quando falamos de uma empresa como a Grupo uno. Esses serviços partilhados
um operador turístico, com o objectivo
nossa, essencialmente de serviços, o activo de oferecer produtos completos e mais estão localizados na cidade de Lisboa, e o
pessoas é de extrema importância. Somos atractivos. Na indústria e nos serviços, desafio que se coloca actuamente ao Grupo
uma empresa de pessoas para pessoas e o grupo de Dionísio Pestana participa Pestana é que as operações em Portugal
sem as pessoas certas não conseguimos na Sociedade de Desenvolvimento da não monopolizem o seu trabalho, e que os
Madeira, gestora do Centro Internacional
entregar um bom produto. serviços partilhados tenham a capacidade
de Negócios da Madeira, e na Empresa
A nossa preocupação pelos Recursos de Cervejas da Madeira. São nove de entregar o serviço tanto às operações
Humanos é fundamental, pela sua quali- as áreas de negócio onde opera: em Portugal como no estrangeiro. Em
dade, pelo seu desenvolvimento e isso no hotelaria, golfe, casinos, imobiliário termos da operação hoteleira há um desafio
decurso das várias etapas. Depois é crucial turístico, aviação, distribuição turística, permanente que assenta em acompanhar
Vacation Club, indústria e serviços.
dar oportunidades às pessoas. as necessidades dos clientes/hóspedes,
 · Na hotelaria, o grupo opera com três
marcas: Pestana Hotels & Resorts, Pestana
as quais surgem cada vez mais distintas e
Que factores fazem um bom líder e que Collection Hotels e Pestana Pousadas inovadoras, mudando muito rapidamente.
marca deseja deixar no Grupo? de Portugal. Presente em 15 países, tem Os nossos colaboradores são hoje verda-
Procuro ser uma pessoa que trabalha em cerca de 11 mil quartos disponíveis na deiros embaixadores das nossas marcas,
equipa, não gosto de grandes protagonismos Europa, África e América e cerca de sete das nossas unidades hoteleiras. Esta nova
mil colaboradores. Em 2015, as receitas
individuais, até porque numa organização atingiram os 400 milhões de euros.
realidade constitui ela própria um desafio,
como a nossa isso não funciona. sobretudo numa empresa como a nossa,
No que respeita às características nomeio com mais de 40 anos de vida.

Human Resources Portugal 25


Tema de Capa

Como ser
um gestor de
Pessoas multi
A posição de um gestor de Pessoas de topo não é para todos
e está a tornar-se cada vez mais difícil. Eis as qualidades e
aptidões exigidas a este cargo a um nível multi. Por Jenny Roper

26 Human Resources Portugal Abril 2016


P
arece o início de uma má
piada. Um gestor me-
Há dois tipos de gestores de Pessoas:
xicano entra para uma os que têm um interesse genuíno no
reunião com vários su-
balternos holandeses e desenvolvimento dos colaboradores e os
tenta mostrar a sua visão. Contudo,
o que acontece de seguida não tem
que gostam de controlo e de políticas.
graça. Nem para o director de Gestão
de Pessoas incumbido de aligeirar as
fricções culturais que ocorreram, nem
para Erin Meyer, a perita e professora radores no estrangeiro, que exigirão
de Gestão Intercultural do INSEAD, a adopção de uma perspectiva e de
contratada pela empresa em questão Conselhos capacidades mais globais. A Universi-
para ajudar. dade de Exeter é um bom case study,
Os colaboradores holandeses, ha- afirma Marshall, dos desafios de atrair
Como podem as pessoas com
bituados a desafiar a autoridade, não uma base de clientes mais globais, da
ambição – ou alguém que se
ouviram a visão do gestor e – para encontra agora numa empresa necessidade crescente de competir
desespero do mexicano, habituado nacional que está a pensar com organizações além-fronteiras
a uma posição deferencial perante a crescer – informar-se melhor e para atrair clientes britânicos e da
autoridade – tentaram levar o projecto desenvolver conscientemente necessidade de organizações de todos
para diferentes, e enervantes, direcções. aptidões e qualidades multi que os géneros abraçarem os desafios e
É um cenário de choque de culturas melhorarão a sua eficácia. as oportunidades apresentadas por
que faz sentido para muitos profissio- R Visitar o maior número possível um conjunto de talentos muito mais
nais da área que trabalharam numa de territórios/escritórios onde a móvel em termos globais.
empresa global. E que faz sentido para empresa se encontra activa é o «Em tudo o que fazemos temos
primeiro passo mais óbvio.
um número crescente de directores agora de pensar o que significa viver-
R É preciso ir com uma
de Gestão de Pessoas devido, segundo -se num mundo global», revela Mar-
determinada atitude, com
Meyer, à natureza cada vez mais global objectivos específicos, como ter a shall. «As fronteiras mudaram. Os
do mundo em que vivemos. noção das pessoas e da cultura. estudantes agora vão para os EUA ou
«Todos os anos encontramos mais R É igualmente crucial falar com para a Europa. Estamos a falar mais
organizações à procura de mercados pessoas de todas as partes da de estudantes internacionais porque
globais para obterem lucro», afirma. organização, de diferentes gerações, são uma fonte de receitas, algo mais
«Creio que a ideia de uma empresa e não só com executivos seniores, importante do que nunca.» Marshall
para ter uma ideia do que as pessoas
local com fornecedores e colabora- estão realmente a pensar e a sentir
acrescenta que a chave para a ambição
dores de um país só está lentamente na linha da frente e nos escritórios. (agora bem-sucedida) da universidade
a desaparecer. Graças a isso, a não ser R Adquirir capacidades linguísticas de entrar na lista das 100 melhores
que a empresa seja muito pequena, a pode ser muito útil. Isto não significa universidades, e para assegurar o má-
principal diferença entre trabalhar forçosamente um alto nível de ximo de fundos, é atrair os melhores
num negócio de qualquer tamanho fluência. Ou seja, permitir que a talentos académicos do mundo.
outra parte se consiga expressar na
nas próximas décadas, em comparação sua língua nativa com o intuito de se
Lidar com tudo isto não é tarefa
com o último negócio em que traba- sentir mais confortável. fácil. Gordon Headley, antigo CHRO
lhámos, é a capacidade de actuarmos na Tullow Oil, oferece uma descrição
com eficácia num mundo global.» apelativa de como os negócios com
Esta globalização rápida está a colaboradores se podem tornar com-
afectar todas as organizações, privadas plexos num contexto internacional:
ou públicas, aponta Jacqui Marshall, «Nós [Tullow] empregámos turkanas
directora de Gestão de Pessoas da locais para algum do nosso trabalho no
Universidade de Exeter. E não são Quénia. Na altura de movermos a pla-
apenas esses directores de RH de taforma petrolífera, quando o contrato
negócios que se estão a expandir de acabou e em alguns casos tínhamos de
forma física, com escritórios e colabo- nos mudar para a Tanzânia, muitos

Human Resources Portugal 27


Tema de Capa

destes trabalhadores queriam ficar aqui cientistas brilhantes e eminentes


na plataforma e recusaram-se a sair. que chegam até nós nos últimos cinco
Houve uma greve, bloquearam estradas. Gestor de pessoas ou 10 anos de ensino. Tenho de com-
Pequenas coisas como esta podem na preender isso e as suas necessidades.»
realidade tornar-se complicadas, porque Visão cada «Depois existe a integração», con-
estas pessoas têm armas.»
É um aviso. E o tipo de história que
vez mais multi tinua. «Acabámos de contratar um
cientista conhecido de Singapura. É
mostra que a posição de um DRH multi uma grande contratação, mas tem
não é para todos. Nesse caso, quais A posição de um director quatro mil peixes-zebra. Por isso uma
as qualidades e aptidões exigidas e de Gestão de Pessoas não parte dos recursos humanos envolve
como podem as pessoas com ambições é para todos. Deixamos-lhe definir a logística de trazer os peixes
globais – ou alguém que se encontra o que o mercado exige: e construir uma infra-estrutura para
agora numa empresa nacional que está eles. As pessoas têm vidas complexas –
a pensar crescer – informar-se melhor? animais, crianças, parceiros, enteados…
temos de ser muito flexíveis e de nos
No lugar dos outros pôr no seu lugar.»
Como seria de esperar, a capacidade
de criar empatia, de ser curioso, de As aptidões de um
ouvir e de ser incrivelmente paciente gestor amplificado
foi citada por todos como sendo a mais Claro que a empatia, a curiosidade e
importante. «É a capacidade de deixar as a capacidade e disponibilidade para
nossas próprias experiências para trás, ouvir são aptidões que todos esperam
de ouvir com atenção e de estar disposto fazer parte dos directores desta área.
a colocar-se no lugar dos outros», afirma Contudo, Gareth Way, director de RH
Cristina Mariages-Janssens, directora e Formação na Creditsafe Business
de Pessoas da Domestic and General. Solutions, aponta que a necessidade
«O DRH global precisa de ter aber- dessas qualidades é ampliada num
tura e curiosidade para aprender outras contexto global.
culturas e estilos», concorda Headly. R Ter a capacidade de criar empatia, Way cita a capacidade de se ser
«Há uns meses fui a uma apresentação R Ser curioso, incrivelmente paciente como um
de Clive Woodward [antigo jogador e R Saber ouvir, exemplo, apontando que atingir um
treinador de râguebi] e ele disse: “Quero R Incrivelmente paciente, delicado equilíbrio entre a tenacidade
jogadores que sejam esponjas. Têm R Ter abertura para conhecer outras perante obstáculos e a paciência de os
de ser adaptáveis e sensíveis à forma culturas e estilos, ultrapassar exige capacidades impor-
como as outras culturas vêem as coisas, R Ter uma atenção ao pormenor, tantes. «Não é uma questão de tentar
fazendo os ajustes necessários”.» R Fazer com que as pessoas respirem fazer pressão rapidamente, mantendo
Para Marshall, da Universidade fundo e pensem no que realmente ao mesmo tempo uma urgência sobre
de Exeter, isto significa uma atenção sabem, a forma como a empresa trabalha»,
incansável ao pormenor para tornar R Ter disponibilidade para mudar de revela, concordando com o aviso de
mais equilibrada a transferência de curso e admitir que se está errado, Headley de que «há uma mentalidade
novos talentos globais e para indi- R Sentir-se confortável com a hierárquica nas empresas onde, se existe
car os benefícios de trabalhar numa ambiguidade num longo período falta de tempo ou alguma urgência, a
de tempo. Os perfeccionistas não
instituição como a Universidade de devem candidatar-se – uma estrutura
comunicação torna-se mais exagerada
Exeter: «Tenho de compreender que em construção pode ser frustrante. entre diferentes países. Estas mensa-
a proposta de valor único da Exeter, gens, ainda que bem-intencionadas,
se uma pessoa tiver cerca de 40 anos podem ser mal interpretadas.»
e estiver a viver em Londres ou noutra Igualmente indicada num con-
cidade dispendiosa, é que ao virem para texto global é a necessidade, numa
Exeter é possível terem um estilo de abordagem de paciência, de se ser
vida realmente fantástico a um custo forense, analítico e objectivo na hora
muito mais razoável», indica. «Temos de avaliar uma situação, declara Way.

28 Human Resources Portugal Abril 2016


um professor norte-americano disse-
-me: “Não faça isso, por favor. Faz ideia
do que é que chegar a um país novo,
estar no meio do campo em Devon e
não conseguir alugar um automóvel
por não ter conta bancária?” Assim
que o ouvi disse logo que sim, por isso
temos de ouvir depois de tomarmos
uma decisão, em vez de simplesmente
indicarmos o que queremos que os
outros façam.»

Os obcecados pelo controlo


não precisam de se candidatar
A importância de admitir os erros
demonstra que as pessoas que têm
uma personalidade mais controladora
podem sentir dificuldades. Para Way,
da Credisafe, existem dois tipos de
profissionais de Gestão de Pessoas, e
apenas um deles está à altura do desafio
multi: «Existem pessoas que entram
nos RH porque têm um interesse genu-
íno nas pessoas e no desenvolvimento
dos indivíduos, e existem pessoas que
gostam de controlo e de políticas. Os
profissionais de RH multi precisam
de ter coragem para permitirem que
os gestores cometam erros. Não é
uma questão de obrigar uma cultura
a algo», afirma, acrescentando: «As
pessoas pensam que quando estão
num determinado nível têm de ter as
«O equilíbrio é muito importante nos estar sempre dispostos a fazer inversão respostas todas. Nunca acreditei nisso.»
RH. Principalmente quando entramos de marcha», revela. «Quando cheguei «Realisticamente, principalmente
em equipas de gestão seniores, porque pela primeira vez em 2013, a minha quando estamos a desenvolver uma
é fácil sermos apanhados na história equipa afirmou que ninguém usava o presença internacional, temos de nos
que está a ser contada e é preciso exis- sistema de automóveis de empresa. Por sentir confortáveis com a ambigui-
tir alguma estabilidade», acrescenta. isso a minha primeira decisão foi acabar dade num longo período de tempo»,
«É particularmente importante num com ele. Mas assim que o anunciámos, concorda Mariages-Janssens. «Criar
contexto global quando gerimos à
distância e lidamos com informações
potencialmente limitadas em vez de
O que é óbvio é que algumas pessoas –
vermos as coisas com os nossos próprios
olhos. Creio que o papel dos RH aqui
com a sua índole naturalmente
é de abrandar tudo um pouco e fazer inquisitiva, empática e paciente –
com que as pessoas respirem fundo
e pensem no que realmente sabem.»
são mais adequadas para um
Marshall explica que a disponibili-
dade de mudar de direcção e de admitir
cargo multi do que outras.
que se está errado é vital. «Temos de

Human Resources Portugal 29


Tema de Capa

e unificar uma base eficiente demora activa é o primeiro passo mais óbvio, e
o seu tempo. Os perfeccionistas não é algo que Jan Wilman, directora global
devem candidatar-se – uma estrutura de RH na fornecedora de alojamentos
em construção pode ser frustrante.» para estudantes Campus Living Villages,
O que é óbvio é que algumas pes- nunca deixa de fazer. «Descobri que
soas – com a sua índole naturalmente é imprescindível sair e passar algum
inquisitiva, empática e paciente – são tempo noutras regiões, por isso comecei
mais adequadas para um cargo global a visitar todas as propriedades na Nova
do que outras. Contudo, existem ainda Zelândia e quase todas na Austrália»,
numerosas formas que os DRH podem revela. «Para mim é igualmente crucial
usar para desenvolverem conscien- mentalidade falar com pessoas de todas as partes da
temente aptidões e qualidades que Existem formas para todos
aqueles que possuem qualidades
organização, de diferentes gerações, e
melhorarão a sua eficácia multi. naturais para um cargo de RH multi se não só com executivos seniores, para
Visitar o maior número possível de prepararem bem antes de lá chegarem,
ganhando assim uma abordagem mais
ter uma ideia do que as pessoas estão
territórios onde a empresa se encontra paciente, inquisitiva e diplomática. realmente a pensar e a sentir na linha
da frente e nos escritórios.»
Visitar simplesmente os locais não
chega, concorda Meyer. «É preciso ir
com uma determinada atitude. Quando
chego a um país onde nunca estive
antes, tenho um objectivo muito es-
pecífico, que é ter a noção das pessoas
e da cultura», declara, acrescentando:
«É preciso aproveitar todas as oportu-
nidades para ficar a saber como são as
pessoas, para conhecer bem um país.»
Mariages-Janssens indica que ad-
quirir capacidades linguísticas pode
ser muito útil. Isto não significa forço-
samente um alto nível de fluência. «É,
em vez disso, a capacidade de permitir
que a outra parte se consiga expressar»,
acrescenta. «Muitas vezes digo às pes-
soas para se exprimirem na sua língua
nativa com o intuito de se sentirem mais
confortáveis. Ao fazer isto demonstro
boa vontade. Quando damos esse espa-
ço às pessoas, mesmo numa conversa
emocional, elas voltam à sua língua ou
para o inglês porque mostramos que
não somos ameaçadores.»
A profissional acrescenta que todos
aqueles que ainda não se encontram em
cargos globais, mas que desejam preparar-
-se para tal, devem aceitar projectos
internacionais sempre que possível.
Todavia, quando não existe oportunidade
de ir pelo mundo fora, isto não é assim
tão importante, afirma Meyer.
«É certo que a experiência é útil,
mas trabalhei com muitas pessoas

30 Human Resources Portugal Abril 2016


que trabalharam em muitos países também, segundo Headly, argumentos
diferentes e nunca desenvolveram a para se adoptar uma abordagem mais
capacidade de compreender e de se
adaptar a várias culturas», indica. «E
Diversidade paciente, inquisitiva e diplomática para
os RH em geral, mesmo nas organizações
trabalhei com várias pessoas que nunca de pensamento que não saem do Reino Unido.
trabalharam fora do seu país e que se «Depois de ter trabalhado em em-
dedicam a adaptar as suas perspectivas presas globais, fiquei espantado quando
Como criá-la dentro de casa?
às diferentes culturas mundiais com entrei na Barrett Homes, uma empresa
que trabalham.» É necessário estarmos abertos britânica, e vi, a partir do meu ponto
às pessoas que trabalharam de vista global, as diferenças de com-
A diversidade de pensamento noutros sectores, que podem
trazer experiência funcional de
portamento entre diversas regiões
começa em casa diferentes áreas. do Reino Unido», afirma. «Fiquei
«Existem coisas que podemos fazer para Para os puristas de RH recomendo estupefacto com a diferença entre as
criarmos um ambiente que encoraja a ganhar experiência em muitas atitudes das pessoas de Essex e Kent.
diversidade de pensamento dentro do áreas diferentes de RH e também Ainda que exista um rio a separar as
nosso ambiente e do nosso país», con- em diferentes sectores – podemos duas cidades, podia ser o Canal da
aprender coisas diferentes no sector
corda com Will Serle, director global de Mancha. Não conseguíamos fazer com
público e privado, na produção e nos
RH na Amec Foster Wheeler, uma mul- serviços. Tudo isto pode ajudar a criar que as pessoas atravessassem o rio para
tinacional de consultoria, engenharia no a abordagem crítica, interrogadora e trabalhar. Não é tão vincado como a
sector energético e gestão de projectos. criativa de que precisamos quando diferença Reino Unido/China, mas
«Há jogadas tácticas que podemos fazer trabalhamos em países diferentes. existem diferenças e cada uma delas
para nos prepararmos, e para preparar exige certas capacidades de gestão.»
Headley acrescenta que é uma
desilusão quando as pessoas pre-
A empatia, a curiosidade e a capacidade sumem que não há nada a apren-

e disponibilidade para ouvir são aptidões der com uma visão mais multi.
«Quando estou em conferências de
que todos esperam fazer parte dos Recursos Humanos e falo sobre Áfri-
ca, por vezes as pessoas olham para o
DRH. E a necessidade dessas qualidades lado porque assumem que não lhes é

é ampliada num contexto multi. relevante. Depois há outros que com-


preendem e pensam que já passaram
por situações semelhantes.»
Enquanto uma mentalidade pa-
roquial nunca foi desejável para um
a nossa equipa e a nossa organização.» RH recomendo ganhar experiência profissional de Recursos Humanos,
Serle explica que criar diversidade de em muitas áreas diferentes de RH e à medida que o trabalho e a força de
pensamento e abertura pode envolver também em diferentes sectores – po- trabalho se tornam mais globais, é
ganhar uma variedade mais abrangente demos aprender coisas diferentes no vital que até as pessoas que passam a
de experiências de uma maneira geral, sector público e privado, na produção maior parte do tempo no seu país-natal
não apenas em termos geográficos. e nos serviços. Tudo isto pode ajudar a adquiram pontos de vista e capacidades
«É estarmos abertos às pessoas que criar a abordagem crítica, interrogadora internacionais. Será que as pessoas
trabalharam noutros sectores, que e criativa de que precisamos quando estão, nas palavras de Headley, a dar
podem trazer experiência funcional trabalhamos em países diferentes.» a si próprias «espaço suficiente para
de diferentes áreas», diz. «Estarmos Existem certamente formas, então, olhar lá para fora»?
abertos a novas ideias não depende do para todos aqueles que possuem qua-
país em que nos encontramos.» lidades naturais para um cargo de RH
«Podemos ser altamente eficazes multi se prepararem bem antes de lá
nos RH tendo prática noutros departa- chegarem. E, com uma economia que Jenny Roper
mentos», concorda Mariages-Janssens, está rapidamente a globalizar-se, exis- Coordenadora editorial da
acrescentando: «Para os puristas de tem fortes incentivos para tal. Existem S&PA Professional magazines.

Human Resources Portugal 31


Gestor de Pessoas

Pa u l o J o r g e P i n t o d a S i lva
Director de Recursos Humanos Corporativos da Águas de Portugal

Servir a
comunidade
É um agregador de três universos no Grupo Águas de Portugal: da estratégia,
dos serviços partilhados e das 13 empresas participadas. E sempre ao serviço
de um bem maior. Por TitiAna Amorim Barroso | Fotos Nuno Carrancho

É
um director de Pessoas colaboradores, com 13 empresas que prestam objectivos e são envolvidas nas mudanças
agregador, estratega serviços a oito milhões de pessoas, cobrindo contribuem de forma positiva. No final
e operacional. Paulo 99% do território nacional. do dia todos queremos que as mudanças
Jorge da Silva tem Conheça melhor a realidade do sector resultem e tragam benefícios.
grande facilidade empresarial do Estado e o percurso de Existem naturalmente decisões difí-
em dialogar e criar Paulo Jorge da Silva, habituado a trabalhar ceis a tomar, mas é importante que sejam
ligações, fruto da sua em multinacionais de matriz francesa, tomadas da forma mais informada e im-
experiência em diferentes contextos or- inglesa e portuguesa e em diversos sectores parcial possível.
ganizacionais, incluindo ambientes fabris. empresariais, desde a Indústria, Serviços,
Assumiu a liderança de Recursos Huma- eTecnologia a Ambiente. Quais foram as suas prioridades?
nos Corporativos da Águas de Portugal há Durante a reestruturação coordenei um
sete anos. «É um projecto de aprendizagem Em 2015, a estrutura do Grupo sofreu grandes grupo de trabalho, com representantes de
e de crescimento pessoal e profissional. É alterações em resultado da privatização do RH das empresas envolvidas, que no fundo
gratificante trabalhar no sector do Ambiente negócio de gestão de resíduos urbanos e da serviu de veículo para alinhar expectati-
e contribuir para a prestação de um serviço reorganização territorial dos sistemas mul- vas, manter as empresas informadas das
tão importante aos cidadãos», sublinha. timunicipais da água. Quais os desafios da mudanças em curso, adaptar os processos
Na Águas de Portugal já viveu tempos Gestão de Pessoas em momentos como estes? e sistemas de RH à nova realidade organi-
exigentes, quando implementou há um ano Manter as pessoas focadas na sua actividade zacional, desenhar as estruturas das novas
uma reestruturação profunda que consistiu durante períodos de mudança é o grande empresas e garantir que no dia “D” todos
na reorganização territorial (agregação de desafio. É fundamental comunicar de forma sabiam qual o seu enquadramento funcio-
empresas por regiões) e corporativa (novo clara os objectivos e as decisões tomadas e nal, conheciam a estrutura hierárquica e
modelo de governo das áreas funcionais envolver as pessoas nas mudanças preten- tinham os instrumentos necessários para
centrais) do Grupo. Hoje trabalham 3200 didas. Quando as pessoas compreendem os realizar a sua função.

32 Human Resources Portugal Abril 2016


Gestão
de pessoas
«Tenho uma
abordagem
pragmática. As
pessoas, na sua
singularidade,
são o recurso
mais importante
das empresas.
A estrutura, a
tecnologia e os
processos são
replicáveis, as
pessoas não.»

Como é que comunicou isso à sua equipa/ contributo pessoal para o desenho da estru- Estando a AdP enquadrada no sector
grupo de trabalho? tura e dos processos da nova organização. empresarial do Estado encontra-se, desde
Estávamos perante um projeto complexo, Foi assim que comuniquei o desafio e as 2011, sujeita a um conjunto de medidas
exigente e de grande dimensão. Entendi pessoas envolvidas deram o seu melhor extraordinárias resultantes das sucessivas
que a melhor forma de colocar o desafio para que os objetivos fossem atingidos leis de Orçamento do Estado (OE). Desde
seria capitalizar o reconhecimento da com sucesso. essa data os colaboradores têm os seus
capacidade das pessoas escolhidas para salários reduzidos, não são elegíveis para
a equipa, o potencial de aprendizagens E quais os principais desafios? prémios de desempenho e as progressões
e competências que se podem adquirir Nos últimos anos, o grande desafio prende- salariais estão congeladas.
na implementação de um projeto desta -se com a motivação e retenção de cola-
magnitude e a possibilidade de dar um boradores num contexto muito difícil. Como é gerir Pessoas numa empresa do
sector empresarial do Estado?
Gerir RH neste contexto requer um enorme
A AdP é um projecto de aprendizagem esforço de criatividade e de diálogo para

e de crescimento pessoal e profissional.


manter as pessoas motivadas e compro-
metidas com o projecto da empresa. Até à
É gratificante trabalhar no sector do extensão das medidas extraordinárias da
lei do OE ao sector empresarial do Estado,
Ambiente e contribuir para a prestação de em 2011, existiam poucas diferenças. A AdP

um serviço tão importante aos cidadãos.


está enquadrada no tecido empresarial
português a par e, em algumas actividades,
também em concorrência com outros
players privados. Embora a AdP seja uma

Human Resources Portugal 33


Gestor de Pessoas Paulo Jorge Pinto da Silva

empresa de capitais públicos, os seus cola- e desafios aos colaboradores com maior políticas e práticas de gestão de RH que
boradores não são funcionários públicos. potencial, envolvendo-os em projetos promovam o desenvolvimento pessoal e
Têm contratos individuais de trabalho estruturantes e transversais. profissional dos colaboradores e que, em
e as relações laborais são tuteladas pelo O sector do ambiente atrai excelentes simultâneo, contribuam para a realização
código do trabalho. A diferença prende- profissionais, as pessoas gostam de estar dos objectivos da empresa.
-se com o modelo de governo e com o envolvidas, entendem-no como estru-
facto de o nosso accionista ser o Estado. turante para o País e o para o futuro. A Como define a cultura empresarial?
Esta circunstância faz toda a diferença, atractividade do sector dá um contributo O Grupo AdP orgulhosa-se do seu passado e
uma vez que obriga ao cumprimento importante para o comprometimento dos das suas conquistas em prol do ambiente em
de um conjunto de orientações que nos colaboradores com o projecto da empresa. Portugal. Existe muita dedicação e elevada
coloca, em algumas matérias, no mesmo competência nos nossos colaboradores.
enquadramento da função pública e retira Que empresa encontrou quando chegou? O empenho na prestação do melhor
à empresa autonomia de gestão. A AdP é um projecto de aprendizagem e serviço leva a que sejam desenvolvidas
de crescimento pessoal e profissional. É soluções muito inovadoras que depois
E hoje como é que se motiva neste cenário? gratificante trabalhar no sector do Am- são partilhadas por todas as empresas
Esse é o verdadeiro desafio. Temos apos- biente e contribuir para a prestação de do Grupo e geram uma enorme criação
tado no recrutamento interno enquanto um serviço tão importante aos cidadãos. de valor. Sentimos a responsabilidade de
fator importante na evolução profissional Quando cheguei à empresa encontrei prestar um serviço importante aos cida-
dos nossos recursos humanos. As vagas pessoas muito competentes e orgulhosas dãos e fazêmo-lo com elevados padrões de
em aberto são divulgadas por todas as da empresa, cheias de ideias e de vitalidade. excelência, reconhecidos pelo regulador
empresas do Grupo. A mobilidade funcio- Em termos estratégicos, consideramos e outros stakeholders.
nal de colaboradores é um processo que que os nossos colaboradores são o principal O facto de podermos beber com segu-
possibilita exposição a novos contextos e factor de sucesso da AdP. Apostamos em rança água da torneira em praticamente
desafios os quais potenciam a aquisição de
aprendizagens, competências e a progres-
são na carreira. As pessoas, na sua singularidade, são o
Temos investido na formação porque
entendemos que é fundamental dotar os recurso mais importante das empresas.
nossos colaboradores das competências
necessárias que lhes permitam realizar
A estrutura, a tecnologia e os processos
todo o seu potencial tanto a nível pessoal são replicáveis, as pessoas não.
como profissional.
Procuramos igualmente dar visibilidade

34 Human Resources Portugal Abril 2016


Gestor de Pessoas

100% do território nacional e de vermos os de políticas e ferramentas que permitiam rica em aprendizagem e desenvolvimento
nossos rios a florescer de vida novamente uma abordagem muito estruturada à gestão pessoal. Entrei para a empresa logo após
reforçam a adesão ao projecto da empresa. de talentos e de carreiras. a aquisição da operação da Papelaco pela
Trabalhei com excelentes profissionais multinacional inglesa. Foi aqui que integrei
Quais as melhores práticas? que me ensinaram muito e me envolveram pela primeira vez a comissão executiva de
A academia da EPAL é uma excelente num conjunto de projectos estratégicos uma empresa e liderei equipas de projectos
iniciativa que garante a retenção e a dis- de desenvolvimento. A paixão pela área internacionais. Quando deixei a empresa
seminação do conhecimento específico do surgiu naturalmente. era director de RH Ibérico. Metade da
sector. A academia dá formação aos nossos semana era passada em Madrid. Esta
colaboradores e também para o exterior. Quais os principais ensinamentos que arrecada experiência trouxe-me aprendizagens
Esta é uma boa forma de aproveitar de cada empresa por onde passou? importantes na dimensão multicultu-
o know-how interno, proporcionando Após conclusão do estágio na Portugal Tele- ral e no pensamento global estratégico.
um espaço de aprendizagem para os co- com, iniciei a minha carreira como técnico A AdP tem sido um grande desafio, aten-
laboradores mais experientes passarem de RH, na Alcatel Portugal, integrado na dendo à sua dimensão e ao enquadramento
os seus conhecimentos aos mais jovens. direcção de Formação e Desenvolvimento. no sector empresarial do Estado.
Foi aqui que construi os alicerces para
Como é que se descreve enquanto DRH? o resto da minha carreira, esta foi a minha E em termos de Gestão de Pessoas em em-
Gosto de partilhar os sucessos e fico muito grande escola. Fui envolvido em muitos presas nacionais e internacionais, quais as
satisfeito quando vejo as pessoas crescer e projectos na área do desenvolvimento e principais aprendizagens?
atingir os objectivos que se propuseram. Os objectivos de gestão de RH são os
Valorizo muito a atitude. Julgo que ter mesmos, mas existem diferenças culturais
a atitude certa é uma das componentes que resultam em diferentes estratégias e
centrais no sucesso pessoal e profissional. Grupo abordagens. Nas empresas internacionais

É licenciado em Psicologia Social e das Or-


Águas de não se dá tanta importância aos títulos dos
cargos e existe maior proximidade entre
ganizações. O que sonhava seguir? Portugal os vários níveis organizacionais. Existe
Quando escolhi esta opção já sabia que mais partilha de informação e de boas
queria trabalhar na área de RH. Por outro práticas, o que abre outras portas ao nível
lado, tinha grande curiosidade e interesse R Sector do Ambiente desde 1993 da aprendizagem e da gestão de carreiras.
no estudo do comportamento humano. R 3200 colaboradores Outra aprendizagem importante resulta
O curso permitiu-me o acesso a ambas da organização em estruturas matriciais.
R Funções técnicas nas áreas de
as áreas. operação, manutenção, gestão de
Trabalhar neste tipo de organização obriga
ativos, engenharia e laboratórios ao desenvolvimento de importantes com-
Qual foi o primeiro contacto com a Gestão R Média etária: 43 anos petências de comunicação, negociação e
de Pessoas? R Antiguidade: 11 anos trabalho em equipa.
Ocorreu em 1994, durante o estágio acadé- R Mulheres (em chefia): 36%
mico de fim de curso na Portugal Telecom. R Taxa de rotatividade: 3,5% Que conselho daria a um director de Pessoas?
Tive a oportunidade de efectuar um estudo O conselho que daria a um DRH de uma
sobre as carreiras dos engenheiros no empresa com esta dispersão geográfica e
sector das Telecomunicações e confirmei gestão de carreiras internacionais. A Alcatel com as diferentes sensibilidades e parti-
a vontade de abraçar esta área. Senti que deu-me igualmente uma visão completa da cularidades daí resultantes é: ouvir, estar
estava na área mais fascinante dentro cadeia de valor de uma empresa, uma vez em contacto com o terreno, absorver todo
de uma empresa. Acresce que tinha um que a operação em Portugal compreendia o conhecimento e tentar integrá-lo na
enorme interesse pelas áreas tecnológicas. as principais áreas funcionais do negócio. estratégia corporativa.
Não poderia ter pedido melhor. O Cetelem foi a primeira experiência
na área de Serviços, num sector muito Onde se imagina a trabalhar daqui a 10 anos?
Como é que se apaixonou pela área? dinâmico e bastante concorrencial. Imagino-me a trabalhar num projecto
Foi durante a minha primeira experiência Foi uma aprendizagem importante que seja desafiante e me permita aprender
profissional. A Alcatel era uma multinacional porque até aí apenas conhecia o sector mais. E a passar o conhecimento que fui
que considerava a Gestão de RH como área da Indústria e da Tecnologia. adquirindo na carreira, ajudando assim
estratégica. Já em 1995 existia um conjunto A De La Rue foi uma experiência muito os mais jovens a ter sucesso nesta área.

Human Resources Portugal 35


Randstad Awards Portugal

5 razões por que o


employer branding
é essencial para a
sua empresa
1. Os talentos vão procurá-lo
Marcas como a Google, a Apple
ou a Coca-Cola são das mais
reconhecidas nos respectivos
sectores. Um employer branding
forte e autêntico permite-lhes
tornarem-se as empresas mais
atractivas para os talentos.

2. Permite-lhe obter melhores


resultados.
Conseguir esta vantagem na
guerra pelo talento é também
conseguir um melhor desempenho
nos resultados. Estar na linha da
frente com os melhores talentos
permite às empresas dotarem-se
de pessoas com as melhores
aptidões e consequentemente terá
maior facilidade no crescimento
e aumento de lucros.

Quem é que 3. Vai poupar custos.


Se as empresas líderes no

vai ganhar? employer branding são as


primeiras no recrutamento de
talentos, despendem menos
tempo nesta procura e têm
maior poder de influência, uma
vez que detêm esta vantagem
no pacote de compensações.
É a 21 de Abril que chega o Randstad Awards 2016 pela
primeira vez a Portugal.
4. Reforça a sua imagem
corporativa.
Construir um employer branding

E
bem sedimentado é importante
sta não é talvez a pergunta contrário, o sector é a fonte de maior para garantir uma marca corporativa
forte em todos os aspectos.
mais importante, mas atractividade?
sim, qual a percepção Foram sete mil entrevistas a um uni-
que os portugueses têm verso representativo da população activa 5. Aumenta a lealdade
e a produtividade dos
dos grandes empregado- portuguesa, cruzando o conhecimento da colaboradores.
res nacionais. Essa vai ser a resposta marca (awareness) com a atractividade Ter uma organização admirável
mais esperada. Será que valorizam da mesma para trabalhar. Uma análise ajuda a empresa não só a
atrair como também a reter
as marcas nacionais em detrimento importante para as empresas? os seus talentos, e motivar os
das grandes multinacionais ou, pelo Sim, porque a atracção e retenção colaboradores a “vestir a camisola”.

36 Human Resources Portugal Abril 2016


Randstad Awards Portugal

de talentos é uma prioridade de qual-


quer organização para garantir a sua
Este é o primeiro ano em Portugal, mas
sustentabilidade e sucesso. Quem o esta análise já é realizada há 16 anos. Teve
diz é José Miguel Leonardo, CEO da
Randstad Portugal, que explica que início na Bélgica e hoje inclui a percepção
«este é o primeiro ano em Portugal, mas
já realizamos esta análise há 16 anos.
dos trabalhadores de 25 países, o que
Começámos na Bélgica e hoje estamos representa mais de 200 mil respostas e
com a percepção dos trabalhadores de
25 países, o que representa mais de cerca de 75% da economia mundial.
200 mil respostas e cerca de 75% da
economia mundial.»

Porque é que o fazem?


Porque enquanto empresa líder na
área de Recursos Humanos, a Randstad
reconhece a importância do employer
branding na estratégia de Gestão de
Pessoas nas empresas. Quando falamos
de Gestão de Pessoas, falamos também
em candidatos e na sua experiência
durante o processo. Hoje todos são
influenciadores e possuem as mesmas
ferramentas para divulgar e difundir a
imagem da marca. Cada vez mais são as
experiências reais que se tornam virais
e que contagiam comportamentos e
condicionam percepções. As estraté-
gias de Marketing estão cada vez mais
focadas nisso, mas não devem ser as
únicas. Os Recursos Humanos e a es-
tratégia de Gestão de Pessoas devem
ter a mesma preocupação, de ter uma
proposta de valor real e de permitir
uma experiência transparente e sólida
a todos os que interagem com a marca,
sejam candidatos ou colaboradores
externos ou internos, porque todos
contribuem para o employer branding.

Este estudo assemelha-se aos rankings


das melhores empresas para trabalhar?
Não, porque não pergunta aos colabo-
radores da empresa. As questões são
colocadas na base da percepção, ou
seja, não há uma ligação directa entre a
pessoa que responde e as empresas do
questionário, pode acontecer, mas não
José Miguel
é esse o critério. É um “focus group” de Leonardo
consumidores ou, melhor dizendo, de CEO da Randstad
trabalhadores. Portugal

Human Resources Portugal 37


Randstad Awards Portugal

O que se pode esperar dos resultados na- A Randstad reconhece a importância


do employer branding na estratégia de
cionais da Randstad Awards?
Podemos esperar tudo e dia 21 de Abril
vamos dar a conhecer os vencedores e as
principais conclusões. E, na verdade, o
Gestão de Pessoas nas empresas.
que se tem assistido nos últimos anos nos
vários países é diferente e a conjuntura
económica e social tem grande impacto
nos resultados. Empresas “nascidas” no
país parecem ser sempre muito apelativas,
mas ao mesmo tempo são sectores como
os das TI que ganham na atractividade. Por
outro lado, os últimos anos de crise têm
destronado sectores como os da banca e
da construção, mas na Alemanha o sector
automóvel continua a dominar. Assim fica
o convite para acompanhar a divulgação
de quais as empresas mais atractivas para
trabalhar, de acordo com a percepção da
população activa portuguesa

formação e a qualidade dos produtos e


Vencedores 2016 serviços oferecidos. Os homens também
mulheres do Japão mais valorizam. Para
os homens a estabilidade financeira,
O Randstad Award 2016 começou dão importância à utilização das últimas
as oportunidades de carreira a nível
tecnologias.
a distinguir as empresas mais nacional e internacional, a imagem forte
atractivas no Japão, no final do e os valores são o mais importante. Os
mês de Janeiro. Os eventos vão Luxemburgo homens também se sentem mais atraídos
ter lugar em 25 países, sendo o 1.º lugar – RTL Group por empresas que utilizam tecnologias
2.º lugar – Luxair recentes e com produtos e serviços de
último na Austrália, a 5 de Maio.
3.º lugar – Banque de Luxembourg qualidade.
Vamos espreitar os vencedores:
Apesar de o salário, a segurança laboral e
 lemanha
A
o ambiente de trabalho serem os factores Suécia
1.º lugar – BMW
mais importantes na atractividade, os 1.º lugar – IKEA
2.º lugar – Fraunhofer Institut últimos dois critérios são mais valorizados 2.º lugar – Sveriges Television
3.º lugar – Audi por mulheres do que por homens. 3.º lugar – Sveriges Radio
Destaque para os sectores mais O equilíbrio entre a vida privada e
Factores mais importantes na escolha de
atractivos: profissional e a flexibilidade também são
um trabalho: conteúdo da função (20%),
1 – Automóvel mais valorizados por mulheres do que
ambiente de trabalho (16%), salário e
2 – Electrónica por homens. Os homens procuram mais
benefícios laborais (15%), segurança laboral
3 – TI/Consultoria/Telecomunicações oportunidades de carreira internacional,
(12%) e localização conveniente (7%).
empresas financeiramente saudáveis e
com liderança forte, assim como acesso a
Polónia formação e a tecnologias recentes. Suíça
1.º lugar – KGHM Polska Miedz 1.º lugar – Google
2.º lugar – Polskie Linie Lotnicze LOT 2.º lugar – Patek Phillipe
Japão
3.º lugar – Samsung Electronics Polska 1.º lugar – Suntory Holdings Limited 3.º lugar – Swatch
Destaque para o facto de as mulheres 2.º lugar – Kirin Holdings Company, Limited Os cinco factores mais importantes num
darem maior importância a salários, trabalho são: ambiente de trabalho (60%),
3.º lugar – Meiji Holdings Co., Ltd.
segurança no trabalho e flexibilidade salário (53%), segurança laboral (50%),
de horário, enquanto os homens Ambiente de trabalho, boa localização,
equilíbrio vida privada e profissional (48%),
estão mais interessados no conteúdo equilíbrio pessoal e profissional e
e horário flexível (44%).
do trabalho, oportunidades de flexibilidade são os critérios que as

38 Human Resources Portugal Abril 2016


Boas Práticas

volkswagen
autoeuropa
online
O investimento numa
comunicação que
envolva as pessoas,
que lhes traga uma
clara identificação
com o negócio e
com os seus pares,
contribuirá para um
público interno com
níveis superiores
de motivação
no trabalho.

Volk swag en Auto eu r opa

A força da Comunicação
Organizacional
empresarial, que pretende analisar o caso
entre 2008 e 2015, passando pela evolução
Conheça a evolução das práticas de Comunicação Interna
natural das suas práticas de Comunicação
e de envolvimento dos colaboradores na Volkswagen Interna. Afinal o que é que mudou? Em
Autoeuropa, nos últimos 20 anos de produção em Portugal. que é que se inovou?
Um caminho de amadurecimento ao nível da Comunicação,
O diagnóstico de Comunicação
procurando acompanhar a evolução das práticas e trazê-las Organizacional Interna
para o terreno da fábrica. por Inês Romba Em 2008, produzia-se um diagnóstico de
Comunicação Organizacional Interna, atra-

A
vés da aplicação de métodos de auditoria,
auditoria de Comuni- bem como para desenvolver o negócio. em complementaridade: análise documen-
cação Organizacional é Estimulada por uma auditoria de Co- tal, questionário por entrevista dirigida,
um processo no qual as municação Organizacional, que resultou entrevistas não dirigidas e observação do
organizações apostam numa dissertação de mestrado, realizada na ambiente. A permanência a tempo inteiro
como meio de prevenção Volkswagen Autoeuropa, é aqui apresentada na organização decorreu durante duas
e de geração de soluções para situações uma reflexão sobre práticas de comunicação meses, o que permitiu vivenciar as rotinas
de ineficiência e ineficácia da Comuni- interna e o envolvimento das suas pessoas. e experiências dos colaboradores.
cação Organizacional. Assim, a auditoria Este fenómeno é tratado à luz da influência No ano de 2008, como resultado da
de Comunicação Organizacional é uma mútua entre dois conceitos fundamentais auditoria, foram perceptíveis alguns sinais
ferramenta que pode ser usada para para a compreensão organizacional: o da de descontentamento nos colaboradores
identificar e resguardar as boas práticas, Comunicação Interna e o da motivação no da Fábrica Automóvel Autoeuropa, pro-
para alertar a organização para problemas trabalho. Esta influência mútua motivou vocados pela sensação de não auscultação
futuros antes que os mesmos surjam, o contributo à comunidade científica e por parte da administração aquando da

40 Human Resources Portugal Abril 2016


Boas Práticas

tomada de decisões, e pela ausência de uma


comunicação capaz de satisfazer as suas
A Comunicação manifeste, ou combatê-la quando já diag-
nosticada, caso se aposte em estratégias de
necessidades. Para tal contribuía a média
de antiguidade na empresa, de 10 anos, no
mudou e evoluiu. Comunicação Organizacional ajustadas à
organização. Concluímos que é necessário
momento em que esta comemorava 13. Cresceu na forma que haja tempo suficiente e ferramentas
Outra das conclusões foi a de que estes
colaboradores sentiam que poderiam
e no conteúdo. adequadas para que os colaboradores
consigam assimilar o que é necessário,
apresentar um contributo mais activo nas
decisões tomadas sobre as suas tarefas ou
Adaptou-se aos reconhecendo a importância que lhes
é atribuída. A eficiência, assim como a
cargos, sob pena de desenvolverem uma novos tempos e às eficácia, podem ficar comprometidas se a
certa insatisfação com o seu trabalho,
levando consequentemente à falta de
necessidades dos informação interna não circular de forma
a manter os colaboradores informados.
motivação. Importante, também, é referir
que os colaboradores da Autoeuropa devem
seus colaboradores. Principais recomendações
ser vistos e considerados como clientes Na auditoria desenvolvida na Autoeuropa,
internos, com as suas próprias virtudes. A pudemos constatar que um colaborador
missão, objectivos e valores da organização que é ouvido com atenção pelo seu superior
devem ser-lhes transmitidos na forma de hierárquico, e que é consultado acerca de
produtos, utilizando técnicas de Marketing problemas que surgem na sua equipa de
adequadas, contribuindo para uma melhoria trabalho, sente-se por isso tido em conta e
ao nível da Comunicação Organizacional. valorizado. Este tipo de situações provoca
Outro dos pontos fundamentais enumerado atitudes de confiança e de reconhecimento
foi a necessidade de clarificar o objectivo
de cada mensagem transmitida aos cola- Testemunho
boradores. Ainda no âmbito do grupo de
trabalho, destacavam-se como essenciais a João Delgado
concepção de responsabilidade e autono- Director de Comunicação
da Volkswagen Autoeuropa
mia, a par do fornecimento de informação
correcta, atempada e suficiente para o No actual enquadramento
bom desempenho das tarefas e um clima estratégico da Volkswagen
organizacional estável. Autoeuropa, é imperioso que
Uma organização que comunica bem o fluxo de comunicação gerado
internamente é uma organização com pela empresa chegue aos nossos colabora-
colaboradores motivados. Para justificar dores de uma forma rápida e intuitiva.
esta afirmação, é apresentado um exemplo Como tal, a Comunicação Interna e todas
percepcionado na Autoeuropa, ainda em as ferramentas que lhe dão forma são, hoje
2008: alguns dos operários da linha de em dia, o principal foco do departamento
montagem, que obedecem a horários em de Comunicação da empresa.
turnos rotativos, acusavam falhas de infor- A produção de conteúdos e suportes
mação, por parte dos colegas que deixavam para Comunicação Interna tem de ser
o turno anterior. Estes referiam-se à falta encarada com o mesmo rigor e quali-
de conhecimento sobre o trabalho que até dade que encontramos em formatos
aí tinha sido desenvolvido e sobre eventu- de Comunicação Externa, sejam eles
ais problemas que poderiam ter surgido. online ou não. No que toca à experiência
Destaca-se, claro, a dificuldade de uma enquanto consumidor de informação, o
organização de grandes dimensões, com colaborador não é uma pessoa diferente
vários grupos de trabalho, e com um grande na sua esfera profissional do que é na
número de elementos, em conseguir manter pessoal. Portanto, as ferramentas de
os mesmos níveis de motivação que uma Comunicação Interna têm de corres-
menor. No entanto, será possível evitar ponder a esta expectativa.
que a falta de motivação no trabalho se

Human Resources Portugal 41


Boas Práticas

uma comunicação diferente. Cresceu na


campanha interna
forma e no conteúdo. Adaptou-se aos
“Muda a cara da
tua saúde” veio novos tempos e às necessidades dos seus
combater as lacunas colaboradores. Se em 2008 a Comunicação
identificadas há
sete anos e mostrar Interna era uma área pertencente aos
que a empresa está RH, em 2015 esta faz parte de um núcleo
atenta à saúde dos
seus colaboradores. maior e mais especializado, o Departa-
mento de Comunicação, Sustentabilidade
e Imagem. Este novo departamento foi
criado em Junho de 2013, como medida
integrante do processo de evolução e de
O Jornal Autoeuropa era um mudança da comunicação. Com ele, as
meio ainda pouco profissional, novas práticas e rotinas de comunicação
em que era necessário apostar parecem já estar a enraizar-se nas pessoas.
com inovação e criatividade. Os Os meios de Comunicação Interna foram
meios de Comunicação Interna reformulados e a comunicação existente
foram, por isso, destacados na linha de montagem também.
como suportes a melhorar:
estes deveriam adequar-se ao Principais evoluções
target e fornecer a informação Em 2015, a comunicação respira outro ar. Se
de que o seu público sentia falta. anteriormente a Volkswagen Autoeuropa
Também no campo da liga- comunicava com os seus colaboradores
em relação à organização. Não é suficiente ção emocional entre os colaboradores e a através dos meios de sempre: newsletter
definir funções e atribuir tarefas, mas é sua organização foi recomendada a criação semanal Flash, Jornal Autoeuropa, intra-
necessário também explicá-las e manter de um elo mais forte, que potenciasse esta net, comunicados enviados via Outlook
um canal de comunicação aberto e regular relação diária. interno, reuniões de comunicação, painéis
com cada colaborador. É através destas A implementação de soluções pode de informação institucional – Quadros
acções que se alimentam relações interpes- passar pelo recurso a serviços externos à de URQ (equipas de trabalho de área
soais, assim como se esclarecem dúvidas organização ou a alterações nas políticas de produção), quiosques interactivos
e se resolvem problemas. Paralelamente existentes, tais como a reformulação do de touch screen, na área de produção,
às dimensões já referidas é igualmente
importante valorizar o fornecimento de
informação frequente e coerente sobre o
A Comunicação Interna pertence
trabalho, a organização, a chefia ou sobre ao departamento de Comunicação,
os próprios colegas.
Neste sentido, os meios de Comunicação Sustentabilidade e Imagem. Em 2008
Interna oferecidos aos seus colaboradores
fazem, também eles, toda a diferença. Em
fazia parte do departamento de RH.
2008, os meios disponibilizados ainda
não iam ao encontro das necessidades
de um público que se caracteriza por uma projecto de comunicação da organização. folhetos KVP Cascata, Welcome Flyer e
grande percentagem de colaboradores de Em 2015 a empresa oferece isso mesmo, Calendário Autoeuropa, em 2013, inten-
produção sem acesso a computador ou novas respostas às necessidades e expecta- sificam-se os ventos de mudança. E em
email, maioritariamente do sexo masculino tivas de colaboradores que comemoram o 2015 desenvolvem-se novas práticas de
(87%). Apesar de gostarem de se rever vigésimo aniversário da sua casa de quase comunicação, novas rotinas, novos meios.
no jornal, através de estórias de colegas sempre. Estas alterações resultam de um
e de reconhecimentos atribuídos, nem caminho de amadurecimento nas escolhas Boas práticas
todos liam as suas páginas. Por falta de realizadas ao nível da comunicação. Em Abril de 2015, mês em que a produção
tempo, normalmente. Por falta de imagens da Autoeuropa comemorou duas décadas
apelativas e de mensagens suficientemen- O que é que mudou? em Portugal, foi lançada a terceira edição
te claras e impactantes, quase sempre. A comunicação mudou e evoluiu. É hoje da Magazine. A Magazine traz muitas

42 Human Resources Portugal Abril 2016


Boas Práticas

aí registados os índices de assiduidade,


produtividade, resolução de problemas,
resultados de auditorias de qualidade
à equipa, de limpeza e organização, e
acidentes de trabalho.

Adequar a comunicação
A campanha “Muda a cara da tua saúde”
veio combater as lacunas identificadas há
sete anos e mostrar que a empresa está
atenta à saúde dos seus colaboradores.
A Volkswagen Autoeuropa dinamizou
uma campanha interna específica para
o seu público-alvo, em que um grupo
de homens desafiou os seus colegas
a deixar crescerem a barba por uma
causa muito nobre: a prevenção para
problemas de saúde específicos do sexo
masculino. Esta campanha inspirou-se
no movimento Movember, dedicado
novidades e transformou o antigo Jornal à saúde do homem, e foi comunicada
Autoeuropa num formato mais moderno, através de imagens e compromissos:
sofisticado e bonito. O jornal mudou de «homem que é homem… usa barba rija»;
look e de conceito, dando lugar a uma «homem que é homem… não tem medo
revista de capa dura e acabamento mate. de seringas»; «homem que é homem…
O seu interior revela uma transformação trata de si»; entre outros.
face ao formato que havia sido avaliado em Para assinalar os 20 anos de produção
2008, não tanto nos temas, mas na forma em Portugal em 2015, a Volkswagen Au-
apelativa como os trabalha e apresenta. toeuropa desenvolveu um logotipo que
Um meio que poderia estar em qualquer representa esta celebração. Marcando
banca portuguesa ou internacional. Tam- presença nos seus meios de Comuni-
bém o seu lançamento, algo polémico e cação Interna e Externa, esta imagem
irreverente, constitui mais um marco reforça a comemoração daquilo que
de diferença na empresa portuguesa, de une os cerca de três mil colaboradores
origem alemã. O Jornal Autoeuropa era da fábrica de Palmela.
disponibilizado em escaparates ao longo A Comunicação Organizacional
da fábrica. A Magazine não. É distribuída Interna (COI) possui um relevo evi-
no momento do seu lançamento à chegada denciado pela importância na vida dos
dos turnos dos colaboradores. colaboradores e no sucesso do negócio. A
A newsletter semanal Flash, que COI permite o estabelecimento de rela-
adopta hoje o nome de Flash semanal, ções interpessoais entre os membros da
continua a constituir um meio de comu- organização, a transmissão e circulação
nicação onde se reúnem as principais de informação entre todos, bem como
informações sobre nomeações, normas a troca de mensagens regulares entre
de segurança, entre outros. Possui, no a administração e os colaboradores.
entanto, um visual renovado, um tama-
nho maior, um papel mais claro e mais
cores. Também nas equipas de trabalho
Inês Romba
– as URQ (Unidades Reguladoras de Doutorada e directora de
Qualidade) – é oferecida informação Marketing na FCH da Univ.
organizada - Shopfloormanagement - são Católica Portuguesa.

Human Resources Portugal 43


Internacional

Quebrar
as más
barreiras
Como as empresas podem
ficar limitadas por silos que
inibem a colaboração – e
como se podem livrar deles.
Por Paul Barnett

N
o mundo dos negócios, programados para classificar o mundo experiência a cobrir a crise financeira
os silos ganharam, de e organizá-lo por grupos», escreve em global, é uma tentativa excelente de
certa forma, má fama. “The Silo Effect: The Peril of Expertise ajudar organizações e indivíduos a
O termo “silo” tornou- and the Promise of Breaking Down descobrirem como aproveitar os be-
-se sinónimo de taca- Barriers”. Simplesmente é preciso nefícios da especialização sem criar
nhez, de preconceito institucional e compreender que temos de dominar uma visão de túnel.
de rivalidades interdepartamentais os silos antes que eles nos dominem a Tett cita o Facebook como exemplo
crescentes. Os silos são uma metáfora nós. Com referências pormenorizadas de uma empresa que tenta aproveitar
para as estruturas empresariais que a empresas que conseguiram desman- os benefícios das especializações, o que
impedem que o todo empresarial seja telar silos (ou ser limitadas por eles), inclui rapidez e responsabilização, sem
maior do que a soma das partes. Tett, managing editor e colunista do sofrer os efeitos negativos. Para impe-
Contudo, não devíamos ver os “Financial Times”, oferece um guia dir que os grupos internos se tornem
silos de uma forma negativa, afirma para isso mesmo. demasiado competitivos, o Facebook
a jornalista Gillian Tett. São uma O “The Silo Effect” é uma versão roda conscientemente as pessoas por
consequência inescapável e funda- em papel do que Tett é como pessoa diferentes equipas e funções, cria laços
mental da necessidade e complexi- – incisiva, perspicaz e concisa. E o sociais, usa plataformas de comunicação
dade empresariais. Mais importante, livro, que aproveita a sua formação eficazes e assegura que grupos distin-
existem porque «os humanos estão como antropóloga académica e a sua tos “colidam” frequentemente. Estas

44 Human Resources Portugal Abril 2016


iniciativas, ou “experiências sociais”, a Sony, a UBS, o Bank of England e a Capital Management. O último exem-
como Tett lhes chama, têm sido nume- Reserva Federal dos EUA). A segunda plo descreve como o “hedge fund”
rosas e têm origem nos antecedentes metade do livro oferece histórias con- «ganhou dinheiro ao aproveitar os
de Mark Zuckerberg como aluno de trastantes do Departamento de Polícia silos existentes no sistema financeiro
Psicologia em Harvard. Tett cita um de Chicago, do Facebook, da Cleveland à sua volta».
executivo sénior do Facebook, que se Clinic e, por fim, da BlueMountain Os silos podem ser prejudiciais
referiu às iniciativas como tentativas porque encorajam aquilo a que os aca-
deliberadas de ser «anti-Sony e anti- démicos de gestão chamam de deriva
-Microsoft». estratégica. «À medida que o tempo
Uma das iniciativas de engenharia livro passa, em qualquer estrutura organi-
social é o “campo de treino” de seis zacional, as pessoas são incentivadas
semanas do Facebook, concebido para “The Silo a, e sentem interesse em, defender os
colocar os novos colaboradores ao ritmo limites existentes», afirma Tett. «Se
das práticas da empresa, simultane- Effect” alguém tem sucesso num departamento
amente promovendo bons hábitos e em particular, tentam defendê-lo a todo
estabelecendo laços sociais duradouros. o custo, o que resulta em estruturas de
Contudo, como Tett me indicou numa poder que atrapalham.» Por sua vez,
entrevista, «a coisa mais importante no isso cria uma maior inflexibilidade
Facebook é que eles passaram algum interna, ainda que o ambiente externo
tempo a pensar no assunto e a analisar Gillian Tett mude rapidamente.
a forma como as pessoas interagem». Managing Tett cita a gigante japonesa Sony
As empresas que têm em conta as editor e como um contra-exemplo do Face-
colunista do
estruturas sociais estão muito mais “Financial
book. A Sony, revela, é «o exemplo
atentas a questões que envolvem silos, Times” clássico de uma empresa que teve êxito
e, como resultado, conseguem geri-las com um produto [o Walkman] e que
de uma forma mais eficaz. criou muitas pessoas interessadas em
Todavia, não chega fazer uma sim- É uma tentativa excelente de defendê-lo». Em 2000, a convergência
ples rotação de programadores de ajudar organizações e indivíduos entre hardware, software e conteúdos
equipas que trabalham no móvel para a descobrirem como aproveitar musicais era tão completa que existia
equipas que se dedicam a aplicações. os benefícios da especialização pouca congruência entre os mercados
Os esforços para enfraquecer a rigidez sem criar uma visão de túnel. que a Sony desejava atingir e o ambiente
corporativa podem ser minados pela R Entidades prejudicadas por silos:
interno de silo que havia criado.
rigidez individual. A cultura é criada Sony, UBS, Bank of England e Claro que os humanos se sentem
pelas pessoas, e não pelas estruturas. Reserva Federal dos EUA. atraídos por silos muitos antes de
«As mentes flexíveis são tão impor- R Empresas que quebraram silos: começarem a trabalhar. Como Tett
tantes como as estruturas flexíveis», Departamento de Polícia de Chicago, indica, «os sistemas educacionais tor-
escreve Tett. Facebook, Cleveland Clinic e nam os indivíduos tão especializados
BlueMountain Capital Management.
A primeira parte do livro cobre enti- que, se não tivermos cuidado, somos
dades prejudicadas por silos (incluindo empurrados para uma direcção em
particular que leva a um gueto inte-
lectual e social, e deixamos de ver o
No mundo dos negócios, os silos ganharam, quadro geral». A formação vocacional,

de certa forma, má fama. O termo “silo”


focada em necessidades específicas,
reforça a mesma tendência.
tornou-se sinónimo de tacanhez, de Para complicar a situação, a pró-
pria estrutura dos mercados actuais
preconceito institucional e de rivalidades encoraja e reforça o comportamento de

interdepartamentais crescentes.
silos. Estamos a «viver numa cultura
onde ser hipereficiente é visto como
algo muito positivo». E o inimigo da
eficiência é o tempo de inactividade.

Human Resources Portugal 45


Internacional

Mudar de hábitos
Como humanos,
podemos ser
propensos a adoptar
hábitos difíceis de
mudar. Contudo, Tett
lembra-nos que «não
temos de ficar presos
a padrões culturais
que herdamos. Não
somos robôs.»

«Não existem tempos mortos», declarou nota, é em parte um desafio, porque a


Tett numa entrevista. «E precisamos pressão para se especializar parece tão
de tempos mortos para criar situações irresistível como a força da gravidade.
imprevistas e para fazer com que as Contudo, é vital. A especialização pode
pessoas vagueiem e colidam com o levar a uma visão pouco vasta e a formas
inesperado.» de pensar limitadas. Como humanos,
Este argumento não é propriamente podemos ser propensos a adoptar
novo. No seu livro de 1997, “The Living hábitos difíceis de mudar. Contudo,
Company”, Arie de Gus, antigo director Tett lembra-nos que «não temos de

Não devíamos
de estratégia da Shell, defendeu que as ficar presos a padrões culturais que
empresas deveriam oferecer aos seus herdamos. Não somos robôs.»
colaboradores tempo para brincar,
para criar modelos e para pensar em
ver os silos de Quebrar silos exige trabalho – e
é um acto de equilíbrio. Para termos
cenários. Fazê-lo permite aos colabora- uma forma sucesso nos locais de trabalho de hoje,

negativa, são uma


dores criarem uma “história do futuro” precisamos de ser colegas funcionais
– visões mentais de futuros possíveis, e úteis à medida que trabalhamos nos
apoiadas por uma linguagem partilhada.
No mundo hipercompetitivo de hoje,
consequência nossos cubículos. Mas, como Tett ar-
gumenta convincentemente, também
esses esforços parecem uma indulgên- inescapável e temos de fazer um esforço consciente

fundamental da
cia impossível. Mas Tett relembra aos para procurarmos novas perspectivas,
líderes empresariais o valor do tempo expormo-nos a novas experiências e
gasto por Steve Jobs a estudar caligrafia
japonesa, e o impacto que isso teve na
necessidade e colocarmo-nos no lugar dos outros.

forma como via o design. complexidade


empresariais.
Tett acautela que, tal como as em-
presas, os indivíduos precisam de ter Paul Barnett
noção dos silos e de ser responsáveis Fundador e CEO da Strategic
por os evitar. Evitar os silos mentais, Management Forum.

46 Human Resources Portugal Abril 2016


Internacional

O que os emails
revelam sobre
a sua empresa
estas e outras áreas nas suas organizações.
Podem então usar estas informações para
Ao estudarem dados obtidos dos arquivos de gerar melhores resultados.
email e de outras fontes, os gestores podem Ao longo dos últimos 15 anos, trabalhei
recolher informações surpreendentes sobre a com investigadores no Centro de Inteligên-
forma como os grupos devem ser organizados e cia Colectiva do MIT, com a Wayne State
University, com a Universidade de Colónia
liderados – e sobre boas participações e padrões e com a Universidade de Ciências Aplicadas
de comunicação. Por Peter A. Gloor do Noroeste Suíço, estudando centenas de
organizações através das suas redes sociais

E
como os emails e outros arquivos electró-
se – com antecedência e clientes, quais os comportamentos de nicos. O objectivo é desenvolver métricas
– pudéssemos calcular a comunicação com mais possibilidade de e ferramentas de software que tornam a
probabilidade de alguns gerar resultados de sucesso? Acontece que, avaliação da comunicação informal dentro
dos melhores colaboradores ao analisarem dados de fontes como emails das organizações tão válida como os salários
estarem de saída? Ou se arquivados, mensagens do Twitter e páginas e a contabilidade. Como muitas empresas
pudéssemos ver, a partir de interacções de grupos do Facebook, os gestores podem de software, como a SAP, se especializam
por email entre os melhores vendedores de facto aprender muito sobre como gerir em ajudar as organizações a controlar as

48 Human Resources Portugal Abril 2016


informações financeiras e os processos de Primeiro, comprometemo-nos a fazer
negócio estruturados, procuramos fazer Curiosidade análises anónimas. Fornecemos à gestão
com que as empresas analisem fluxos resultados anónimos agregados por equipas
informais de conhecimento.
Ao estudarmos dados internos dis-
Colocar o ou unidades de negócio; as únicas pessoas
que vêem as informações individualizadas
poníveis, estruturámos as redes sociais sistema a sobre padrões de comunicação são os
numa série de contextos: departamen-
tos de I&D de empresas automóveis,
funcionar próprios indivíduos. Segundo, restrin-
gimos a maioria das nossas análises de
departamentos de Marketing de bancos, conteúdo à informação no cabeçalho dos
equipas comerciais em empresas de alta Os indicadores da colaboração emails, o que inclui o emissor, o receptor,
tecnologia, hospitais, grandes empresas que discutimos foram o assunto e a data. (Usamos software para
de consultoria e processos de outsourcing. integrados numa ferramenta avaliar mensagens inteiras à procura de
Além disso, estudámos organizações com de software chamada Condor, sentimento e emoção. Todavia, quando
fontes abertas como programadores de desenvolvido pela nossa equipa usámos análises à linguagem feitas com
no Centro de Inteligência
software, editores da Wikipédia e comu- software, procurámos sentimentos e pa-
Colectiva do MIT ao longo dos
nidades online de pacientes com doenças drões de utilização de palavras novas, e não
últimos 10 anos.
crónicas. Estudar todas estas organizações o conteúdo das mensagens individuais.)
ajudou-nos a identificar os principais cri- Por fim, comprometemo-nos com uma
térios que distinguem as organizações de comunicação transparente. À medida
forte desempenho das menos afortunadas que fizemos a nossa análise, organizámos
e as equipas fortemente inovadoras das reuniões regulares com os parceiros de
menos criativas. pesquisas, nas quais descrevemos o pro-
Notei pela primeira vez nos distintos cesso e revelamos as nossas descobertas.
comportamentos de comunicação dos Estas reuniões não são apenas para a gestão
inovadores no início da década de 90, sénior, estando igualmente abertas para
quando trabalhei como aluno de pós- colaboradores interessados.
-doutoramento no Laboratório das Ci-
ências Computacionais do MIT. Tim R O Condor calcula automaticamente Indicadores de colaboração
Berners-Lee, considerado o criador da os sinais a partir de emails, do Ao estudarmos dados de várias fontes
World Wide Web, entrara recentemente Twitter ou de outros arquivos de (como arquivos de email, tweets e links
comunicação. Os indicadores,
no nosso grupo como cientista visitante para blogues), os nossos investigadores
juntamente com um mapa da
e o seu estilo de comunicação sobressaiu rede de emails, podem ser usados de redes sociais identificaram vários in-
no nosso grupo. Por exemplo, na altura era como painel de instrumentos dicadores que revelam como funciona a
normal as pessoas demorarem semanas a para avaliar a comunicação e comunicação colaborativa. Os indicadores
responder a um email, mas Berners-Lee podem ser partilhados com os podem guiar os gestores em decisões rela-
colaboradores. Chamamos “espelho
costumava responder aos seus emails ao tivas à organização e liderança dos grupos,
virtual” ao processo de mostrar às
fim de minutos. Desde então, identifiquei pessoas o seu comportamento de aos níveis recomendados de participação
outros padrões de comunicação em em- comunicação. Os colaboradores por cada membro do grupo, à rapidez com
presas de sucesso e testei a sua relação com obtêm um “espelho virtual” do que se espera que os membros respondam,
o desempenho nas organizações e num seu padrão de comunicação (com ao tom da linguagem que os membros
base no arquivo de email) e podem
seminário que ensinei com colegas desde da equipa devem usar e até que ponto a
ver como estão em comparação
2005 no MIT, na Universidade Aalto de com outros, em várias dimensões. linguagem deve ser técnica. Eis algumas
Helsínquia e na Universidade de Colónia. Normalmente, os colaboradores das nossas principais descobertas.
Uma questão que surge antes de qual- recebem as suas próprias R Tipo de liderança. Ainda que seja espectável
quer projecto de pesquisa que implica informações e informações sobre a que numa equipa colaborativa todos sejam
forma como outros interagem com os
analisar arquivos de email e outros tipos líderes, a nossa pesquisa descobriu que
seus departamentos.
de comunicação envolve a privacidade. as pessoas criativas trabalham de forma
Compreensivelmente, gestores e cola- mais eficaz quando têm líderes fortes.
boradores preocupam-se com o acesso a Por exemplo, na Wikipédia, o epítome da
informações privadas. No nosso trabalho, colaboração criativa, os grupos pequenos
abordamos esta questão de três formas. com fortes líderes completam artigos de

Human Resources Portugal 49


Internacional

qualidade muito mais depressa do que


os grupos maiores sem líderes claros. O
mesmo acontece na investigação médica,
onde equipas com uma liderança reco-
nhecida são vistas como mais criativas
pela gestão sénior.
Contudo, além da importância dos
líderes fortes para a criatividade, desco-
brimos também que os grupos com líderes
rotativos tendem a trabalhar ainda melhor.
Descobrimos isto quando estudámos a
comunicação por email entre os programa-
dores do software de fontes abertas Eclipse.
Avaliámos o desempenho e a criatividade
dos programadores, analisando a criativi-
dade em termos de rapidez a implementar
novas características e desempenho em
termos de rapidez a solucionar bugs de a produção de investigações de equipas analisámos o tempo de resposta dos emails
software. Descobrimos que uma liderança médicas foi classificada de mais criativa em diferentes departamentos. Seis depar-
rotativa era o melhor factor de previsão quando os investigadores contribuíam à tamentos demoraram em média cerca de
das equipas criativas. Subsequentemente vez, com os juniores e os seniores a rodar três dias a responder; um departamento
descobrimos este padrão em dezenas de na posição de principal contribuidor. demorou quase seis dias. Descobrimos
redes organizacionais, incluindo dentro Aumentar a participação, porém, nem que o gestor desse departamento tinha
do nosso próprio seminário e entre os sempre é a melhor opção. Para as equipas sido substituído e os colaboradores não
investigadores médicos que desenvolviam de gestão de contas de uma empresa de estavam satisfeitos com isso. Claro que, na
inovações para pacientes com doenças serviços globais, por exemplo, descobrimos era dos smartphones, o tempo de resposta
crónicas. As equipas onde os indivíduos que a satisfação dos clientes era mais alta diminuiu; o tempo médio de resposta para
diferentes lideram o grupo à vez eram quando alguns líderes escolhidos comu- os colaboradores que recebem centenas
mais criativas do que as equipas onde uma nicavam regularmente com os clientes, de emails por dia desceu para cerca de
única pessoa estava consistentemente à em vez de existir um grande número de duas horas.
frente da equipa. colaboradores a comunicar com o cliente. Contudo, dependendo do contexto,
Todavia, em contextos onde a fiabilidade R Tempo de resposta. A velocidade da res- a rapidez da resposta nem sempre é sig-
é mais importante do que a criatividade, uma posta e o número de tentativas antes nificativa. Por exemplo, estudámos uma
liderança estável – em vez de rotativa – é que um possível parceiro de comunica- popular fornecedora de serviços de negócio
mais benéfica. Por exemplo, ao estudarmos ção responda aos seus emails tendem a (incluindo serviços de contabilidade e RH)
as enfermeiras dos cuidados pós-anestesia ser excelentes indicadores da satisfação com call centres na Índia, nas Filipinas, no
de um grande hospital, descobrimos que os dos colaboradores e dos clientes, além México e na Europa de Leste para vermos
pacientes tinham tendência para acordar do respeito mútuo. Por exemplo, numa se a velocidade da resposta estava ligada à
mais depressa da anestesia se uma enfer- empresa de consultoria em 2008 (antes satisfação do cliente. Em geral, descobrimos
meira sénior estivesse a liderar a equipa de os smartphones serem populares), que não tinha qualquer influência directa na
o dia todo.
R Nível de participação. Nas equipas, existe
uma diferença entre consumidores de O objectivo é desenvolver métricas e
informação e produtores de informação,
ou “contribuidores”. Descobrimos que
ferramentas de software que tornam a
as equipas cujos membros principais avaliação da comunicação informal dentro
contribuíam com um número semelhante
de mensagens por email eram mais criati- das organizações tão válida como os
vas do que as equipas onde apenas alguns
indivíduos contribuíam com a maioria
salários e a contabilidade.
das mensagens. Num contexto diferente,

50 Human Resources Portugal Abril 2016


Internacional

satisfação ao cliente. Todavia, encontrámos


Em 4 passos uma ligação importante entre a rapidez
com que o cliente respondia ao email da
Como melhorar o desempenho gestora de cliente e a sua satisfação: os
clientes felizes normalmente respondem
mais depressa aos emails. Isto indica que
Com base na nossa pesquisa, desenvolvemos um processo para não é suficiente responder rapidamente
analisar e melhorar o desempenho das organizações, usando os aos clientes – também é preciso resolver os
indicadores calculados pelo Condor.
problemas (ainda que, é certo, responder
R Definir as redes sociais líderes podem ajudá-las a alterar o às mensagens com lentidão é uma forma
e padrões de comunicação. seu comportamento para um melhor de criar clientes infelizes).
Como um primeiro passo exploratório, desempenho. Ver como uma equipa R Tom. Apesar de não analisarmos os conte-
analisamos e quantificamos os padrões comunica pode ser uma experiência údos das mensagens, usamos um software
de comunicação e as estruturas das reveladora para os membros da
redes sociais embutidas nos arquivos
para avaliá-las pelo seu sentimento e
mesma e dar origem a alterações
da comunicação organizacional. emoção. De facto, o tom da linguagem
fundamentais no seu comportamento.
Usamos estes dados para visualizarmos Por exemplo, num projecto de 18 meses que os comerciais usam com os clien-
as redes sociais e desenvolvermos com uma fornecedora de processos tes pode oferecer indicadores bastante
hipóteses iniciais sobre os padrões de de outsourcing, conseguimos mostrar importantes sobre o estado da relação.
comunicação que serão adequados
para o sucesso do negócio.
que a satisfação dos clientes em cujas Por exemplo, ao revermos o arquivo dos
equipas aplicavam este processo emails sobre um processo de outsourcing
melhorava, enquanto a satisfação
R Comparar atributos estruturais
dos clientes nos quais as equipas não
com uma fornecedora de serviços global,
com o sucesso da empresa.
A seguir, comparamos o usavam o processo diminuía. descobrimos que quanto mais positiva
comportamento de comunicação é a linguagem usada por um comercial
R Criar um plano para optimizar a
notado no primeiro passo com com o cliente, menos feliz ficava o cliente.
comunicação e obter mais sucesso.
padrões que vimos como sinais
Assim que os gestores descobrem quais Noutras circunstâncias descobrimos que
de uma melhor conectividade, uma mistura de linguagem positiva e ne-
os indicadores que estão relacionados
interactividade e partilha entre
indivíduos com sucesso e métricas
com o sucesso e o fracasso, podem gativa na mesma mensagem indicava um
de fracasso que são importantes para
mudar os comportamentos de desempenho melhor. Ao avaliarmos os
comunicação dos colaboradores, o que atritos entre colaboradores, descobrimos
a organização (como por exemplo as
pode levar a acordos melhores, clientes
métricas de satisfação do cliente).
mais satisfeitos e colaboradores mais
que as pessoas com mais probabilidade de
Estes padrões variam deixarem os seus empregos se tornavam
significativamente, dependendo felizes. Por exemplo, quando os gestores
do tipo de organização, do sector de conta de uma grande fornecedora menos emocionais na linguagem usada
e dos indivíduos analisados. Por de serviços foram informados da forma e contribuíam com menos liderança na
exemplo, descobrimos que uma como comunicavam em comparação rotação nos três meses anteriores ao seu
com os seus pares e o que tipo de
equipa de investigadores médicos pedido de demissão do que as pessoas que
devia usar uma linguagem mais comportamento de comunicação
apreciado pelos seus clientes,
não estavam a planear sair.
emocional, enquanto as equipas
conseguiram um aumento de 5% na R Contexto partilhado. As equipas que
comerciais de uma grande empresa
de alta tecnologia deviam usar uma satisfação do cliente ao fim de seis meses. funcionam bem tendem a definir a sua
linguagem mais clara.
Ao analisarmos os vários sinais
própria linguagem. A World Wide Web
R Espelhar comportamentos de colaboração dos registos de criou novos termos como HTML e http e
de indivíduos e equipas. comunicação electrónica, os gestores deu novo significado a palavras existentes.
Ao mostrarem às pessoas como podem obter uma visão única do Na nossa pesquisa, analisámos a utilização
o seu comportamento e o sistema nervoso da organização de palavras novas de duas formas. Quanto
comportamento da sua equipa – permitindo-lhes optimizar a
maior o sucesso de alguém a introduzir
diferem das melhores práticas de comunicação para uma colaboração
outras equipas comparáveis, os e inovação superior.
palavras novas, mais influente ele é.

Peter A. Gloor
Cientista de investigação
no Centro de Inteligência
Colectiva do MIT.

52 Human Resources Portugal Abril 2016


Internacional

O
que faz com que os colabo-
radores se sintam empe-
nhados? A demanda para
responder a este enigma
está a tornar-se cada vez
mais importante para as organizações,
porque o empenho dos colaboradores
está ligado ao desempenho no emprego:
colaboradores empenhados tendem a
ser mais produtivos. Além disso, o em-
penho no trabalho é um determinante
importante para o nível de lealdade
que os colaboradores mostram para
com as suas respectivas organizações.
Os executivos devem compreender o
que motiva os colaboradores a serem
excelentes nos seus empregos para
reduzirem o risco de “fuga de cérebros”
e, no fundo, para criarem um sucesso
organizacional sustentado.
Um dos pré-requisitos cruciais do
bem-estar dos colaboradores é que
estes têm de sentir que confiam nos
seus gestores de linha. A confiança nas
autoridades basicamente molda as
expectativas dos colaboradores sobre
a forma como serão tratados no futuro
– em termos de aquilo que as autorida-
des provavelmente farão e como irão
executar as suas decisões. Quanto mais
confiança os colaboradores tiverem nos
seus gestores, mais esperarão que os
resultados organizacionais sejam favo-
ráveis e que os procedimentos usados
pelas autoridades para planearem e

Como a equidade
implementarem decisões sejam justos.
Contudo, pelo menos um estudo
descobriu que, para muitos colaborado-

no trabalho afecta res, interagir com o gestor de linha é o


momento menos agradável do dia. Isto

o empenho é problemático porque uma descoberta


feita numa pesquisa proeminente no
domínio da psicologia social sugere
que as pessoas tendem a percepcio-
nar e a responder a decisões de forma
Novas pesquisas oferecem informações sobre consistente com as suas expectativas
os efeitos que procedimentos e resultados justos – anteriores. Essa descoberta sugere
que os colaboradores que esperam que
ou a falta deles – têm na dedicação e envolvimento
os gestores de linha sejam desleais o
dos colaboradores. Por Matthias Seifert, Joel Brockner, sejam igualmente para a organização e
Emily C. Bianchi e Henry Moon exibem níveis mais baixos de motivação,

54 Human Resources Portugal Abril 2016


o que pode resultar num desempenho gestores interromper o círculo vicioso longe, quando os colaboradores que co-
profissional abaixo do esperado. Além perpétuo entre a confiança e o empenho. meçaram com um nível alto de confiança
disso, a relação entre a confiança dos Examinámos o efeito da confiança inicial na sua gestão passaram por processos
colaboradores nas autoridades que dos colaboradores nas autoridades que laborais injustos combinados com resul-
tomam decisões e o seu empenho para tomam decisões, a favorabilidade dos re- tados desfavoráveis; e segundo, o maior
com a organização perpetua-se: de acordo sultados e a equidade dos procedimentos aumento no empenho organizacional
com vários estudos, os colaboradores na forma como os colaboradores mais ocorreu, de longe, quando os colabo-
cautelosos que mostram um nível baixo empenhados se sentem em relação às radores que exibiam um nível baixo de
de empenho são tratados de forma menos suas respectivas organizações. confiança nas autoridades que tomam
positiva pelos seus superiores, o que por A nossa pesquisa confirmou de manei- decisões encontraram processos justos
sua vez desencoraja os colaboradores a ra geral a ideia de que os colaboradores juntamente com resultados favoráveis.

Motivação
Os executivos
devem
compreender o
que motiva os
colaboradores a
serem excelentes
nos seus empregos
para reduzirem
o risco de “fuga
de cérebros” e,
no fundo, para
criarem um sucesso
organizacional
sustentado.

empenharem-se mais. Por outras pala- que mostram um nível alto de confiança As nossas descobertas sugerem assim
vras, os colaboradores que mostram um na gestão estão mais empenhados na que quando a experiência do resultado
nível baixo de empenho como resultado organização do que aqueles que não con- e a equidade do processo divergem da
de não confiarem na gestão são muitas fiam nos seus superiores. Curiosamente, forma como os colaboradores esperam
vezes apanhados num círculo vicioso. fizemos duas observações importantes: ser tratados, essa experiência inespera-
A nossa pesquisa oferece informações primeiro, o declínio mais íngreme no da tem um forte efeito no seu nível de
sobre os tipos específicos de compor- empenho organizacional ocorreu, de empenho organizacional.
tamentos no trabalho que podem dar
origem a esses círculos, assim como de
comportamentos que permitem aos O empenho dos colaboradores está
gestores afastarem-se deles. Na nossa
pesquisa, examinámos os estimuladores ligado ao desempenho no emprego:
por detrás do empenho dos colabora-
dores em ambientes de muita e pouca
colaboradores empenhados tendem
confiança. O nosso estudo oferece um a ser mais produtivos.
teste sistemático das condições que
podem permitir aos colaboradores e

Human Resources Portugal 55


Internacional

A nossa pesquisa foi feita por dois


estudos no terreno e uma experiência
em laboratório. O primeiro estudo no
terreno envolveu 153 estagiários na área
da Gestão de uma empresa de navegação
do Reino Unido que opera mais de 100
navios de contentores em todo o mundo,
e o segundo estudo reuniu 362 pessoas
que trabalhavam a tempo inteiro e que
eram membros de um painel de pesquisa
online nos Estados Unidos da América.
Num terceiro estudo, recrutámos 247
adultos para uma experiência de labo-
ratório a fim de avaliarmos a fiabilidade
das nossas descobertas num ambiente
controlado. Em cada estudo, os parti-
cipantes completaram um inquérito
feito para captar as suas percepções
individuais sobre diferentes aspectos da
sua relação laboral actual. Foram criados
Em ambientes de confiança,
modelos de regressão hierárquica usando o empenho na organização diminui
a favorabilidade dos resultados, a equi-
dade dos procedimentos e a confiança imenso quando os líderes não
na gestão como factores de previsão do
nível de empenho organizacional dos
conseguem gerir os procedimentos
participantes. A diversidade das amostras e os resultados com equidade.
empíricas permitiu-nos estudar as rela-
ções baseadas na confiança e a percepção
de equidade organizacional numa vasta
gama de contextos profissionais. é particularmente característico para Sugestões
Os resultados foram bastante consis- colaboradores relativamente novos nos Como aumentar o empenho
tentes nos três estudos e provaram uma seus cargos. dos seus colaboradores?
generalidade alta em vários aspectos. Em As nossas descobertas têm implicações Tendo em conta esses pontos,
particular, descobrimos que, quando os claras para a gestão do bem-estar dos cola- propomos as seguintes directrizes
colaboradores experimentam algo que boradores. As organizações podem atingir para os gestores:
diverge da forma como esperam ser um nível mais alto de empenho da força de
tratados, reagem veementemente na trabalho ao desenvolverem e manterem 1 Estabelecer regras claras e ser
direcção da experiência inesperada; e relações baseadas na confiança. A chave transparente na sua implementação.
quando os procedimentos e os resultados parece ser a antecipação contínua e a gestão Como a percepção da equidade nos
são os esperados – justos ou não – os co- da chamada “disparidade expectativa- procedimentos e nos resultados afecta
laboradores reagem de forma consistente -experiência”. Quaisquer divergências fundamentalmente o empenho dos
com as suas expectativas anteriores. Mais negativas identificadas entre expectativas colaboradores, os executivos devem
especificamente, em ambientes de pouca e experiências devem ser interpretadas ser transparentes nas suas decisões.
confiança, estabelecer procedimentos como percursoras de uma perda potencial Isto exige estabelecer regras claras
justos com resultados justos leva a um na motivação e no empenho, o que por fim e implementá-las consistentemente
aumento substancial do empenho dos co- pode resultar na redução da produtividade. em diferentes níveis hierárquicos da
laboradores; por outro lado, em ambientes Pelo lado positivo, quando os colaboradores organização. É importante manter em
de confiança, o empenho na organização desconfiados são alvo de procedimentos mente as duas questões seguintes:
diminui imenso quando os líderes não justos e resultados favoráveis, mostram b Em ambientes onde há pouca
conseguem gerir os procedimentos e os um aumento necessário no seu empenho confiança, estabelecer regras claras
resultados com equidade. Este padrão organizacional. sobre procedimentos e distribuição de

56 Human Resources Portugal Abril 2016


Internacional

resultados representa uma oportunidade, dos colaboradores. Por outras palavras, uma noção das razões por detrás de ex-
já que isto tem um forte efeito positivo como as circunstâncias pessoais, neces- pectativas que não foram cumpridas. Por
no empenho dos colaboradores. sidades, demografias, responsabilidades exemplo, as organizações podem querer
b Em ambientes onde há muita con- profissionais, ambições e objectivos dos respostas a perguntas como “as expecta-
fiança, a incapacidade de estabelecer regras colaboradores variam bastante de pes- tivas dos colaboradores são realistas?” ou
claras sobre procedimentos e resultados soa para pessoa, os gestores não podem “ocorreu algum incidente antes do final
representa uma ameaça, pois pode prejudicar simplesmente assumir que conhecem as do projecto que tenha feito com que os
gravemente o empenho dos colaboradores expectativas dos seus subordinados. Por colaboradores tenham revisto os seus
se os procedimentos injustos e os resultados exemplo, um colaborador a tempo parcial objectivos?” Numa escala mais abrangente,
pouco favoráveis não são punidos. pode ter expectativas diferentes sobre o a comunicação é vital para gerir e criar
que significa equidade, em comparação boas relações de confiança no trabalho.
2 Compreender que a simples gestão As organizações devem estar empenhadas
da equidade dos procedimentos ou num fluxo aberto de informações entre
resultados pode fazer a diferença. Por gestores e colaboradores que permita uma
vezes, os executivos podem ter mais con- comunicação contínua e honesta sobre as
trolo sobre os resultados das decisões do questões importantes que têm impacto
que durante o processo usado para tomar no desempenho profissional. O controlo
essas decisões, ou vice-versa. Além disso, contínuo da satisfação dos colaboradores,
os líderes que tomam decisões tendem a partilha dos resultados das avaliações
normalmente a comunicar mais sobre formais e o desenvolvimento conjunto de
resultados ou processos. A nossa pesquisa planos de acção ajudarão a prevenir que
indica que gerir (ou não conseguir gerir) possíveis disparidades negativas entre as
apenas um destes aspectos resultará expectativas e a experiência aumentem
provavelmente numa mudança subs- ao longo do tempo.
tancial no empenho dos colaboradores Em suma, as nossas descobertas revelam
se as expectativas anteriores diferem das como é importante que os executivos
da experiência real dos colaboradores. com um colaborador a tempo inteiro. giram de forma pró-activa a equidade
Por exemplo, se um gestor pouco fiável Em vez disso, as expectativas devem organizacional. Fazê-lo exige um esforço
usar um processo claramente justo, mas ser identificadas individualmente e em coordenado que deve estar incutido nos
as informações sobre resultados forem termos pessoais. Isto pode ser feito em valores e tradições de uma empresa.
desconhecidas, os colaboradores podem determinadas empresas com diálogos Esse esforço deve resultar não só num
ainda assim mostrar um aumento signi- informais ao longo do ano, assim como aumento do empenho dos colaboradores,
ficativo no empenho. Contudo, apesar em reuniões anuais de avaliação. Além como também num sucesso empresarial
de a equidade dos procedimentos e os disso, existem inquéritos de opiniões mais sustentado.
resultados positivos influenciarem o online que, por exemplo, podem ser
empenho dos colaboradores, os nossos distribuídos entre colaboradores cada
Matthias Seifert
estudos mostram que quando ambos vão vez que um projecto importante chega Professor de Operações e
na mesma direcção e são contrários às ao fim e que podem ajudar a avaliar com Tecnologias na IE Business
expectativas dos colaboradores, ocorre eficiência as experiências dos colabo- School em Madrid.
um grande salto no empenho, para melhor radores e a dar conta de divergências
Joel Brockner
(quando os colaboradores mais cépticos importantes nas suas expectativas. Professor de Gestão na
são alvo de procedimentos justos e resul- Columbia Business School
tados favoráveis) ou para pior (quando 4 Criar um fluxo aberto de informações em Nova Iorque.
os colaboradores que confiam são alvo entre gestão e colaboradores. Gerir
Emily C. Bianchi
de procedimentos injustos e resultados eficazmente a disparidade expectativa- Professora assistente de
pouco favoráveis). -experiência exige que as organizações Organização e Gestão na
estejam atentas a sinais emergentes de Goizueta Business School
3 Conhecer as expectativas dos cola- descontentamento e aprendam com
Henry Moon
boradores. Identificar a “disparidade situações nas quais as expectativas dos Professor de Comportamento
expectativa-experiência” exige que a colaboradores são ultrapassadas. Isto Organizacional no CEIBS
gestão torne explícitas as necessidades fará com que os executivos obtenham de Xangai.

Human Resources Portugal 57


Especial
Especial Outsourcing
Outsourcing

O novo
paradigma
A tendência na área de Outsourcing é que na realidade não existe uma tendência.

O
Outsourcing começa a ser fiz foi recrutar pessoas de atendimen- pressiona o seu fornecedor, mas isso
utilizado de forma mais to ao cliente e dar-lhes formação em não é sustentável», sublinha Jones.
cirúrgica por parte dos Recursos Humanos.» «Ambas as partes têm de aportar va-
departamento de Recur- lor, de outra forma não se vai atingir
sos Humanos, acabando R Garanta que o contrato de Outsour- o que se pretende.»
por subcontratar função a função. cing é à prova de futuro. «Se começar
Cortar custos e acrescentar valor continua um exercício em 2014 para o imple- R Saiba o que se está a tentar atingir
a ser o actual panorama do Outsourcing, mentar em 2016, o mundo terá muda- e esteja ciente de que este será um
mas agora através de transacções internas do. Por isso, assegure-se de que tem a processo de contratação mais com-
e de parcerias, ou seja, da subcontratação contingência adequada para lidar com plexo, onde a estratégia tem de estar
de elementos mais estratégicos. essa mudança», aconselha Rob Jones, envolvida. «A chave é saber exacta-
director da Crossrail. mente o que se quer e ser mais es-
Mas como garantir que esta pecífico em relação aos resultados
abordagem é um sucesso? R Envolva o departamento legal. «Mui- que se quer alcançar. Por exemplo,
R Certifique-se de que tem as compe- tas vezes, o departamento de RH especi- quais os objectivos de subcontratar
tências dentro de casa. E que desta fica o serviço de que a empresa necessita uma iniciativa estratégica», parti-
forma consegue fazer o Insourcing de e o departamento legal negoceia», conta lha Gillian Quinton, do Conselho
elementos operacionais com sucesso. Robert Bolton, partner da KPMG. «A do Condado de Buckinghamshire.
«Um dos grandes desafios é o foco no função de RH tem de trabalhar de mãos «O que funciona nos serviços tran-
cliente e a mentalidade de serviço, o dadas com este departamento para gerir saccionais é a precisão no volume
que é diferente de submissão total ao de forma sensata.» de informação. Tendo em conta que
negócio», diz Neil Morrison, director nos serviços de topo de gama o mais
da Penguin Random House. «Há mui- R Lembre-se que, se parece bom demais importante é a diferença que se al-
tos anos, quando estava a montar um para ser verdade, provavelmente é. cança, algo que é menos tangível, se
centro de serviços, uma das coisas que «Parece estar tudo bem enquanto se não se tiver cuidado».

58 Human Resources Portugal Abril 2016


Não é por isso estranho
Retrato da área
Para identificarmos algumas tendên-
cias mais abrangentes de Outsourcing
nas organizações, recorremos a alguns
aos Recursos Humanos a
estudos que sugerem que o tipo de crescente fluidez das fronteiras
Outsourcing implementado há 20 anos
está vivo e de boa saúde. Contudo, esta organizacionais e a necessidade
é uma actividade muito variável de
organização para organização.
de fazer parcerias com aqueles
As transacções internas e o Out- que pertencem a um ecossistema
sourcing da estratégia poderiam ser
citadas como as próximas grandes de talentos mais vasto.
tendências, mas também nos parece
uma ideia excessivamente simplificada,
com o mesmo número de pessoas a
rejeitarem e a defenderem a ideia de Este aumento de actividade em a um ecossistema de talentos mais
que a concepção de uma estratégica torno das parcerias com fornecedo- vasto. E este é um fenómeno que a
possa ser realmente subcontratada. res externos e consultores - e até a área de RH vai ter de abraçar dentro
«Fala-se muito no tipo de experiência internalização de serviços operacio- dos seus próprios departamentos, bem
de trabalho que queremos ter e na na- nais através da automatização e da como ajudar a empresa a consegui-lo.
tureza do negócio», diz Neil Morrison, cloud – coloca uma névoa entre o que O futuro do Outsourcing, para mui-
sobre a decisão de se subcontratar ou é subcontratado e interno. Não é por tos, torna os termos “Outsourcing” e
manter in-house as funções transac- isso estranho aos Recursos Humanos “Insourcing” obsoletos. Em vez disso,
cionais. «Se está a trabalhar em 500 a crescente fluidez das fronteiras or- “colaboração”, “parceria” e “gestão
ou 600 locais pelo país, então existem ganizacionais e a necessidade de fazer de serviços” podem, em breve, ser as
benefícios no Outsourcing.» parcerias com aqueles que pertencem palavras da área.

Human Resources Portugal 59


Especial Outsourcing

A
Randstad presta ser-
viços de Outsourcing
em todo o ciclo de vida
do cliente, desde as
vendas, activações,
apoio ao cliente, gestão de reclamações,
cobranças, retenção e fidelização. Num
outro eixo, tem equipas especialistas
na gestão e recrutamento de perfis de
TI, que dão resposta a este mercado
Pedr0 Empis extremamente competitivo.
Director de Em entrevista, Pedro Empis, director
Outsourcing de Outsourcing da Randstad Portu-
da Randstad
Portugal
gal, fala-nos da missão sustentada
da empresa, da incorporação de um
“ingrediente” fundamental ao sucesso
do negócio e da reputação do sector,
entre outros temas.

Qual é a estratégia actual no Outsourcing?


Assenta num elevado padrão de quali-
dade dos nossos serviços, garantindo
sempre as melhores pessoas, a tec-
nologia mais adequada e a cultura
de melhoria contínua que suporte
os ganhos de eficiência que neces-
sariamente devemos entregar aos
nossos clientes.

Como se diferenciam da concorrência?


A nossa matriz são as pessoas – a Randstad
é uma empresa de Recursos Humanos – e
a nossa diferenciação faz-se pela forma
como tratamos os nossos colaboradores,
seja na gestão quotidiana, na qualidade
da nossa liderança ou na garantia do
Randstad cumprimento escrupuloso de todos os
seus direitos, algo que não é transversal

No coração
a todo o mercado e que traz graves danos
à reputação do sector. O resultado são
pessoas comprometidas com a empre-

das empresas sa e com os projectos, que garantem a


qualidade que prometemos aos nossos
clientes. A esta realidade adicionamos
um ingrediente fundamental à receita
A Randstad Portugal compromete-se a entregar de sucesso: a tecnologia adaptada às
necessidades específicas de cada pro-
às empresas clientes ganhos reais de eficiência, jecto, seja utilizando as ferramentas
agilidade e competitividade através dos seus disponíveis no mercado, seja criando
serviços de Outsourcing. aplicações de raiz que dão resposta às
exigências concretas de cada contrato.

60 Human Resources Portugal Abril 2016


Qual o balanço do negócio desta área Quais os maiores desafios que se foram contratação de profissionais experientes
na Randstad? colocando à vossa actuação ao longo e com parcerias com empresas de topo, o
O negócio de Outsourcing está em dos anos? que nos permite actualmente responder
crescimento sustentado há vários anos, O principal desafio passa pelo cumpri- a quaisquer exigências estabelecidas
dado que as empresas procuram cada mento dos requisitos legais por parte nos requisitos dos nossos clientes e
vez mais eficiência para conseguirem de todos os intervenientes no mercado. potenciais clientes.
competir num mercado global e de A Randstad tem como missão moldar o
concorrência aguerrida e encontram mundo do trabalho e parte integrante De que forma está a Randstad a contri-
no Outsourcing uma ferramenta de dessa missão é garantir todos os direitos buir para o reconhecimento e valorização
agilidade e competitividade que lhes aos seus colaboradores, contribuindo do sector em geral?
permite manterem-se competitivas. para o bom nome do sector. Infelizmente Na sua missão de moldar o mundo do
ainda existem maus exemplos no merca- trabalho, a Randstad tem contribuído para
Quantos postos de trabalho criaram em do, que acabam por ser bem-sucedidos a credibilização do sector, valorizando
2015 e quais os serviços mais solicitados? no mercado por assegurarem preços os Recursos Humanos e procurando
Em 2015 criámos aproximadamente mais baixos, que assentam na redução afastar-se do estigma de baixos salários
1500 postos de trabalho, com especial de direitos essenciais dos seus colabo- a que muitas vezes o sector é associado.
enfoque para um projecto de nearsho- radores. A incorporação de tecnologia A mais-valia do Outsourcing não pode
re, em que foi possível criar cerca de no nosso pacote de serviços é também assentar unicamente na redução de custos
750 postos de trabalho em cidades do um desafio, a que respondemos com a baseada em salários mais baixos, mas na
interior, onde as oportunidades são
mais escassas. De destacar que cerca
de dois terços dos colaboradores con- A matriz da Randstad são as pessoas, a
tratados para este projecto estavam
desempregados, o que torna todo o diferenciação faz-se pela forma como
processo ainda mais gratificante.
tratam os colaboradores, pela qualidade
Há algum projecto que queira destacar? da liderança ou pela garantia do
No domínio das TI, destacamos o pro-
jecto Randstad IT Lab, em parceria cumprimento de todos os seus direitos.
com a IT UP, que tem como objectivo
a reconversão de competências de li-
cenciados nas áreas de Engenharia,
Física ou Matemática, dotando-os de eficiência das operações e na capacidade
aptidões de programação Outsystems, de melhorar continuamente. Tal é pos-
com garantia de colocação no mercado sível com políticas de RH inovadoras e
no final do curso. Trata-se de aliar uma com recurso a tecnologias adaptadas à
necessidade do mercado com o talento realidade de cada negócio.
disponível e que terá sucesso garantido,
pois a procura é superior à oferta. Quais as expectivas e objectivos da Ran-
dstad nesta área?
Está previsto o lançamento de algum O mercado de Outsourcing continuará
novo projecto? a crescer e a nossa expectativa, que é
No domínio do Customer Care conti- também o nosso objectivo, é crescer
nuaremos a crescer, tendo planeada acima do mercado, o que significará que
a abertura de seis novos centros de estaremos a ser mais competitivos que
atendimento, privilegiando as cidades os nossos concorrentes.
do interior e, por outro lado, temos pla-
neado o crescimento em projectos já em Qual deve ser hoje o papel principal das
curso, como em Braga, por exemplo. No empresas de Outsourcing?
total, temos um objectivo de criar 1500 criação de emprego O papel dos Outsourcers é facilitar o quo-
novos postos de trabalho. Em 2015 criaram 1500 postos de trabalho tidiano dos seus clientes, garantindo que

Human Resources Portugal 61


Especial Outsourcing

poderão confiar os seus processos e clientes parcerias que estabelecem, mas há uma traçados. Quanto ao Outsourcing vs
a uma empresa especialista. clara tendência na garantia de uma Managed Services, faz sentido falar-se
As empresas devem adaptar-se à cultura prestação em que os benefícios sejam em Outsourcing se for de Outsourcing
de cada cliente, garantindo agilidade, mútuos. Só há sustentabilidade quando que se está a falar. Managed Services é
qualidade e flexibilidade, sendo fiéis aos todos ganham e os clientes sabem disso. um serviço de Gestão de Recursos Hu-
princípios da sua própria metodologia Para lá chegar é necessária uma estrutura manos, em que a empresa prestadora
de operação, pois no final do dia será o profissional, tecnologicamente prepara- assume o papel, tipicamente associado
resultado a ditar o futuro das parcerias e da e que valorize as pessoas, dado que a às direcções de Recursos Humanos ou
a responsabilidade está nas mãos de quem exigência é elevada e o preço a pagar pelo de Compras, de Gestão do Sourcing e
presta o serviço. incumprimento pode ser bastante alto. compra de serviços de RH, suportado
por plataformas universais de gestão de
mais-valia do RH. Diria que se trata de um tipologia de
Outsourcing serviço em Outsourcing, e não de uma
Não pode assentar alternativa ao mesmo.
unicamente
na redução de Qual o papel que o Outsourcing desem-
custos baseada
penha hoje no mercado de trabalho?
em salários mais
baixos, mas na O Outsourcing tem um papel determinan-
eficiência das te no mercado de trabalho, contribuindo
operações e para a entrada de jovens no mercado de
na capacidade trabalho e para o regresso de pessoas
de melhorar
continuamente.
que se reconvertem e encontram novas
carreiras. Há ainda uma taxa de pro-
gressão interessante, seja nas funções
internas do próprio Outsourcer ou na
contratação para funções nas empresas
clientes. Temos bastantes clientes que
já foram nossos colaboradores.

A competitividade e eficiência crescen- A Gestão de Pessoas tem tido uma evolu- De que forma pode esta área ser útil para
tes entre empresas têm implicado mu- ção semântica. Faz sentido dizer-se que o um gestor de Pessoas?
danças na forma como se consomem Outsourcing está a percorrer novos cami- Cada empresa tem uma realidade dis-
serviços de Outsourcing? nhos, como managed services? tinta e enfrenta diferentes desafios. O
Não, a competitividade e eficiência sempre A semântica faz parte do marketing in- Outsourcing responde à necessidade de
foram variáveis na equação do mercado terno que as empresas desenvolvem para flexibilidade e agilidade que uma estru-
de Outsourcing, o que tem evoluído são as suportar as suas estratégias de gestão das tura tradicional de Recursos Humanos
áreas em que as empresas tomam a decisão suas pessoas. Independentemente das habitualmente não tem, sendo por isso
de externalizar. O Outsourcing entra cada palavras, o que é realmente importante uma ferramenta que pode apoiar na
vez mais no coração das empresas, fugin- é se as políticas desenvolvidas valorizam concepção de estratégias de RH que
do ao conceito tradicional, em que a sua as pessoas e levam a que estas libertem precisem dessa rapidez e especialização
definição assentava apenas na prestação o seu potencial em prol dos objectivos em determinadas actividades.
de serviços em áreas não core. Veja-se o
caso da Uber, em que os seus motoristas
são, exclusivamente, prestadores de ser- A Randstad tem contribuído para a
viços externos da actividade principal da
empresa, que é transportar passageiros. credibilização do sector, valorizando os
RH e procurando afastar-se do estigma de
baixos salários a que o sector é associado.
O que tem mudado na relação entre
prestadores de serviços e clientes?
Os clientes são cada vez mais exigentes
nos resultados que procuram obter das

62 Human Resources Portugal Abril 2016


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meditação e o mindulness estão, definitivamente, na moda.
E, sim, muitos foram os livros até hoje publicados sobre o
tema, com abordagens e técnicas diferentes, mais ou menos
atractivos. O que pode então fazer a diferença na altura da
escolha? A praticabilidade do conteúdo e o autor. E é neste campo que
Medite e Andy Puddicombe faz a diferença, fruto de uma história de vida, no
mínimo, curiosa.
mude a Com pouco mais de 20 anos, a meio de uma licenciatura em Ciências
do Desporto, o autor viajou para os Himalaias para estudar meditação.
sua vida Foi o princípio de uma jornada de 10 anos por vários locais do mundo
e que culminou na sua ordenação como monge budista tibetano. Em
Uma série de técnicas 2004, regressou à vida tradicional. Depois de algum tempo no Circo de
que podem fazer a Moscovo, voltou a Londres, onde completou uma licenciatura em Artes
diferença no seu dia- Circenses, enquanto ia concebendo os primeiros planos da aplicação de
a-dia, sem precisar de meditação que fundou, o Headspace – uma plataforma digital de saúde
cânticos, longos períodos utilizada por mais de dois milhões de pessoas em 150 países.
de tempo, de se sentar Andy Puddicombe desenvolveu um programa de meditação guiada
adequado à rotina diária: alguns minutos bastam para fazer a diferença.
com as pernas cruzadas
ou ter qualquer tipo de fé. Meditação e Mindfulness Andy Puddicombe Nascente

64 Human Resources Portugal Abril 2016


Pense como A união
Bill Gates A excelência nas
recompensas faz a força
O carácter de um dos
protagonistas da idade Um instrumento de trabalho A equipa como forma de
moderna do computador. inovador e moderno. materializar o trabalho.

Equipas de Trabalho Isabel Dimas,


Pensar como Bill Gates Os Sistemas de Recompensas
Marta Alves, Paulo Lourenço e Teresa
Daniel Smith Editora Vogais Pedro B. da Camara D. Quixote
Rebelo Edições Sílabo

Bill Gates é uma das figuras consensuais Pedro B. da Camara escreve para Conhecer o funcionamento das equipas de
da Informática e do mundo dos negócios. gestores e estudiosos da área sobre a modo a aumentar a sua competitividade
Fundou a Microsoft em 1975 e, 10 anos realidade portuguesa e internacional da e desempenho é um objectivo importante
depois, lançou a primeira versão do gestão estratégica de RH. a alcançar. Este livro, de um modo claro
sistema operativo Windows. Nessa altura, Aliando uma perspectiva teórica a e acessível, apresenta instrumentos
a empresa era já uma das mais bem- uma forte componente prática, este de avaliação de equipas de trabalho
sucedidas do planeta. Conhecido tanto livro disponibiliza um conjunto de (construídos ou validados pela equipa
pela personalidade implacável como ferramentas de gestão que apoiarão os de investigação dos autores), que,
pelo talento para adequar um produto ao decisores, quer na construção de um permitindo fazer diagnósticos do estado
mercado e vendê-lo, tornou-se o homem sistema de recompensas quer no audito actual de grupos de trabalho, conduzem
mais rico do mundo ainda antes de ao sistema existente, proporcionando a uma acção e prática mais esclarecida
completar 40 anos. uma reflexão sobre a sua eficácia para na intervenção dos gestores. Sendo um
Este livro reúne a filosofia de vida e a alcançar os objectivos que propõe. precioso auxiliar para os profissionais
excelência profissional deste que é um Ao juntar o rigor técnico à faceta que desenvolvam a sua actividade em
dos maiores génios das Tecnologias da prática, ilustrada com um grande contexto grupal e/ou que tenham a
Informação. Contudo, o seu trabalho número de exemplos de empresas responsabilidade de coordenar grupos,
recente na Fundação Bill e Melinda Gates nacionais e estrangeiras, o autor e para estudantes ou investigadores que
poderá fazer com que o recordemos cria um instrumento de trabalho pretendam aprofundar conhecimentos
também pelo combate à pobreza e indispensável para gestores, sobre fenómenos grupais como a cultura,
desigualdades sociais. académicos e estudantes. os conflitos ou a aprendizagem.

Um Ano com Peter Drucker Joseph A. Maciariello GestãoPlus

52 lições Em “Um Ano com Peter Drucker”, Joseph A. Maciarello – professor


emérito de Ciências Sociais e Gestão na Cleremont Graduate
de liderança University e co-autor e colaborador de Peter Drucker em várias

eficaz publicações – concentrou a essência dos ensinamentos de Drucker


num programa pessoal de mentoria, através de um acessível curso
de 52 semanas.
O autor, que foi aluno Este livro contém assim 52 lições, uma para cada semana do ano,
e colega durante 26 subdivididas em 13 grandes tópicos. Cada uma das lições dá um
anos daquele que é o importante contributo para o que deverá ser uma liderança eficaz.
guru da Gestão e pai da O livro está repleto de exemplos e sugestões práticas, explorando
Administração Moderna, os temas que Drucker considerava serem incontornáveis no tema
partilha as suas técnicas. da liderança.

Human Resources Portugal 65


Opinião

Ser temido ou ser amado


No livro “O Príncipe”, de Maquiavel, obra a que recomendo uma leitura atenta, uma das questões postas por
Maquiavel é a de qual deve ser o sentimento dos liderados para com o líder: se de temor, se de amor.

Sempre que gostamos de alguém, o seu que alguém contraria a orientação do


bem pode ser uma das coisas que nos dá líder, ou porque o quer testar, ou porque,
Fernando Neves prazer e, assim, podemos estar na disposi- nesse dia, nem o carisma se sobrepõe a
de Almeida ção de sermos “altruístas” para com essa algum interesse próprio. Aí, convém que
Managing partner pessoa, mesmo que isso requeira algum o líder seja temido, para que o custo de
da Boyden Portugal
sacrifício. É o que conseguem os líderes o contrariar seja superior ao prazer de o

M
carismáticos: pelo amor e admiração de fazer. Assim, o líder deve ser implacável
aquiavel defendia que disfrutam, junto dos seguidores, se alguém, sem razão válida, se afasta das
que a maior eficácia conseguem um alinhamento com a suas orientações, prejudicando com isso
se conseguia com sua vontade por essa via. Assim, diria o bem da organização.
o temor, dado que, que ser “amado” pelos colaboradores é Mas o que é que poderá fazer para ser
em sua opinião, a natureza humana ser particularmente, útil para a eficácia do “amado”? Em primeiro lugar há que ser
mais controlada pelo medo do que pela líder. No entanto, há sempre o dia em justo. A injustiça é uma das principais
lealdade. No entanto, ainda segundo este causas de descontentamento. Todavia
autor, deve ser-se temido, mas não odiado. ser justo não passa, unicamente, pela
Qualquer pessoa com elevado sentido consciência de que se está a ser; é pre-
de missão e/ou elevada necessidade de ciso que os outros o considerem. Em
realização, que esteja numa posição de segundo lugar, ter preocupação para
liderança global ou sectorial, preocupa- com as pessoas enquanto seres humanos.
-se, essencialmente, com o atingir dos Quem trabalha tem uma vida, com as
objectivos da organização ou da sua
área. Tudo seria fácil se o sentido de Ser “amado” pelos respectivas alegrias e tristezas fora da
organização e que, embora não deva
missão e/ou interesses pessoais dos
colaboradores coincidissem com os
colaboradores é interferir no desempenho, de facto in-
terfere. Finalmente, elogiar sempre que
objectivos da organização; no entanto, útil para a eficácia a oportunidade surja. Acredite que, por
como sabemos, nem sempre é assim.
Como diz Peter Drucker, as pessoas do líder. No mais importantes que as pessoas sejam,
gostam de reconhecimento.
não fazem o que nós queremos, fazem
o que nós as “incentivamos” a fazer. Por
entanto, quando Para se ser temido, deve ser-se exem-
plar na punição de pessoas que, com dolo,
outro lado, a Psicologia dá-nos algumas alguém contraria ponham em causa o bom desempenho
informações adicionais sobre a natureza
humana, uma das quais a orientação he- a sua orientação, da organização. Finalmente, vou-lhe dar
umas pistas sobre o que deve fazer para
dónica, no sentido lato, do ser humano,
ao identificar que fazemos tudo aquilo
convém que o ser odiado: grite ou embarace alguém em
público; utilize o grande argumento de
que nos proporcione prazer e/ou evite líder seja temido. autoridade “é assim porque eu quero e eu
a dor. Assim sendo, mesmo o altruísmo, sou o chefe”; e puna sem que as pessoas
é, em última análise, para nosso prazer. entendam, objectivamente, a razão.

66 Human Resources Portugal Abril 2016


VILA GALÉ DOURO

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É na primeira região demarcada do mundo, o Alto Douro Vinhateiro,
que se situa o novo Vila Galé Douro. Um hotel de charme esculpido
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